Avaliação da função das aulas práticas no processo de ensino

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Avaliação da função das aulas práticas no processo de ensino
aprendizagem: análise do questionário pré-avaliativo
MENDES, L. S.1,* ? ESCOLANO, A. C. M.1? MARINHO, J. R. D.1
1
*[email protected]
Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira – FEIS/UNESP
Introdução
Muitos motivos tornam o ensino de Biologia indispensável na formação de qualquer indivíduo,
como por exemplo, em relação às decisões que afetam a nossa saúde e nosso bem-estar, escolhas e
decisões mais adequadas no sentido de preservar a vida.
Além disso, os conhecimentos biológicos nos permitem acompanhar os acontecimentos que
surgem a cada dia relacionados a vários temas da Biologia, noticiados em jornais, revistas e televisão
e opinar sobre eles. Estudar Biologia contribui para nossa formação como cidadãos, informando-nos
para que possamos opinar com mais responsabilidade a respeito de temas como clonagem,
transgênicos, interrupção terapêutica da gravidez, emissão de gases poluentes que destroem a
camada de ozônio, dentre outros.
A Genética e a Biologia Molecular se tornaram assunto do dia-a-dia nos meios de
comunicação. As células-tronco, clonagem de organismos, terapia gênica, organismos híbridos e
transgênicos e tantos outros assuntos vão se tornando comuns, embora muitas vezes mal aplicados e
geralmente não entendidos. A escola deveria ser o lugar onde esses assuntos poderiam ser
apresentados e tratados de modo sistematizado, no entanto isto normalmente não acontece.
De acordo com Amabis (1988 apud CASAGRANDE, 2006), o estudo de Biologia é importante
para que os alunos possam se posicionar frente aos seus avanços científicos, principalmente na área
da genética humana, fornecendo ao estudante as informações biológicas básicas para que ela possa
vir a tomar uma posição consciente em relação ao problema.
Muitos alunos consideram o estudo da genética útil para sua vida, entretanto, metade deles não
consegue aplicar o que estuda ou ao menos aprender os temas trabalhados. Eles têm pouco
conhecimento de genética, ou apresentam idéias confusas e até mesmo erradas sobre diversos
temas dessa área, principalmente, uma compreensão inadequada da terminologia.
Estas dificuldades podem ser decorrentes de um ensino descontextualizado e baseado apenas
na memorização. De acordo com Santos (1977 apud MELLO et al., 2006), um fator importante na
aprendizagem é a estratégia de ensino utilizada, que deve ser bastante diversificada para se evitar a
cansativa repetição dos meios, pois o ensino-aprendizagem depende, entre outros fatores, do
interesse do aluno e este interesse pode ser reforçado através de mecanismos suplementares, como
a realização de uma palestra teórico-prática em local diferenciado da sala de aula formal.
Este trabalho visa a transposição didática, a contextualização e o desenvolvimento de
atividades práticas para motivar e auxiliar no ensino dos conteúdos de Genética para o Ensino Médio.
E a partir de então, analisar que efeitos uma abordagem mais elaborada de citologia poderia trazer
para o ensino de biologia no Ensino Médio.
Material e Métodos
Materiais
A população de referência para o estudo foi composta por 62 estudantes de 15 a 16 anos de
duas turmas do 2º ano do ensino médio, em uma escola pública estadual da cidade de Guaraçaí,
estado de São Paulo, que neste trabalho serão denominadas I e II. Os estudantes foram escolhidos
mediante amostragem aleatória, estratificada em um único estágio de seleção, tendo as turmas sido
assumidas como unidades conglomeradas.
Para avaliar o grau de conhecimento dos alunos antes e após o desenvolvimento das
atividades, foi aplicado um questionário. Utilizou-se um instrumento de avaliação fechado, anônimo e
autopreenchível.
Os assuntos relacionados à Genética foram tratados, trabalhando conceitos relacionados a
conteúdos de Biologia Celular, de forma integrada através de leitura de textos, experimentos,
discussões e utilização de vídeos didáticos e filme.
Metodologia
A aplicação do trabalho foi composta por onze atividades:
1. Aplicação do questionário para pré-avaliação nas turmas I e II.
2. Conhecendo o microscópio óptico.
3. Observando as Células.
4. Construindo uma célula em três dimensões.
5. Vídeo: Viagem ao interior da célula.
6. Jogo – Legocel.
7. Membrana Celular – Osmose.
8. DNA de Origami.
9. Extração do DNA: morango, kiwi, cebola, células da mucosa bucal, bife de fígado.
10. Debate após a projeção do filme “A ILHA”.
11. Reaplicação do questionário nas turmas I e II.
Para esta pesquisa utilizou as abordagens quantitativa e qualitativa, onde segundo Minayo
(1997 apud ALVES; CALDEIRA, 2005) trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações,
crenças, valores e atitudes, que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis, como o
faz a pesquisa quantitativa. Alem do mais, os tratamentos quantitativos e qualitativos dos resultados
podem se complementar, enriquecendo a análise e as discussões finais.
Neste trabalho, o Ensino de Biologia foi o meio para a aplicação do trabalho, enfatizando os
conteúdos de Biologia Celular e Genética, suas definições, valores, socialização e contextualização.
Para a coleta de dados serão utilizados três procedimentos: observações, análise de
documentos e avaliação de conteúdo. As observações foram realizadas durante todo o período da
pesquisa na sala de aula, que possibilitou a coleta de dados sobre o comportamento dos alunos na
sala e a dinâmica das aulas de Biologia. A coleta de documentos aconteceu após o final de cada
atividade. A avaliação de conteúdo visou avaliar a capacidade individual dos alunos em solucionar
problemas e avaliar conhecimentos de conteúdos que foram desenvolvidos durante a aplicação das
atividades e foi realizado pelo questionário pré e pós-avaliativo.
Resultados
Os resultados referentes ao pré-questionário aplicado às turmas I e II estão apresentados nos
Gráficos 1 e 2.
Observa-se que as respostas consideradas “Incorreta” predominaram em ambas as turmas,
atingindo 47,35% na turma I e 50,69% na turma II. Vale ressaltar que as respostas do tipo “não sei” e
“não lembro” foram consideradas incorretas.
O segundo maior percentual foram as respostas “Em branco”, onde o resultado em ambas as
turmas foi semelhante, 25, 48% na turma I e 28,93% na II.
Com relação às respostas “Correta”, na turma I apresentou-se em 21,63% e na II 15,27%.
O menor percentual foram as respostas “Incompleta” que mostraram-se em menos de 10% nas
duas turmas (5,52% e 5,09%, respectivamente). Neste caso, usou-se esse tipo de categoria nas
respostas dissertativas onde os alunos não responderam de forma completa, porém não foram de
forma incorreta, como no caso em que se pergunta o que são mutações e agentes mutagênicos, no
entanto somente a resposta da primeira indagação foi escrita:
“Mutações é quando por algum motivo ocorre uma mudança na célula.”
Correta
Incompleta
Incorreta
Em branco
Correta
Incorreta
Em branco
100
Total de Questões (%)
Total de Questões (%)
100
Incompleta
80
60
40
20
0
80
60
40
20
0
Categoria de Resposta
Categoria de Resposta
Gráfico 1 e 2: Resultado da pré-avaliação aplicada às turmas I e II, respectivamente, do 2º ano do ensino médio.
Discussão e Conclusões
Ao longo do trabalho ficou evidente que os alunos não possuem conhecimento algum sobre o
assunto que seria trabalhado posteriormente e os poucos que tinham, mostraram conceitos errôneos
ou equivocados.
Por esta razão, optou-se por destacar algumas questões. Uma delas é a necessidade de
conhecer o assunto como conhecimento científico, sem abrir mão do seu papel social e atual que os
estudos em Biologia Celular vêm ocupando na mídia e no conhecimento popular.
Investir na inserção de valores e conhecimentos paralelamente à disciplina exigida para a
formação acadêmica dos alunos é um caminho bastante frutífero na construção do senso crítico dos
alunos e seu papel na natureza.
A premissa do conhecimento científico superior e inacessível precisa ser desenraizada das
práticas educativas. Deve-se investir em aulas que mostrem o universo científico como parte
integrante da vida dos alunos e que está ao alcance de todos.
Agradecimento
Os autores agradecem à E. E. Juventino Nogueira Ramos pela colaboração.
Referências
AMABIS, J. M. A revolução na genética: um tema para a escola secundária? In: III Encontro
Perspectivas do Ensino de Biologia, 1988, São Paulo. Anais do Encontro Perspectivas do Ensino de
Biologia. São Paulo: USP, vol. 3, p. 19-24, 1988 apud CASAGRANDE, G. L. A genética humana no
livro didático de biologia. Universidade Federal de Santa Catarina. Dissertação de Mestrado.
Florianópolis, 2006.
SANTOS, H. Piaget na prática pedagógica. Lisboa: Semente,1977 apud MELLO, J. M.; TORREJAIS,
M. M.; OSAKU, N. O.; TORREJAIS, J. C. M. Instruindo e divertindo nas Ciências Biológicas. Arq Mudi,
v. 10, n. 1, p. 17-20, 2006.
MINAYO, M. C. S. Pesquisa social - teoria, método e criatividade. 18 ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1997
apud ALVES, S. B. F.; CALDEIRA, A. M. A. Biologia e ética: um estudo sobre a compreensão e
atitudes de alunos do ensino médio frente ao tema genoma/DNA. 2005. Disponível em:???????
Acesso em: 5 mai 2008.
EDUCAÇÃO
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