Artigo de opinião – 22/04/2016 Curto, logo existo Com a evolução e o aumento de usuários e da importância das redes sociais, o nome e a fotografia de cada pessoa passaram a funcionar como o substituto do sujeito. O “eu” real se esvaziou para dar lugar ao “perfil”. O filósofo francês René Descartes estabeleceu um novo modelo de Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 pensamento no século XVII, ao formular em latim a seguinte proposição: “Penso, logo existo” (Cogito, ergo sum). Era uma forma de demonstrar que aquele que existe raciocina e, por conseguinte, põe em xeque o mundo que o cerca. A dúvida científica substituía a certeza religiosa. Hoje, Descartes se reviraria no seu túmulo em Estocolmo, caso pudesse observar o que se passa na cabeça dos Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 seres humanos. “Curto, logo existo” (Amo, ergo sum) parece ser a nova atitude lógica popularizada pelo Facebook. A dúvida científica cedeu espaço à presunção tecnológica. Melhor ainda é a formulação da jornalista americana Nancy Jo Sales no livro Bling Ring – a gangue de Hollywood: a dúvida sobre a existência do ego deu lugar, na cultura do Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 ultraconsumismo e das celebridades, a um outro tipo de pergunta: “Se postei algo no Facebook e ninguém curtiu, eu existo?”. A resposta é: provavelmente não. Eu existo se meus tuítes não são comentados nem retuitados? Claro que não. E se são curtidos e retuitados, tampouco! Ninguém existe nas redes sociais senão como representações, que estão ali no Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 lugar dos indivíduos. Não há uma transparência ou uma continuidade natural entre o que somos de fato e o que queremos ser nas redes sociais. Isso parece óbvio, mas não o é para muita gente. Agora as pessoas reais guardam uma alta concentração de nada nos cérebros, pois preferem jogar tudo o que pensam e sentem via suas representações nas redes sociais. Elas se tornam ocas Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 para rechear de signos seus perfis. O verdadeiro eu migrou do mundo off-line para o online. É óbvio que os signos na internet podem enganar, mentir e insidiosamente simular um alter ego digital. Os vigaristas e falsários pululam alegremente com suas máscaras nas redes sociais. Quando alguém me “curte” ou “não curte”, está agindo com sinceridade na mensagem ou Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 quer agradar e parecer inteligente? Nesse sentido, se o eu do Facebook quiser se sentir mais vivo com o número de pessoas que o curtiram, estará caindo em uma armadilha. Pois ele não é o que é nem quem curte é o que parece ser. Mesmo quando a boa-fé existe, ela deixa de o ser porque nada se mantém estável no ambiente da “curtição” do Facebook. [...] (Luís Antonio Guiron, Época, 01 ago. 2013) Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 Tese O ponto de vista do autor; aquilo que ele defende no texto. É para sustentar a tese que o autor apresenta argumentos no texto. Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 1. Qual(is) dos trechos a seguir aponta de modo mais preciso para a tese do autor? a) Com a evolução e o aumento de usuários e da importância das redes sociais, o nome e a fotografia de cada pessoa passaram a funcionar como o substituto do sujeito. b) O “eu” real se esvaziou para dar lugar ao “perfil”. c) A dúvida científica substituía a certeza religiosa. Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 d) Hoje, Descartes se reviraria no seu túmulo em Estocolmo, caso pudesse observar o que se passa na cabeça dos seres humanos. e) “Curto, logo existo” (Amo, ergo sum) parece ser a nova atitude lógica popularizada pelo Facebook. f) A dúvida científica cedeu espaço à presunção tecnológica. g) Ninguém existe nas redes sociais senão como representações, que estão ali no lugar dos indivíduos. Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 h) Não há uma transparência ou uma continuidade natural entre o que somos de fato e o que queremos ser nas redes sociais. i) O verdadeiro eu migrou do mundo off-line para o online. j) Os vigaristas e falsários pululam alegremente com suas máscaras nas redes sociais. l) Nada se mantém estável no ambiente da “curtição” do Facebook. Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 Melhores escolhas a) Com a evolução e o aumento de usuários e da importância das redes sociais, o nome e a fotografia de cada pessoa passaram a funcionar como o substituto do sujeito. b) O “eu” real se esvaziou para dar lugar ao “perfil”. g) Ninguém existe nas redes sociais senão como representações, que estão ali no lugar dos indivíduos. i) O verdadeiro eu migrou do mundo off-line para o online. Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 2. Então, qual seria a tese do autor? Luís Antonio Guiron defende que os sujeitos reais deram lugar a seus perfis, graças à importância que as redes sociais ganharam na sociedade atual. Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 3. Quais das afirmações abaixo são argumentos para a tese do autor? a) Hoje, Descartes se reviraria no seu túmulo em Estocolmo, caso pudesse observar o que se passa na cabeça dos seres humanos. “Curto, logo existo” (Amo, ergo sum) parece ser a nova atitude lógica popularizada pelo Facebook. A dúvida científica cedeu espaço à presunção tecnológica. Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 b) Melhor ainda é a formulação da jornalista americana Nancy Jo Sales no livro Bling Ring – a gangue de Hollywood: a dúvida sobre a existência do ego deu lugar, na cultura do ultraconsumismo e das celebridades, a um outro tipo de pergunta: “Se postei algo no Facebook e ninguém curtiu, eu existo?”. A resposta é: provavelmente não. c) Eu existo se meus tuítes não são comentados nem retuitados? Claro que não. Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 d) Ninguém existe nas redes sociais senão como representações, que estão ali no lugar dos indivíduos. Não há uma transparência ou uma continuidade natural entre o que somos de fato e o que queremos ser nas redes sociais. e) Agora as pessoas reais guardam uma alta concentração de nada nos cérebros, pois preferem jogar tudo o que pensam e sentem via suas representações nas redes sociais. Elas se tornam ocas para rechear de signos seus perfis. O verdadeiro eu migrou do mundo off-line para o online. Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 f) É óbvio que os signos na internet podem enganar, mentir e insidiosamente simular um alter ego digital. Os vigaristas e falsários pululam alegremente com suas máscaras nas redes sociais. g) Quando alguém me “curte” ou “não curte”, está agindo com sinceridade na mensagem ou quer agradar e parecer inteligente? h) Nesse sentido, se o eu do Facebook quiser se sentir mais vivo com o número de pessoas que o curtiram, estará caindo em uma armadilha. Pois ele não é o que é nem quem curte é o que parece ser. Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 i) Mesmo quando a boa-fé existe, ela deixa de o ser porque nada se mantém estável no ambiente da “curtição” do Facebook. Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 Melhores escolhas Todas as alternativas são argumentos. Como agrupá-los? Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 Lógico e autoridade a) Hoje, Descartes se reviraria no seu túmulo em Estocolmo, caso pudesse observar o que se passa na cabeça dos seres humanos. “Curto, logo existo” (Amo, ergo sum) parece ser a nova atitude lógica popularizada pelo Facebook. A dúvida científica cedeu espaço à presunção tecnológica. A racionalidade proposta pelo modelo cartesiano, fonte primeira da própria existência (“Penso, logo existo”) parece ter sido substituída pela vaidade das redes sociais (“Curto, logo existo”). Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 b) Melhor ainda é a formulação da jornalista americana Nancy Jo Sales no livro Bling Ring – a gangue de Hollywood: a dúvida sobre a existência do ego deu lugar, na cultura do ultraconsumismo e das celebridades, a um outro tipo de pergunta: “Se postei algo no Facebook e ninguém curtiu, eu existo?”. A resposta é: provavelmente não. c) Eu existo se meus tuítes não são comentados nem retuitados? Claro que não. Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 Esse novo modelo é defendido por outras pessoas, como a americana Nancy Jo Sales. A existência do indivíduo parece ser derivada das curtidas e retuitadas em seu perfil. Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 A racionalidade proposta pelo modelo cartesiano, fonte primeira da própria existência (“Penso, logo existo”) parece ter sido substituída pela vaidade das redes sociais (“Curto, logo existo”). NeEsse novo modelo, é defendido por outras pessoas, como a americana Nancy Jo Sales. Aa existência do indivíduo parece ser é derivada das curtidas e retuitadas em seu perfil. Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 A racionalidade proposta pelo modelo cartesiano, fonte existência (“Penso, logo existo”) parece ter sido substituída pela vaidade das redes sociais (“Curto, logo existo”). Nesse novo modelo, a existência do indivíduo é derivada das curtidas e retuitadas em seu perfil. Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 Lógica d) Ninguém existe nas redes sociais senão como representações, que estão ali no lugar dos indivíduos. Não há uma transparência ou uma continuidade natural entre o que somos de fato e o que queremos ser nas redes sociais. e) Agora as pessoas reais guardam uma alta concentração de nada nos cérebros, pois preferem jogar tudo o que pensam e sentem via suas representações nas redes sociais. Elas se tornam ocas para rechear de signos seus perfis. O verdadeiro eu migrou do mundo off-line para o online. Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 A representação do indivíduo (perfil) descarrega tudo o que o indivíduo real sente e pensa, esvaziando este em detrimento da existência daquele. Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 Lógica f) É óbvio que os signos na internet podem enganar, mentir e insidiosamente simular um alter ego digital. Os vigaristas e falsários pululam alegremente com suas máscaras nas redes sociais. g) Quando alguém me “curte” ou “não curte”, está agindo com sinceridade na mensagem ou quer agradar e parecer inteligente? Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 h) Nesse sentido, se o eu do Facebook quiser se sentir mais vivo com o número de pessoas que o curtiram, estará caindo em uma armadilha. Pois ele não é o que é nem quem curte é o que parece ser. i) Mesmo quando a boa-fé existe, ela deixa de o ser porque nada se mantém estável no ambiente da “curtição” do Facebook. Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 O ambiente virtual pode enganar, à medida que a representação de alguém pode ser bem diferente do que ela é na realidade. Da mesma forma, as curtidas recebidas podem ser falsas, porque o ambiente permite isso. Ou seja, quem posta e quem curte agem por representações. Nesse contexto, quem existe? Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 O ambiente virtual pode enganar, à medida que a representação de alguém pode ser bem diferente do que ela é na realidade., tanto quanto Da mesma forma, as curtidas recebidas podem ser falsas. porque o ambiente permite isso. Ou seja, quem posta e quem curte agem por representações. Nesse contexto, quem existe? Dessa forma, a existência volta a ser nula, porque não são os indivíduos, mas suas representações que agem. Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 O ambiente virtual engana, à medida que a representação de alguém pode ser bem diferente do que ela é na realidade, tanto quanto as curtidas recebidas podem ser falsas. Dessa forma, a existência volta a ser nula, porque não são os indivíduos, mas suas representações que agem. Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 Proposta (entregar manuscrita) 1. Resuma os trechos referentes aos argumentos. 2. Insira a tese do autor, antes de apresentar os argumentos. 3. Insira os dados necessários no resumo (autor, título do texto e fonte). 4. Faça referência explícita ao autor ao longo do texto. 5. Seu texto deve ter no máximo 10 linhas e um parágrafo. Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 A racionalidade proposta pelo modelo cartesiano, fonte existência (“Penso, logo existo”) parece ter sido substituída pela vaidade das redes sociais (“Curto, logo existo”). Nesse novo modelo, a existência do indivíduo é derivada das curtidas e retuitadas em seu perfil. A representação do indivíduo (perfil) descarrega tudo o que o indivíduo real sente e pensa, esvaziando este em detrimento da existência daquele. Bertucci, R. (2016) Artigo de opinião – 22/04/2016 O ambiente virtual engana, à medida que a representação de alguém pode ser bem diferente do que ela é na realidade, tanto quanto as curtidas recebidas podem ser falsas. Dessa forma, a existência volta a ser nula, porque não são os indivíduos, mas suas representações que agem. Bertucci, R. (2016)