Manual de Curso de licenciatura em Ensino de Geografia Geologia Geral G0135 Módulo Único Universidade Católica de Moçambique Centro de Ensino a Distância Direitos de autor (copyright) Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino à Distância (CED) e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste manual, no seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Universidade Católica de Moçambique Centro de Ensino à Distância). O não cumprimento desta advertência é passível a processos judiciais. Universidade Católica de Moçambique Centro de Ensino à Distância - CED Rua Correira de Brito No 613-Ponta-Gêa Moçambique - Beira Telefone: 23 32 64 05 Cel: 82 50 18 44 0 Fax:23 32 64 06 E-mail: [email protected] Website: www.ucm.ac.mz Agradecimentos A Universidade Católica de Moçambique - Centro de Ensino à Distância e os autores do presente manual, António dos Anjos & Romeu Pinheiro Uanicela, gostariam de agradecer a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: Actualização conteudística do Módulo Luis Deixa Joaquim Revisão final e maquetização Heitor S. M. Simão Geologia Geral G0135 Módulo Único i Índice Visão geral 5 Bem vindo a Geologia Geral G0135................................................................................. 5 Objectivos do curso .......................................................................................................... 6 Quem deveria estudar este módulo ................................................................................... 7 Como está estruturado este módulo .................................................................................. 7 Ícones de actividade .......................................................................................................... 8 Habilidades de estudo ....................................................................................................... 8 Precisa de apoio? .............................................................................................................. 9 Tarefas (avaliação e auto-avaliação)............................................................................... 10 Avaliação ........................................................................................................................ 10 Unidade I 11 Introdução a Geologia: Conceitos e objectivos .............................................................. 11 Introdução .............................................................................................................. 11 Exercícios........................................................................................................................ 17 Unidade II 19 O Papel do Geólogo ........................................................................................................ 19 Introdução .............................................................................................................. 19 Exercícios........................................................................................................................ 24 Unidade III 25 Equipamentos e Instrumentos usados em Geologia ....................................................... 25 Introdução .............................................................................................................. 25 Exercícios........................................................................................................................ 31 Unidade IV 32 Estrutura e Composição da Terra.................................................................................... 32 Introdução .............................................................................................................. 32 Exercícios........................................................................................................................ 39 Unidade V 40 Origem da Terra e o conhecimento do seu interior ........................................................ 40 Introdução .............................................................................................................. 40 Exercícios........................................................................................................................ 47 Unidade VI 48 Tectónica de Placas ......................................................................................................... 48 Introdução .............................................................................................................. 48 ii Índice Exercícios........................................................................................................................ 58 Unidade VII 59 Sistematização dos dados sobre a Tectónica .................................................................. 59 Introdução .............................................................................................................. 59 Exercícios........................................................................................................................ 65 Unidade VIII 66 O Movimento das Placas ................................................................................................ 66 Introdução .............................................................................................................. 66 Exercícios........................................................................................................................ 72 Unidade IX 73 Mineralogia ..................................................................................................................... 73 Introdução .............................................................................................................. 73 Exercícios........................................................................................................................ 76 Unidade X 77 Propriedades dos minerais .............................................................................................. 77 Introdução .............................................................................................................. 77 Exercícios........................................................................................................................ 83 Unidade XI 84 Principais grupos dos minerais ....................................................................................... 84 Introdução .............................................................................................................. 84 Exercícios........................................................................................................................ 86 Unidade XII 87 Rochas ............................................................................................................................. 87 Introdução .............................................................................................................. 87 Exercícios........................................................................................................................ 93 Unidade XIII 94 Rochas Sedimentares e Metamórficas ............................................................................ 94 Introdução .............................................................................................................. 94 Exercícios...................................................................................................................... 101 Unidade XIV 102 Os Fósseis e a Paleontologia ......................................................................................... 102 Introdução ............................................................................................................ 102 Geologia Geral G0135 Módulo Único iii Exercícios...................................................................................................................... 110 Unidade XV 111 Importância dos Fósseis: combustíveis Fósseis ............................................................ 111 Introdução ............................................................................................................ 111 Exercícios...................................................................................................................... 115 Unidade XVI 116 Geodinâmica Interna: vulcanismo ................................................................................ 116 Introdução ............................................................................................................ 116 Exercícios...................................................................................................................... 122 Unidade XVII 123 Manifestações secundárias do vulcanismo e sua importância ...................................... 123 Introdução ............................................................................................................ 123 Exercícios...................................................................................................................... 128 Unidade XVIII 129 Distribuição Geográfica dos Vulcões ........................................................................... 129 Introdução ............................................................................................................ 129 Exercícios...................................................................................................................... 134 Unidade XIX 135 Sismos ........................................................................................................................... 135 Introdução ............................................................................................................ 135 Exercícios...................................................................................................................... 140 Unidade XX 141 Distribuição Geográfica dos Sismos ............................................................................. 141 Introdução ............................................................................................................ 141 Exercícios...................................................................................................................... 149 Unidade XXI 150 Previsão Sísmica ........................................................................................................... 150 Introdução ............................................................................................................ 150 Exercícios...................................................................................................................... 154 Unidade XXII 155 Geodinâmica Externa: agentes atmosféricos ................................................................ 155 Introdução ............................................................................................................ 155 iv Índice Exercícios...................................................................................................................... 159 Unidade XXIII 160 Águas Subterrâneas....................................................................................................... 160 Introdução ............................................................................................................ 160 Exercícios...................................................................................................................... 165 Unidade XIV 166 Meteorização e Ciclo Geoquímico ............................................................................... 166 Introdução ............................................................................................................ 166 Exercícios...................................................................................................................... 181 Geologia Geral G0135 Módulo Único 5 Visão geral Bem vindo a Geologia Geral G0135 Geologia é a ciência que estuda a Terra. Parece muito amplo, não? E realmente é, trata-se de uma das mais abrangentes ciências naturais. Os geólogos estudam a composição, a estrutura e a evolução do Globo Terrestre, bem como os processos que ocorrem no seu interior e na superfície. Para a compreensão de disso tudo é necessário ao profissional um bom conhecimento de física, química, biologia e matemática. De facto, existem muito mais coisas entre o céu e a Terra do que pode supor a nossa vã filosofia. São depósitos minerais, bacias petrolíferas, fracturas e falhas geológicas, lençóis freáticos, fósseis, poluição, cidades, seres vivos, entre outras. Já deve ter dado para notar que a geologia não envolve apenas o estudo das rochas como muitos pensam. Seu conhecimento é de básico interesse científico, e é utilizado a serviço da humanidade. Os geólogos são capazes de identificar reservas minerais que possam ser extraídas, identificar zonas estáveis geologicamente falando sendo ideais para construções civis, e prever desastres naturais - como terramotos - que são associados as forças geodinâmicas. Esta disciplina visa apresentar o Planeta Terra como um megassistema dinâmico e aberto, explorando as suas características externas e internas e a interacção entre os diferentes processos geológicos que contribuem para a formação das rochas e a modelação do relevo. É favorecida uma abordagem interdisciplinar aos processos geológicos, suportada no modelo da Tectónica 6 Visão geral Global. Enfatizam-se os aspectos de intercepção da dinâmica da Terra com o Ambiente – riscos e recursos naturais. Objectivos do curso Quando terminar o estudo de Geologia Geral G0135 será capaz de: Compreender a Terra como um planeta dinâmico. Reconhecer que a maioria dos processos geológicos pode ser compreendida no contexto da Teoria da Tectónica de Placas. Objectivos Reconhecer a idade da Terra no contexto do sistema solar e a evolução que a superfície do planeta e as suas estruturas têm sofrido, integrando a génese e a evolução da Vida. Conhecer os processos fundamentais da dinâmica interna e externa do planeta, sustentados pelo calor interno da Terra e do sol, respectivamente Reconhecer que as formas de relevo á superfície do planeta resultam da interacção entre processos da dinâmica interna (construtores) e processos da dinâmica externa (destruidores). Reconhecer a importância vital para o Homem do conhecimento e monitorização dos riscos naturais – sismos, vulcões, deslizamentos de terras, inundações, etc. Reconhecer a importância do conhecimento geológico na tomada consciente de decisões que podem ter impacto sobre o Ambiente. Identificar os tipos litológicos fundamentais das rochas ígneas, sedimentares e metamórficas, com base em critérios macroscópicos Geologia Geral G0135 Módulo Único 7 Quem deveria estudar este módulo Este Módulo foi concebido para todos aqueles estudantes que queiram ser professores da disciplina de Geografia, que estão a frequentar o curso de Licenciatura em Ensino de Geografia, do Centro de Ensino a Distância na UCM. Estendese a todos que queiram consolidar os seus conhecimentos sobre a Climatogeografia. Como está estruturado este módulo Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade Católica de Moçambique - Centro de Ensino a Distância encontram-se estruturados da seguinte maneira: Páginas introdutórias Um índice completo. Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo. Conteúdo do curso / módulo O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo actividades de aprendizagem, um summary da unidade e uma ou mais actividades para auto-avaliação. Outros recursos Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos podem incluir livros, artigos ou sites na internet. 8 Visão geral Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes elementos encontram-se no final do módulo. Comentários e sugestões Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / modulo. Ícones de actividade Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Habilidades de estudo Durante a formação, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficazes e por isso é importante saber como estudar. Apresento algumas sugestões para que possa maximizar o tempo dedicado aos estudos: Antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de tarde/fins de semana/ao longo da semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento? Preciso de um intervalo de 30 em 30 minutos/de hora a hora/de duas em duas horas/sem interrupção? É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já domina bem o anterior. É preferível saber bem algumas partes da matéria do que saber pouco sobre muitas partes. Deve evitar-se estudar muitas horas seguidas antes das avaliações, porque, devido à falta de tempo e consequentes ansiedade e insegurança, começa a ter-se dificuldades de concentração e de memorização para organizar toda a informação estudada. Para isso torna-se necessário que: Organize na sua Geologia Geral G0135 Módulo Único 9 agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado desconhece; Precisa de apoio? Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra situação, o material impresso, lhe pode suscitar alguma duvida (falta de clareza, alguns erros de natureza frásica, prováveis erros ortográficos, falta de clareza conteudística, etc). Nestes casos, contacte o tutor, via telefone, escreva uma carta participando a situação e se estiver próximo do tutor, contacteo pessoalmente. Os tutores têm por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor, usando para o efeito os mecanismos apresentados acima. Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interacção, em caso de problemas específicos ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa fase posterior contacte o coordenador do curso e se o problema for de natureza geral. Contacte a direcção do CED, pelo número 825018440. Os contactos só se podem efectuar, nos dias úteis e nas horas normais de expediente. As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem a oportunidade de interagir com todo o staff do CED, neste período pode apresentar duvidas, tratar questões administrativas, entre outras. O estudo em grupo com os colegas é uma forma a ter em conta, busque apoio com os colegas, discutam juntos, apoiemse mutuamente, reflictam sobre estratégias de superação, mas produza de forma independente o seu próprio saber e desenvolva suas competências. 10 Visão geral Tarefas (avaliação e autoavaliação) O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues antes do período presencial. Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do estudante. Os trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem ser dirigidos ao tutor\docentes. Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor. O plagiarismo deve ser evitado, a transcrição fiel de mais de 8 (oito) palavras de um autor, sem o citar é considerado plagio. A honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos autoriais devem marcar a realização dos trabalhos. Avaliação Você será avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e o período presencial (20%). A avaliação do estudante é regulamentada com base no chamado regulamento de avaliação. Os trabalhos de campo por ti desenvolvidos, durante o estudo individual, concorrem para os 25% do cálculo da média de frequência da cadeira. Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões presenciais, eles representam 60%, o que adicionado aos 40% da média de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. Nesta cadeira o estudante deverá realizar 2 (dois) trabalhos, 1 (um) teste e 1 (exame). Algumas actividades praticas, relatórios e reflexões serão utilizados como ferramentas de avaliação formativa. Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das referencias utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. Geologia Geral G0135 Módulo Único 11 Unidade I Introdução a Geologia: Conceitos e objectivos Introdução A presente unidade justifica-se na medida que define a área ou o objecto de estudo da cadeira e põe ao corrente os aspectos que os estudantes irão se debruçar nessa cadeira de modo a facilitar o processo de aprendizagem por parte do estudante. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Objectivos Dar o conceito de Geologia; Identificar o objecto de estudo da geologia; Identificar e explicar os objectivos da geologia; Descrever a história da geologia Conceitos: A Geologia é a ciência que estuda a crusta terrestre, a matéria que a compõe, sua estrutura e textura, sua formação e as alterações que ocorreram desde sua origem. Esta ciência natural, através das ciências exactas e básicas (Matemática, Física e Química) e de todas as suas ferramentas, investiga o meio natural do planeta, interagindo inclusive com a Biologia em vários aspectos. Geologia e Biologia são as ciências naturais que permitem conhecer o nosso habitat e, por consequência, agir de modo responsável nas 12 Unidade I actividades humanas de ocupar, utilizar e controlar os materiais e os fenómenos naturais. A Geologia tem um papel marcante e decisivo na qualidade da ocupação e aproveitamento dos recursos naturais, que compreendem desde os solos onde se planta e se constrói, até os recursos energéticos e matérias-primas industriais. O desconhecimento quantitativo e qualitativo da dinâmica terrestre tem resultado em prejuízos muitas vezes irreparáveis para a natureza em geral e para a espécie humana em particular. Hoje, já se sabe muito mais sobre o funcionamento do Planeta do que 30 anos atrás. Este progresso no conhecimento deve ser divulgado e assimilado, sendo a compreensão do ciclo natural terrestre fundamental para a valorização das relações entre o ser humano e a natureza e para a adopção de uma postura mais crítica e mais consciente frente aos mecanismos de desenvolvimento da sociedade. O Objecto de Estudo da Geologia Podemos definir Geologia como a ciência cujo objecto de estudo é a Terra: sua origem, seus materiais, suas transformações e sua história. Estas transformações produzem materiais ou fenómenos naturais com influência directa ou indirecta em nossas vidas. É preciso saber aproveitar adequadamente as características da natureza, bem como prever e conviver com os fenómenos catastróficos que são sinais da dinâmica do planeta. Os objectivos da geologia Estudar as características do interior e da superfície da Terra, em várias escalas; Geologia Geral G0135 Módulo Único 13 Compreender os processos físicos, químicos e físicoquímicos que levaram o planeta a ser tal como o observamos; Definir a maneira adequada (não destrutiva) de utilizar os materiais e fenómenos geológicos como fonte de matériaprima e energia para melhoria da qualidade de vida da sociedade; Resolver os problemas ambientais causados anteriormente e estabelecimento de critérios para evitar danos futuros ao meio ambiente, nas várias actividades humanas; Outras profissões encontram-se aptas para trabalhar com meio ambiente, como a biologia, geografia e algumas engenharias, mas o curso de geologia proporciona uma formação que possibilita um entendimento mais abrangente e detalhado da dinâmica ambiental do Planeta Terra, o que torna o geólogo imprescindível na constituição de equipes de projectos ambientais. Durante o curso de geologia, o aluno passa a entender como a Terra funciona, desde os movimentos e processos oriundos do interior do planeta, que dão mobilidade às placas tectónicas, formando rochas, vulcões, montanhas e oceanos, até os processos que ocorrem na superfície como a acção dos rios, dos ventos, dos mares e das geleiras. O curso proporciona ainda a evolução do raciocínio dentro de uma visão tridimensional do ambiente e, principalmente, do subsolo. Em função deste conhecimento, o geólogo é o único profissional capacitado para trabalhar com água subterrânea, cuja exploração racional e protecção vem se tornando um dos aspectos mais importantes para a sobrevivência e bem estar da humanidade nestes últimos anos, afinal, não vivemos sem água mais do que algumas horas. 14 Unidade I Além de conhecer o fundo os processos que ocorrem no interior e na superfície da Terra, saber como as rochas se formam e enxergar o meio ambiente em três dimensões, o geólogo tem ainda noção da evolução do tempo nos processos ambientais, expresso pelo tempo geológico. Desta forma, o geólogo encontra-se capacitado para entender melhor a dinâmica do meio ambiente. História da Geologia A história da terra é muito longa. Uma história que se desenrola há cerca de 4.600 milhões de anos e que o homem vem a escrever há cerca de 5 mil anos. Na Geologia os caminhos da história raramente são direitos. É próprio de uma falsa ciência nunca descobrir o que é falso, nunca reconhecer a necessidade de renunciar seja ao que for, nunca mudar de linguagem. Não esquecendo que a história da verdade, e só da verdade, é uma noção contraditória. Aquilo que hoje é impossível amanhã é do censo comum. Foi opinião geral que a Terra teve sempre o mesmo aspecto desde a sua origem. As montanhas, os vales, as planícies, os rios e os mares que nos rodeiam não sofrem alterações visíveis durante a nossa existência. Desde sempre que o homem observa e usa a natureza e faz especulações sobre ela. Observou em muitas rochas a presença de impressões (fósseis) com a forma de conchas, ossos de animais e folhas de plantas. Ao longo de muitos séculos aquelas impressões excitaram a curiosidade e estimularam a imaginação, tendo originado inúmeras explicações. Assim foram consideradas como criações de espíritos maus ou bons sendo designadas como "cobras de pedra", "pedras de trovão", "pedras mágicas" e "pedras de sapo", ou como resultado da acção das radiações do Sol ou das estrelas; outros, preferiram olhá-las como facécias do reino mineral imitando formas de plantas e de animais existentes na natureza; outros, ainda, consideraram-nas restos das primeiras tentativas do Geologia Geral G0135 Módulo Único 15 Criador, que teria rejeitado os esforços primitivos quando, com o aperfeiçoamento da prática, adquiriu proficiência suficiente para criar as formas de vida actuais. Pitágoras (580-500 a.C.) teve a verdadeira intuição acerca da natureza das referidas impressões (fósseis). Contudo, ainda no século XVII, Plot admitia que as marcas (impressões - fósseis) observadas nas rochas seriam o resultado de propriedade inerente à Terra a qual originaria as marcas como ornamento das regiões ocultas do Globo, da mesma maneira que as flores são o ornamento da superfície. Mesmo no século XIX, um decreto teológico de Oxford afirmava que o Diabo tinha colocado aquelas impressões (fósseis ) nas rochas para enganar e embaraçar a humanidade. Foi Leonardo da Vinci (1452-1519), que realizou estudos importantes nos domínios da Geometria, Biologia, Geologia, Astronomia e Anatomia, quem esclareceu o problema das impressões (fósseis). O método utilizado por Leonardo da Vinci nas suas observações e deduções foi de importância fundamental para o estudo da história da Terra, tendo, deste modo, resolvido o problema do significado dos fósseis. Pese este facto as discordâncias, as rivalidades e as ideias dominantes da sociedade, em cada época, dentro da comunidade científica sempre foram obstáculos ao avanço da ciência. Veja-se Plot, século XVII, e o decreto teológico de Oxford, século XIX. Nicolau Steno (1638-1686), foi um dos primeiros investigadores a redescobrir a verdadeira natureza dos fósseis. Georges Cuvier (1769-1832) prestou muitas e importantes contribuições à História Natural, no que se refere a espécies extintas e à reconstituição de alguns fósseis dando-lhe o aspecto que teriam quando eram vivos. Foi defensor de uma versão da história da Terra, segundo a qual uma sucessão de catástrofes teria exterminado as primitivas formas de vida, sendo a última destas catástrofes o Dilúvio descrito na Bíblia. 16 Unidade I Johann Gottlob Lehman e Christian Fuchsel, dois naturalistas do século XVIII, mostraram que o contraste morfológico observado na Turíngia, centro da Alemanha, resultou de os fenómenos responsáveis pela formação das montanhas do Harz serem diferentes dos que originaram as planícies da Turíngia; isto é, a história geológica da região foi condicionada por dois episódios distintos. Lehmann evidenciou a sequência de fenómenos da história da Terra gravados nas sucessivas camadas rochosas. James Hutton (1726-1797), considerado o fundador da geologia moderna, fazendo uso da observação de campo dos fenómenos actuais deduziu que as mesmas leis físicas actuais que os condicionam terão sido as mesmas que actuaram no passado. Formulou, deste modo, o princípio do Uniformitarismo: o presente é a chave da interpretação do passado. Mais tarde, Charles Lyell (1797-1875), ampliou este princípio aplicando-o a novas situações geológicas, traduzindo-se em novos progressos das ciências geológicas. De facto, as rochas formam-se na natureza actual, obedecendo às mesmas leis que presidiram à sua formação há centenas de milhões de anos. Para finalizar esta história, que já vai longa para os objectivos que me proponho, não posso deixar de referir o nome de William Smith (1769-1839), que enunciou dois princípios fundamentais da estratigrafia, a lei "da sobreposição dos estratos" e a "das camadas identificadas pelos fósseis". Durante quase cinquenta anos, percorreu a Inglaterra elaborando o primeiro mapa geológico daquele país. Geologia Geral G0135 Módulo Único Exercícios 1. Elabore um conceito seu para a geologia 2. Qual a diferença entre geografia e geologia? 3. O que diz a lei da sobreposição de estratos enunciada pelo William Smith? 17 Geologia Geral G0135 Módulo Único 19 Unidade II O Papel do Geólogo Introdução O conhecimento do papel e das actividades dos geólogos é importante para os estudantes pois possibilita o conhecimento dessas áreas ampliando o horizonte dos mesmos na aplicação da geologia. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Descrever o papel do geólogo; Descrever os sectores de actividade dos geólogos; Objectivos A Profissão do Geólogo O geólogo tem actuação profissional marcante na sociedade moderna, devido a crescente demanda por recursos naturais (água, recursos minerais, petróleo e gás entre outros) e a necessidade de conservar o equilíbrio da Terra. É o profissional com melhor visão das interacções do ser humano com meio ambiente, pois detém o conhecimento especializado para lidar com a magnitude dos processos geológicos e caracterizar as suas causas e consequências. O geólogo tem papel estratégico na prevenção de acidentes naturais, actua nos estudos de potencialidade de uso e ocupação do meio físico (áreas agrícolas e urbanas) e na remediação de contaminações tanto do solo como da água subterrânea. 20 Unidade II A profissão do geólogo inclui ainda as actividades ligadas à investigação científica, que permitem obter informações sobre a evolução da Terra, sua composição, estrutura e origem. Demandas recentes da sociedade trouxeram novos desafios para a profissão, exigindo uma formação multidisciplinar; de um lado conhecimento técnico em física, matemática, química, biologia e computação, e, de outro, uma visão crítica e integrada em campos como da economia, planeamento e até estruturas sociais. Diferentemente de outras profissões, em que a actividade é realizada em escritórios ou outros recintos fechados, o geólogo divide seu tempo entre as pesquisas da natureza e o trabalho de laboratório e escritório. Em Moçambique, apesar de sua grande extensão territorial e riqueza em recursos minerais, o conhecimento geológico é restrito. Além disso, o número de profissionais na área é insuficiente comparativamente com o de outras nações. Portanto, o mercado de trabalho é promissor em função da demanda por um profissional que compreenda os processos geológicos de tal forma a propor soluções coerentes para a sociedade, em harmonia com o meio ambiente. O mercado é constituído por empresas petrolíferas, de perfuração de poços artesianos, de engenharia civil e ambiental, de mineração e empresas estatais, além de instituições de ensino, como professor e pesquisador. Sectores de trabalho do geólogo O geólogo pode trabalhar só em escritórios ou laboratórios, mas normalmente sua actividade alterna períodos no campo com períodos no escritório, o que permite uma saudável mudança de Geologia Geral G0135 Módulo Único 21 rotina. O trabalho de campo é mais cansativo, mas propicia um contacto íntimo e agradável com a natureza. Um dos seus principais trabalhos é o mapeamento geológico, actividade típica dessa profissão. Nele, o geólogo percorre a área a ser mapeada, geralmente de carro, mas também a pé (quando há locais de difícil acesso, quando a área a ser mapeada é pequena ou quando o trabalho é de muito detalhe). À medida que percorre essa área, ele vai descrevendo as rochas que encontra, colectando amostras e fazendo suas anotações na caderneta de campo. No final do trabalho, o geólogo elabora o mapa geológico, onde estão representados os diferentes tipos de rocha e as relações entre eles, documento este muito útil para diversas finalidades, até mesmo fora da Geologia. Na posse de um mapa geológico, o geólogo pode definir as áreas mais favoráveis para fazer pesquisa mineral, ou seja, para procurar um bem mineral em particular. Se ele quiser encontrar carvão, por exemplo, vai pesquisar onde há rochas sedimentares, nunca em rochas ígneas ou metamórficas. Outro trabalho importante é em Hidrogeologia, sector em que o geólogo faz pesquisa para encontrar água subterrânea. Como as águas superficiais são cada vez mais poluídas e, em certas regiões (como o Nordeste do Brasil), muito escassas, é importante abrir poços tubulares para aproveitar a água do subsolo. Nas minas, o trabalho do geólogo também é importante, porque, embora o minério já tenha sido ali encontrado, é preciso definir bem seu volume e sua distribuição. À medida que ele vai sendo extraído, podem surgir locais onde se esperava que ele existisse mas não existe, ou, ao contrário, pode aparecer em locais onde não se esperava. Essa pesquisa de detalhe é, portanto, importante para orientar a lavra. 22 Unidade II A área de Geotécnica é um amplo campo de trabalho para o geólogo, pois inclui a construção de estradas, túneis, viadutos, barragens, edifícios, etc. Aí, é importante o trabalho do geólogo junto com o engenheiro civil, porque ele vai dizer se o solo é adequado à construção daquelas obras e o que deve ser feito para garantir a estabilidade das construções. No Sensoriamento Remoto, os geólogos utilizam recursos como fotografias aéreas, imagens de satélite e de radar para mapeamento geológico, de solos, de vegetação, de áreas cultivadas, etc. Na Geoquímica, o geólogo planeja (e, às vezes, executa) a colecta de amostras de solo, rocha, água e sedimentos de corrente (areias do fundo dos rios), e determina onde esse material deve ser colectado. Na posse dessas amostras, ele as manda para o laboratório para determinar que percentagem possui do elemento químico que está procurando ou para ver quais elementos químicos são nelas mais abundantes. Com isso, obtém dados que permitem dizer, com maior ou menor certeza, se há, na área estudada, uma jazida. Na Geofísica, os geólogos e físicos medem propriedades como o magnetismo, densidade, propriedades eléctricas ou radioactividade das rochas para detectar presença de minérios, principalmente de minerais metálicos (ferro, manganês, cobre, chumbo, zinco, ouro, molibdénio etc.). A Geologia Marinha é uma área de trabalho relativamente nova. Esse ramo da Geologia estuda as variações do nível do mar e o relevo do assoalho oceânico. A sondagem não é um ramo da Geologia, mas é um método de pesquisa que exige conhecimento bem especializado. Ela compreende a perfuração de poços com diâmetros variam entre 2,5 e 75 cm, e profundidades que podem ir bem além de 1.000 m (estas Geologia Geral G0135 Módulo Único 23 comuns na pesquisa de petróleo), para colecta de amostras do subsolo ou para extracção de água, petróleo ou gás. Uma área de trabalho nova e muito ampla que se abriu para os geólogos é a Geologia Ambiental. Trabalhando com técnicos de outras profissões, os geólogos actuam na prevenção de enchentes, escorregamentos de terra e erosão; na escolha de locais para instalação de depósitos de lixo, cemitérios, aeroportos, núcleos residenciais, fábricas, etc.; na detecção e delimitação de áreas poluídas no subsolo; na delimitação de áreas de preservação ambiental, como parques, nichos ecológicos, florestas, nascentes de rios, locais de interesse arqueológico, etc.; na delimitação também de áreas impróprias para a construção, como encostas de alta declividade e áreas de solo instável; no planeamento da expansão urbana; na solução de conflitos causados pela mineração em áreas urbanas (pedreiras, por exemplo); na elaboração de planos directores municipais; etc. É, portanto, um vasto campo de actuação que está se abrindo. Dentro da pesquisa mineral, a pesquisa do petróleo é uma área muito especializada, que exige intenso treinamento. É atendida por empresas como a Petrobrás e, ao contrário da Geologia Ambiental, oferece oportunidades em áreas mais restritas do país. Geólogos que preferem ficar na cidade podem trabalhar em laboratórios, descrevendo amostras de rocha ao microscópio; ministrando aulas em universidades; fazendo estudos de Economia Mineral; etc. A crescente participação da Informática nos trabalhos de Geologia tem exigido a presença dos geólogos também no sector de geoprocessamento, que inclui tanto trabalho estatísticos como o tratamento de imagens de satélite. com dados 24 Unidade II Após um bom tempo de experiência profissional, é normal que alguns geólogos assumam cargos de chefia na empresa ou órgão em que trabalham e passem a exercer suas actividades apenas em escritório, ou com idas ao campo somente para visitar as áreas de actuação das equipes que gerenciam. Exercícios 1. Explique o papel do geólogo na sociedade moderna. 2. Seria necessário um geólogo nas obras de reconstrução da ponte sobre o rio Zambeze, por exemplo? Explique porque? 3. Em que é que a área do sensoriamento remoto pode ajudar a geologia? Geologia Geral G0135 Módulo Único 25 Unidade III Equipamentos e Instrumentos usados em Geologia Introdução A unidade visa dotar o aluno de conhecimentos relativamente aos diversos instrumentos usados pelos geólogos. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Indicar e descrever os equipamentos usados pelo geólogo no campo; Objectivos Descrever as áreas de estudo da geologia. O principal instrumento de trabalho do geólogo é o martelo de geólogo. Ele é um símbolo da profissão. Trata-se de um martelo diferente, próprio para quebrar rochas e minerais. Com cabo revestido de náilon para permitir que seja seguro com firmeza, é fabricado com uma liga metálica especial de alta resistência, que sofre desgaste, mas sem soltar lascas ao ser usado. O martelo de geólogo é inquebrável em uso normal e é formado por uma peça só, não sendo separado do cabo. 26 Unidade III Outro instrumento que o geólogo sempre leva para o campo é a bússola, usada não apenas para se orientar, mas também para medir a direcção e inclinação (mergulho) de camadas, veios e fracturas. A bússola de geólogo possui um clinômetro, dispositivo para medir inclinações e que permite também, através de um cálculo trigonométrico simples, determinar a altura de um murro, edifício, etc. A caderneta de campo é fundamental para o geólogo. Nela, ele anota tudo que vê de importante, marca as distâncias percorridas, descreve paisagens, rochas, minerais e fósseis, a direcção e o mergulho das camadas, desenha afloramentos, regista as hipóteses de trabalho, etc. Geologia Geral G0135 Módulo Único 27 Os mapas topográficos são também indispensáveis quando se vai fazer um mapa geológico. Neles, o geólogo anota os pontos visitados, as estradas percorridas e representa com diferentes cores, os locais correspondentes às diferentes rochas que encontrou. No trabalho de pesquisa mineral, o geólogo pode ir para o campo com um mapa geológico já pronto, para detalhar melhor as informações que ele contém. As fotografias aéreas são extremamente úteis antes do trabalho de campo e durante sua execução. No escritório, elas são usadas para separar os diferentes tipos de rocha (com base nas variações de cor e textura), que podem ou não ser bem identificados nessa fase. Depois, no campo, faz-se uma verificação, visitando alguns locais para confirmar se a separação feita no escritório está correcta. Elas servem, além disso, para o geólogo se orientar, localizar estradas, vilas, rios, morros, etc. Máquina fotográfica é também importante, porque uma foto pode dar informações que nem o melhor desenhista poderia colocar na caderneta de campo e um número de dados muito maior do que a melhor descrição escrita Uma lupa de dez aumentos (às vezes, usa-se também a de vinte) é igualmente importante para identificar minerais que aparecem na forma de grãos muito pequenos. Ela costuma ser amarrada num cordão e levada no pescoço, porque é pequena e usada com frequência. 28 Unidade III Esse equipamento todo e, às vezes, amostras de rocha, são carregados numa mochila, outro equipamento importante para o geólogo. Dependendo do tipo de pesquisa de campo, pode ser necessário também um cintilômetro, aparelho que mede a radioactividade natural das rochas e que serve tanto para separar seus diferentes tipos como para procurar minérios radioactivos. Se a área a ser pesquisada tem uma extensão muito grande, usa-se um cintilômetro transportado por avião, que lê e regista a radioactividade de modo automático. O magnetismo serve para as mesmas finalidades que o cintilômetro, mas mede o magnetismo das rochas, não a radioactividade. Também ele pode ser portátil ou aerotransportado. Como equipamento útil, mas nem sempre necessário, podem ser citados também ácido clorídrico (para identificar minerais como a calcita e rochas como o mármore e o calcário), canivete (para testar a dureza de minerais), fita adesiva (para identificar as amostras de rocha colectadas), cantil, estojo de primeiros socorros, óculos de protecção, réguas, ímã e outros. Outros materiais e objectos podem se mostrar necessários, dependendo da região e das preferências individuais do geólogo. Geologia Geral G0135 Módulo Único 29 Em regiões de difícil acesso, como a Amazónia ou desertos, é importante o uso de rádio transmissor-receptor, soro anti-ofídico e GPS. O GPS é um aparelho que capta sinais de satélites que estão em órbita em torno da Terra e informa as coordenadas do local onde se está. Ele é extremamente útil para regiões de mata fechada, desertos ou áreas com poucas estradas. Também é importante quando os mapas da região onde se está trabalhando são muito antigos e desactualizados. Outro Equipamento usado pelos géologo é o para medição de desvios de furos (figura seguinte) Áreas de estudo da Geologia Geofísica - reconhece as propriedades físicas da Terra. Por exemplo, estudando o campo magnético terrestre intensidade, configuração e variação), o fluxo de calor interno da Terra, o movimento das ondas sísmicas, que estão associadas aos terramotos. A geofísica combina geologia com física para solucionar problemas como encontrar reservas de gás, óleo, metais, água... Geoquímica - trata da química do planeta. E actualmente pode ser dividida em geoquímica sedimentar, geoquímica orgânica, o novo campo da geoquímica ambiental, e muitos outros. O grande interesse da geoquímica está na origem e evolução das principais 30 Unidade III classes de rochas e minerais. O geoquímico estuda especificamente os elementos da natureza - por exemplo, os ciclos geoquímicos do carbono, nitrogénio, fósforo e enxofre; distribuição e abundância de isótopos na natureza e a exploração geoquímica, também chamada de prospecção geoquímica, que é aplicada para a exploração mineral. Petrologia - trata da origem, estrutura, ocorrência, e da história das rochas ígneas, metamórficas e sedimentares. Os petrólogos estudam as mudanças que ocorrem nas rochas e são capazes de fazer um detalhado mapeamento mostrando os tipos de rochas existentes em uma área. Mineralogia - trata dos minerais encontrados na crosta terrestre, e até mesmo os encontrados ou originados fora dela. A cristalografia estuda a forma externa e a estrutura interna dos cristais naturais ou sintéticos. Há quem considere a mineralogia a arte de identificar os minerais baseando-se nas suas propriedades físicas e químicas. A mineralogia económica focaliza os processos responsáveis pela formação dos minerais, especialmente os de uso comercial. Geologia Estrutural - estuda actualmente as distorções das rochas em geral. Usualmente comparando as formas obtidas e as classificando. Essas distorções podem ser vistas tanto macroscopicamente quanto microscopicamente. Os geólogos estruturais são capacitados para localizar armadilhas estruturais que podem conter petróleo. Sedimentologia - refere-se ao estudo dos depósitos sedimentares e das suas origens. Os sedimentólogos estudam inúmeras feições apresentadas nas rochas que podem indicar os ambientes que existiam no local no passado e assim entender os ambientes actuais. Paleontologia - estuda a vida pré-histórica, tratando do estudo de fósseis de animais e plantas micro e macroscópicos. Os fósseis são importantes indicadores das condições de vida existentes no Geologia Geral G0135 Módulo Único 31 passado geológico, preservados por meios naturais na crosta terrestre. Geomorfologia - trabalha com a evolução das feições observadas na superfície da Terra, identificando os principais agentes formadores dessas feições e caracterizando a progressão da acção de agentes como o vento, gelo, água... que afectam bastante o relevo terrestre. Geologia Económica - envolve a aplicação de princípios geológicos para o estudo do solo, rochas, água subterrânea para saber como devem influir no planeamento e construção de estruturas de engenharia. Hidrogeologia - trata do gerenciamento de recursos hídricos, localização de lençóis freáticos e a construção de poços. Geologia Ambiental - esse é um campo relativamente novo responsável pela colecta e análise de dados geológicos para evitar ou solucionar problemas oriundos intervenção humana no meio ambiente. Um dos seus ramos é o da Geologia Urbana, que trata dos impactos, geralmente caóticos, gerados sobre o meio ambiente, quando o incontrolável crescimento das cidades agride o ambiente ocasionando catástrofes que afectam directamente a qualidade de vida da população. Actualmente o geólogo ambiental tem trabalhado bastante na elaboração de RIMAS (Relatórios de Impacto Ambiental), exigidos antes da execução de grandes obras. Exercícios 1. Explique a importância das fotografias aéreas para um geólogo 2. Quais são as principais áreas de estudo do geólogo 3. Descreva a aplicação da Geologia estrutural 32 Unidade IV Unidade IV Estrutura e Composição da Terra Introdução O conhecimento da actual forma exterior da terra e seus constituintes é quase impossível sem o conhecimento da estrutura interna da terra. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Conhecer a estrutura interna da terra Definir a composição interna da terra Objectivos Explicar a origem do interior da terra Conhecer o sistema químico dinâmico da Terra O Sistema Químico Dinâmico da Terra A terra sólida que fica ao nosso alcance, as rochas superficiais e os solos delas derivadas por desgaste físico e químico, é constituída por minerais, ou seja, compostos químicos inorgânicos. Os elementos destes compostos já se achavam presentes à época da formação da terra, há cerca de 4,5 bilhões de anos atrás. A composição do interior terrestre possivelmente é similar na sua parte mais externa (a crusta e o manto; Figura 1) a algumas das rochas presentes na superfície, embora os minerais alí presentes sejam diferentes. Geologia Geral G0135 Módulo Único 33 A Terra-laboratório Imagine um edifício com vários laboratórios. No piso térreo, são realizadas experiências sob condições de pressão e temperatura compatíveis com aquelas da superfície terrestre. Investigam-se aqui os efeitos da atmosfera oxidante, da água da chuva (geralmente, levemente ácida) e dos organismos sobre os minerais e rochas que se encontram expostos na superfície da terra. São enfocados diferentes aspectos em cada caso, em reposta às seguintes questões: qual o destino dos elementos químicos, usados como nutrientes pelas plantas, durante a decomposição das rochas e dois minerais? Ou ainda, os elementos químicos que poluem o meio-ambiente em consequência da actividade industrial descontrolada são fixados em quais produtos formados na superfície?; Em que ponto do espaço e do tempo estes compostos superficiais se formam? No primeiro subsolo, em equipamentos diferentes, porém igualmente especiais, pesquisa-se o comportamento de óxidos de magnésio, alumínio, cálcio, sílico, ferro e outros elementos químicos sob temperaturas de até pouco menor que 2.000°C, e pressões de até umas centenas de milhares de vezes superior à pressão atmosférica, que é de 1 kg.cm-2, aproximadamente. 34 Unidade IV Pesquisa-se, também, o comportamento de silicatos de magnésio, alumínio, cálcio e ferro. Novamente, busca-se saber quais os minerais estáveis sob cada condição de pressão e temperatura, quando teve início o processo de fusão das misturas de minerais investigadas. Finalmente, no segundo subsolo, as experiências são realizadas em equipamentos, sob condições de temperatura de milhares de graus centígrados e de pressão da ordem de milhões de vezes superior à da pressão atmosférica. Estuda-se aqui o comportamento de ligas metálicas, de ferro e níquel, na presença de pequenas quantidades de enxofre, oxigénio, e outros elementos químicos. Verifica-se, também, as condições de início de fusão das misturas, e a natureza dos compostos químicos produzidos em cada experiência. Em suma, neste edifício, os cientistas tentam simular os diferentes sistemas químicos que compõem a Terra, de acordo com sua estruturação em uma fina crosta superficial, um manto espesso e núcleo (Fig. 1). No piso térreo, simulam-se as reacções movidas predominantemente pela energia solar. No primeiro subsolo, as experiências objectivam estudar o manto e a crosta terrestre. No segundo subsolo, estudam-se os fenómenos que podem estar acontecendo na camada menos acessível do planeta, o núcleo. Nestas duas últimas camadas, a energia que movimenta os processos é fundamentalmente o calor interno do planeta. Como surgiu a estrutura interna da Terra Considera-se que o planeta Terra tenha se formado no interior de uma nebulosa solar quente (composta por gases e sólidos na forma de poeira) a partir de componentes químicos mais refratários, que se condensaram em temperaturas muito altas. Assim, os elementos químicos mais abundantes do planeta são bastante restritos, a saber: ferro (que pode existir como metal, como óxido, ou silicato, ou sulfeto), oxigénio (geralmente, combinado com outros elementos, Geologia Geral G0135 Módulo Único 35 especialmente com o sílicio), silício, magnésio (geralmente como óxido ou silicato), níquel (como liga junto ao ferro, silicato junto ao magnésio, ou sulfeto junto ao ferro), enxofre (nos sulfetos), cálcio (como óxido ou silicato) e alumínio (como óxido ou silicato). Estes oito elementos, juntos, compõem cerca de 90% da massa do nosso planeta. Durante o processo de formação da Terra, os condensados e as partículas de poeira colidem e unem-se, umas às outras. As massas dos aglomerados e as velocidades das colisões crescem rapidamente. Em contrapartida, o número de corpos presentes decresce. Surgem primeiro grande número de corpos planetesimais, muito menores que a Lua. Depois de múltiplas colisões, surgem os protoplanetas, com dimensões parecidas com a da Lua. A energia das colisões leva ao aquecimento dos corpos, e isto promoveu a fusão, pelo menos parcial, dos componentes de menor ponto de fusão: o ferro metálico e sulfetos de ferro e níquel líquidos, os quais, por serem mais densos, acumulam-se no centro do planeta, enquanto os outros materiais mais leves concentram-se ao redor deste núcleo, no manto espesso, e na crosta. Esta separação chamase de diferenciação primária. Para onde foram os elementos químicos durante a diferenciação primária? E o que aconteceu depois? Com a estrutura precoce do planeta formou-se o núcleo metálico e o manto e a crosta silicáticos. O ferro participa de todas as “camadas”, enquanto magnésio, silício e oxigénio (por exemplo) participam essencialmente do manto e da crosta. Elementos de grande interesse económico, como o níquel, ouro e elementos do grupo de platina, apresentam grande afinidade química com ligas de ferro ou os sulfetos. Tais elementos podem ter sido concentrados no núcleo no momento da diferenciação primária, e desse modo são escassos nas outras camadas. De outra parte, elementos alcalinos, tais como o sódio e potássio, concentram-se em minerais silicáticos 36 Unidade IV de maior facilidade de fusão, e tendem a concentrar-se na crosta terrestre. Após a diferenciação primária, o material do manto e da crosta sofre reciclagem e reprocessamento em decorrência da convecção que, durante o resfriamento, promove a transferência de calor do interior da Terra para a superfície. As transferências de calor são acompanhadas pelo transporte de material em direcção à superfície. Em profundidades moderadas no interior da Terra, ocorrem processos de fusão parcial. Alguns elementos (tais como magnésio e níquel) tendem a ficar na parte refratária, não fundida, enquanto outros elementos tendem a se concentrar no fundido (a exemplo dos elementos alcalinos, como sódio e potássio). Os líquidos produzidos (ou seja, os magmas) migram e consolidam-se como componentes da crosta terrestre. Como compensação do processo de ascensão do material quente e menos denso, ocorre descida de material mais frio e mais denso que retorna ao interior da Terra parte dos componentes materiais da crosta e do manto superior raso. Os movimentos tridimensionais de ascensão e descida de matéria rochosa podem abranger toda a extensão do manto, como deve ocorrer, por exemplo, em baixo das ilhas Havai no meio do Oceano Pacífico, ou podem envolver apenas a parte do manto raso, como deve acontecer em baixo do Oceano Atlântico. Os movimentos de fluxo térmico e materiais verticais são acompanhados por movimentos laterais que movimentam as placas litosféricas, que constituem os diversos segmentos da crosta da Terra (Fig. 2). Esta diferenciação secundária começou logo após a diferenciação primária da Terra, e continua até hoje. Geologia Geral G0135 Módulo Único 37 Com base em características físico-químicas, a Terra pode ser dividida em três zonas principais A região mais superficial é chamada crusta. Esta zona tem uma espessura de 30-40 km sob os continentes (ou ainda mais sob as zonas montanhosas) e, em zonas oceânicas, apresenta uma 38 Unidade IV espessura inferior a 10 km. Sob a crusta, ocorre uma zona de maior densidade denominada de manto. O limite entre a crusta e o manto é conhecido por Descontinuidade de Mohorovicic (ou Moho e até mesmo M). A crusta é sub-dividida em duas zonas (figura seguinte), com base em diferenças na espessura, densidade e composição. A crusta continental é a mais superficial, de composição granítica e de menor densidade; a crusta oceânica (que cobre aproximadamente 61% da superfície terrestre) localiza-se inferiormente à continental e possui composições mais básicas e com maior densidade. A separação entre estas zonas é denominada Descontinuidade de Conrad e apenas é identificada por estudos sísmicos. No fundo das bacias oceânicas, a crusta continental está ausente. Apesar da maior extensão e da maior densidade da crusta oceânica, esta representa apenas 1/3 da massa da crusta continental pois esta é bastante mais espessa. O manto é dividido em duas camadas - manto superior e inferior considerando-se a superfície de separação entre estas camadas a uma profundidade de cerca de 700 km. O manto é uma zona sólida e forma 83% do volume da Terra e cerca de 68% da sua massa. A região que engloba profundidades até 100-150 km é também denominada de litosfera. Esta engloba a totalidade da crusta, oceânica e continental, assim como uma parte superior do manto e Geologia Geral G0135 Módulo Único 39 é caracterizada por ser constituída por material resistente à deformação mecânica. A litosfera parece flutuar sobre uma zona relativamente quente, plástica e pouco resistente chamada astenosfera. Esta flutuação pode justificar o facto das bacias oceânicas (constituídas por crusta oceânica e densa) se encontrarem deprimidas relativamente aos continentes (constituídos por crusta continental menos densa). A profundidades de 2890-2900 km situase o limite com a terceira zona, o núcleo; este limite é conhecido como Descontinuidade de Gutemberg ou Descontinuidade de Wiechert-Gutemberg. O núcleo é líquido pelo menos na parte mais externa. A parte mais interna, situada entre 5150-6371 km a partir da superfície da Terra, é sólido com densidades de 13 g/cm3. Exercícios 1. Identifique as principais camadas do interior da terra e caracterize-as 2. .Relacione a temperatura com a profundidade 40 Unidade V Unidade V Origem da Terra e o conhecimento do seu interior Introdução O conhecimento da actual forma exterior da terra e seus constituintes é quase impossível sem o conhecimento da estrutura interna da terra. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Descrever a origem da terra Explicar a essência da teoria da deriva continental Objectivos A origem da Terra Provavelmente a Terra começou com uma poeira cósmica que mantinha em movimento correntes de convecção em seu interior , quando, por volta de 3000ºC, determinadas substâncias começaram a se liqüefazer. Primeiro o ferro liqüefeito começou a formar o núcleo, por ser mais pesado, depois vieram o silício, óxidos metálicos, dando origem ao manto. Quando a temperatura da Terra diminuiu, também a radiação do calor para o espaço foi reduzida. Entre 1500ºC e 800ºC começou a solidificação da crusta. A atmosfera formou-se pouco a pouco e no início compunha-se de vapor de água, amoníaco e óxido de carbono. A água dos actuais oceanos estava concentrada em parte Geologia Geral G0135 Módulo Único 41 na atmosfera e em parte ainda no interior das rochas. Nesta fase temos então, uma Terra constituída exclusivamente por rochas denominadas ígneas ou magmáticas. Com a crosta sólida e a atmosfera continuando seu resfriamento, a maior mudança ocorreria a cerca de 374ºC, quando o vapor da atmosfera se condensaria formando chuvas, iniciando pelas regiões mais frias do globo. Este deve ter sido o primeiro momento em que caiu água sobre a crusta, desgastando-a e acumulando-se, em seguida, nas primeiras depressões, formando os primeiros mares. Nesta etapa começam também a se formar as rochas sedimentares. A acção da água que caia e corria sobre as rochas ígneas, previamente formadas, reduzia em fragmentos de diversos tamanhos, que eram transportados e depositados junto com as lamas mais finas nas depressões preenchidas pelas águas. Esse material, mais tarde consolidado, constituiria as primeiras rochas sedimentares. Com a crusta solidificada e as rochas quentes logo abaixo, surgem outros fenômenos. A partir de 70km até 700km em direção ao centro da Terra o manto ainda continua esfriando. Isto causa uma constante modificação do volume e um conseqüente enrugamento da crusta. Tal enrugamento produz fraturamentos e dobramentos das rochas da crusta. Ainda pelas fraturas, o magma sobe até a superfície originando os vulcões. As variações de temperatura das diferentes camadas do planeta são as responsáveis pela instabilidade da crusta e mesmo pelo movimento dos continentes. Resumindo, estima-se que a formação do Sistema Solar teve início há 6,0 bilhões de anos (B.a.), quando uma enorme nuvem de gás vagava pelo Universo começou a se contrair. A poeira e os gases dessa nuvem se aglutinaram pela força da gravidade e, há aproximadamente 4,5 B.a., formaram várias esferas que giravam em torno de uma esfera maior de gás incandescente, que deu origem ao sol. As esferas menores formaram os planetas, dentre os quais a Terra. Logo, o nosso planeta formou-se há cerca de 4,5 B.a 42 Unidade V atrás, a partir da agregação de parte da poeira constituinte da nuvem originária de todo o Sistema Solar. Pequenos fragmentos de silicatos e metais atraíram-se inicialmente e pedaços maiores foram aumentando a massa e, conseqüentemente, a gravidade do pequeno planeta. Inicialmente a matéria original que formou o planeta era fria mas, devido à atração gravitacional e à desintegração dos elementos radioativos, desenvolveu- se um forte calor interno. A partir daí, o planeta começou a sofrer diferenciação interna por densidade onde os elementos químicos mais pesados como ferro e níquel concentram-se no seu centro formando um núcleo metálico e um manto com silicatos, com perdas de água e de gases que formaram a atmosfera. Por fim solidificou-se uma fina camada de rochas denominada de Crosta. O calor gerado no interior de nosso planeta pelo decaimento radioativo de elementos químicos como tório, urânio e potássio, originando outros elementos químicos, é a fonte de energia responsável por todos os eventos tectônicos assistidos na crosta do Planeta Terra. Estudando a propagação das ondas registradas nos sismógrafos espalhados pelo mundo inteiro, pode-se até certo ponto, inferir muitas características do interior da Terra. As ondas sísmicas mudam de velocidade e de direção de propagação com a variação das características do meio atravessado (Fig.1), sendo assim, as informações sobre a velocidade das ondas sísmicas no interior da Terra, geradas a cada terremoto, permitiram reconhecer três camadas principais: Crosta, Manto e Núcleo (externo e interno). Comparação com meteoritos Pressupondo-se que os meteoritos tiveram a mesma origem e evolução dos outros corpos do Sistema Solar, pode-se comparar seus diferentes tipos com as diferentes camadas internas da Terra: Geologia Geral G0135 Módulo Único 43 - condritos - meteoritos provenientes da fragmentação de corpos pequenos, que não sofreram diferenciação. Não existem materiais geológicos, ou seja, terrestres, semelhantes aos condritos. - sideritos - meteoritos compostos por ferro metálico com cerca de 8% de níquel. Provenientes da fragmentação de corpos maiores, como a Terra, que sofreram a diferenciação interna. Considera se que a sua composição química seja a mesma do núcleo terrestre. - acondritos – meteorito que também sofreu diferenciação interna como a terra e são compostos principalmente por silicatos e quantidade variável de ferro e ainda outros tipos. Pela sua densidade e composição, faz-se a correlação com a composição do manto. A Teoria da Deriva Continental A teoria que os continentes não estiveram sempre nas suas posições actuais, foi conjecturada muito antes do século vinte; este modelo foi sugerido, pela primeira vez, em 1596 por um fabricante holandês, Abraham Ortelius. Ortelius sugeriu de que as Américas "foram rasgadas e afastadas da Europa e África por terremotos e inundações " e acrescentou: " os vestígios da ruptura revelam-se, se alguém trouxer para a sua frente um mapa do mundo e observar com cuidado as costas dos três continentes."A ideia de Ortelius foi retomada no século dezanove. Entretanto, só em 1912 é que a idéia do movimento dos continentes foi seriamente considerada como uma teoria científica designada por Deriva dos Continentes, escrita em dois artigos publicados por um meteorologista alemão chamado Alfred Lothar Wegener. Argumentou que, há cerca de 200 milhões de anos, havia um supercontinente - Pangéia= Pangea - que começou a fraturar-se. 44 Unidade V Alexander Du Toit, professor de geologia na Universidade de Joanesburgo e um dos defensores mais acérrimos das idéias de Wegener, propôs que a Pangéia, primeiro, se dividiu em dois grandes continentes, a Laurásia no hemisfério norte e a Gondwana no hemisfério sul. Laurásia e Gondwana continuaram então a fraturar-se, ao longo dos tempos, dando origem aos vários continentes que existem hoje. A teoria de Wegener foi apoiada em parte por aquilo que lhe pareceu ser o ajuste notável dos continentes americanos e africanos do sul, argumento utilizado por Abraham Ortelius três séculos antes. Wegener também estava intrigado com as ocorrências de estruturas geológicas pouco comuns e dos fósseis de plantas e animais encontrados na América do Sul e África, que estão separados actualmente pelo Oceano Atlântico. Deduziu que era fisicamente impossível para a maioria daqueles organismos ter nadado ou ter sido transportado através de um oceano tão vasto. Para ele, a presença de espécies fósseis idênticas ao longo das costas litorais de África e América do Sul eram a evidência que faltava para demonstrar que, uma vez, os dois continentes estiveram ligados. A figura representa o ajuste, atual, da linha de costa do continente da América do Sul com o continente de África. Com a cor roxa representam-se as estruturas geológicas e rochas tipo perfeitamente idênticas. Repare-se na continuidade, nos dois continentes, das manchas roxas. Geologia Geral G0135 Módulo Único 45 Segundo Wegener, a Deriva dos Continentes após a fraturação da Pangéia explicava não só as ocorrências fósseis, mas também as evidências de mudanças dramáticas do clima em alguns continentes. Por exemplo, a descoberta de fósseis de plantas tropicais (na formação de depósitos de carvão) na Antárctida conduziu à conclusão que este continente, atualmente coberto de gelo, já esteve situada perto do equador, com um clima temperado onde a vegetação luxuriante poderia desenvolver-se. Do mesmo modo que os fósseis característicos de fetos (Glossopteris) descobertos em regiões agora polares, e a ocorrência de depósitos glaciários em regiões áridas de África, tal como o Vaal River Valley na África do sul, foram argumentos factuais invocados a favor da teoria da Deriva dos Continentes. A teoria da Deriva Continental transformar-se-ia na "bomba" que explodiu na comunidade científica da época, de tal modo fez surgir uma nova maneira de ver a Terra. Contudo, apesar das evidências, a proposta de Wegener não foi tão bem recebida, pela comunidade científica, como se possa pensar, embora estivesse, em grande parte, de acordo com a informação científica disponível, naquele tempo. Uma fraqueza fatal na teoria de Wegener era o fato de não poder responder satisfatoriamente à pergunta mais importante levantada pelos seus críticos: que tipo de forças podia ser tão forte para mover massas de rocha contínua tão grandes ao longo de tais distâncias tão grandes? Wegener sugeriu que os continentes se separavam através do fundo do oceano, mas Harold Jeffreys, um geofísico inglês notável, contra-argumentou, de modo científico, que era fisicamente impossível para uma massa de rocha contínua tão grande separar-se através do fundo oceânico sem se fragmentar na totalidade. Entretanto, após a morte de Wegener, em 1930, novas evidências a partir da exploração dos fundos oceânicos, bem como outros estudos geológicos e geofísicos reacenderam o interesse pela teoria 46 Unidade V de Wegener, conduzindo finalmente ao desenvolvimento da teoria da Tectónica de Placas. A Tectónica de Placas provou ser tão importante para as ciências de terra como a descoberta da estrutura do átomo foi para a Física e Química, assim como a Teoria da Evolução foi para as Ciências da Vida. Embora, actualmente, a teoria da Tectónica de Placas seja aceite pela comunidade científica, existem várias vertentes da teoria que continuam a serem debatidas. A contestação da teoria A teoria de Wegener foi muito contestada nos anos seguintes à sua morte, com o principal ponto negativo sendo o facto de que as massas continentais não poderiam se movimentar pelos oceanos da maneira proposta sem se fragmentar inteiramente, o que foi argumentado por Harold Jeffreys, um renomado sismólogo inglês. No início da década de 1950, porém, as idéias de Wegener foram retomadas, face a novas observações e descobertas científicas, ligadas especialmente aos oceanos. Um novo debate surgiu sobre as provocativas idéias de Wegener e suas implicações. Geologia Geral G0135 Módulo Único Exercícios 1. Explique a relação terra e meteoritos 2. Quais os argumentos da deriva continental? 3. Porque é que a teoria de Wegener foi contestada? 47 48 Unidade VI Unidade VI Tectónica de Placas Introdução A configuração actual dos continentes é resultado de movimentos tectónicos, daí a necessidade de conhecimentos dos seus mecanismos. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Relacionar a deriva continental e a tectónica de placas; Explicar a essência da tectónica de placas Objectivos Identificar os principais mecanismos de movimento tectónico A teoria proposta por Wegner foi sobretudo atacada por não conseguir explicar como se podem mover os continentes ao longo de tantos quilómetros. Durante cerca de 30 anos esta teoria quase que foi abandonada devido ao cepticismo em seu redor, e só nos anos 60 inicia-se o renascimento destas ideias, transformadas agora numa nova teoria baptizada com nome de "tectónica de placas". Nesta teoria o que se move é a litosfera, isto é, os primeiros 100 km e o seu movimento é possível devido à existência das camadas viscosas da astenosfera. A separação dos continentes é levada a cabo pela criação de nova crusta oceânica que vai ocupando o espaço que fica entre os continentes que se separam. Devido ao facto de nesta teoria se formar nova crusta oceânica na separação Geologia Geral G0135 Módulo Único 49 dos continentes, de início denominou-se esta teoria por "alastramento oceânico". A teoria de Wegener começou a ser aceite mais amplamente apenas no início dos anos 60 do século passado, em razão do mapeamento do fundo oceânico, de descobertas das fossas abissais, de estudos detalhados de paleomagnetismo das rochas oceânicas, entre outras. Esses estudos tornaram-se possíveis em razão de descobertas que dependiam de tecnologias avançadas, principalmente pela utilização de submarinos durante a Segunda Guerra mundial. Quando Wegener propôs suas idéias, muito pouco era conhecido da estrutura das bacias oceânicas. Alguns geólogos suspeitavam que o assoalho oceânico era composto principalmente de basalto (sima, que consiste principalmente de silício e magnésio), baseado apenas em pequenas amostragem feitas em algumas partes dos oceanos. Entretanto, eram bem conhecidas as rochas continentais, compostas grandemente de silício e alumínio (sial). O conhecimento das cordilheiras oceânicas era também bastante precário e apenas a do Atlântico era conhecida. Com o desenvolvimento principalmente, dos sonares, foram descobertos vulcões submarinos com os cumes achatados ou afilados, com cerca de 3000 a 4000 m de altitude, inteiramente submersos. Esses cumes achatados foram denominados “Guyots ” enquanto que os afilados, de “Seamount ” (Brown & Gibson 1983). Essas estruturas teriam sido ilhas de origem vulcânica que, formadas acima da superfície do oceanos, foram desgastadas pela acção das ondas e erosão eólicas, acabando por formar os “Guyots”. Além destas descobertas, outras foram feitas, como as placas oceânicas de origem basáltica, de espessura fina cobertas por sedimentos, sobre a astenosfera. Esta última é a camada superficial do Manto, sendo a parte inferior denominada de Mesosfera. A astenosfera é mais densa que a placa continental e oceânica, porém menos densa do que a mesosfera, sendo de 50 Unidade VI consistência mais rígida do que a astenosfera (Leinz et al. 1975, Brown & Gibson 1983, Salgado-Labouriau 1994). Com estas informações disponíveis, foi elaborada uma teoria para a movimentação dos continentes, na qual estão envolvidas a formação das placas oceânicas e os geossinclismos. Esta teoria, denominada de “expansão do assoalho oceânico ” foi formulada por Dietz em 1961 (Brown & Gibson 1983). Nessa teoria à medida em que ocorrem explosões vulcânicas nas dorsais oceânicas, vão-se formando os “Seamount ” e “Guyots ” sobre a placa oceânica, a qual desliza sobre a astenosfera . A junção de duas placas oceânicas forma um vale, originando as dorsais oceânicas. Estas dorsais estão espalhadas por todos os oceanos e somam em torno de 70 mil km. A junção de uma placa oceânica com uma continental forma as fendas oceânicas, com profundidade média de 10 km. Como as placas continentais são mais espessas e menos densas do que as oceânicas, estas são incorporadas ao manto, provocando nas placas continentais instabilidades geológicas. As principais são as formações vulcânicas, terremotos , tremores de terra e formações orogênicas, denominadas de geossinclismos. A incorporação das placas oceânicas ao manto obedece ao princípio de convecção , isto é, à medida em que a placa desloca-se de seu ponto de origem , sofre esfriamento, tornando-se mais densa até encontrar-se com as placas continentais, onde se formam as fendas. Sendo mais densa, esta desce e incorpora-se ao manto. Estas fendas são denominadas de zonas de subducção. Outro facto importante é a datação das placas oceânicas. A maior parte das placas conhecidas tem idade que gira em torno de 170 milhões de anos. Isto significa que são bem mais jovens que as placas continentais – os crátons - que giram em torno de 1 bilhão de anos, áreas geologicamente muito estáveis (Brown & Gibson 1983, Salgado-Labouriau 1994). Geologia Geral G0135 Módulo Único 51 Em algumas regiões, ocorre o encontro de duas placas oceânicas, formando arcos de ilhas oceânicas, além de áreas de geossinclismos intenso (Aleutas, Caribe, Japão, Marianas); o encontro de placas oceânicas e uma continental (por ex., Nazca e Sul Americana), pode ser responsável por uma forte orogenia, como a formação dos Andes; o encontro de duas placas continentais (Índia e Ásia), foi responsável, por exemplo, pela formação do Himalaia e Planalto do Tibete. O processo descrito acima determina que no manto há convecção, princípio de aquecimento e esfriamento, isto é, existe um ciclo. O material do manto aquecido sobe nas regiões das cordilheiras oceânicas, formando ilhas vulcânicas, que deslizam sobre a astenosfera (camada superior do manto) no sentido horizontal. Ao chegar nas regiões das fendas, choca-se com material da crosta e desce, sendo reincorporadas ao manto. Herman Hess, geólogo da Marinha dos Estados Unidos da América, nos anos 40-50, foi o primeiro a propor o movimento do assoalho dos oceanos, com base nos princípios da tectônica de placas, isto é, no crescimento, movimento e destruição da crosta Com a teoria da expansão do assoalho oceânico mais bem fundamentada, principalmente com dados de paleomagnetismo - o estudo das orientações dos cristais de rochas no tempo de sua formação e estudos de padrões ao redor do mundo , foi possível mostrar as idades e origens das placas. Deste modo, a teoria da deriva continental passou a ter uma grande corroboração e aceitação. Com ela, é possível ter uma explicação para a maioria dos padrões de distribuição e grupos de organismos no planeta. Actualmente, as evidências mais citadas corroborando a tectônica de placas são: 1. Cristas Mesoceânicas ou Dorsais oceânicas. 52 Unidade VI 2. Dados de paleomagnetismo, com orientação para os pólos e paralelas nos dois lados das dorsais. 3. A falha de San Andrews na Califórnia. 4. O Rift Valley na Costa Leste Africana. 5. A distribuição disjunta de Mesosaurus spp. na América do Sul e África. 6. A distribuição disjunta de Glossopteris spp . (América do Sul, África, Índia, Austrália, Antártica). 7. Distribuição da flora de coníferas no Leste da América do Norte e Oeste da Europa. 8. A distribuição disjunta de Archeopteris spp. na Rússia, Irlanda, Canadá e Estados Unidos . Mas como a teoria da Deriva Continental começou a ser utilizada em estudos da Biogeografia? Bem, é necessário entender que não é a disponibilidade da teoria de placas que gera a explicação para os casos de distribuição disjunta. Como será visto, é a existência de padrões de disjunção iguais em vários grupos a existência de um padrão geral que indica que o mais provável é que haja uma causa única no ambiente que gera um mesmo padrão para muitos grupos. Uma vez que as semelhanças de flora e fauna intercontinental já eram conhecidos; o aparecimento de uma teoria sólida de tectônica faz com que surja uma explicação razoável para esse padrão já conhecido. Com a aceitação da deriva continental, os primeiros estudos, incluindo os de Wegener, partiram da premissa que havia um supercontinente - a Pangéia - que sofreu um ruptura em dois grandes supercontinentes: um no Hemisfério Norte, denominado Laurásia, compreendendo América do Norte , Groenlândia, Europa Geologia Geral G0135 Módulo Único 53 e Ásia, exceto a Índia e outro no Hemisfério Sul, denominado Gondwana , formado pela América do Sul, África, Madagáscar, Índia, Austrália, Antártica e algumas ilhas como a Nova Zelândia, Nova Caledônia, etc. Após algum tempo, observou-se que, no entanto, havia grupos taxonômicos com relações de parentesco bem definidas que não enquadravam-se exatamente nesse padrão, principalmente com relação ao Hemisfério Norte. A Gondwana, ao que tudo indica, foi um supercontinente desde 600 milhões de anos até a sua ruptura, em torno de 100 milhões de anos, porém, com posições diferentes daquelas do Mesozóico (Scotese & Barrett 1991). Segundo Scotese (1998), a Gondwana era parte de um supercontinente denominado de Pannotia. Durante o Paleozóico, segundo Scotese & McKerrow (1991), alguns pequenos continentes eram adjacentes à Gondwana, como Yucatã (México), Flórida, Avalonia, Sul e Centro da Europa, Ciméria, Tibet e Sudeste da Ásia. O Polo Sul encontrava-se no Norte da África durante o Cambriano. A Gondwana moveu-se rapidamente, sendo que o Polo Sul, no final do Siluriano, estava no Brasil e no sul da Argentina no final do Devoniano, no sudeste da África no Carbonífero e, no início do Permiano, próximo do centro da Antártica. O período Ordoviciano foi caracterizado, pela existência de várias bacias oceânicas e um grande Oceano – o Pantalássico . A Laurentia , Báltica , Sibéria e Gondwana estavam próximas e se dispersaram. Entre a Báltica e a Laurentia, havia o oceano Iapetus (Scotese 1998). Nesse período, devido a um derretimento da camada de gelo no Sul do Gondwana (Norte e Centro da África e Bacia Amazônica ), houve um esfriamento dos oceanos, provocando uma extinção de organismos de água quente que viviam próximos ao Equador . 54 Unidade VI No Siluriano, ocorre a colisão da Laurentia com a Báltica, fechando o oceano Iapetus , formando as Caledônias na Escandinávia , norte da Grã-Bretanha e Groenlândia . No leste da América do Norte, forma-se o norte das Apalachianas. Já o norte e sul da China, derivam da Indo-Austrália e migram para o Norte. No final do Paleozóico, muitos dos paleocontinentes colidiram, formando a Pangéia, que se estende de Pólo a Pólo, margeado a leste pelo Oceano Paleo-Tethys e a oeste pelo Oceano Pantalássico . Contudo, a leste, há vários continentes que não estavam unidos à Pangéia, como a China ao norte e a sul, a Ciméria (parte da Turquia, Irã, Afeganistão, Tibet, Indochina e Malaya). Estes continentes também migraram para o norte, colidindo com a Sibéria. Este último, ao colidir com a Báltica, formou os Montes Urais. No Mesozóico, ocorreu a formação de um grande continente, a Pangéia . Porém a parte norte, como foi visto acima, foi formado pela colisão de vários continentes. Estes incluem a Laurentia, Báltica, Avalônia, Europa Central e Sul, Sibéria, Casaquistânia, China, Tarim e Ciméria. Vejamos sua relação com a geografia atual. A Laurentia inclui o noroeste da Irlanda, Escócia, Groelândia, norte do Alasca e a península de Chukotskiy (Scotese & McKerrow 1991). De acordo com Cocks & Fortey (1991) e Crick (1991), os ambientes cratônicos dessa área são caracterizados pela ocorrência de faunas endêmicas de trilobitas (Bathyuridae), e gêneros de braquiópodes. Outro fato importante são as colisões ocorridas com a Báltica, no final do Siluriano, e com a Avalônia, ocorrendo perda na identidade de sua fauna durante o Siluriano e Devoniano . No final do Carbonífero e Permiano, a Laurentia tornou-se parte da Pangéia (Scotese & McKerrow 1991). Geologia Geral G0135 Módulo Único 55 A Báltica (maior parte do norte da Europa), é caracterizada por um grupo distinto de trilobitas asaphidíeos (Cocks & Fortey 1991). A Avalônia inclui Ardennes da Bélgica e norte da França, Inglaterra, Walles, Sudeste da Irlanda, Península de Avalon , Nova Escócia, sul da Nova Brunswick e parte da costa da Nova Inglaterra . A Europa Central e Sul estende-se as regiões adjacentes com o norte da África, Ibérica, França, Alemanha e Bohemia. A Sibéria é limitada a oeste pela metade norte dos Urais e Zona Irtych Crush, ao sul pelo Arco Mongólico Sul e nordeste pelo cinturão das dobras de Verhayansk. A Cazaquistânia é uma extensão do Continente Sibérico Paleozóico. China e Tarim correspondem a três continentes do Paleozóico, o norte e o sul da China e Tarim. Finalmente a Ciméria inclui a Turquia, Irã, Tibet, Shan-Thai, Malaya e a Indochina. Portanto, o uso do termo Laurásia não reflete a real história deste supercontinente, mas apenas sua condição no final do triássico. O leste da Ásia, por exemplo, é composto por vários fragmentos que se uniram desde o Paleozóico até o Mesozóico. A plataforma Siberiana suturou-se com a Europa. E vidências desse evento são o geossinclismo formando os Montes Urais, Tarim e Tibet, durante o Jurássico. Ainda outras plataformas são o bloco a Península de Sunda (Indochina , Malásia , Sumatra e Borneo), o bloco Japonês, o bloco Kolyma, o nordeste da Sibéria . A Groenlândia estava unida com a América do Norte. Actualmente, a Eurásia compreende todos os continentes que estão no Hemisfério Norte , exceto a América do Norte e a Groenlândia. O subcontinente da Índia, incluindo o Sri Lanka, que originalmente fazia parte da Gondwana, foi ligado a Eurásia no Eoceno inferior, há cerca de 53 milhões de anos, resultando no erguimento do Himalaia e o Planalto do Tibet na sutura com esta placa, a parte oceânica, isto é, a placa oceânica foi consumida nesta união. Essa colisão foi acompanhada por uma série de outras colisões que fecharam o Mar de Tethys. Essas colisões basicamente foram a 56 Unidade VI Espanha com a França (Pireneus), a Itália, França com a Suíça (Alpes), a Grécia e Turquia com os Balcãs (Hellenide e Dinaride), a Arábia com Irã (Zagros) e a colisão mais jovem, Austrália com a Indonésia. Pode-se dizer, hoje em dia, que a Eurásia é o início da formação de um Supercontinente, semelhante a Pangéia. As evidências levam a crer que o supercontinente da Gondwana, por sua vez, parece ter sido uma placa única, razoavelmente estável desde os registos do Pré-cambriano até meados do Mesozóico. Esta região compreende hoje, a América do Sul, África, Madagascar, Arábia, Índia , Austrália , Tasmânia , Nova Guiné , Nova Zelândia, Nova Caledônia e Antártica . Segundo Scotese & Mckerrow (1991) e Scotese (1998), a região da Flórida, Yucatã do México, norte e sul da China e outros fizeram parte do Gondwana do Précambriano até meados do Paleozóico. Wegener correctamente identificou as maiores regiões da Gondwana e como elas se moveram. No entanto, suas datações estavam muito erradas. Mesmo nos tempos actuais, não temos uma apurada reconstrução de todas as quebras pela falta de informações adequadas nos oceanos do sul. O início da quebra está datado para o Jurássico Superior, com cerca de 150 milhões de anos. Três aspectos são notáveis nessa quebra, segundo Brown & Gibson (1983): 1. África e América do Sul estavam conectadas apenas pelo centro. Esta conexão era de posição equatorial no Jurássico e essas mesmas regiões mantém-se hoje em dia; 2. O ponto da Antárctica que hoje em dia é o Pólo Sul, estava a 50º S latitude no Jurássico; 3. Em redor da Antárctica, as massas continentais estavam reunidas, mas sempre separadas por mar. Geologia Geral G0135 Módulo Único 57 A maioria dos cientistas concorda que a abertura do Atlântico Sul começou no Cretáceo Inferior, cerca de 127 milhões de anos atrás. Até no mínimo 115 milhões de anos, os continentes estavam reunidos na linha equatorial. A deriva foi lenta inicialmente, tanto que apenas no Eoceno (53 milhões de anos) ela foi completamente terminada. A velocidade da deriva foi de 1,2 a 2 cm por ano, cerca de 40 km por cada milhão de anos. A velocidade de deslocamento da placa Indiana, no entanto, foi surpreendente, de 10 a 12 cm por ano. A Índia desagregou-se do leste do continente africano, deslocando-se no sentido nordeste há 90-80 milhões de anos, chocando-se com o continente asiático por volta de 55 a 53 milhões de anos, iniciando a orogenia do Himalaia. Portanto, a velocidade de deslocamento foi rápida, em torno de 180 km por milhões de anos. Sri Lanka é uma parte da Placa Indiana. Como é bem conhecido, a parte sul da América do Sul e a Antárctica estiveram conectadas durante o Cretáceo. A distância entre a Terra do Fogo e as ilhas da Antárctica foi gradativamente alargando-se para sul no Eoceno. A separação total ocorreu em meados do Terciário, a cerca de 49 milhões de anos. A Nova Zelândia estava ligada à Antárctica, tendo-se separado há 80 milhões de anos, seguindo rumo ao norte. Á medida em que ocorreu a expansão do Mar da Tasmânia, aumentou a distância entre o sudeste Australiano com a Nova Zelândia, sendo primeiramente uma grande ilha, mas depois tendo-se subdividido em duas ou mais unidades, diferentes em tamanho e forma das duas ilhas actuais. A Austrália, Nova Guiné e Tasmânia fazem parte de uma única placa. Sua união (a parte sudeste) com a Antárctica foi perdida no Mesozóico (150 milhões de anos), ficando unida na parte noroeste até a 53 milhões de anos. A Tasmânia e Nova Guiné, hoje separadas da Austrália pelos estreitos de Bass e Torres, respectivamente, tiveram conexões com a Austrália nos períodos em que ocorreram rebaixamentos do nível do mar. O sudeste da 58 Unidade VI América do Norte (Laurentia) esteve conectado com a parte noroeste da América do Sul desde o final do Carbonífero (veja as informações acima). No Mesozóico, com o início da quebra da Pangéia, ocorreu o isolamento dos dois Continentes. Somente no Plioceno (4 milhões de anos atrás), com a elevação do Istmo do Panamá, voltaram a fusionar-se. A fusão deu-se pela formação de arco de ilhas e o deslocamento de duas placas: Cocos e Caribe. Essa é uma história interessante, uma vez que houve uma fusão, posterior isolamento e novamente uma fusão. No entanto, durante a quebra da Pangéia, houve várias oportunidades geográficas que permitiram muitas trocas de organismos entre América do Norte e do Sul. No Cretáceo, por exemplo, a parte oeste do México esteve muito próxima da América do Sul, enquanto sua parte norte fazia a ligação com a América do Norte. Com a expansão do Mar do Caribe, houve a formação de ilhas que derivaram para o sudeste, formando a placa do Caribe, que formaram as Grandes Antilhas. Esse movimento deu início à formação da placa de Cocos, que juntamente com a placa Pacífica Norte e placa de Nazca, empurraram a nordeste e sudeste uma série de ilhas, formando o que é actualmente a América do Sul. Todos esses eventos de deslocamento das placas propiciaram grandes modificações geográficas, como elevações de terras, afundamentos, entradas de mares continentais e mudanças climáticas, essas últimas, de acordo com posição longitudinal e latitudinal, entre outras. Exercícios 1. Descreva a teoria de placas tectónica 2. Porquê é que as placas se movimentam? Geologia Geral G0135 Módulo Único 59 Unidade VII Sistematização dos dados sobre a Tectónica Introdução A configuração actual dos continentes é resultado de movimentos tectónicos, daí a necessidade de conhecimentos dos seus mecanismos. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Explicar a origem da tectónica global Descrever a formação da litosfera Objectivos Caracterizar a subdução e relacionar com as formas de relevo criadas Teoria Tectónica Global Esta teoria começou por volta de 1960 e ganhou rapidamente o apoio da geologia, pois explica muitos dos problemas de formação, topografia e estrutura da crusta terrestre. Os estudos de perfis de reflexão de ondas sísmicas mostram que à crusta terrestre dos continentes têm uma espessura de 34-40 km (60-70 km nas altas montanhas), porém é mais delgada debaixo do mar, com cerca de 6 km. 60 Unidade VII A crusta continental e a crusta oceânica, juntas com a parte superior do manto terrestre são denominadas de Litosfera. A litosfera, que é rígida, apóia se sobre uma camada mais viscosa (plástica) que se denomina Astenosfera, composta de material mais ou menos fundido. Abaixo está a Mesosfera, que é rígida. A combinação das duas camadas rígidas com uma camada plástica entre elas resulta em um sistema instável. A necessidade de conhecer o relevo do fundo do mar durante a segunda guerra mundial, para a movimentação dos submarinos, pos a descoberta a existência de cadeias de montanhas submersas. Estudos detalhados destas montanhas submarinhas começaram, a partir de 1947, com o uso de instrumentos recém inventados, o SONAR (Sound Navigation Ranging). Depois de 1960 ficou evidente que as cadeias de montanhas submarinas formam uma cordilheira muito longa que se curva e se ramifica por todos os oceanos com uma extensão total de uns 73.000 km. Suas montanhas se elevam até cerca de 3.000 m por cima do nível médio do fundo oceânico. Amostras tiradas desta cordilheira (que foi denominada Dorsal Oceânica) mostram que ela é muito jovem, sendo composta de rochas basálticas e cortada por falhas transversais, e contêm numerosos vulcões ativos, muitos deles com suas crateras acima do nível do mar. A parte mais conhecida da cordilheira submarina é a do oceano Atlântico. Ela se estende de norte a sul pela parte central do mar e é denominada Dorsal do Atlântico Médio. Geologia Geral G0135 Módulo Único 61 Mostrou-se que suas montanhas têm alturas entre 1800 e 3000 m e que ao longo de toda a sua extensão há um vale estreito e íngreme por onde emergem lavas. A Dorsal Atlântica é cortada transversalmente por falhas paralelas entre si. Em 1962 todas as informações foram reunidas por H.H. Hess em um artigo sobre a história das bacias oceânicas ("The History of Ocean Basins") que despertou o interesse de alguns cientistas. A conseqüência imediata destas descobertas foi o fato novo de que está sendo criada uma nova crosta basáltica ao longo de todo o vale central da cordilheira submarina. Esta crosta recém-formada é gradualmente empurrada para ambos os lados da dorsal criando, em grande quantidade, novas áreas de fundo de mar. Estes fatos formam um novo conceito, expressado em 1961 por R.S. Dietz, como a Teoria da Expansão do Fundo do Oceano. Esta nova teoria preparou o terreno para a confirmação da teoria de Wegener. A Teoria da Deriva Continental passou a ser chamada de Teoria de Expansão do Fundo Oceânico, depois Teoria de Tectônica de Placas e finalmente de Teoria Tectônica Global. 62 Unidade VII Formação da Litosfera Actualmente fazem-se observações directas da litosfera usando submersíveis especiais e perfurações nas partes mais profundas do oceano. As observações do fundo do oceano mostraram que as cadeias de montanhas submarinas são um sistema orográfico centralizado em falhas tectônicas que à medida que se abrem vão se enchendo de magma vindo do manto terrestre. Este magma esfria rapidamente em contacto com a água do mar e se transforma em lava basáltica. Ao chegarem à superfície as lavas ficam acima da litosfera da crosta oceânica porque estão quentes e por isto, menos densas. Aí elas se esfriam, espessam e escorrem de forma contínua para fora da fractura, em ambos os lados do vale central, ao longo das Dorsais Oceânicas. A datação por paleomagnetismo, e por radiometria das rochas oceânicas foi uma surpresa. Pensava-se que as rochas do fundo do mar fossem as mais antigas do nosso planeta. Entretanto, as rochas junto ás dorsais oceânicas são recentes e vão ficando mais antigas á medida que se afastam da zona de expansão. Por mais que se tenha buscado, não se encontrou uma rocha do fundo do mar que tivesse mais de 170 milhões de anos. Nem sequer no Oceano Pacífico, que deve ter existido desde o início da formação dos mares. Geologia Geral G0135 Módulo Único 63 Zonas de Subducção Grande quantidade de material de litosfera está sendo formado em ambos os lados das fraturas da cordilheira submarina e o fundo oceânico está se expandindo, o que resulta em que: 1. ou a Terra está se expandindo; 2. ou parte da litosfera está sendo consumida de alguma maneira. Estudos recentes mostram que a litosfera está afundando para dentro do manto (astenosfera) nas zonas de fossas oceânicas. Estes locais são chamados zonas de subducção e se encontram de baixo dos sistemas de fossas oceânicas, como às do oeste do oceano Pacifico. As zonas de subducção representam os locais onde a litosfera está sendo absorvida pelo manto. Somente a litosfera oceânica desliza para dentro da astenosfera. A crosta continental não se afunda para dentro do manto porque tem uma espessura muito grande e menor densidade que o manto. Quando há uma colisão entre duas partes da litosfera, os continentes se dobram e se comprimem formando montanhas. Para se entender a subducção é necessário considerar o regime térmico da Terra. A temperatura aumenta rapidamente com a profundidade, chegando a 1200oC a 500 km de profundidade. Os minerais do manto começam a fundir a partir de 1200oC (peridotito é o principal componente). Sob o oceano há material mais ou menos fundido numa profundidade de cerca de 80 km e debaixo dos continentes a uns 100 km. 64 Unidade VII A astenosfera é mais mole mas é muito mais densa que a rígida litosfera. Desta maneira as placas da litosfera flutuam sobre o magma da astenosfera. Nas zonas de formação de litosfera (Dorsais Oceânicas) ela está muito mais quente. Á medida que mais litosfera é criada, a anterior é empurrada para fora (expansão do fundo oceânico) e começa a esfriar, primeiro na superfície da crosta oceânica e depois, no seu interior. Desta forma, acredita-se que a crosta oceânica deve se tornar mais fria e, portanto, mais densa, à medida que se afasta da zona de formação. Datações radiométricas e de paleomagnetismo mostram que este processo é lento e leva milhões de anos. Pensa-se que entre 170 e 200 M.a. a litosfera já está tão densa que começa a mergulhar na astenosfera. Isto traria como conseqüência a formação de uma zona de subducção e explicaria o fato de que não exista crosta oceânica mais antiga do que 200 M.a. Placas tectónicas A litosfera não é contínua. Ela é formada de fragmentos com zonas de estiramento nas cordilheiras submarinas e zonas de subducção nas fossas oceânicas, onde é absorvida pelo manto. A estes fragmentos de litosfera se denominam placas tectônícas. Atualmente há sete placas muito grandes (Africana, IndoAustraliana, Sul-Americana, Norte-Americana, Eurásia, Antártica e Pacífica). Vinte placas pequenas (Nazca, Cocos, do Caribe, Filipina, Arábica, etc.) e provavelmente devem ser descobertas mais algumas pequenas placas. Existem três tipos de limites de contato entre duas placas: Geologia Geral G0135 Módulo Único 65 1. Limites Divergentes (onde se forma litosfera resultante da ressurgência do material da astenosfera); 2. Limites Convergentes (quando duas placas se chocam uma contra a outra); 3. Limites Transformantes (quando uma placa desliza junto á outra sem criar nem destruir litosfera). Exercícios 1. O que é subdução? 2. Relacionar os diferentes limites de contacto de placa com as formas de relevo resultante 66 Unidade VIII Unidade VIII O Movimento das Placas Introdução A configuração actual dos continentes é resultado de movimentos tectónicos, daí a necessidade de conhecimentos dos seus mecanismos. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Descrever o movimento de placas tectónicas; Explicar o ciclo das placas tectónicas Objectivos Descrever a teoria da terra em expansão Os Movimentos das Placas Tectónicas Cada placa se move independentemente, como uma unidade coerente. Actualmente elas têm uma velocidade entre 2 e 10 cm por ano, e em alguns lugares chegam a 18 cm/ano. As de maior velocidade estão associadas ao oceano Pacífico e as mais lentas, ao Atlântico. O deslocamento dos continentes é um subproduto do movimento das placas. O comportamento das placas nos limites de contato explica muito dos processos geológicos como vulcões, terremotos, tremores e formação de arcos de ilhas. Geologia Geral G0135 Módulo Único 67 Uma placa oceânica pode chocar-se com uma placa continental e formar-se uma zona de subducção no contato entre elas, dando origem a uma alta montanha. Este é o caso do litoral oeste da América do Sul, no qual a crusta oceânica do Pacífico (placa de Nazca) está mergulhando debaixo da placa da América do Sul e levantando os Andes desde o final do Terciário. Duas placas continentais podem colidir como a Índia que está empurrando a Ásia. Neste caso nenhuma se afunda e ambas se deformam pela colisão dando origem a altas montanhas, como o Himalaia. Hoje acredita se que o movimento das placas tectônicas seja devido a correntes de convecção térmica na astenosfera. Primeiro pensou-se que se formaria uma grande célula de corrente convectiva entre as zonas de subducção. Portanto cada célula seria do tamanho da placa. Hoje acredita se que as células convectivas sejam muito menores. Seja como for, as correntes de convecção térmica "empurram" as placas. Os detalhes deste mecanismo ainda não estão bem esclarecidos, mas não há mais dúvida de que foi descoberto o mecanismo pelo qual as placas se movem e que resultou na deriva dos continentes. No futuro os continentes ocuparão posições diferentes das de hoje e as distâncias entre eles serão outras. Se as placas continuarem nas direções em que se movem hoje, dentro de 50 M.a. a América do Norte estará mais longe da Europa; as Américas do Sul e do Norte mais próximas pois a América Central será comprimida e deformada. Entretanto o sentido do movimento de uma placa pode mudar, e já mudou no passado, sem que ainda se saiba o 68 Unidade VIII que poderia causar esta mudança. Assim não se pode ainda confiar nos mapas de projeção sobre o futuro. Acredita-se que uma das maneiras de mudança na direcção do movimento de um continente ocorre quando dois continentes colidem. Como ambos não podem submergir (por serem mais leves que o manto e mais espessos) eles acabam entrando em equilíbrio. Aí duas situações podem ocorrer: 1. ou eles se fundem em um só e a placa se fratura em outro ponto, como ocorreu quando a Sibéria colidiu com a Europa e a cicatriz da fusão são os Urais; 2. ou eles mudam de direção do movimento de suas placas; acredita-se que isto ocorreu entre América do Norte e África. O Ciclo das Placas Tectônicas As placas de litosfera do fundo dos oceanos formam-se nas dorsais da cordilheira submarina vão se tornando mais densas á medida que se afastam das Dorsais, mergulham nas zonas de subducção, e são tragadas pelo manto nas fossas oceânicas. Além da parte mediana das dorsais submarinas, a parte mais profunda do manto está conectada com a superfície da litosfera por fendas por onde escapam gases e pelos vulcões. Desta maneira as placas oceânicas são recicladas continuamente. Geologia Geral G0135 Módulo Único 69 Os sedimentos, dos mares antigos, só restam os antigos fundos que se levantaram por movimentos tectônicos ou colisão de placas. Os sedimentos acumulados no fundo dos oceanos são submergidos e metamorfoseados ou fundidos na parte mais profunda da astenosfera. Rochas ígneas, metamórficas e sedimentares são levantadas na formação de montanhas e são expostas à atmosfera e hidrosfera onde elas são intemperizadas e erodidas. Os produtos do intemperismo e da erosão são carregados pelos rios e depositados no fundo dos oceanos. Finalmente, eles são submergidos no manto nas regiões de subducção e o cicio se fecha. Este ciclo se renova aproximadamente a cada 200 milhões de anos. O chão dos oceanos é reciclado e as bordas continentais são erodidas, dobradas, aumentadas e modificadas ao longo da história da Terra. Porém, nos continentes existem áreas geologicamente estáveis, constituídas por uma crosta rígida que foi pouco deformada por um período prolongado. Estas áreas são denominadas crátons e o seu estudo dá valiosas informações quanto a história geológica dos continentes. A Teoria da Terra em Expansão Em 1933, Hilgenherg apresentou a hipótese de que as áreas continentais formaram no passado uma couraça continua em volta da Terra. 70 Unidade VIII Esta couraça, pela expansão da Terra se fraturaria ocasionando a dispersão dos continentes. As fraturas seriam enchidas por material saído do manto através dos vulcões e formaria o fundo do mar. Este fundo do mar portanto, estaria sendo aumentado ao longo dos tempos. A deriva dos continentes seria feita pela expansão do planeta e a formação dos mares separando-os. O astrônomo J.K.E. Halm, em 1935, baseando-se na teoria de expansão estimou que a densidade média da Terra original seria de 9,13 (a atual é em média 5,51) e que teria um raio de 5.430 km em vez dos 6.376 km atuais. Segundo Halm o mar vermelho e o Golfo de Adem se formaram ao longo de uma fratura muito grande. Esta fratura (rift) só ficou sendo conhecida cerca de 20 anos depois. O uso de equipamento eletrônico de alta precisão e as perfurações para obter testemunhos de sondagem da crosta oceânica tem dado informações que indicam não somente a expansão do fundo oceânico e o movimento das placas tectônicas, como parecem indicar que o planeta está em expansão. Estas pesquisas estão agora em andamento. O problema maior está em mostrar que houve expansão contínua no passado e que o que se observa hoje não é simplesmente uma pulsação de volume. Segundo Owen, a subducção da nova litosfera gerada nas Dorsais Oceânicas, não pode explicar, sozinha, os movimentos dos continentes. Geologia Geral G0135 Módulo Único 71 Teoria da tectónica de placas a) A litosfera encontra-se dividida em placas que se movimentam sob uma camada com características plásticas (Astenosfera) b) Correntes de convecção do manto: c) Motor que gera as correntes: calor interno da Terra Tipos de limites: a) Convergentes: há destruição de litosfera. Localizam-se, geralmente, em zonas de fossas onde se verifica a destruição da placa litosférica, que mergulha. Por esta razão, esta zona é também chamada zona de subducção. As fossas estão localizadas nas zonas de transição da crosta continental para a crosta oceânica ou então em zonas de crosta oceânica. Pode ainda verificar-se a convergência de áreas continentais de placas, como aconteceu quando a placa da Índia chocou com o Sul da Ásia. 72 Unidade VIII b) Divergentes: há formação de litosfera. Situam-se nas dorsais oceânicas e são zonas onde é gerada crosta oceânica. As dorsais oceânicas são extensas cadeias de montanhas geralmente com um vale central – rifte, cuja profundidade varia entre -1800 e -2000 m, com largura aproximada de 40 km e com paredes em degrau e cortadas por falhas transversais. Nas dorsais oceânicas de alastramento rápido, como no Pacífico, não existe o vale central. c) Conservativos: não há destruição nem criação de litosfera. Situam-se em determinadas falhas, chamadas falhas transformantes. Estas falhas cortam transversalmente as dorsais oceânicas e ao longo delas não se verifica destruição nem alastramento, mas apenas deslizamento de uma placa em relação à outra Exercícios 1. Fale do ciclo das placas tectónicas; 2. De que factores estarão associados os movimentos das placas tectónicas; 3. Qual é a essência da teoria da terra em expansão. Geologia Geral G0135 Módulo Único 73 Unidade IX Mineralogia Introdução A presente unidade justifica se na medida que descreve o processo de formação das rochas existentes na terra bem como mostra alguns conceitos que ajudam o estudante a compreender a natureza. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Descrever a mineralogia descritiva Descrever os grupos químicos e elementos nativos; Objectivos Classificar os sulfuretos e silicatos Mineralogia Descritiva Ao falar se da mineralogia descritiva, importa referir as seguintes classes dos minerais: Elementos nativos: encontram – se como minerais sob forma não combinada, ocorrem de forma nativa e podem ser subdivididos em metais, semi – metais e não metais; Sulfetos: a fórmula geral dos sulfetos pode ser expressa como XmZn, na qual o X representa o elemento metálico e o Z o elemento não metálico; Óxidos e Hidróxidos: óxidos formam um grupo de minerais caracterizados por combinação de oxigénio com um ou 74 Unidade IX mais metais. Hidróxidos são caracterizados pela presença de grupos OH ou moléculas de água, o que causa o aparecimento de ligações químicas muito mais fracas que as dos óxidos. Halogenetos: são minerais em que um elemento do grupo dos halogeneos(CI-, Br-, F- e I) é o único ânion, ou o ânion principal; Fosfatos, Arseniatos, Vanadatos: os minerais dessa classe são caracterizados pela presença de unidades tetraédricas de (PO4), (AsO4) e (VO4), onde os elementos P, As e V podem substituir – se mutuamente. Grupos Químicos · Silicatos – grupo dos minerais mais abundantes na crosta; combinação de Si e O. · Carbonatos – minerais comuns na crosta e formadores de calcários e mármores · Óxidos – O2- se liga a cátions de outros elementos, principalmente a ions metálicos · Sulfetos – S2- ligado a cátions metálicos · Sulfatos – ânion (SO4)2 - (organizados em tetraedros com perda de 6 elétrons) Elementos Nativos Fazem parte dos elementos nativos: ouro, prata, diamante, grafite. Geologia Geral G0135 Módulo Único 75 Ouro, o mais nobre dos metais é um dos elementos encontrados na natureza, sem combinações, estadual, ou seja nativa. Desde os tempos antigos, tem sido um símbolo de luxo e poder. Nativo de Prata é um mineral com brilho metálico e prateado. Diamante: Geologicamente, o diamante é cristalizado de carbono. É uma forma muito sóbria da definição de um minério de valor económico Grafite: como o diamante, o grafite é carbono puro, mas com uma cristalização totalmente diferente, o que torna um presente muito diferente. É um mineral cinza escuro ou preto. Silicatos Dizer-se que um mineral é um silicato, indica que pertence a um vasto conjunto que tem, como elementos constantes e característicos, silício e oxigénio, sendo as diferentes espécies que o integram definidas em função dos restantes elementos que as compõem e do modo como se arranjam entre si. Alumínio e potássio na ortoclase, ferro e magnésio na olivina, alumínio e berílio no berilo, espécie mineral cuja variedade azul celeste, 76 Unidade IX transparente, ganha valor de gema como água-marinha e que, com uma pitada de crómio e ou de vanádio, gera a variedade de cor verde, tida por pedra preciosa e conhecida por esmeralda. O rubi, vermelho, e as safiras, azuis e de outras cores, são variedades do mineral corindo, um óxido de alumínio, o mesmo metal da moderna civilização que se extrai industrialmente dos bauxitos, um tipo particular de solo tropical formado por alteração de certas rochas, sob condições climáticas de extrema humidade e calor. O resíduo que aí fica desta profunda alteração é essencialmente formado por hidróxidos de alumínio, conhecidos dos estudiosos e que têm nome: gibbsite, diásporo e bohemite, três minerais diferentes, mas com idêntico conteúdo químico (oxigénio, hidrogénio e alumínio Sulfuretos Os sulfuretos, como os já referidos e muitos outros, geram-se em meios redutores, pobres de oxigénio livre. Pelo contrário, na presença deste gás atmosférico, isto é, nos níveis mais superficiais da crosta têm origem óxidos, como a hematite, e outros minerais oxigenados reunidos entre os carbonatos, os sulfatos, os fosfatos ou os nitratos. Mas há outros óxidos primários que nada têm a ver com o ambiente supergénico, como o quartzo (óxido de silício) e a magnetite (de ferro), a cassiterite (de estanho) e a cromite (de crómio), gerados em corpos rochosos da profundidade Exercícios 1. Fale da mineralogia descritiva; 2. O que entende por elemento nativo? dê exemplos; 3. Diferencie os silicatos dos sulfuretos. Geologia Geral G0135 Módulo Único 77 Unidade X Propriedades dos minerais Introdução A presente unidade justifica-se na medida que descreve as propriedades dos minerais. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Descrever as propriedades físicas dos minerais Descrever as propriedades químicas dos minerais Objectivos Descrever as propriedades ópticas dos minerais Propriedades Físicas dos Minerais Os minerais apresentam propriedades físicas, químicas e ópticas que permitem a sua caracterização e identificação. As propriedades físicas dos minerais por serem de uso fácil e imediato e observáveis em amostra de mão, são as mais utilizadas para uma primeira identificação. O conhecimento destas propriedades e a maneira prática de as investigar é fundamental na identificação de minerais, conjuntamente com a utilização de tabelas ou chaves dicotómicas. 78 Unidade X a) Clivagem Propriedade que alguns minerais têm de se fragmentarem segundo determinadas superfícies planas e paralelas. A estas superfícies planas chama-se plano de clivagem. Como bons exemplos de minerais com boa clivagem temos: A moscovite apresentando uma única direcção de clivagem clivagem basal. • A calcite apresentando três direcções de clivagem - clivagem romboédrica. • A galena apresentando uma clivagem cúbica. b) Fractura Designa-se por fractura a maneira como certos minerais partem, esta rotura não tem direcções ou planos definidos e distinguem-se facilmente dos planos de clivagem. c) Dureza A dureza é a resistência que o mineral oferece a ser riscado por outro mineral ou objecto alternativo. A dureza depende do tipo de ligações químicas presentes no mineral, ou seja, quanto mais fortes forem estas ligações maior dureza terá o mineral. Poderá ser avaliada comparando-a com a de certos minerais-padrão. A escala de dureza mais vulgar constituída por minerais-padrão, é a escala de Mohs, constituída por 10 graus correspondentes às durezas relativas de 10 minerais, ordenados por ordem crescente de dureza. Cada um dos minerais desta escala risca o anterior, de dureza inferior, e é riscado pelo seguinte na escala, portanto de dureza superior. Geologia Geral G0135 Módulo Único 79 Quando se vai riscar um mineral mais duro com outro menos duro, este vai desgastar-se sobre o mais duro, à semelhança de quando se escreve com giz no quadro preto ou quando se escreve com o lápis no papel. Poderão também utilizarem-se objectos de dureza conhecida, para evitar o desgaste constante dos minerais, sendo os mais comuns: Unha, Prego (cobre), Canivete (aço) e Vidro. d) Brilho O brilho dos minerais é o modo como estes reflectem a luz incidente nas suas superfícies, de preferência as não alteradas. e) Cor A cor dos minerais é a característica mais fácil de observar, e pode ser muito importante, quando é típica de um mineral, mas há o caso de minerais que podem apresentar várias cores. Resulta da absorção de algumas radiações da luz branca que incide sobre o mineral. f) Diafaneidade Diafaneidade ou transparência é a maior ou menor permeabilidade à luz dos minerais, ou seja a quantidade de luz que deixam atravessar. g) Sabor e Cheiro Para certos minerais estas propriedades são bons elementos de diagnóstico. São por exemplo os casos de: 80 Unidade X Halite - Sabor salgado Silvite - Sabor amargo Arsenopirite - Cheiro a alho Enxofre - Cheiro a ovos pobres h) Magnetismo Certos minerais são fortemente atraídos pelo íman como a magnetite e a pirrotite, outros não são atraídos ou são muito pouco atraídos. Para diagnosticar esta propriedade utiliza-se um íman ou uma bússola. i) Radioactividade Alguns minerais possuem propriedades radioactivas. São exemplo os minerais de urânio. Esta propriedade pode evidenciar-se utilizando contadores de partículas - contador Geiger. K) Fluorescência A luz ultravioleta é invisível para os seres humanos, porque as suas ondas são muito curtas e não detectadas pelos nossos olhos. Mas alguns minerais emitem luz quando expostos a luz ultravioleta, dizem-se que são minerais fluorescentes. Estes minerais absorvem a luz ultravioleta e reflectem-na em ondas mais longas estas detectados pelos nossos olhos. Exemplo mais comum é da fluorite, mineral que dá o nome a propriedade. Geologia Geral G0135 Módulo Único 81 Propriedades Químicas dos Minerais Estas propriedades são estudadas em laboratórios mineralógicos utilizando variadas técnicas desde as clássicas até às técnicas mais sofisticadas, como difracção de raios X ou microssonda electrónica. A tabela seguinte apresenta as principais classes em que, estão agrupados os minerais Elementos nativos são os minerais que ocorrem na natureza em estado puro, não combinado - como o ouro, prata, cobre, enxofre, diamante, grafite. Sulfuretos minerais metálicos de que são exemplo a pirite, calcopirite, galena, blenda. Óxidos e hidróxidos minerais comuns, sobretudo nos ambientes mais superficiais da Terra, de que fazem parte entre muitos outros a hematite, goethite, pirolusite e magnetite. Halóides Classe restrita que reúne os halogenetos naturais como a halite, silvite, fluorite. Carbonatos, nitratos calcite, dolomite, malaquite, rodocrosite. e boratos Silicatos são os minerais mais abundantes da crosta terrestre e são próprios das rochas endógenas (magmáticas e metamórficas) embora apareçam em rochas sedimentares. Como exemplos, olivina, turmalina, piroxenas, anfíbolas, biotite, moscovite,quartzo e feldspatos. Propriedades Ópticas dos Minerais O estudo e observação das propriedades ópticas dos minerais é muito importante mas também muito complexo, pois só assim, podemos estudar minerais que formam as rochas mesmo quando são tão pequenos que não se vêem a olho nu. Para se poderem 82 Unidade X observar as rochas e os minerais ao microscópio petrográfico é necessário cortá-los em lâminas delgadas muito finas com 0,03 mm de espessura para a luz transmitida do microscópio os poder atravessar. Observação de Minerais ao Microscópio Petrográfico os minerais podem ser observados ao microscópio de duas formas que diferem pelas modificações que a luz sofre na travessia: A) Luz Paralela ou nicóis paralelos - Os minerais são iluminados por feixe paralelo de luz B) Luz polarizada ou nicóis cruzados - A iluminação dos minerais é igual à da observação em luz paralela, só que se sujeita a luz emergente da lâmina a uma nova polarização - Analisador. A observação em luz paralela é indicada para na observação de propriedades ópticas vulgares, tais como: a) Diafaneidade - Os minerais negros são opacos (não deixam atravessar a luz, os restantes são transparentes ou traslúcidos. b) Hábito - dá-se o nome de hábito de um cristal ao seu aspecto geral. c) Clivagem - presença de uma ou mais séries de linhas paralelas que cortam o mineral. d) Cor - cor que o mineral apresenta em luz transmitida. e) Pleocroísmo - variação de cor do mineral com a orientação da iluminação em luz polarizada ou seja rodando a platina. Geologia Geral G0135 Módulo Único Exercícios 1. Enumere as principais propriedades físicas dos minerais. 2. A que grupo de propriedades dos minerais pertencem as seguintes propriedades: pleocroísmo, dureza e cor. 83 84 Unidade XI Unidade XI Principais grupos dos minerais Introdução A presente unidade justifica-se na medida que descreve os principais grupos dos minerais. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Caracterizar os elementos nativos Caracterizar outros grandes grupos de minerais como: Objectivos sulfuretos, hologenetos, óxidos e hidróxidos, nitratos carbonetos, cromatos, fosfatos e silicatos Elementos nativos: encontram – se como minerais sob forma não combinada, ocorrem de forma nativa e podem ser subdivididos em metais, semi – metais e não metais; Sulfetos: a fórmula geral dos sulfetos pode ser expressa como XmZn, na qual o X representa o elemento metálico e o Z o elemento não metálico; Óxidos e Hidróxidos: óxidos formam um grupo de minerais caracterizados por combinação de oxigénio com um ou mais metais. Hidróxidos são caracterizados pela presença de grupos OH ou moléculas de água, o que causa o aparecimento de ligações químicas muito mais fracas que as dos óxidos. Geologia Geral G0135 Módulo Único 85 Halogenetos: são minerais em que um elemento do grupo dos halogéneos (CI-, Br-, F- e I) é o único ânion, ou o ânion principal; Fosfatos, Arseniatos, Vanadatos: os minerais dessa classe são caracterizados pela presença de unidades tetraédricas de (PO4), (AsO4) e (VO4), onde os elementos P, As e V podem substituir – se mutuamente. Silicatos – pertencem a um vasto conjunto que tem, como elementos constantes e característicos, silício e oxigénio, sendo as diferentes espécies que o integram definidas em função dos restantes elementos que as compõem e do modo como se arranjam entre si. Alumínio e potássio na ortoclase, ferro e magnésio na olivina, alumínio e berílio no berilo, espécie mineral cuja variedade azul celeste, transparente, ganha valor de gema como água-marinha e que, com uma pitada de crómio e ou de vanádio, gera a variedade de cor verde, tida por pedra preciosa e conhecida por esmeralda. O rubi, vermelho, e as safiras, azuis e de outras cores, são variedades do mineral corindo, um óxido de alumínio, o mesmo metal da moderna civilização que se extrai industrialmente dos bauxitos, um tipo particular de solo tropical formado por alteração de certas rochas, sob condições climáticas de extrema humidade e calor. O resíduo que aí fica desta profunda alteração é essencialmente formado por hidróxidos de alumínio, conhecidos dos estudiosos e que têm nome: gibbsite, diásporo e bohemite, três minerais diferentes, mas com idêntico conteúdo químico (oxigénio, hidrogénio e alumínio Os sulfuretos, como os já referidos e muitos outros, geramse em meios redutores, pobres de oxigénio livre. Pelo contrário, na presença deste gás atmosférico, isto é, nos níveis mais superficiais da crosta têm origem óxidos, como a hematite, e outros minerais oxigenados reunidos entre os carbonatos, os sulfatos, os fosfatos ou os nitratos. Mas há 86 Unidade XI outros óxidos primários que nada têm a ver com o ambiente supergénico, como o quartzo (óxido de silício) e a magnetite (de ferro), a cassiterite (de estanho) e a cromite (de crómio), gerados em corpos rochosos da profundidade Exercícios 1. Faça a distinção entre os silicatos e os sulfuretos 2. A que grupo de minerais pertence os seguintes minerais: quartzo, magnetite. Geologia Geral G0135 Módulo Único 87 Unidade XII Rochas Introdução A presente unidade justifica-se na medida que descreve o processo de formação das rochas existentes na terra bem como mostra alguns conceitos que ajudam o estudante a compreender a natureza. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Definir rocha; Classificar as rochas quanto a sua origem; Objectivos Descrever o ciclo geológico. Conceito de Rocha Rocha é um agrupamento de minerais, ou apenas um mineral consolidado. É geralmente estudada por geólogos e geógrafos. Os geólogos procuram pesquisar mais intimamente sua composição química, sistema de cristalização, textura e estrutura. Enquanto que os geógrafos estudam o comportamento das rochas quando estas são submetidas aos diversos tipos de erosão. Classificação das Rochas As rochas que compõem a superfície terrestre podem apresentar diferentes aspectos, os quais estão ligados a determinados factores 88 Unidade XII como: composição química, origem, textura, estrutura, declive, cobertura vegetal, tempo geológico, tipo de clima, etc. Esses factores interferem nas diferenciações que as rochas superficiais possam apresentar. Especialistas como geólogos mineralogistas, geógrafos e engenheiros classificaram as rochas baseados principalmente em sua origem, composição química, textura e estrutura. Quanto à origem, classificam-se em eruptivas, sedimentares e metamórficas. A composição química das rochas é um assunto muito complexo. Contudo, tomando-se como referência sua acidez (% de sílica), podem ser classificadas em ácidas, básicas, neutras e ultrabásicas. Com relação à condição da estrutura cristalina, podem ser divididas em holocristalina, holoialina, criptocristalina e hipocristalina. Quanto à textura, podem ser granular, porfiróide (microlítica e microgranular) e vítrea. A análise da composição química das rochas exige intensas pesquisas e representa sua composição mineralógica e a natureza do magma original. Os engenheiros construtores de estradas classificam as rochas sucintamente em três grupos: rocha branda, rocha semibranda e rocha dura, especificando mais ainda em certos casos, em rocha duríssima e rocha lamelar. Porém, essa classificação não é válida cientificamente por não considerar a gênese, composição química, textura e estrutura do material. Profissionais da área utilizam-se do recurso de fotografia aérea na identificação dos diferentes tipos de rochas que aparecem na superfície terrestre. Para esse estudo, é utilizado um equipamento simples chamado estereoscópio, o qual permite a sobreposição das imagens fotográficas. Desse modo, pode-se identificar através das formas dos elementos e dos diferentes tons de cinza mostrado nas fotos preto e branco, as mudanças de solo e, com isso, os tipos de rochas que se apresentam nesse local. Geologia Geral G0135 Módulo Único 89 Fotografias coloridas oferecem maior riqueza de detalhes na identificação dos tipos de rochas que possam ocorrer numa determinada área, permitindo com isso a construção de um mapa geológico mais completo. Ciclo das rochas As rochas são corpos sólidos formados através da agregação de materiais minerais, podendo tais corpos, em sua formação, serem formados de um tipo ou de vários tipos de minerais. Na verdade, todas as rochas originaram-se em estado ígneo, sob elevadas temperaturas. No exterior da crosta terrestre, as rochas em estado ígneo são ejectadas através dos vulcões. Tal material resfria, formando corpos sólidos de formas variáveis. No entanto, as rochas sofrem processos contínuos de desgaste, através de condições diversas, como as intempéries. O tipo de rocha formado a partir de agentes de desgaste consiste nas chamadas rochas sedimentares. 90 Unidade XII As rochas terrestres não constituem massas estáticas. Elas fazem parte de um planeta cheio de dinâmica (variações de temperatura e pressão, abalos sísmicos e movimentos tectónicos). Da mesma forma, as actividades de intemperismo causam constantes alterações sobre as rochas. As rochas ígneas superficiais da Terra (A) sofrem constante intemperismo, e lentamente reduzem-se em fragmentos (B), incluindo tanto os detritos sólidos da rocha original como os novos minerais formados durante o intemperismo. Os agentes de transporte redistribuem o material fragmentado sobre a superfície, depositando-o como sedimentos, que se transformam em rochas sedimentares (C). Estas, por aumento de pressão e temperatura geram as rochas metamórficas (D). Aumentando a pressão e a temperatura até determinado ponto, ocorrerá fusão parcial e novamente a possibilidade de formação de uma nova rocha ígnea (E), dando-se início a um novo ciclo. Geologia Geral G0135 Módulo Único 91 Rochas Ígneas ou Magmáticas Rocha ígnea, magmática ou eruptiva é a que resultou da consolidação devida a resfriamento de magma derretido ou semiderretido. O processo de solidificação é complexo e nele podem distinguir-se a fase ortomagmática, a fase pegmatíticapneumatolítica e a fase hidrotermal. Estas rochas são compostas de feldspato (59,5%), quartzo (12%), piroxênios e anfibolitos (16,8%), micas (3,8%) e minerais acessorios (7%). Ocupam cerca de 25% da superfície terrestre e 90% do volume terrestre, devido ao processo de gênese. Ao solidificar, dependendo das condições - principalmente da pressão e temperatura -, o magma pode originar uma grande variedade de rochas, que se dividem em grandes grupos: plutônicas, vulcânicas e, segundo alguns autores, filonianas; Rochas ígneas plutônicas, intrusivas ou abissais São formadas a partir do resfriamento do magma no interior da crosta, nas partes profundas da litosfera, sem contacto com a superfície. Elas só apareceram à superfície depois de removido o material sedimentar ou metamórfico que a recobria. Em geral, o resfriamento é lento e ocorre a cristalização de todos os seus minerais. Normalmente as rochas plutônicas ou intrusivas apresentam uma estrutura maciça. A sua estrutura mais corrente é granular, isto é, os minerais apresentam-se equidimensionais ligados entre si. A classificação detalhada das rochas magmáticas requer um estudo microscópico da mesma. Em linhas gerais, podem considerar-se as seguintes famílias de rochas magmáticas, entre as quais existe toda uma série de rochas intermédias: Família do granito: o granito é uma mistura de quartzo, feldspato e micas, além de outros minerais, que se podem encontrar em menores proporções e que recebem a 92 Unidade XII denominação de acessórios. Estes podem ser turmalinas, plagioclases, topázio, e outros mais. O granito é uma rocha ácida e pouco densa que aparece abundantemente em grandes massas, formando regiões inteiras ou as zonas centrais de muitos acidentes montanhosos. O equivalente vulcânico do granito é o riolito; Família do sienito: tem como minerais essenciais os feldspatos alcalinos, especialmente a ortoclase, aos quais se associa a hornblenda, a augite e a biotite. Não apresentam nem moscovite nem quartzo. São rochas neutras. O equivalente vulcânico do sienito é o traquito; Família do diorito: tem como minerais essenciais os feldsfatos calcossódicos ácidos - oligoclase e andesina. A estes associam-se, em geral, a hornblenda, a augite e a biotite. O equivalente vulcânico do diorito é o andesito. Família do gabro: são rochas escuras, verdes ou negras, bastante densas e sem quartzo, pelo que são rochas básicas. Os seus minerais essenciais são os feldsfatos básicos labradorite e anortite -, acompanhados, geralmente, por diálage, biotite, augite e olivina. O equivalente vulcânico do gabro é o basalto; Família do peridotito: são rochas constituídas por anfíbolas e piroxenas e, sobretudo, por olivina. São rochas ultrabásicas muito densas e escuras. O magma que as originou formou-se em grande profundidade, muitas vezes na parte superior do manto. Os peridotitos são rochas muito alteráveis por efeito dos agentes meteóricos, transformandose em serpentinitos, que são utilizados como pedras ornamentais, muito apreciada pela sua cor verde escura. Geologia Geral G0135 Módulo Único 93 Rochas ígneas vulcânicas, extrusivas ou efusivas São formadas a partir do resfriamento do material expelido pelas erupções vulcânicas actuais ou antigas. A consolidação do magma, então, acontece na superfície da crosta ou próximo a ela. O resfriamento é rápido, o que faz a que estas rochas, por vezes, apresentem material vítreo. Essas rochas têm textura microlítica ou vidrosa (vítrea). Há uma grande diversidade de rochas vulcânicas que se agrupam em alguns tipos gerais: siólitos, traquitos, andesitos e basaltos, entre os quais existe uma série de rochas intermédias, do mesmo modo que nas rochas plutônicas; Rochas filonianas São as rochas que alguns autores consideram, de certo modo, fazer a transição entre as rochas vulcânicas e as rochas plutónicas. Sem atingir a superfície, aproximam-se muito dela e podem preencher as fissuras da crosta terrestre. Umas formam-se por resfriamento do magma numa fissura, outras formam o recheio das fissuras e fracturas, devido à presença de soluções hidrotermais (de águas térmicas) que aí precitam os minerais. Todas as rochas filonianas se encontram em relação directa com o magma, isto é, com rochas intrusivas. São exemplo de rochas filonianas os aplitos, os pegmatitos e as lamprófiros. Exercícios 1. Defina rocha 2.As rochas na natureza cumpre um ciclo. Explique detalhadamente este fenómeno 94 Unidade XIII Unidade XIII Rochas Sedimentares e Metamórficas Introdução A presente unidade justifica-se na medida que descreve o processo de formação das rochas existentes na terra bem como mostra alguns conceitos que ajudam o estudante a compreender a natureza. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Descrever as rochas sedimentares Caracterizar rochas sedimentares Objectivos Características das Rochas Sedimentares As rochas sedimentares são um dos três principais grupos de rochas (os outros dois sendo as rochas ígneas e as metamórficas) e formam-se por três processos principais: pela deposição (sedimentação) das partículas originadas pela erosão de outras rochas (conhecidas como rochas sedimentares clásticas); pela deposição dos materiais de origem biogénica; e pela precipitação de substâncias em solução. Geologia Geral G0135 Módulo Único 95 Subdivisão das Rochas metamórficas As rochas sedimentares podem ser divididas em: Clásticas - Formadas a partir da desagregação de rochas préexistentes. A composição destes sedimentos reflecte os processos de intemperismo e a geologia da área da fonte. ex. arenitos. Orgânicas - Formadas pela acumulação de restos derivados de animais ou vegetais, como o carvão mineral. Químicas - Formadas através da precipitação de substâncias que se encontram em dissolução nas águas. ex. calcáreos (CaCO3) Residuais - Resultantes de solos endurecidos por precipitação de hidróxidos de ferro e alumínio ou outros compostos. Características das Rochas Metamórficas Em geologia, chamam-se rochas metamórficas àquelas que são formadas por transformações físicas e químicas sofridas por outras rochas, quando submetidas ao calor e à pressão do interior da Terra, num processo denominado metamorfismo. As rochas metamórficas são o produto da transformação de qualquer tipo de rocha levada a um ambiente onde as condições físicas (pressão, temperatura) são muito distintas daquelas onde a rocha se formou. Nestes ambientes, os minerais podem se tornar instáveis e reagir formando outros minerais, estáveis nas condições vigentes. Não apenas as rochas sedimentares ou ígneas podem sofrer metamorfismo, as próprias rochas metamórficas também podem, gerando uma nova rocha metamorfizada com diferente composição química e/ou física da rocha inicial. Como os minerais são estáveis em campos definidos de pressão e temperatura, a identificação de minerais das rochas metamórficas permite reconhecer as condições físicas em que ocorreu o 96 Unidade XIII metamorfismo. O estudo das rochas metamórficas permite a identificação de grandes eventos geotectônicos ocorridos no passado, fundamentais para o entendimento da actual configuração dos continentes. As cadeias de montanhas (ex. Andes, Alpes, Himalaias) são grandes enrugamentos da crosta terrestre, causados pelas colisões de placas tectónicas. As elevadas pressões e temperaturas existentes no interior das cadeias de montanhas são o principal mecanismo formador de rochas metamórficas. O metamorfismo pode ocorrer também ao longo de planos de deslocamentos de grandes blocos de rocha (alta pressão) ou nas imediações de grandes volumes de magmas, devido à dissipação de calor (alta temperatura). Agentes do Metamorfismo Minerais deformados e alinhados exemplo: mármore, quartzito e ardósia Embora não nos seja possível assistir à gênese de rochas metamórficas, visto ocorrer a grandes profundidades, conseguimos facilmente através de variados estudos concluir que a temperatura e a pressão são os principais factores de metamorfismo. No entanto estes dois factores encontram-se intimamente ligados a outras condicionantes como é o caso dos fluidos de circulação, a intensidade de aquecimento e o tempo durante o qual a rocha se encontra submetida a esses factores. Desta forma ocorre o metamorfismo, ou seja, as rochas apesar de se manterem no estado sólido sofrem alterações um pouco profundas que incluem modificações tanto a nível químico como a nível estrutural. A rocha sofre ainda alterações na textura. Todos estes agentes atacam em conjunto apesar de existirem diferentes ambientes metamórficos. O metamorfismo pode ser baixo, médio e Geologia Geral G0135 Módulo Único 97 de alto grau. De seguida falaremos acerca de cada um dos agentes do metamorfismo. Temperatura A temperatura aumenta com a profundidade, mas para além disso quando ocorre uma intrusão magmática, o calor vai sobreaquecer as rochas encaixantes, calor proveniente desse magma. Assim as rochas ficarão submetidas a temperaturas que provocarão diversas alterações, embora essas temperaturas não sejam suficientes para fundir as rochas. Portanto, a temperatura favorecerá reacções químicas entre minerais aumentando assim a vulnerabilidade das rochas que serão sujeitas a pressões. Normalmente no metamorfismo o efeito da pressão combina-se com o da temperatura. Pressão Como o processo designado por metamorfismo que ocorre no interior da terra, as rochas encontram-se a diferentes profundidades, e, desta forma, sujeitas a pressões variadas. A maior parte das pressões são devidas ao peso das camadas superiores designando-se por isso pressões litostáticas. Estas pressões podem-se sentir facilmente a profundidades relativamente pequenas. Existem ainda outras pressões orientadas que se relacionam directamente com compressões provenientes dos movimentos laterais das placas litosféricas. A orientação e deformação de muitos minerais existentes nas rochas metamórficas evidencia a influência deste tipo de pressão como podemos verificar nas seguintes figuras (macro e microscópicas respectivamente). Fluidos de circulação Nos intervalos das rochas predominam diversos fluidos quer no estado gasoso quer no estado líquido, de acordo com as diferentes condições de pressão e temperatura. A água é um dos fluidos mais importantes que transporta várias substâncias em solução, e, para além de ser dissolvente de quase todas as substâncias, este fluído 98 Unidade XIII provoca diversas reacções químicas. Pode ocorrer, ainda, a migração de materiais, através da água, que irão contribuir, assim, para alterações químicas e até mesmo mineralógicas. As reacções metamórficas serão assim muito lentas devido ao baixo volume de fluidos intersticiais. Com o aumento, quer da temperatura quer da pressão, os intervalos da rocha vão diminuindo consequentemente e os fluidos serão lentamente expulsos. Assim, os minerais hidratados, como é o caso dos minerais de argila tornam-se mais instáveis e com a perda de água transformam-se normalmente em minerais anidros, como é o caso de feldspatos e piroxénos. Devido a esta condicionante, as rochas de alto grau de metamorfismo abrangem muito poucos minerais hidratados, sendo estes muito mais frequentes nas rochas de baixo metamorfismo. A água influencia ainda o ponto de fusão dos materiais, podendo assim ocorrer fusão a temperaturas muito mais baixas do que as indispensáveis em ambientes meio secos. Tempo O tempo é um factor bastante importante para a formação deste tipo de rochas. Não se pode dizer exactamente quanto tempo demora uma rocha metamórfica a formar-se para diversas condições de temperatura e de pressão. Contudo diversas experiências laboratoriais mostram que a altas pressões e a altas temperaturas, durante um período de tempo de alguns milhares ou mesmo milhões de anos, se produzem cristais de dimensões elevadas. Há ainda que referir que se pensa que as rochas metamórficas são o produto de um longo metamorfismo a alta pressão e a alta temperatura quando apresentam um aspecto granular grosseiro e que as rochas de grão fino serão eventualmente o produto de baixas temperaturas e pressões. Geologia Geral G0135 Módulo Único 99 O Metamorfismo o processamento, sem alterar o estado da estrutura ou composição química de uma rocha ou mineral, quando ele é submetido a condições de temperatura e pressão diferentes do aumento ou receber uma injecção de fluidos. Ao mudar a física, passando o material rochoso que está sendo removido do equilíbrio e tenderá, como obtido para a energia de transição, a evoluir para um estado diferente, em equilíbrio com as novas condições. é chamado de rocha metamórfica resultante desta transformação. Tipos de Metamorfismo a) Metamorfismo de contacto: Também conhecido como metamorfismo térmico, ocorre quando a transformação das rochas é principalmente devido às altas temperaturas a que são submetidos. Isso ocorre quando o magma invade um corpo rochoso e alta temperatura metamorfoseados as rochas hospedeiras, formando uma auréola de contacto. b) Metamorfismo regional: Ela é produzida pelo efeito simultâneo do aumento da pressão e temperatura por longos períodos de tempo em grandes áreas da crosta terrestre, com alta actividade tectónica, tais como limites de placas litosféricas, que também influenciam a presença de fluidos nas rochas para ser metamorfoseado, e as 100 Unidade XIII tensões provocadas pelo movimento das placas tectónicas. Normalmente, o crescimento de cristais durante o metamorfismo regional é acompanhado por uma deformação provocada por causas tectónicas. c) Metamorfismo dinâmico: O factor dominante no metamorfismo dinâmico (ou dinamometamorfismo) é a pressão, causada pelo movimento entre os blocos ou gerados pela acção de falhas. As rochas que são gerados neste processo são chamados de lacunas ou falhas cataclastitas, caracterizada pela presença de músicas abrangidos por esta matriz, produzido pela moagem. d) Metamorfismo de enterramento: Esboço de uma bacia sedimentar com sedimentos grossos. Nas áreas mais profundo há um metamorfismo de soterramento. Isso ocorre devido ao aumento da temperatura e da pressão vivida pelos sedimentos 10000-12000 metros de profundidade na crosta. Geologia Geral G0135 Módulo Único 101 e) Metamorfismo de choque: é formado quando as condições de pressão são muito elevadas, tais como impactos de meteoritos. Os átomos de silício são vermelho, oxigénio e cinza. Também conhecido como metamorfismo de impacto, ocorre pelo efeito das ondas de choque produzida pelo impacto de meteoritos, explosões nucleares ou ensaios de laboratório. Exercícios 1. Descreva rochas sedimentares 2. Classifique as rochas sedimentares 3. Explique o processo de metamorfismo 102 Unidade XIV Unidade XIV Os Fósseis e a Paleontologia Introdução O conhecimento dos fosseis e da paleontologia no geral contribui para o conhecimento do passado Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Definir fósseis Descrever os processos de formação dos fósseis Objectivos O que são Fosseis? Fósseis (do latim fossilis) são os restos materiais de antigos organismos ou as manifestações da sua actividade, que ficaram mais ou menos bem conservados nas rochas ou em outros fósseis. Entende-se por: 1. Restos materiais – evidências de partes do organismo como ossos, dentes, troncos, chifres, ou o corpo inteiro em casos excepcionais; 2. Manifestações a)vestígios de orgânicos, actividade como são estruturas de dois tipos reprodutoras – (ovos, sementes, esporos, pólenes, etc.), excrementos (cuprólitos) e restos de construções orgânicas; b) rastos, designados por icnofósseis ou icnitos, como pegadas ou Geologia Geral G0135 Módulo Único 103 impressões de outras partes do corpo (dentadas, por exemplo), pistas, galerias abertas em rochas, esqueletos ou troncos, etc. Para que se forme um fóssil é necessário que as evidências sofram uma série de transformações químicas e físicas ao longo de um período de tempo. Assim, só se consideram fósseis os vestígios orgânicos com mais de 13.000 anos (idade aproximada da última glaciação do Quaternário – o Würm). Paleontologia (Fóssil: principal objeto de estudo da Paleontologia) A paleontologia é a ciência que estuda os animais e vegetais que viveram n passado, através dos fósseis. A paleontologia busca informações nos fósseis, tais como: idade de fóssil, condições de vida e morte do ser fossilizado, características, influências ambientais, entre outras. Esta ciência dispõe de diversas técnicas e recursos para obter informações importantes sobre o fóssil. Uma das técnicas mais importantes é a do carbono 14, que identifica com muita precisão a idade do fóssil. A paleontologia foi criada em 1812 pelo naturalista francês George Couvier, um grande pesquisador de animais extintos. A Paleontologia pretende conhecer do modo mais completo possível os seres vivos que antecederam os actuais: o seu modo de vida, as condições ambientais e bióticas nas quais se desenvolveram, as causas da morte ou da sua extinção, e as possíveis relações evolutivas entre eles. 104 Unidade XIV A Paleontologia está intimamente ligada à História da Vida e da Terra – tanto no âmbito da Biologia e Evolução, como no da Geologia. Esta ciência é uma matéria complexa que recorre a todas as ciências; ocupando uma posição intermédia entre a Biologia e a Geologia, envolve também vastos conhecimentos de Matemática, Física e Química. De salientar por fim que se trata de uma ciência histórica, pois investiga e interpreta a sucessão dos acontecimentos relacionados com os seres vivos ao longo dos tempos geológicos. COMO SE FORMAM OS FÓSSEIS? De um modo geral, os organismos são completamente destruídos após a morte e num determinado espaço de tempo, processo este que se designa por decomposição. Estes são decompostos pela acção combinada de: organismos decompositores (geralmente microorganismos); agentes físicos (alterações de pressão e temperatura) e agentes químicos (dissoluções, oxidações, entre outros). Por vezes, os restos orgânicos ficam rapidamente envolvidos num material protector que os preserva do contacto com a atmosfera, da água do mar e da acção dos decompositores. Este processo é raro (acontece em menos de 1% das situações), complexo e geralmente só as partes duras (troncos, conchas, carapaças, ossos e dentes) fossilizam. Na fossilização os compostos orgânicos que constituem o organismo morto são substituídos por outros mais estáveis nas novas condições. Estes podem ser calcite, sílica, pirite, carbono, entre outros. Geologia Geral G0135 Módulo Único 105 A fossilização é um processo muito lento e complexo! Recapitulando, são muito convenientes duas condições: Que o organismo possua partes duras! Que ocorra um enterramento rápido por sedimentos finos que interrompa a decomposição De acordo com as condições do ser vivo e do meio, podem ocorrer diversos tipos de fossilização. Podemos classificar, simplificadamente, estes processos em três grupos: Moldagem - as partes duras dos organismos acabam por desaparecer deixando nas rochas as suas marcas (impressões). Mineralização - os materiais originais que compõem o ser vivo são substituídos por outros mais estáveis. Conservação - o material original do ser vivo conserva-se parcial ou totalmente nas rochas ou em outros materiais. 106 Unidade XIV Em alguns casos excepcionais conservam-se organismos completos. Estas situações ocorrem quando os seres ficam incluídos em materiais que os preservam do contacto com o ambiente (em especial dos microorganismos). São exemplos destes materiais o petróleo, a resina (âmbar) e o gelo (neve). Geologia Geral G0135 Módulo Único 107 De acordo com a natureza do organismo, o lugar em que vivia e os processos de fossilização pelos quais passou, existem três tipos de fósseis: 1. Fósseis Inalterados: Quando não houveram modificações na natureza química e mineralógica dos constituintes da matéria orgânica. No registo paleontológico, fósseis inalterados são encontrados preferencialmente em determinados ambientes que permitiram um isolamento muito rápido do organismo. Exemplos: a) No gelo, encontram-se enormes mamutes, que conservaram olhos, peles e músculos. b) No âmbar (resina vegetal fóssil), encontram-se insectos, vegetais, etc..., preservados sem alterações. c) No betume (derivado do petróleo formado em bacias, pela vaporização das substâncias voláteis), encontram-se uma grande quantidade de ossos de vertebrados (EUA) e até de partes moles dos organismos (Alemanha). 108 Unidade XIV d) Nas cavernas (o ambiente seco e frio não permite a existência de bactérias), preservaram-se grandes quantidades de vertebrados e) As turfeiras (ambientes redutores - portanto não apresentam bactérias), permitem encontrar óptimas preservações, até de estruturas celulares. f) O calcário (sedimento químico) é excelente para fossilizações. Nos famosos calcários de Solnhofen (Alemanha) (imagem apresentada no topo da página), podem ser encontrados impressões de medusas, insectos e a primeira ave. Também são considerados casos de fossilização inalterada, aquelas partes duras dos organismos que, por sua natureza química resistem aos processos de fossilização, como os compostos por calcita e sílica. Duas situações são consideradas como sendo de preservação inalterada (Mendes, 1977): Permineralização: ocorre quando os espaços vazios naturais das conchas, ossos e outras estruturas porosas ou os espaços vazios deixados pelo desaparecimento das partes moles, são preenchidos pelas substâncias químicas de águas de infiltração. A composição química do organismo original não é afectada. Incrustação: ocorre quando o organismo, sem sofrer alterações em seus constituintes originais, é envolvido por uma camada (espessura variável) de outros minerais. 1. Fósseis Alterados: Se a matéria orgânica que compõe o resto for parcial ou totalmente dissolvida, cedendo seu lugar aos minerais constituintes dos elementos onde foi sepultado, teremos o caso de fossilização Geologia Geral G0135 Módulo Único 109 alterada. Esta modificação na estrutura dos organismos ocorre durante a diagênese, podendo ser de dois tipos: 1. Substituição ou petrificação: caracteriza-se pela perda da composição química original que é acompanhada da simultânea deposição de alguma outra substância mineral no espaço vazio. A microestrutura pode ser conservada ou não. Tipos de processos de substituição (de acordo com as substâncias químicas envolvidas): a. Carbonatização ou calcificação: o agente fossilizador é CACO3. Na forma de calcita ele é o mineral de maior difusão e mobilidade nas rochas sedimentares. b. Silicificação: a sílica (sob determinadas condições geoquímicas do meio), dá lugar a soluções coloidais que agem na fossilização. Um tronco de árvore pode ser permineralizado por sílica, ou seja, os espaços vazios (antes ocupados pela parte viva da célula - citoplasma e núcleo) são preenchidos por ela. Sua forma mais estável é a calcedônia. c. Piritização: em meios carentes de oxigênio, pelo desprendimento do ácido sulfídrico, o sulfeto de ferro tem condições de se formar ou como pirita ou como marcasita, atuando como fossilizador. 2. Carbonização ou destilação: ocorre dentro da água. É o processo mais comum de fossilização para restos vegetais, artrópodes de água doce e graptolitos. Os elementos voláteis da matéria orgânica (O, N e H), escapam e volatizam-se durante os processos da digânese, promovendo no resto orgânico um progressivo enriquecimento em carbono e a formação de uma película carbonosa delgada. 110 Unidade XIV Exercícios 1. Uma múmia é um fóssil? Justifique a sua resposta; 2. Defina a paleontologia; 3. Diferencie os fósseis alterados dos inalterados Geologia Geral G0135 Módulo Único 111 Unidade XV Importância dos Fósseis: combustíveis Fósseis Introdução O conhecimento dos fósseis e da paleontologia no geral contribui para o conhecimento do passado. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Descrever a importância dos fósseis; Indicar e descrever os combustíveis fósseis. Objectivos Importância dos fósseis Os fósseis são uma importante ferramenta para os geólogos e biólogos. Através do estudo dos fósseis os geólogos são capazes de identificar o paleoambiente gerador das rochas sedimentares bem como sua idade relativa, o movimento dos continentes, a variação do clima da Terra etc. A indústria do petróleo, em todo o mundo, utiliza-se também das informações oferecidas pelos fósseis para encontrar óleo, gás natural, etc. Por outro lado, os biólogos, que procuram entender como surgiu a grande diversidade de organismos, utilizam os fósseis nos seus estudos evolutivos. O entendimento dos processos que controlaram a evolução e dispersão dos organismos por toda 112 Unidade XV Terra são úteis para a compreensão de temas como o surgimento da vida, surgimento de novas espécies, crises biológicas etc. Combustíveis fósseis: Petróleo, Carvão e Gás Natural A origem dos combustíveis fósseis Existem três grandes tipos de combustíveis fósseis: o carvão, o petróleo e o gás natural. Os três foram formados há milhões de anos atrás na época dos dinossauros, daí o nome de combustível fóssil. Os combustíveis fósseis são resultado de um processo de decomposição das plantas e dos animais As plantas armazenam a energia recebida do sol transformando-a no seu próprio alimento. A este processo chama-se fotossíntese. Por sua vez, os animais comem as plantas para adquirirem energia. Finalmente, as pessoas comem os animais e as plantas para obter a energia necessária para trabalhar. Quando as plantas, dinossauros e outras criaturas morreram, a terra decompôs os seus corpos enterrados, camada por camada, debaixo da terra. São necessários dois milhões de anos para que estas camadas de matéria orgânica se transformem em pedra preta e dura a que chamamos o carvão, num líquido negro: o petróleo, ou ainda no gás natural. Os combustíveis fósseis podem ser encontrados debaixo da terra em muitos locais do nosso planeta. Portugal não é um desses locais (não é um país rico em combustíveis fósseis). Cada um dos combustíveis fósseis é extraído de diferente maneira. O carvão retira-se de minas profundas através da escavação. As companhias petrolíferas extraem o petróleo escavando poços muito fundos. O petróleo é então bombeado e trazido para a Geologia Geral G0135 Módulo Único 113 superfície terrestre (tal como o furo de água existente em algumas das casas campestres). Normalmente são transportados em tanques e barcos próprios até chegar á maioria dos países do mundo (é o que acontece em Portugal, pois quase todo o petróleo é exportado). O petróleo tem de ser transformado ou refinado noutros produtos antes de ser usado. Refinarias O petróleo é armazenado em grandes tanques antes de ser distribuído pelo mundo. Existem muitos produtos que derivam do petróleo, como por exemplo, os fertilizantes para as quintas, as roupas que vestes, a pasta de dentes, as garrafas e canetas de plástico, etc. Quase todos os plásticos têm origem no petróleo. Nas refinarias o petróleo bruto é separado em vários produtos pelo aquecimento deste espesso combustível. Estes produtos são: a gasolina, o gasóleo, o combustível dos aviões, os óleos, etc. O Gás Natural O gás natural é mais leve que o ar, sendo constituído maioritariamente por metano. O metano é um composto químico simples constituído por átomos de carbono e hidrogénio. A sua fórmula química é o CH4. Este gás é altamente inflamável e encontra-se em reservatórios subterrâneos perto do petróleo. Desta forma é bombeado e transportado de forma semelhante á do petróleo. 114 Unidade XV O gás natural não tem odor nem pode ser visto, por isso, antes de ser canalizado por tubos até aos tanques de armazenamento, mistura-se um químico que lhe confere um forte odor parecido com ovos podres. Assim, é facilmente identificada uma fuga de gás. O gás armazenado nos tais tanques é distribuído através de tubos até ás nossas casas, fábricas e centrais eléctricas servindo de combustível para produzir electricidade. Preservação dos combustíveis fósseis Os combustíveis fósseis demoram dois milhões de anos para se formarem. Actualmente os humanos gastam desmesuradamente recursos que se formaram á mais de 65 milhões de anos no tempo dos dinossauros. Uma vez esgotados não é possível fabricá-los e temos que esperar muito tempo para voltarem a existir. Assim, é melhor preservá-los e poupá-los antes que esgotem. Eles não se renovam nem se fabricam. Em suma: 1- Os combustíveis fósseis estão em formação desde o tempo dos dinossauros, quando as plantas e animais morreram. A sua matéria orgânica decompôs-se gradualmente ao longo dos anos até se transformar em carvão, petróleo e gás natural. 2- Os combustíveis fósseis encontram-se normalmente no subsolo e são extraídos de minas (é o caso do carvão) ou como o petróleo e gás natural retirados através de uma bomba de pressão dos poços petrolíferos. 3- O petróleo é transportado por tubos largos ou em grandes distâncias por navios petrolíferos para locais onde vai ser transformado noutros produtos. 4- Muitos produtos como o plástico e fertilizantes derivam do petróleo. Geologia Geral G0135 Módulo Único 115 5- O gás natural pode ser encontrado perto do petróleo. 6- Este gás é transportado por uma série de tubos até chegar ás nossas casas, escolas e empresas. 7- Os combustíveis fósseis não são renováveis nem podem ser fabricados, o melhor é a sua preservação. Exercícios 1. Descreva a importância do petróleo e sua origem 2. O que são combustíveis fósseis 116 Unidade XVI Unidade XVI Geodinâmica Interna: vulcanismo Introdução O conhecimento do fenómeno vulcanismo ajuda nos a conhecer e entender os fenómenos da dinâmica da terra Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Definir um vulcão e descrever sua origem Caracterizar o aparelho vulcânico; Objectivos Conceito de Vulcanismo O vulcanismo consiste nos processos pelos quais o magma e os gases a ele associados ascendem, a partir do interior da Terra , à superfície da crusta terrestre incluindo a atmosfera. O ramo da Geologia que se dedica ao estudo do Vulcanismo designa-se por Vulcanologia. O termo que está na origem destas palavras é Vulcão. É uma palavra de origem Latina, Vulcano o deus do fogo. Entendemos por Vulcão uma abertura (respiradouro) na superfície da crusta terrestre, através da qual se dá a erupção do magma, dos gases e das cinzas associadas. Geologia Geral G0135 Módulo Único 117 A Composição de um Vulcão Do mesmo modo, a estrutura, geralmente com a forma cónica, que é produzida pelas sucessivas emissões de materiais magmáticos, é nomeada por Vulcão. Em termos gerais, a estrutura vulcânica que forma um vulcão é designada por aparelho vulcânico. Existem diferentes tipos (logo diferentes classificações) de vulcões, resultando daí diferentes configurações dos aparelhos vulcânicos, contudo estes são, normalmente, constituídos pelas seguintes partes: 1) câmara magmática, local onde se encontra acumulado o magma, normalmente situado em regiões profundas das crustas continental e oceânica, atingindo, por vezes, a parte superior do manto; 2) chaminé (principal) vulcânica, canal, fenda ou abertura que liga a câmara magmática com o exterior das crustas, e por onde ascendem os materiais vulcânicos; 3) cratera, abertura ou depressão mais ou menos circular, em forma de um funil, localizada no topo da chaminé vulcânica; 4) cone vulcânico, elevação de forma cónica que se forma por acumulação dos materiais expelidos do interior das crustas (lavas, cinzas e fragmentos de rochas), durante a erupção vulcânica. Para além da chaminé vulcânica, a maioria das vezes, existem outras condutas, denominadas por filões. Também se podem formar cones laterais, secundários ou adventícios ao cone vulcânico principal. 118 Unidade XVI Um dos muitos aspectos característicos da morfologia vulcânica é a existência de caldeiras que resultam do desaparecimento, parcial ou total, do cone vulcânico. As caldeiras vulcânicas são estruturas colapsadas por explosões, abatimentos ou agentes erosivos. As caldeiras apresentam, geralmente, contornos mais ou menos regulares circulares ou elípticos. Geologia Geral G0135 Módulo Único 119 O magma é uma mistura complexa de silicatos, que se encontra em fusão a temperaturas que variam, mais ou menos, entre os 800º C e 1200º C. Consoante o teor em sílica, os magmas podem dividir-se em: 1) ácidos, quando apresentam mais de 60% do teor em sílica, 2) andesíticos, quando o teor em sílica está compreendido entre 50% e 60%, e 3) básicos, quando o teor em sílica é inferior a 50%. Existe uma estreita relação entre o teor em sílica de um magma e a sua viscosidade. Assim, quanto maior for o teor em sílica, mais baixa será a temperatura para o manter no estado líquido e maior será a sua viscosidade. Deste modo, os magmas ácidos são mais viscosos que os magmas básicos. Também a fluidez de um magma aumenta com a temperatura, com o teor de ferro e magnésio, e com a quantidade de água nele contida. Sempre que o magma atinge a superfície das crustas, liberta os gases nele contidos, passando a chamar-se lava. De acordo com as características (teor em sílica, ferro, magnésio e água, viscosidade, fluidez, temperatura) dos magmas, de uma forma geral, podemos considerar três tipos de actividade vulcânica (efusões lávicas): 1) efusiva, caracterizada pela emissão lenta de lavas, em forma de escoadas, como se de "rios de lavas" se tratasse; os vulcões com actividade efusiva são alimentados por magmas básicos e fluidos; 2) explosiva, caracterizada pela projecção de consideráveis massas de materiais sólidos e por uma violenta libertação de gases; os magmas são, neste caso, ácidos e viscosos, os quais originam lavas que raramente formam escoadas, mas antes originam agulhas e cúpulas; e 3) mista, caracterizada pela alternância de explosões violentas e emissão lenta de lavas. 120 Unidade XVI O Processo de Ocorrência de um Vulcão Às erupções vulcânicas estão associados produtos de natureza gasosa, líquida e sólida. As erupções são precedidas, acompanhadas e seguidas por abundantes emissões gasosas resultantes da desgaseificação do magma que alimenta os vulcões. O gás expelido em maior quantidade é o vapor de água, seguindo-se-lhe o anidrido carbónico (dióxido de carbono), anidrido sulfuroso (dióxido de enxofre), hidrogénio, monóxido de carbono, ácido clorídrico, metano, argon, flúor e outros. As proporções relativas dos diferentes gases variam consideravelmente com o tipo de magma e, dentro do mesmo magma, ao longo do tempo. Durante a actividade vulcânica explosiva, ocorre a formação de quantidades variáveis de materiais sólidos que resultam de pequenas porções (salpicos) de lava que arrefecem e solidificam no ar ou na água. Estes materiais denominam-se genericamente por piroclastos ou tefra. De entre estes, destacamos: 1) poeiras ou cinzas vulcânicas, são materiais muito finos, com dimensões inferiores a quatro milímetros, facilmente transportados pelo vento e originados pela pulverização das lavas; quando se depositam na superfície terrestre dão origem a solos férteis, 2) bagacina ou «lapilli», são fragmentos de lava consolidada com dimensões compreendidas entre 4 e 32 mm, 3) bombas, são fragmentos de aspecto esponjoso, provenientes de lavas arrefecidas durante as erupções, apresentando formas variáveis e podendo atingir dimensões entre os 32 mm e 0,5 m; os fragmentos com dimensões entre 0,5 m e 1 m têm a designação de blocos e Geologia Geral G0135 Módulo Único 121 4) pedra-pomes, são fragmentos de aspecto vesicular, com paredes muito finas, apresentando uma densidade inferior à da água, tendo origem em lavas muito ricas em sílica; à acumulação de pedra-pomes chama-se pomito. Fotografia mostrando uma amostra de pedra-pomes. A dimensão da barra (3 cm), colocada em baixo do lado direito, permite avaliar a dimensão relativa da amostra Além dos piroclastos, outros fragmentos sólidos podem ser expelidos durante as erupções violentas. Estes fragmentos, arrancados às paredes da chaminé, têm a designação de ejectólitos. As lavas, conforme a sua composição e o tipo de arrefecimento (lento ou rápido) a que foram submetidas, podem apresentar à superfície aspectos muito variados. Assim sendo, surgem: 1) lavas encordoadas ou «pahoehoe» (designação havaiana), que se caracterizam pelo aspecto rugoso que apresentam; durante a consolidação, surge, em primeiro lugar, uma fina crosta superficial debaixo da qual a lava continua a fluir, enrugando-a e dando-lhe a forma final de um encordoamento; são típicas de erupções efusivas 2) lavas escoriáceas ou «aa» (designação havaiana), caracterizamse por apresentarem uma superfície irregular, com saliências ponteagudas; têm origem em lavas viscosas, com elevada percentagem de gases, que solidificam rapidamente; são típicas de erupções explosivas 122 Unidade XVI 3) lavas em almofada ou «pillow-lavas», caracterizam-se pelo seu aspecto tubular ou em rolos; são típicas dos derrames submarinos, sendo o seu aspecto resultante do rápido arrefecimento da lava em contacto com a água. Exercícios 1. Qual a origem dum vulcão? 2. Estabeleça a diferença entre uma caldeira e uma cratera Geologia Geral G0135 Módulo Único 123 Unidade XVII Manifestações secundárias do vulcanismo e sua importância Introdução O vulcanismo nem sempre termina ou se cinge em lançamento da lava; há outras formas de vulcanismo importantes. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Explicar as diferentes manifestações secundárias do vulcanismo; Descrever a importância do vulcanismo (aspectos positivos); Objectivos As Principais Manifestações Vulcânicas A energia calorífica libertada pela câmara magmática, origina a libertação de materiais líquidos e gasosos existentes nas rochas encaixantes. A esta actividade chama-se vulcanismo residual ou secundário. Os fenómenos de vulcanismo secundário mais comuns são os seguintes: 1) géiseres, são jactos intermitentes e periódicos de água e vapor de água, a elevada temperatura, 124 Unidade XVII 2) fontes ou nascentes termais, são emanações de água, vapor de água e dióxido de carbono a elevada temperatura (cerca de 50 C); quando o calor libertado pelo magma em ascensão encontra aquíferos (acumulação de águas em profundidade), transforma as águas em águas termais ou juvenis; estas contêm sais minerais em diferentes proporções o que possibilita o seu uso para fins terapêuticos, 3) fumarolas, são emanações gasosas (vários compostos gasosos) exaladas através de fissuras em zonas próximas de vulcões activos; as fumarolas, com predomínio de gases sulfurados (dióxido e trióxido de enxofre, ácido sulfídrico) denominam-se sulfataras e podem produzir importantes depósitos de enxofre; quando, para além do vapor de água, existe libertação quase exclusiva de dióxido de carbono, as fumarolas designam-se por mofetas. Geologia Geral G0135 Módulo Único 125 Origem do Vulcão Os vulcões ocorrem porque, como sabemos, a crosta da Terra está dividida num mosaico de placas rígidas - placas tectónicas - que se assemelham a um "puzzle" . Há 16 macroplacas. Já sabemos que estas placas rígidas flutuam sobre uma camada menos rígida (plástica) e superficial do manto superior a astenosfera. As placas movem-se separando-se, placas divergentes, ou colidindo umas com as outras, placas convergentes. A maioria dos vulcões ocorre próximo dos limites das placas tectónicas. Quando as placas colidem, uma placa desliza para baixo da outra. Esta é uma zona de subducção. Quando a placa que mergulha atinge o manto, as rochas que a constituem derretem e originam o magma que pode mover-se para cima e causar uma erupção na superfície da terra, resultando um vulcão. Em zonas do "rift" (cristas ou dorsais), as placas divergem (afastam-se) uma da outra e o magma ascende à superfície e causa uma erupção vulcânica. Alguns vulcões ocorrem no meio das placas nas áreas chamadas "hotspots" (pontos quentes) - lugares onde o magma se forma, no interior da placa, e depois ascende à superfície terrestre originando um vulcão. 126 Unidade XVII Modelo esquemático representativo da origem e ocorrência dos vulcões à superfície da Terra Mapa-mundi simplificado mostrando a distibuição dos "Pontos Quentes" e os Limites entre Placas Tectónicas. Importância do Vulcanismo O vulcanismo é um dos fenômenos naturais mais importantes que acontece na crosta terrestre e principalmente no fundo dos oceanos, que cobrem 2/3 da superfície de nosso planeta; são totalmente formados de lavas, onde também encontramos a mais colossal cadeia montanhosa com cerca de 70000 Km de comprimento, 1000 Geologia Geral G0135 Módulo Único 127 de largura e 3000 de altura a grande dorsal suboceânica, que é formada por uma ininterrupta sucessão de vulcões. Sua importância torna-se ainda mais visíveis quando levamos em consideração que as lavas constituem o principal da crosta terrestre, os movimentos das placas rígidas que esta crosta e formada e que está estreitamente relacionada aos fenômenos vulcânicos, participando tanto dos tremores de terra como do fundo oceânico, da deriva dos continentes e na participação do erguimento de montanhas. O vulcanismo teve papel determinante nos primórdios da formação geológica de nosso globo, além disso ele também é responsável pelo aparecimento de novas terras e na subsistência de milhares de pessoas que vivem e cultivam as ricas terras de seus arredores. Sem a poeira e as cinzas vulcânicas , os solos seriam bem mais pobres e menos férteis, e sem fumarolas sulfurosas, existiriam menos jazidas metalíferas como as de cobre, zinco, magnésio, chumbo, mercúrio e outros, das quais a humanidade se aproveita. Os vulcões provêem uma grande riquezas de recursos naturais. Emissão de pedra vulcânica, suprimento de gás a vapor são fontes de materiais industriais importantes e de substâncias químicas, como púmice, ácido bórico, amônia, e gás carbônico, além do enxofre. Na Islândia a maioria das casas em Reykjavik tem água aquecida proveniente dos vulcões. Estufas são aquecidas da mesma maneira podem prover legumes frescos e frutas tropicais para esta ilha de clima sulbático. Também é explorado o vapor geotermal como uma fonte de energia para a produção de eletricidade na Itália, Nova Zelândia, Estados Unidos, México, Japão e Rússia. O estudo científico dos vulcões provê informação útil sobre os processos de mudança da Terra. Apesar do constante perigo e do destrutivo do vulcões, as pessoas continuam a viver próximas aos mesmos devido à fertilidade do solo vulcânico. Elas também são atraídas pela energia geotérmica, abundante nestas regiões, além de fonte de turismo. 128 Unidade XVII Exercícios 1. Qual a diferença entre géisers e fumarolas 2. Explique porque surge a actividade vulcânica? Geologia Geral G0135 Módulo Único 129 Unidade XVIII Distribuição Geográfica dos Vulcões Introdução O conhecimento das zonas vulcânicas e importante na medida que evidencia as zonas de maior perigo da crusta terrestre Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Indicar as zonas vulcânicas; Descrever os tipos de vulcanismo; Objectivos Distribuição Geográfica dos Vulcões Os vulcões não estão distribuídos à superfície da Terra de forma aleatória. A maioria está concentrada nas regiões limítrofes dos continentes, ao longo das cadeias montanhosas, ou nos oceanos ao longo das dorsais (ver mapa). Mais de metade dos vulcões activos, acima do nível do mar, situam-se no Oceano Pacífico no chamado "Anel de Fogo". O "Anel de Fogo" é uma faixa circum-pacífica que se estende para norte ao longo das cordilheiras norteamericanas, passa pelas ilhas Aleutas e prossegue para sul passando pelo Japão, as Filipinas até à Nova Zelândia. Tal como já dissemos as posições dos vulcões estão directamente relacionadas com a Tectónica de Placas (zonas de subducção (fossas), dorsais e riftes). 130 Unidade XVIII Contudo, alguns vulcões activos não estão associados aos limites de placa, sendo estes vulcões designados por "intra-placa". Os vulcões havaianos fornecem o melhor exemplo de uma corrente vulcânica de "intra-placa", desenvolvida no interior da Placa Pacífica que passa sobre "um ponto quente", relativamente estacionário, o qual fornece o magma para alimentar os novos vulcões activos. A Islândia é a maior parcela de terra inteiramente de origem vulcânica, formada por planaltos de lava expelida através de fracturas (actividade vulcânica tipo fissura l) ou por grandes vulcões de forma cónica (actividade vulcânica tipo central). O complexo vulcânico da Islândia cobre uma área de, aproximadamente, 100.000 quilómetros quadrados atingindo, em certos locais, alturas de mais de 2 quilómetros acima do nível do mar. A rocha vulcânica predominante é o basalto, já o dissemos. Em virtude da sua posição em relação à Dorsal Médio-Atlântica (ver mapa modelo) a Islândia está em contínua expansão, sendo as duas metades estiradas pela expansão dos fundos oceânicos onde assenta. As forças de tensão provocam o desenvolvimento de fracturas crustais dispostas paralelamente ao eixo da crista oceânica Geologia Geral G0135 Módulo Único 131 que, por vezes, funcionam como condutas para as erupções vulcânicas tipo fissural e central. As rochas mais antigas (cerca de 15 MA) da Islândia encontram-se nos extremos ocidental e oriental, e na actualidade a actividade vulcânica limita-se, praticamente, à parte central da ilha directamente situada sobre a crista médioatlântica, razão porque esta ilha constitui um laboratório para o estudo dos mecanismos físicos da expansão dos fundos oceânicos. Mapa modelo mostrando a dorsal ou crista médio-atlântica em expansão e a localização da Islândia disposta ao longo da dorsal Depois da análise deste Tema, bem como da Tectónica de Placas, ficamos a saber que a maior parte das erupções vulcânicas ocorrem ao longo dos limites das placas tectónicas. Com o actual conhecimento de que dispomos dos mecanismos da Terra e seu funcionamento, é possível fazer previsões acerca das probabilidades de ocorrência das erupções vulcânicas. Mas ainda não é possível prever a data exacta destes acontecimentos, bem como a sua real dimensão, há muito que investigar pois, tal como a Terra, o conhecimento é dinâmico. Para terminarmos este Tema passamos a mostrar algumas fotografias elucidativas de alguns aspectos do vulcanismo. 132 Unidade XVIII Tipos de Vulcões As erupções vulcânicas são uma das manifestações mais patentes do dinamismo do nosso planeta. O tipo de erupção varia de vulcão para vulcão e, inclusivamente, no mesmo vulcão durante todo o período da sua actividade. Os materiais e a forma como são expelidos estão intimamente relacionados. Neles se baseiam os critérios geralmente utilizados na classificação dos vulcões. Das diversas classificações, a mais utilizada, segundo Melendez e Fuster (1984) é a de Lacroix que distingue os seguintes tipos (representados esquematicamente, na figura 1): Tipo Havaiano, Tipo Estromboliano, Tipo Vulcaniano e Tipo Peleano. Tipo Havaiano: corresponde às erupções em que as lavas são extremamente fluídas. Ao sair da cratera, a lava de constituição basáltica escorre como se fosse água, dando origem a verdadeiras cascatas quando se precipita por algum desnível, e a verdadeiras torrentes de fogo quando corre pelas encostas inclinadas do vulcão. Os gases não produzem explosões, pois a extraordinária fluidez da lava deixa que se escapem com facilidade. Como tipo, podem eleger-se os vulcões das ilhas Havaí, o Kilauea e o Mauna Loa, no centro do Oceano Pacífico Tipo Estromboliano: neste caso, as lavas são ainda bastante fluídas, mas a extraordinária abundância de gases faz com que as erupções sejam de grande violência, com abundantes projecções sólidas, geralmente bombas largas e retorcidas nas extremidades. As lavas escorrem por um dos lados do cone vulcânico, dando lugar a torrentes de muito menor extensão e comprimento que as do tipo precedente. O Stromboli, na Itália, é tomado como exemplo clássico deste tipo eruptivo. Geologia Geral G0135 Módulo Único 133 Tipo vulcaniano: erupção que, em 1888, fez o Vulcano (Itália), caracterizou-se por uma imensa quantidade de projecções sólidas, originadas por terríveis explosões. Estas pulverizam os materiais que estavam a obstruir a chaminé do vulcão, os quais, finalmente desfeitos, deram origem à grande abundância de cinzas que formaram nuvens opacas e, muito densas, que se elevam a grande altura. A causa das explosões é devida à extraordinária viscosidade das lavas, as quais, como já foi referido, tendiam a obstruir a chaminé. As correntes de lava são pouco frequentes e, se existem, são de extensão superficial muito reduzida. Tipo peleano: Quando o magma produz lavas de tão elevada viscosidade, que obstruem o "canal de saída", pode dar-se o caso de os materiais saírem em forma de "agulha" que, pouco a pouco, e como a empurrões, vai crescendo. Nestas erupções, são características as terríveis explosões laterais, que provocam nuvens ardentes a elevadas temperaturas. Como tipo, pode citar-se a erupção do Mont Pelé, na ilha Martinica. Erupções submarinas São um caso particular de actividade vulcânica. São semelhantes às que têm origem à superfície terrestre. No entanto, o mar encarregase de destruir, com rapidez, os aspectos externos do vulcão. Muitos são os exemplos de erupções vulcânicas submarinas que têm feito aparecer na superfície do mar pequenas ilhas , cuja existência tem sido momentânea. Mas, isto não quer dizer que não existam, na actualidade, ilhas de origem vulcânica submarina, pois algumas das Canária, Açores, e muitas outras, são de origem vulcânica, muito embora de grande antiguidade. 134 Unidade XVIII Exercícios 1. Explique a relação placas tectónicas e zonas vulcânicas 2. Estabeleça a diferença entre vulcão Estromboliano e Havaiano Geologia Geral G0135 Módulo Único 135 Unidade XIX Sismos Introdução O conhecimento do fenómeno sismo ou terramoto ajuda nos a conhecer e entender os fenómenos da dinâmica da terra. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Definir sismo Descrever os factores de ocorrência dos sismos; Objectivos Conceito de Sismos São abalos naturais da crosta terrestre que ocorrem num período de tempo restrito, em determinado local, e que se propagam em todas as direcções (Ondas Sísmicas), dentro e à superfície da crosta terrestre, sempre que a energia elástica (movimento ao longo do plano de Falha) se liberta bruscamente nalgum ponto (Foco ou Hipocentro). Ao ponto que, na mesma vertical do hipocentro, se encontra à superfície terrestre dá-se o nome de Epicentro, quase sempre rodeado pela região macrossísmica, que abrange todos os pontos onde o abalo possa ser sentido pelo Homem. 136 Unidade XIX Vamos acrescentar um pouco mais ao desenvolvimento do fenómeno sísmico. Qualquer material rígido, de acordo com as leis físicas, quando submetido à acção de forças (pressões e tensões) deforma-se até atingir o seu limite de elasticidade. Caso a acção da força prossiga o material entra em ruptura, libertando instantaneamente toda a energia que havia acumulado durante a deformação elástica. Em termos gerais, é aquilo que se passa quando a litosfera fica submetida a tensões. Sob o efeito das tensões causadas, a maior parte das vezes, pelo movimento das Placas Tectónicas, a litosfera acumula energia. Logo que, em certas regiões, o limite de elasticidade é atingido, dáse uma ou várias rupturas que se traduzem por falhas. A energia bruscamente libertada ao longo destas falhas origina os sismos. Se as tensões prosseguem, na mesma região, a energia continua a acumular-se e a ruptura consequente far-se-á ao longo dos planos de falha já existentes. As forças de fricção entre os dois blocos de uma falha, bem como os deslocamentos dos blocos ao longo do plano de falha, não actuam nem se fazem sentir de maneira contínua e uniforme, mas por "impulsos" sucessivos, originando cada "impulso" um sismo, as chamadas réplicas. Numa dada região, os sismos repetem-se ao longo do plano de falha, que por sua vez é um plano de fraqueza na litosfera. Geologia Geral G0135 Módulo Único 137 Compreende-se então porque é que os sismos se manifestam geralmente pelo abalo principal, logo no seu início. Só no momento em que as tensões levaram as rochas rígidas e dotadas de certa elasticidade ao "potencial de ruptura" é que esta se produziu, oferecendo um duplo carácter de violência e instantaneidade. Mas depois da ruptura inicial, verifica-se uma série de rupturas secundárias, as quais correspondem ao reajustamento progressivo das rochas fracturadas, originando sismos de fraca intensidade as já referidas réplicas. Acontece que, por vezes, antes do abalo principal observam-se sismos de fraca intensidade denominados por abalos premonitórios. De notar que os sismos só se produzem em material rígido. Por consequência, os sismos produzem-se sempre na litosfera, jamais na astenosfera que é constituída por material plástico. As ondas sísmicas propagam-se através dos corpos por intermédio de movimentos ondulatórios, como qualquer onda, dependendo a sua propagação das características físico-químicas dos corpos atravessados. Dissemos que as ondas sísmicas classificam-se em dois tipos principais: as ondas que se geram nos focos sísmicos e se propagam no interior do globo, designadas ondas interiores, volumétricas ou profundas (ondas P e S), e as que são geradas com a chegada das ondas interiores à superfície terrestre, designadas por ondas superficiais (ondas L e R). No mesmo contexto referimos as ondas primárias, longitudinais, de compressão ou simplesmente ondas P, ondas transversais, de cisalhamento ou simplesmente ondas S, ondas de Love ou ondas L e ondas de Rayleigh ou ondas R. As ondas sísmicas são detectadas e registadas nas estações sismográficas por aparelhos chamados sismógrafos. Os sismógrafos mais antigos eram, essencialmente, constituídos por um pêndulo (vertical ou horizontal) ao qual eram acoplados diversos mecanismos de amplificação, de amortecimento e de 138 Unidade XIX registo. Alguns destes sismógrafos ainda se encontram em pleno funcionamento. Os sismógrafos mais modernos são do tipo electromagnético. Os registos efectuados por estes aparelhos são os sismogramas, cuja interpretação, reservada a especialistas, consiste no reconhecimento e na leitura dos tempos de chegada das ondas sísmicas, permitindo calcular a que distância se encontra o epicentro de um determinado sismo, a chamada distância epicentral. Deste modo, com os dados fornecidos por três estações sismográficas é possível determinar a localização exacta do epicentro de um sismo. Composição estrutural de um sismo Antes do sismo principal: abalos premonitórios ou preliminares Depois do sismo principal: réplicas Sismo Principal: Geologia Geral G0135 Módulo Único 139 O epicentro é a zona da superfície situada na vertical em relação ao foco sísmico e que é afectada em primeiro lugar pelos efeitos dos sismos O hipocentro ou foco é o local de origem de um sismo, situado a profundidade variável (podendo ser profundo, intermédio ou superficial) Tipos dos sismos 1.Sismos naturais: a)Sismos tectónicos: movimento ao longo de falhas a)Sismos de colapso: um deslizamento de terras numa gruta subterrânea ou à superfície pode provocar um microssismo a)Sismos vulcânicos: a pressão existente dentro de uma câmara magmática pode provocar sismos em regiões vulcânicas 2.Sismos artificiais: são aqueles criados pelo Homem. Provocam sempre microssismos. Ex: explosões em pedreiras 140 Unidade XIX Exercícios 1. Estabeleça a diferença entre epicentro e hipocentro 2. Qual a génese dos sismos? Geologia Geral G0135 Módulo Único 141 Unidade XX Distribuição Geográfica dos Sismos Introdução O conhecimento das zonas sísmicas e importante na medida que evidencia as zonas de maior perigo da crusta terrestre. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Indicar as principais regiões sísmicas do globo; Relacionar sismos e tectónica de placas; Objectivos Caracterizar a escala de intensidade sísmica Distribuição Geográfica dos Sismos Os sismos não apresentam uma distribuição aleatória à superfície do planeta Terra, mas estão repartidos de acordo com um padrão bem definido. Esta repartição ordenada encaixa perfeitamente na Tectónica de Placas, particularmente, no que concerne aos limites das zonas de subducção (fossas). As regiões sísmicas encontram-se sobretudo nas fronteiras das placas litosféricas. Existe uma sismicidade (termo que traduz a frequência dos sismos numa dada região) difusa fora daqueles limites denominada sismicidade intraplacas. Já dissemos que a maioria dos sismos observam-se nas fronteiras das placas, bem 142 Unidade XX como a maior parte da actividade vulcânica. Estes sismos são denominados sismos tectónicos. Podemos dizer, sem cometer um erro grosseiro, que os alinhamentos dos sismos indicam os limites das placas tectónicas. A distribuição geográfica das principais zonas sísmicas: 1) Zona do Círculo Circum-Pacífico - esta zona rodeia o oceano Pacífico, abrangendo as costas do México e da Califórnia, Golfo do Alasca, Arquipélago das Aleutas, Península de Camechátca, as Curilhas e a costa oriental do Japão, dividindo-se a partir daqui em dois ramos: a) um que atravessa a Formosa e Filipinas; b) o outro seguindo as Ilhas Polinésias ( Marianas e Carolinas Ocidentais ). Os dois ramos unem-se na Nova Guiné, costeando, seguidamente, o bloco firme da Austrália, seguindo até às ilhas Fiji e Kermadec, Nova Zelândia até ao continente Antárctico. Prossegue pela Cordilheira dos Andes, ao longo do litoral ocidental da América do Sul, passando pelas ilhas de Páscoa e Galápagos. O círculo fecha-se com um pequeno anel que passa pelo Arquipélago das Caraíbas. 2) Zona de ondulação alpina da Europa e da Ásia - tem início na África do Norte e na Espanha e estende-se, depois, com largura crescente, até aos altos planaltos do Pamir ( NW dos Himalaias no Tajiquistão ), descendo, em seguida, pela Cordilheira Birman ( SE dos Himalaias ), passando à costa ocidental da Indonésia, onde vai encontrar-se com o Círculo Circum-Pacífico. 3) Zona da Dorsal Meso-Atlântica - zona sísmica que segue a cadeia de montanhas submarinas ao longo de toda a dorsal mesooceânica Atlântica. Passa pela Islândia e os Açores, bifurcando-se a oeste de Portugal para alcançar a região mediterrânica. Geologia Geral G0135 Módulo Único 143 4) Zona compreendida entre a costa meridional da Arábia e a ilha de Bouvet, no oceano Antárctico - zona sísmica análoga à do Atlântico ( placas divergentes ), está relacionada com a cadeia dos altos fundos que separa o oceano Índico em duas partes. Para completar este inventário de geografia sísmica, assinalamos a sismicidade do Grande Rift Africano, marcado pela sucessão dos Grandes Lagos e das regiões vizinhas de fractura do Mar Vermelho. Nas dorsais meso-oceânicas (médio-oceânicas), bem como nas falhas transformantes, originam-se numerosos sismos de intensidade moderada. Estes produzem-se a uma profundidade, abaixo do fundo oceânico, entre 1.000 a 2.000 metros e, praticamente, não afectam o homem. Nas zonas de subducção têm origem sismos superficiais (profundidade do foco até 80 Km), muito embora, os sismos superficiais ocorram particularmente ao longo das dorsais mesooceânicas ( limites divergentes ), intermédios (profundidade do foco entre 80 e 300 Km, concentrando-se, particularmente, nos limites convergentes ) e profundos (profundidade do foco entre 300 e 700 Km, encontrando-se unicamente nos limites convergentes). É aqui que se originam os terramotos mais violentos e também os mais mortíferos, por causa da sua situação geográfica, frequentemente, localizada em regiões de forte densidade populacional (Chile, Japão, México). 144 Unidade XX Ocorrências sísmicas mostradas segundo a profundidade da localização do foco ou hipocentro. Legenda: amarelo (superficiais) = profundidade do foco até 25 Km vermelho (intermédios) = profundidade do foco entre 26 e 75 Km negro (profundos) = profundidade do foco entre 76 e 660 Km Os Efeitos dos Sismos Alguns sismos são acompanhados de fenómenos secundários, tais como ruídos sísmicos, alteração do caudal ou nível em fontes, poços e águas subterrâneas, surgimento de fumarolas vulcânicas...e formação de tsunamis ou maremotos. Tsunami é uma palavra japonesa representada por dois caracteres. O do topo lê-se "tsu" que significa "porto" e o da base "nami" que significa "onda". Os tsunamis são enormes vagas oceânicas que, quando se abatem sobre as regiões costeiras, têm efeitos catastróficos. Estas vagas chegam a atingir alturas superiores a 15 metros e, contrariamente às Geologia Geral G0135 Módulo Único 145 ondas causadas pelo vento, envolvem toda a massa de água, isto é, desde o fundo marinho à crista da onda. Constituem, pois, verdadeiras "montanhas de água" deslocando-se a velocidades que chegam a atingir 700 Km por hora. Frequentemente avançam e recuam repetidamente sobre as regiões mais baixas com um enorme poder destruidor, dando origem ao que é designado por raz de maré. Os tsunamis podem ser provocados por deslizamentos de terras nos fundos oceânicos, erupções vulcânicas, explosões, queda de meteoritos e sismos. Normalmente são provocados por abalos sísmicos com epicentro no oceano, os quais causam variações bruscas dos fundos oceânicos. Os tsunamis podem percorrer grandes distâncias a partir do epicentro do sismo causador. Em 1960, um tsunami do Pacífico (ver fotografia acima) com origem a sul do Chile, após 7 horas atingiu a costa do Havai, onde matou 61 pessoas; 22 horas após o sismo, o tsunami já tinha percorrido 17.000 Km, atingindo a costa do Japão em Hocaido, onde matou 180 pessoas. O Japão é uma das regiões do Pacífico mais afectadas pelos tsunamis. Em 1896, um tsunami "engoliu" aldeias inteiras ao longo de Sanriku, no Japão, tendo matado cerca de 26.000 pessoas. Os efeitos dos tremores de terra, da maneira como se manifestam aos sentidos do homem, têm sido classificados por ordem de importância. As primeiras tentativas para a avaliação da intensidade dos sismos foram feitas no século XVII, decorrentes da necessidade de avaliar os abalos sísmicos no Sul de Itália. A 146 Unidade XX escala era rudimentar. Os sismos eram classificados em ligeiros, moderados, fortes e muito fortes. Mais tarde desenvolveram-se escalas mais pormenorizadas com 12 graus, como a Escala Modificada de Intensidades de Mercalli, constituída por 12 graus de intensidades estabelecidos de acordo com um questionáriopadrão, segundo a intensidade crescente do sismo Graus de intensidade da Escala Designação Modificada de Mercalli Efeitos I Imperceptível Não é sentido pelas pessoas. Pássaros e outros animais podem manifestar uma certa inquietude. Apenas registado pelos sismógrafos. II Fraco Sentido apenas por algumas pessoas em repouso, particularmente as que se encontram em andares superiores dos edifícios. Objectos suspensos oscilam. III Ligeiro Sentido apenas pelas pessoas que se encontram em casa, assemelhando-se a uma vibração provocada pela passagem de um veículo pesado a grande velocidade. IV Moderado Abalo perceptível pela maioria das pessoas, quer ao nível do solo quer nos edifícios. Vibração de portas e janelas, loiças nos armários e ranger do soalho. Ligeiras oscilações de alguns automóveis parados. V Ligeiramente Sentido por toda a população. Os forte objectos suspensos oscilam; móveis podem deslocar-se; nas paredes e tectos, podem surgir pequenas fendas; estuques e cal podem cair das paredes Geologia Geral G0135 Módulo Único 147 e tectos; paragem dos pêndulos dos relógios. VI Forte Sismo sentido por todas as pessoas, que entram em pânico saindo precipitadamente para a rua; os sinos das igrejas tocam espontaneamente. VII Muito forte As pessoas têm dificuldade em permanecer em pé durante o abalo principal. Nas construções surgem fendas. Alterações nas nascentes. Produzem-se ondas na superfície dos tanques com água e as águas turvamse. Sentido nos automóveis em movimento. VIII Destruidor Pânico na população. As construções sólidas e com boas fundações sofrem alguns danos, os outros sofrem danos acentuados com desabamentos. Caem chaminés de fabricas. Dão-se derrocadas de terrenos. Surgem fendas no solo. A condução dos veículos pesados é perturbada. Variação do nível da água nos poços. IX Ruinoso Desmoronamento de alguns edifícios. Há danos consideráveis em construções muito sólidas. Rotura de canalizações subterrâneas. Queda de pontes. Deformação das linhas férreas. Largas fendas no solo. X Desastroso Destruição da maior parte dos edifícios. Forte movimentação de terrenos. Desmoronamento de estradas e barragens. Transbordamento de água em canais, lagos e rios. XI Muito desastroso Destruição da quase totalidade dos edifícios, mesmo os mais sólidos. Caem pontes, diques e barragens. Destruição da rede de canalizações e 148 Unidade XX das vias de comunicação. Formam-se grandes fendas no terreno, acompanhadas de desligamentos. Há grandes escorregamentos de terrenos. XII Catastrófico Destruição total da área afectada. Profundas alterações nas montanhas, vales, cursos de água, enfim de toda a topografia. O recurso à utilização das intensidades tem a vantagem de não necessitar de medições realizadas com instrumentos, baseando-se apenas na descrição dos efeitos produzidos. Tem ainda a vantagem de se aplicar quer aos sismos actuais, quer também aos sismos ocorridos no passado (sismicidade histórica). Contudo, tem vários inconvenientes importantes, sendo, talvez, o mais importante aquele que resulta da sua subjectividade. Face a esta limitação, era natural que se procurasse criar uma nova grandeza que fosse independente do factor subjectividade. Esta nova grandeza é a magnitude. A magnitude está relacionada com a quantidade de energia libertada durante um sismo. Em 1931, Wadati, cientista japonês concebeu uma escala para esta grandeza, que foi posteriormente aperfeiçoada nos Estados Unidos por Richter, pelo que ficou conhecida pela designação de escala de Richter. O modo como se pretende determinar a energia libertada pelo sismo assenta na medição da amplitude máxima das ondas registadas nos sismogramas. Foram definidos nove graus para a escala de Richter. O valor da magnitude correspondente a cada grau, é dez vezes superior ao valor anterior. Assim, por exemplo, a diferença entre a quantidade de energia libertada num sismo de magnitude 4 e um outro de magnitude 7, é de 30X30X30=27.000 vezes. Um determinado sismo possui apenas uma só magnitude, Geologia Geral G0135 Módulo Único 149 mas é sentido com intensidade diferente conforme a distância do local ao epicentro. Exercícios 1. Haverá coincidência entre regiões sísmicas e vulcânicas? Justifique. 2. Qual a diferença entre a escala de Ritcher e de Mercalli 3. Defina Tsunami 150 Unidade XXI Unidade XXI Previsão Sísmica Introdução A previsão dos sismos seria um aspecto muito importante. Cientistas diariamente estudam métodos para tal. Contudo não tem sido fácil devido a própria natureza interna. É disto que os estudantes devem perceber. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Definir previsão sísmica; Explicar os motivos de não previsão sísmica; Objectivos A Previsão dos Sismos é possível? Ainda não é possível prever a hora e local exactos de ocorrência de sismos. Como excepção, destaca-se o sismo de Haicheng na China, em Fevereiro de 1975, cuja previsão foi possível, por ter sido precedido por uma série de perturbações na crosta terrestre, que foi monitorizada, permitindo a evacuação ordeira das cidades e salvando a vida a milhares de pessoas. No entanto, a crosta terrestre raramente dá aviso antes de ocorrer uma ruptura. Por isso, não podemos estar à espera de ser avisados com antecedência antes de ocorrer o próximo sismo violento . Geologia Geral G0135 Módulo Único 151 Mesmo assim, na maioria dos casos, são observadas diferenças no comportamento de vários animais (como cães, gatos, peixes e cobras), antes da ocorrência de um sismo, embora ainda não exista conhecimento científico sobre como interpretar a diferença de comportamento dos animais observada, já que pode ser causada por vários outros factores. Contudo, as tribos aborígenas que habitam as ilhas Andaman e Nicobar escaparam ilesas ao maremoto de 26 de Dezembro, por conseguirem detectar os sinais de aviso dos animais, incluindo aves e animais marinhos, dando tempo suficiente a estas tribos para se abrigarem em locais seguros. Daí que antropologistas estejam a tentar documentar este fenómeno, de forma a criar uma base nacional de recursos para um sistema de sinalização costeiro. A probabilidade de determinados tipos de sismos atingirem certas zonas num dado período de tempo é actualmente possível, recorrendo a informação proveniente da sismicidade instrumental, ou seja, dos registos de sismos reais ocorridos nas últimas décadas; da sismicidade histórica, isto é, dos sismos dos quais há relatos históricos (falhas que já tenham originado sismos no passado provavelmente voltarão a fazê-lo no futuro) e do conhecimento das falhas que podem originar os sismos e do estudo da propagação das ondas na crosta terrestre. O Homem não pode evitar a ocorrência de sismos, mas pode mitigar os danos que causam, nomeadamente através da promoção das seguintes acções de prevenção: identificar zonas de maior risco, evitando edificar em locais impróprios; nas zonas costeiras, plantar e preservar corredores verdes da vegetação autóctone (como os mangais na costa asiática) junto à costa. 152 Unidade XXI construir estruturas mais sólidas, com capacidade para resistir a sismos fortes (o acréscimo de custo de um edifício novo construído com qualidade relativamente a outro com fraca resistência sísmica é de cerca de 2 a 3%, na maioria dos casos); reforçar edifícios já existentes, para melhorar a sua resistência sísmica, como se verificou na sequência do sismo de 1998 nas ilhas do Faial e do Pico, em que muitas habitações, ao serem reconstruídas, foram reforçadas para resistirem a sismos futuros. Há programas de reforço sísmico de construções também noutros países, como na Califórnia e na Nova Zelândia; educar a população, nomeadamente no que respeita às medidas de auto-protecção a tomar antes, durante e após um sismo, conforme informação aqui e elaborar planos de emergência, com o auxílio da Protecção Civil,. A acção da Protecção Civil tem um papel complementar ao da Engenharia Sísmica. RESUMO Os sismos podem ser provocados por: - Movimentos ao longo de falhas geológicas existentes entre diferentes placas tectónicas (sismicidade interplaca), o que ocorre na maior parte dos casos; - Movimentos de falhas existentes no interior das placas tectónicas (sismicidade intraplaca); - Actividade vulcânica e movimentos de material fundido em profundidade; - Deslocações superficiais de terreno, tais como abatimentos e deslizamentos (mais raramente); - Actividade humana (sismicidade induzida): grandes massas de água em barragens, injecção ou extracção de fluidos da crosta terrestre ou detonação de explosivos. Geologia Geral G0135 Módulo Único 153 A duração de um sismo varia entre poucos a dezenas de segundos, raramente ultrapassando um minuto. Após o sismo principal, geralmente seguem-se reajustamentos do material rochoso que dão origem a sismos mais fracos: as réplicas. A acção sísmica pode provocar tremores de terra, liquefacção, deslizamentos, incêndios (provocados por fugas de gás, aquando da ruptura das redes de abastecimento), libertação e derrame de materiais perigosos, maremotos e destruição de estruturas urbanas, com potenciais perdas materiais e humanas. Em Portugal Continental, a ocorrência de maremotos, resultantes da actividade sísmica tem sido fundamentalmente registada no Algarve, na Península de Setúbal e em Lisboa. O tamanho de um sismo pode ser caracterizado por vários parâmetros, sendo os mais utilizados a magnitude e a intensidade. Cada sismo tem apenas um valor de magnitude, mas produz uma distribuição de intensidades na área afectada. A magnitude é um parâmetro instrumental que caracteriza o tamanho relativo de um sismo e está directamente relacionada com a energia libertada no foco. O seu cálculo baseia-se no valor do movimento máximo do solo registado por um sismógrafo. A escala de magnitude sísmica mais utilizada é a magnitude local – a escala de Richter, embora tenha uma gama limitada de aplicabilidade e não meça satisfatoriamente o tamanho de sismos maiores. A magnitude de momento é geralmente utilizada para caracterizar o tamanho dos grandes sismos (de magnitude superior a 7.0), embora seja mais difícil de calcular que a de Richter. O sismo que abalou a costa sudoeste asiática a 26 de Dezembro de 2004 teve uma magnitude de momento de 9.0, o quarto maior sismo desde 1900, altura em que se iniciou o registo sismográfico. 154 Unidade XXI Exercícios 1. Qual a diferença entre Magnitude e intensidade sísmica 2. Porque é difícil a previsão sísmica Geologia Geral G0135 Módulo Único 155 Unidade XXII Geodinâmica Externa: agentes atmosféricos Introdução È importante que os estudantes tenham conhecimento dos diferentes agentes da geodinâmica externa. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Descrever as acções térmicas da geodinâmica externa; Descrever as acções físicas da geodinâmica externa; Objectivos Descrever as acções químicas da geodinâmica externa; Descrever as acções eléctricas mecânicas da geodinâmica externa; Diaclases As diáclases são fissuras provocadas por fenómenos de torção, tensão ou compressão experimentados pelas rochas, aquando dos movimentos da crosta terrestre. As diáclases diferem das falhas pelo facto de não haver movimento significativo, um em relação ao outro, dos blocos formados. Resultam da fractura devida aos esforços internos na massa rochosa e poucos são os afloramentos que as não apresentam. 156 Unidade XXII O diaclasamento é importante sob o ponto de vista geomorfológico, já que pode controlar a forma de uma linha de costa ou o sistema de drenagem de uma determinada área. A distribuição das diáclases tem de ser cuidadosamente estudada nas áreas onde se projecte construir barragens. A meteorização e a decomposição das rochas nos planos de diáclase podem ultrapassar em dezenas de metros a profundidade normal da meteorização na superfície. Os Agentes Atmosféricos Na geodinâmica externa há que considerar em primeiro lugar os fenómenos de alteração superficial das rochas. As várias rochas que afloram à superfície da Terra estão sujeitas a várias acções físicas e químicas, que levam à sua alteração, à sua fracturação ao seu transporte e à sua deposição. É a partir da decomposição e do transporte destes materiais, que se formam à superfície, os solos. Os principais factores que condicionam a formação dos solos são: a) Erosão. b) Transporte. c) Sedimentação. Estes fenómenos são muito importantes, porque é a partir da erosão, transporte e sedimentação que a superfície da Terra sofre modificações importantes, que nunca são estáveis, sempre em evolução Geologia Geral G0135 Módulo Único 157 As Acções térmicas Conduzem à partição da rocha devido a variações importantes da temperatura. Nas regiões tropicais as rochas de dia estão sujeitas a temperaturas muito altas ao passo que de noite a temperatura desce muito, atingindo-se temperaturas muito baixas. Estas variações muito importantes da temperatura levam à fissuração, fendilhamento ou partição da rocha, dando blocos de rocha que são transportados mais facilmente pela acção das águas e dos ventos. Em torno das rochas sujeitas a importantes variações de temperatura formam-se auréolas de cascalhos, figura 1, que por acção gravítica se depositam nas imediações das rochas. As rochas são constituídas por minerais com diferentes coeficientes de dilatação térmica. A variação da temperatura faz com que as rochas sofram esforço intermitente que actuando ao longo do tempo, faz com que os minerais sejam desagregados com facilidade (tal como o arame que é dobrado e desdobrado, parte). A rocha esfolia-se segundo as suas isotérmicas. A figura que segue mostra: dilatações e contracções dos minerais duma rocha quando submetidos a grandes variações de temperatura (ex. no deserto), provocando a desagregação da rocha 158 Unidade XXII Acções químicas O processo de meteorização química transforma os minerais das rochas em novos produtos químicos e a sua acção é tanto mais intensa e facilitada quanto maior for o estado de desagregação física das rochas. Este tipo de meteorização é mais frequente em regiões quentes e húmidas, nas quais a temperatura tem um papel importante na velocidade e dinâmica das reacções químicas que se efectuam. Esta meteorização pode ocorrer de duas maneiras distintas: os minerais são dissolvidos completamente, a exemplo da calcite ou halite, e, posteriormente, podem precipitar formando os mesmos minerais; os minerais são alterados, a exemplo dos feldspatos e micas, e, posteriormente, formam novos minerais, especialmente, minerais de argila. A meteorização química das rochas inclui diversas reacções químicas, tais como a dissolução, a hidratação/desidratação, a hidrólise e a oxidação/redução. Estas reacções ocorrem mais facilmente na presença da água e do ar atmosférico. A figura que segue mostra: acções químicas do monumento de calcário Geologia Geral G0135 Módulo Único 159 A Acção mecânica Da acção mecânica da água e do vento, que transportam detritos que chocam com as rochas, acelerando o desgaste, ou, no caso da água de escorrência, desloca os sedimentos mais finos formando chaminés-de-fada. A figura que segue é um exemplo da acção mecânica Exercícios 1. Quais são os principais agentes da geodinâmica externa; 2. Fale das acções térmicas e químicas da geodinâmica externa? 160 Unidade XXIII Unidade XXIII Águas Subterrâneas Introdução O conhecimento das águas subterrâneas é importante para os estudantes pois possibilita o conhecimento da acção geológica dessas águas, que constitui um dos principais objectivos desta cadeira. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Descrever as acções geológicas, físicas e químicas das águas subterrâneas; Objectivos Descrever o ciclo da água; Águas subterrâneas As acções geológicas das águas subterrâneas Graças à acção geológica ao longo de milhões de anos, de uma região desértica surgiram, sob grande parte do Sul e Sudeste brasileiros e países vizinhos, áreas de arenito que retêm a água da chuva e dos rios, formando um imenso reservatório. Geologia Geral G0135 Módulo Único 161 Um imenso bloco rochoso submerso em grande parte do território brasileiro, parecido com uma “esponja gigante” que absorve as águas superficiais das chuvas. Assim se caracterizam os arenitos da Formação Botucatu, que originaram um dos maiores aqüíferos subterrâneos do mundo, o Guarani. Ao contrário do que muitos imaginam, o Guarani não é um grande lençol d’água ou um curso aquoso sob o solo, mas uma espessa camada arenítica encharcada de água. Denominado nos anos 90 aquífero Mercosul por abranger territórios dos quatro países do bloco económico, o Guarani, assim como outras águas subterrâneas em todo o mundo, vem assumindo importância cada vez maior em razão da poluição das águas superficiais de rios e lagos. Acções físicas e químicas das águas subterrâneas As acções físicas e químicas das águas subterrâneas não se diferenciam das águas marinhas e fluviais. É vulgar observarem-se, na Natureza, rochas com formas caprichosas e nós vamos tentar dar uma explicação para a origem de algumas dessas formas nas rochas. Erosão marinha de estratos ou camadas Erosão pluvial, fluvial e eólica de estratos de arenitos e calcárias. calcários. 162 Unidade XXIII Para começarmos vamos olhar para o esquema da génese das rochas sedimentares, apresentado à esquerda da página, e fazer uma análise sucinta do mesmo. As rochas expostas à superfície da crosta terrestre ficam sujeitas às acções físicas e químicas exercidas pelo contacto com a atmosfera (temperatura e vento), hidrosfera (água) e biosfera (seres vivos). A meteorização não é mais que o resultado das acções físicas e químicas sobre as rochas. Como consequência, as rochas são gradualmente alteradas e desagregadas. Assim, temos a desintegração das rochas por meios mecânicos e a decomposição das mesmas por meios químicos. Evidentemente, estes dois processos não actuam separadamente mas, função das diferentes condições climáticas há um que é predominante sobre o outro. A desagregação ou desintegração acontece pela contracção e expansão provocadas pelas variações de temperatura, facilitada pela existência de fendas, as diáclases, resultantes quer das condições de arrefecimento das rochas ígneas, quer do relaxamento da pressão durante a acção das forças tectónicas. As diáclases enchem-se de água das chuvas e, sobretudo, à noite quando se dá o abaixamento da temperatura, a água gela e aumenta de volume, partindo as rochas por efeito da pressão. Quando a rocha é porosa, a água penetra mais profundamente e o aumento de volume por congelação da água provoca tensões internas capazes de a fragmentar. Também, as variações de temperatura entre o dia e a noite, implica que os distintos coeficientes de dilatação dos minerais que formam as rochas se traduzam em tensões que tendem a aumentar as fissuras e diáclases existentes. Os seres vivos, sobretudo, as raízes de árvores que se desenvolvem nas fissuras, ao crescerem partem grandes blocos com facilidade. A decomposição das rochas por meios químicos envolve, quase sempre, a presença de água que actua, particularmente, como dissolvente. A decomposição por dissolução é desigual nas distintas rochas, dependendo dos minerais que as constituem. O quartzo é dificilmente solúvel, ao contrário da calcite que é muito solúvel em águas ricas em CO2 (ver esquema de um modelado cársico na página seguinte). A Geologia Geral G0135 Módulo Único 163 dissolução efectua-se tanto à superfície, pelas águas de escorrência, como em profundidade pela acção das águas subterrâneas, bem como próximo da superfície pelas águas de infiltração. A água, ao realizar esta acção, actua ao mesmo tempo como agente de transporte das substâncias dissolvidas. Ciclo da Água A água é a única substância que existe, em circunstâncias normais, em todos os três estados da matéria (sólido, líquido e gasoso) na Natureza. A coexistência destes três estados implica que existam transferências contínuas de água de um estado para outro; esta sequência fechada de fenómenos pelos quais a água passa do globo terrestre para a atmosfera é designado por ciclo hidrológico. Da superfície para a atmosfera O ciclo da água inicia-se com a energia solar que incide na Terra. A transferência da água da superfície terrestre para a atmosfera, passando do estado líquido ao estado gasoso, processa-se através da evaporação directa, por transpiração das plantas e dos animais e por sublimação (passagem directa da água da fase sólida para a de vapor). A vegetação tem um papel importante neste ciclo, pois uma parte da água que cai é absorvida pelas raízes e acaba por voltar à atmosfera pela transpiração ou pela simples e directa evaporação. Durante esta alteração do seu estado físico absorve calor, armazenando energia solar na molécula de vapor de água à medida que sobe à atmosfera. Dado a influência da energia solar no processo de evaporação, a água evapora-se em particular durante os períodos mais quentes do dia e em particular nas zonas mais quentes da Terra. 164 Unidade XXIII A evaporação é elevada nos oceanos que estão sob a influência das altas subtropicais. Nos oceanos equatoriais, onde a precipitação é abundante, a evaporação é menos intensa. Nos continentes, os locais onde a precipitação é mais elevada existem florestas e onde a precipitação é mais baixa, existem desertos. Em terra, em algumas partes dos continentes, a precipitação é maior que a evaporação e em outras regiões ocorre o contrário, contudo predomina a precipitação, sendo que os oceanos cobrem o terreno evaporando mais água que recebem pela precipitação. Da atmosfera de volta à superfície O vapor de água é transportado pela circulação atmosférica e condensa-se após percursos muito variáveis, que podem ultrapassar 1000 km. Poderá regressar à superfície terrestre numa das formas de precipitação (por exemplo, chuva, granizo ou neve), como voltar à atmosfera mesmo antes de alcançar a superfície terrestre (através de chuva miúda quente). Em situações menos vulgares, poderá ainda transformar-se em neve e cair em cima de uma montanha e permanecer lá 1000 anos. Toda esta movimentação é influenciada pelo movimento de rotação da Terra e das correntes atmosféricas. A água que atinge o solo tem diferentes destinos. Parte é devolvida à atmosfera através da evaporação, parte infiltra-se no interior do solo, alimentando os lençóis freáticos. O restante, escorre sobre a superfície em direcção às áreas de altitudes mais baixas, alimentando directamente os lagos, riachos, rios, mares e oceanos. A infiltração é assim importante, para regular a vazão dos rios, distribuindo-a ao longo de todo o ano, evitando, assim, os fluxos repentinos, que provocam inundações. Caindo sobre uma superfície coberta com vegetação, parte da chuva fica retida nas folhas A água interceptada evapora, voltando à atmosfera na forma de vapor. Geologia Geral G0135 Módulo Único 165 O ciclo hidrológico actua como um agente modelador da crosta terrestre devido à erosão e ao transporte e deposição de sedimentos por via hidráulica, condicionando a cobertura vegetal e, de modo mais genérico, toda a vida na terra. O ciclo hidrológico é, pois, um dos pilares fundamentais do ambiente, assemelhando-se, no seu funcionamento, a um sistema de destilação global. O aquecimento das regiões tropicais devido à radiação solar provoca a evaporação contínua da água dos oceanos, que é transportada sob a forma de vapor pela circulação geral da atmosfera, para outras regiões. Durante a transferência, parte do vapor de água condensa-se devido ao arrefecimento formando nuvens que originam a precipitação. O retorno às regiões de origem resulta da acção conjunta da infiltração e escoamento superficial e subterrâneo proveniente dos rios e das correntes marítimas. Exercícios 1. Fale da acção geológica das águas subterrâneas; 2. Defina o ciclo hidrológico e faça um esquema que o representa. 166 Unidade XIV Unidade XIV Meteorização e Ciclo Geoquímico Introdução O conhecimento da meteorização e ciclo geoquímico é importante na medida que fornece ao estudantes algumas bases referentes as transformações químicas e físicas sofridas pelas rochas. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Identificar os tipos de meteorização; Descrever o ciclo geoquímico; Objectivos Diferenciar a energia solar das outras como nuclear e mecânica. Meteorização A maioria das rochas da litosfera é formada em profundidade, sob o efeito de elevadas pressões e temperaturas. A sua ascensão superficial, por erosão ou reajustamentos isostáticos da crusta, Geologia Geral G0135 Módulo Único 167 provoca o seu contacto com factores externos, nomeadamente a água, o oxigénio, temperaturas e pressões mais baixas, provocando a sua alteração ou meteorização. Tipos de meteorização A meteorização pode ter uma origem física/mecânica, química ou biológica e não implica qualquer transporte de material. A meteorização mecânica corresponde à desagregação física de uma rocha em fragmentos mais pequenos, semelhantes à rocha original. Existem diversos tipos de meteorização mecânica: Fragmentação (por expansão devida a descompressão), Haloclastia, Crioclastia e Termoclastia. Na meteorização química a estrutura interna dos minerais constituintes das rochas sofre alterações, com a entrada ou remoção de certos elementos químicos, dando origem à formação de novos minerais mais estáveis sob as condições da superfície. Os principais agentes dessa alteração química são a água, o oxigénio e o dióxido de carbono, podendo a meteorização química ocorrer através de quatro processos básicos de reacções químicas: hidratação/desidratação, dissolução, hidrólise e oxidação. Ciclo geoquímico Como já foi referido, anteriormente, uma série de processos de formação e destruição de minerais forma um ciclo geoquímico. O ciclo geoquímico começou com a consolidação do magma e a formação de rochas magmáticas ou ígneas. A acção de agentes externos como causas intemperismo das rochas e à formação de sedimentos consolidado (processos diagenéticos) são rochas sedimentares. A acção da pressão e da temperatura sobre as rochas 168 Unidade XIV sedimentares e rochas ígneas provoca uma série de modificações mineralógicas que levam à formação de rochas metamórficas. Sob certas condições, rochas metamórficas (e em menor medida as rochas sedimentares) podem ser fundidos (processos de anatexia) para formar magmas secundários. Note-se que, em determinados processos muito raso, há algum envolvimento dos organismos vivos. O ciclo geoquímico pode-se considerar três ambientes principais, cada um produz diferentes tipos de rochas. Esses ambientes são: Meio ambiente magmatismo ou ígneas, as rochas são formadas como resultado da solidificação de magma e processos complementares. Ambientes metamórficas: Existem associações novo mineral quando as mudanças em uma série de parâmetros físico-químicos (temperatura, pressão, etc). Ambiente sedimentar: são os processos de formação de rock como um resultado da acção de agentes externos sobre as rochas formadas no interior. Energia do ciclo A cada ano, o equivalente a energia da superfície da Terra a 60 bilhões de toneladas de petróleo, 15.000 vezes o actual consumo de energia de toda a humanidade. Desse montante, metade é absorvida e convertida em calor, 30% é reflectida para o espaço, e um quinto serve para lançar os ciclos hidrológicos que caracterizam o clima do nosso planeta. Apenas uma pequena fracção da radiação solar (0,06%) é usada pelo mundo das plantas para accionar um mecanismo de auto-alimentação (fotossíntese), que dá origem à vida e aos combustíveis fósseis. A figura que segue representa o fluxo de energia no mundo. Geologia Geral G0135 Módulo Único 169 Figura1: Fluxo de energia no mundo Energia mecânica potencial e Sinética De todas as transformações e as mudanças experimentadas pelo indivíduo, mais interessado na mecânica estão relacionadas com a posição e / ou velocidade. Ambas as grandezas definidas no âmbito da dinâmica newtoniana, o estado mecânico de um corpo, então isso pode mudar, porque mudar a sua posição ou porque ela muda sua velocidade. A forma de energia associada com as mudanças no estado mecânico de um corpo ou uma partícula material é chamado de energia mecânica. Energia Potencial: A energia potencial, portanto, é a energia possuída por um órgão ou sistema em virtude de sua posição ou as suas próprias (todas as 170 Unidade XIV posições). Assim, o estado mecânico de uma rocha que se eleva a uma dada altura não é a mesma que tinha no nível do solo, mudou sua posição. Em uma mola que é esticada, as distâncias relativas entre os aumentos de suas bobinas. Suas configurações de ter mudado o efeito do alongamento. Em ambos os casos, o organismo leva, no estado final é capaz de quebrar uma janela de embater no solo e na primavera pode ser posto em movimento uma bola, inicialmente em repouso. Energia cinética: A forma de energia associada com as mudanças de velocidade é chamada de energia cinética. Um corpo em movimento é capaz de movimento, ou seja, para alterar a velocidade dos outros. A energia cinética é, portanto, a energia mecânica um corpo possui em virtude de seu movimento ou velocidade. Conservação da energia mecânica: Quando se considera apenas as transformações mecânicas, isto é, mudanças de posição e velocidade de mudanças, a relação entre as equações de trabalho e de conservação de energia se tornam de facto, de modo que se um corpo não ceder ou fazer a energia mecânica através da realização de trabalho, a soma da energia cinética e potencial permanecerá constante. Isso é o que também é evidente a partir da equação. Com efeito, sim. Dissipação da energia mecânica: Excepto em condições de espaço vazio (como no espaço exterior à atmosfera terrestre), o corpo se mover na presença de forças de atrito se opõem ao movimento e tendem, portanto, para pará-lo. Essas forças também são chamados dissipativos porque restante energia cinética dos corpos em movimento e se dissipou ou desperdiçada na forma de calor. Geologia Geral G0135 Módulo Único 171 Que forças que actuam sobre um corpo de fricção significa, do ponto de vista energético em jogo, há uma contínua perda de energia térmica. Nesses casos, a conservação de energia mecânica e, eventualmente, verificadas pára todos os termos iniciais de energia mecânica dissipativas. No caso de um pêndulo real atrito da corda até o ponto de suspensão e da esfera com o ar dissipa energia mecânica, de modo que a cada oscilação da altura alcançada é decrescente e depois de um tempo da área acaba de pé sobre o ponto mais baixo, drenando bem como a sua energia potencial. Esta é a razão pela qual é necessário "pôr em marcha acima" a um relógio de pêndulo ou seja, para se comunicar por algum procedimento extra de energia que permite que cada oscilação compensar as perdas por atrito e manter em movimento para um intervalo de tempo muito longo. Energia de reacção Cada substância contém uma certa quantidade de energia (química) (veja Parte I, capítulo V). Os sítios mais sensíveis para a armazenagem de energia são as ligações dentro da substância. As ligações podem conter muita energia, por exemplo as ligações activadas nas moléculas de ATP ou ADP. Outras substâncias podem conter pouca energia; são as substâncias mais estáveis.· Numa reacção química, os reagentes (com sua própria quantidade de energia química) mudam para produtos (que têm outro conteúdo de energia). Ou seja, durante a reacção química há mudança de energia. Há três possibilidades: 1. Os produtos contêm mais energia do que os reagentes 2. Os produtos contêm menor energia do que os reagentes 3. Os produtos contêm igual energia como os reagentes 172 Unidade XIV No caso 1, os produtos ganharam energia, o que somente é possível quando o sistema das substâncias recebe energia de fora. (ΔH > 0). No caso 2, os reagentes perdem energia, o que somente é possível quando o sistema das substâncias perde energia para fora (ΔH < 0) No caso 3, trata-se dum sistema químico em equilíbrio (ΔH = 0). Diagramas de energia No caso de gasolina reagir com oxigénio (são duas substâncias com bastante energia interna) formam-se os produtos água e dióxido de carbono, duas substâncias com pouca energia interna. Claro que, durante esta reacção, houve perda de energia química ou interna, que não pode simplesmente desaparecer; aquela energia liberta-se de outra forma: calor. A diferença entre a energia química dos reagentes e produtos, é chamada ‘energia da reacção’, com o símbolo ∆H. No caso de libertação de energia, ∆H apanha um valor negativo (o sistema perde energia e a reacção é exotérmica). No caso de necessidade de energia, ∆H tem sinal positivo: o sistema ganha energia e a reacção é endotérmica. Geologia Geral G0135 Módulo Único 173 Energia nuclear A energia nuclear é a energia que é liberada de forma espontânea ou artificial em reacções nucleares. No entanto, este termo abrange outros significados, o uso de energia para outros fins, como, por exemplo, poder aquisitivo, mecânica e térmica a partir de reacções nucleares e respectiva aplicação, seja para fins pacíficos ou bélicos. Assim, é comum referir-se à energia nuclear não só como o resultado de uma reacção, mas como um conceito mais amplo que inclui conhecimentos e técnicas que permitem a utilização desta energia pelos seres humanos. Estas reações ocorrem nos núcleos de determinados isótopos de certos elementos químicos, sendo a mais famosa de fissão de urânio-235 (235U), com funcionamento de reactores nucleares, e os mais comuns na natureza, no âmbito do estrelas, a fusão de duas trítio-deutério (2H, 3H). No entanto, para produzir este tipo de reacções nucleares de energia de construção podem ser usados muitos outros isótopos de elementos químicos diferentes, como o tório-232, plutônio-239, o estrôncio-90 ou o polônio-210 (232Th, 174 Unidade XIV 239Pu, 90Sr, 210Po, respectivamente). Há várias disciplinas e técnicas básicas de utilização da energia nuclear, que vão desde a geração de electricidade em usinas nucleares até técnicas de análise de medicina arqueológicos (Arqueometria nuclear), nuclear usado em hospitais, etc Os dois mais investigados e trabalhados para obtenção de energia utilizável a partir de uma enorme energia nuclear é a fissão nuclear ea fusão nuclear. A energia nuclear pode ficar fora de controle, levando a armas nucleares, reactores nucleares ou controladas que produzem electricidade, energia mecânica ou energia térmica. Os materiais utilizados como o projecto das instalações são completamente diferentes em cada caso. Outra técnica, utilizada principalmente na longa duração de baterias para sistemas que exigem baixo consumo de energia, é o uso de geradores termoelétricos de radioisótopos (RTG ou RTG em Inglês), em que exploram as diferentes modalidades da deterioração dos sistemas de geração de energia termopar do calor transferido de uma fonte radioativa. A energia liberada por estes processos nucleares geralmente aparece na forma de partículas subatômicas em movimento. Estas partículas, a vacilar na arte que o rodeia, produzindo calor. Essa energia térmica é transformada em energia mecânica através de motores de combustão externa, tais como turbinas a vapor. Esta energia mecânica pode ser utilizada no transporte, como em navios nucleares, ou para gerar electricidade em usinas nucleares. Geologia Geral G0135 Módulo Único 175 As quatro figuras acima constituem exemplos de centros nucleares Energia calorífica ou conteúdo em calor da terra O calor é uma palavra que usamos com muita frequência em nossa cultura, mas raramente paramos para pensar que realmente significa: "Porque estamos com calor? Por que sentimos o ar de verão nos esmaga? A verdade é que sabemos muito pouco calor ou energia térmica, ou seja, que estamos constantemente a utilizar a energia ou um sentimento que parece ser um incêndio, um fogão de aquecimento doméstico ou uma panela que é para colocar o fogo, mas devemos distinguir dois conceitos muito semelhantes, mas diferentes: Calor e Temperatura.· A temperatura é a maneira que temos para identificar uma determinada quantidade de calor· Além deste, existem respostas a outras questões relativas à expansão de sólidos e líquidos ou de transferência de calor calorimetria. 1. Calor e Temperatura Calor: O que é isso? 176 Unidade XIV O calor é a energia mecânica de moléculas que não precisam de afectar a sua 2. Diferença mobilidade entre a e força temperatura de e coesão. o calor Esses dois conceitos muitas vezes são confusos, mas são muito diferentes: calor e temperatura. O calor é a energia, enquanto a temperatura é a expressão que o calor pode ter; exemplo, duas empresas diferentes recipientes cheios de água pode ter o mesmo nível, mas de diferentes quantidades de água, algo acontece com a temperatura, ele pode ter a mesma quantidade de temperatura, mas de diferentes quantidades de calor: exemplo, enquanto as duas embarcações podem ser cozidos na mesma temperatura que tem mais água terá mais calor. 3. O termómetro Os termómetros são construídos para medir com precisão a temperatura e uma propriedade que é utilizado calor: dilatação.· Como o nosso sentido do tato foi o nosso primeiro termómetro não é muito preciso e pode ser facilmente enganado. Exemplo: Se você tem três recipientes com água em temperaturas diferentes, de modo menor para o maior da esquerda para a direita e inserir um dedo de cada mão em cada um dos destinatários dos extremos (frio e quente) introduzir a temperatura do recipiente médio de um quadro frio e quente demais. Os termómetros são construídos sobre essa propriedade, como o mercúrio (metal líquido comumente utilizado na sua construção) facilmente se expande para receber o calor do corpo. Termómetros podem ser dimensionados em diferentes escalas, as mais conhecidas são a Celsius, Fahrenheit e Kelvin (ou absoluta) e Geologia Geral G0135 Módulo Único 177 verificar qual a temperatura do termómetro será de acordo com esta escala graduada. 2 .- Expansão Expansão 1) dos sólidos: dilatação linear Se aquecermos uma haste de seu tamanho aumenta. Mas, quais os fatores que afetam o crescimento em comprimento? 1,1 Dependência da temperatura Se aplicarmos o mesmo uma barra de ferro de temperatura X e então aumentar a temperatura para ver que o 2X de expansão também dobrou, então podemos dizer que: As variações de comprimento são directamente proporcionais às variações de temperatura. 1,2 Unidade de comprimento) Temos a mesma vara que se aumentar o seu tamanho para o dobro, assim como atender a proporcionalidade das variações de temperatura, mas por uma mudança de temperatura como o volume duplica. 1.3) Equipamentos de Unidade· Agora vamos usar uma vara de cobre. Está em conformidade com as variações acima, mas também do comprimento da haste de cobre experiências diferentes variações de barra de ferro. 2) Expansão dos Líquidos 2.1) A água não seguir as regras 178 Unidade XIV Experiência: para encher um recipiente com água e arrefecer a 0 º C, mas sem a água se solidifique. Em seguida, aquecida e observar o nível de água e midámoslo com um termômetro. Veja uma coisa curiosa: de 0 ° C, a temperatura sobe a água expande-se, porém diminui a 4 º C, quando retorna ao seu comportamento normal: quanto maior o volume maior temperatura. 2.2) a densidade máxima da água Em toda a experiência anterior da massa de água não mudou, mas se o seu volume e densidade. Um menor volume e maior densidade. Assim, a 4 º C, a temperatura da água mais densa. 2.3) O gelo é menos denso que a água Ao chegar a 0 º C, a água está prestes a se solidificar e esfria ele se transforma em gelo, e neste estado da massa de água ocupa um volume maior, de modo que a densidade do gelo é menor para que a frota na água. 3 .- A medição do calor: a calorimetria A unidade básica da quantidade de calor é a caloria; CALORIAS: Quantidade de calor emitido para 1 gr. de água aumenta sua temperatura até 1 º C. Seu símbolo é a caloria e quilocaloria (1000 calorias). 1) Calor específico Se a mão sobre duas massas iguais de água e outros X 2X de calorias, o segundo será o dobro da temperatura do que o primeiro, isso acontece para todas as massas iguais de qualquer substância. Geologia Geral G0135 Módulo Único 179 Se duas massas da mesma substância, como a primeira instância é uma quantidade X de temperatura ea quantidade segunda 2X de temperatura média para o segundo foi dado duas vezes mais calor que o primeiro. ENTÃO: A quantidade de calor emitido, ou removidas, para massas iguais das mesmas substâncias, são diretamente proporcionais às variações de temperatura. Considere dois recipientes de massas iguais de água são dadas a cada um calor suficiente para tanto a experiência, o mesmo aumento de temperatura. Observe que você precisa quantidades de calor directamente proporcional à quantidade da massa de água (isto se aplica a qualquer substância) ENTÃO: A quantidade de calor emitido, ou removidas, as massas diferentes da mesma substância para produzir a variação de temperatura mesmo é directamente proporcional às massas. Nas duas anteriores conclusões, se tivermos vários organismos da mesma substância, mas diferentes massas (m, m ',''m) foram entregues diferentes quantidades de calor (Q, Q',''q) aumenta a produção de temperatura ( t, t ',''t) tal que as quantidades de calor são proporcionais aos produtos de cada massa e seu aumento de temperatura. q: MXT = q ': m' xt '= q'':'' m''x t = calor específico de uma substância (c). Esse valor representa a quantidade de calor que deve ser dada a 1 gr. de uma substância para elevar sua temperatura até 1 º C. 2) Quantidade de calor A quantidade de calor que recebe ou dá um corpo é calculado 180 Unidade XIV multiplicando-se o calor específico da massa e da variação de temperatura é: qc=xmxt 4 .- A transferência de calor O calor passa do corpo de maior temperatura a temperatura mais baixa. Se dois corpos estão à mesma temperatura, o calor não passa de um para outro. 1) Métodos de transferência de calor 1,1 por convecção do ar) Se atearam fogo a um recipiente, o líquido do fundo é aquecido, sua densidade diminui e sobe, mais frio do que deslocando para baixo a se aquecer, por isso ajuda a aquecer os fluidos mais rapidamente. 1.2) a condução do ar Se ela tem um bar em uma extremidade e outra mantém-se a uma chama, vemos que o calor é transferido pela barra, sem deslocamento de matéria. 1.3) A transmissão de radiação O calor do sol vem através de ondas eletromagnéticas que se propagam através do vácuo, todos os corpos calor radiante transmitido independentemente da temperatura. Geologia Geral G0135 Módulo Único 181 Exercícios 1. Fale dos principais tipos de meteorização; 2. Faça a distinção entre a energia mecânica Potencial e cinética.