UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Psicologia Antônio Marcos da Silva Valéria Crystina dos Reis Atanázio Araújo TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR: REPRESENTAÇÃO SOCIAL DOS ALUNOS DO PRIMEIRO E ÚLTIMO TERMOS DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM SAÚDE LINS – SP 2012 ANTONIO MARCOS DA SILVA VALÉRIA CRYSTINA DOS REIS ATANÁZIO ARAÚJO TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR: REPRESENTAÇÃO SOCIAL DOS ALUNOS DO PRIMEIRO E ÚLTIMO TERMOS DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM SAÚDE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Psicologia, sob a orientação do Prof. Me. Oscar Xavier de Aguiar e orientação técnica da Profª Ma. Jovira Maria Sarraceni LINS – SP 2012 Araújo, Valéria Crystina dos Reis Atanázio; Silva, Antonio Marcos da A692t Transtorno afetivo bipolar: representação social dos alunos do primeiro e último termos dos cursos de graduação em saúde / Antônio Marcos da Silva; Valéria Crystina dos Reis Atanázio. – – Lins, 2012. 72p. il. 31cm. Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Psicologia, 2012. Orientadores: Jovira Maria Sarraceni; Oscar Xavier de Aguiar 1. Transtorno Afetivo Bipolar. 2. Representação Social. Graduação em Saúde. I Título. CDU 159.9 3. ANTONIO MARCOS DA SILVA VALÉRIA CRYSTINA DOS REIS ATANÁZIO ARAÚJO TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR: REPRESENTAÇÃO SOCIAL DOS ALUNOS DO PRIMEIRO E ÚLTIMO TERMOS DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM SAÚDE Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxlium, para obtenção do título de Bacharel em Psicologia. Aprovado em: ____/____/_____ Banca Examinadora: Professor. Orientador: Oscar Xavier de Aguiar Mestre em Psicologia Clínica – PUC Campinas Assinatura:_____________________________ 1º Prof(a):_______________________________________________________ Titulação:_______________________________________________________ _______________________________________________________________ Assinatura:____________________________ 2º Prof(a):_______________________________________________________ Titulação:_______________________________________________________ _______________________________________________________________ Assinatura:____________________________ Aos meus pais Ana e José, pois sem eles eu não estaria aqui, a minha noiva Aline pela paciência e dedicação, a minha filha Angel que em seu breve tempo de vida trouxe significado a minha existência, a meus irmãos e irmãs e aos meus parceiros profissionais, que acreditaram e investiram durante todo o processo de minha formação. Antônio Marcos da Silva Um carinho exclusivo ao meu marido Carlos Tito Silva Araujo que sempre esteve ao meu lado, me ajudando e me dando força em todos os momentos de minha vida, agradecer aos meus filhos Marcus Vinícius e Victória, por ter me dado a felicidade de ser mãe. Obrigada mãe Dirce e Vó Dina, tios e tias, primos e primas e amigos por tudo que sempre me ofereceram, pelo amor e carinho. Amos vocês, obrigada por tudo. Valéria Crystina dos Reis Atanázio Araújo AGRADECIMENTOS A Deus, pelo dom da vida e por vossa benevolência infinita. Aos mestres e doutores, que de forma significativa, me proporcionaram conhecimento. Aos orientadores, direto Prof(a) Me. Oscar Xavier de Aguiar, Ma. Jovira Maria Sarraceni e indiretos Prof(a) Ma. Ana Elisa Carvalho, Me. Marcos José Ardenghi, Me. Rodrigo Feliciano Caputo, que nortearam a concretização deste trabalho. As instituições, que me acolheram e me auxiliaram na construção de um perfil ético. As pessoas e grupos ao qual estiveram sob meus cuidados e possibilitara-me a articulação teórico-prática. Aos meus colegas de curso, mesmos os que não continuaram, mas que fizeram da jornada profissionalizante, algo único e passível de saudade. E a todos que fizeram parte desta história, de forma passiva ou ativa, este trabalho eu dedico a vocês. Antônio Marcos da Silva Primeiramente a Deus, que através da força do teu espírito, me fez superar as dificuldades encontradas no caminho. E consegui mais uma conquista ao concluir este trabalho, acrescentando, assim, ainda mais a minha paixão por viver. Para que a concretização deste estudo se efetivasse: agradeço aos incentivadores neste processo e seus ensinamentos e serão a partir de agora essenciais em minha caminhada pessoal e profissional. Agradeço meu amigo e parceiro Antônio Marcos, que me apoiou e ajudou nesse trabalho e a inúmeras pessoas que foram extraordinários exemplos, expresso meus reais agradecimentos. A Prof. Ana Elisa Carvalho que com sua capacidade e empenho de coordenar o Curso de Psicologia, sempre esteve disposta a melhor atender sempre que precisamos e prof. Oscar Xavier nosso orientador e grande amigo Aos Professores pela sua dedicação e empenho em nos fornecer seus conhecimentos, paciência e inteligência, fazendo que meu desenvolvimento fosse o melhor possível. Aos voluntários que foram fundamentais para a realização desta pesquisa. Aos meus colegas de curso e disciplinas que compartilharam comigo seus Conhecimentos e alegria. Aos meus amigos conquistados durante essa caminhada e por fazer arte da minha vida até o presente momento. A todos aqueles que de alguma forma contribuíram ou torceram pela concretização desta pesquisa. Valéria Crystina dos Reis Atanázio Araújo RESUMO O presente trabalho tem como objetivo apresentar os resultados obtidos através da pesquisa elaborada e aplicada no contexto acadêmico com a finalidade de conhecer qual a representação social do Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) nos alunos ingressantes e naqueles que estão concluindo a graduação na área da saúde. A metodologia utilizada consiste de pré-teste e posterior aplicação de questionário na amostra que foi composta pelos cursos: Enfermagem, Fisioterapia e Psicologia, sendo sujeitos da pesquisa 70 alunos dos termos que iniciam e finalizam. A análise dos resultados foi realizada a partir das respostas de cada pergunta tendo como referencial teórico a teoria das representações sociais de Moscovici, S., assim como Compêndio de Psiquiatria: ciências do comportamento e psiquiatria clínica e o Manual Diagnóstico e Estatístico de transtornos mentais (DSM IV). Os resultados obtidos evidenciam que ao passo que os alunos caminham dentro deste processo do conhecimento do mundo científico as impressões oriundas do senso comum, aos poucos vão sendo deixadas de lado ou tornam-se parte do novo mundo, mas com uma nova roupagem, o conceito mais empírico. Também se fez notar o alto índice de questões com ausência de informação de ambos os termos, o que demonstra pouca ou nenhuma representação acerca de algumas peculiaridades do transtorno, e a inversão ocorrida com relação à questão referente à depressão, onde o termo iniciante demonstrou-se mais representativo com relação às características de identificação da depressão, do que o termo concluinte. Palavras-chave: Transtorno afetivo bipolar. Representação social. Graduação em saúde. ABSTRACT The aim of this study is to present the results obtained through research which was designed and implemented in the academic context to understand the social impact of bipolar affective disorder (BAD) in students who are in the health graduation or finished this graduation. The methodology of this study consists of pre-test and subsequent questionnaire with the 70 samples which includes the students of Nursing, Physiotherapy and Psychology graduation. The analysis was performed based on the answers of each questions, that were based on theory of social representations of Moscovici, S. and Compendium of Psychiatry: Behavioral Sciences and Clinical Psychiatry and Diagnostic and Statistical Manual of mental disorders (DSM IV). The results show that while students walk into this process of knowledge of the scientific word, impressions derived from common sense, few will be left out or become part of the new world, but with a new look, the concept more empirical, also noted the high rate of issues with lack of information both terms that demonstrates little or no representation about some peculiarities of the disorder, and the inversion occurred in relation to the issue of the depression, where the term beginner demonstrated it is more representative regarding the identifying characteristics of depression, the term conclusive. Keyword: Bipolar disorder. Social representation. Undergraduate health LISTA DE TABELAS Tabela 1: Você sabe o que é transtorno afetivo bipolar (TAB)?........................43 Tabela 2: Se a resposta for sim, então o que é Transtorno Afetivo Bipolar?..............................................................................................43 Tabela 3: Você conhece alguém com esse transtorno?....................................44 Tabela 4: Quais são as principais características? Citar as três principais.......44 Tabela 5: Em sua opinião quais os tipos de tratamento que você conhece? citar os três principais........................................................................45 Tabela 6: Quais as principais dificuldades vivenciadas pela família do indivíduo com esse transtorno?.........................................................45 Tabela 7: O que é depressão?..........................................................................46 Tabela 8: O que é mania?.................................................................................46 Tabela 9: Em sua opinião quais são as causas do Transtorno Afetivo Bipolar?..............................................................................................47 Tabela 10: Assinalar com um ‘X’ os enunciados que estiverem corretos com relação aos sintomas do Transtorno Afetivo Bipolar nas respectivas fases?.............................................................................47 LISTA DE SIGLAS CID10 - Classificação Internacional de Doenças, Décima edição DSM IV - Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, Quarta edição TAB - Transtorno Afetivo Bipolar TOC - Transtorno obsessivo compulsivo TRS - Teoria das Representações Sociais SUMÁRIO INTRODUÇÃO...................................................................................................13 CAPITULO I: TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR.........................................15 1 HISTÓRIA.......................................................................................................15 1.1 Epidemiologia..............................................................................................17 1.2 Etiopatogenia...............................................................................................18 1.2.1 Inato ou adquirido.....................................................................................18 1.3 Fisiopatologia...............................................................................................19 1.4 Diagnóstico..................................................................................................20 1.5 Curso da doença..........................................................................................22 1.5.1 Prognóstico...............................................................................................23 1.6 Tipos de tratamentos...................................................................................24 CAPITULO II: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS.................................................26 2 PSICOLOGIA SOCIAL...............................................................................26 2.1 Primórdio da representação social..............................................................27 2.2 Representação social na visão sociológica.................................................28 2.3 Conceituando as representações sociais....................................................29 2.4 Teoria das representações sociais..............................................................31 2.4.1 A teoria das representações sociais e seus processos............................32 2.4.2 Aplicação da teoria...................................................................................34 CAPITULO III: PESQUISA................................................................................37 3 INTRODUÇÃO.............................................................................................37 3.1 Método.........................................................................................................37 3.1.1 Critérios de exclusão................................................................................37 3.2 Histórico da instituição.................................................................................38 3.3 Caracterização da amostra..........................................................................38 3.3.1 Instrumento e procedimento.....................................................................39 3.4 Análise dos resultados.................................................................................42 3.5 Discussão....................................................................................................47 3.6 Considerações finais....................................................................................50 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO......................................................................52 CONCLUSÃO....................................................................................................53 REFERÊNCIAS.................................................................................................55 APÊNDICES......................................................................................................58 ANEXOS............................................................................................................64 INTRODUÇÃO O tema abordado apresenta as características de uma doença crônica com alto potencial biológico e que tem como principais formas de tratamento a medicalização, as psicoterapias e a hospitalização. Este transtorno traz importantes conseqüências psicossociais, interpessoais e de diminuição da qualidade de vida, assim como o estigma, a desmoralização e os problemas familiares e conflitos psicodinâmicos. Esta patologia afeta cerca de 1,6% da população e representa uma das principais causas de incapacitação no mundo. Nos últimos 10 anos, tem-se demonstrado que o TAB é um transtorno heterogêneo, com uma ampla variação de sintomatologia e curso, consistindo de um conjunto de sinais e sintomas persistentes por semanas ou meses que representa um desvio marcante no desempenho habitual do indivíduo e que tendem a recorrer, por vezes, de forma periódica ou cíclica. Essas informações no seu aspecto geral e parcial podem fazer parte das representações sociais de alunos universitários na área da saúde e que no decorrer de sua graduação irão tornar-se mais complexas. As representações sociais são entidades quase tangíveis, que se articulam e se cristalizam por meio de gestos, falas, encontros, de forma ininterrupta, no universo cotidiano, impregnando a maioria de nossas relações sociais. Os dados arrolados mostram a relevância de pesquisar nesta área a fim de ampliar o conhecimento sobre o assunto. O que pensam os alunos do primeiro e último termos dos cursos da área da saúde sobre o TAB? Com base na pergunta acima, pretende-se chegar à hipótese de que as informações pertinentes ao transtorno ainda é muito sucinta dentre as áreas da saúde, havendo assim a necessidade de formas mais efetivas de inserção de tais informações. O resultado que se é esperado ao final deste processo é a identificação de uma representação social, pouco condizente com a realidade do transtorno afetivo bipolar. O primeiro capítulo apresenta o contexto histórico do transtorno, assim como a sua epidemiologia e etiopatogenia com vista para o fator Inato ou adquirido, a fisiopatologia, o diagnóstico, o curso da doença com referência ao prognóstico e os principais tipos de tratamentos existentes atualmente. O segundo capitulo refere-se ao processo histórico das representações sociais, sua conceituação, seus processos, sua aplicação e a representação social na atualidade. O último capítulo aborda a pesquisa de campo, através da aplicação de um questionário, sendo que a amostra é composta pelo primeiro e último termo de cada curso. Apresenta-se o método, assim como os critérios de exclusão, o histórico da instituição e a caracterização da amostra, os instrumento e procedimento que foram base para a análise dos resultados, com vista para uma posterior discussão e as considerações finais. CAPITULO I TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR 1 HISTÓRIA O transtorno afetivo bipolar enquadra-se no grupo de patologias pertencentes aos “transtornos do humor”, sendo que esta patologia, traz como características principais os episódios de “depressão maior”, de “mania” e de “hipomania”. Tais características podem ser evidenciadas em documentos antigos como no caso da historia do Rei Saul (velho testamento) que descreve uma síndrome depressiva, assim como a história do suicídio de Ájax na Ilíade de Homero. Por volta de 400 a.C., Hipócrates (pai da medicina) fez uso dos termos “mania e melancolia” para descrever transtornos mentais (SADOCK, 2007). Outras fontes de pesquisa fazem referência a Araeteus da Capadócia (que viveu em Alexandria no século I d.C.), escritor de vários e importantes textos referentes à unidade da doença maníaco-depressiva. Em um destes, consta a melancolia como o início, e que o desenvolvimento da mania é o resultado da piora da melancolia, em vez de se tornar uma ponte para outra doença. Sendo que nestes melancólicos, a tristeza transforma-se em alegria e tais pacientes passam a apresentar o que chamamos de mania (PORTO, 2004). Dando prosseguimento ao histórico da patologia, em 1854, Jules Falret, na França, descreveu a “Folie Circulares” como sendo o período em que os pacientes experimentavam estados de humor alternativos de depressão e mania. Já no ano de 1882, o psiquiatra alemão Karl Kahlbaum, com o termo “ciclotimia”, compreendeu os estágios maníaco e depressivo como pertencentes à mesma patologia. Logo em seguida, no ano de 1889, Emil Kraepelin descreveu a psicose maníaco-depressiva utilizando a maioria dos critérios que os psiquiatras atualmente fazem uso para estabelecer o diagnóstico do Transtorno Afetivo Bipolar I (TAB I) (SADOCK, 2007). Segundo Porto (2004) as modernas classificações (DSMs, CID-10 e outras), em linhas gerais, ainda utilizam-se dos conceitos trazidos por Kraepelin, que salientou na base de seu estudo, a importância de se trabalhar tanto o quadro clínico quanto o percurso de desenvolvimento longitudinal das doenças. Em 1919, Kraepelin havia incluído quase todos os modelos melancólicos e de mania em seu conceito de "insanidade maníaco-depressiva", sendo que o mesmo não excluiu de suas concepções os fatores psíquicos e sociais, dando ênfase a estes como apenas alguns haviam feito. Também incluiu no conceito de enfermidade maníaco-depressiva as formas brandas da doença, que alcançam os limites dos temperamentos. Nos estados "puros", maníacos ou depressivos, os três domínios encontram-se alterados na mesma direção. Na mania típica, por exemplo, há fuga de idéias, exaltação do humor e aumento da atividade motora. Na depressão "pura" há inibição do pensamento, lentificação psicomotora e humor triste. Nos estados mistos, ao contrário, há alterações em diferentes direções, considerando as áreas do afeto, da atividade e do pensamento. (KRAEPELIN apud PORTO, 2004, p. 4). Após Kraepelin, ocorre o surgimento de outro personagem na evolução do conceito de doença maníaco-depressiva. Nos Estados Unidos, a influência de Adolf Meyer e sua escola dita "psicobiológica" foi visível, abrindo caminho para a aceitação da psicanálise. Sua presença, consta no DSM de 1952 que menciona a doença maníaco-depressiva como uma "forma de reação". Para Adolf Meyer, os quadros clínicos seriam "formas de reação", transformadas pelos fatores que circundam a patologia, tais como a vulnerabilidade individual a influências específicas, psicológicas e sociais (PORTO, 2004). Em 1957, Leonhard apresentou a distinção entre as formas mono e bipolares. Tais psicoses fásicas distinguiam-se em: Monopolares (mania, melancolia, depressões, euforias) e Bipolares (doença maníaco-depressiva e psicoses ciclóides). Na Mania, o afeto, o pensamento e a vontade apresentamse alterados, enquanto nas Euforias constata-se tais alterações apenas na esfera emocional. Alguns dos conceitos de Leonhard podem ser encontrados na DSM-III, DSM-III-R e DSM-IV, assim como na CID-10, onde a categoria F23, traz as psicoses ciclóides compreendidas no tópico “Transtornos Psicóticos Agudos e Transitórios” (PORTO, 2004). 1.1 Epidemiologia Atualmente sabe-se que o TAB afeta adultos de ambos os sexos, com início mais recorrente na juventude. Tanto a mania como a depressão são identificadas como síndromes clínicas de polaridades opostas e, em geral, excludentes. Estas observações ocorrem desde que foram apresentadas por Kraepelin, referindo-se a coexistência de sintomas maníacos ou hipomaníacos com sintomas depressivos que pode ocorrer, principalmente em alguns pacientes com transtorno bipolar grave, os quais são chamados de “estados mistos” (ABREU et al., 2006). Segundo Alda (1999) o TAB é uma condição psiquiátrica que se apresenta com uma prevalência populacional de 1% a 2%, sendo que suas características sintomáticas podem aparecer em qualquer idade, mas costuma surgir com maior frequência entre o início da segunda e meio da terceira década de vida. Para Abreu et al. (2006) o TAB é considerado uma doença crônica que está presente em torno de 1,6% da população, apesar de a mesma possuir quadros leves que não são reconhecidos e que elevaria significativamente o percentual desta prevalência. Tais sintomas apresentam-se, normalmente, no final da adolescência e no inicio da vida adulta, basicamente entre 18 e 22 anos, mas também podem ocorrer em faixas etárias mais jovens. No idoso, o transtorno associa-se em grande parte a fatores orgânicos, enquanto na infância apresenta-se, na maior parte das vezes, em quadros atípicos, dificultando o diagnóstico. Estudos realizados apontam igual prevalência entre homens e mulheres na fase adulta, mas, na infância, é mais comum em meninos do que em meninas. De acordo com Sanches e Jorge (2004) faltam evidencias de que o TAB seja mais prevalente em determinadas etnias ou mostre um perfil epidemiológico distinto em etnias específicas. O que pode ocorrer em alguns relatos é a presença de fatores como, por exemplo, “os ambientais”, que propiciam maior ou menor risco de aquisição do TAB, para os indivíduos de determinadas etnias que estariam sujeitos a eles. Segundo a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar, cerca de 50% dos portadores do TAB apresentam pelo menos um membro da família afetado. A estimativa refere-se à cerca de 1,8 a 15 milhões de brasileiros que sejam portadores do Transtorno (O QUE É..., 2012). 1.2 Etiopatogenia Franco (2012, p.13) descreve a etiopatogenia como uma forma de estudo que leva em consideração “as causas, evolução, ambiente, biologia e principalmente a carga genética que determina e dá o colorido no quadro clínico, obviamente, sem desconsiderar o seu aspecto sintomatológico”. Segundo Franco (2012), tal descrição seria possível se tivesse como base uma teoria de personalidade consistente, que permitisse o melhor entendimento da patogênese dos quadros nosológicos, interligando os dados psicológicos com a fisiologia cerebral e sua disposição heredológica, facilitando assim a compreensão do quadro e propiciando um diagnóstico mais assertivo, com um prognóstico mais seguro e até contribuindo na identificação precoce dos possíveis indivíduos predispostos na constelação familiar. Segundo Abreu et al. (2006) os fatores que podem ocasionar o TAB podem ser divididos em três, mas com interações entre os mesmos. O primeiro deles seria o biológico, sendo que, a adrenalina e a serotonina, que são os dois neurotransmissores, apresentam-se como os mais envolvidos na fisiopatologia do transtorno; o segundo é o genético: alguns estudos realizados com gêmeos monozigóticos referem-se a uma alta herdabilidade, já nos dizigóticos em casos de adoção e de família com múltiplos afetados permitiu concluir que o seu aparecimento depende da presença de genes da vulnerabilidade e de fatores ambientais; e o terceiro fator é o psicossocial, que engloba os traumas cerebrais precoces intra-uterinos, neonatais ou adquiridos na infância, infecções virais, privações alimentares, maus-tratos e abuso físico ou sexual na infância, situações estas que podem resultar em alterações permanentes, contribuindo para o desenvolvimento dos transtornos. 1.2.1 Inato ou adquirido Existem várias pesquisas em andamento para responder a esta dúvida que está presente a cada tentativa de diagnóstico, mas segundo Alda (1999) os resultados dos estudos com famílias sugerem que o transtorno bipolar tenha uma base genética, hipótese que foi reforçada nos estudos de adoção e de gêmeos. Os estudos que tinham como objetivo a busca pelos genes de suscetibilidade já apontaram os cromossomos 4, 12, 18 e 21, entre outros, mas os avanços que chamaram maior atenção foram obtidos através de estudos de ligação, com relação aos estudos de associação, geram dados interessantes, mas ainda vagos. Os estudos de populações de pacientes homogêneos e a melhor definição do fenótipo deverão contribuir para avanços futuros, assim como a identificação dos genes relacionados ao transtorno irá permitir o melhor entendimento e tratamento dessa doença. 1.3 Fisiopatologia Existem vários estudos que segundo Kapczinski, Frey e Zannatto (2004) têm demonstrado que a regulação do humor envolve uma interação de múltiplos sistemas e que a maioria das drogas atuam modulando o balanço funcional destes sistemas interacionais. Estes sistemas, por sua vez, funcionando harmonicamente, são necessários para a manutenção do apetite, do sono, da estabilização do peso e do interesse na atividade sexual, funções neurovegetativas geralmente alteradas nos transtornos de humor. Os avanços das técnicas de pesquisa em biologia molecular têm demonstrado que o TAB está associado a alterações de substâncias intracelulares envolvidas na regulação de neurotransmissores, plasticidade sináptica, expressão gênica, sobrevivência e morte neuronal. (KAPCZINSKI; FREY; ZANNATTO, 2004, p. 6). Ainda segundo Kapczinski, Frey e Zannatto (2004) é visível a crescente evidencia do funcionamento dos estabilizadores de humor na regulação de vias de sinalização intracelular implicadas nos processos de neuroplasticidade e neuroproteção. Não pode ser negado o fato de que os estabilizadores de humor necessitam de tratamento crônico, consistente com o tempo necessário para a cascata de eventos intracelulares e subseqüente modulação da expressão gênica. Devido a este panorama, faz-se necessária a pesquisa por novos medicamentos com atividade em vias de sinalização mais específicas, para progressão do tratamento desta patologia tão complexa que é o TAB. 1.4 Diagnóstico Como já foi mencionado nos parágrafos anteriores, às crises relacionadas à depressão maior, maníaca e hipomaníaca, compõem como critérios fundamentais para o diagnóstico do TAB. O transtorno depressivo maior (unipolar) é mencionado apenas para ressaltar a depressão maior que é um fator fundamental para o transtorno afetivo bipolar. Tanto no DSM-IV e na CID-10, o TAB corresponde a uma categoria distinta dos quadros depressivos unipolares. Enquanto na CID-10 o diagnóstico de TAB é feito com base na presença de pelo menos dois (ou mais) episódios de alteração de humor (dos quais ao menos um deve corresponder a um episódio maníaco ou hipomaníaco), no DSM-IV a presença de um ou mais episódios de mania ou hipomania permite efetuar o diagnóstico de TAB tipo I ou II, respectivamente. Nestes não constatam o diagnóstico de "mania unipolar", como pode ser visto na CID-9, mas a CID-10 permite a classificação dos pacientes como portadores de um episódio maníaco único, pacientes estes não considerados como portadores de TAB (SANCHES & JORGE, 2004). Para melhor esclarecimento, Sadock (2007), baseado no DSM-VI-TR, apresenta o “Episódio Depressivo Maior” como um período onde o indivíduo experimenta pelo menos quatro sintomas de uma lista que inclui mudanças no apetite e no peso, alterações no sono e no período de atividades, falta de energia, sentimento de culpa, dificuldade para pensar e tomar decisões além de pensamentos recorrentes de morte e suicídio, como representado no anexo A. Com relação ao “Episódio Maníaco”, é concebido como um período distinto de estado de humor anormal e persistente elevado, expansivo ou irritável, durante pelo menos uma semana, ou menos se o paciente for hospitalizado, assim representado no anexo B. Já no “Episódio Hipomaníaco”, os sintomas podem dura pelo menos quatro dias e é similar ao episódio maníaco, exceto por não ser grave suficiente para causar comprometimento do desempenho social e ocupacional e por não estarem presentes manifestações psicóticas, expostas no anexo C. Tanto a mania como hipomania associam-se ao aumento da auto estima, redução da necessidade de sono, distratibilidade, grande atividade física e mental e envolvimento excessivo em comportamento prazeroso (SADOCK, 2007). Ainda segundo Sadock (2007) um “Episódio Misto” é um período de, no mínimo, uma semana, em que tanto um episódio maníaco como um episódio depressivo maior ocorrem quase todos os dias, assim apresentado no anexo D. O “Transtorno Depressivo Maior” (Unipolar) ocorre sem história de episódios maníacos, mistos ou hipomaníacos, sendo que cada episódio deve durar no mínimo duas semanas. Já o “Transtorno Distímico” é caracterizado por pelo menos dois anos de estado de humor deprimido que não é grave o suficiente para se enquadrar no diagnóstico de episódio depressivo maior. O “Transtorno Ciclotímico” se caracteriza por pelo menos dois anos de sintomas hipomaníacos ocorrendo com freqüência, mas que não se enquadra no diagnóstico de transtorno depressivo maior (SADOCK, 2007). Kerr-Corrêa e Torresan (2012) apresentam uma noção sintetizada do transtorno afetivo bipolar, onde referem-se ao TAB I com sendo a forma clássica da doença maníaco-depressiva, na qual o indivíduo apresenta pelo menos um episódio de mania ou estado misto ao longo da vida, não importando quantas depressões ou hipomanias o paciente tenha apresentado. Já no TAB II, a presença de pelo menos um episódio de hipomania, de duração mínima de dois a quatro, com os mesmos sintomas de mania, mas jamais graves a ponto de causarem conseqüências sérias ou surtos psicóticos, além de episódios depressivos em frequência e intensidade variáveis. De acordo com Abreu et al. (2006) na CID-10 (classificação internacional de doenças em sua décima edição), o TAB pode ser classificado, de acordo com o tipo de episódio atual, em hipomaniaco, maníaco ou depressivo; os episódios maníacos são subdivididos de acordo com a presença ou ausência de sintomas psicóticos; o TAB inclui ainda os episódios mistos F3.6; episódio depressivo (usado para episódio depressivo único) pode ser, dependendo de sua intensidade, classificado como: leve, moderado ou grave; os episódio leves e moderados podem ser subdivididos quanto a presença ou ausência de sintomas sintomáticos; os episódios depressivos graves são subdivididos de acordo com a presença ou ausência de sintomas psicóticos. 1.5 Curso da doença De acordo com o DSM-IV (2002), a média do início do TAB I é de 20 anos para homens e mulheres, mas como este é um transtorno recorrente, mais de 90% dos indivíduos que tem um Episódio Maníaco único terão episódios futuros. O intervalo entre os episódios tende a diminuir com a idade. Embora a maioria dos indivíduos com TAB I experimentem uma redução significativa dos sintomas entre os episódios, alguns (20-30%) continuam a demonstrar instabilidade de humor e outros sintomas residuais. Quando um indivíduo tem Episódios Maníacos com características psicóticas, os Episódios Maníacos subsequentes tentem mais a ter características psicóticas. A recuperação incompleta entre os episódios é mais comum quando o episódio atual é acompanhado por características psicóticas incongruentes com o humor. Há algumas curiosidades com relação ao transtorno, como por exemplo o fato de as pessoas atingidas possuírem inteligência muito aguçada, até com certa genialidade. Tais pessoas se distinguem em suas áreas de atuação, em especial nos setores da ciência, poesia, musica e das artes, e é notável nesses pacientes uma diferenciação intelectual maior do que a média da população (FRANCO, 2012). Segundo o DSM-IV (2002), o suicídio consumado ocorre em 10 a 15% dos indivíduos com TAB I, quando o indivíduo está em estado depressivo ou misto. Episódio Maníaco Grave ocorre quando acontece abuso contra criança, cônjuge, ou outro comportamento violento. Outros problemas associados incluem divórcio, fracasso profissional e comportamento anti-social. O TAB I está associado ao uso de álcool e outras substâncias em muitos indivíduos, sendo que o uso excessivo do álcool leva a um número maior de internações em um curso pior da doença. Transtornos mentais estão associados também a Anorexia nervosa, Bulimia, Transtorno do Pânico, Fobia Social e Transtornos Relacionados a Substâncias. Os fatores externos como os inúmeros acontecimentos vitais estressantes podem agravar a predisposição endógena do transtorno, como separações conjugais, conflitos no trabalho, falências, situações graves na família. Fazem parte deste contexto, as drogas estimulantes do sistema nervoso central, que servem como um gatilho para desencadear todo o processo, alterando assim a ciclagem do TAB (FRANCO, 2012). De acordo com Bowden (2011), o longo curso do TAB desafia os processos terapêuticos quando os pacientes almejam continuar empregados ou que tentam retornar ao emprego após um período de incapacidade para o trabalho, porque o transtorno compromete a função familiar e social em aproximadamente metade das pessoas com esse diagnóstico. A função cognitiva apresenta comprometimentos sutis prolongados, relacionados à memória de trabalho, e outro fator importante seria o humor (mania, hipomania, estados mistos e depressivos), fatos que possibilitam a distratibilidade, fala e pensamentos maníacos, comportamento de risco e agitação. Todos esses comportamentos podem interferir nas responsabilidades profissionais. 1.5.1 Prognóstico Segundo Sadock (2007) em torno de 40% a 50% dos pacientes com TAB l podem ter um segundo episódio maníaco dentro de dois anos do primeiro episódio, apesar do tratamento com lítio (antimaníaco ou estabilizador do humor) melhorar o curso e prognóstico do transtorno; é provável que 50 a 60% dos pacientes consigam controle significativo de seus sintomas com o medicamento. Através de um estudo de acompanhamento, verificou-se que um mau estado ocupacional pré mórbido, dependência de álcool, manifestações psicóticas e manifestações depressivas entre os episódios favorecem a piora do prognóstico; já a curta duração dos episódios maníacos, a idade avançada de início, poucos pensamentos suicidas e poucos problemas psiquiátricos ou médicos contribuem para um bom prognóstico. No TAB ll os estudos são recentes, mas dados preliminares apontam que o diagnóstico é estável, assim demonstrado pela alta probabilidade dos pacientes manterem o mesmo diagnóstico até cinco anos mais tarde. Isso mostra que o tab ll é uma doença crônica que necessita de estratégias de tratamento a longo prazo (SADOCK, 2007). Segundo Abreu et al. (2006), o TAB I é uma doença crônica e recorrente, onde mais de 90% dos indivíduos que apresentam um episódio maníaco terão outros ao longo de suas vidas. Estima-se que aproximadamente 5 a 15% dos indivíduos com TAB I têm quatro ou mais episódios de humor depressivo, maníaco, hipomaniaco ou misto, que ocorrem dentro de um ano. Este modelo é denominado ciclagem rápida e é característica da piora do prognóstico, bem como o acréscimo de sintomas psicóticos. É atípico este quadro em idade precoce, mas quando acometidas, as crianças podem apresentar: hiperatividade, idéias de grandeza, perda do sono, grande irritabilidade, instabilidade emocional, mudança brusca de comportamento e comportamento anti social. 1.6 Tipos de tratamentos Segundo Sadock (2007) além do tratamento de pacientes com transtorno de humor envolver a orientação para que a segurança da pessoa possa ser garantida, deve haver uma avaliação diagnóstica completa, promover um plano de tratamento que vise não só tratar os sintomas imediatos, mas também contribuir para o bem estar futuro, não menos importante, dar ênfase aos acontecimentos estressantes da vida que de forma clara visando diminuir as taxas de recaídas. Fazem parte do contexto de tratamento do paciente a hospitalização, as terapias psicossociais (terapia cognitiva, terapia interpessoal, terapia comportamental, terapia de orientação psicanalítica, terapia familiar) e a farmacoterapia. De acordo com Abreu et al. (2006), nos episódios maníacos, alguns medicamentos chamados estabilizadores do humor são utilizados principalmente no tratamento e na profilaxia da mania, como os sais de lítio, a carbamazepina, o oxcarbamazepina, o valproato, a lamotrigina e o topiramato. O lítio é o medicamento que apresenta mais evidências, ao longo dos anos, de eficácia profilática e no tratamento da mania aguda. Os antipsicóticos típicos, como haloperidol e clopromazina, eram a principal opção para a mania antes do advento do lítio. Atualmente vem crescendo o uso de antipsicóticosatípicos como a olanzapina, a quetiapina, a ziprasidona, o aripiprazol e a risperidona no tratamento da fase aguda e ainda em experimentação para a profilaxia. Ainda segundo Abreu et al. (2006) vários modelos psicoterápicos têm sido proposto para a intervenção junto a esses pacientes, como a Psicoterapia de Apoio, a Psicoterapia Breve, a Terapia Interpessoal, a Terapia Cognitivo Comportamental, os Modelos Psicopedagógicos de Grupo e outros. Tais psicoterapias não são diretivas com relação à etiologia da doença, mas minimiza a possibilidade de que os fatores psicossociais desencadeiem novas fases. Com a aplicação dessas formas de atuação, aumentam a adesão, melhorando a compreensão da doença e das limitações que elas proporcionam. De acordo com Justo e Calil (2004) a redução da auto-estima devido à troca do status de pessoa saudável pelo de portadora de uma doença crônica, assim como os receios ligados à perda de controle de si próprio, alteram drasticamente a relação do paciente com o mundo e consigo mesmo. A negação do problema é frequente e uma barreira para o tratamento. Além do mais, não basta estar ciente da existência do TAB, mas é preciso compreender do modo mais amplo possível suas características e assumir a postura de coresponsável pelo tratamento, participando ativamente do estabelecimento de medidas protetoras. CAPITULO II REPRESENTAÇÕES SOCIAIS 2 PSICOLOGIA SOCIAL É próprio do homem ser necessariamente um ser sociável e um ser socializado; entendemos com isso que ele é , ao mesmo tempo, um sujeito que aspira a se comunicar com os seus semelhantes e o membro de uma sociedade que existe previamente, que o forma e o controla, quer ele queira quer não. E é próprio da psicologia social compreendê-lo nessa espécie de encruzilhada das influências externas e das espontaneidades; portanto, ela constitui não como uma ciência independente, por certo, mas um estudo especial que não se confunde nem com a psicologia clássica nem com a sociologia. (MAISONNEUVE,1988, p. 1) De acordo com Ramos (2003) William McDougall traz a concepção das tendências instintivas do homem e mostra suas transformações no ambiente social, apresenta como problema fundamental da psicologia social a moralização do indivíduo pela sociedade, mas também, as tendências nãomorais e puramente egoístas que se apresentam mais fortes do que as tendências altruístas; já Ross apresenta a psicologia social próxima à sociologia, como uma interpsicologia, trabalhando contatos mentais ou interações mentais para assim explicar a sociedade nos seus planos psíquicos de sentimentos, crenças, suas cooperações e seus conflitos, entre outros. Segundo Cabral e Nick (2006), a psicologia social é vista como um ramo da psicologia que estuda os fenômenos psicológicos que ocorrem em grupo e as interações comportamentais dentro e entre os grupos. Enquanto psicólogos sociais apresentam conceitos que derivam do estudo do comportamento individual, o sociólogo tende a enfatizar conceitos derivados do estudo de instituições e grupos. Os grandes avanços devem-se aos trabalhos de dinâmicas de grupo de Kurt Lewin, Rorthlisberger, Lippitt, Cartwright, Sears e outros, e de comportamentos psicossocial - Allport, Newcomb, Hofstater, McClelland, Riesman, Duverger. Estes converteram esta área da psicologia numa das mais importantes para o estudo do comportamento. A psicologia social, após uma visão panorâmica de sua trajetória, apresenta de forma mais compreensível três ordens gerais de fenômenos. O primeiro seria que a psicologia social estuda as bases psicológicas do comportamento social que se aproxima da psicologia do indivíduo; em segundo, as inter-relações psicológicas dos indivíduos na vida social, tornandose uma interpsicologia; e em terceiro, a psicologia social considera a influência total dos grupos sobre a personalidade, esta, por sua vez, será uma sociologia psicológica e uma psicologia cultural (RAMOS, 2003). O interesse especifico do Psicólogo Social, segundo Maisonneuve (1988), seria estabelecer como cada indivíduo se integra às normas coletivas, de que forma se adapta ao meio em que esta inserido, qual sua função nele, quais representações constrói sobre estes, qual influência exerce sobre eles. Enfim, a psicologia social não se reduzirá nem à psicologia intermental, nem a um mero anexo da sociologia de estilo marxista ou durkhemiano, seu foco será a interação das influências sociais e das personalidades singulares e as relações dos indivíduos entre eles e dos grupos entre si. 2.1 Primórdio das representações sociais O termo Representação Social vem há tempos se difundindo dentre as sociedades, seja no meio cultural, político ou religioso. Tal conceito inspirou grandes nomes do século passado a pesquisarem sobre o assunto. Segundo Oliveira & Werba (1998), a “representação social” teve origem na Sociologia com Durkheim e na Antropologia com Levi-Bruhl, inicialmente conhecido como “Representação Coletiva”, e foi base para a elaboração de uma teoria da religião, da magia e do pensamento mítico. Posteriormente, contribuiu para a criação da Teoria das Representações Sociais, a Teoria da Linguagem de Saussure, a Teoria das Representações Infantis de Piaget e a Teoria do Desenvolvimento Cultural de Vigotsky. Para chegar até a TRS de Moscovici, a maioria dos teóricos anteriores à segunda guerra mundial, segundo Farr (2003), distinguiu entre dois níveis de fenômenos, o nível do indivíduo e o nível do coletivo (cultura ou sociedade). Wundt distinguiu entre psicologia fisiológica e “Volkersychologie”, que equivalia à cultura; já Durkheim distinguiu entre o estudo das representações individuais (o domínio da psicologia) e o estudo das representações coletivas (domínio da sociologia); Le Bon distinguiu entre o indivíduo e as massas (ou a multidão) e Freud tratou o indivíduo clinicamente e desenvolveu uma crítica psicanalítica da cultura e da sociedade. 2.2 Representação social na visão sociológica Através da ótica sociológica, Durkheim é o autor que primeiro trabalha o conceito que chamará de “representações coletivas”. Estas seriam categorias de pensamento através das quais determinada sociedade elabora e expressa a sua realidade. Durkheim afirma que essas categorias não são universais na consciência, mas aparecem ligadas aos fatos sociais, modificando-se elas próprias, em fatos sociais passíveis de observação e interpretação (MINAYO, 2003). As representações coletivas traduzem a maneira como o grupo se pensa nas suas relações com os objetos que o afetam. Para compreender como a sociedade se representa a si próprio e ao mundo que rodeia, precisamos considerar a natureza da sociedade e não a dos indivíduos. Os símbolos com que ela se pensa mudam de acordo com sua natureza (...). Se ela aceita ou condena certos modos de conduta, é porque entram em choque ou não com alguns dos seus sentimentos fundamentais, sentimentos estes que pertencem à sua constituição (DURKHEIM, 1978, p. 79). Outro sociólogo, segundo Minayo (2003), seria Max Weber, este desenvolvendo suas concepções do campo das representações sociais através de termos como “idéias”, “espírito”, “concepções”, “mentalidade”, utilizados muitas vezes como sinônimos, e trabalhando de forma singular a noção de “visão de mundo”. A vida social, que consiste na conduta cotidiana dos indivíduos, é repleta de significados culturais. Este significado é dado tanto pela base material como pelas idéias, no centro de uma relação adequada, em que ambas se condicionam mutuamente. Com os termos, base material e eficácia das idéias em relação de afinidade eletiva, ele analisa a história do avanço capitalista no mundo ocidental. Ainda segundo Minayo (2003) na interpretação do papel das representações sociais, o socialista Karl Marx fala da idéia e da base material; mostra que os filósofos de seu tempo consideravam “as quimeras, as idéias, os dogmas, as ilusões” como produzidos e reproduzidos pela própria cabeça, isto é, pela consciência. Para esses filósofos, as mudanças da sociedade adviriam da substituição das “falsas representações” por pensamentos correspondentes à essência do homem. Para Marx, a manifestação da consciência se faz através da linguagem. O sociólogo Alfred Schutz faz uso do termo “senso comum” para falar das representações sociais do cotidiano. Da mesma forma que o conhecimento científico, o senso comum envolve conjuntos de abstrações, formalizações e generalizações, segundo ele. A existência cotidiana é dotada de significados e portadora de estruturas de relevância para os grupos sociais que vivem, pensam e agem em determinado contexto social. Esses significados, que podem ser objeto de estudo dos cientistas sociais, são selecionados através de construções mentais, de “representações” do “senso comum”. A própria ciência, para Schultz, é uma representação da realidade, denominada por ele “constructo” de segunda ordem (MINAYO, 2003). 2.3 Conceituando as representações sociais As Representações Sociais são “teorias” sobre saberes populares e do senso comum, elaboradas e partilhadas coletivamente, com a finalidade de construir e interpretar o real. Por serem dinâmicas, levam os indivíduos a produzir comportamentos e interações com o meio, ações que sem dúvida, modificaram os dois. (OLIVEIRA; WERBA, 1998, p. 105). De acordo com Minayo (2003), representações sociais é um termo filosófico que possui significado de representação de uma percepção retida na lembrança ou do conteúdo do pensamento. Já nas Ciências Sociais é definido como categorias de pensamentos que expressam a realidade, explicam-na, justificando-a ou questionando-a. De acordo com Wagner (2003) a representação social possui um conceito multifacetado. Por um lado, ela é concebida como um processo social que compreende a comunicação e discurso, ao longo do qual significados e objetos sociais são construídos e elaborados. Por outro lado, na relação com o conteúdo de pesquisas orientadas empiricamente, as representações sociais são operacionalizadas como atributos individuais, como estruturas individuais de conhecimento, símbolos e afetos distribuídos entre as pessoas em grupos ou sociedades. Esta visão duplicada do conceito o faz versátil, e dá inicio a várias interpretações e utilizações que nem sempre são compatíveis uns com os outros. Estudos realizados no campo das representações sociais permite entender melhor o papel da contradição na elaboração das representações. De acordo com Spink (2003), um apontamento feito por Geerz, mostra que ao trabalhar com o senso comum não cabe catalogar os conteúdos em busca do estável e consensual porque eles são essencialmente heterogêneos. O mesmo ocorre ao tentar buscar as estruturas lógicas subjacentes porque elas não existem. Aprofundando a análise do senso comum, deparamo-nos não apenas com a lógica e com a coerência, mas também com a contradição. Mas o que vem a ser o “senso comum”? Segundo Bock (2008), até mesmo o mais especializado dos cientistas, quando se ausenta de seu laboratório, esta sujeito à dinâmica do cotidiano, que elabora suas próprias “teorias” a partir das teorias científicas, seja simplificando ou interpretando os fatos, a despeito das considerações feitas pela ciência. Assim, como por exemplo, a eficácia do chá de boldo para o fígado se propagou através de gerações sem que se tenham realizado estudos farmacológicos, ou até mesmo atravessar a rua medindo a velocidade e a distância dos carros sem a necessidade de calculadora ou fita métrica, a esse tipo de conhecimento dá-se o nome de “senso comum”. E é nessa tentativa de facilitar o dia-a-dia que o senso comum produz suas próprias “teorias”; na realidade, um conhecimento que, numa interpretação livre, poderíamos chamar de teorias médicas, físicas, psicológicas etc (BOCK, 2008, p. 18). Ainda segundo Bock (2008), o conhecimento do senso comum acaba por se apropriar, de forma particular, dos conhecimentos produzidos pelos outros setores da produção do saber humano. O senso comum recicla e mistura esses outros saberes, mais especializados, e os resumir a um tipo de teoria simplista, criando uma determinada visão-de-mundo. Ele integra, de forma precária, o conhecimento humano, absorvendo lentamente quando se trata de conteúdos mais “sofisticados e especializados”, mas nunca o é totalmente. O local de produção das representações sociais encontra-se nas instituições, nas ruas, nos meios de comunicação de massa, nos canais informais de comunicação social, nos movimentos sociais, nos atos de resistência e em uma série inesgotável de lugares sociais. Ocorrem nos momentos em que as pessoas se encontram para falar, argumentar, discutir o cotidiano, ou quando elas estão expostas às instituições, aos meios de comunicação, aos mitos e à herança histórico-cultural de suas sociedades (GUARESCHI; JOVCHELOVITCH, 2003). Segundo Jovchelovitch (2003), a coletividade da vida de uma sociedade, gera os processos de constituição simbólicas, nos quais sujeitos sociais lutam para dar sentido ao mundo, entendê-lo e nele encontrar o seu lugar, através de uma identidade social. Expõem como as representações sociais, enquanto fenômeno psicossocial, estão difundidas no espaço público e nos processos onde o ser humano desenvolve uma identidade, cria símbolos e se torna receptivo para a diversidade de um mundo de Outros. 2.4 Teoria das representações sociais De acordo com Farr (2003) a teoria das representações sociais (TRS) é uma forma sociológica de Psicologia Social, que teve origem na Europa com o Psicólogo Social romeno naturalizado francês Serge Moscovici, através da publicação de seu estudo La Psychanalyse: Son image et son public. Segundo Guareschi (2003) em seu trabalho no ano de 1963, Moscovici fez uma revisão das pesquisas referentes a atitudes e opiniões, apresentando seu desconforto com relação a esses conceitos, onipresentes e dominantes no campo da psicologia social da época. A partir de suas críticas aos conceitos, ele deixou transparecer ali o seu desejo de criar uma teoria (que posteriormente chamou de representações sociais) que fosse dinâmica e explicativa ao mesmo tempo. Tal realidade deveria dar conta da compreensão das dimensões físicas, sociais e culturais. Este conceito (representações sociais) deveria abranger a dimensão cultural e cognitiva; a dimensão dos meios de comunicação e das mentes das pessoas; a dimensão objetiva e subjetiva. Com o aparecimento do conceito na obra de Moscovici sobre a psicanálise na França, o debate, o enriquecimento teórico e a pesquisa em torno das representações sociais tornaram-se uma realidade no campo de ação da psicologia social. Esta teoria nasceu e cresceu sob o escudo de interrogações radicais, que repõe contradições e dilemas que até nos dias de hoje ainda precisamos responder, sendo, talvez, a relação indivíduo-sociedade e como ela se constrói, a principal dessas contradições (JOVCHELOVITCH, 2003). De acordo com Guareschi e Jovchelovitch (2003), as principais bases da TRS dentro da Psicologia, Moscovici vai buscar na obra piagetiana. Seu olhar para a Sociologia lhe permite encontrar conceitos, e trazê-los para a Psicologia Social. Mas foi com Durkheim que talvez ele possa ter reconhecido a real força da realidade social, e através de seu pensamento, pode perceber que a sociologia durkheiniana esquecia que a força do que é coletivo encontra sua mobilidade na dinâmica social, que é consensual, mas permite os esforços dos sujeitos sociais, que o desafiam e o modificam se necessário. Para melhor entendimento desta diferenciação, Moscovici ressalta que a noção de representação coletiva de Durkheim assemelha-se, ou identifica, uma categoria coletiva que deve ser explicada a nível inferior, isto é, em nível de psicologia social, e a partir daí, surge a noção de representação social de Moscovici. Este, por sua vez, estava modernizando a ciência social, ao substituir as representações coletivas por representações sociais, no intuito de tornar a ciência social mais adequada ao mundo moderno (FARR, 2003). 2.4.1 A teoria das representações sociais e seus processos De acordo com Guareschi e Jovchelovitch (2003) a TRS estabelece uma síntese teórica entre fenômenos que, em nível da realidade, estão profundamente ligados. As dimensões cognitiva, afetiva e social estão presentes na própria noção de representação social. O fenômeno das representações sociais e a teoria que se ergue para explicá-lo diz respeito à construção de saberes sociais e, nessa medida, ele envolve a cognição. O caráter simbólico e imaginativo desses saberes traz à tona a dimensão dos afetos, por que quando sujeitos sociais empenham-se em entender e dar sentido ao mundo, eles também o fazem com emoção, com sentimento e com paixão. Segundo Farr (2003), Moscovici percebeu através de seus estudos que características estranhas da história original, com o passar dos anos, eram alteradas ao se recontar a história. A história se ajustou nos termos da cultura na qual ela foi transmitida. Semelhante processo foi apresentado por Moscovici em ação com relação à psicanálise e a esse processo ele chamou de “ancoragem”, onde o não familiar torna-se familiar. Para Moscovici, o termo “ancorar” é trazer para categorias de imagens conhecidas o que ainda não esta classificado e rotulado. O que permanece inclassificável e não rotulável, parece não existir, apresenta-se como estranho e ameaçador, ao passo que a neutralidade é proibida pela própria lógica do sistema em que cada objeto, ao ser, deve possuir um valor positivo ou negativo. Já a “representação” é basicamente um processo de classificação e nomeação, um método de estabelecer relações entre categorias e rótulos (GUARESCHI, 2003). Para melhor entendimento do processo que ocorre no interior da TRS, de acordo com Jovchelovitch (2003), apresenta-se os termos “objetificação e a ancoragem” como os moldes específicos em que as representações sociais estabelecem mediações, aproximando do nível quase material a produção simbólica de uma comunidade e dando conta da concreticidade das representações sociais na vida social. Objetificar é também condensar significados diferentes que frequentemente ameaçam significados indizíveis, inescutáveis em uma realidade familiar. Ao fazer desta maneira, sujeitos sociais ancoram o desconhecido em uma realidade conhecida e institucionalizada e, paradoxalmente, movem aquela geografia de significados já integrados, que as sociedades, na maior parte das vezes, lutam para preservar. Segundo Guareschi (2003), Moscovici menciona a existência de dois tipos de sistema dentro da sociedade, o econômico e o político, e dois tipos diferentes de “universos”: os “reificados”, onde estão situados os nãofamiliares, que são mundos restritos por onde circulam as ciências que procuram trabalhar com o mais possível de objetividade; e os “consensuais”, onde estão as praticas interativas do dia-a-dia, produtoras das representações sociais, que são teorias do senso comum. E entre estes temos os divulgadores científicos de todos os tipos (jornalistas, políticos, professores, entre outros meio de comunicação de massa), fazendo a transição do universo reificado para o universo consensual. Já de forma mais simplificada, de acordo com Oliveira e Werba (1998), os “universos reificados” são restritos e neles circulam as ciências e a objetividade, e é neste universo que se situa e é gerado o não-familiar. Já nos “universos consensuais” encontram-se as práticas interativas do dia-a-dia, são as teorias do senso comum, onde impera o familiar. Segundo Guareschi (2003), Moscovici, ao analisar o processo formador das representações sociais, afirma que o móvel desencadeante desse processo, “o propósito de todas as representações é de transformar algo não familiar, ou a própria não familiaridade, em familiar”. Essa seria a razão de porque as pessoas formam e constroem representações sociais. A TRS se edifica sobre uma teoria dos símbolos. Estas são consideradas de acordo com Moscovici, formas de conhecimento social que envolvem duas faces, tão interligadas como os dois lados de uma folha de papel (o figurativo ou lado imageante, e o lado simbólico). Os símbolos dão a entender a capacidade de chamar à presença apesar da ausência, já que sua característica fundamental é que eles possuem o significado de uma outra coisa. Desta forma, eles geram o objeto representado, construindo uma nova realidade que já esta lá. Também provocam uma fusão entre o sujeito e o objeto porque eles são expressão da relação entre sujeito e objeto. Através de símbolos, coisas diferentes podem ter o mesmo significado e podem mergulhar umas nas outras, permitindo assim uma variabilidade infinita, e, ainda assim, são referenciais. É da essência da atividade simbólica, da atividade do espaço potencial, o reconhecimento de uma realidade compartilhada, a realidade de Outros (JOVCHELOVITCH, 2003). 2.4.2 Aplicação da teoria Para observar como se dá este processo da TRS, segundo Joffe (2003), os objetos sociais que são estranhos evocam medo, porque eles ameaçam o sentido de ordem e a sensação de controle que as pessoas possuem sobre o mundo. Assim que representado sob uma feição mais familiar, o objeto social passa a ser menos ameaçador e tal processo nos ajuda a entender, como por exemplo, porque a AIDS foi ancorada a representações mais familiares, como a “praga”. Nos meios de comunicação ocidental proclamavam a AIDS como “a praga homossexual”, extraindo tal representação do mundo médico. Desta forma, objetifica a ameaça da AIDS nos homossexuais que seriam um grupo externo, fazendo-a assim menos ameaçadora para o grupo interno. Ainda segundo Joffe (2003) a disseminação da AIDS, seja ela representada em termos de sexualidade inter-racial, seja em termos de conspiração, aparece sempre como responsabilidade de grupos que são externos ao próprio grupo. A projeção da responsabilidade sobre grupos estranhos é um mecanismo de defesa que afasta tanto o próprio grupo como o Eu da AIDS, deixando intacta a sensação de controle. A projeção intergrupal ocorre como forma de controlar o que ameaça nossos sentimentos de onipotência. De acordo com Bauer (2003), os estudos das representações sociais se colocam contrários ao modelo de comunicação da ciência de “alta fidelidade” porque identificam no objeto em difusão uma mudança ao longo do processo. Os estudos das representações sociais se baseiam em segmentações culturais no interior de uma unidade de análise seja ela uma instituição, uma sociedade, ou qualquer unidade mais ampla. Seu conteúdo simbólico é analisado quantitativamente quanto à intensidade flutuante da cobertura, e qualitativamente, quanto aos padrões de mudança do seu conteúdo. Segundo Guareschi e Jovchelovitch (2003) a TRS vem nos apresentar novas possibilidades, repousando seu olhar sobre a epistemologia do sujeito “puro” e do objeto “puro”, e através desta observação, ela recupera um sujeito que, por meio de sua atividade e relação com o objeto-mundo, constrói tanto o mundo como a si próprio. Na construção das representações sociais, segundo Jovchelovitch (2003), existem cinco características quem vêm a ser fundamentais. Tais características seriam o seu caráter imaginativo, construtivo, autônomo, criativo e finalmente sua natureza social, o fato é de que os elementos que estruturam a representação advêm de uma cultura comum. Em vista da aplicação, no que se diz a respeito às representações da Psicanálise, segundo Farr (2003), Moscovici estava interessado em observar o que ocorreria quando uma nova esfera de conhecimento fosse difundida dentro de uma população humana. Ele optou por amostragens do conhecimento, das opiniões e das atitudes das pessoas, com respeito à psicanálise e aos psicanalistas, sendo utilizado questionários semi-estruturados, pesquisa de opinião e coleta de amostragens sobre a informações que circulava na sociedade. Este trabalho compreendeu a uma analise dos conteúdos dos meios de comunicação de massa, atingindo 241 jornais e revistas publicadas na França entre 1º de janeiro de 1952 e 1º de março de 1953, de todas as referências à psicanálise. De acordo com Guareschi (2003), no estudo das representações sociais da psicanálise, Moscovici apresenta três fases da evolução desse conhecimento, sendo estas: a fase científica (criação da teoria), a fase representacional (sua difusão e a criação de representações sociais) e a fase ideológica (a apropriação e o uso dessa realidade por um grupo ou instituição). A partir deste momento, ocorre a reificação, se torna discurso estruturado e estruturante, impondo uma ordem estabelecida como natural. Esclarecer uma representação social ao nível de avaliação social se expressa em determinar a condição social que lhe deu origem e caracterizar e justificar a relação estrutural entre ambos. Grande parte das pesquisas que investigam as relações entre condições sociais e representações sociais partem do conflito social introduzido por mudanças nas condições de vida (WAGNER, 2003). Segundo Spink (2003) os estudos que visam entender as representações sociais na perspectiva dos grupos, procurando aí tanto a diversidade quanto o que existe de comum e compartilhado, utilizam formas de coleta de dados mais estruturadas, em especial os questionários (autoaplicados ou utilizados como roteiro de entrevista) com perguntas abertas. A estrutura da representação social é, neste caso, consequência da somatória da análise de associação de idéias de várias perguntas. CAPITULO III PESQUISA 3 INTRODUÇÃO Para conhecer a representação social dos alunos das diferentes áreas da saúde a cerca do Transtorno Afetivo Bipolar (TAB), após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa de protocolo nº 425 em 28 de junho de 2012 (ANEXO D), realizou-se uma pesquisa de campo no Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins localizada à rua Dom Bosco, 265 na cidade de Lins – SP. Com início e término em Agosto/2012. Foi elaborado um questionário contendo 10 perguntas sobre o referido tema e após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, ocorreu à aplicação do mesmo, inicialmente como um pré-teste e, posteriormente, como pesquisa definitiva. A amostra se constituiu de 70 alunos dos cursos de Enfermagem, Fisioterapia e Psicologia. 3.1 Método Consistiu na aplicação de um questionário e a seguir a realização de análise quantitativa e qualitativa entre os termos (inicial e final) de graduação, usando análise comparativa das porcentagens de incidências das respostas (expressas nas tabelas) dos alunos do primeiro e último termos de cada curso, de análise de conteúdo a partir das referências teóricas expostas nos capítulos I, II e Anexos, respectivamente. 3.1.1 Critérios de exclusão Os critérios de exclusão foram aplicados aos alunos que não estavam cursando todas as disciplinas, ou seja, alunos que estavam cursando uma disciplina, alunos que se recusaram a participar da pesquisa, alunos do curso de Educação Física que participaram do pré-teste e também o curso de Terapia Ocupacional que possui somente alunos do último termo. 3.2 Histórico da instituição A instituição Unisalesiano – Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, tem como data fundante o dia 18 de janeiro de 1942, na época funcionavam os cursos de Primário, Ginasial, Colegial Científico e Técnico em Contabilidade. O processo para a instalação de cursos de nível superior teve início no ano de 1969, mas somente em 1972 a Faculdade de Ciências Administrativas e Contábeis (FACAC) foi aprovada, com os cursos de Administração e Ciências Contábeis. No início de 1970 foi montado o projeto para criação da Faculdade de Educação Física de Lins (FEFIL), sendo aprovada no ano de 1972. Já criadas e funcionando regularmente, as Faculdades tiveram seus cursos reconhecidos pelo MEC. A mesma é mantida pela Missão Salesiana de Mato Grosso (MSMT). No dia 02 de agosto de 2005, foi publicada a Portaria 2.701 de 29 de julho de 2005, no D.O.U., assinada pelo Ministro da Educação Tarso Genro credenciando o “Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium”. Está localizada à rua Dom Bosco, 265 na cidade de Lins – SP. Atualmente conta com 15 cursos de graduação na sede, sendo que fizeram parte do presente trabalho 3 destes cursos (QUEM, 2012). 3.3 Caracterização da amostra O trabalho refere-se à pesquisa realizada no mês de agosto de 2012, com alunos do primeiro e último termos dos cursos de graduação em saúde do Centro Universitário Católico Auxilium Unisalesiano. Os cursos que compuseram a amostra foram: Enfermagem, Fisioterapia e Psicologia, a população da pesquisa são 223 alunos de ambos os sexos, os quais foram selecionados de forma aleatória simples a partir da lista de chamada do professor, uma amostra de 70 alunos. Faz–se necessário ressaltar que, a princípio, eram 5 os cursos de graduação a fazerem parte da amostra, mais os alunos do curso de graduação em Educação Física (modalidade Bacharelado e Licenciatura), que participaram do pré-teste na validação do questionário da pesquisa e o curso de graduação em Terapia Ocupacional, que por não possuir o primeiro termo, apenas o último, ficou fora da amostra de pesquisa. O percentual de amostra utilizado oscilou entre 27% e 30% no decorrer da aplicação. 3.3.1 Instrumento e procedimento Foi elaborado um questionário com base no Compêndio de Psiquiatria: ciências do comportamento e psiquiatria clínica e no DSM IV – Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, contendo 10 questões e aplicado, inicialmente como um pré-teste e posteriormente, como pesquisa definitiva, exposta no APÊNDICE A. O mesmo não sofreu alteração, ficando assim descrito: a primeira questão vem identificar a porcentagem de alunos que possuem alguma representação social do TAB; a segunda tem como fundamento, extrair o conteúdo daqueles que responderam “sim” a primeira pergunta; a terceira busca identificar a porcentagem de alunos que tiveram contato com o portador; a quarta vem questionar quais as três principais características que identificam o TAB; a quinta refere-se aos três principais tipos de tratamento utilizados no cuidado do portador; a sexta questiona os tipos de dificuldades vivenciadas pela família com espaço para três itens; a sétima refere-se à representação social sobre a depressão, assim como a oitava que se refere à mania; a nona traz o questionamento sobre as causas que conduziriam ao surgimento do transtorno e a décima questão, apresenta alternativas corretas e incorretas sobre as fases do TAB com base nos ANEXOS A, B e C. A partir da análise das respostas de cada questão, criou-se categorias de acordo com suas semelhanças, sendo elas: Variação de humor (oscilação do humor, variação do humor entre euforia e depressão, variação brusca de humor, mudança de humor, transtorno de humor, descontrole emocional, picos de humor ou personalidade diferentes, dois tipos de humor, vida desequilibrada sempre muito triste ou muito feliz, mudança constante de humor do super feliz ao super triste e alteração de humor subitamente). Mudança de comportamento (doença psicológica que apresenta dois comportamentos/sentimentos, diferentes tipos de comportamentos, mudança repentina no comportamento e mudança de comportamento devido a qualquer problema). Terapias (psiquiatria, comportamental, psicoterapia, acompanhamento psicólogos, psicológico, terapia terapia cognitiva ocupacional, tratamento psicológico, tratamento familiar e equipe multiprofissional). Farmacologia (medicamentoso, fármacos, remédios, antidepressivos, hormonal, laboratoriais / exames e medicina alternativa). Os sentimentos para com o paciente (medo, temor, emocional, aflição, culpa e apreensão). Comportamento hostil (brigas, raiva, agressão, mau humor, às vezes violento e repulsão). Relacionamento (conversar, manejo, cuidar, paciência, tratamento, convivência, diálogo, interação, compreensão/entendimento das dificuldades do paciente, dificuldade no convívio, aceitação da doença, dificuldade em lidar com a situação e não saber lidar). Mudança de comportamento (alteração de humor, dupla personalidade, inconstância, inconstância de personalidade e insensatez). Pensamentos de morte ou ideação suicida (profundo mal onde afloram pensamentos negativos, excesso de pensamentos ruins, sentimento de morte, medos e angústias, a pessoa perde a vontade de viver e constante desejo de morte). Acentuada diminuição do interesse ou prazer (desanimo, perda de interesse, perda da vontade de seguir, sem vontade e desmotivação). Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva (se sente inútil de todas as maneiras e sentimento de vazio). Humor deprimido (tristeza o tempo todo, tristeza profunda, tristeza extrema, sentimento de tristeza, doença que priva a pessoa de sua rotina deixando-a infeliz, perda da perspectiva de vida, transtorno psíquico que envolve o rebaixamento do humor, baixa auto estima, tristeza muitas vezes sem motivo e estado de vida onde a pessoa fica muito triste). Doença psicológica (problemas ligados a área psíquica, doença emocional que afeta o psicológico e o físico, estado psicológico em que o indivíduo se encontra, estado psicológico que ocorre negação da vida e das pessoas, é uma patologia, é psíquica e reflete o organismo e patologia que acomete a parte psíquica). Fadiga ou perda de energia (falta de energia e ficar em inércia). Comportamento repetitivo (quando você faz sempre a mesma coisa, comportamento vicioso, costume que se faz sem pensar, algo que se faz ou consome varias vezes, mania de fazer a mesma coisa, algo que não consegue deixar de lado sempre tem que fazer, algo com frequência, atos repetitivos, repetição de algo várias vezes ao mesmo tempo, hábito ou costume que se torna compulsivo, sempre tem vontade de fazer a mesma coisa, hábito de fazer a mesma coisa a todo tempo, algo feito sempre e varias vezes, repetir determinada ação, algum tipo de obsessão do indivíduo, algo que se faça varias vezes, fazer sempre as mesmas coisa, um ritual que deve ser seguido, repetir varias vezes, algo que se torna repetitivo podendo chegar a um grau patológico, vontade de repetir o comportamento, costume praticado varias vezes, necessidade de fazer e não consegue controlar, hábito de se fazer algo, costume ou modo que se aplica no seu dia a dia, não medir esforços para fazer algo que costumamos fazer, fazer algo repetidas vezes sem saber o por que, problemas psicológicos adquirido que requer métodos obsessivos, fazer algo varias vezes, sempre faz toda hora e repetitivo e contínuo sem mudanças). Hábito difícil de impedir que aconteça (quando tem sempre que fazer algo, realizar um gesto ou ter uma atitude dentro da rotina, roer unhas, mexer no cabelo, falar alto se não nada dará certo e é quando você tem mania de alguma coisa). Genes da vulnerabilidade, fatores ambientais e os psicossociais (trauma, uso de drogas ou pré disposição genética, alcoolismo, traumas, drogas e outras patologias como demências, fator genético, fator ambiental, estresse ambientes conflitantes, frustrações, falta de diálogo - de um bom convívio, falta de auto confiança - fatores hereditários, o meio em que você vive, algum tipo de opressão na infância (bullying), tanto biológico quanto social, um cuidado que a família deve ter, carência de afeto dos familiares, isolamento familiar, falta de estrutura familiar, conflitos familiares, biopsicossocial e pode ser familiar com problemas na infância). Depressão, ansiedade, decepção (depressão - mudança repentina de hábito, desilusão - baixa auto estima - dependência química). Foram analisadas as frequências das respostas por curso e, posteriormente, calculadas as porcentagens de suas incidências sobre o total da amostra dos cursos referentes ao primeiro e último termos. Realizou-se, também, uma análise comparativa entre as respostas dos alunos do primeiro termo e do último termos de cada curso e consideradas como ausência de informação as perguntas que não foram respondidas. Teve como base de respostas para análise das respostas oriundas dos pesquisados, o “Compêndio de Psiquiatria: ciências do comportamento e psiquiatria clínica e o DSM IV – Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais”. 3.4 Análise dos resultados Tabela 1: Você sabe o que é transtorno afetivo bipolar (TAB)? Primeiro termo Enfer. Fisiot. Psicol. Total (13) (13) (19) (45) Sim 12 6 11 29 Não 1 7 8 16 Fonte: Os autores, 2012 Cursos % Enfer. (07) 7 0 64,44 35,56 Fisiot. (06) 4 2 Último termo Psicol. Total (12) (25) 10 21 2 4 % 84 16 De acordo com a pesquisa realizada nos cursos de graduação na área da saúde, a tabela 1, refere-se à análise das respostas “Você sabe o que é transtorno afetivo bipolar (TAB)?” Evidencia-se que 64,44% dos alunos do primeiro termo acreditam terem conhecimento sobre o transtorno, assim como 84% do último termo. Desta forma, os dados obtidos apresentam uma discrepância de 19,56 pontos percentuais indicando que os alunos do último termo acreditam serem detentores de informações sobre o transtorno. Tabela 2: Se a resposta for sim, então o que é Transtorno Afetivo Bipolar? Cursos Enfer. (12) Mudança de 5 comportamento Outros 2 Variação de 5 humor Fonte: Os autores, 2012 Primeiro termo Fisiot. Psic. Total (6) (11) (29) Último termo Fisiot. Psic. Total (04) (10) (21) % Enfer. (07) 8 27,58 5 0 0 0 3 2 0 4 13,79 0 2 4 8 17 58,63 2 2 % 5 23,81 3 5 23,81 7 11 52,38 Segundo a tabela 2, “Se a resposta for sim, então o que é Transtorno Afetivo Bipolar?”, os resultados indicam que tanto o primeiro termo (58,63%) como o último termo (52,38%), apóiam-se na categoria “Variação de humor”; a segunda categoria mais apontada foi “Mudança de comportamento”, esta se apresentou com um total de 27,58% para o primeiro termo e 23,81% para o último. Tabela 3: "Você conhece alguém com esse transtorno?" Enfer. Fisiot. Cursos (13) (13) Sim 6 3 Não 7 10 Fonte: Os autores, 2012 Primeiro termo Psic. Total (19) (45) 6 15 13 30 % 33,33 66,67 Enfer. (07) 5 2 Último termo Fisiot. Psic. Total (06) (12) (25) 1 4 10 5 8 15 % 40 60 A partir da tabela 3, "Você conhece alguém com esse transtorno?", verifica-se que 33,33% de alunos do primeiro termo e 40% dos alunos do último termo informam ter algum conhecido. Por outro lado, a resposta negativa é maior para os alunos do 1º termo (66,67%) ante os do último termo (60%). Tal índice apresenta baixo percentual de contato com o portador do TAB entre primeiro e último termo, onde o acesso ao portador do TAB, por intermédio do curso, deveria aumentar este percentual de alunos do último para com os do primeiro termo. Tabela 4: "Quais são as principais características? Citar as três principais" Cursos Enfer. (39) 8 Agressividade Alterações de 3 humor Depressão 3 maior Mania / 6 Hipomania Mudança de 3 comportamento Outros 1 Em branco / 15 Não sei Fonte: Os autores, 2012 Primeiro termo Fisiot. Psic. Total (39) (57) (135) 5 2 15 % 11,12 Enfer. (21) 3 Último termo Fisiot. Psic. Total (18) (36) (75) 1 2 6 % 8 2 7 12 8,88 3 1 4 8 10,67 6 3 12 8,88 3 1 7 11 14,67 5 6 17 12,60 3 0 9 12 16 0 1 4 2,96 1 0 0 1 1,33 0 3 4 2,96 2 0 2 4 5,33 21 35 71 52,60 6 15 12 33 44 A tabela 4 "Quais são as principais características? Citar as três principais" apresenta as respostas “Depressão maior” e “Mania/Hipomania” como as principais características do transtorno, totalizando em conjunto 21,48% no primeiro e 30,67% no último termo. As demais representações somadas alcançaram 25,56% no primeiro e 25,33% no último termo, mas a categoria “Em branco / Não sei” chama atenção para o alto índice percentual de respostas (acima de 43% para os dois termos). Tabela 5: "Em sua opinião quais os tipos de tratamento que você conhece? citar os três principais" Cursos Enfer. (39) Família bem 0 estruturada Farmacológico 8 Internações 0 Outros 0 Terapias 14 Em branco / Não sei / Não 17 conheço Fonte: Os autores, 2012 Primeiro termo Fisiot. Psic. Total (39) (57) (135) % Enfer. (21) Último termo Fisiot. Psic. Total (18) (36) (75) % 1 2 3 2,22 0 0 0 0 0 2 0 2 8 5 2 0 8 15 2 2 30 11,11 1,48 1,48 22,22 8 0 0 7 2 0 0 3 7 0 0 14 17 0 0 24 22,67 0 0 32 25 41 83 61,49 6 13 15 34 45,33 A tabela 5, "Em sua opinião quais os tipos de tratamento que você conhece? citar os três principais" apresenta alto índice percentual na categoria “Em branco / Não sei / Não conheço” que aponta a ausência de informação com 61,49% no primeiro e 45,33% no último termo. Por outro lado, o primeiro termo apresentou maior variabilidade de representações contendo 05 categorias contra 02 do último termo. Tabela 6: "Quais as principais dificuldades vivenciadas pela família do indivíduo com esse transtorno?" Cursos Enfer. (39) Comportamento 1 hostil Falta de conhecimento 0 da doença Mudança de 3 comportamento Os sentimentos para com o 2 paciente Outros 3 Relacionamento 4 Em branco / Não 26 sei Fonte: Os autores, 2012 Primeiro termo Fisiot. Psic. Total (39) (57) (135) % Enfer. (21) Último termo Fisiot. Psic. Total (18) (36) (75) % 2 3 6 4,44 1 0 0 1 1,33 0 0 0 0 2 0 2 4 5,33 1 2 6 4,44 0 0 6 6 8 2 3 7 5,18 3 0 0 3 4 1 1 5 6 9 11 6,67 8,15 2 9 0 2 2 9 4 20 5,33 26,67 32 38 96 71,12 4 16 17 37 49,34 Na tabela 6, intitulada “Quais as principais dificuldades vivenciadas pela família do indivíduo com esse transtorno?”, apesar da categoria “Em branco / Não sei” atingir 71,12% no primeiro e 49,34% no último termo, em comparação com os campos que continham algum tipo de informação, faz-se notar a categoria “Relacionamento” com índice de 8,15% apontado pelos alunos do primeiro termo contra 26,67% do último termo. Tabela 7: "O que é depressão?" Cursos Enfer. (13) Primeiro termo Fisiot. Psic. Total (13) (19) (45) Acentuada diminuição do 1 interesse ou prazer Doença 1 psicológica Fadiga ou perda 0 de energia Humor 4 deprimido Pensamentos de morte ou 4 ideação suicida Sentimento de inutilidade ou 0 culpa excessiva Outros 2 Em branco 1 Fonte: Os autores, 2012 % Enfer. (07) Último termo Fisiot. Psic. Total (06) (12) (25) % 4 1 6 13,33 1 2 2 5 20 1 2 4 8,89 3 1 0 4 16 3 1 4 8,89 0 0 0 0 0 1 10 15 33,34 0 2 3 5 20 1 1 6 13,33 1 0 0 1 4 2 0 2 4,44 0 0 0 0 0 0 1 2 2 4 4 8,89 8,89 1 1 0 1 6 1 7 3 28 12 Na tabela 7, identificada pelo título "O que é depressão?", faz-se notar uma multiplicidades de categorias representativas, mas entre elas a mais citada foi a categoria “Humor deprimido” com 33,34% no primeiro e 20% no último termo. As categorias “Acentuada diminuição do interesse ou prazer” e “Doença psicológica” aparecem como representações citadas à cima dos 15% no último termo e a baixo dos 14% no primeiro, já na categoria “Pensamentos de morte ou ideação suicida” o primeiro termo apresenta-se com 13,33% enquanto o último termo traz a categoria com 4%. Tabela 8: "O que é mania?" Cursos Enfer. (13) Comportamento 11 repetitivo Hábito difícil de impedir que 0 aconteça Fase do TAB em que o 0 paciente esta hiperativo Outros 1 Em branco/Não 1 lembro Fonte: Os autores, 2012 Primeiro termo Fisiot. Psic. Total (13) (19) (45) % Enfer. (07) Último termo Fisiot. Psic. Total (06) (12) (25) % 9 14 34 75,55 6 3 3 12 48 2 1 3 6,67 0 1 1 2 8 0 0 0 0 1 0 0 1 4 1 2 4 8,89 0 1 3 4 16 1 2 4 8,89 0 1 5 6 24 De acordo com a tabela 8, intitulada "O que é mania?", tanto o primeiro termo com 75,55% quanto o último termo com 48% apresentaram a categoria “Comportamento repetitivo” como sendo a mais indicada na representação da “mania”. Apresenta-se com 4% no último termo a representação de mania que mais se aproxima da resposta cientifica. Tabela 9: "Em sua opinião quais são as causas do Transtorno Afetivo Bipolar?" Cursos Enfer. (13) Depressão, ansiedade, 0 decepção Genes da vulnerabilidade, fatores 5 ambientais e os psicossociais Outros 2 Em branco/Não faço a mínima 6 idéia/Não sei Fonte: Os autores, 2012 Primeiro termo Fisiot. Psic. Total (13) (19) (45) % Enfer. (07) Último termo Fisiot. Psic. Total (06) (12) (25) % 1 0 1 2,22 2 0 0 2 8 2 7 14 31,11 3 2 3 8 32 2 2 6 13,33 1 0 3 4 16 8 10 24 53,34 1 4 6 11 44 Na tabela 9, intitulada "Em sua opinião quais são as causas do Transtorno Afetivo Bipolar?", a categoria “Em branco / Não faço a mínima idéia / Não sei” apresenta um percentual a cima dos 43% para ambos os termos. Já a categoria “Genes da vulnerabilidade, fatores ambientais e os psicossociais” apresentou-se com margem percentual próxima entre os dois termos, sendo a categoria “representativa” mais apontada por ambos os termos. Tabela 10: "Assinalar com um ‘X’ os enunciados que estiverem corretos com relação aos sintomas do Transtorno Afetivo Bipolar nas respectivas fases" Cursos Enfer. (13) Nenhuma alternativa 1 correta assinalada Uma assinalada 3 de seis corretas Duas assinaladas de 3 seis corretas Três assinaladas de 2 seis corretas Quatro assinaladas de 3 seis corretas Cinco assinaladas de 0 seis corretas Todas as alternativas 1 corretas assinaladas Fonte: Os autores, 2012 Primeiro termo Fisiot. Psic. Total (13) (19) (45) % Enfer. (07) Último termo Fisiot. Psic. Total (06) (12) (25) % 1 4 6 13,33 0 2 0 2 0 3 4 10 22,22 1 1 0 2 10,53 1 3 7 15,56 1 0 3 4 15,78 2 3 7 15,56 1 2 5 8 31,58 3 4 10 22,22 1 1 3 5 26,32 2 1 3 6,67 2 0 0 2 5,26 1 0 2 4,44 1 0 1 2 10,53 Na tabela 10, intitulada "Assinalar com um ‘X’ os enunciados que estiverem corretos com relação aos sintomas do Transtorno Afetivo Bipolar nas respectivas fases" os alunos deveriam assinalar até 6 respostas corretas de um total de 12 respostas. Pode-se observar que, o primeiro termo apresentou um total de 33,33% para 4, 5 ou 6 respostas certas, enquanto o último termo 42,11%. 3.5 Discussão Para que as informações pudessem ser acessíveis e manejáveis, de acordo com Bardin (1977), é necessário que tais representações sejam condensadas (análise descritiva do conteúdo) e explicáveis (análise do conteúdo). Primeiramente, ocorreu à reunião e o desconto de palavras idênticas, sinônimas ou próximas ao nível semântico e, posteriormente, ouve o agrupamento por classificação (ventilação das unidades significativas em categorias). Ainda segundo Bardin (1977) a análise quantitativa empregada na pesquisa, é uma análise objetiva, fiel e exata, com base nos seus dados descritivos através do método estatístico. Já a análise qualitativa, corresponde a um procedimento intuitivo, maleável e adaptável, este tipo de análise ocorreu nas fases de lançamento das hipóteses, já que tal análise permite sugerir possíveis relações entre um índice da mensagem e uma ou várias variáveis do locutor. Através das respostas obtidas com a aplicação do questionário, buscouse expor as representações sociais sobre o TAB, sendo que a primeira e terceira questão (APÊNDICE A) identificaram quantos alunos possuíam alguma representação e quantos tiveram contato com o portador do transtorno. Essa tal representação social, segundo Oliveira e Werba (1998), são “teorias” dos conhecimentos populares e do senso comum, construídas e divididas coletivamente, tendo como objetivo elaborar e interpretar o real. Observou-se que nesta pesquisa a representação social do TAB está mais vinculada ao contato indireto através de intermediários do que ao contato direto, através do próprio portador do transtorno. Na sequência dos questionamentos, na segunda pergunta, procurou-se extrair dos alunos que se apresentaram sendo portadores da representação do TAB, uma definição sobre o transtorno. A maioria dos pesquisados não fugiu da referência, mas de acordo com Jovchelovitch (2003), objetificar é condensar significados diferentes que frequentemente ameaçam significados indizíveis, inescutáveis em uma realidade familiar. Isso pode ter ocorrido com as formas de representar o TAB, expressas na categoria “variação do humor” que foi citada anteriormente, e apresentou-se acima dos 50%, tanto para o primeiro como para último termo. Analisando as respostas sobre as características principais do transtorno, referentes à pergunta de número 4, o primeiro termo se apresentou com número maior de respostas com variados sentidos para as características do TAB, contrapondo o último termo com número mais sintetizado e objetivo da resposta contida no material cientifico, mas apesar da pergunta incluir os alunos que não responderam a pergunta de número 2 e conter três respostas, tanto o primeiro quanto o último termo tiveram um percentual semelhante de “ausência de informação” e quase atingiram a metade da amostra. O mesmo ocorreu com a pergunta de número 5 que utilizou como referência o “Compêndio de Psiquiatria: ciências do comportamento e psiquiatria clínica”, que traz como fontes de tratamento a Hospitalização, Terapia psicossocial e Farmacoterapia. (SADOCK, 2007, p. 599, 604). Desta forma, segundo Strey et al. (1998), os alunos do último termo estariam em contato com os “universos reificados”, onde circulam as ciências e a objetividade, universo onde se situa e é gerado o não-familiar. Já os alunos do primeiro termo estariam em meio aos “universos consensuais” que trazem as práticas interativas do dia-a-dia, são as teorias do senso comum, onde impera o familiar, e estariam iniciando ou ampliando seu contato com os universos reificados. A questão 6, que trata das dificuldades vivenciadas pela família do portador do TAB traz o primeiro termo com representações variadas enquanto o último termo apresenta, em sua maioria, respostas voltadas para a categoria “Relacionamento”. Isso pode ocorrer, de acordo com Bowden (2011), porque o transtorno compromete a função familiar e social em aproximadamente metade das pessoas com esse diagnóstico, a função cognitiva apresenta comprometimentos sutis prolongados, relacionados à memória de trabalho, outro fator importante seria o humor (mania, hipomania, estados mistos e depressivos), fator que possibilitam a distratibilidade, fala e pensamentos maníacos, comportamento de risco e agitação. Também apresentou expressivo índice percentual de alunos com ausência de informação referente ao questionamento. A “depressão” apresentada na questão 7, surgiu na análise das pesquisas, através de suas características, sendo as de número 1, 2, 6, 7 e 9, mas nesta questão, ocorreu uma inversão nos termos, onde o primeiro termo superou o último termo, na soma das categorias que compõem o episódio depressivo. Segundo Jovchelovitch (2003), os símbolos dão a entender a capacidade de chamar à presença apesar da ausência, já que sua característica fundamental é que eles possuem o significado de uma outra coisa. Desta forma, eles geram o objeto representado, construindo uma nova realidade que já esta lá. Também provocam uma fusão entre o sujeito e o objeto porque eles são expressão da relação entre ambos. Através de símbolos, coisas diferentes podem ter o mesmo significado e podem mergulhar umas nas outras, permitindo assim uma variabilidade infinita, e, ainda assim, são referenciais. Apesar disso, fica a lacuna dando margem para uma posterior pesquisa que viria a fim de esclarecer o porquê do referencial teórico, nesta questão, estar mais próximo do primeiro do que do último termo, visto o grau de envolvimento com os “universos reificados”, que se deu durante a análise dos questionários a favor do último termo. De acordo com Wagner (2003) a representação social possui um conceito multifacetado. Por um lado, ela é concebida como um processo social que compreende a comunicação e discurso, ao longo do qual significados e objetos sociais são construídos e elaborados. Por outro lado, na relação com o conteúdo de pesquisas orientadas empiricamente, as representações sociais são operacionalizadas como atributos individuais, como estruturas individuais de conhecimento, símbolos e afetos distribuídos entre as pessoas em grupos ou sociedades. Com base na citação anterior, pode-se observar que as respostas oriundas dos alunos, tanto do primeiro, quanto do último termo, para a questão de número 8, voltaram-se para a categoria “comportamento repetitivo”, onde, de forma exemplificada, se assemelha ao TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), que segundo Silva (2004) é composto por “obsessões” que seriam pensamentos e idéias recorrentes de caráter intrusivo e desagradável que provocam o aumento significativo da ansiedade e tomam grande parte do tempo dos indivíduos portadores do TOC, e as “compulsões”, conhecidas no popular como “manias”, que são comportamentos, ações ou atitudes de aspecto repetitivo adotadas para responder a uma obsessão com a finalidade de diminuir a ansiedade que esta provoca. Esta referência não satisfaz os critérios de mania empregados no TAB. Nesta questão de número 8, apenas um aluno do último termo veio de encontro à resposta correta (ANEXO B), A pesquisa procurou identificar na questão de número 9 as representações relacionadas aos fatores causais da patologia, que de acordo com Abreu (2006) seriam os genes da vulnerabilidade, fatores ambientais e os psicossociais como traumas cerebrais precoces intra-uterinos, neonatais ou precocemente na infância, infecções virais, privações alimentares, maus-tratos e abuso físico ou sexual na infância. Através desta referência, podemos observar que os alunos dos termos (primeiro e último) se equivalem ao apresentarem esta resposta, mas ficam bem abaixo de seus companheiros, em quantidade, quando comparados aos que utilizaram respostas que continham sentidos variados ou não responderam. A questão de número 10, foi inserida com formato mais técnicocientífico, no intuito de correlacionar as representações do TAB dos alunos com o modelo científico desta relação, utilizando o referencial de Strey et al. (1998) com os mundos reificados, apresentando-se no quadro geral, o último termo mais envolvido neste contexto dos mundos reificados do que o primeiro termo. 3.6 Considerações finais Analisando todo o exposto deste capítulo, há certa concordância nas referências de Strey al. (1998) onde ao passo que os alunos caminham dentro deste processo do conhecimento do mundo científico, impressões oriundas do senso comum aos poucos vão sendo deixadas de lado ou tornam-se parte do novo mundo, mas com uma nova roupagem, um conceito mais empírico. Isso se fez presente na maioria das questões, algumas com maior e outras com menor discrepância. Também se fez notar o índice de questões com ausência de informação de ambos os termos, o que demonstra pouca ou nenhuma representação referente a algumas peculiaridades do transtorno. A representação da “mania” relacionada ao Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) como algo comum e vinculado a maioria dos pesquisados, descaracterizando a “mania” referente ao Transtorno Afetivo Bipolar. E a inversão ocorrida com relação à questão referente à depressão, onde o termo iniciante demonstrou-se mais representativo com relação às características de identificação da depressão, do que o termo concluinte, sendo passível de posterior aplicação de pesquisa e análise da mesma, para identificação dos mecanismo existentes capazes de interferir e provocar tal resultado. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO Embora a pesquisa não tenha a duração relativa ao tempo de graduação do aluno, a fim de acompanhá-lo na aquisição cognitiva do conteúdo cientifico, a referida pesquisa vem apontar para itens que apesar de sucintos, podem fazer a diferença em uma posterior vida profissional. O diagnóstico realizado através do questionário sobre TAB possibilitou a comparação do contexto bibliográfico do transtorno com a representação social que os alunos do primeiro e último termos dos cursos das áreas de Enfermagem, Fisioterapia e Psicologia possuem; e, através da TRS, puderam ser melhor interpretadas as respostas que surgiram expressas nos questionários, em relação a conceitos como “universos reificados” e os “universos consensuais”, que trariam os alunos do “senso comum” para o campo das “ciências e da objetividade”. Devido ao resultado ter sido favorável à hipótese, nos cursos referidos, existe a disciplina de Psicologia adequada ao curso onde ela esta inserida, neste conteúdo sugerimos a inclusão de temas como o TAB e outros transtornos psicológicos, a fim de ajudar o aluno a compreender melhor o seu cliente. CONCLUSÃO O tema abordado para o referido trabalho visa à importância do conhecimento sobre o assunto para os futuros profissionais que ainda estão em processo de graduação na área da saúde, visto que o transtorno ao qual se é mencionado no título possui uma condição crônica e atualmente afeta cerca de 15 milhões de brasileiros, segundo a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar. Isso reflete na equipe de saúde que precisa estar atenta e preparada para conduzir o tratamento dos portadores, e a análise representativa é de vital importância para que os cursos tenham conhecimento de como se apresenta a representação social dos alunos e se há necessidade de reorganizar a estrutura metodológica sobre o TAB. O trabalho evidenciou que ao passo que os alunos caminham dentro deste processo do conhecimento do mundo científico, impressões oriundas do senso comum aos poucos vão sendo deixadas de lado ou tornam-se parte do novo mundo, mas com uma nova roupagem, um conceito mais empírico. Apesar do índice de questões com ausência de informação de ambos os termos, também ocorreu à inversão com relação a uma das questões, onde o termo iniciante demonstrou-se mais representativo com relação às características de identificação do que o termo concluinte, sendo passível de posterior aplicação de pesquisa e análise da mesma, para identificação dos mecanismos existentes capazes de interferir e provocar tal resultado. A ênfase foi nos autores Sadock (2007), DSM-IV-TR (2002) e Guareschi e Jovchelovich (2003), demonstrando sua aplicabilidade na análise das respostas oriundas dos alunos dos cursos de graduação. A pesquisa realizada, em busca da representação social do TAB nos graduandos, aponta que o aluno caminha com pouca representatividade com relação ao TAB. O presente trabalho responde à pergunta formulada apontando que as informações pertinentes ao transtorno ainda são muito sucintas entre as áreas da saúde, havendo assim a necessidade de formas mais efetivas de inserção de tais informações na atualidade. Os objetivos do trabalho foram atingidos totalmente, pois comprovou-se que a pouca informação e ou alteração do senso comum para formas cientificase no contato do aluno em processo de formação com relação ao TAB. A presente pesquisa proporcionou reflexão, aprofundamento, identificação de conceitos, representações diversas acerca do tema. O assunto abordado é envolvente e atual, mas não se esgota aqui. Outros aspectos poderão ser aprofundados em futuros trabalhos, tais como: a descoberta da representação da “depressão”, que se apresentou com melhor representatividade pelos alunos do primeiro termo do que do último; e a “mania”, tão vinculada ao TOC, e descaracterizando a sua empregabilidade no TAB. REFERÊNCIAS ABREU, C. N. et al. 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Sim ( ) Não ( ) 4- Quais são as principais características? Citar as 3 principais. a)_________________________b)________________________ c)______________________ 5- Em sua opinião quais os tipos de tratamento que você conhece? Citar os 3 principais. a)_________________________b)________________________c)______________________ 6- Quais as principais dificuldades vivenciadas pela família do indivíduo com esse Transtorno? a)_________________________b)________________________c)______________________ 7- O que é depressão? ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ 8- O que é mania? ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ 9- Em sua opinião quais são as causas do Transtorno Afetivo Bipolar? ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ 10- Assinalar com um “x” os enunciados que estiverem corretos com relação aos sintomas do Transtorno Afetivo Bipolar nas respectivas fases. a. [ ] Aumento da atividade dirigida a objetos (socialmente, no trabalho, na escola ou sexualmente) na fase depressiva maior. b. [ ] Redução da necessidade de sono (sente-se refeito depois de a penas três horas de sono) na fase hipomaníaca. c. [ ] Insônia ou hipersonia quase todos os dias (dificuldade de dormir ou sono excessivo) na fase depressiva maior. d. [ ] Presença de um ou mais episódios depressivos maiores sem a presença de episódio hipomaníaco no Bipolar II. e. [ ] Envolvimento excessivo em atividades prazerosas com alto potencial para conseqüências dolorosas (ex. surtos desenfreados de compras, indiscrições sexuais ou investimentos financeiros insensatos) na fase hipomaniaca. f. [ ] Pensamentos de morte recorrentes (não apenas medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano especifico, tentativa de suicídio ou plano especifico para cometer suicídio na fase maníaca. g. [ ] Distratibilidade (a atenção é desviada com excessiva facilidade por estímulos externo insignificantes ou irrelevantes) na fase maníaca. h. [ ] Auto estima inflada ou grandiosa (excessiva) na fase depressiva maior. i. [ ] Fadiga ou perda de energia quase todos os dias na fase depressiva maior. j. [ ] Não há necessidade da presença das fases de depressão maior e mania ou hipomania na caracterização do transtorno. k. [ ] Capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se, ou indecisão, quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita pelos outros) na fase hipomaníaca. l. [ ] Perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta (ex. mais de 5% do peso corporal em 1 mês) ou diminuição ou aumento do apetite quase todos os dias na fase depressiva maior. APÊNDICE B – Termo de consentimento do curso de Enfermagem APÊNDICE C – Termo de consentimento do curso de Fisioterapia APÊNDICE D – Termo de consentimento do curso de Psicologia ANEXOS ANEXO D – Termo de aprovação para a realização da pesquisa ANEXO E – Termo de consentimento COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA – CEP / UniSALESIANO (Resolução nº 01 de 13/06/98 – CNS) TERMO DE CONSENTIMENTO ESCLARECIDO I – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE OU RESPONSÁVEL LEGAL 1. Nome do Paciente: Documento de Identidade nº Sexo: Data de Nascimento: Endereço: Cidade: Telefone: U.F. CEP: 1. Responsável Legal: Documento de Identidade nº Sexo: Data de Nascimento: Endereço: Cidade: U.F . Natureza (grau de parentesco, tutor, curador, etc.): II – DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA 1. Título do protocolo de pesquisa: Transtorno afetivo bipolar: representação social dos alunos do primeiro e último termo dos cursos de graduação em saúde. 2. Pesquisador responsável: Oscar Xavier de Aguiar Cargo/função: Docente Inscr.Cons.Regional: CRP: 06 / 7649 Unidade ou Departamento do Solicitante: Curso de Psicologia 3. Avaliação do risco da pesquisa: (probabilidade de que o indivíduo sofra algum dano como conseqüência imediata ou tardia do estudo). X SEM RISCO x RISCO MÍNIMO RISCO MÉDIO RISCO MAIOR 4. Justificativa e os objetivos da pesquisa (explicitar): O Transtorno Afetivo Bipolar são melhores considerados como Síndrome (em vez de doenças distintas), consistindo de um conjunto de sinais e sintomas persistentes por semanas ou meses que representa um desvio marcante no desempenho habitual do indivíduo e que tendem a recorrer, por vezes, de forma periódica ou cíclica (SADOCK, 2007). Essas informações no seu aspecto geral e parcial, podem fazer parte das representações sociais de estudantes universitários na área da saúde e que no decorrer de sua graduação iram tornar-se mais complexas. As representações sociais são entidades quase tangíveis, que se articulam e se cristalizam por meio de gestos, falas, encontro, de forma ininterrupta, no universo cotidiano, impregnado a maioria de nossas relações sociais (PRAÇA; NOVAES, 2004). Objetivo geral: conhecer a representação social dos alunos das diferentes áreas da saúde a cerca do TAB. Objetivos específicos: elaboração e aplicação do questionário referente ao conhecimento do TAB; análise dos dados obtidos e apresentação dos mesmos. 5. Procedimentos que serão utilizados e propósitos, incluindo a identificação dos procedimentos que são experimentais: (explicitar) Pesquisa de campo onde será elaborado um questionário a ser aplicado para sujeitos de ambos os sexos, que estejam devidamente matriculados nas áreas ligadas a saúde do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins. A amostra será composta pelo primeiro e ultimo termo de cada curso, os sujeitos serão sorteados aleatoriamente, será utilizado o método de amostragem estratificada por turma (30% de cada estrato). A análise será qualitativa e quantitativa usando a técnica de análise de conteúdo. Serão considerados como respostas incorretas nos questionários, as perguntas que estejam assinaladas as respostas erradas e que não tenham sido preenchidas. Será realizado um pré-teste com a finalidade de adequar o instrumento com os graduandos do curso de educação física do primeiro e último termo. Os critérios de exclusão serão aplicados aos alunos que não estiverem devidamente matriculados, alunos que estejam refazendo uma disciplina (alunos de outros termos que estejam participando de disciplinas no primeiro ano), os alunos que se recusarem a participar da pesquisa e o curso que participará do pré-teste. 6. Desconfortos e riscos esperados: (explicitar) Não se aplica 7. Benefícios que poderão ser obtidos: (explicitar) Não se aplica 8. Procedimentos alternativos que possam ser vantajosos para o indivíduo: (explicitar) Não se aplica 9. Duração da pesquisa: A partir da aprovação do comitê de ética 03 (três) meses 10. Aprovação do Protocolo de pesquisa pelo Comitê de Ética para análise de projetos de pesquisa em / / III - EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL 1. Recebi esclarecimentos sobre a garantia de resposta a qualquer pergunta, a qualquer dúvida acerca dos procedimentos, riscos, benefícios e outros assuntos relacionados com a pesquisa e o tratamento do indivíduo. 2. Recebi esclarecimentos sobre a liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento e deixar de participar no estudo, sem que isto traga prejuízo à continuação de meu tratamento. 3. Recebi esclarecimento sobre o compromisso de que minha identificação se manterá confidencial tanto quanto a informação relacionada com a minha privacidade. 4. Recebi esclarecimento sobre a disposição e o compromisso de receber informações obtidas durante o estudo, quando solicitadas, ainda que possa afetar minha vontade de continuar participando da pesquisa. 5. Recebi esclarecimento sobre a disponibilidade de assistência no caso de complicações e danos decorrentes da pesquisa. Observações complementares. IV – CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO Declaro que, após ter sido convenientemente esclarecido(a) pelo pesquisador, conforme registro nos itens 1 a 6 do inciso III, consinto em participar, na qualidade de paciente, do Projeto de Pesquisa referido no inciso II. ________________________________ Assinatura Local, / / . ____________________________________ Testemunha Nome .....: Endereço.: Telefone .: R.G. .......: ____________________________________ Testemunha Nome .....: Endereço.: Telefone .: R.G. .......: 72