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MOXA
É um recurso de tratamento de ACP que aumenta a atividade Yin do corpo. Pelo fato de
apresentar este efeito, é um recurso muitíssimo importante porque o Yin é básico, Fundamental.
Portanto, é uma terapêutica de escolha em patologias onde existe deficiência de Yin.
A moxa não é apenas um tratamento de calor: a combustão da artemisia (erva com propriedades
químicas) leva à absorção pela pele. Como todas as substâncias na natureza têm um ponto de
combustão específico e um calor específico, os pontos de combustão e calor da artemísia
favorecem a circulação do Qi e do Xue (sangue). A região em que é feita a moxa tende a ficar
hiperemiada e facilitar a absorção.
Concepção filosófica da MTC
Corpo
Matéria (Yin) – orgânico
Mente/energia (Yang) – vida
O Qi é considerado tudo o que acompanha a vida; não tendo Qi, é a morte. A morte na MTC é a
dissociação máxima Yang/Yin (que é a perda do Qi, abandonando a matéria).
Analisando somente o Qi: existe a parte Yin e a parte Yang.
A parte Yin do Qi é a parte mais próxima da matéria, é que faz a atividade e a nutrição dos
órgãos. Por ex.: faz o coração bater, faz o estômago Funcionar – é o Yin do Yang.
A parte Yang não tem nada de matéria: é a Função mental, a energia mental (que não pode ser
mensurada) – é o Yang do Yang.
Comparando as duas partes, a mais poderosa é Yang do Yang, ou seja, a força mental é mais
poderosa.
Em Função deste conceito, a MTC usa a meditação (força mental) como recurso de tratamento.
Como a ACP mexe no Yin do Yang, pode-se mexer com a energia mental fazendo a sua ação
sobre os órgãos: harmonizando os órgãos, consegue-se melhorar a força mental.
A meditação é o caminho inverso, onde a força da mente melhora os órgãos.
O JING é o substrato para a formação da energia mental, é a energia da Essência.
O Qi tem parcela mais Yin: responsável pelas Funções que diminuem (tendem a parar), como a
bradicardia, o resfriamento, etc.
O Qi tem parcela mais Yang: responsável pelas Funções que aumentam (tendem a movimentar),
como a taquicardia, o aquecimento, etc.
.
De acordo com os princípios da MTC, nada pode ser absolutamente Yin ou absolutamente Yang.
Se os canais de energia fossem só Yang, iriam queimar: então, é preciso também energia Yin
dentro desses canais e, para haver o equilíbrio, circula o Yin do Rim.
Se os canais de energia fossem só Yin, haveria parada total da energia: então é preciso também
energia Yang dentro desses canais e, para haver o equilíbrio, circula o Yang do Rim.
Quando se usa a moxa, fornece-se calor, atividade que vai estimular o movimento Yin (que tende
a parar). Ou seja, como o Yin tem tendência natural de estagnar, a moxa ativa a sua
movimentação. Aí se entenda fazer moxa nos CEP da B que é o canal de energia mais Yang de
todos (para a energia Yin, que é Água, se movimentar nos canais Yang).
O calor da moxa estimula, então, a circulação de Yin nos canais Yang. A partir daí, há uma
movimentação rápida no canal de energia e estimulação rápida dos órgãos.
Portanto, deve-se fazer moxa sempre que houver deficiência de Yin, ou seja, sempre que houver
estagnação da energia por deficiência do Yin.
Na prática, deve-se fazer moxa preferencialmente em pacientes idosos, debilitados,
convalescentes. Não é adequado fazer moxa em crianças e grávidas, que têm muita
movimentação.
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O CEP da B tem os pontos SHU dorsais, que são pontos preferenciais para fazer moxa. O
sistema do Triplo Aquecedor também é bastante Yang e, portanto, adequado para fazer moxa. Os
melhores pontos são os relacionados aos órgãos:
Aquecedor superior – VC17 (dá o “start” do C e P em crises de asma).
Aquecedor médio – VC12 (dá o “start” do E e BP em empachamento).
Aquecedor inferior – VC5/VC7 (dá o “start” em doença do R deficiente, como impotência sexual).
Deve-se fazer moxa também no ponto B22, que é o ponto SHU dorsal do TA.
Execução da moxa: tem técnica especial que é aproximar, movimentar e tirar sem queimar
(comparação com “enrolar o macarrão e comer”). O paciente não deve sentir dor e deve ter
sensação agradável.
O chamado “Caminho das Águas”, entre os pontos R1 a R7, é um local importante, onde deve ser
feita a moxa, para estimular o movimento Yin do R.
À PARTE – RECEITA DE SAÚDE
Fazer sempre os pontos VC4 e E36 para manutenção da saúde, para dar energia adicional à
saúde.
Até 40 anos de idade, utilizar agulha.
Após os 40 anos de idade, utilizar a moxa.
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ETIOPATOGENIA ENERGÉTICA
Fatores etiopatogênicos, agindo sobre a linha da normalidade em qualquer época da vida, podem
rebaixar a linha para outros planos. Para voltar, é preciso ajuda através de tratamento orgânico ou
energético pela MTC – às vezes, apenas uma mudança da qualidade de vida é suficiente. O
objetivo desses tratamentos, então, é a retomada do curso normal do Qi.
Os fatores etiopatogênicos podem ser divididos em externos, internos, mistos.
Externos – são as energias perversas.
Internos – as emoções são exemplos dos internos. A emoção é considerada interna porque
passa a ter significado quando e como o organismo interpreta.
Mistos – são situações que vêm de fora e causam doença dentro. Exs.: fadigas, alimentações,
traumatismos, intoxicações, envenenamentos, etc.
Uma alimentação gelada (mista) pode ter a mesma conotação patogênica do Frio externo. Porém,
a alteração inicial ocorre em órgãos. Por isto, chama-se noxa a essas alterações (tanto mistas
quanto internas).
ENERGIAS PERVERSAS
Definição – são energias cósmicas em desarmonia. São várias, mas as que mais afetam o ser
humano são as energias Frio, Calor, Umidade, Secura, Vento. Existem outras EP que a MTC
não sabe tratar: ondas eletromagnéticas, força gravitacional da lua, movimento das marés. Por
outro lado, as energias cósmicas (não as perversas) são necessárias ao ser humano. O corpo
humano, então, tem que ser receptivo a essas energias (livre acesso ao corpo). Se essas
energias cósmicas se tornam anômalas, passam a ser prejudiciais.
As energias cósmicas se transformam em energias perversas quando aumentam de intensidade
(tornam-se quantitativamente mais fortes). Ex.: o R tem necessidade de Frio para fazer bem a
sua Função. Caso aumente o Frio, pode lesar o R porque muda o equilíbrio interno. O limite entre
energias cósmicas e energias perversas é individual, subjetivo, dependendo da quantidade das
energias de nutrição e de defesa de cada pessoa (varia na mesma pessoa de um dia para outro
e de uma pessoa para outra), sendo mais importante a energia de nutrição que a de defesa. A
nossa energia nunca é constante, dependendo da nutrição (que muda muito e deve ser reposta
continuamente), da defesa e até do ciclo circadiano (variável no decorrer do dia).
Existe ainda uma linha divisória válida para todos: ocorre quando a alteração é muito grande; ex.:
-10ºC ou + 45ºC.
Outra forma é quando a energia cósmica aparece fora da estação correspondente. Ex.: dentro dos
5 Movimentos, temos as estações do ano. No inverno, a natureza está mais preocupada com o R
e assim por diante. Portanto, no inverno, o nosso corpo está dando muito mais passagem para o
Frio. Se houver Calor nessa época, o corpo não está suficientemente atento para recebê-lo, o que
pode provocar doenças.
As energias perversas entram pelo corpo (pela pele) ou pelas vias respiratórias (epitélio
invaginado da pele). Mais importante que o Wei Qi é a defesa geral do organismo.
O P (Fei) é quem cuida da pele porque produz o Wei Qi e tem energia para a defesa; portanto, o P
diFunde o Qi e faz a energia de defesa da pele. Esta precisa estar aquecida, úmida e com
vitalidade para fazer a defesa.
Além da pele, existem outras barreiras à penetração de energias perversas: abaixo da pele, a
defesa é feita pelos CTM e pela tela subcutânea que tem os líquidos orgânicos com muito Wei Qi.
A seguir, vêm os Canais Luo Longitudinais que são formas de barreira e expulsão de energias
perversas. Após todas estas defesas é que vêm os CEP e daí os ZANG FU. Como as vísceras
são menos importantes, são colocadas mais superficialmente: Tai Yang, Shao Yang e assim por
diante. O Tai Yang, sendo o mais Yang dos canais Yang, é o primeiro a combater as energias
perversas – se não conseguir combatê-las, elas passam para o Shao Yang e assim por diante,
podendo chegar à “alcova do Imperador”, que é o Shao Yin.
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FRIO
É extremamente Yin – promove retrações que se refletem como algo que pára. Tende a parar o
fluxo de energia; parar a própria energia perversa (a si próprio). Com isto, provoca uma espécie
de condensação (de bloqueio). O CEP agredido pelo Frio cria as características referidas: se o
fluxo não é bom, ocorre má nutrição. A falta de nutrição adequada após o bloqueio leva a um
sintoma genérico e diFuso de dor e impotência Funcional.
O Frio também é proFundo, pela característica Yin: pacientes costumam referir dor no osso, que é
a maneira de informar que a dor é proFunda. Costuma-se encontrar também alguma manifestação
de R doente como, por ex., cansaço, postura mais Yin, dores nas regiões que o R cuida: para o
Frio, então, é necessário que o R também tenha alguma deficiência, além de vencer o Wei Qi.
A meta do Frio é chegar ao R (desde a pele, passando pelas barreiras e pelos CEP), onde vai
impregnar. Aí surgem as queixas mais proFundas, mais viscerais, como a poliúria, a osteoartrose.
A dificuldade que o R passa a ter para a produção de energia leva o paciente a ter um déficit
energético geral. Uma das energias mais evidentes que o R passa a não produzir é o Yuan Qi
(energia da vitalidade) com as manifestações no cabelo, na pele, falta de ânimo, falta de
motivação em todo o organismo.
O Frio (Yin) diminui (consome) o Yang do corpo, principalmente as Funções e aquecimento,
movimento, transformação e proteção.
Temor ao Frio – diminuição da Função Yang de aquecimento e fracasso do Yong Qi em nutrir a
parte superficial do corpo.
Febre branda, calafrios – luta do Wei Qi com o Frio patogênico.
Lombalgias, artralgias – estagnação da circulação do Qi e do Xue.
Pouca ou nenhuma transpiração – o Frio contrai os poros.
Dispnéia – o Frio enfraquece as Funções de dispersão e descida do P.
Excreções claras e abundantes – o Frio enfraquece a Função Yang de retenção.
Língua com revestimento fino e branco – este revestimento é fino por ser recente e branco pela
diminuição do Yang.
CALOR
Tem a característica de expansão e fazer contrair. A contração significa movimento atividade. O
Calor tem a propriedade de promover atividade. Como intrinsecamente tem a característica de
expansão e diFusão, a dor costuma ser intensa, tem definição com relação ao início, mas não tem
uma localização precisa (é ampla). O comportamento das pessoas costuma ser agitado, sendo
amplo e diFuso, manifesta-se por cor avermelhada e também como algo grave (no interior). O
Calor quer sair, ir para fora: sendo suficientemente intenso para chegar ao interior, pode provocar
doenças graves (como rupturas, explosões, por ex.). Também é facilmente jogado para fora:
qualquer ajuda faz sair. Portanto, tem a característica de sarar logo.
O Calor tende a subir e afetar a parte superior do corpo, assim como lesar o Yin e, portanto, as
Funções de resfriamento, umedecimento, nutrição e repouso.
Temor ao Calor – hiperatividade do Calor no corpo.
Transpiração – eliminação dos líquidos pelos poros.
Boca seca, urina escassa, constipação, sede – o Calor consome os Jin Ye.
Face e tronco avermelhados, erupções vermelhas na pele, hemorragias – movimento
desordenado do Xue, associado ao Calor no Xue.
Insônia, irritabilidade – distúrbio do Shen mental, devido à lesão provocada pelo Calor.
Língua vermelha com revestimento amarelo fino – efeito do Calor sobre o Xue da língua e efeito
do Calor sobre a digestão.
UMIDADE
Energia perversa muito temida pelos chineses. É, entre as energias perversas, a que mais
consegue passar para o organismo porque a vida é Umidade e Calor: o Calor é altamente
mobilizável e com característica de sair, enquanto a Umidade é mais Yin, com tendência a
estagnar e procurar cada vez mais o interior (por ser pesada), se não tiver Yang para mobilizar. A
vida só é possível por ter o Calor para contrabalançar a Umidade e não deixar estagnar. Se esse
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Calor não for suficiente, a Umidade que sobra começa a ter as características negativas de peso,
aproFundamento e estagnação. Cada vez mais, vai nesse caminho, tanto que os chineses antigos
recomendavam para tomar todos os cuidados para não deixar entrar a Umidade, pela dificuldade
de removê-la: atividade física não deve incluir natação, evitar banho demorado, banho de imersão.
Se a pessoa tiver o BP doente, estes cuidados deveriam ser redobrados. Por outro lado, a
Umidade também é bastante frequente na natureza, principalmente na ingestão de alimentos.
Quando a Umidade sobra, a pessoa pode ter sensação de peso (que não é gordura), é cabeça
pesada, braços e pernas pesados. A pessoa começa a ter dificuldade de movimentos, já se
levanta da cama vagarosamente, entra em um carro devagar. Essa sensação tende a ficar cada
vez pior, e vai se somando essa dificuldade de movimento (lentificação).
A Umidade lentifica todos os processos (não retrai, como o Frio) em nível psíquico e físico
(comparar com “correr dentro da água”): o raciocínio se torna lento e o entendimento dificultoso,
além da dificuldade de movimentos. Pensamento é algo interno – a expressão do pensamento é a
fala (falar o que está pensando): se o pensamento fica lentificado, a fala também vai lentificar. Às
vezes, essa Umidade segura o pensamento, não deixando expandir – não expandindo, tende a
ficar repetitivo.
Outra característica grave é a interiorização, sendo obrigatória em todas as doenças crônicas,
porque a Umidade excessiva segura a doença.
A Umidade ainda é difícil de ser colocada para fora.
Tende a deprimir as Funções Yang do movimento e da transformação das substâncias,
principalmente de Qi e Jin Ye.
Letargia, lentidão – a Umidade deprime a Função do BP, com deficiência de Qi e Xue; é turva e
vagarosa, obstruindo o livre movimento do Qi e do Xue.
Sensação de peso na cabeça, membros, plenitude torácica ou abdominal, aversão à Umidade – é
pesada e lenta, obstruindo a circulação de Qi e Xue.
Urina turva, ascite, leucorréia, erupções na pele – a Umidade deprime as Funções do BP de
transformação e transporte dos Jin Ye, com obstrução e acúmulo dos líquidos turvos.
Perda de apetite, náuseas, indigestão, diarréia – a Umidade deprime a Função de digestão do BP.
Língua com revestimento gorduroso, grosso – acúmulo de Umidade/Mucosidade.
Se o organismo tiver tendência à deficiência de Yang, a Umidade freqüentemente se associa ao
Frio, formando a Umidade/Frio.
Ainda, o acúmulo de Umidade por longo tempo pode dar origem ao Calor, produzindo
Umidade/Calor, o que costuma ocorrer em pacientes com tendência à deficiência de Yin.
VENTO
Considerada pela MTC como sendo dentre todas as causas de agressão ao corpo, a mais
frequente. Não é a que causa mais doença, mas é a que mais agride. É muito Yang (o Calor é o
mais Yang, mas destrói) e não destrói.
Felizmente, o Vento tem pouca penetrabilidade, é altamente mobilizável e só entra quando se
associa com uma energia perversa, como o Calor ou o Frio. Portanto, o Vento/Frio e o
Vento/Calor agridem. A característica do Vento é promover movimento dos sintomas, fazendo a
sua diFusão. Quando se trata de dor, é dor que anda. Também provoca, por ex., uma certa secura
nos olhos (associado ao Calor) ou lacrimejamento (associado ao Frio).
Na prática, o Vento só potencializa a energia perversa a que se associa.
Temor ao Vento – diminuição de Wei Qi para aquecer pele e músculos.
Febre – luta entre o Wei e o Vento patogênico.
Transpiração – Wei Qi deficiente permite a abertura dos poros.
Cefaléia – o Vento invade os canais superficiais, principalmente o Tai Yang, dificultando a
circulação do Qi na cabeça.
Sintomas gripais – invasão do P pelo Vento, agredindo garganta e nariz.
SECURA
É mais comum em locais de clima seco e costuma agredir o P. Como o P é responsável pela
pele e vias aéreas, os sintomas costumam ser de secura na pele ou nas vias aéreas.
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P (Secura) forma o Tai Yin com o BP (Umidade).
A ligação P/BP garante a Umidade normal, enquanto a ligação Alto/Baixo (C/R) (Shao Yin)
garante a temperatura adequada do corpo.
Só existe a vida porque existem Umidade e Calor normais.
Na Secura, diminui a Umidade normal, manifestando-se os sinais de Secura no corpo: oligúria,
pele ressecada, sensação de vias aéreas ressecadas, envelhecimento das estruturas (porque
perde o turgor), ressecamento e queda de pelos, sangramento da pele, epistaxe, tosse seca com
sangramento.
É uma vida com diminuição de Umidade.
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ETIOPATOGENIA DAS DOENÇAS
As desarmonias não ocorrem de um momento para o outro, a não ser nos casos de traumatismos,
acidentes em que, a partir daquele instante, é que se inicia o processo. Porém, deve-se
considerar que, para um indivíduo sofrer um acidente, já deve existir um componente emocional
predisponente, ou seja, o acidente não é fortuito. Por exemplo, um indivíduo que seja atualmente
portador de uma doença provocada por uma energia perversa qualquer, não significa que tenha
sofrido influência dessa energia perversa há pouquíssimo tempo. Portanto, nem sempre se
consegue diagnosticar a relação entre uma doença (ou queixa) atual e o agente etiológico..
FATORES INATOS
São os fatores trazidos desde a vida intra-uterina, podendo provocar doenças no indivíduo adulto.
Por ex., um paciente com 50 anos de idade, que relata uma história de doença, pode ter trazido a
etiologia desde a vida intra-uterina. Deve-se lembrar ainda que a vida não se inicia somente a
partir da fecundação: existem genes de antepassados que podem influenciar na doença atual.
Na Medicina Ocidental só se estuda a herança quanto ao aspecto material (genotipo e fenotipo),
não analisando a herança emocional. A herança material, que é Yin, deve necessariamente ter a
herança emocional, que é Yang. Esta pode ser boa ou ruim, podendo consequentemente levar a
situações boas ou ruins na vida do indivíduo.
A fase intra-uterina é um período fértil para o aparecimento de doenças. Até recentemente, o feto
era considerado como um ser que não sentia nada. Hoje se sabe, pelo estudo dos movimentos
fetais, que o feto é muito estimulado, tanto por situações que a mãe passa quanto por situações
externas à mãe, como o barulho, por exemplo. Portanto, todas as situações que a mãe passa,
sente ou suas emoções podem sensibilizar o feto. Não tendo a parte consciente formada (o que é
certo ou errado, o que é sério ou brincadeira, por ex.), o feto ainda recebe literalmente as
emoções da mãe.
Analisando as emoções em relação aos 5 Movimentos, os 5 órgãos teriam a mesma probabilidade
de interferência na sua Fisiologia. Entretanto, caso haja alguma transformação, deve ser baseada
na tríade R-F-BP: o R (Movimento Água) promove o início, o F (Movimento Madeira) promove o
crescimento e o BP (Movimento Terra) promove a transformação. Portanto, para que ocorra
qualquer malformação, há necessidade da tríade para acontecer. Por ex., uma mãe com
ansiedade excessiva não poderá provocar malformação cardíaca, caso o coração do feto já tenha
sido formado.
Considerando as emoções em relação aos 3 órgãos, a primeira a aparecer é o medo (início).
Depois vêm a raiva e a preocupação, que são secundárias ao medo. A mãe se preocupa porque
tem alguma forma de medo. Qualquer indivíduo pode ter raiva ou preocupação porque tem medo
(do fracasso, do ridículo, de algo não dar certo, etc.). A preocupação que a mãe tem com um filho,
no Fundo, é o medo de perder.
A raiva da mãe lesa o F, levando-o a um estado Yang. Este Yang aumentado vai lesar o F do
feto, provocando aumento do Yang e diminuição do Yin. Esta raiva da mãe tem origem no R, por
medo: o feto vai então sentir medo, o que vai lesar o seu R e prejudicar a formação do Yang e do
Yin do seu corpo, porque o R é órgão fonte. Posteriormente é que afetará o F e, em seguida, o
BP.
Se a preocupação da mãe for em fase muito inicial da gravidez (nos primeiros 28 dias da
fecundação), pode provocar malformação (alterar a forma): existe comprovação científica de
alteração do DNA. As emoções da mãe, após esse período inicial, podem levar a alterações
energéticas e Funcionais, que se caracterizam principalmente por medo em várias intensidades,
depois do nascimento:
- medo pequeno – ficar no escuro, fazer novas amizades, situações novas, etc.
- medo de média intensidade – cachorro, gato, etc.
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- medo grande – é a sensação de morte, como, por ex., pode ocorrer em indivíduo nascido de
parto distócico com sofrimento fetal. Esta sensação de morte (dissociação Yang/Yin) é R + C e
costuma se manifestar no adulto pela síndrome do pânico (medo + ansiedade). Também o P
pode sofrer bastante, nestes casos, com dispnéia intensa, além do BP que corresponde ao
pensamento (situação de se ver sem saída).
Após o nascimento, passa a sofrer efeitos do meio ambiente, vivenciando situações novas,
através de pessoas próximas. O meio ambiente pode estimular emoções da vida intra-uterina ou
proporcionar novas emoções. Diante de situações novas, como a fome, a falta de higienização, a
sede, a luz que incomoda, a criança pode sentir medo e raiva (o medo vai afetar o R e a raiva vai
afetar o F).
Quando a criança vai para a escola, a situação nova pode gerar medo, depois pode encontrar
colegas maiores, agressivos e, sem poder reagir, vai gerar raiva. O aumento do Yang do F
provocado pela raiva tende a sair, uma parte como manifestação de raiva mesmo, e uma outra
parte que vai lesar o Yin, podendo trazer manifestações físicas posteriormente, como doenças do
F, além de afetar o C (geração excessiva), afetar o BP (dominância excessiva), afetar o P
(contradominância).
A alimentação inadequada ou desregrada também pode fazer o Yang do F afetar o BP. Por ex.,
aos 3 meses de idade, pode estar recebendo papinhas ou outras formas de alimento, o que
predispõe ao enfraquecimento do BP. Uma vez que o BP esteja enfraquecido, uma pequena
alteração do Yang do F já é suficiente para lesar o BP, manifestando-se como distúrbios
digestivos do lactente (diarréia, síndrome de má absorção, distensão abdominal, etc.).
O BP toma conta de todo o tubo digestivo. Por isto, em quase toda patologia orgânica, associamse distúrbios desse tubo digestivo: primeiro pela alimentação errada e depois pelo fato de o BP
estar entre o C e o F, que é Yang e Yin. Toda vez que ocorre uma alteração Yang/Yin, ocorrerá
distúrbio no tubo digestivo.
Desta forma, pensando no processo de adoecimento, os indivíduos propensos a adoecer são os
que, desde antes do nascimento, já trazem uma alteração de energia decorrente dos fatores
acima referidos. Nestes casos, as energias perversas têm maior facilidade de provocar doenças
porque a energia de defesa costuma estar baixa. Em consequência, essa energia, em vez de
subir para a normalidade, tende a piorar. O próprio nascimento já representa um choque térmico.
Portanto, qualquer Centro Cirúrgico deveria ter a temperatura do corpo humano.
Em relação aos alimentos, há pesquisas comprovando que os excessos seriam responsáveis por
várias doenças: excesso de sal, de gordura, de carne, de doces. Na realidade, não seriam os
alimentos atuais os maiores causadores de doenças, mas sim os ingeridos nas fases iniciais da
vida: aí é que ocorrem as alterações no tubo digestivo que vão persistir ao longo da vida. Por isto,
há indivíduos que ingerem alimentos gordurosos e não acontece nada, enquanto outros têm
doenças após a ingestão de pequenas quantidades de gordura. Assim também há indivíduos que
comem muito e não engordam, enquanto outros engordam com pouca alimentação.
O fator alimentar no processo de adoecimento
A parte do tubo digestivo está imatura na época do nascimento. O parâmetro para indicar que o
tubo digestivo está mudando, com as suas Funções adequadas é o aparecimento da dentição (a
partir do 1º dente de leite): indica que o tubo digestivo já está preparado para receber novos
alimentos.
Na mastigação, a saliva tem Yin e Yang do indivíduo, enquanto o alimento tem o seu Yin e Yang.
Na maioria das vezes, o Yin e Yang do alimento não são compatíveis com o Yin e Yang do
organismo. Quando é muito diferente, temos os alimentos tóxicos, venenosos. Quando é mais
compatível, o alimento é mais saudável. Nunca é igual: enquanto estamos mastigando, o Yin e o
Yang da saliva procuram adaptar o Yin e Yang do alimento ao organismo. Se o alimento é muito
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Yang, a saliva vai tirando o excesso e, se é muito Yin, a saliva vai tirando esse excesso. Portanto,
quanto mais se mastiga, mais fácil se torna a separação no Estômago da Essência e dos
nutrientes. Por isto, quando o indivíduo doente recebe a alimentação por sonda, não haverá
facilidade para a separação da Essência no Estômago: praticamente não se absorve a Essência ,
o indivíduo não ganha peso, o Wei Qi e o Zhong Qi ficam deficientes.
Pelo fato de o tubo digestivo e o BP estarem imaturos ao nascimento, o alimento tem que ser o
mais semelhante ao Yin e Yang do corpo: é o leite materno, que é a continuação da alimentação
materna via placenta, é a materialização do Qi materno.
De acordo com os conceitos referidos, a introdução de alimentos de outra origem (papinhas e
outros leites) é prejudicial à saúde Futura da criança: ocorre tendência de estagnação dos
alimentos e regurgitação (porque o BP também não está amadurecido).
No caso da intolerância do lactente ao leite materno, quase sempre se trata de alteração
emocional da mãe, levando à alteração da característica desse leite. Pode acontecer também a
situação de algum alimento ingerido pela mãe ser responsável pela alergia no lactente.
O fator alimentar inadequado afeta em primeiro lugar o BP, sendo responsável pela captação de
nutrientes que o R vai transformar em energia (Yin e Yang, principalmente Yin) para todo o
corpo. Inicialmente o R fabrica o seu próprio Yin, depois o F, o C, o BP, o P: a alimentação
inadequada vai levar ao prejuízo de todos os órgãos.
O excesso de determinados alimentos, no momento atual, pode ser lesivo, como, por exemplo, o
excesso de massas (na realidade, é excesso de sabor doce), o excesso de frutas com sabor doce
(como o caqui).
Excesso real – ingestão exagerada.
Excesso falso – no caso do BP deficiente, o pouco doce ingerido já pode ser exagerado.
Excesso de sabor doce – deficiência do BP.
Excesso de picante – prejudicial ao P.
E assim por diante.
O doce e o salgado em excesso são mais prejudiciais: o Qi Ancestral (Qi do Céu Anterior) e o Qi
Adquirido (Qi do Céu Posterior) são guardados respectivamente no R e no BP – o excesso vai
mexer com estas 2 formas de energia que são Fundamentais. O amargo, o picante e o ácidoazedo mexem com outras energias, mais secundárias; por isto, seu excesso não é tão prejudicial.
O salgado é prejudicial principalmente durante a gestação: tanto pode ter hipertensão na gravidez
quando prejudicar o feto (neste caso, deverão ocorrer alterações ainda não conhecidas, após o
nascimento, devidas às alterações no R).
Portanto, alimentação desregrada com excesso de sabor doce prejudica BP, F e R.
Posteriormente, pode vir a prejudicar P e C. É difícil se ouvir comentar que determinado
alimento é prejudicial ao P ou C, mas se comenta que as gorduras são prejudiciais ao F e ao R.
Se o indivíduo tem uma doença pulmonar, para se fornecer o sabor picante adequado, tira-se o
sabor picante e se dá o sabor doce (que é a mãe) ou a amargo (que é o sabor imperador). Por
isto, o conceito atual de que o sabor salgado faz mal para o hipertenso não é correto, uma vez
que o Qi Ancestral no adulto já foi utilizado e encontra-se em repouso, guardado no R.
O Qi Ancestral se manifesta no adulto quando o Qi Adquirido fica exaurido, como, por ex., em
caso de doenças graves (ou doenças crônicas, de acordo com a MTC). Quando o Qi Ancestral
começa a ser utilizado, manifestou-se o que está guardado nele, que são vidas passadas: são as
heranças dos pais, avós, etc., que constituem lembranças espontâneas de vidas passadas (“dejá
vu”). Esta não é a única forma de lembrar vidas passadas: pode-se provocar estas lembranças
pelo desenvolvimento do Qi Mental.
Os mexicanos e nordestinos têm o hábito de comer o picante (pimentas fortes) porque o clima é
muito quente: o Calor está relacionado ao C que está muito Yang (o corpo está muito Yang) o que
é representado pelo C. Para o C neutralizar o Yang, pede Água que vem do R; este começa a
enfraquecer e pede ajuda da mãe (que é o P) que necessita do picante (para fornecer essa Água
adequada ao R).
Um indivíduo de outra região (como o paulista), como os trópicos, tem o Yang mais equilibrado
(sem excesso): quando ingere o picante, aumenta a Água para o R, o que vai provocar diarréia.
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O sabor picante é Yang (como qualquer sabor): a diarréia é Yang (água quente) – trata-se da
enterocolite. É, portanto, uma defesa necessária para adaptação do organismo. O que não pode
ocorrer é a perda excessiva desse líquido, como em qualquer diarréia.
Um lactente com alimentação inadequada, tem os 5 órgãos enfraquecidos, “prontos para
receberem” as energias perversas. Por ex.: o primeiro Frio que surge vai afetar o R (a mãe
esquece a janela aberta ou demora para trocar a fralda esfriando os genitais, calção molhado em
piscina de água fria).
Na realidade, podem ir ocorrendo, ao longo do tempo, emoções, alimentação inadequada,
penetração de energias perversas e a doença vir a se manifestar em qualquer época da vida
(desde o RN até a velhice), dependendo dos fatores etiopatogênicos e da resistência individual.
As emoções tristeza, preocupação e medo são Yin. O Yin faz descer, o que significa levar a um
estado Yin ou provocar alterações Yin. A raiva e a ansiedade são emoções Yang, ou seja, faz
subir. Tem-se, então:
A – as doenças Yang, provocadas pelas emoções Yang e mais exuberantes, que vão se
manifestar na parte superior do corpo (AVC, isquemia, hipertireoidismo, conjuntivite, amidalite,
etc.);
B – as doenças Yin, provocadas pelas emoções Yin, que vão se manifestar na parte inferior do
corpo (diabetes, nefropatias, paralisias, artroses, etc.), enfim tudo o que leva à imobilidade, à
perda da sensibilidade, à perda de Funções normais.
O extremo do Yin é a morte (é o repouso absoluto).
Quando se tem emoções de preocupação, medo e tristeza, que são Yin, ocorre o seguinte:
quando se manifestam 2 delas, quaisquer que sejam, a consequência costuma ser a morte
(preocupação e medo, preocupação e tristeza, medo e tristeza). Na realidade, não são as
emoções que matam porque são imateriais: as emoções vão se materializar em forma de doença
para levar à morte.
A raiva e a ansiedade (Yang), para provocarem a morte, dependem da intensidade da alteração
vascular que causam. O Yang que está subindo pode alterar o eixo hipotálamo-hipófise: se fôr
para a tireóide, pode ocorrer a tireoidite. Em relação ao eixo hipotálamo-sistema imunológico,
podem ocorrer doenças, em que aumenta a imunidade (doenças auto-imunes) e doenças em que
falta a imunidade (imunodeficiência, infecções).
Para materializar as emoções e provocar doenças são utilizadas 2 vias importantes, muito
estudadas na Medicina Ocidental: sistema neurológico (vias nervosas) e sistema sanguíneo.
Vias:
- Emoções (situadas no sistema límbico)
eixo hipotálamo
sistema nervoso autonômico
simpático e parassimpático
vasos ou células.
- Emoções (sistema límbico)
hipotálamo
hipófise
supra-renal
hormônios.
- Emoções (sistema límbico)
hipotálamo
sistema imunológico.
Antigamente, se estudava somente as doenças, chegando-se em muitos casos a uma etiologia
desconhecida. Atualmente, sabe-se que a origem costuma ser emocional. A Medicina Ocidental
sempre procurou associar a doença com emoções ocorridas no mesmo período, sem encontrar.
INTENSIDADE DA ETIOPATOGENIA
Em termos de intensidade, a etiopatogenia se classifica em: Yang do Yang, Yang do Yin e Yin.
Etiopatogenia Yang do Yang – é a mais avassaladora, com efeito mais proFundo, mais intenso.
Como exemplos, temos as emoções como a alegria excessiva e o medo excessivo, que podem
ser letais.
Etiopatogenia Yang do Yin (Yang com característica Yin) – já não é tão intensa nem capaz de ser
letal. Como exemplos, temos as energias perversas que podem desencadear alterações e
doenças, sem necessariamente levar à morte, a não ser que sejam extremas ( como o Frio
extremo e o Calor extremo).
As associações de emoções com energias perversas podem ser mais letais que somente as
energias perversas: um exemplo típico é o do empregado de um frigorífico que ficou preso em
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uma câmara que supunha extremamente fria; o desespero foi tão grande que morreu congelado:
verificou-se depois que essa câmara estava com temperatura de 16°.
Etiopatogenia Yin – lentamente vai provocando alterações: os fatores inatos e os alimentos têm
essa característica.
Etiopatogenia nem Yang nem Yin – é algo de fora que agride como um traumatismo. Como
exemplos, temos a necessidade imperiosa de trabalhar e a obsessão por esportes, em que ocorre
desgaste da matéria. Esta etiopatogenia entra no grupo das fadigas, sendo a mais importante a
fadiga mental, pois agride o F e o BP.
Portanto, em casos de doenças agudas, não se deve pensar em fatores inatos ou alimentares,
mas sim em agentes mais agressivos, como as emoções. Por outro lado, em casos de doenças
crônicas, deve-se pensar em fatores inatos ou alimentares.
Pode-se dizer que os fatores Yin preparam o terreno e, sobre esse terreno preparado para a
doença, os fatores Yang têm condições favoráveis para atuar.
TRAUMATISMOS
TRAUMA EMOCIONAL
Quando se fala em traumatismo, pode-se pensar em trauma emocional em criança ou por outras
origens: pessoa que é lesada financeiramente por um sócio vai ter raiva inicialmente, depois
preocupação e depois medo; um pai lesado por um filho pode ter inicialmente raiva e depois
tristeza. Como a tristeza (P) é a mãe do R (que é o fim), pode matar. Frente a um trauma
emocional, vai ocorrer uma resposta para o organismo: enquanto fôr raiva ou preocupação ou
medo, não se trata de situação muito problemática – a tristeza é que pode se manifestar com a
morte, porque pode lesar o R.
Pode-se, então, ter vários graus de trauma, podendo ser leves, moderados ou intensos. A tristeza
pela perda de uma pessoa querida começa a lesar o R. Se o R estiver enfraquecido pela idade,
pode advir a morte em questão de meses. Se o R não estiver tão deficiente, mas enfraquecido,
pode provocar alterações no C, P, BP, F e no próprio R. Como a tristeza é P, associa-se
mais com lesões do Pulmão. O P é o órgão responsável pela formação de vários tipos de Qi
(Wei, Zhong, etc.) e, de maneira secundária, participa na formação do Yang Qi: desta forma, a
alteração do P leva à alteração dessas energias.
A tristeza pode lesar o Wei Qi: então, todo o sistema de defesa vai se tornar deficiente, podendo
levar a doenças imunológicas e doenças linfocitárias (infecciosas). Com frequencia, se encontra,
mesmo em jovens, casos de L.E. por perda familiar (doença imunológica).
É importante cortar esse elo perda/tristeza. Deve-se dissociar a perda da tristeza, através da
substituição da palavra perda por falecimento. O termo perda traz a conotação de algo que nos
pertence. Quando se pensa que a vida de qualquer pessoa é separada e independente da vida da
outra pessoa, consegue-se aliviar a tristeza e prevenir as doenças. Com a ACP se harmoniza o
Yang e o Yin (pela tonificação de R e C) e se consegue esse processo.
TRAUMA TRAUMÁTICO
Existe uma relação direta com lesão da estrutura física.
Se houver lesão de pele – lesa o P.
Se houver lesão de pele e derme – lesa o P e o BP (lesa o Tai Yin).
E assim por diante.
Quando afeta o P, as energias do P se tornam deficientes: o Wei Qi deficitário pode levar a um
sistema de defesa deficitário e consequentes lesões de pele (a mais frequente é a queimadura).
Quanto mais extensa a queimadura, maior a lesão. Em consequência da falta do Wei Qi, costuma
ocorrer a infecção. A Medicina Ocidental refere que a área de exposição, ao contacto com
bactérias do meio ambiente, leva à infecção. A MTC refere que a queimadura lesa o P, o Wei Qi
fica enfraquecido, a resistência diminui e qualquer bactéria passa a ser patogênica. Isto se
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comprova pelo fato de a maioria de infecções em queimaduras ser provocada pelo Staphilococcus
epidermides e não pelo Staphilococcus aureus.
Outro fenômeno que ocorre em queimados é a Insuficiência Renal Aguda: o P doente faz o filho
(R) ficar doente: o filho deixa de trabalhar (é a IRA). Esse estado de deficiência do R altera a
Função do C – este tem controle dos vasos sanguíneos e, por isso, a vascularização se torna
deficiente para a reparação da pele. A lesão do BP favorece o aparecimento de Umidade que
leva à deficiência dos líquidos e pode propiciar a instalação de infecções.
Considerando que a fisiopatologia segue os 5 Movimentos, em casos de queimados, deve-se
fortalecer o P, o R e o BP. Este fortalecimento deve ser feito em pontos de área não lesada,
porque se forem colocadas agulhas em áreas queimadas, há uma grande possibilidade de
aproFundar eventuais infecções.
Obs.: a melhor analgesia para queimaduras é feita através da Auriculopuntura.
O tratamento é :
- estimulação de pontos de energia do P, R e BP.
- sedação de pontos locais referentes à área lesada. Por ex.: se for lesão em membro superior,
fazer sedação em ombro, cotovelo, punho.
As bolhas que se formam devem ser esvaziadas sob assepsia, sem cortar a pele.
DERMO-ABRASÃO (lesões por esfoladura).
Tem a mesma etiopatogenia das queimaduras.
Quando chegar a atingir aponeurose e/ou músculos e/ou nervos, afeta o F.
Junto com estas lesões, também são lesados os vasos sanguíneos, afetando o C.
A Medicina Ocidental refere que, por causa das lesões de partes moles, com a necrose celular
ocorre a penetração de substâncias tóxicas.
A MTC refere que órgãos lesados movem-se contra o R, levando à IRA.
A situação piora quando existe fratura óssea. Neste caso, são 5 órgãos lesados. Quando ocorre o
colapso dos 5 órgãos, o indivíduo morre, qualquer que seja o tempo de demora.
A dissociação entre os órgãos traz a morte. Quando acontece no encéfalo, é a morte aparente
(estado de coma).
Frente a um traumatismo qualquer, a fisiopatologia se manifesta por lesão em todos os órgãos.
Para tratamento, deve-se fortalecer esses órgãos para o paciente não morrer – é como se cada
um dos órgãos fosse um poço que está se esvaziando.
- Estimular os pontos Ting, mesmo que não tenha agulha de ACP: qualquer objeto pode ser
usado.
- Se o paciente estiver desfalecido, fazer VG26, VC24 e pontos Xi Xuan para tirar do coma:
devem ser sangrados. Estes pontos têm a finalidade de reanimar (em termos ocidentais, liberam
noradrenalina) e devem ser feitos assim que possível, para manter o paciente acordado até a
chegada no PS. A energia (Qi) comanda o sangue: quando o Qi sai, o sangue também sai –
quando o paciente tem AVCH, o Qi sai em primeiro lugar, depois o sangue: o paciente fica
exaurido e todo o organismo entra em colapso.
Pelas emoções alteradas (devido ao Shen mental alterado), dependendo do tipo de emoção que o
acidente provoca no indivíduo, é que vai ocorrer a recuperação. Portanto, a recuperação depende
da emoção e não propriamente das lesões ou seja, um indivíduo que sofre um acidente grave, se
está emocionalmente equilibrado, deverá ter recuperação mais rápida.
Frente ao traumatismo, pode-se ter fraturas simples ou fraturas expostas: fratura é osso, então o
1º órgão lesado é o R. Nesta situação, o medo é que prevalece: medo de perder uma perna, medo
de ficar defeituoso, medo de não poder trabalhar e perder um emprego. Este medo pode levar à
raiva e, principalmente, à preocupação. No início, manifesta-se a raiva que, aos poucos, vai sendo
substituída pela preocupação com as suas consequências. A preocupação (BP) favorece o
aparecimento de Umidade e consequente lentificação: todo o processo de cura se torna mais
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lento. Se associar a lentificação com o medo que paralisa, vai ocorrer parada da consolidação de
uma fratura: forma-se a chamada pseudo-artrose atrófica, não se formando o calo ósseo.
Quando existe fratura, é a parte Yin do R que entra em deficiência, podendo aumentar o Yang do
R. O Yin do R deficiente pode também levar à deficiência do Yin do F e consequente aumento do
Yang do F, que provoca raiva. Se, porventura, o Yang se forma, é como se fosse “Fogo molhado”
porque é um Fogo gerado pela Água. Quando acontece isto, provoca “madeira queimando” (Yang
do F). O Yang da Água (R) não vai queimar: pode aumentar a temperatura, ficando a Água muito
quente. O Fogo queimante (Yang do F) vai rapidamente para o BP, gerando Umidade/Calor que,
por sua vez, vai para a área lesada: pode haver infecção sem ter necessariamente contaminação,
ou seja, pode ocorrer a osteomielite hematogênica causada por bactérias patogênicas ou semipatogênicas que penetram na circulação sanguínea através da cavidade bucal, desde que exista
predisposição orgânica local para a infecção (no caso de fratura, é a Umidade/Calor que causa
esta predisposição).
Em todo local onde ocorre lesão, forma-se hematoma onde podem se assestar as bactérias que
existiam no sangue: este hematoma sofre processo de Umidade/Calor (fator de multiplicação
celular). Junto com o sangue, que é fator de alimento, forma-se o meio de cultura para a
reprodução celular.
Na Umidade/Calor, pode-se ter Calor bem quente gerado pelo Yang do F, o que leva a
desenvolver bactérias semelhantes, com bastante Calor, que são estafilococos e estreptococos.
Se for a Água fervente que formou a Umidade/Calor (Yang do R), vão se desenvolver
microorganismos de baixa virulência que são os Gram negativos (pseudomonas).
Obs.: coloca-se gelo no local do trauma por 4 a 6 horas, no início do processo. Na Medicina
Ocidental, a intenção é fazer vaso-constricção. Passada esta fase, o Frio pode inibir o crescimento
do tecido de reparação. Como o Frio está ligado às fibras C, há grande possibilidade de ocorrer
distrofia simpático-reflexa: é a fratura que complica. No caso de artroscopia, vai sendo colocado
soro fisiológico à temperatura ambiente (25°C) no corpo quente (36,5°C), durante 2 a 3 horas
(tempo da cirurgia): é comum a distrofia simpático-reflexa provocada por esse frio.
Para prevenir a osteomielite, deve-se, em casos de fraturas fechadas ou expostas, verificar se o
Yang é do F ou do R. Se for Yang do F, usar antibióticos para Gram positivos. Se for Yang do R,
usar antibióticos para Gram negativos. Deve-se observar que ainda persistem dúvidas quanto ao
uso de antibióticos profilaticamente. Nestes casos, analisa-se os 5 órgãos: se, após uma
anamnese correta, concluir-se que existe alteração em qualquer um desses órgãos, é conveniente
usar antibióticos para evitar complicações.
Na década de 1960, autores escandinavos estudaram a vascularização pós-fraturas em coelhos e
concluíram que aumenta cerca de 7 vezes, não somente sob a forma de hiperplasia
(neoformação) como também sob a forma de hipertrofia dos capilares (aumentando o fluxo
sanguíneo). Geralmente, em casos de fraturas em que o R doente leva ao medo, o C
(responsável pelas emoções, vasos sanguíneos e consequente vascularização) costuma ser
afetado rapidamente, podendo haver alterações na hipertrofia dos vasos.
Na MTC, onde houver fratura, aumenta a atividade Yang (reparação óssea). Esta atividade Yang
é que promove a multiplicação celular. Para compensar este estado Yang, há necessidade de
glicose e oxigênio que são Yin.. Se houver hipóxia, aumenta ainda mais o Yang e,
consequentemente, o interior do osso também passa a ter situação Yang : o cálcio que é Yang
então é jogado para fora. Quando se joga o Yang para fora, vai havendo reabsorção do osso, que
passa a ficar fino e este é o caminho para a pseudo-artrose (porque jogou Yang demais para
fora). Nesta situação, o ortopedista vai fazer enxerto ósseo, mas a reabsorção continua porque o
Yang aumentado continua. Na realidade, deve-se tratar o R, o C e o BP. Obs.: a polaridade
negativa do osso que existe internamente busca o cálcio que tem polaridade positiva: assim,
forma-se o hidróxido de apatita que, por sua vez, vai formar o tecido ósseo.
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Por outro lado, além dos 3 órgãos citados para tratamento, existe ainda a dependência da
localização do osso lesado. Exemplos: se a lesão for na fíbula, deve-se tratar também a VB,
devido à localização lateral; se a lesão for na tíbia, é localização dos 3 CEP Yin do pé e deve-se
tratar também o F (porque o R e o BP já fazem parte do tratamento); se a lesão for no rádio,
deve-se tratar também o P; se a lesão for na ulna, faz-se o tratamento normal de R, C e BP
porque é localização do C.
Exemplos concretos:
- paciente teve fratura de fêmur aos 16 anos de idade. Foi submetido a 8 cirurgias, sem corrigir a
pseudo-artrose. Aos 41 anos, iniciou ACP, tratando R, C, BP e VB e, em 8 meses, teve
consolidação.
- acadêmico de Medicina fraturou a perna durante o 1° ano da faculdade. Teve pseudo-artrose e
estava usando muletas, quando passou a fazer ACP. Após a consolidação, ficou com 4 cm de
encurtamento e, após 6 meses da consolidação, o ortopedista queria fazer o alongamento do
fêmur. Foi aconselhado a não fazer.
Pode-se rapidamente aquilatar o quanto o R é lesado pela fratura, avaliando o grau de ansiedade
que o paciente apresenta (o medo gera ansiedade que, por sua vez, vai lesar o C). Se um
paciente estiver com medo, porém o C foi pouco lesado (paciente medroso não ansioso), é um
caso com melhor resultado.
Obs.: entorses frequentes no maléolo, principalmente lateral, representam VB fraco: deve-se tratar
o R e a VB. Para tirar a dor, coloca-se agulha no ponto mais próximo do ponto máximo da dor e
no ponto contra-lateral.
TRAUMA POR DROGAS
A maioria dos autores não considera. Pensando em termos de células, as drogas são altamente
traumáticas porque são substâncias de alta capacidade para mudar o comportamento celular. Os
efeitos colaterais das drogas evidenciam quais órgãos estão sendo lesados.
A cada ano que passa, mais e mais se tem informações sobre os efeitos colaterais das drogas.
Antigamente se sabia que as tetraciclinas lesavam os dentes, a estreptomicina lesava a audição
(orelha média), etc. Como hoje ainda se usa a estreptomicina, é importante tratar conjuntamente a
audição, fazendo a tonificação do Shao Yang (circular a energia + pontos locais). Casos de
gastrites medicamentosas requerem o tratamento concomitante do Yang Ming (E + IG), para não
lesar o Estômago e do Tai Yin (P + BP) porque podem se associar alterações do BP como
salivação excessiva, flatulência ou má digestão.
Drogas anestésicas – para promover o estado de anestesia, a droga é bastante Yin. Esta
característica Yin é que promove a paralisação de condução do estímulo nervoso. Entretanto, a
droga é padronizada por massa corporal do paciente e não por nível de ansiedade: por isto, é que
muitas vezes não se consegue o efeito terapêutico desejado.
Ao se fazer uma raquianestesia, deseja-se obter analgesia abaixo de ponto que se injeta: é a
substância Yin que bloqueia os estímulos que vêm pelas vias aferentes. este Frio está sendo
jogado na região lombar, regida pelo R. Ocorrendo a lesão do R, pode haver dissociação
Alto/Baixo (C/R) e consequente parada cárdio-respiratória (ao contrário do que se pensa que a
raqui subiu). Nestes casos, fazer os pontos Ting, Xi Xuan, VG26, VC24, etc. Esta dissociação
pode não ser completa: o R não recebe a energia Yang porque está bloqueado (não recebe Calor
suficiente do C), podendo levar à I.R.A. O paciente pode estar acordado: fazer só os pontos Ting
que a resposta é rápida.
REGRA IMPORTANTE – NÃO ESQUECER: em casos onde está indicado fazer os pontos Ting,
só fazer sangramento se houver cianose no leito ungueal (o espelho da semi-lua da unha deverá
estar escurecido).
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Se a energia subir para a cabeça, vem a cefaléia pós-raqui (é Yang/Calor que sobe). A Medicina
Chinesa trata fornecendo Água: a Água fortalece o R, este refaz o circuito R/C e deixa de subir o
Yang. Portanto, frente à cefaléia pós-raqui, deve-se tonificar o R. Um ponto importante para
alívio da dor é o VC23 (é o 2º arco branquial que forma a musculatura da região occipital). Como
está ligada ao R, fazer também R2.
DROGAS
O uso de drogas excitantes (cocaína, maconha, cigarro, álcool, etc.) está diretamente relacionado
ao medo: de ficar sozinho, de não realizar alguma atividade, rejeição na vida intra-uterina e
adolescência, etc. Na realidade, o medo representa um desejo consciente ou inconsciente da
morte.
Para tratar os viciados, nem sempre se obtém resultados pela retirada das drogas, porque
continua o desejo da morte. Por mais que conscientemente deseje viver, o indivíduo tem
mensagem inconsciente de vontade de morrer (ou não vale a pena viver).
Para tratar o medo, não é suficiente fortalecer o R nestes casos. Deve-se tirar esse desejo de
morte, através do Desenvolvimento do Qi mental.
Nota: a obesidade entra nesta categoria, no que se refere à mensagem inconsciente.
FADIGAS
São consideradas extremamente desgastantes, principalmente para quem vive nas grandes
cidades.
A emoção é extremamente Yang, comprometendo o Shen mental e agredindo o C, enquanto as
fadigas atingem o R. Portanto, a emoção e a fadiga constituem as maiores causas de
comprometimento do eixo C/R.
As fadigas podem ser físicas, mentais e sexuais. Diferem entre si porque cada uma promove
algum gasto específico, além do gasto da energia do R que é comum a todas.
FADIGA FÍSICA
O termo fadiga não é absoluto, é extremamente individual, ou seja, cada pessoa tem a própria
energia e o próprio limite. Todo órgão tem de estar vivo e alimentado: o Qi de Nutrição (Yong Qiadquirido) e o Yuan Qi (vitalidade) são as energias mais importantes nas fadigas físicas. É devido
ao consumo de Yuan Qi que ocorre o comprometimento do R.
O Yong Qi depende do alimento e da respiração.
O Yuan Qi tem algumas características importantes: é a energia fonte, da vitalidade, produzida
pelo R; daí vai para todos os outros Zang e para todas as estruturas do corpo. Portanto, qualquer
parte do organismo tem Yuan Qi em quantidade variável de uma pessoa para outra.
Existe então um padrão de condição física dos Zang e um padrão de constituição física de todas
as estruturas, fornecido pelo Yuan Qi. Quanto mais possante esta energia e quanto melhor
nutrido, mais o organismo vai aguentar.
A fadiga então é extremamente relativa à quantidade de energia do paciente.
As estruturas mais requisitadas são os músculos, os tendões, os ligamentos, as cápsulas
articulares, os ossos, o sistema vascular, os nervos.
Para ocorrer a fadiga, são importantes a intensidade da requisição dos movimentos e o tempo
para sua execução.
Pode ocorrer fadiga devido a muita atividade por um tempo curto, atividade não muito intensa por
tempo prolongado ou muita atividade por tempo prolongado. De todo modo, não houve tempo
para repor o desgaste.
Exemplos de condições em que ocorre desgaste para provocar fadiga física: mulher que trabalha
fora e tem que fazer o serviço de casa, durante muitos dias, levando ao desgaste das energias;
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atletas em período antes de uma competição ao mesmo durante, em que é preciso todo o
empenho físico e até um pouco mais.
O consumo exagerado do Yuan Qi corresponde ao gasto das energias Yin e Yang do R: o Yin do
R cuida mais dos próprias estruturas que dependem do R, enquanto o Yang do R fornece o
calor para o próprio R Funcionar e para todas as estruturas (para dar vida). Portanto, na fadiga, o
Qi do R começa a cair.
Entretanto, existem algumas estruturas que estão gastando mais: o grande desgastado é o F
(ligamentos, músculos, tendões, cápsulas articulares, nervos) – depois vêm o C com o sistema
vascular e o R com os ossos. Aí, entra a emoção do F: com o F doente, se instala o aumento
do Yang e as estruturas ficam mais Yang: músculos mais duros, mais contraídos e trabalhando
em condição anômala de sobrecarga do tônus. Neste caso, podem ocorrer lesões específicas das
estruturas ou dos próprios órgãos.
O que costuma acontecer é um grande desgaste do F e já havia um grande desgaste de base
do Yuan Qi (R). No entanto, caracteriza-se a fadiga quando aparece a situação de exaustão: aí
surgem as repercussões clínicas e energéticas da fadiga. Enquanto se consegue repor as
energias, não se considera fadiga.
Apesar de exaurir o F e o R, costuma-se dizer que o R é que tem que entrar em falência para
caracterizar a fadiga: o F é filho do R e “o filho só passa fome se a mãe estiver com fome e não
tiver o que dar”. Portanto, o F vai se exaurindo e, quando entra em falência, passa a receber do
R – só quando o R entra em falência, é que o F não Funciona mais.
Sintomas gerais da fadiga física
. Falta de resposta imunológica adequada.
. Tendência a processos alérgicos.
. Não consegue dormir porque a energia do R está muito baixa.
. Astenia, cansaço físico e mental.
Uma pessoa em fadiga não consegue raciocinar bem porque o F está em falência (o F é que dá a
atividade cerebral). Ainda em consequência da falência do F, a pessoa se torna explosiva.
Portanto, os sintomas da fadiga física são manifestações do F e do R.
TRATAMENTO
Para o tratamento, é Fundamental “quebrar” a necessidade de desgaste, ou seja, colocar o
paciente em repouso. Em seguida, inicia-se o tratamento do R Não se deve iniciar com o F
porque é muito Yang e o paciente, recebendo energia, já vai começar a gastar, levando ao
desgaste rápido.
Deve-se fortalecer o R (mãe). À medida que o R se fortalece, naturalmente começa a fornecer
para o F (filho). Assim, está-se agindo de acordo com as leis da Natureza.
No F, a grande preocupação com o tratamento é acalmar o Shen mental (que acaba sendo o
Fogo do F). À medida que se acalma o Shen mental, tira-se a necessidade que o paciente tem de
executar atividades e gastar energia através do F.
Deve-se fazer bastante moxa, tonificando o R. É obrigatório utilizar todos os recursos para
tonificar o R: alimentos adequados, evitando o sal porque o R está exaurido (não abolir
totalmente), dar picantes. Se for paciente jovem, já pode fazer moxa de VC2 a VC8, desde o
início. Se não for muito jovem, fazer moxa de VC2 a VC8, porém não inicialmente.
Assim que houver melhora do R, pode-se iniciar agulhas em VC5 e VC7. Se for paciente idoso,
não se coloca agulhas: continuar com moxa. É importante fazer o escalda-pé de modo a receber o
Calor úmido da água, mas sem receber a Umidade: fazer sempre na hora de deitar e já sentado
na cama para não pisar no chão.
Se as estruturas tiverem apresentado uma fadiga tão grande que chegam a provocar algum
traumatismo, deve-se fazer também o tratamento desse traumatismo.
Constata-se que o paciente começa a melhorar quando começa a ter ânimo, vontade: é o
momento de iniciar o tratamento dos outros órgãos, principalmente o F.
O tratamento do Shen mental é feito com os pontos conhecidos + moxa na 2ª linha de B (equivale
ao Jing). O Shen mental é formado pelo Jing dos órgãos – cada órgão faz o seu Jing e todos os
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Jing dos órgãos vão para o R e daí para o encéfalo e coração (morada do Shen mental). Quando
se melhora o Jing de cada órgão, está-se melhorando o potencial do Shen mental. A moxa na 2ª
linha de B deve ser feita apenas nos órgãos, não necessitando fazer nas vísceras (em víscera
não se faz o Shen mental).
Obs.: o importante é conhecer as manifestações que levam à fadiga, no sentido de evitá-las, para
não chegar ao ponto máximo porque, quando se lesa o R, está-se lesando a “raiz da vida”.
Posteriormente, a recuperação nunca é completa. Sempre que possível, é importante também
explicar para o paciente, enquanto há tempo.
FADIGA MENTAL
É extremamente grave, talvez a mais grave de todas.
Qualquer energia que se gaste, em qualquer estrutura, está sendo gasto Yuan Qi (R). Por isto, o
R é considerado sempre deficiente em qualquer gasto de energia.
O excesso de atividade mental gasta a energia do encéfalo.
Na fadiga mental, existe desgaste das seguintes atividades encefálicas: raciocínio (para entender
o que está fazendo mentalmente, reflexão excessiva), atividade neurológica (transmissão dos
impulsos nervosos), memória (arquivo).
Está comprovado neurofisiologicamente que, quando se aprende algo, aumenta o número de
sinapses. Portanto, existe uma alteração real de estrutura. A energia que está sendo gasta no
encéfalo é do órgão que o forma (R). Agora, o raciocínio é do F, a atividade neurológica é do F,
a memória é do BP e o pensamento é do BP.
Portanto, na fadiga mental se usa energia do R, F e BP.
Instintivamente, se sabe que quem sofreu fadiga física se recupera mais rapidamente do que
quem sofreu fadiga mental. Este último sempre fica diferente após a recuperação: nível de
raciocínio mais baixo e memória menos eficaz. Isto ocorre porque tem abrangência maior em que
os 3 órgãos são afetados e também porque envolve o órgão da cronicidade, que é o BP.
Lembrar sempre que a deficiência do BP leva à formação de Umidade, que tem a característica
intrínseca de lentificar processos, cronificar e lesar. Ou seja, aquilo que foi desgastado
dificilmente reverte integralmente.
Além disso, todos os órgãos que participam da motivação interior estão envolvidos, sofrendo um
desgaste constante, sem um limite que interrompa. Quando o R está totalmente exaurido é que
pára a hiperatividade mental.
À parte - O R é o órgão mais Yin do Yin. Para exercer suas potencialidades, necessita de Yang.
Este Yang do R é a Supra-renal, que “esquenta” o R.
TRATAMENTO
Não adianta qualquer tratamento se o paciente não entender que não pode continuar no esquema
de desgaste. Inicialmente deve-se trabalhar com muita atenção na retirada de Umidade desse
paciente: pode-se orientar para evitar banhos de imersão, banhos demorados, evitar alimentar-se
depois que o sol se põe, evitar alimentos crus, evitar o doce (apesar de que o paciente tem
vontade de comer doce porque o BP está doente), evitar o ácido (é Fundamental, para deixar o
F com menos substrato e, com isto, evitar a formação de Fogo). Fazer pontos de ACP que
mobilizam a Umidade: CS6 – E40 – E36. Também se mobiliza a Mucosidade com ingestão de
alimentos amargos (a Mucosidade sai pelas fezes). Deve-se pedir para o paciente andar, para a
energia circular mais facilmente através da Umidade, que é lentificante.
Tratar intensamente o R, como na fadiga física. Na realidade, o R é o grande doente na fadiga
mental.
O F, embora não seja tão importante, deve ser tratado, acalmando o Shen mental (Shen mental
alterado = Fogo do F). Não é importante tratar o Yin do F porque não é a matéria (tendões,
músculos, etc) que está sendo lesada, mas sim a Função (que é Yang).
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FADIGA SEXUAL
Tem uma característica especial porque só causa doença no homem. Esta situação depende da
chamada “Essência sexual”, que é diferente de “atividade sexual”. A Essência sexual é um tipo de
energia pura, concentrada, muito importante porque gera a vida, considerando-se a vida como
energia e não como origem da vida. É ela que mantém a vitalidade. Esta Essência sexual existe
tanto no homem quanto na mulher e envolve 3 estruturas muito importantes: a mente, o sêmen
(aqui considerado como atividade sexual do homem) e o sangue. Na mente, é responsável pela
clareza, pela disponibilidade mental. No sêmen, é responsável pela vitalidade sexual, pelo impulso
sexual. No sangue, é responsável pela sua caracterização como energia de vida. Então, a
Essência sexual gera 3 condições essenciais de vida que caracterizam o ser humano pleno,
integral.
Quem controla e comanda essa Essência sexual é o R. Portanto, um desgaste do R leva
necessariamente a uma diminuição do ânimo, da vontade, do entusiasmo que são dependentes
dessa Essência sexual. Somente no homem, o excesso sexual gasta e provoca a fadiga dessa
essência (porque quem comanda a atividade sexual é o R). Isto não acontece na mulher porque
quem comanda a atividade sexual da mulher é o F e também porque a mulher é “a terra onde vai
ser plantada a semente”, ou seja, a Natureza é sábia e não deixa a mulher perder a Essência
sexual para que ela possa perpetuar a espécie. Ao contrário, a mulher recebe essa energia com a
atividade sexual.
A quantidade dessa energia que sai no sêmen é normal e também é benéfica, sendo necessária
também para a procriação. Só não está certo quando ocorre em excesso, porque o homem vai
ficar com déficit que compromete a sua vitalidade. Há referências em Literatura sobre outras
situações que também podem levar à perda de Essência sexual maior do que deveria, como, por
ex., o alcoolismo e a deficiência do Qi do R por outras causas. Nestes casos, ocorre uma
deficiência do próprio R em produzir todas as formas de energia que habitualmente produz e,
junto, pode perder parte do Qi Ancestral (que não é reposta). Dentro deste contexto, é que as
pessoas com vida desregrada têm um envelhecimento precoce.
Não conFundir orgasmo com a perda da Essência sexual através do sêmen. Existem práticas de
meditação em que o homem pode atingir o orgasmo sem ter a ejaculação e, com isto, não há
prejuízo da vitalidade.
A fadiga sexual é, então, a perda da Essência sexual por atividade sexual excessiva.
O excesso sexual é extremamente individual, variável no mesmo indivíduo de em dia para o outro
e depende dos sinais e sintomas que vêm junto com a atividade sexual. Caso esta seja executada
tranquilamente, sem esforço, em que o próprio corpo esteja preparado, não há excesso.
Ocorrendo taquicardia, transpiração excessiva, sensação de cansaço e exaustão, esforço
exagerado, estará havendo fadiga sexual, independendo do número de vezes.
A Essência sexual também forma o sangue (= vida) e a mente . Portanto, depende também do
grau de integridade da saúde e do equilíbrio emocional. Por outro lado, o prazer sexual, tanto no
homem quanto na mulher, representa uma forma de eliminar os catabólitos energéticos e a
privação desse prazer pode levar a distúrbios de natureza mental. Exemplo típico desta situação
ocorre nos homens celibatários por obediência religiosa.
TRATAMENTO
Em primeiro lugar, é Fundamental conscientizar o paciente sobre o significado da fadiga sexual.
Depois, deve-se tonificar o Qi do R, usando todos os recursos conhecidos.
ALIMENTOS COMO FATOR ETIOPATOGÊNICO
Uma alimentação desregrada pode promover alteração energética e consequente adoecimento.
É bem conhecida a importância do alimento em todos os aspectos da vida: a partir de um óvulo e
um espermatozóide, que praticamente não têm peso, um indivíduo chega aos 70-80 Kg na idade
adulta, graças ao alimento. Também a parte mental tem um desenvolvimento a partir de uma
célula, até cerca de 1,5 Kg, com formação de trilhões de células nervosas. Proporcionalmente, o
período da fecundação até o nascimento tem uma multiplicação do peso muito maior do que o
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período do nascimento até a idade adulta: portanto, o primeiro período (intra-uterino) é onde o
alimento tem a maior importância para a formação do ser humano global, que vai se refletir por
toda a vida. Desta forma, uma mãe que passa fome, por ex., vai passar uma mensagem para o
concepto que vai ter fome durante a vida e provavelmente vai ser um obeso compulsivo; por outro
lado, uma mãe que não gosta de um determinado alimento e o rejeita durante a gestação, vai
passar uma mensagem para o concepto que, provavelmente não gostará desse alimento durante
a sua vida, mesmo sem experimentá-lo.
Outro conceito importante é que o tubo digestivo está imaturo na época do nascimento, assim
como os outros órgãos. A criança tem que ser alimentada adequadamente, até o nascimento do
primeiro dente, com o leite materno, que é quando ocorre a maturidade do tubo digestivo. Uma
alimentação inadequada nesse período vai provocar alterações na Função de absorção e
consequente alteração no BP: neste caso, o alimento é fator etiopatogênico para a Função do BP
que, estando no centro dos órgãos (em relação aos 5 movimentos), pode levar a alterações em
todos os órgãos: por ex., criança aos 2 meses de idade, recebendo alimento inadequado e cuja
mãe passou por algum tipo de medo durante a gestação, vai ter alteração no sistema BP-R, com
Umidade e Frio, que se manifesta como diarréia de característica Yin (os 2 órgãos são Yin),
aquosa. Se a mãe passou raiva durante a gravidez, com a mesma alimentação desregrada aos 2
meses, a criança vai ter alteração no sistema BP-F, com diarréia quente (enterocolite, com fezes
mal-cheirosas). Obs.: a Estenose Hipertrófica do Piloro corresponde na MTC ao chamado afluxo
contrário (JUE NI). A regurgitação corresponde à dissociação Alto/Baixo, sem conotação de órgão
lesado.
SISTEMA MEIO-DIA / MEIA-NOITE
Corresponde aos períodos do dia em que se deve ingerir os alimentos, para melhor captação das
energias. Entre 5h30’ e 10h da manhã, é ideal para a ingestão de alimentos considerados
pesados. Entre 11h e 13h, é inadequado devido à mudança de Yang para Yin. Entre 23h e 1h da
manhã, é inadequado pela mudança de Yin para Yang.
O jantar não deve ter muitos componentes nutritivos nem energéticos. A ingestão de energéticos
em demasia faz com que a energia Yang fique aflorando e ocorre a insônia, porque é o horário em
que a energia deve diminuir. A ingestão de alimentos nutritivos em demasia provoca sofrimento do
BP.
O ideal é fracionar as refeições ao longo do dia (cerca de 6 refeições ao dia), com ingestão de
pequenas quantidades de cada vez. Uma regra simples, muito usada pelos orientais, é sair da
mesa sem estar totalmente satisfeito.
Um alimento leve é a sopa de legumes com carne magra.
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