UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR DE CURITIBA: UM ESTUDO DE CASO NA UTP CURITIBA 2008 Leonardo Vieira da Rocha A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR DE CURITIBA: UM ESTUDO DE CASO NA UTP Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para conclusão do curso de MBA em Gestão da Comunicação Empresarial da Universidade TUIUTI do Paraná. Orientadora: Profa. Rosilene Lehmkuhl CURITIBA 2008 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a minha família que ofereceu seu tempo e apoio para que pudesse realizar este trabalho. Aos meus amigos que nunca me abandonaram mesmo nos momentos difíceis. Aos meus professores e mestres que estiveram ao meu lado me indicando o caminho e principalmente a Deus. AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais, parentes, e amigos pela indescritível paciência, pelas palavras motivadoras e por serem eternos modelos de vida a seguir. À Universidade Tuiuti que me abriu as portas permitindo a realização desta pesquisa, e a minha orientadora, Professora conhecimento Rosilene iluminou Lehmkuhl e cujo direcionou melhor caminho para este trabalho. o EPÍGRAFE Quem não se comunica, se trumbica. Abelardo Barboza – O Chacrinha RESUMO O presente trabalho aborda o tema da comunicação da responsabilidade social nas instituições de ensino superior, através do estudo de caso da Universidade Tuiuti do Paraná. O trabalho foi desenvolvido através do problema de pesquisa que foca a importância da comunicação integrada na relação entre gestores e públicos, internos e externos, na divulgação das ações, programas e projetos de responsabilidade social da Tuiuti; se existem falhas de comunicação que podem desequilibrar o conhecimento sobre responsabilidade social, por parte dos funcionários, alunos e professores e quais seriam as estratégias de comunicação mais propicias para sanar estas falhas. Através dos dados obtidos, foi possível chegar às considerações finais de que, na instituição alvo, existe sim um vão de conhecimento a ser preenchido, e um desequilíbrio entre o que a instituição transmite e o que os públicos percebem. Palavras-chave: 1. Responsabilidade Social, 2. Comunicação; 3. Instituições de Ensino Superior LISTA DE QUADROS QAUDRO 1 – As Diferenças entre filantropia e Responsabilidade Social........16 QUADRO 2 – Tipos de Responsabilidade Empresarial.....................................23 QUADRO 3 – Classificação da Responsabilidade Social..................................26 QUADRO 4 – Critérios essenciais de Responsabilidade Social........................27 QUADRO 5 – Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial.....31 QUADRO 6 – Instrumentos da Comunicação Interna.......................................57 SUMÁRIO INTRODUÇÃO...................................................................................................09 1 RESPONSABILIDADE SOCIAL ................................................................... 12 1.1 A PERCEPÇÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL ................................. 14 1.1.1 A Diferença entre Responsabilidade Social e outras ações ........... 15 1.2 HISTÓRICO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL ...................................... 16 1.3 RESPONSABILIDADE SOCIAL NO BRASIL ............................................. 18 1.4 O INSTITUTO ETHOS ............................................................................... 19 1.5 RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA OU EMPRESARIAL...... 21 1.4 TIPOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL................................................ 23 1.4.1 Responsabilidade Exigida .............................................................. 23 1.4.2 Responsabilidade Interna ............................................................... 23 1.4.3 Responsabilidade Econômica ........................................................ 24 1.4.4 Responsabilidade Legal ................................................................. 25 1.4.5 Responsabilidade Ética .................................................................. 25 1.4.6 Responsabilidade Discricionária ou Filantrópica: ........................... 25 1.5 CRITÉRIOS PARA A EMPRESA SOCIALMENTE RESPONSÁVEL .......... 27 1.6 GESTÃO SOCIAL PADRONIZADA: INSTRUMENTOS, NORMAS E CERTIFICAÇÕES ............................................................................................ 28 1.6.1 Norma AA 1000 de Responsabilidade Social ................................. 29 1.6.2 Padrão Normativo sa 8000 ............................................................. 29 1.6.3 Norma de Responsabilidade Social - nbr 16001/2004 ................... 29 1.6.4 Indicadores Ethos ........................................................................... 30 1.7 PROJETOS E PROGRAMAS DE R.S.: DA CRIAÇÃO À AÇÃO. ................ 32 1.7.1 Programa e Projeto ........................................................................ 32 2 COMUNICAÇÃO .......................................................................................... 39 2.1 BREVE HISTÓRICO DA COMUNICAÇÃO ................................................ 39 2.1.1 A Linguagem .................................................................................. 40 2.1.2 A Escrita ......................................................................................... 41 2.2 CONCEITOS DE COMUNICAÇÃO ............................................................ 42 2.2.1 Conceito Etimológico ...................................................................... 42 2.2.2 Conceito Biológico .......................................................................... 42 2.2.3 Conceito Pedagógico ..................................................................... 42 2.2.4 Conceito Histórico .......................................................................... 43 2.2.5 Conceito Sociológico ...................................................................... 43 2.2.6 Conceito Antropológico .................................................................. 43 2.2.7 Conceito Psicológico ...................................................................... 43 2.3 O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO E SEUS INGREDIENTES ................ 45 2.4 A COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL .......................................................... 47 2.5 COMUNICAÇÃO INTEGRADA .................................................................. 50 2.5.1 Comunicação Interna ..................................................................... 51 2.5.2 Comunicação Mercadológica ......................................................... 53 2.5.3 Comunicação Institucional.............................................................. 54 7 2.6 IMAGEM E IDENTIDADE ........................................................................... 55 2.7 INSTRUMENTOS DA COMUNICAÇÃO INTEGRADA ............................... 57 2.7.1 Relações Públicas .......................................................................... 59 2.7.2 Assessoria de Imprensa ................................................................. 60 2.8 MARKETING SOCIAL ................................................................................ 60 2.9 TERCEIRO SETOR ................................................................................... 62 3 INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR - IES ........................................... 64 3.1 A CARACTERIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR ..... 64 3.2 A RELAÇÃO: IES X RESPONSABILIDADE SOCIAL ................................. 66 3.3 A RELAÇÃO: RESPONSABILIDADE SOCIAL X COMUNICAÇÃO ............ 69 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS .................................................. 74 CONCLUSÃO................................................................................................... 86 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 90 ANEXO 1 .......................................................................................................... 94 ANEXO 2 .......................................................................................................... 95 ANEXO 3 .......................................................................................................... 96 8 INTRODUÇÃO Cada vez mais se debate sobre as abordagens direcionadas às questões ambientais e socioeconômicas, temas recorrentes à Responsabilidade Social, dentro das empresas. Estas discussões tendem a ser amplamente analisadas no âmbito da Academia, pois são dentro das instituições de ensino superior – IES, que se encontram a grande massa pensante e formadora de opinião, além da futura geração de profissionais capazes de transformar o país. Mas em poucos momentos se discutiu sobre a Responsabilidade Social inerente às instituições de ensino, pois como dizia Paulo Freire, a mudança social deve estar intimamente ligada com a educação. Além disso, são muitos os casos brasileiros, onde há uma incoerência entre o diálogo e a realidade das ações sociais das universidades e IES. Dentre alguns casos, podemos citar o equívoco de divulgar as atividades de clínicas escolas e práticas jurídicas como ações de Responsabilidade Social, pois de acordo com a portaria do Ministério da Educação nº1.886 de 30 de dezembro de 2004 e da Lei nº8.859 de 23 de março de 1994, que transcorrem sobre o estágio profissional: Art. 10º, Portaria 1886/94 - O estágio de prática acadêmicas, supervisionado pela instituição de ensino superior, será obrigatório e integrante do currículo pleno, em um total mínimo de 300 horas de atividades práticas simuladas e reais desenvolvidas pelo aluno sob controle e orientação do núcleo correspondente. (www.mec.org.br) Outro exemplo são as freqüentes campanhas de doação de roupas e alimentos, promovidas por grupos de alunos e professores. Este tipo de ação tem base no assistencialismo emergencial e na ação social, o que não apresenta os três princípios básicos da Responsabilidade Social: Necessidade, compromisso e transformação, de acordo com Mara Regina De Sordi, professora da Universidade de Campinas e mestre em educação em sua palestra1. 1 Curso Responsabilidade Social das Instituições de Ensino Superior - ABMES, 2007, Curitiba. Responsabilidade Social como valor agregado do projeto político pedagógico dos cursos de graduação: o confronto entre formar e instruir. 9 A autora aponta que um projeto de RS,deve suprir uma necessidade da instituição e uma necessidade da comunidade, criar um compromisso entre IES e a comunidade e transformar ambas. Estas incongruências freqüentemente acontecem pela falta de informações corretas sobre o verdadeiro conceito de Responsabilidade Social, e principalmente, pela falta de um planejamento de comunicação adequado. A comunicação é peça fundamental em qualquer gestão educacional superior, pois está associada à imagem institucional e tem grande importância para o processamento das funções de gestão com seus públicos. Desta forma é correto afirmar de que comunicação social deve estar presente, através de suas variadas estratégias e ferramentas, nas ações sociais desenvolvidas pelas IES. Ferramentas como o marketing social, a assessoria de imprensa e as relações públicas, utilizadas na comunicação integrada, podem auxiliar a transmitir a verdadeira identidade destas instituições, e podem, em muitos casos, alterar positivamente a imagem que as IES possuem perante seus públicos, internos e externos. Assim, o presente trabalho aborda como tema de estudo a Comunicação da Responsabilidade Social em Instituições de Ensino Superior de Curitiba, focando o estudo de caso da Universidade Tuiuti do Paraná. A principal questão a ser respondida reside em analisar se os stakeholders, isto é, todos os públicos que de alguma forma tem interesse na questão, entendem o significado correto de Responsabilidade Social e se os programas e projetos estão sendo corretamente comunicados aos seus diversos públicos. Este projeto pretende atingir os seguintes objetivos específicos: • Apresentar o conceito de Responsabilidade Social e como a Universidade Tuiuti está atuando em projetos sociais; • Conceituar os processos da comunicação integrada, imagem e identidade, relacionando-os com a Responsabilidade Social. • Comparar se o que é entendido pelos gestores e diretores da instituição é percebido da mesma forma pelos públicos internos e externos. 10 • Descobrir se a comunicação das Ações de Responsabilidade Social da Universidade Tuiuti é eficaz ou não. Este projeto é composto por quatro capítulos. O primeiro contextualiza os principais conceitos relacionados à Responsabilidade Social, seus indicadores e sua origem até o cenário atual. O segundo capítulo trabalha a Comunicação, apresentando conceitos, características, tipos e ferramentas. No terceiro capítulo, apresenta sucintamente as Instituições de Ensino Superior, suas diferenças e sua relação com a Responsabilidade Social e a Comunicação. No quarto e ultimo capítulo encontra-se a metodologia, a pesquisa, o estudo de caso, os resultados alcançados e a conclusão. Este trabalho não pretende desenvolver um manual que indique como as Instituições de Ensino Superior devam comunicar a Responsabilidade Social, mas que pode servir como base para que a Universidade Tuiuti, além de outras IES, tenha referência de como lidar com a divulgação correta de seus projetos de Responsabilidade Social e possam encontrar o equilíbrio entre sua imagem e sua identidade. 11 1 RESPONSABILIDADE SOCIAL A Responsabilidade Social (RS) se tornou quase um diferencial de concorrência. Cada vez mais se fala em ações sociais por partes das empresas como um movimento mundial. O que parecia uma moda adicionada pela globalização, vem tornando-se, além de uma necessidade, uma grande oportunidade para os negócios. A empresa comprometida com seu papel social atrai consumidores, além de estar investindo em um futuro melhor, para si e para a sociedade, pois ser uma empresa socialmente responsável é “buscar estimular o desenvolvimento das pessoas e fomentar a cidadania individual e coletiva”. (MELO NETO e FROES, 2001, p. 27). Para Duarte (1985), a Responsabilidade Social pode ser entendida por mais de uma maneira. Dependendo da visão de quem a analisa, pode representar a idéia de obrigação legal, pode também ser vista no sentido de ser socialmente consciente; de mostrar um comportamento ético; ou ainda, como uma contribuição caridosa. Uma das definições que apresentam a idéia de união entre públicos vem de Moreira (2002), quando o mesmo afirma que a Responsabilidade Social refere-se ao comportamento ético como base de suas ações com todos os públicos com os quais a organização interage: clientes, funcionários, fornecedores, acionistas, governo, sociedade e meio-ambiente, ou seja, seus stakeholders2. Ashley et al. (2002, p. 6 ), apresenta uma definição mais ampla, que define a “Responsabilidade Social como toda e qualquer ação que possa contribuir para a melhoria da qualidade de vida da sociedade”. Um ponto importante é que a Responsabilidade Social não pode ser confundida com Responsabilidade Ambiental. Zarpelon (2006, p. 15) afirma que: 2 O termo stakeholder surgiu na literatura de Administração, pela primeira vez, em um memorando interno do Instituto de Pesquisas de Stanford, em 1963. Esse termo foi usado para generalizar a noção de shareholders (acionistas) como um tipo de público com o qual os gestores de empresas precisavam oferecer respostas. (Freeman, 1984, p. 32). 12 “A diferença é que o foco da Responsabilidade Social são as pessoas e o meio na qual essas pessoas estão inseridas, enquanto Responsabilidade Ambiental é o meio ambiente, entendendo-se que este meio esta relacionado com fatores bióticos a abióticos.” (ZARPELON, 2006 p. 15) O mesmo autor pontua que: “Responsabilidade Social é a responsabilidade assumida diante da sociedade, em relação à geração de empregos, pagamento de salários dignos, à arrecadação correta da carga tributária, ao aumento da qualidade de vida, à assimilação e transferência de tecnologia, ou qualquer outro fator que possa agregar benefício para a gestão e para a sociedade.” (ZARPELON, 2006 p. 15) Corroborando com a afirmação de Zarpelon, tem-se a definição de Daft (2005, p. 108) que diz que Responsabilidade Social “é a obrigação da administração de fazer escolhas e tomar medidas que contribuirão para o bem estar e os interesses da sociedade tanto quanto os da organização”. Ambas as afirmações dizem respeito aos valores de uma empresa para com a sociedade e para consigo mesma. Este ponto é de grande importância, pois a RS esta primeiramente no que se refere às suas próprias responsabilidades perante seus objetivos e obrigações, para em seguida se comprometer com os problemas da sociedade. A Responsabilidade Social é focada na cadeia de negócios e de relações com os públicos internos e externos da empresa e engloba preocupações com as necessidades da sociedade. As empresas devem incorporar aos seus negócios o compromisso com a transformação social. (ETHOS, 2008) De acordo com o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, RS é: ”a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais“. (www.ethos.org.br.) 13 1.1 A PERCEPÇÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL Motivado pelo processo da globalização, o mundo entrou em um contínuo crescimento das atividades econômicas. A interação econômica dos países, incluindo o Brasil, iniciou uma busca pela maximização do lucro e produtividade, mas que nas últimas décadas, vem dando atenção a outros elementos. Ribeiro e Lisboa (1999) afirmam que neste ambiente globalizado, onde as organizações são concorrentes mundiais, e não mais apenas locais, os gestores vem conduzindo suas decisões cada vez mais focadas nas percepções de seus consumidores. A idéia da qualidade, não mais como diferencial, mas como obrigação de qualquer organização, fez com que os consumidores questionassem outros aspectos na escolha por um produto ou serviço. Antes bastava “o que você faz”; hoje se pergunta “como você faz”. Dentre as questões mais focadas nos dias atuais, a gestão responsável dos recursos utilizados pelas organizações tem, cada vez mais, atraído a atenção dos clientes. Segundo pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística - IBOPE e pelo Instituto ETHOS, em 2007, cada vez mais o número de consumidores, que afirmam que o foco das empresas é o lucro, diminui. “Praticamente metade dos consumidores brasileiros acham que as empresas aqui instaladas realizam algum tipo de ação com benefício social ou ambiental apenas como ação de marketing.” Afirma Nelson Marangoni (2007), executivo do Ibope. Segundo o Marangoni (2007), 31% acreditam que a sustentabilidade é um item de valor agregado para a companhia, 18% vêem a produção social e ambientalmente correta como parte da missão do negócio, e 13% afirmam que a organização deve fazer algo pela comunidade. (Pesquisa na íntegra no anexo X) O Instituto Ethos, em parceria com o instituto Akatu, investiga anualmente a percepção dos consumidores perante as empresas nas questões de Responsabilidade Social, ética e cidadania. 14 “O relatório divulgado indica que 77% dos brasileiros têm interesse em saber como as empresas tentam ser socialmente responsáveis, revelando estabilidade na comparação com os índices obtidos nas pesquisas anteriores. Além disso, dois em cada três brasileiros têm uma avaliação positiva sobre a contribuição das grandes empresas para o desenvolvimento da sociedade. A porcentagem de entrevistados que se encaixaram nesta categoria em 2007, 66,5%, sofreu um acréscimo de dez pontos percentuais em relação a 2006, que era de 57%.” (www.acguarulhos.com.br) Essa pesquisa mostra uma sociedade mais consciente do papel das organizações. Para que as atividades das empresas apresentem benefícios à sociedade e que atentem aos malefícios que essas atividades possam provocar ao meio ambiente natural ou a integridade física e social das pessoas. Mas essa consciência não é nova. A idéia de Responsabilidade Social vem desde o nascimento da sociedade como a conhecemos, e tem suas definições galgadas nos primórdios das Ciências Sociais. 1.1.1 A diferença entre Responsabilidade Social e outras ações Ainda é comum o entendimento errôneo do que é Responsabilidade Social e do que não é, visto que várias organizações e indivíduos acabam executando atividades de auxílio a problemas sociais, sem se tornarem de fato ações de RS. Desta forma é necessário definir as diferenças principais entre Responsabilidade Social e outras formas de ações assistencialistas. a) Ação Social – Segundo a norma brasileira (NBR) nº 16001:2004, ação social é uma atividade voluntária realizada pela organização em diversas áreas, abrangendo atividades de prevenção e/ou pequenas doações a pessoas ou instituições e que podem, ou não, terem monitoração de recursos e serem estruturadas e planejadas. (ZARPELON, 2006 p. 20) Exemplo de ação social: Campanhas de vacinação. b) Caridade - O conceito de caridade está diretamente ligado a questão religiosa. A idéia básica nasceu com o cristianismo. Segundo Zarpelon (2006) caridade é o auxilio aos carentes, sem o uso de 15 planejamento. Quando o sentimento de amor e ajuda ao próximo está acima da razão. Hoje, o termo solidariedade é mais presente na sociedade, mas em sua origem está a idéia de caridade. (SILVA, 2008, p. 207) Exemplo de caridade: Doação de roupas e alimentos. c) Filantropia - A filantropia é uma ação pontual externa na comunidade que nasce de razões humanitárias. A principal diferença com a Responsabilidade Social é que no filantropismo não existe a corelação de compromisso e de transformação da comunidade, e não precisa, necessariamente, estar diretamente ligada com a gestão da organização (www.ethos.org.br). Exemplos de filantropia: Construção de canchas esportivas e pintura de escolas. De todos os conceitos, o termo filantropia é o que mais se confunde com a Responsabilidade Social. Melo Neto e Froes (2001) afirmam que as ações de filantropia correspondem à dimensão inicial da Responsabilidade Social, visto a própria origem dos conceitos. Mas as diferenças entre os dois termos são muito específicas, Como mostra o quadro abaixo: Quadro 1 – As diferenças entre Filantropia e Responsabilidade Social Fonte: Melo Neto e Froes, 2001. 1.2 HISTÓRICO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL O termo Responsabilidade Social é uma dimensão derivada dos primeiros estudos aplicados dentro das Ciências Sociais como a Sociologia, a Economia e a Administração. Historicamente, não é possível datar com precisão as aplicações do termo, mas é provável que os conceitos informais e 16 subliminares possam ter seus primórdios na Revolução Francesa em 1789, com a queda de uma monarquia despótica e autoritária. (ZARPELON, 2006) Suas primeiras conotações públicas aconteceram nos anos 60, nos Estados Unidos. Os boicotes a produtos e serviços de organizações que apoiavam a Guerra do Vietnã foram o gatilho para discussões de cunho social, em grande parte aos direitos dos trabalhadores, que viviam um cenário crítico devido à grande depressão econômica. Diversos estudiosos aprimoraram os conceitos através de estudos dos fenômenos sociais, dentre eles os franceses Auguste Comte e Émile Durkheim, os alemães Karl Marx e Max Weber além dos precursores da Administração Henry Fayol e Frederick Winslow Taylor. Já em 1953, o americano Haward Bowen aprimora os estudos anteriores e publica a obra “Responsabilities of the Businessman”, considerada um marco na área.(ZARPELON, 2006) Bowen (1957, apud Toldo, 2002) cita um caso que deu o início às discussões públicas sobre Responsabilidade Social. Em 1919, na época da Revolução Industrial, Henry Ford, presidente e acionista majoritário, foi processado pelos demais acionistas, ao tomar decisões que contrariavam interesses do grupo da empresa Ford, John e Horace Dodge. Em 1916, Henry Ford, argumentando a realização de investimentos sociais, decidiu não distribuir parte dos dividendos esperados, revertendo-os para investimentos na capacidade de produção, aumento de salários e como fundo de reserva para a redução esperada de receitas devido ao corte nos preços dos carros. A Suprema Corte de Michigan se posicionou a favor dos Dodges, justificando que a corporação existe para o benefício de seus acionistas e que diretores corporativos têm livre arbítrio apenas quanto aos meios de se alcançar tal fim, não podendo usar os lucros para outros fins. A filantropia corporativa e o investimento na imagem da corporação para atrair consumidores poderiam ser realizados, na medida em que favorecessem os lucros dos acionistas. (ASHLEY, 2002) Para Tenório (2004), o conceito contemporâneo da Responsabilidade Social Empresarial (RSE) também está associado ao filantropismo e aos valores requeridos pela sociedade pós-industrial. 17 “Abordagem da atuação social empresarial surgiu no século XX com o filantropismo. Em seguida, com o esgotamento do modelo industrial e o desenvolvimento da sociedade pós-industrial, o conceito evoluiu, passando a incorporar os anseios dos agentes sociais no plano de negócios das corporações (TENÓRIO, 2004. p. 13). Desta forma entende-se que o filantropismo, como ação assistencialista, não pode ser conceituado como Responsabilidade Social se não estiver inserido no planejamento da organização, sem o comprometimento com as necessidades da sociedade e sem a participação de agentes sociais, ou seja, todas as pessoas que, de alguma forma, estejam envolvidas com o social. Mas é a partir da década de 1970 que os trabalhos desenvolvidos a respeito do tema ganham destaque. Conforme o mesmo autor, a partir desse momento, inicia-se uma maior conscientização de indivíduos e a criação de grupos dentro da sociedade dispostos a buscar soluções às questões oriundas de grandes centros urbanos como poluição, a remoção de lixos tóxicos e nucleares e a ascensão do consumismo. Outro autor que corrobora as afirmações acima é Oliveira (2002) que afirma que a partir desse momento, o tema começa a se popularizar nos EUA e de certa forma, as ações geradas iniciam uma preparação do terreno para a forma atual. 1.3 RESPONSABILIDADE SOCIAL NO BRASIL De acordo com Zarpelon (2006), diversos especialistas colocam que a disseminação dos conceitos sociais baseados nos pensamentos dos estudiosos foi fortemente influenciada por Gilberto Freyre em 1936, com as obras Casa Grande e Senzala. O período pós-ditadura influenciou o aumento de instituições civis em prol da cidadania, que encontrou seu ápice de crescimento na década de 90 com o surgimento das organizações não governamentais. O movimento de valorização da Responsabilidade Social ganhou forte impulso na década de 90, através da ação dessas entidades não governamentais. Em 1992, o Banco do Estado de São Paulo (BANESPA) publica um relatório completo divulgando todas as suas ações sociais, e a partir 18 de 1993, várias empresas de diferentes setores passam a divulgar o balanço social anualmente. O marco fundamental, que uniu empresariado, governo, sociedade e meios de comunicação, nas questões sociais, só aconteceu em 1996, com o trabalho do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), por meio da campanha lançada por um dos seus fundadores, Herbert José de Souza, o Betinho. A campanha, intitulada Campanha Nacional da Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, com o apoio do Pensamento Nacional das Bases Empresarias (PNBE), convocava a um maior engajamento social por parte do empresariado através da elaboração e publicação de um Balanço Social Brasileiro. Publicações que já existiam na frança (Bilan Social) e Estados Unidos (Corporate Report). Toldo (2000) coloca que a temática da Responsabilidade Social, mesmo com um foco mais voltado para o Meio Ambiente, firmou-se no Brasil com a ECO-92, sediada no Rio de Janeiro. Neste evento foi discutida a importância da preservação dos recursos naturais e o bem-estar futuro do planeta. Em 1998, cria-se o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social pelo empresário Oded Grajew. O Instituto serve de ponte entre os empresários e as causas sociais. Seu objetivo é disseminar a prática da Responsabilidade Social Empresarial por meio de publicações, experiências, programas e eventos para os interessados na temática, e hoje é referência brasileira nesse tema. 1.4 O INSTITUTO ETHOS A definição principal sobre o Instituto Ethos é dada pelo próprio site, mídia principal de informações referentes às suas atividades: “O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é uma organização não-governamental criada com a missão de mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade sustentável e justa. Idealizado por empresários e executivos oriundos do setor privado, o Instituto Ethos é um pólo de organização de conhecimento, troca de experiências e 19 desenvolvimento de ferramentas que auxiliam as empresas a analisar suas práticas de gestão e aprofundar seus compromissos com a Responsabilidade Corporativa. É hoje uma referência internacional no assunto e desenvolve projetos em parceria com diversas entidades no mundo todo.” (www.ethos.org.br) O Instituto não é uma consultoria, mas um grupo de profissionais voluntários que buscam orientar as empresas sem nenhuma cobrança ou remuneração. Também não trabalha como entidade certificadora e não autoriza profissionais ou empresas a trabalhar com Responsabilidade Social. As atividades ofertadas pelo Instituto Ethos são ligadas a prestação de informações em diagnóstico organizacional, estrutura e funcionamento de suas atividades, princípios e valores ligados a Responsabilidade Social e à ética e indicadores empresariais, financeiros e sociais, conforme exposto abaixo integralmente: • Ampliação do movimento de Responsabilidade Social Empresarial. Sensibilização e engajamento de empresas em todo o Brasil, articulação de parcerias, sensibilização da mídia para o tema da RSE, coordenação da criação do comitê brasileiro do Pacto Global da ONU etc. • Aprofundamento de práticas em RSE. Indicadores Ethos de RSE – incluindo versões para micro e pequenas empresas e para alguns setores da economia –, Conferência Internacional anual, para mais de 1.000 participantes, constituição de redes de interesse, promoção da publicação de balanços sociais e de relatórios de sustentabilidade e produção de publicações e manuais práticos. • Influência sobre mercados e seus atores mais importantes, no sentido de criar um ambiente favorável à prática da RSE. Desenvolvimento de critérios de investimentos socialmente responsáveis com fundos de pensão no Brasil, desenvolvimento de programa de políticas públicas e RSE e participação em diversos 20 conselhos governamentais para discussão da agenda pública brasileira. • Articulação do movimento de RSE com políticas públicas. a) desenvolvimento de políticas para promover a RSE e desenvolver marcos legais; b) promoção da participação das empresas na pauta de políticas públicas do Instituto Ethos; c) fomento à participação das empresas no acompanhamento e controle cobrança da das sociedade, por meio responsabilidades de legais, transparência governamental e conduta ética; d) divulgação da RSE em espaços públicos e eventos; e) estruturação de processos de consulta a membros e parceiros da companhia. • Produção de informação. Responsabilidade Social – Pesquisa Percepção anual e "Empresas Tendências e do Consumidor", produção e divulgação de conteúdo e um site de referência sobre o tema na internet, coleta e divulgação de dados e casos das empresas e promoção de intercâmbios com entidades internacionais líderes no tema da Responsabilidade Social. (www.ethos.org.br) 1.5 RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA OU EMPRESARIAL No cenário de mercado, as empresas são a unidade básica do desenvolvimento econômico. Para isto, é imprescindível que elas definam adequadamente sua relação com a sociedade e com o meio ambiente. O conceito que melhor define essa relação é o de Responsabilidade Social Corporativa, (Corporate Social Responsability - CSR), definido pelo World Business Council for Sustainable Development3 (WBCSD), como a decisão da empresa de contribuir ao desenvolvimento sustentável, trabalhando 3 O Conselho Empresarial Mundial pelo Desenvolvimento Sustentável (em português) é uma associação global que une mais de 200 instituições empresariais que tratam de questões sobre desenvolvimento Sustentável. 21 com seus empregados, suas famílias e a comunidade local, assim como com a sociedade em seu conjunto, para melhorar sua qualidade de vida. (ALMEIDA, 2002). De acordo com Oliveira (2002), Responsabilidade Social Corporativa não significa a mesma coisa para todos. Para alguns representa a idéia de obrigação legal, para outros significa um comportamento ético, outros acreditam no sentido de socialmente consciente. Portanto, não existe ainda um conceito formal de Responsabilidade Social, permanecendo diversos pontos de vista particulares sobre o tema. O conceito de Responsabilidade Social Corporativa tem um sentido mais abrangente, pois trata do compromisso organizacional em relação à sociedade e a vida humana como um todo. Segundo Melo Neto (2001), se a organização obtém recursos da sociedade, é seu dever restituí-los. Essa restituição deve ser voltada às necessidades oriundas de problemas sociais, ambientais e econômicos. Segundo o Tenório (2004), além do filantropismo, na década de 70 desenvolveram-se outros conceitos como Voluntariado Empresarial, Cidadania Corporativa, Responsabilidade Social Corporativa e, atualmente, Desenvolvimento Sustentável. Para o mesmo autor, a Responsabilidade Social Corporativa surge de um compromisso da organização com a sociedade, em que sua participação vai além do lucro. O equilíbrio da empresa dentro do cenário em que ela esta inserida depende de uma atuação responsável e ética em todas as frentes, em harmonia com os fatores: ecológico, econômico e social, tornando-se o que hoje se conceitua pelo “Triple Bottom Line”4, isto é, o desenvolvimento sustentável dos negócios. A visão clássica da Responsabilidade Social Corporativa assimila princípios éticos, influenciando a forma de atuação das empresas e definindo as principais responsabilidades das empresas em relação aos seus agentes. 4 O Triple Bottom Line é um conceito normalmente traduzido, com adaptações para o português, para tripolaridade. É a união formada pelos aspectos sociais, ambientais e econômicos, e é utilizado para refletir esses três fatores em uma organização. 22 No Brasil, é grande a diferença das necessidades de aplicação de uma Responsabilidade Social Corporativa em relação aos outros países. O apoio às necessidades da sociedade deve ser ofertado pelo Estado. Nos países mais desenvolvidos, esse apoio é visível, enquanto que no Brasil existe uma deficiência em suprir as severas demandas sociais. Desta forma, transmite-se para as empresas a atuação proativa de assistência. 1.4 TIPOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL Schvarstein, citado por Souza (2006), considera a existência de dois tipos de Responsabilidade Empresarial. A responsabilidade exigida e a responsabilidade interna. 1.4.1 Responsabilidade Exigida Foca o cumprimento das questões legais impostas. Uma empresa é responsável quando trabalha dentro da lei, pois essa é a conduta de postura mínima que se espera da organização. Nesse caso, a motivação para ações é externa e a atitude é reativa, pois reage a uma oposição. 1.4.2 A Responsabilidade Interna Focada na credibilidade inerente de se fazer o certo, mesmo sem uma obrigação legal. Nesse caso a motivação vem de seus valores éticos internos Responsabilidade e se Social baseia surge em da uma atitude responsabilidade pró-ativa. A interna. As diferenças entre os dois tipos podem ser observados no quadro abaixo: Quadro 2 – Tipos de Responsabilidade Empresarial Fonte: SOUZA, 2006. Adaptado de Schvarstein, 2004. 23 Com o aprofundamento dos estudos na área de RS, e os conceitos cada vez mais específicos, de acordo com a área de atividade das organizações, houve a necessidade de separar a responsabilidade de uma empresa por objetivos e intenções. Archie Carrol (apud DAFT, 2005, p. 112), apresenta um modelo piramidal da Responsabilidade Social da empresa, que se divide em quatro tipos: econômica, legal, ética e discricionária (ou filantrópica). Figura 1 – Os tipos de Responsabilidade Social DISCRICIONÁRIA ÉTICA LEGAL ECONÔMICA Fonte: O autor. Adaptado de Daft, 2005 1.4.3 Responsabilidade econômica Localiza-se na base da pirâmide, pois a empresa é uma instituição comercial e, acima de tudo, unidade econômica base da sociedade. O lucro é a maior razão pela qual as empresas existem. Ter responsabilidade econômica significa produzir bens e serviços de que a sociedade necessita, e quer, a um preço que possa garantir a continuação das atividades da empresa, de forma a satisfazer suas obrigações com os investidores e maximizar os lucros para seus proprietários e acionistas, desde que se mantenha dentro do jogo (CARROL, apud DAFT, 2005). 24 1.4.4 Responsabilidade legal Relacionada com a responsabilidade econômica, no sentido de alcançar seus objetivos dentro da lei. Define o que a sociedade espera em relação ao comportamento adequado da empresa. Ou seja, que atendam às metas econômicas dentro da estrutura legal e das exigências legais impostas. (CARROL, apud DAFT, 2005). 1.4.5 Responsabilidade ética Inclui comportamentos ou atividades que a sociedade espera das empresas, mas não são necessariamente codificados na lei e podem não servir aos interesses econômicos diretos da corporação. Para serem éticos, os responsáveis pela tomada de decisões das empresas devem agir com eqüidade, justiça e imparcialidade, além de respeitar os direitos individuais. (CARROL, apud DAFT, 2005). 1.4.6 Responsabilidade discricionária ou filantrópica: É puramente voluntária e orientada pelo desejo da empresa em contribuir com a sociedade, sem imposições econômicas, legislativas ou éticas. “A atividade discricionária inclui as generosas contribuições filantrópicas que não oferecem nenhum retorno para a empresa e não são esperadas” (DAFT, 2005, p.114). Zarpelon (2006) apresenta uma classificação da Responsabilidade Social que também pode ser entendida como uma tipologia, visto que as definições se assemelham em vários pontos. Na classificação deste autor a Responsabilidade Social pode ser classificada quanto ao ambiente organizacional (interno ou externo), quanto a formalidade (formal ou informal), quanto à natureza (pública ou privada) e quanto à tangibilidade (tangível ou intangível). O quadro abaixo exemplifica de forma objetiva cada uma das classificações. 25 QUADRO 3 – Classificação da Responsabilidade Social CLASSIFICAÇÃO INTERNO AMBIENTE ORGANIZACIONAL EXTERNO FORMAL FORMALIDADE INFORMAL PÚBLICA NATUREZA PRIVADA TANGÍVEL TANGIBILIDADE INTANGÍVEL RELAÇÃO CARACTERIZAÇÃO Pagamento de salários dignos, pagamentos sem atrasos, ausência de Funcionários trabalho forçado ou escravo, ausência de coerção e promoção de ambiente de trabalho saudável Projetos sociais, desenvolvimento da comunidade, fomento de Sociedade empregos, incremento do poder aquisitivo e melhoria da qualidade de vida Certificações de sistemas de gestão, padronização de trabalho voluntário, Documentos implementação de normas sociais, cumprimento de leis e educação socioambiental Debates, palestras, campanhas informativas, disseminação de Conhecimentos informações e ações não planejadas estrategicamente Intervenção de órgãos e repartições com responsabilidade de Estado elaboração, execução e fiscalização de leis e projetos sociais Valores comprometidos com Indivíduos / o comprometimento social, Corporações fomento e transferência destes valores à sociedade Qualquer ação ou atitude social capaz de ser Mensurável mensurada por indicadores de desempenho. Ações ou atitudes subjetivas Nãoque envolvam mudança de Mensuráveis valores, mentalidades e comportamentos Fonte: O autor. Adaptado de Zarpelon, 2006. 26 1.5 CRITÉRIOS PARA A EMPRESA SOCIALMENTE RESPONSÁVEL Como visto anteriormente, uma empresa socialmente responsável é aquela que pratica ações compromissadas com as necessidades sociais como retribuição aos recursos, naturais ou humanos, cedidos pela sociedade e pelo planeta. Mas existem critérios básicos para que uma empresa inicie suas ações na comunidade. Ela deve identificar valores internos, para somente depois aplicá-los externamente. O Instituto Ethos formulou em 2007, a publicação intitulada “Critérios Essenciais de Responsabilidade Social e seus mecanismos de Indução no Brasil, voltada à formulação de critérios estabelecidos em um consenso mínimo pelas principais fontes de referências no assunto. Quadro 4 - Critérios Essenciais de Responsabilidade Social: Fontes de Referências Fonte: Critérios Essenciais de Responsabilidade Social Empresarial nas Relações de Mercado e seus Mecanismos de Indução no Brasil (2007, p. 12) 27 De acordo com o próprio documento, o desenvolvimento desta publicação contou com a consultoria técnica de seis especialistas e participação de profissionais ligados ao empresariado, organizações não governamentais e órgãos públicos. Reunindo vinte e nove critérios essenciais divididos em sete áreas de práticas sustentáveis, a metodologia apresenta uma matriz eficaz, com mecanismos indutores que visam facilitar a mudança do comportamento gerencial. Para cada área, o documento lista temas importantes e instrumentos, como legislações, auto-regulações (certificáveis e não - certificáveis) e práticas em acordo com os indicadores Ethos. Segundo o próprio documento, além de se compreender os critérios, deve-se saber como aplicá-los. 1.6 GESTÃO SOCIAL PADRONIZADA: INSTRUMENTOS, NORMAS E CERTIFICAÇÕES Diante a assimilação da Responsabilidade Social como gestão e fator importante no processo decisório, e de conduta, no meio empresarial, houve um crescimento considerável de ações e projetos para este fim. Desta forma, houve a necessidade de se criterizar estas ações através de normas, padrões e certificações, inclusive com fins de avaliação dos mesmos. Muitas empresas definiram códigos de conduta ou códigos de ética, que estabelecem princípios de conduta no relacionamento com trabalhadores, comunidades locais, instituições públicas, consumidores, meio ambiente e assim por diante. Em outros casos, foram adotados códigos elaborados por organismos empresariais setoriais, por organizações não-governamentais ou associações privadas, aos moldes de um Sistema de Gestão Social Padronizado, (ZARPELON, 2006). Os principais sistemas de gestão social foram desenvolvidos pela ISO5, pelo Instituto de Responsabilidade Social e Ética e pelo Instituto Ethos. 5 ISO (Internacional Organization for Standardization), é uma organização mundial para normatização com a finalidade de desenvolver e promover normas e padrões mundiais que traduzam o consenso dos diferentes países do mundo de forma a facilitar procedimentos. 28 1.6.1 Norma AA 1000 de Responsabilidade Social Criada para assistir organizações na definição de objetivos, metas, na medição do progresso em relação a estas metas, na auditoria e relato de desempenho e no estabelecimento de mecanismos de feedback, compreendendo princípios e normas de processo. Segundo Kraemer (2005) pelo processo de comprometimento da organização para os stakeholders, a AA1000 vincula as questões sociais e éticas à gestão estratégica e às operações da organização. A AA 1000 Não é uma certificação e sim um instrumento de verificação da mudança organizacional. 1.6.2 Padrão Normativo SA 8000 Com sua estruturação em 1997, é a primeira certificação internacional de Responsabilidade Social auditável e credenciada pela instituição inglesa Social Accountability International (SAI). A norma SA 8000 é a mais difundida mundialmente no segmento de Responsabilidade Social, podendo ser implementada por organizações de qualquer porte e certifica o desempenho das empresas em oito áreas: trabalho infantil, trabalho forçado, saúde e segurança, liberdade de associação, discriminação, práticas disciplinares, horário de trabalho e sistemas de gestão. (Zarpelon, 2006) Adaptado pela Comissão de Estudos Especiais Temporários (CEET) o padrão SA 8000 recebe uma revisão em 2001, resultado da interação entre stakeholders e em 2004, por publicação da ABNT, torna-se o padrão NBR 16001. (Zarpelon, 2006) 1.6.3 Norma de Responsabilidade Social - NBR 16001/2004 Em 30 de dezembro de 2004 a NBR 16001:2004, foi desenvolvida pela ABNT em parceria com o INMETRO e o SEBRAE, e estabelece 29 requisitos mínimos para um sistema de gestão em Responsabilidade Social. Sua aplicação é voluntária e aborda aspectos como a promoção da cidadania e do desenvolvimento sustentável, a transparência das atividades, além da promoção da diversidade e combate ao racismo e o incentivo ao desenvolvimento profissional, entre outros. Esta norma envolve todo o sistema de gestão organizacional, servindo de referência para as empresas brasileiras que queiram implantar, de forma sistêmica, um conjunto de técnicas de gestão da Responsabilidade Social. (Zarpelon, 2006) Conforme Soratto (2006), a NBR ISO 9001:2000 (Qualidade), a NBR ISO 14001:1996 (Meio Ambiente) e a SA 8000:2001 (Responsabilidade Social), são completamente compatíveis com a estrutura da NBR 16001:2004 no que se refere a política, objetivos, planejamento, medição, análise e melhoria contínua. Zarpelon (2006) também menciona que o atendimento aos requisitos da NBR 16001:2004, não significa que a empresa é socialmente responsável, mas que tem implantado um sistema da gestão de Responsabilidade Social. 1.6.4 Indicadores Ethos Mesmo não sendo uma ferramenta de certificação, os indicadores Ethos são hoje um dos principais referenciais de auto-avaliação que promove a intenção de melhoria das organizações, comparando-as com outras empresas cadastradas em um banco de dados, em um processo de Benchmark. De acordo com o próprio site: “...são uma ferramenta de aprendizado e avaliação da gestão no que se refere à incorporação de práticas de Responsabilidade Social empresarial ao planejamento estratégico e ao monitoramento e desempenho geral da empresa. Trata-se de um instrumento de autoavaliação e aprendizagem de uso essencialmente interno.”(www.ethos.org.br) 30 O grande diferencial dos indicadores Ethos esta na formação de um escopo de inúmeros requisitos divididos em sete seções: 1)Valores e Transparência, 2) Comunidade Interna, 3) Meio Ambiente, 4) Fornecedores, 5) Consumidores, 6) Comunidade e 7) Governo e Sociedade. Veja o quadro abaixo: Quadro 5 - Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial Valores e Transparência Auto-regulação e conduta - Compromissos éticos - Enraizamento na cultura organizacional Relações transparentes com a sociedade - Diálogo com partes interessadas (stakeholders) - Relações com a concorrência - Balanço Social - Relações com os sindicatos - Gestão Participativa Público interno Diálogo e participação - Compromisso com o futuro das crianças - Valorização da diversidade Respeito ao indivíduo Trabalho Decente - Política de Remuneração, Benefícios e Carreira - Cuidados com Saúde, Segurança e Condições de Trabalho - Compromisso com o Desenvolvimento - Profissional e a Empregabilidade - Comportamento Frente a Demissões - Preparação para aposentadoria Gerenciamento do impacto ambiental - Gerenciamento do impacto no meio ambiente e do Ciclo de Vida de Produtos e Serviços - Minimização de entradas e saídas Responsabilidade frente às gerações futuras - Comprometimento da empresa com a causa ambiental - Educação ambiental Seleção, Avaliação e parceria com fornecedores - Dimensão social do consumo - Política de Comunicação Comercial - Excelência no atendimento - Conhecimento dos danos potenciais dos produtos e Serviços Transparência política - Contribuições para campanhas políticas - Práticas anticorrupção e propina Liderança social - Liderança e influência social - Participação em projetos sociais governamentais Meio ambiente Fornecedores Consumidores/clientes Governo e sociedade Critérios de seleção e Avaliação de fornecedores Trabalho infantil na cadeia produtiva Relações com trabalhadores terceirizados Apoio ao desenvolvimento de fornecedores Fonte: Instituto Ethos de Responsabilidade Social Empresarial (2008). 31 1.7 PROJETOS E PROGRAMAS DE R. S.: DA CRIAÇÃO À AÇÃO. Antes de definir conceitos e critérios de projetos ligados a RS, são necessárias algumas definições sobre os termos usados na caracterização de um projeto. 1.7.1 Programa e Projeto Segundo o “Guide to the PMBOK”, citado por Heldman (2005, p. 2) “um projeto é um empreendimento temporário que tem por finalidade criar um produto, serviço ou resultado único”. Enquanto um projeto tem tempo determinado para sua finalização, as atividades de operação são permanentes e assim, deve seguir as mesmas premissas de um projeto operacional qualquer. Segundo o mesmo autor, quando vários projetos são administrados pelas mesmas técnicas de modo coordenado, inclusive quando focam o mesmo produto, serviço ou atividades, utiliza-se o termo Programa. Um programa não tem definição de tempo. Ele existe enquanto os projetos existirem. O programa envolve atividades de planejamento e projetos envolvem a execução deste planejamento. Assim, uma empresa deve ter seus projetos inseridos em um Programa. (Heldman, 2005) Desta forma é correto afirmar que qualquer ação individual e única, seguindo os critérios de Responsabilidade Social descritos acima, caracterizase como um projeto Social e que quando este projeto se relaciona com outras ações semelhantes, estas mesmas ações podem formar um Programa de Responsabilidade Social. Diversos autores apresentam elementos que devem constar em projetos sociais. Zarpelon (2006), afirma que para o gerenciamento de projetos sociais, alem de sua implantação coesa com o planejamento institucional e a gestão empresarial, pode se utilizar os sistemas de gestão padronizados. O mesmo autor também coloca o Instituto Ethos como base para se iniciar na área. O Instituto Ethos (2008) disponibiliza em seu site, além dos indicadores de Responsabilidade Social, várias publicações e manuais passo a passo de implantação da Responsabilidade Social. As publicações são fruto de pesquisa 32 e trabalho conjunto de diversos profissionais da área. Sendo assim, a utilização dos critérios estabelecidos pelo Instituto Ethos na construção de projetos e programas é amplamente aceito. Duas publicações disponíveis no site apresentam-se como fundamentais nessa construção: Responsabilidade Social Empresarial para Micro e Pequenas Empresas - Passo a Passo e Critérios Essenciais de Responsabilidade Social e seus mecanismos de Indução no Brasil. Como introdução a estas publicações o site apresenta um texto inicial, intitulado primeiros passos, que resume alguns dos pontos mais característicos das publicações. I – Primeiros Passos a) Missão e Visão – As informações contidas na missão e na visão identificarão as metas e objetivos da sua empresa, além de transparecer os valores e a cultura organizacional. A missão e a visão devem ser compartilhadas e assimiladas pelos stakeholders. Quando se está em fase de construção da missão e da visão devese iniciar esse compartilhamento em grupos pequenos para uma avaliação e possível alteração das informações a serem inseridas. No caso de uma empresa com missão e visão já estabelecidas, deve-se compartilhá-las amplamente. A missão deve estar integrada a visão e deve ser periodicamente revisada. b) Identifique e articule valores éticos claros – Uma declaração de valores baseado na ética auxilia a empresa a desenvolver relações sólidas entre os stakeholders. Utilize esses valores na tomada de decisões, na resolução de problemas, no desenvolvimento de ambientes de trabalho e vincule estes valores a todos os aspectos e setores da empresa. 33 c) Crie sistemas de avaliação, obtenha feedback e Divulgue – Avalie sua empresa e desenvolva um diagnóstico de suas atividades para que seja possível estabelecer a situação em que ela se encontra. Tanto das atividades internas como externas. Compartilhe a avaliação com pessoas de confiança que possam dar um feedback honesto e as inclua em um relatório anual. Em seguida divulgue publicamente entre seus stakeholders. II - Responsabilidade Social Empresarial para Micro e Pequenas Empresas - Passo a Passo A publicação apresenta sete diretrizes essenciais para a implantação da RS nas micro e pequenas empresas. Cada diretriz apresenta qual o passo a ser dado para alcançar esse objetivo. a) Adote valores e trabalhe com transparência – Na primeira diretriz, é apresentado que a organização deve seguir uma conduta de valor e princípios para atender as expectativas da sociedade, buscando a coerência entre discurso e prática, para que se crie um bom relacionamento entre todos os públicos envolvidos. Para alcançar esta coerência é necessário transparência nas ações e decisões da empresa. A criação da missão e da visão. A definição dos valores éticos, a construção de um ambiente de trabalho cooperativo e aberto, b) Valorize empregados e colaboradores – A publicação afirma que uma empresa que valoriza seus empregados valoriza a si mesma. Esta valorização esta no que ela faz a mais do que o obrigatório e exigido. Além do compromisso legal com as leis trabalhistas, a construção de um contrato social* é o passo para a segunda diretriz. Nesse contrato social encontram-se ações voltadas para o local de trabalho, para a diversidade, para políticas de abuso, para o 34 desenvolvimento profissional, para o trabalho e a família e para a saúde e o bem estar. c) Faça sempre mais pelo meio ambiente – A terceira diretriz relembra os princípios da sustentabilidade. Reduzir as agressões ao meio ambiente e promover a melhoria das condições ambientais, para evitar desperdícios e a escassez no futuro. O passo para esta diretriz consiste em definir políticas e planos de operação focados na sustentabilidade, minimizar resíduos, prevenção da poluição, consumo consciente de água e energia e fomentar projetos ecológicos. d) Envolva parceiros e fornecedores – O relacionamento entre uma empresa e seus fornecedores, deve estar calçado em um diálogo de parceria e de trabalho em conjunto, que impulsiona ambos para o mesmo objetivo. O passo a ser dado nesta diretriz é o de formação de parcerias comprometidas. e) Proteja Clientes e consumidores – A quinta diretriz é vista como uma das mais significativas e importantes porque envolve a preocupação com o desenvolvimento de produtos e serviços que não agridam a integridade física e emocional de quem os consume. A qualidade e a segurança nos processos, que vão desde a produção até a comercialização, devem estar sempre em evidência, para a credibilidade e confiança na empresa. Sendo assim, o passo a ser dado é o de promover a conscientização da utilização segura dos produtos e serviços, oferecer informação correta e justa, ouvir as manifestações do público e procurar outras alternativas que envolvam maior segurança. f) Promova sua Comunidade – O relacionamento de uma empresa com seu entorno traz confiabilidade e reconhecimento. O 35 entrosamento saudável entre grupos representativos, para buscar soluções aos problemas comunitários é um dos valores que a empresa deve estar comprometida. Para esse relacionamento dar certo, o passo é identificar os problemas e necessidades, trabalhar em conjunto, praticar a filantropia, investir no desenvolvimento da cultura, da educação e no bem estar. g) Comprometa-se Com o Bem Comum – Na última diretriz, a publicação coloca o bem comum como o relacionamento positivo com o poder público para o desenvolvimento de sua região e país. Segundo o ultimo passo, a empresa deve cumprir com suas obrigações legais de forma ética e transparente, combater a corrupção, participar dos movimentos políticos e sociais e fomentar a cidadania. III - Critérios Essenciais de Responsabilidade Social e seus mecanismos de Indução no Brasil. A própria publicação afirma que: “Os Critérios Essenciais reunidos nesta publicação representam uma referência para o estabelecimento de um consenso mínimo quanto às atuais demandas socioambientais que os principais atores da sociedade e do mercado estão formulando às empresas pelos mais diversos meios e que são fontes dos critérios – guias, diretrizes, indicadores, modelos de relatórios, questionários para avaliação e cadastro etc.” (DIRETORIA DO INSTITUTO ETHOS, p. 06, 2007) Desta forma, é correto afirmar que os critérios apresentados nesta publicação são um resumo essencial de todos os meios e fontes sobre o tema, Responsabilidade Social Empresarial, e que podem ser utilizados como referência para as empresas. Da mesma forma que o guia passo a passo para as micro e pequenas empresas dividiu o guia em sete diretrizes, a publicação dividiu toda informação coletada em 29 critérios como padrão na prática da Responsabilidade Social. São eles: 36 I - Direitos Humanos 1 Respeito aos direitos humanos. II - Direitos das Relações de Trabalho 2 Associação, sindicalização e negociação coletiva 3 Não-discriminação 4 Trabalho forçado 5 Trabalho infantil 6 Educação e desenvolvimento profissional. 7 Remuneração justa e respeito aos direitos das relações de trabalho. 8 Segurança, saúde e condições de trabalho. III - Proteção das Relações de Consumo 9 Proteção à saúde e segurança 10 Acesso a informações adequadas e acesso a produtos/serviço 11 Consumo sustentável 12 Direito ao recurso e à reclamação 13 Respeito à privacidade 14 Educação do consumidor IV - Meio Ambiente 15 Gestão dos impactos ambientais 16 Redução, reutilização e reciclagem 17 Educação e conscientização ambiental 18 Inovação e tecnologia V - Ética e Transparência 19 Valores e princípios éticos 20 Concorrência 21 Divulgação informações 22 Cumprimento obrigações fiscais e legais 23 Campanhas Políticas 24 Combate à corrupção 37 VI - Diálogo/Engajamento com Stakeholders 25 Desenvolvimento ambiental, social e econômico 26 Governo e Sociedade 27 Comunidade 28 Cadeia produtiva VII - Governança Corporativa 29 Boas práticas de governança Nas três publicações existem temas que se repetem. A construção de valores éticos, da missão e visão, do comprometimento com o meio ambiente, a preocupação com os recursos e o diálogo com os stakeholders (os públicos). Sendo assim, qualquer uma das duas publicações apresentadas acima pode ser utilizada no desenvolvimento de programas e projetos de Responsabilidade Social Empresarial. 38 2 COMUNICAÇÃO 2.1 BREVE HISTÓRICO DA COMUNICAÇÃO Expedito Teles, citado por Sá (1978) apresenta que a comunicação existe desde o mais simples organismo ao mais complexo sistema de sociedades, e que comunicar-se é a capacidade dualística de doação e recepção. O autor ainda afirma que esta capacidade difere apenas em intensidade, quando analisadas todas as formas de matéria. Uma rocha, por exemplo, se comunica à medida que suas partículas nucleares se atraem ou se repelem em sua estrutura atômica. Assim, de acordo com o mesmo autor, a comunicação é vida, mesmo em uma estrutura micro nuclear. (SÁ, 1978) A comunicação não privilégio do ser humano, mas foi o ser humano que a aperfeiçoou (IPANEMA, 1967). De acordo com Jean Cloutier (1975) a história da comunicação pode dividir-se em quatro episódios. 1) O primeiro episódio é o da exteriorização: O homem é o meio de comunicação. Exprime-se pelo seu corpo, graças aos seus gestos e à sua palavra, sem deixar de se referenciar ao seu meio ambiente imediato. 2) O segundo episódio é o das linguagens: As mensagens são transpostas. Os meios utilizados são o desenho e as pinturas, os sons e, sobretudo a escrita fonética. O muro das cavernas constitui a primeira biblioteca. 3) A amplificação caracteriza o terceiro episódio, que começa com a implantação da imprensa e que conhece o seu apogeu com o satélite. As mídias criam uma nova sociedade baseada na comunicação de massa. A informação torna-se acessível a todos, coletivamente. 39 4) O quarto episódio caracteriza as mídias individuais. O acesso tornase individual, oferecendo liberdade de informação. 2.1.1 A linguagem No início dos tempos os animais, entre eles os primeiros primatas, que evoluiriam ao homo sapiums, já utilizavam formas de linguagem entre si caracterizada por gritos, urros, grunhidos, rosnados, uivos, expressões corporais e faciais que identificavam necessidades instintivas básicas como comer, acasalar, lutar ou alertar para o perigo. Segundo o Filósofo Francês Jean-Jacques Rousseau, citado por Becker (2005) a linguagem nasceu quando o homem sentiu uma intensa necessidade de comunicar suas emoções, reflexões ou idéias aos seus semelhantes, sendo assim reconhecido como um ser sensível, pensante e semelhante a si próprio. Conforme o mesmo autor, a evolução do homem inicia os primeiros passos no desenvolvimento da linguagem, da fala e da escrita em formas mais complexas. A primeira destas formas a se desenvolver era a linguagem onomatopéica, que significa imitar, de forma intencional, os sons dos animais e da natureza (Becker, 2005). Ainda na pré-história, os homens se comunicavam em suas próprias linguagens para transmitir culturas e tradições, e já transformavam essa linguagem em sinais visuais na forma de símbolos, o que Brasil, citado por Sá, (1978) coloca como comunicação simbólica. Giovannini (1987) aponta que a linguagem utilizada pelo homem préhistórico mesmo não articulada e simbólica, pretendia passar ou traduzir em conceitos os elementos existentes no cotidiano de vida. Qual era o animal que caçou o que ele visualizou na caçada, um local diferente entre outros. O mesmo autor apresenta que, após estudos em chipanzés, criaram-se teorias de que a comunicação simbólica evoluiu ao estágio inicial de expressão de emoções não verbais, com ênfase na gesticulação, para as primeiras expressões verbais. Ainda não existia fala, mas os sons estudados seguiam padrões que, descobriu-se, eram compreendidos entre os símios da mesma família. Apenas no período neolítico, quando o homem passou a uma posição 40 de criador e agricultor é que houve uma modificação substancial no sistema de comunicação oral, que os estudiosos definem como revolução neolítica (GIOVANNINI, 1987). Os veículos utilizados com fins de comunicação já na época pré-histórica vão desde talhos em pedra, misturas de sangue, barro e plantas, fogo, fumaça, peles de animais, cascas de arvores à instrumentos que produziam sons, como tambores e chifres de animais. Com a chegada do período neolítico, o homem iniciou suas primeiras relações sociais, e com isso, houve a necessidade de aperfeiçoar estes instrumentos para melhorar a comunicação entre o grupo (IPANEMA, 1967). Mas foi a possibilidade de fixar informações, sem perdê-las com o tempo, que possibilitou o nascimento da comunicação como a conhecemos. Com a invenção da tinta 4000 anos antes de Cristo o processo da comunicação evoluiu. A partir daí, segue-se a invenção do papiro e do pergaminho pelos povos mediterrâneos, do papel pelos chineses e, conseqüentemente, da escrita (IPANEMA, 1967). 2.1.2 A escrita A passagem mais rápida da idade do bronze para formas de civilizações mais avançadas aconteceu no oriente médio, mais precisamente na Palestina, Egito e Mesopotâmia. Com o nascimento da vida sedentária, e a necessidade de trabalho coletivo, surgem os primeiros agrupamentos estáveis. Neste período surge a primeira escrita, trazida pelos sumérios. Inicialmente criada como escrita ideográfica, na qual o objeto representado expressava uma idéia, as primeiras escritas evoluíram para uma escrita convencional fonética na ainda na Mesopotâmia, criada pelos sacerdotes, que procurava representar cada som da fala humana. (GIOVANNINI, 1987). Quase na mesma época os egípcios antigos desenvolveram uma escrita hieroglífica, mais complexa e formada por desenhos e símbolos. Segundo José Tavares da Silva Filho (1998) o sistema egípcio foi o primeiro a reproduzir 41 quase que totalmente a língua falada, refletindo realidades reais e abstratas. A partir do século IX aparece o alfabeto grego com 24 letras incluindo as vogais. 2.2 CONCEITOS DE COMUNICAÇÃO A diversidade da utilização do termo comunicação é ampla, assim como seus campos de atuação. Por essa razão, requer uma análise da integração dos conhecimentos provenientes de outras áreas. Ao analisar cada fenômeno da comunicação, cada ciência e corrente filosófica utiliza perspectivas próprias para definir conceitos de comunicação. Arnaldo Beltrami (1976, p. 24) organizou alguns conceitos científicos baseados na estrutura e nos campos de estudo. 2.2.1 Conceito Etimológico Do latim “comunis” que significa comum. Comunicar é tornar comum. Estabelecer comunhão, fazer participar da comunidade, compartilhar através da troca de informações.. 2.2.2 Conceito Biológico Como atividade sensorial e nervosa. É o processo de exprimir e transmitir o que se registra, ou o que se passa no sistema nervoso. Coleta de informações referentes ao funcionamento biológico colocadas a disposição para o processo de tomada de decisão em que funcionam a memória, a inteligência e a vontade. 2.2.3 Conceito Pedagógico Neste sentido comunicação é educação. É o processo de transmissão de experiências e de ensinamentos. De acordo com Dewey, citado por Beltrani (1976) “os homens vivem em comunidade 42 por causa das coisas que tem em comum: a comunicação é o meio pelo qual chegam a possuir coisas em comum.” 2.2.4 Conceito Histórico Comunicação é a única forma de sobrevivência social e o próprio fundamento da existência humana, através da cooperação e da coexistência. É o instrumento de equilíbrio e de entendimento entre os homens. 2.2.5 Conceito Sociológico Comunicação é o instrumento que possibilita e determnina a interação social, através da qual os seres vivos se encontram em união com o mundo. É o processo decisivo da inserção social, desencadeando ou limitando as interações sociais. 2.2.6 Conceito antropológico Comunicação não é apenas o veículo de aquisição de cultura pelo indivíduo, mas também o instrumento fornecedor de cultura. O homem, como ser um animal sociável, exige relações com seus semelhantes para comunicar sua cultura. 2.2.7 Conceito Psicológico É o processo pelo qual o indivíduo transmite informações para modificar o comportamento de outros. Para a psicologia comunicar é gerar influencia e produzir certa reação na outra pessoa, com intenção. Mediante os conceitos organizados por Beltrani, o autor aponta um conceito estrutural, que segundo ele, engloba os pontos comuns observados 43 em todas as áreas de estudo. De que “comunicação é o processo de transmissão e de recuperação de informações” (1976, p. 32). Como observado acima, a comunicação nasceu de uma necessidade básica de sobrevivência. Foi a partir dela que as pessoas puderam estabelecer relações e desenvolver um entendimento das mensagens que eram transmitidas ou evocadas. Com o passar do tempo, a comunicação tornou-se indispensável para a convivência em grupos e influenciou a troca de mensagens. O que antes era interpessoal (pessoa-pessoa) passou a ser produzida para alcançar um grande público, em diferentes localidades, mas mantendo como referência a mesma capacidade de codificar imagens, mensagens e símbolos. Como visto acima, a origem da palavra comunicação vem do latim communis, ou seja, comum. Portanto, comunicar é, etimologicamente, relacionar e tornar alguma coisa comum entre esses seres. Seja essa coisa uma informação, uma experiência, uma sensação, uma emoção, etc. Assim, pode-se pensar na comunicação em duas grandes definições: “O processo em que comunicadores trocam propositadamente mensagens codificadas (gestos, palavras, imagens...), através de um canal, num determinado contexto, o que gera determinados efeitos...” (GILL E ADAMS, 1998 p. 41). “... Atividade social, onde as pessoas, imersas numa determinada cultura, criam e trocam significados, respondendo, desta forma, à realidade que quotidianamente experimentam” (Gill e Adams, 1998 p. 41). Bordenave (1986) define a comunicação como toda forma de relação de troca de informações, consciente ou inconscientemente, através da linguagem verbal, gestual ou corporal, onde se utilizam diferentes meios no auxilio para que as mensagens sejam entendidas. O autor salienta que toda esta comunicação é influenciada pela cultura em que vivemos e que através dos seus valores e crenças forma-se o meio social, e ao nos comunicarmos influenciamos o meio e somos influenciados por este. Ao considerar o ser humano um ser social, entende-se a importância da comunicação humana e o quanto é fundamental e para o convívio em 44 sociedade, visto que, através das relações sociais há uma tendência maior na aproximação das pessoas, um intercâmbio de culturas e a convivência com diferentes hábitos de vida, tornando-se importante à sobrevivência individual e coletiva. (BORDENAVE, 1986) Um das definições mais antigas vem de Aristóteles. Em sua obra “Retórica” o filósofo grego afirma que comunicação é o processo de persuadir os outros. (BELTRANI, 1976) De forma semelhante Lee Thayer aponta que existem vários conceitos para comunicação, e que muitos se assemelham. Desta forma ele apresenta quatro definições escolhidas por ele ao acaso: “1. Comunicação é o processo mediante o qual duas ou mais pessoas se entendem. 2.Comunicação é a mútua troca de idéias, através de qualquer meio efetivo. 3. É a transmissão ou intercâmbio e pensamentos, opiniões ou informações, através da fala, da escrita ou de símbolos. 4. É a combinação de estímulos ambientais para produzir certo comportamento desejado por parte do organismo.” (THAYLER, 1979 p. 31) Seguindo as linhas de pensamentos dos autores citados pode-se dizer que a comunicação representa um processo de troca de informações ou mensagens em um inter-relacionamento de pessoas ou organismos, através de uma complexa rede de fatores diferentes, que buscam a interação de conhecimentos, de informações e de emoções, pois se apresenta como uma necessidade fundamental do ser humano. 2.3 O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO E SEUS INGREDIENTES Se a comunicação é o processo pelo qual os seres humanos trocam entre si informações, é necessária a intervenção de pelo menos, dois indivíduos/organismos, (um que emita, outro que receba), algo a ser transmitido, um meio de se transmitir a informação e o uso de uma linguagem conhecida. Desta forma, para que haja comunicação, deve se existir implicitamente os elementos do ato comunicativo: o emissor, o receptor, a mensagem, o código e o canal. (BELTRAMI, 1976). 45 Diversos autores apresentam outros elementos alem dos já citados. Kotler (1998) apresenta um grupo de nove elementos definindo-os como fundamentais para um modelo tradicional de comunicação: • Emissor – Quem emite a mensagem para a outra parte. • Codificação – Processo de transformar o pensamento em forma simbólica. • Mensagem – Conjunto de símbolos que o emissor transmite. • Mídia (ou Canal) – Canais de Comunicação através dos quais a mensagem passa do emissor ao receptor. • Decodificação – Processo pelo qual o receptor confere significado aos símbolos transmitidos pelo emissor • Receptor – Parte que recebe a mensagem emitida pela outra parte. • Resposta – Reações do receptor após ter sido exposto à mensagem. • Feedback – Parte da resposta do receptor que retorna ao emissor. • Ruído – Distorção ou estática não planejada durante o processo de comunicação, que resulta em uma mensagem chegando ao receptor diferentemente da forma como foi enviada pelo emissor. Além desses elementos, diversos autores, entre eles Perez e Bairon (2002 p. 19) consideram que “o contexto e a subjetividade trazem grande complexidade a todo e qualquer processo de comunicação”. O contexto pode também ser chamado de referente, pois indica o objeto ou a situação a que a mensagem se refere. Nenhum ato comunicativo seria possível, na ausência de qualquer desses elementos. David K. Berlo (1997) apresenta a comunicação como um processo que tem um começo, um fim, uma seqüência fixa de eventos, mas não estática. O autor coloca que existem ingredientes do processo, e que eles agem uns sobre os outros, cada um influenciando os demais. “Tudo aquilo que as pessoas possam atribuir significado, pode ser e é usado como comunicação (BERLO 1999, p. 1). De acordo com diversos autores, citados por Rodrigues (2001), dentre eles Frade (1991); Chaffee e Berger (1989) e Costa (1992) os elementos e 46 fatores relacionados ao processo de comunicação ainda podem ser analisados mediante seu nível de sociedade, o tipo dos interlocutores e os objetivos gerais e específicos. 2.4 A COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Não é privilégio dos seres vivos a necessidade de se comunicar. Como visto anteriormente, a comunicação existe em vários tipos de organizações biológicas. E da mesma forma a comunicação é fundamental para organizações não biológicas, mas sociais, como são as empresas. De acordo com Kunsh (2003) as organizações têm de se comunicar entre si. O sistema interno que move as organizações se viabiliza graças à comunicação que existe internamente, caso contrário, morreria. Lee o. Thayer ( 1976 p. 120) afirma que “as organizações funcionam como seres vivos”. Segundo o mesmo autor: “A comunicação que ocorre dentro dela [a organização] e a comunicação entre ela e o seu meio ambiente que definem a organização e determinam as condições da sua existência e a direção do seu movimento” (THAYER, 1976 p. 120) Aceitando a premissa de Thayer, Francisco Gaudêncio Torquato do Rego (1986 p. 16) conclui que “uma empresa se organiza, se desenvolve e sobrevive graças ao sistema de comunicação que ela cria e mantêm”. O autor também coloca que o processo comunicacional estrutura as ligações entre o sistema interno e o sistema externo gerando condições para o aperfeiçoamento organizacional. A comunicação se tornou um dos principais fatores de sucesso das estratégias organizacionais por preservar e realçar a imagem da empresa, e principalmente por ser um fator indispensável e capaz de agregar valor na busca constante pela competitividade, alinhando a empresa às exigências do mercado (FIÚZA; KILIMNIK, 2004) Um dos autores que sintetiza o conceito de comunicação empresarial e sua ligação com a imagem da empresa é Roger Cahen. O autor aponta: 47 “Comunicação Empresarial é uma atividade sistêmica, de caráter estratégico, ligados aos mais altos escalões da empresa e que tem por objetivos: criar – onde ainda não existir ou for neutra -, manter – onde já existir - ou, ainda, mudar para favorável – onde for negativa – a imagem da empresa junto a seus públicos prioritários” (CAHEN, 1990 p. 29). Kunsh (2003, p. 149) esclarece que “Comunicação organizacional, comunicação empresarial e comunicação corporativa são terminologias usadas indistintamente no Brasil para designar todo o trabalho de comunicação levado a efeito pelas organizações em geral.” Assim a autora aponta: “A comunicação organizacional, como objeto de pesquisa, é a disciplina que estuda como se processa o fenômeno comunicacional dentro das organizações no âmbito da sociedade global. Ela analisa o sistema, o funcionamento e o processo de comunicação entre a organização e seus diversos públicos.” (KUNSH, 2003 p. 149) A comunicação existe desde os tempos mais remotos, mas a comunicação empresarial, ou organizacional, só ganhou importância com a revolução industrial. A partir do século XVIII as organizações começaram a se defrontar com a concorrência e com um público de consumidores mais exigentes, não só com o produto, mas também com as empresas em si. Desta forma, os administradores perceberam a necessidade de conquistar a preferência de seus consumidores e se tornarem mais conhecidas. (AMARAL, 1999) Da mesma forma Rego (1986), aponta o aparecimento das atividades de comunicação dentro das organizações a partir da Revolução Industrial. Devido à automatização e ao crescimento das indústrias, houve uma diminuição de relações mais humanas nas indústrias. Com esta mudança, algumas pessoas passaram a discutir a criação de revistas e jornais para os funcionários, a fim de familiarizá-los com o novo ambiente e com a própria política da organização, além de diminuir as distâncias físicas entre a administração central e a base operária. Mas a comunicação empresarial, como estudo, só começou a tomar forma em 1906, quando o Jornalista americano Ive Lee decidiu deixar a profissão de jornalista para abrir o primeiro escritório de relações públicas em Nova York. Sua intenção era recuperar a credibilidade de um empresário 48 chamado John D. Rockfeller, acusado de ser contra pequenas e médias organizações devido a sua filosofia de “lucro a qualquer preço” que se apresentava como uma ameaça (AMARAL,1999) No Brasil, as empresas só adotam a comunicação como parte de suas atividades anos depois de seu surgimento nos Estados Unidos e na Europa devido ao atraso da industrialização brasileira, ocorrida em 1930. Segundo Kunsch (1996), a partir da década de 50 o Brasil começou a receber empresas multinacionais e estrangeiras, o que abriu mais mercado para os profissionais de comunicação em uma organização, visto que estas empresas valorizavam mais a existência de departamentos responsáveis pela comunicação. Uma evolução sucinta da comunicação empresarial brasileira é apresentada por Bueno (2003) em cinco momentos. • Antes de 1970 a 1980 – Atividades empresariais fragmentadas, poucos departamentos responsáveis pelo relacionamento com seus públicos, a comunicação era residual e praticada por profissionais e outras áreas, foco na publicidade e propaganda, separação entre institucional e mercadológico, fundação da Associação Brasileira de Editores de Jornais e Revistas Empresa de – ABERJE, implantação dos primeiros cursos de comunicação. • De 1980 a 1980 – Crescimento no número de profissionais, aumento da valorização da comunicação nas empresas, empresas criam seus departamentos de comunicação, as universidades contribuem com literaturas e desenvolvimento de massas críticas. • De 1980 a 1990 – Comunicação empresarial passa a ser campo de trabalho atraindo profissionais, nasce o jornalismo empresarial, novas posturas das organizações, cresce o número de cursos e se abrem cursos de pós graduação na área, , realização do I 49 Congresso Brasileiro de Comunicação Empresarial, instituído o Prêmio Contexto de Comunicação Empresarial, 1ª abertura pública de um plano de comunicação empresarial (Rhodia – 1º case brasileiro de sucesso). • De 1990 a 2000 – Conceito de Comunicação Empresarial refinado, função estratégica, não mais grupo de atividades para se tornar processo integrado para orientação da empresa com seus públicos, demanda de recursos para a área, formação de uma cultura de comunicação e atendimento, adoção de atributos como ética, transparência e cidadania. • De 2000 em diante – Elemento importante do processo de inteligência empresarial, novas tecnologias, novas mídias, integração ao processo de gestão. Como parte da gestão da empresa e assumindo uma função estratégica, a comunicação empresarial assume desta forma uma integração com demais departamentos/áreas/profissionais. comunicação institucional e Com da isso, a comunicação antiga distinção mercadológica da deixa definitivamente de existir e se associa ao negócio, à missão e à missão da empresa, passando a assumir por inteiro a perspectiva da comunicação integrada. (BUENO, 2003) 2.5 COMUNICAÇÃO INTEGRADA “Entendemos por comunicação integrada uma filosofia que direciona a convergência das diversas áreas, permitindo uma atuação sinérgica. Pressupõe uma junção da comunicação institucional, da comunicação mercadológica, da comunicação interna e da comunicação administrativa, que formam o mix, o composto da comunicação organizacional.” (KUNSCH, 2003 p. 150) Segundo a autora, a comunicação integrada, ou composto de comunicação, deve se constituir de uma unidade harmoniosa de cada área, 50 apesar de diferenças, com base numa política comum e bem definida, seguindo os mesmos objetivos da empresa. O mix de comunicação possibilita ações de comunicação mais estratégicas, mais táticas, mais pensadas e mais eficazes. Figura 2 - Composto de Comunicação Fonte: KUNSCH, 2003. Planejamento de relações públicas na comunicação integrada. P. 151 Baseando-se no fluxograma estabelecido por Kunsch (2003) e pelas teorias em seu livro “Planejamento de Relações Públicas na Assessoria de Empresa”, segue mais detalhadamente cada elemento do Composto de Comunicação. 2.5.1 Comunicação Interna A comunicação interna engloba a comunicação administrativa. Enquanto a comunicação administrativa reflete sobre o funcionamento da comunicação 51 por meio de seus fluxos e níveis, a comunicação interna é um setor planejado viabilizando a interação entre organização e funcionários. A comunicação administrativa se processa dentro da organização, pelas funções administrativas. É ela que permite visualizar todo o sistema organizacional pelos seus fluxos e redes. Segundo Andrade (1966) citado por Kunsch (2003, p. 153) é “o intercambio de informações dentro de uma empresa ou repartição, tendo em vista sua maior eficiência e o melhor atendimento ao público.” De acordo com Redfield, citado por Kunsch (2003) a comunicação administrativa se compõe de um comunicador (remetente), que transmite (expede), mensagens (relatórios) a um destinatário (público) objetivando uma resposta (reação). Já a comunicação interna é mais ampla em seus objetivos. Funcionando paralelamente à comunicação administrativa, mistura ferramentas da comunicação institucional e da comunicação mercadológica para alcançar seus objetivos. Ela apresenta estratégias delineadas no desenvolvimento de programas de ação basicamente voltados para o público interno, ou seja, os funcionários, e se fundamenta em políticas institucionais. Ela busca a integração das atividades da empresa, melhora das relações de trabalho, promoção de campanhas, divulgação de procedimentos, e principalmente a participação de todos os níveis. Como definição temos: “A comunicação interna é uma ferramenta estratégica para compatibilização dos interesses dos empregados e da empresa, através do estímulo ao diálogo, à troca de informações e de experiências e à participação de todos...”. (RHODIA 1985, citado por KUNSCH, 2003 p. 154) De acordo com a autora, não se deve confundir a comunicação interna com Endomarketing. De acordo com Saul F. Beckin (1995), citado por Kunsch (2003, p. 154) o termo refere-se a: “Ações de marketing voltadas para o público interno da empresa, com fim de promover, entre os seus funcionários e departamentos, valores destinados a servir o cliente. [...] para proporcionar melhorias substanciais na qualidade de produtos e serviços.(BEKIN, 1995 citado por KUNSCH, 2003 p. 154). 52 Na visão de Medeiros Brum (1998) citada por Kunsch (2003) o endomarketing é um conjunto de ações utilizadas por uma empresa, ou gestão, com o objetivo de vender sua própria imagem a funcionários e familiares. O que Kunsch afirma é que nas definições destes autores o funcionário é visto como cliente interno, alguém que vai servir ao consumidor cliente da organização, num espaço de mercado. E na verdade, é mais amplo do que isso. O funcionário também é um ser humano e um cidadão que atua e interage com outras pessoas em virtude da consecução dos objetivos gerais das organizações. A comunicação interna deve contribuir para o exercício da cidadania e valorização do homem. Deve ser participativa e coerente entre discurso e prática, pois não adianta o melhor plano de comunicação se os empregados não forem respeitados em seus direitos e não forem considerados como público número um entre os stakeholders. Em sumo, a comunicação interna é o primeiro passo para uma comunicação integrada eficaz, pois caracteriza o papel de estabelecer confiança, possibilitando a co-criação e participação do público receptor, contribui para um clima favorável no ambiente de trabalho, envolve as pessoas, comprometendo-as. (KUNSCH, 2003) 2.5.2 Comunicação Mercadológica “A comunicação mercadológica objetiva promover a troca de produtos e/ou serviços entre produtor e consumidor, [procurando] atender aos objetivos traçados pelo plano de marketing das organizações, cujo escopo fundamentalmente se orienta para a venda de mercadorias destinadas aos consumidores, num determinado espaço de tempo: apóia-se a publicidade comercial, na promoção de vendas e pode, também, utilizar-se, indiretamente, das clássicas atividades da comunicação institucional”. (REGO, 1985 citado por KUNSCH, 2003 p. 163) Esta definição aponta a responsabilidade pela produção comunicativa com vista para a divulgação publicitária. O vínculo visível com o Marketing estabelece parâmetros e subsídios para a perfeita organização da comunicação mercadológica. A utilização de ferramentas como a propaganda e a promoção de vendas só poderá ser eficaz se abastecidas e fundamentadas 53 por informações coletadas por pesquisas de mercado e em acordo com as informações de responsáveis pela comunicação mercadológica. (KUNSCH, 2003). De acordo com a autora a comunicação mercadológica ou de marketing se encarrega de toda e qualquer ação integrada de instrumentos de comunicação na conquista do consumidor e os públicos estabelecidos pela área de marketing. 2.5.3 Comunicação Institucional Segundo Kunsch (2003) a comunicação institucional é responsável diretamente pela construção e manutenção de uma imagem e identidade forte e positiva da organização. Este elemento do composto de comunicação integrada esta ligado aos aspectos corporativos que fundamentam a credibilidade da empresa perante a sociedade. A definição mais objetiva de comunicação institucional é a de: “um conjunto de procedimentos destinados a difundir informações de interesse público sobre as filosofias, as políticas, as práticas e os objetivos das organizações, de modo a tornar compreensíveis essas propostas.” (FONSECA, 1999 citado por KUNSCH, 2003 p. 164) Ao apresentar os termos filosofias, políticas e práticas, Fonseca estabelece uma ligação com Roger Cahen (2005), que apresenta estes elementos numa pirâmide de cristal. O autor coloca estes elementos como base para a comunicação empresarial, e da mesma forma se aplicam a comunicação institucional, pois trata de como os públicos enxergam a empresa. Cahen (1990) propõe a imagem de uma pirâmide de cristal pelas bases fortes e pela relação de visualização, tanto de cima para baixo quanto viceversa. Sua composição significa que no topo, as atividades da empresa são a parte mais visível aos públicos, a primeira impressão, (imagem). 54 Figura 3 - Pirâmide de Cristal de Roger Cahen ATIVI DADE S ATITUDES POLÍTICAS FILOSOFIAS Fonte: CAHEN, Comunicação Empresarial. 2005, p. 48 As atitudes são percebidas pelos públicos, pois devem ser coerentes com a empresa (identidade). As políticas são conseqüências da filosofia da empresa e são estabelecidas, formalmente ou não, e as filosofias são aquilo em que a empresa acredita, (missão, sua visão e seus valores). Quando uma empresa segue esta linha de forma positiva em suas ações, a relação de seus públicos freqüentemente é positiva, pois todas estão ligadas a um fator básico da comunicação institucional: Como ela é vista. (Cahen, 2005) 2.6 IMAGEM E IDENTIDADE Ao se discutir sobre a forma que os públicos vêem uma organização, é preciso apresentar dois aspectos fundamentais da comunicação institucional: Imagem e Identidade. Ambos os termos fazem parte do mundo corporativo, mas normalmente são usadas indistintamente como sinônimas, mas na verdade, são completamente opostas. 55 De acordo com Kunsch (2003) a forma mais simples de se distinguir imagem de identidade é afirmando que imagem é como os diversos públicos enxergam a sua empresa, enquanto que identidade é o que a empresa faz e diz. Em resumo, imagem é a forma que os outros percebem a empresa e identidade é como a empresa gostaria de ser percebida. Se a imagem tem relação com a percepção das pessoas, desta forma é correto afirmar que esta relacionada com o imaginário. Essa percepção é abstrata e de uma visão subjetiva. Pra formar essa visão, as pessoas utilizam suas próprias idéias, crenças e sentimentos, e assim, formam uma imagem que nem sempre condiz com a imagem que a empresa gostaria de ser vista. “A imagem da empresa é um efeito de causas diversas: percepções, induções e deduções, projeções, experiências, sensações, emoções e vivências dos individuo que, de um modo ou outro – direta ou indiretamente – são associadas entre si (o que gera o significado da imagem) e com a empresa, que é seu elemento indutor e capitalizador.” (COSTA, 2001 citado por KUNSCH, 2003 p. 171) Já a identidade reflete a real personalidade da organização. Como um auto-retrato, que projeta a soma dos atributos efetivos de como ela é; quem ela é; o que ela faz e como ela faz, e muito importante, o que ela diz. Joan Costa (1999) citado por Kunsch (2003) afirma que a identidade refere-se aos valores básicos (sua filosofia), suas características atribuídas, como comportamento e atitudes, à sua comunicação (seus signos e elementos visuais), o que ela simboliza (o que ela defende) e sua personalidade. Rego (1996 p. 97) diz que: “Por identidade, queremos dizer a natureza verdadeira, própria dos negócios, o perfil técnico e cultural da empresa. [...], portanto, devese entender pela soma das maneiras que uma organização escolhe para identificar-se perante seus públicos.” A maior finalidade de uma comunicação integrada eficiente é cuidar da imagem de uma organização e contribuir para a construção de sua identidade. 56 2.7 INSTRUMENTOS DA COMUNICAÇÃO INTEGRADA Para cuidar e manter uma imagem corporativa, e para construir e transmitir uma melhor identidade corporativa é necessário trabalhar com ferramentas de comunicação específicas. Dimensionando o diagrama de Kunsch, encontramos internos aos três tipos de comunicação, (interna, mercadológica e institucional), instrumentos que convergem para dar à organização a integração necessária para a eficiência, não só da imagem e da identidade, mas da comunicação empresarial como um todo. Cada um dos três tipos de comunicação trabalha com instrumentos específicos. Segundo Wey (1986) a comunicação interna pode incluir seis tipos de instrumentos que atuam em seis áreas diferentes, (canais de comunicação, eventos, campanhas, atividades lúdicas, convênios e pesquisa) e divididas em quatro meios (oral, escrita, audiovisual e comunicação não verbal), como mostra o quadro abaixo: Quadro 6 – Instrumentos da Comunicação Interna MEIOS ÁREAS Canais de Comunicação Eventos ORAL ESCRITA AUDIOVISUAL NÃO-VERBAL Conversas Reuniões Discursos Jornal Mural Revistas Informativos Relatórios TV Corporativa Rádio Corporativa Vídeo Institucional Sites; E-mails Hotlines Seminários Palestras Treinamentos Jantares Concursos Teleconferências Filmes Teatros Exposições Visitas Saúde Segurança Doação de alimentos Campanhas e Programas Esportes Ginástica Laboral Churrascos Atividades Lúdicas Convênios Pesquisa Hospitais Dentistas Academias Cursos Entrevistas Questionários Enquetes on-line Caixas de sugestões Fonte: O autor. Baseado em WAY, O Processo de Relações Públicas, 1986. 57 A comunicação oral satisfaz mais as necessidades de interação e integração, pois faz uso do “face a face”, enquanto a comunicação escrita, sendo mais formal e mais exata é utilizada para a transmissão de informações. A comunicação audiovisual tem um alto nível de penetração junto aos diversos públicos e permite um acesso rápido à informação e ao entendimento. A comunicação não verbal efetua-se através da ação, do fazer, do contacto físico, da expressão corporal e do gesto, sendo assim mais direta e participativa do que a comunicação oral. A comunicação não verbal também se encontra presente na comunicação oral, mas a integração é menor. (WEY, 1986) Na comunicação mercadológica, os instrumentos mais praticados são a propaganda, a promoção de vendas, marketing direto, merchandising e venda pessoal. De acordo com Perez e Bairon (2002) as definições mais comuns são: • Propaganda - Toda e qualquer forma de divulgação de um produto ou serviço, marca, empresa ou idéia, por meio de canais/meios de comunicação (verbais, escritos, audiovisuais, entre outros) com o intuito de informar e persuadir um determinado alvo. • Promoção de Vendas – Toda e qualquer ação objetivando a redução ou giro de estoque, aumento de vendas ou lançamento de novos produtos/serviços em um período de tempo determinado. • Marketing Direto – Ações estratégicas que utilizam técnicas de comunicação que possibilitam a personalização da comunicação, direcionando a um público alvo e obtendo respostas diretas e mensuráveis. • Merchandising - Relacionada com conceitos de propaganda e promoção de vendas, mas com o diferencial de que a ação 58 estratégica esta inserida em pontos de venda (mercados e lojas) ou meios de comunicação (novelas e filmes). Em vários casos não há a presença do vendedor, e sua promoção é feita visualmente (balões, cartazes e adesivos) objetivando uma maior visibilidade. • Venda Pessoal - Ação de promover por meio da comunicação direta com uma audiência qualificada de clientes. É a apresentação oral, em um diálogo com um ou mais compradores em perspectiva, com o propósito de realizar vendas. Enquanto que na comunicação mercadológica, são utilizadas as ferramentas de marketing, na comunicação institucional os instrumentos mais fortes são a relações públicas, a assessoria de imprensa e o marketing social. 2.7.1 Relações Públicas O grande responsável pela manutenção da imagem e identidade da organização é a Relações Públicas. É dela a função de administrar estrategicamente a comunicação das organizações com seus principais públicos atuando em sinergia com todas as demais modalidades da comunicação integrada. Para concretizar essa função, o trabalho de relações públicas busca conhecer quem são os públicos da organização (internos e externos), levando em conta o ambiente e suas variáveis (ameaças e oportunidades) em todo âmbito social e organizacional. (KUNSCH, 2003) A associação Brasileira de Relações Públicas define Relações Públicas como: “Esforço deliberado, planificado, coeso e contínuo da alta administração para estabelecer e manter uma compreensão mútua entre uma organização, pública ou privada, e o seu pessoal, assim como entre essa organização e todos os grupos aos quais está ligada, direta ou indiretamente”. (ABRP, citada por PEREZ E BAIRON, 2002 p. 49) 59 Beltrami (1976, p. 42) conceitua como: “... processo que busca levar o público a ter um conceito positivo e uma formação de imagem favorável a respeito de uma entidade ou de uma pessoa, divulgando atos e acontecimentos positivos dessa entidade ou pessoa.” Desta forma a função de Relações Públicas se apresenta como elemento multiplicador de informações e gestora dos relacionamentos organizacionais com vista à manutenção dos interesses institucionais e mercadológicos da organização. 2.7.2 Assessoria de Imprensa De acordo com Kunsch (2003) a assessoria de imprensa pode ser considerada uma das ferramentas essenciais no mercado da comunicação empresarial no Brasil por tratar da mediação da imagem da organização com o grande público. Utilizando diversas mídias como a mídia impressa, eletrônica e internet e comunicações de massa como a televisão, o rádio e o jornal, a assessoria de imprensa foca a eficácia da relação sociedade e empresa, através de estratégias de comunicação. 2.8 MARKETING SOCIAL Para um maior aprofundamento dos conceitos de marketing social, é necessária a definição de marketing. Segundo Kotler (1998, p. 26) "é um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de produtos de valor com outros". Desta forma é correto afirmar que marketing tende a satisfazer uma necessidade, tanto da empresa quanto do consumidor, através de uma troca de valores, sejam eles produtos ou serviços, com valores agregados ou não. No marketing social, o principio é o mesmo, mas ao invés de um produto ou serviço, o objeto a se trocar é uma idéia, causa ou atitude. 60 Segundo Kunsch (2006, p. 175) “o termo marketing social vincula-se às questões sociais”. Assuntos como saúde pública, meio ambiente, educação e Responsabilidade Social se apresentam como as necessidades a serem satisfeitas. Desta forma, o alvo principal é a sociedade e não o mercado, com vistas ao interesse público no lugar do privado. Kotler (1978, p.287) define o marketing social como: (...) o projeto, a implementação e o controle de programas que procuram aumentar a aceitação de uma idéia social num grupo-alvo. Utiliza conceitos de segmentação de mercado, de pesquisa de consumidores, de configuração de idéias, de comunicações, de facilitação de incentivos e a teoria da troca, a fim de maximizar a reação do grupo-alvo. Em ambas as colocações, os autores apontam o marketing social como uma estratégia de mudanças comportamentais e de atitudes, que pode ser utilizada em qualquer tipo de organização (pública, privada, lucrativa ou sem fins lucrativos), desde que esta tenha uma meta final de transformação de impactos sociais. Recentemente, o conceito de Marketing Social aparece com mais freqüência nos estudos sobre atuação social das empresas. Pringle e Thompson (2000, p. 03) definem o termo como “uma ferramenta estratégica de marketing e posicionamento que associa uma empresa ou marca a uma questão ou causa social relevante em benefício mútuo.” Melo Neto e Froes (2001), apresentam cinco estratégias na aplicação do Marketing Social: a) Marketing de filantropia: fundamenta-se na doação feita pela instituição a uma entidade que será beneficiada, normalmente esta doação se da pelo intermédio de uma organização do terceiro setor. b) Marketing de campanhas sociais: significa veicular mensagens de interesse público através de embalagens ou organizar promoções de vendas para determinado percentual ou dia de vendas ser 61 destinado a entidades, normalmente veiculados em mídias de massa. c) Marketing de patrocínio dos projetos sociais: o patrocínio pode ter origem por terceiros, com as empresas atuando em parceria no financiamento de suas ações sociais ou por patrocínio próprio, em que as empresas, através de institutos e fundações, criam seus projetos e implementam-nos com recursos próprios. d) Marketing de relacionamento com base em ações sociais: Trabalham com o pessoal da empresa para orientar os clientes, como usuários de serviços sociais. e) Marketing de promoção social do produto e da marca: a empresa utiliza o nome de uma entidade ou logotipo de uma campanha, agregando valor ao seu negócio e gerando aumento de vendas ou aumento na captação de novos consumidores. O Marketing social pode ser aplicado unicamente pela empresa, na construção de uma imagem mais responsável ou através de parcerias com entidades do terceiro setor que necessitem de apoio para que possam oferecer uma campanha em virtude de uma causa que afeta a sociedade. 2.9 TERCEIRO SETOR Toda organização esta classificada em três setores, de acordo com suas iniciativas e responsabilidades. O Estado (governo) se apresenta como o primeiro setor, visto que suas responsabilidades pelas questões sociais se afirmam pelo voto popular, é se constituem como obrigação. O segundo setor é 62 o privado, onde cada organização é responsável por questões inerentes à suas próprias responsabilidades individuais, sejam elas legais ou econômicas. Silva (2008) aponta que, com a falta de ações e pela falência do Estado perante as suas obrigações sociais, o setor privado se iniciou na tentativa de resolver essas questões sociais. Com o tempo, as próprias organizações privadas vislumbraram que estas ações não condiziam com a verdadeira iniciativa de uma empresa com fins lucrativos, e assim, com o tempo, inúmeros instituições foram criadas com o objetivo de gerar serviços de caráter público, nascendo assim o terceiro setor. Ou seja, o terceiro setor é constituído por organizações sem fins lucrativos e não governamentais, as chamadas ONGs. Além das Ongs, instituições religiosas, clubes de serviços, entidades beneficentes, centros sociais, organizações de voluntariado dentre outras, são instituições com preocupações e práticas sociais, sem fins lucrativos, que geram bens e serviços de caráter público, e desta forma, inseridas no terceiro setor. (Silva, 2008) O que caracteriza cada setor financeiramente é a aplicação de seus recursos. No primeiro setor o dinheiro público é usado para fins públicos; no segundo setor o dinheiro privado para fins privados, enquanto no terceiro setor, usa-se o dinheiro público e privado exclusivamente para fins públicos. (Almeida, 2002) Mais forte que nos outros setores, devido a sua própria origem, as instituições do terceiro setor integram, à sua concepção, o voluntariado, a prática de valores, o auxílio ao próximo, o desenvolvimento das virtudes sociais, o aprimoramento das aptidões e habilidades profissionais, a construção da cidadania. as iniciativas beneficentes e o cooperativismo. A influência do Terceiro Setor esta intimamente ligada ao marketing social, inclusive porque parte do principio da mudança de atitudes e inovações sociais, graças à militância de suas organizações. (Kotler, 1998) 63 3 INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR - IES 3.1 A CARACTERIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR Em todas as sociedades, a humanidade tem se preocupado com a organização social, política, econômica e cultural de seus povos, buscando a sua transformação social. E em todas as épocas o maior veículo desta estruturação social é o conhecimento. (Martins, 2002). De acordo com o mesmo autor, as primeiras buscas brasileiras por este conhecimento se deram nas primeiras escolas do ensino superior em 1808. Até o final do século XIX existiam vinte e quatro estabelecimentos de ensino superior no Brasil, com cerca de 10.000 estudantes. Com o aumento cada vez maior na busca pelo ensino superior, a iniciativa privada começa a criar suas próprias instituições de ensino superior - IES, surgindo de iniciativa das elites locais e confessionais católicas, e desta forma, cria-se uma distinção, público-privada, da transmissão do conhecimento. (Martins, 2002). Nos tempos atuais, a caracterização destas instituições pelo Ministério da Educação – MEC simplifica o entendimento de seus processos e elementos formadores. De acordo com o site www.mec.gov.br, as classificações foram definidas pelo Decreto nº 3.860 de 9 de julho de 2001, da seguinte forma: a. Universidades b. Centros Universitários c. Faculdades Integradas d. Faculdades e. Institutos e Escolas Superiores f. Centros de Educação Tecnológica A principal diferença esta que as universidades devem obedecer ao princípio de indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão, de acordo com o artigo 207 da Constituição Federal. Essa exigência não existe para as demais IES de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1996. 64 Em relação à natureza administrativa, as IES seguem as seguintes definições: • Públicas – podem ser caracterizadas como federais, estaduais e municipais; podendo ser de direito público ou de direito privado. • Privadas Comunitárias, Confessionais ou Filantrópicas – quando não visam a lucros e são geridas por pessoas físicas ou jurídicas de caráter comunitário. • Particulares (empresariais). – Cunho de lucro financeiro para o próprio desenvolvimento e sustentabilidade através de mensalidades. No portal do MEC, encontra-se um quadro explicativo da organização das instituições de ensino superior, transcrito abaixo: Figura 4 - Organograma da Organização Administrativa Fonte: www.portal.mec.gov.br 65 3.2 A RELAÇÃO: IES X RESPONSABILIDADE SOCIAL Até poucos anos atrás, pensava-se que a Responsabilidade Social das instituições de ensino superior consistia no cumprimento de três funções: o ensino, que se exige de qualquer instituição, a pesquisa, exigida apenas das universidades e a extensão, que decorre das anteriores e que consiste na divulgação de conhecimento e das competências que as instituições produzem para a sociedade, por meio de serviços associados às demais funções. (Durham, 2005) Mas da mesma forma, a IES deve estar conectada com a realidade do entorno que a cerca, dos problemas do país e das questões sociais de sua região. Na função de formar profissionais qualificados para as necessidades do mercado, a IES também precisa formar cidadãos eticamente responsáveis com a sociedade em que vive. Nesse sentido, A ênfase dada à Responsabilidade Social das instituições de ensino superior particulares pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e pela Lei n.º 10.861, de 14 de abril de 2004, que trata do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), torna esta atenção em uma quarta função. (Durham, 2005). De acordo com o SINAES, apresentado por Adolfo Ignacio Calderon (2005, p. 24) a Responsabilidade Social na educação superior deverá ser avaliada em três quesitos: A transferência de conhecimento e importância social das ações universitárias e impactos das atividades científicas, técnicas e culturais, para o desenvolvimento regional e nacional; a natureza da relações com o setor público, com o setor produtivo e com o mercado de trabalho e com as instituições sociais, culturais e educativas de todos os níveis e as ações voltadas ao desenvolvimento da democracia, à promoção da cidadania, à atenção aos setores sociais excluídos, as políticas de ação afirmativa, dentre outras. De acordo com (Durham, 2005), a situação alterada, onde o Estado falha na obrigação de resolver as questões sociais coloca a educação superior, pública e privada, como novo responsável na função de “salvar” o país. Assim, Durham (2005, p. 60), afirma que cabe às IES: 66 1. Aplicação de políticas afirmativas para a promoção da igualdade educacional, beneficiando os mais pobres e as minorias étnicas. 2. Contribuir para a eliminação das desigualdades sociais regionais. 3. Implantação de políticas públicas na área de saúde e cultura, além da ciência e da tecnologia. 4. Promoção da diversidade cultural e da identidade, ação e memória dos diferentes segmentos étnicos nacionais. Calderon (2005) aponta que o compromisso social das instituições de ensino superior, sempre esteve presente, ele apenas alterou sua nomenclatura para Responsabilidade Social. Na década de sessenta, O tema já emergia dentro das universidades européias e norte-americanas e apenas na última década, a medida que se tornou um pilar de sustentação do terceiro setor brasileiro, a Responsabilidade Social, tornou-se freqüente na educação superior. Calderon (2005, p. 15) aponta quatro questões chaves da Responsabilidade Social dentro das Universidades. 1. Não é um assunto tão novo quanto aparenta; 2. Tem uma relação intrínseca com a extensão universitária; 3. É mais do que mero compromisso, é dever. Tornando-se parte constitutiva da natureza e da essência da universidade; 4. Deve se traduzir em ações concretas que atendam as necessidades da população que a financia. O mesmo autor também aponta para o cuidado em se estabelecer a relação educação superior e Responsabilidade Social, uma vez que, na visão de amplos setores do cenário intelectual, a universidade não é uma empresa. 67 Diante de inúmeros discursos responsavelmente sociais, faz se necessário que a IES responda algumas questões, para entender em que posição se encontra. 1. Qual o entendimento da IES sobre Responsabilidade Social? O discurso é apenas estratégia de marketing, ou realmente se adota como modelo de gestão? 2. O investimento em Responsabilidade Social é uma prática real, séria e consistente, dando veracidade a sua implantação? 3. Se for um modelo de gestão, até que ponto isso é praticado em todas as suas atividades, com todos os seus atores, no âmbito interno e externo? 4. Até que ponto são eliminadas, do mercado universitário, as práticas negativas voltadas à exploração de seus trabalhadores? 5. Até que ponto o corpo docente participa nos programas de Responsabilidade Social de maneira voluntária e ética, sem pressão ou risco de perderem seus empregos? 6. As IES serão capazes de profissionalizar as atividades extensionistas, deixando de lado o assistencialismo e o voluntarismo, para assumi-las como práticas acadêmicas? Percebe-se nos apontamentos acima, que tanto para fins de avaliação do SINAES, quanto para a assimilação da Responsabilidade Social como parte da estratégia de gestão, a Responsabilidade Social deve ser inerente a sua atividade, ou seja, esteja ligada a prática de ensino, pesquisa e extensão. . 68 3.3 A RELAÇÃO: RESPONSABILIDADE SOCIAL X COMUNICAÇÃO A empresa que adotar a Responsabilidade Social como postura tende a querer evidenciar seus valores e sua imagem para seus públicos. Neste nível de percepção, a comunicação torna-se indispensável. De acordo com Ruy Martins Altenfelder Silva (2008), presidente da ABERJE - Associação Brasileira de Comunicação Empresarial, a comunicação exerce um papel relevante e estratégico no mundo contemporâneo onde os padrões de conduta valorizam cada vez mais o ser humano, a sociedade e o meio-Ambiente. O crescente desenvolvimento e expansão da Responsabilidade Social nas organizações geram a necessidade de um relacionamento ético e transparente entre os stakeholders. Desta forma, a atividade da comunicação é cada vez mais desenvolvida para limitar implicações, derivadas das significativas transformações promovidas pela gestão socialmente responsável. (PAIVA, 2008) Paiva (2008) também afirma que a Responsabilidade Social não existe por si só. Ela necessita de mecanismos de apoio na função de regular as relações entre a empresa e os seus públicos. E como em qualquer relacionamento, é necessária uma atitude de diálogo, de interlocução e, portanto, de comunicação. O mesmo autor aponta que não basta à empresa ser socialmente responsável, todos ao seu redor dever perceber e visualizar essa imagem. A Responsabilidade Social não pode existir sem a percepção da Responsabilidade Social. Como não existe percepção sem comunicação, podese afirmar que, sem comunicação, a Responsabilidade Social não se realiza integralmente. Grunig, citado por Kunsch, (2003) defende o modelo de comunicação simétrica de mão dupla, uma visão que privilegia o equilíbrio de interesses entre organização e os públicos envolvidos. Neste modelo, a empresa, antes de tomar uma decisão, analisa e negocia com a sociedade a profundidade dos impactos das suas ações. Para o autor, quem pratica a comunicação neste modelo, está mais próximo dos fundamentos de Responsabilidade Social. 69 Paiva (2008) apresenta alguns argumentos que demonstram a importância estratégica da comunicação na manutenção da Responsabilidade Social. 1. Espaços de intersecção: Para comunicar bem qualquer ação de Responsabilidade Social, é necessário integração e participação nas políticas e práticas da organização. 2. Envolvimento com os fatos. O profissional de comunicação deve participar da formulação dos projetos e fazer a diferença na hora de implementar as ações, visto que a comunicação oferece instrumentos valiosos para dinamizar e estruturar o exercício da Responsabilidade Social. Nas organizações socialmente responsáveis, a comunicação passa a ser exercida como fator de transparência e de diálogo perante a sociedade e mobilização dos públicos interno (funcionários e gestores) e externo (consumidores, fornecedores, acionistas e concorrentes). Paiva (2008) acrescenta que o profissional de comunicação deve atentar ao seu papel dentro do contexto da Responsabilidade Social. Assim o autor apresenta quatro atitudes: 1. Coordenar o processo de formulação das mensagens que deverão ser transmitidas aos públicos; 2. Desenvolver adequadamente os canais mais adequados para cada tipo de mensagem e para cada público; 3. Desenvolver mecanismos de feedback sobre a eficácia da comunicação; 70 4. Construir relacionamentos leais e duradouros entre a organização e os seus stakeholders, por meio de processos estruturados de diálogo. Com a Responsabilidade Social, a atividade de comunicação nas organizações passa a ser exercida com foco na transparência. Em resumo, a aplicabilidade correta dos argumentos e das atitudes do profissional de comunicação desenvolve uma melhor interação entre os stakeholders e busca o equilíbrio entre a imagem e reputação. (PAIVA, 2008). Diferentes entre si, a imagem é uma referência projetada e administrada pela empresa e deve ser fortemente mediada pela comunicação. Enquanto a reputação é a resultante de um processo que tem por base os valores e a identidade da empresa, refletidos sobre a forma como ela se relaciona com o meio ambiente e como trata seus stakeholders. Portanto, as empresas devem se ocupar não só da construção da imagem, mas cuidar principalmente da sua reputação. E desta forma, uma das melhores estratégias é a utilização de estratégias de comunicação. (PAIVA,2008) 71 METODOLOGIA Este trabalho busca sustentação na pesquisa bibliográfica, já que se encontra na questão de se levantar um estudo que se propõe a analisar e buscar soluções a um determinado problema, baseando-se em fontes de dados coletados por diversos autores secundários. (Marconi e Lakatos, 2001). Segundo Marconi e Lakatos (2001, p. 43) “Toda pesquisa implica o levantamento de dados de variadas fontes, quaisquer que sejam os métodos ou técnicas empregados.” Afirmam ainda que “... os dois processos pelos quais se podem obter os dados são a documentação direta ou indireta.”. De acordo com o perfil da pesquisa deste trabalho, e baseando-se na afirmação acima, o processo mais aplicável é o da documentação direta. Ainda, segundo Marconi e Lakatos, (2001, p. 43) a Documentação direta constitui “... no levantamento de dados no próprio local onde os fenômenos ocorrem. Esses dados podem ser conseguidos de duas maneiras: através da pesquisa de campo ou da pesquisa de laboratório.”. (BASTOS e KELLER, 2000 P. 55) Afirmam que a pesquisa de campo: [...] visa dirimir dúvidas, ou obter informações e conhecimentos a respeito de problemas para as quais se procura resposta ou busca de confirmação para hipóteses levantadas e, finalmente, a descoberta de relações entre fenômenos ou os próprios fatos novos e suas respectivas explicações. A pesquisa de campo também pode ser chamada de estudo de campo como afirma GIL (2002 p. 52). Para o autor o estudo de campo: [...] focaliza uma comunidade, que não é necessariamente geográfica, já que pode ser uma comunidade de trabalho, de estudo, de lazer ou voltada para qualquer atividade humana. A pesquisa é desenvolvida por meio da observação direta das atividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes para captar suas explicações e interpretações do que ocorre no grupo. De acordo com os autores acima, os processos se utilizam de técnicas de observação direta intensiva e extensiva, isto é, direta por tratar de observação e entrevista aliada às ferramentas extensivas como questionários, formulários ou medidas de opinião. (Marconi e Lakatos, 2001). 72 Baseado nisso, a presente pesquisa de campo se deu através de um estudo na Universidade Tuiuti do Paraná, situada em Curitiba, capital do Estado do Paraná. A pesquisa se deu em dois momentos. O primeiro se apresenta como uma entrevista com dois responsáveis pela gestão da instituição. O professor Afonso Celso Rangel Santos, Pró Reitor de Planejamento e Avaliação e a professora Ana Margarida de Leão Taborda, Pró Reitora de Promoção Humana. O objetivo era descobrir a percepção da Responsabilidade Social por parte dos responsáveis pelas ações da Instituição e comparar com o resultado obtido pela pesquisa com os alunos e funcionários. A delimitação da amostra se deu através do levantamento do número de alunos e funcionários da universidade, considerado o público interno. A amostra é composta por 100 (cem) alunos e 70(setenta) funcionários, entre professores e contratados, sem delimitação de sexo, idade ou posição social. Como a pesquisa objetiva descobrir o conhecimento das ações de Responsabilidade Social da universidade, a amostra não inclui os alunos dos cursos de saúde e do curso de direito, pois estes cursos possuem em sua grade curricular, os estágios obrigatórios, (clinicas escolas e núcleo de práticas jurídicas), e por atuarem junto à comunidade, freqüentemente são percebidos como praticas sociais. Com o intuito de se buscar respostas claras e objetivas, optou-se pela utilização de dois questionários como instrumento de coleta de dados da referente pesquisa (anexo 1 e anexo 2). O instrumento foi elaborado com dez perguntas de itens fechados (sim ou não), qualificando-a como pesquisa mista, pois observa a amostra de forma quantitativa e qualitativa6 em ambas as aplicações; fossem estas na entrevista com os gestores ou na entrevista com os alunos e funcionários. O questionário aplicado com os alunos e funcionários apresentava um espaço para a complementação de respostas abertas, permitindo identificar nomes de projetos e meios de comunicação. 6 A pesquisa quantitativa utiliza técnicas de coleta, tratamento e análise de dados marcadamente quantitativos, com uso de medidas e procedimentos estatísticos, enquanto a pesquisa qualitativa procura dar respostas aos aspectos da realidade que não podem ser quantificados. (Marconi e Lakatos, 2001). 73 Para a correta execução deste trabalho foram utilizadas pesquisas bibliográficas, com uso de livros, artigos, periódicos e toda e qualquer fonte de dados. O intuito foi identificar os conceitos de Responsabilidade Social, comunicação e instituições de ensino superior e avaliar a importância da comunicação integrada na divulgação das ações, projetos e programas da Universidade Tuiuti do Paraná e no relacionamento destas ações com os públicos interno e externo da universidade. Após a devida aplicação do questionário e coleta dos dados obtidos, realizou-se um agrupamento dos mesmos para sua organização. Com isso, foi possível a criação de uma tabulação dos dados através de dois gráficos. O primeiro gráfico (barras) apresenta o número total de respostas obtidas pelo número de questionários aplicados. O segundo gráfico (pizza) apresenta este mesmo número em valores percentuais. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS 3.3.1 Entrevista Segue abaixo um resumo dos pontos principais da entrevista cedida pelos professores Afonso Celso Rangel Santos, Pró Reitor de Planejamento e Avaliação e a professora Ana Margarida de Leão Taborda, Pró Reitora de Promoção Humana. De acordo com o professor Celso Rangel, as clínicas escolas, núcleos jurídicos e demais ações sociais da Universidade Tuiuti podem e devem ser consideradas como Responsabilidade Social, pois indicam uma forte preocupação com a comunidade. Certo que este papel deveria ser do Estado, o professor afirma veemente que nem sempre os autores, apontando inclusive os conceitos apresentados nesta pesquisa, estão certos em separar o que é Responsabilidade Social, e o que não é. Rangel questiona: “Não é Responsabilidade Social porque não temos registro ou por que você precisa fazer aquela ação (no caso da obrigatoriedade das clinicas)?” “Isso virou mais um bordão do que uma corrente 74 ideológica: Se não for assim não é Responsabilidade Social?. Ah, para com isso! Num país onde as diferenças sociais são tremendas, qualquer coisa que você fizer para diminuir a diferença, é alguma coisa absolutamente responsável e social” O professor acredita que a Tuiuti tem feito um grande trabalho social, dentro e fora da instituição e que essa atitude já existia antes mesmo do tema Responsabilidade Social virar palavra da “moda”. A professora Ana Margarida Taborda já foi mais pontual, respondendo as questões propostas e explicando cada uma delas na visão da reitoria de promoção humana. Para a professora, a Tuiuti sempre teve a intenção de se tornar uma empresa responsável, socialmente e ambientalmente, por isso foi criada a reitoria da promoção humana. A professora afirma que a grande questão era como instituir isso aos alunos e professores, de forma que eles pudessem contribuir e se conscientizar desta atitude humana. A resposta veio em forma de uma disciplina obrigatória em todos os cursos, chamada Estudos e Projetos Interdisciplinares. Esta disciplina pode ofertar aos alunos e professores o tempo que não existia antes para a prática e para o fomento da cidadania e da Responsabilidade Social. Entre os primeiros projetos oriundos desta disciplina estava o Fórum permanente da Agenda 21, que se tornou o carro chefe das ações da Tuiuti, por se tratar da primeira agenda 21 de uma universidade, em todo o país. Fora da disciplina as ações apresentadas foram: Coral, Creche, Reciclagem de lixo, Bolsas de estudo, além das ações dos cursos de saúde. Baseando-se nas afirmações acima e pelo estudo dos autores, é possível comentar alguns pontos. Se uma das ações da instituição foi inserir, obrigatoriamente, uma disciplina que, de acordo com a própria professora, é passível de reprovação, onde se encontra um dos princípios básicos da Responsabilidade Social, o voluntariado. No quesito comunicação, é possível debater que, se a disciplina de Estudos e Projetos Interdisciplinares veio como resposta para a promoção humana na Tuiuti, e se encontra em todos os cursos, porque os alunos não apresentaram este mesmo entendimento, chegando a não citar em momento algum a disciplina? Cabe uma releitura da percepção institucional perante os resultados que se apresentam nesta pesquisa. A comparação com as perguntas do 75 questionário será feita em cada analise dos gráficos. Sendo assim, baseado nos dados colhidos chegou-se aos seguintes resultados: Gráfico 1 - Questão 1 Analisando o gráfico um, observa-se que 86% dos pesquisados afirmam saber o significado de Responsabilidade Social e apenas 14% respondeu que não tem conhecimento do que se trata a RS. Esta pergunta esta intimamente ligada com as questões 2 e 3, pois dependendo das respostas obtidas, é possível entender se os entrevistados que disseram sim à pesquisa, conhecem de fato o real significado da RS. 76 Gráfico 2 - Questão 2 A questão dois apresenta um percentual de 68% de entrevistados que consideram as ações de doação de alimentos, roupas e brinquedos como Responsabilidade Social, e o percentual de 32% que não consideram. Baseado nos autores apresentados neste trabalho, é correto afirmar que ações de doação pretendem sanar uma necessidade imediata de uma comunidade ou individuo, e está diretamente ligada com a caridade. Qualquer doação, quando não acompanhada de planejamento e de um compromisso de transformação por parte de quem doa, não pode ser entendida como Responsabilidade Social, e sim como ação assitencialista. 77 Gráfico 3 - Questão 3 Neste gráfico é possivel observar o mal entendimento da maioria dos alunos e colaboradores da universidade Tuiuti. Este engano é muito comum em várias instituições de ensino superior do Brasil. Quando algum curso tem por obrigação a institucionalização de uma atividade na comunidade, com fins principalmente didáticos e, consequentemente, de transfomação social e focada no aprendizado prático de seus alunos; esta ação não é responsabiliadade social. De fato ela é uma ação social, como afirma o Pró Reitor, professor Afonso Celso Rangel Santos, pois diminui as diferenças sociais e supre uma necessidade da sociedade, mas não atende alguns critérios básicos da RS: Planejamento, transformação e compromisso. Desta forma é plausivel que 77% dos entrevistados tenham marcado sim e 23% tenham marcado não, nesta pergunta. Outro fator interessante encontrado durante a pesquisa, foi que alguns alunos apontaram que não consideram as clínicas como RS devido à cobrança, de carga horária ou de valores. Com base nos resultados dos gráficos 2 e 3, e 78 analisando o gráfico 1, pode-se afirmar que a maioria dos entrevistados, não conhece realmente o significado de Responsabilidade Social. Gráfico 4 - Questão 4 Novamente existe uma ligação entre as questões. A pergunta quatro tende a descobrir diretamente se os entrevistados tem algum conhecimento das ações da Universidade. Comparando as respostas obtidas com os dados dos gráficos 5 e 6, é possível apontar o real conhecimento das ações da Tuiuti. No gráfico quatro, 64% dos entrevistados disseram que não tem conhecimento das ações de Responsabilidade Social da Tuiuti e 36% afirmaram conhecer. 79 Gráfico 5 - Questão 5 A análise deste gráfico aponta para uma realidade interessante. Independente de que os entrevistados não precisem necessariamente conhecer o numero total de ações de Responsabilidade Social da Tuiuti, os dados mostram que os mesmos tem muita pouca, ou quase nenhuma informação sobre este assunto, visto que 99% das respostas foram negativas e apenas 1% dos entrevistados afirmando que que conhecem todas as ações. 80 Gráfico 6 - Questão 6 Quando questionados sobre os nomes dos projetos, 11% disseram saber nomes específicos dos projetos. Neste índice, os dois nomes mais lembrados foram “Rondon” e “Agenda 21”, seguidos por aqueles que elencaram “clinica escola” como nome de projeto. Aqui faz-se outra análise. Os dois nomes mais lebrados não são de autoria da Universidade Tuiuti, e sim do primeiro setor, o governo. Esta confusão é muito comum, devido à participação das Universidades em ambos os projetos e é possivelmente explicada pela falta de divulgação e de informações mais corretas sobre estes próprios projetos e da participação da universidade. O alto valor de entrevistados que não lembravam de nenhum nome, 89%, mostra que, na verdade, os resultados do gráfico quatro podem não apresentar uma informação correta. 81 Gráfico 7 - Questão 7 Na questão sete, a ligação encontra-se com a o índice de respostas positivas da questão anterior. Para os 11% que responderam sim à pesquisa, 22% afirmou saber do que se tratava os projetos apontados. Dentre aqueles que responderam a parte qualitativa da pesquisa, o assunto mais apontado foi Saúde, sem muita distinção de que tema dentro da saúde, pois os entrevistados se dividiam em vário tipos de atendimento. 78% dos entrevistados responderam negativamente à esta questão. Isso mostra que os cursos de saúde são os que mais se engajam em projetos e programas de Responsabilidade Social, ou pelo menos é a percepção dos alunos dos outros cursos. 82 Gráfico 8 - Questão 8 Outro dado interessante. 92% dos entrevistados afirmaram nunca terem participado de nenhuma das ações de Responsabilidade Social da Tuiuti. Mas de acordo com a Professora Ama Margarida Taborda, todos os alunos participam ou já participaram, através da disciplina de Estudos e Projetos Interdisciplinares, que faz parte de cada curso da instituição. Isso mostra que há uma falha acentuada de comunicação no que diz respeito ao entendimento dos acadêmicos sobre as ações da Universidade. Ao analisar a resposta dos funcionários, mesmo que somados aos 92%, o gráfico mostra que existe a mesma falta de comunicação, inclusive observando a questão de captação de funcionários para os projetos institucionais de RS. Dentre os 14% que responderam sim, os projetos mais citados foram o Coral e a Agenda 21. 83 Gráfico 9 - Questão 9 A questão nove pretendia descobrir se os resultados alcançados pelas ações praticadas pela Tuiuti tiveram alguma divulgação. 3% afirmaram terem conhecimento dos resultados alcançados por estes projetos, mas infelizmente, nenhum soube dizer qual era. E novamente um valor percentual muito alto de entrevistados que responderam que não tem conhecimento dos resultados, 97%. Como apontado antes, a comunicação da RS pode contribuir para a manutenção da imagem de uma instituição. Desta forma, divulgar os resultados positivos alcançados por um projeto, alem de icentivar a continuidade do projeto, tende a captar novos voluntários. Afinal, faz parte da Responsabilidade Social planejar onde se quer chegar e quanto se quer transformar. 84 Gráfico 10 - Questão 10 Na ultima questão, dentre os entrevistados, 28% afirmaram que encontraram divulgação das ações da Universidade Tuiuti em algum meio de comunicação. Quando questionados em qual meio de comunicação, a grande maioria apontou terem visto no site institucional e em cartazes pendurados nos murais da sede. Mas 72% de entrevistados, não conseguiram lembrar de nenhuma mídia ou local específico onde possam ter visto algo sobre as ações de RS da Tuiuti. Esta questão não pretende mostrar que, obrigatoriamente, a Responsabilidade Social deva ser divulgada como forma de marketing, mas sim lembrar a importância dos funcionários e alunos terem conhecimento do que a instituição esta fazendo. 85 CONCLUSÃO Na relação que envolve a Responsabilidade Social, a comunicação e instituições de ensino superior, Calderon (2005) aponta a tendência de se destacar à Responsabilidade Social no mercado através de estratégias de marketing. Com a concorrência entre as IES, na busca por uma imagem responsável, objetivando inclusive novos alunos, é cada vez mais comum a utilização de ferramentas de comunicação. Entre os pontos principais destacam-se a prática de divulgar o balanço social, desenvolver propagandas na grande mídia e em sites, com foco em atividades sociais, divulgar promoções em vestibulares e publicar notícias de ações sociais em jornais e revistas especializadas. A Responsabilidade Social é um conceito ainda muito novo e conseqüentemente mal compreendido, principalmente pelas Instituições de Ensino Superior. A partir da adoção crescente de práticas sociais pelas IES, é possível enxergar que forma como as mesmas estão solidificando estas praticas, comportamentos e definições sobre o assunto nem sempre são corretas. Conforme divulgado pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior – ABMES, na publicação Responsabilidade Social, nº 2, ano 2, muitas IES brasileiras, em sua grande maioria, atuam em projetos assistencialistas, e as divulgam como Responsabilidade Social, não se preocupando com a questão do compromisso e transformação da sustentabilidade social do projeto. Não se pode negar a importância dessas ações, principalmente no cenário de carência social que atualmente encontrase o país, mas ainda assim, de acordo com os autores citados, é uma divulgação incorreta. Pelo embasamento teórico aqui apresentado, fica clara a diferença entre Responsabilidade Social e a pura ação social. Percebeu-se que o conceito de Responsabilidade Social é mais abrangente e complexo do que a pura atuação na comunidade e para a comunidade. A efetiva Responsabilidade Social deve estar enraizada nos valores da organização. 86 Da mesma forma, vários autores apontaram que a comunicação é parte fundamental na gestão da Responsabilidade Social, pois mantém saudável o relacionamento entre instituição e seus públicos. Pelos resultados obtidos na pesquisa, é possível afirmar que a comunicação é imprescindível no processo de gestão da Responsabilidade Social. Pode-se afirmar que há uma lacuna entre o que se faz e o que se percebe, quando colaboradores (funcionários e professores) e clientes (alunos) não reconhecem, não identificam a primeira vista os projetos ou não os relacionam corretamente como ações da própria instituição. Desta forma, é correto afirmar que a comunicação integrada é necessária para dialogar ou informar corretamente os stakeholders dos projetos sociais, do que se tratam estes projetos e até mesmo para corrigir erros de informação e conhecimento sobre a própria instituição. Mesmo que o processo de planejamento da comunicação de RS não seja parte da gestão institucional, há que se considerar, porém, que quanto mais estratégica, mais eficiente a divulgação tende a ser. A idéia principal em planejar a comunicação das ações de RS não é apenas em divulgar fortemente os nomes dos projetos e programas, ou de estabelecer estratégias de comunicação inovadoras, mas sim de equilibrar o espaço entre o que os gestores e responsáveis pelas ações acreditam ser Responsabilidade Social, e o que os demais públicos estão visualizando. E este projeto mostra claramente que a comunicação integrada pode ser a chave para este equilíbrio. Conclui-se que este trabalho alcançou os objetivos principais: 1) Apresentou as ações da Universidade Tuiuti, elencadas na entrevista realizada com os professores Afonso Celso Rangel Santos e Ana Margarida de Leão Taborda. 2) Definiu os principais conceitos de RS e comunicação Integrada, através do embasamento teórico 87 3) Comparou a percepção dos gestores da instituição com a percepção dos seus diversos públicos, descobrindo que a gestão da comunicação da Responsabilidade Social da Universidade Tuiuti, é ineficaz, de acordo com os dados obtidos pela pesquisa. A análise dos resultados aqui apresentados pode servir de estímulo para que a gestão da Universidade Tuiuti, e de outras Instituições de Ensino Superior que atuem ou queiram atuar na área social, possam refletir e buscar a melhor forma de comunicar a sua Responsabilidade Social. 88 RECOMENDAÇÕES FINAIS Esta pesquisa não busca elencar soluções para melhorar a comunicação das ações de RS da Universidade Tuiuti, pois seu objetivo principal era o de diagnosticar e comparar, mas pela experiência adquirida neste trabalho, é possível apresentar duas sugestões como recomendações finais. A primeira recomendação é a conscientização de todos os stakeholders da instituição, do significado completo de Responsabilidade Social, para que não haja mais lacunas de percepção. Esta conscientização deve ser trabalhada em dois momentos: o primeiro seria trabalhar os conceitos definidos pelo instituto Ethos e utilizar as ferramentas oferecidas pelo próprio site, para avaliar a Responsabilidade Social da Universidade. O segundo momento se apresenta no desenvolvimento de um planejamento pontual de comunicação integrada, com ênfase nas ferramentas de endomarketing (público interno) e marketing social (público externo). Como um projeto de comunicação integrada envolve aspectos de uma nova pesquisa mais abrangente, da analise completa da gestão institucional, da coleta de todas as informações referentes aos programas e projetos e principalmente de tempo hábil; não cabe a este trabalho apresentar um plano especifico e delimitado. Cabe sim aos gestores e responsáveis pela Responsabilidade Social trabalhem em conjunto com o departamento de comunicação institucional para auxiliar no desenvolvimento e criação deste plano. 89 REFERÊNCIAS Akatu e Ethos divulgam pesquisa sobre cidadão consumidor e RSE. Disponível em http://www.avozdocidadao.com.br/detailAgendaCidadania.asp?ID=1050.html. Acesso em: 11, mai. 2008. ALMEIDA, F. O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002. AMARAL, C. A história da Comunicação Empresarial no Brasil. São Paulo, 1999. ASHLEY, P. A. et al. Ética e Responsabilidade Social nos Negócios. São Paulo: Saraiva, 2002. BASTOS, C., KELLER, V. Aprendendo a aprender - Introdução à Metodologia Cientifica. Vozes. Rio de Janeiro, 2000. BECKER, E. Linguagem, Corrupção e liberdade em Rousseau. São Paulo, Artigo disponível em http://www.unicamp.br/~jmarques/gip/AnaisColoquio2005/cd-pag-texto-26.htm. Acesso em 16 jun, 2008. BELTRAMI, A. Comunicação constrói? 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Se sim, cite dois: ( ) Sim ( ) Não ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 7. Você sabe do que se tratam estes projetos? ( ) Sim ( ) Não ____________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 8. Você já participou de algum deles? Qual? ( ) Sim ( ) Não ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 9. Tem conhecimento dos resultados alcançados por estes projetos? Se sim, qual foi? ( ) Sim ( ) Não ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 10. Você já viu alguma divulgação de marketing sobre os projetos de Responsabilidade Social da Tuiuti? Se sim, onde? ( ) Sim ( ) Não ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ Muito obrigado pela sua atenção! 94 ANEXO 2 ENTREVISTA “ A Comunicação da Responsabilidade Social em Instituições de Ensino Superior de Curitiba.” Leonardo Vieira da Rocha Orientação: Prof. Rosilene Lehmkuhl Stakeholder: _________________________________Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino Idade: _____ Cargo: __________________________________________________ 1. O que significa Responsabilidade Social no seu entendimento? 2. Campanhas como doações de alimentos, roupas e brinquedos praticadas pela Universidade Tuiuti são ações de Responsabilidade Social? Por quê? 3. Os atendimentos oferecidos pelas clinicas escolas, empresas juniores e práticas jurídicas da Universidade Tuiuti são ações de Responsabilidade Social? Por quê? 4. Quais são as ações (programas e projetos) de Responsabilidade Social da Tuiuti? 5. Do que se trata cada projeto? 6. Quais foram os resultados alcançados pelos projetos? 7. A Tuiuti considera os atendimentos oferecidos pelas clinicas escolas, empresas juniores e práticas jurídicas como Responsabilidade Social? 8. Existe um planejamento para estas ações? 9. Existe uma estratégia de comunicação para a divulgação e promoção desses projetos? 10. Qual é o índice de participação dos stakeholders nos projetos e programas de Responsabilidade Social? 95 ANEXO 3 Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y YY Y YYYYYYYYYϭ ϭ ϭ ϭ ϭ ϭ ϭ ϭ ϭ ϭ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϰ ϭ Ϯ ϯ ϰ ϱ ϲ ϳ ϴ ϵ Ϭ ϭ Ϯ ϯ ϰ ϱ ϲ ϳ ϴ ϵ Ϭ ϭ Ϯ ϯ ϰ ϱ ϲ ϳ ϴ ϵ Ϭ ϭ Ϯ ϯ ϰ ϱ ϲ ϳ ϴ ϵ Ϭ ^/D EK ϭ ^ E ^ E E ^ ^ E E ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ E E E E E E ^ E E ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ E ^ ^ Ϯϲ ϭϰ Ϯ ^ E E ^ ^ ^ E ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ E ^ E ^ E E ^ ^ E ^ ^ ^ ^ ^ ^ E ^ E E E ^ ^ E E Ϯϲ ϭϰ ϯ ^ ^ ^ E ^ ^ ^ E ^ ^ ^ ^ E ^ ^ E ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ E ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ϯϱ ϱ ϰ ^ E ^ E ^ E E E E E E E E ^ ^ E E E ^ E ^ ^ E E E E E ^ E E ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ E ^ E ϭϳ Ϯϯ ϱ E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E Ϭ ϰϬ ϲ ^ E E E ^ E E E E E E E E E ^ E E E E ^ ^ ^ E E E E ^ E E ^ E E ^ E E ^ ^ E ^ E ϭϮ Ϯϴ ϳ E E ^ E E ^ E E E E E E E ^ ^ E E E ^ ^ ^ ^ E E E E ^ E ^ ^ ^ ^ E E ^ ^ ^ E ^ ^ ϭϴ ϮϮ ϴ E E E E ^ ^ ^ E E E E E E E ^ E E E E ^ E E ^ E E E E E E E E ^ E E ^ E ^ E E ^ ϭϬ ϯϬ ϵ E E ^ E E E E E E E E E E E E E E E E ^ E ^ E E E E E E E E E ^ E E ^ E E E E E ϭ Ϭ E ^ ^ E E E ^ E ^ ^ ^ E ^ E ^ E E E E ^ E ^ E E E E E E E ^ ^ E E E ^ E ^ E E E ϱ ϯϱ ϭϰ Ϯϲ Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y YYYYYYYYYϭ ϭ ϭ ϭ ϭ ϭ ϭ ϭ ϭ ϭ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϰ ϭ Ϯ ϯ ϰ ϱ ϲ ϳ ϴ ϵ Ϭ ϭ Ϯ ϯ ϰ ϱ ϲ ϳ ϴ ϵ Ϭ ϭ Ϯ ϯ ϰ ϱ ϲ ϳ ϴ ϵ Ϭ ϭ Ϯ ϯ ϰ ϱ ϲ ϳ ϴ ϵ Ϭ ϭ ^ E ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ϯϵ ϭ Ϯ E ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ E E ^ E ^ E ^ ^ ^ ^ ^ ^ E ^ ^ ^ E E E ^ ^ E ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ϯϬ ϭϬ ϯ ^ ^ ^ ^ ^ ^ E E ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ E ^ ^ ^ E ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ E E ^ E E ^ ^ E ^ ^ E ^ ^ ϯϬ ϭϬ ϰ E ^ ^ ^ ^ ^ E E E E E E E E ^ E ^ E E E ^ ^ E E E E ^ E E E ^ E E E E ^ ^ ^ ^ E ϭϱ Ϯϱ ϱ E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E ^ E E E E E E E E E E E ϭ ϯϵ ϲ E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E ^ E E E E E E E E E ϭ ϯϵ ϳ E ^ ^ ^ E ^ E E E E E E E E E E ^ E E E E E E E E E E E E E ^ E E E E E E E ^ E ϳ ϯϯ ϴ E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E ^ E E E E E E E E E ϭ ϯϵ ϵ E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E ϭ Ϭ E E ^ ^ ^ ^ E E E E E ^ E E ^ E E E E E E E E ^ E E E E E E ^ E ^ E E ^ ^ ^ E E Ϭ ϰϬ ϭϮ Ϯϴ Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y YYYYYYYYYϭ ϭ ϭ ϭ ϭ ϭ ϭ ϭ ϭ ϭ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϭ Ϯ ϯ ϰ ϱ ϲ ϳ ϴ ϵ Ϭ ϭ Ϯ ϯ ϰ ϱ ϲ ϳ ϴ ϵ Ϭ ϭ Ϯ ϯ ϰ ϱ ϲ ϳ ϴ ϵ Ϭ ϭ Ϯ ϯ ϰ ϱ ϲ ϳ ϴ ϵ Y ϰ Ϭ ϭ ^ ^ ^ E ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ E ^ ^ ^ ^ ϯϰ ϲ Ϯ ^ E E ^ E E ^ ^ ^ ^ E ^ ^ E ^ ^ ^ E E ^ E ^ ^ ^ ^ ^ ^ E ^ ^ ^ ^ E ^ ^ ^ E E ^ ^ Ϯϰ ϭϲ ϯ ^ ^ ^ E E ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ E ^ ^ E E ^ ^ ^ ^ ^ E ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ E ^ ^ ^ E E ^ ^ ^ Ϯϴ ϭϮ ϰ E E E E E ^ ^ E E E E ^ E E ^ E E E E E E E ^ E E ^ ^ ^ ^ ^ ^ E E E E E E ^ ^ E ϭϭ Ϯϵ ϱ E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E Ϭ ϰϬ ϲ E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E ^ E E E ^ ^ E E E E E E E E E E E E ϯ ϯϳ 96 ϳ E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E ^ E E ^ ^ ^ ^ E E E E E E E E E E E ϱ ϯϱ ϴ E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E Ϭ ϰϬ ϵ E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E ϭ Ϭ E ^ E E E ^ ^ E E E E E E E ^ ^ E E ^ E E E ^ E E E E E E E E E E E E E E ^ ^ E Ϭ ϰϬ ϳ ϯϯ Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y YYYYYYYYYϭ ϭ ϭ ϭ ϭ ϭ ϭ ϭ ϭ ϭ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϰ ϭ Ϯ ϯ ϰ ϱ ϲ ϳ ϴ ϵ Ϭ ϭ Ϯ ϯ ϰ ϱ ϲ ϳ ϴ ϵ Ϭ ϭ Ϯ ϯ ϰ ϱ ϲ ϳ ϴ ϵ Ϭ ϭ Ϯ ϯ ϰ ϱ ϲ ϳ ϴ ϵ Ϭ ϭ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ E ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ E ^ ^ ϯϴ Ϯ Ϯ ^ ^ ^ E E E ^ ^ E ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ E E ^ E E ^ ^ ^ ^ E ^ ^ E ^ ^ ^ ^ ^ E ^ E ^ ^ Ϯϴ ϭϮ ϯ ^ ^ ^ E E ^ E E ^ ^ E ^ ^ E ^ ^ ^ ^ ^ E E ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ E ^ ^ ^ ^ E ^ ^ ^ ^ ^ ϯϬ ϭϬ ϰ E E ^ E E E ^ E E E E ^ ^ ^ ^ E E E E E E ^ ^ E E E E ^ E E ^ E ^ ^ E E E ^ ^ E ϭϯ Ϯϳ ϱ E E E E ^ E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E Ϭ ϰϬ ϲ E E E E E E ^ E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E ^ E E E E E E Ϯ ϯϴ ϳ E E E E E E ^ E E E E E E E ^ E E E E E E E E E E E E E E E E E ^ ^ E E E ^ E E ϰ ϯϲ ϴ E E E E E E ^ E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E ^ E E E E E E Ϯ ϯϴ ϵ E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E E ϭ Ϭ E E E E E E ^ E ^ E E ^ ^ ^ E E E ^ E E E ^ ^ E E E E E E E ^ ^ E ^ E E E E ^ E Ϭ ϰϬ ϭϭ Ϯϵ Ϭ Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y YYYYYYYYYϭ ϭ ϭ ϭ ϭ ϭ ϭ ϭ ϭ ϭ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ Ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϯ ϰ ϭ Ϯ ϯ ϰ ϱ ϲ ϳ ϴ ϵ Ϭ ϭ Ϯ ϯ ϰ ϱ ϲ ϳ ϴ ϵ Ϭ ϭ Ϯ ϯ ϰ ϱ ϲ ϳ ϴ ϵ Ϭ ϭ Ϯ ϯ ϰ ϱ ϲ ϳ ϴ ϵ Ϭ ϭ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ E ^ ϵ ϭ Ϯ E ^ ^ ^ ^ ^ E ^ E ^ ϳ ϯ ϯ E ^ ^ ^ ^ E ^ ^ ^ ^ ϴ Ϯ ϰ E ^ E ^ ^ E E E ^ ^ ϱ ϱ ϱ E E E E E E E E E E Ϭ ϭϬ ϲ E E E E ^ E E E E E ϭ ϵ ϳ E E E ^ ^ E E E ^ E ϯ ϳ ϴ E E E E ^ E E E E E ϭ ϵ ϵ E E E E E E E E E E ϭ Ϭ E ^ ^ E ^ E E E E ^ Ϭ ϭϬ ϰ ϲ 97