Introdução ao estudo da filosofia antiga

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António Pedro Mesquita INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA FILOSOFIA ANTIGA Edições Colibri Biblioteca Nacional – Catalogação na Publicação Mesquita, António Pedro, 1961-­‐ Introdução ao estudo da filosofia antiga. (Cadernos universitários ; 17) ISBN 972-­‐772-­‐665-­‐8 ISBN 978-­‐972-­‐772-­‐665-­‐3 CDU 1 378 Título: Introdução ao Estudo da Filosofia Antiga Autor: António Pedro Mesquita Editor: Fernando Mão de Ferro Capa: Ricardo Moita?? Execução Gráfica: Colibri Artes Gráficas Depósito legal n.º 246 065/06 Lisboa, Dezembro de 2006 ÍNDICE APRESENTAÇÃO .......................................................................................................... 9 I. MARCOS, CARACTERÍSTICAS E DESAFIOS DA DISCIPLINA .................................. 13
1. Breve Historial da Disciplina na Faculdade de Letras ................... 15
2. Especificidades da Disciplina de Filosofia Antiga ........................... 18
3. Contributos para a Constituição de uma Escola .............................. 19
II. PRESSUPOSTOS ................................................................................................ 25
1. Enquadramento Geral .............................................................................. 27
2. Ficha Sinóptica ........................................................................................... 28
3. Calendário-­‐Padrão .................................................................................... 29
III. OBJECTIVOS ................................................................................................... 31
1. Objectivos Gerais ....................................................................................... 33
2. Objectivos Específicos .............................................................................. 34
IV. PROGRAMA .................................................................................................... 37
V. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................. 45
1. Bibliografia de Trabalho .......................................................................... 47
2. Bibliografia de Consulta .......................................................................... 49
3. Leituras Obrigatórias ............................................................................... 49
4. Leituras Recomendadas .......................................................................... 49
Introdução ao Estudo da Filosofia Antiga 6 VI. AVALIAÇÃO .................................................................................................... 51
1. Modelo de Avaliação ................................................................................. 53
2. Critérios de Avaliação .............................................................................. 53
3. Exemplo de Temas para o Trabalho Final (1.º Semestre) ............ 58
4. Exemplo de Comentário Escrito Presencial (1.º Semestre) .......... 60
5. Exemplo de Temas para o Trabalho Final (2.º Semestre) ............ 63
6. Exemplo de Comentário Escrito Presencial (2.º Semestre) .......... 65
VII. ATENDIMENTO E ACTIVIDADES TUTORIAIS ................................................ 69
VIII. TEMPOS LECTIVOS ....................................................................................... 73
IX. AULAS-­‐TIPO .................................................................................................... 77
X. CONTEÚDOS E MÉTODOS DE ENSINO ............................................................... 81
Unidade 1: Introdução ao Estudo da Filosofia Antiga ........................ 83
1. Objectivos ..................................................................................................... 83
2. Conteúdos ..................................................................................................... 84
3. Métodos ......................................................................................................... 92
Unidade 2: O Pensamento Pré-­‐Socrático .................................................... 93
1. Objectivos ..................................................................................................... 93
2. Conteúdos ..................................................................................................... 94
3. Métodos ........................................................................................................ 107
Unidade 3: O Tempo e o Modo de Sócrates ............................................... 108
1. Objectivos .................................................................................................... 108
2. Conteúdos .................................................................................................... 109
3. Métodos ........................................................................................................ 111
Introdução ao Estudo da Filosofia Antiga 7 Unidade 4: Platão .................................................................................................... 112
1. Objectivos .................................................................................................... 112
2. Conteúdos .................................................................................................... 114
3. Métodos ........................................................................................................ 117
Unidade 5: Aristóteles .......................................................................................... 118
1. Objectivos .................................................................................................... 118
2. Conteúdos .................................................................................................... 120
3. Métodos ........................................................................................................ 123
Unidade 6: O Pensamento Pós-­‐Aristotélico ............................................. 124
1. Objectivos .................................................................................................... 124
2. Conteúdos .................................................................................................... 125
3. Métodos ........................................................................................................ 128
XI. MATERIAIS ..................................................................................................... 129
1. Mapa da Civilização Missénica ............................................................ 131
2. Mapa da Expansão Grega ....................................................................... 132
3. Mapa do Império Persa nos Séculos VI-­‐V ......................................... 133
4. Mapa da Grécia no seu Apogeu ............................................................ 134
5. Mapa das Viagens de Platão .................................................................. 135
6. Mapa das Viagens de Aristóteles ......................................................... 136
7. Mapa das Conquistas de Alexandre Magno ...................................... 137
8. Periodização da Filosofia Antiga ........................................................... 138
9. Glossário de Autores ............................................................................. 141
10. Quadro Cronológico da Filosofia Antiga .......................................... 174
11. Cronologia dos Períodos Helénico e Helenístico ........................... 182
12. Fragmentos Seleccionados de Heraclito .......................................... 183
13. Fragmentos Seleccionados de Parménides ..................................... 190
14. Fragmentos Seleccionados de Melisso ............................................. 195
15. Vida de Platão ........................................................................................... 196
Introdução ao Estudo da Filosofia Antiga 8 16. Obra de Platão: As Ordenações Tradicionais ................................. 197
17. Obra de Platão: A Hipótese Cronológica .......................................... 198
18. Obra de Platão: Os Consensos Actuais ............................................. 199
19. Destino do Platonismo na Antiguidade ............................................ 200
20. Vida de Aristóteles .................................................................................. 201
21. Obra de Aristóteles: A Ordenação Tradicional .............................. 202
22. Obra de Aristóteles: O Destino dos Tratados na Antiguidade ... 203 23. Obra de Aristóteles: Tratados Subsistentes ................................... 204
24. Obra de Aristóteles: Principais Escritos em Estado Fragmentário 206
25. Escolarcas do Liceu ................................................................................ 207
XII. INSTRUMENTOS E FORMALIDADES .............................................................. 209
1. Siglas e Abreviaturas Mais Utilizadas ................................................. 211
2. Regras de Citação ...................................................................................... 219
3. Bibliografia Fundamental ........................................................................ 221
4. Recursos Electrónicos .............................................................................. 248 APRESENTAÇÃO ________________ Costuma dizer-­‐se que um prefácio é aquele texto que se escreve depois, para se ler antes e que não se lê nem antes nem depois. Esperamos bem que a regra não se aplique neste caso, nem que seja para que o leitor saiba de antemão o que este livro não é e assim escuse de se sentir defrautado por não encontrar nele o que as suas expectativas lhe tinham prometido. Este livro não é uma introdução à filosofia antiga, no sentido habitual da expressão, isto é, uma obra na qual se encontrem disponíveis as informações mais relevantes sobre os autores, os textos, as doutrinas, as escolas e as correntes que floresceram durante este período histórico-­‐filosófico. Este livro não é um manual, uma sebenta ou um livro de texto, quer dizer, um documento para orientar os estudantes da disciplina no roteiro curricular adoptado pelo professor, para os inteirar dos conteúdos e materiais seleccionados ou lhes dar a conhecer as teses por ele perfilhadas. Este livro não é uma recolha de testemunhos e fragmentos, nem uma antologia de textos clássicos, ambos instrumentos muito úteis para estudantes e estudiosos, muito comuns noutros países e muito necessários no nosso, mas que não é nossa presunção estar oferecendo por este meio ao interessado. Num certo sentido, o presente volume reúne algumas características de cada um destes géneros, mas sem se fixar exclusivamente em nenhum. Como numa colectânea ou numa antologia, também nele se acha a tradução de alguns documentos fundamentais. Como numa sebenta, também nele se recolhe uma orientação particular quanto à interpretação do fenómeno em apreço, a história da filosofia antiga. Como num manual, também nele se isolam e privilegiam certos conteúdos e materiais e se preconizam metodologias e estratégias determinadas. Como numa introdução, também é sua intenção divulgar uma área do saber, fornecer dados e informações e comunicar conhecimentos. Introdução ao Estudo da Filosofia Antiga 10 No entanto, a sua finalidade e, por consequência, a sua estrutura e conteúdo, distinguem-­‐no de todos aqueles modelos. No caso vertente, não se trata de introduzir à filosofia antiga, mas de introduzir ao estudo da filosofia antiga, isto é, de dotar o leitor, e, desde logo, o estudante da disciplina, dos instrumentos básicos que lhe permitam construir autonomamente a sua aprendizagem e prosseguir a sua própria investigação pessoal. Neste sentido, o recurso que mais se lhe aproxima é um Guia da Cadeira de Filosofia Antiga, como aqueles que, no início do semestre, os alunos inscritos na disciplina são convidados a adquirir e onde estão reunidos os principais documentos orientadores, os materiais básicos e os textos a utilizar nas aulas. Também aqui, estas três grandes categorias estão representadas. De acordo com certos pressupostos e certos objectivos, enunciados no início (capítulos II-­‐III), a presente introdução ao estudo da filosofia antiga organiza-­‐se como um programa, propondo um roteiro para o percurso da disciplina (capítulo IV), dotado de conteúdos e métodos próprios (capítulo X), subordinado a um calendário lectivo (capítulo VIII), servido por determinada bibliografia fundamental, parte a ser trabalhada e parte para consulta do estudante (capítulo V), e sujeito a avaliação, segundo critérios oportunamente explicitados (capítulo VI). Exemplos de aulas (capítulo IX), de exercícios (capítulo VI) e de actividades a desenvolver nos períodos de atendimento personalizado (capítulo VII) são também apresentados. Por outro lado, esta introdução compila diversos materiais e recursos básicos, designadamente mapas da civilização grega nas diversas fases do seu desenvolvimento, quadros dos períodos histórico-­‐filosóficos por que se distribui a filosofia antiga, cronologias dos eventos e figuras mais marcantes, com paralelo histórico-­‐cultural, um glossário dos principais autores, figuras e correntes e uma resenha da literatura fundamental e dos recursos electrónicos mais úteis (capítulos XI-­‐XII).1 Dentro dos elementos de teor mais metodológico, inclui-­‐se ainda um conspecto das siglas e abreviaturas habitualmente utilizadas na investigação e a indicação do padrões internacionais adoptados na citação dos textos filosóficos antigos. De realçar que esta secção, de especial interesse para os estudantes, é a mais extensa do volume. 1 Alguns destes materiais são adaptados de outros originalmente publicados na nossa Introdução Geral às Obras Completas de Aristóteles, Lisboa, Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa – Imprensa Nacional-­‐Casa da Moeda, 2005. Introdução ao Estudo da Filosofia Antiga 11 Finalmente, faz também parte da presente introdução a tradução de textos dispersos ou sem edição portuguesa, como é paradigmaticamente o caso do dos pré-­‐socráticos (Heraclito, Parménides e Melisso, todos vertidos directamente do original). Como enquadramento geral destas unidades, procede-­‐se, no capítulo inicial, a uma apresentação da disciplina no currículo das Faculdades de Letras portuguesas, com destaque para o seu historial, as suas especificidades e os desafios perante os quais está hoje defrontada. Este percurso, porventura desinteressante para o leitor comum e até para o aluno que se inicia na matéria, pode ser proveitoso – estamos em crer – para professores e estudantes de níveis mais elevados, quando chamados a reflectir sobre o lugar desta área do saber no ensino universitário nacional ou a, eles próprios, preparar um programa para a sua leccionação. A este título, cumpre referir que, para além dos méritos que possa ter como iniciação ao estudo da filosofia antiga, este volume cumpre ainda uma função mais específica: apoiar o trabalho do docente da cadeira na sua escola, em especial naquela que tenha características mais ou menos idênticas à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, no quadro da qual foi concebido. Dirigem-­‐se-­‐
-­‐lhe especialmente os capítulos I-­‐X, correspondentes grosso modo à primeira metade do livro, que são, pelo contrário, de utilidade mais limitada para o neófito e muito relativa para o aluno graduado, salvo para aquele que procure um grau superior de fundamentação. Uma última palavra em relação ao futuro. É inevitável que o processo de adaptação em que as Universidades Portuguesas estão envolvidas na sequência da Declaração de Bolonha imponha alterações, algumas delas drásticas, na docência das disciplinas filosóficas e certamente também na das de história da filosofia. Na impossibilidade de prever neste momento todas as suas consequências, seria temerário antecipá-­‐las aqui. No entanto, quando chegar o momento de ver mais claro a este respeito, o leitor saberá fazê-­‐lo sozinho, se quiser aproveitar o essencial das orientações que aqui se deixam apontadas. Nesse contexto, seria decerto de rever as teses que perfilhámos a respeito da avaliação, em que, segundo nos parece, será imprescindível favorecer, num primeiro ciclo de duração mais curta, métodos mais rígidos e directivos, em detrimento dos habituais ensaios e dissertações livres, aqui ainda preconizados, que ganharão em ser deslocados para um patamar final das novas licenciauras. E, com esta prevenção, resta-­‐nos esperar que a presente introdução seja útil para o estudo daqueles que, dentro ou fora dos Introdução ao Estudo da Filosofia Antiga 12 quadros universitários, escolherem utilizá-­‐la para a sua iniciação na disciplina. António Pedro Mesquita Julho 2004 MARCOS, CARACTERÍSTICAS E DESAFIOS DA DISCIPLINA NA FACULDADE DE LETRAS DE LISBOA 1. BREVE HISTORIAL DA DISCIPLINA NA FACULDADE DE LETRAS A disciplina de Filosofia Antiga (anteriormente: “História da Filosofia Antiga”) é ensinada na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL) desde a sua fundação, data a partir da qual os estudos filosóficos se consolidaram como área de investigação independente na instituição, tendo desde então integrado continuadamente o plano de estudos da licenciatura. De facto, aquando da criação da Faculdade de Letras de Lisboa, em substituição do Curso Superior de Letras, por decreto do Governo Provisório de 9 de Maio de 1911, regulamentado em 19 de Agosto seguinte, foi pela primeira vez consagrada a existência de uma secção autónoma de Filosofia, no quadro da organização da escola em seis Grupos distintos. A licenciatura em filosofia comportava apenas seis cadeiras com conteúdo estritamente filosófico, sendo as restantes quinze comuns aos outros departamentos, mas eram já previstas três disciplinas de história da filosofia, respectivamente História da Filosofia Antiga, História da Filosofia Medieval e História da Filosofia Moderna e Contemporânea. Após a supressão do Grupo de Filosofia e a sua integração numa única Secção de Ciências Histórico-­‐Filosóficas, no quadro das reformas das Faculdades de Letras levadas a efeito pela Ditadura Militar entre 1926 e 1932, o panorama não se alterou de modo substancial, tendo até, curiosamente, aumentado para oito as disciplinas filosóficas leccionadas no curso, de entre as quais as três cadeiras de história da filosofia. Em 1957, com a autonomização definitiva da licenciatura em filosofia, determinada pelo Decreto-­‐Lei 41.341 de 30 de Outubro, o currículo universitário passou finalmente a reconhecer um lote significativo e articulado de disciplinas de cunho predominantemente filosófico, entre as quais a renovada cadeira de História da Filosofia Antiga (depois de 1974, simplesmente “Filosofia Antiga”). De então para cá, alguns marcos merecem especial destaque. No que à disciplina concerne, devemos registar três. Ignorando a precedência cronológica em favor da persistência dos respectivos efeitos no longo prazo, o primeiro terá sido a reestruturação da licenciatura que entrou em vigor no ano lectivo de 1987/88, prevendo a oferta de uma mesma formação básica em filosofia, através de três percursos diferenciados: o percurso A, ou de Filosofia Fundamental, o percurso B, ou de Filosofia da Cultura, e o percurso C, ou de Filosofia da Ciência, todos com a duração de quatro anos e inteiramente constituídos por cadeiras anuais. Esta reforma visava, desejavelmente, uma tão ampla diversificação dos currículos quanto o possibilitasse o quadro e a habilitação científica do pessoal docente, bem como as exigências da distribuição anual do serviço, desígnio que foi tentado, embora de modo não sistemático, pelos professores a quem a cadeira foi atribuída, os quais procuraram conferir uma tonalidade diferenciada aos programas previstos para cada percurso. De recordar a existência, durante sucessivos anos lectivos, de uma variante em Ciência e Filosofia Antiga, destinada ao percurso C, garantida pelo Professor Trindade Santos, assim como a nossa própria preocupação em incluir tópicos de “Cultura e Filosofia Antiga” (como intitulámos a respectiva unidade lectiva) ao longo do período em que fomos assegurando a cadeira para o percurso B. Introdução ao Estudo da Filosofia Antiga 14 No mesmo ano lectivo, assistiu-­‐se, entretanto, a uma outra importante inovação nos estudos filosóficos cultivados pela FLUL. Tratou-­‐se da criação do biénio de formação profissionalizante em filosofia, ou “ramo educacional”, destinado a fornecer preparação pedagógica específica aos licenciados empenhados em obter habilitação própria para o ensino da disciplina ao nível do Ensino Secundário. E este um segundo marco, ou pelo menos, parte relevante de um segundo grande marco, a que convém dar atenção. Com efeito, através da introdução do ramo de formação educacional, em 1987, como principalmente graças à criação dos cursos de Mestrado, em 1982, ou, mais recentemente, de cursos de Doutoramento e de Pós-­‐Doutoramento, criaram-­‐se condições sem precedentes para uma expansão e um aprofundamento da investigação na área. Estas inovações permitiram alargar enormemente a influência das diversas disciplinas ministradas na licenciatura, abrindo aos diplomados com interesse e capacidade para isso a possibilidade de um prosseguimento consistente dos seus estudos, oportunidade a que a área de filosofia antiga também não ficou indiferente. Relativamente diminuta no que toca ao biénio, em que só a cadeira de Filosofia da Educação ou a entretanto extinta disciplina de Teoria e Prática da Educação poderiam incluir tipicamente tópicos e figuras do pensamento grego e latino, graças aos contributos dos Sofistas, de Platão, de Aristóteles, de Cícero, de Séneca ou de Quintiliano, essa amplificação foi notória no caso das pós-­‐graduações. De modo muito embora descontinuado, foi possível, nos últimos vinte anos, assegurar a oferta de diversos seminários de Mestrado sobre o pensamento platónico, abrangendo designadamente, sob orientação do Professor Trindade Santos, um ciclo de cursos anuais sobre os principais diálogos platónicos da última fase (Teeteto, Sofista, Timeu, etc.), em complemento à insistência da disciplina, na licenciatura, sobre o pensamento platónico da primeira e segunda fases, bem como, em tempos mais recentes, e já sob nossa responsabilidade, a abertura de cursos semestrais de Mestrado e Doutoramento sobre tópicos do pensamento de Aristóteles. Deste esforço resultou, como nas restantes áreas disciplinares, a canalização de numerosos alunos para estudos superiores na área da filosofia antiga, bem como a multiplicação da produção científica levada a cabo por investigadores juniores, especialmente, mas não exclusivamente, no quadro dos trabalhos académicos exigidos para a obtenção do grau a que aqueles cursos dão acesso. O último, mas não menos relevante, marco na história da disciplina na FLUL é, sem dúvida, o processo de semestralização das licenciaturas em Letras, lançado a partir do ano lectivo de 1995/96. Inicialmente implementado, na licenciatura em filosofia, como noutras, a título de sistema alternativo sujeito ao critério dos responsáveis pelas disciplinas, que poderiam optar livremente, em cada caso, ora pelo regime anual, ora pelo regime semestral, o plano de estudos foi-­‐se progressivamente moldando, em termos maioritários, pelo esquema semestral. Pela nossa parte, convictos desde o início das vantagens deste regime, que, entre outros motivos de índole pedagógica, induz os estudantes a colaborar mais cedo e mais intensamente na sua própria aprendizagem, colocando-­‐os em estado de iniciar o seu trabalho tão cedo quanto o próprio semestre, procedemos às adaptações exigidas por esta reestruturação. Assim, a disciplina de Filosofia Antiga, no percurso pelo qual ficámos responsáveis, passou a ser ministrada em duas cadeiras semestrais, em vez da única cadeira anual anteriormente existente. Importa, todavia, frisar que as novas cadeiras de Filosofia Antiga I e Filosofia Antiga II, como, em geral, todas aquelas que resultaram da semestralização do Introdução ao Estudo da Filosofia Antiga 15 currículo então em vigor, inicialmente concebido para o sistema anual, beneficiam de uma particularidade a que não foi indiferente a nossa imediata adesão ao novo sistema. É que as duas cadeiras encontram-­‐se dispostas em sucessão temporal, como dois semestres consecutivos de um mesmo ano lectivo, o que permite aliar às vantagens pedagógicas da divisão as possibilidades abertas pela continuidade lectiva entre os dois semestres, em especial sempre que ambas sejam atribuídas a um mesmo docente, o qual fica, por este meio, habilitado a conceber e organizar um único curso e um único programa organicamente distribuído pelos dois segmentos. No quadro da nova estrutura curricular aprovada, e que entrou já em vigor no ano lectivo de 2004/05, julgamos de toda a utilidade que, sempre que possível, a distribuição semestral de cada disciplina seja subordinada à uniformidade de um único programa, permitindo, deste modo, potenciar conjuntamente os dois aspectos assinalados. É esse o caso da disciplina de Filosofia Antiga, onde se mantém a continuidade entre as duas cadeiras semestrais, pelo que nada obsta à prossecução desta orientação. 
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