O IMAGINÁRIO DO HERÓI E SUA FUNÇÃO SOCIAL NA CULTURA BRASILEIRA E SUAS ORGANIZAÇÕES Wellington Félix Cornélio1 - ESAB Resumo O presente trabalho pretende promover uma reflexão acerca da cultura e significados da figura do “herói” ao homem contemporâneo; contextualizando a discussão do “individualismo” na sociedade, os mecanismos utilizados no processo de construção e finalmente, a função social desta representação, pensando sobre esta individualidade e a necessidade pela busca do “herói/salvador do mundo”. Marcante em culturas milenares, o assunto ainda ecoa na contemporaneidade, por exemplo nos esportes, na política, no bairro e na Escola. Perpassaremos por campos de análises distintos, todavia, complementares, objetivando a identificação de elementos de construção de uma cultura no ambiente; correlacionando o imaginário do herói, dentre estes elementos de construção da cultura nas organizações brasileiras (incluindo sugestivamente a “Escola”) e verificando as possibilidades, admitindose a acomodação dos colaboradores destas organizações que visam estabelecer e formar uma cultura organizacional, pautada exclusivamente por este imaginário. Entraremos na Psicologia Social com teorias de Goffman (Instituições Totais) e Hofstede (Cultura e Organizações). Na Antropologia, falaremos sobre traços marcantes do povo brasileiro, “jeitinho”, “malandragem”, “homem cordial” e “aventureiro”, nossa relação pessoal de “intimidade social”; demonstrando que a sociedade brasileira varia e oscila entre a modernidade e tradição; e em muitas das vezes, sobrevive, trabalha no “batente”, festeja, defini e influencia os rumos do nosso glorioso país. Será realizado levantamento e revisão bibliográfica, buscando embasamento teórico para abordagens comparativas de tais elaborações textuais com a práxis rotineira, ensejando ponderações coincidentes ou conflitantes, compilando com aspectos comportamentais, experiências habituais e perceptíveis em nosso cotidiano. Palavras-chave: Herói. Cultura Brasileira. Organizações. Escola. Introdução O assunto ‘herói’ foi marcante em culturas milenares, mas ainda ecoa na contemporaneidade. Tais ecos, encontramos, por exemplo, nos esportes, na política, no bairro e também na Escola. Antes, vale esclarecer, que recorrendo a qualquer dicionário da língua portuguesa, o termo “herói” poderá ser definido como uma pessoa que se distingue por coragem extraordinária na guerra ou diante de outro qualquer perigo; ou ainda, preeminente/central 1 Advogado e Cientista Social. Pós-graduado com MBA (Master in Business Administration) Executivo em Gestão Administrativa e Marketing. Professor e Servidor Público Municipal. E-mail: [email protected] que, por sua parte admirável em uma ação ou evento notável, é considerado um modelo de nobreza. (Apesar de parecer muitas das vezes, apenas um termo surreal e abstrato, admitindose a denominação dada aos descendentes de divindades e seres humanos da era pré-homérica -semideuses--). Neste trabalho desenvolveremos uma reflexão acerca da cultura, expressão, dimensão e utilidade da figura do “herói” ao homem contemporâneo; correlacionando a discussão do “individualismo” na sociedade, os mecanismos utilizados no processo de construção, pensando sobre esta individualidade dos dias atuais e a necessidade de se buscar o “herói/salvador do mundo”. O que é, aliás, ambíguo, na medida em que o individualismo do ‘ser’ herói contrasta com ‘para quem’ ser herói – que são os outros, isto é, além do horizonte do indivíduo. Ademais, será realizada uma abordagem acerca da função social desta simbologia, os efeitos deste imaginário na cultura brasileira. (Incluindo sugestivamente Empresas e a “Escola”) Como já acima apontado, em uma cultura individualista e imediatista em nossa sociedade, algumas instituições, baseadas exclusivamente no imaginário do herói, tal cultura interna organizacional pode gerar acomodação, riscos e prejuízos, seja para o tal herói ou para aqueles que assim o veem. 1. O Conceito de Cultura e o Conceito de Homem. O homem é uma singularidade social e cultural. Nesse sentido Costa (2005) considera que ao pensarmos e sermos capazes de projetar, ordenar, prever e interpretar; o ser humano, sempre vivendo em grupos, começou a travar com o mundo ao seu redor uma relação dotada de significado e sentido. A noção de mundo – organizado, comunicado e compartilhado com seus semelhantes e transmitido à descendência – produziu um legado cumulativo para interpretar a realidade e agir sobre ela, ou seja, deu origem à cultura humana. (Grifo nosso) Desde a formação do “conceito de homem”, podemos afirmar que se acompanha também o “conceito de cultura”. A antropologia tem tentado encontrar seu caminho para um conceito mais viável sobre o homem, no qual a cultura, e a variedade cultural possam ser mais levadas em conta do que concebidas como capricho ou preconceito e sim; ao mesmo tempo, um conceito no qual o princípio dominante na área, como Geertz (2008) denomina, “unidade básica da humanidade” não seja transformado numa expressão vazia. Conceber a ideia de que a diversidade de costumes no tempo e no espaço não é simplesmente uma questão de “indumentária ou aparência”, de cenários e máscaras de comediantes, é também nutrir a ideia de que a humanidade é tão variada em sua essência como em sua expressão. Roque Laraia, conclui que Culturas são sistemas (de padrões de comportamento socialmente transmitidos) que servem para adaptar as comunidades humanas aos seus embasamentos biológicos. Esse modo de vida das comunidades inclui tecnologias e modos de organização econômica, padrões de estabelecimentos, de agrupamento social e organização política, crenças e práticas religiosas, e assim por diante. (LARAIA, 2009, 59) Diante disto, temos que o surgimento do próprio conceito de cultura se confunde com o surgimento do conceito do homem. De maneira breve, alguns preferem defender que o desenvolvimento da capacidade de adquirir cultura foi um tipo de ocorrência súbita dos primatas, onde em um momento específico da nova evolução “Homo sapiens”, ocorreu uma alteração orgânica, passando a comunicar-se, a aprender, a ensinar e a generalizar a partir de uma cadeia ilimitada de sentimentos e atitudes; partindo do estado anterior, tornando-se capaz de agir como receptor e transmissor, iniciando a acumulação, que chamamos de cultura. Desta forma, como o humano nasceu à cultura e, uma vez nascidos, a cultura determinou o seu próprio curso de maneira a possibilitar crescer totalmente independente de qualquer evolução exclusivamente orgânica do homem. Aliás, temos aqui a ambiguidade na qual o tornar-se humano é tornar-se individual, e nós nos tornamos individuais sob a direção dos padrões culturais, sistemas de significados criados progressivamente em termos dos quais damos forma, ordem, objetivo e direção às nossas vidas sejam como indivíduos singulares, sejam como seres sociais. Não são apenas sensações ou motivos, elas constituem tanto uma atividade basicamente privada dos seres humanos quanto o pensamento orientador. Os recursos culturais não são simplesmente acessórios, adornos ou de natureza secundária; são essencialmente, ingredientes necessários ao pensamento humano. 2 Psicologia Social e Cultura Organizacional 2.1 Goffman e seus estudos sobre Instituições Totais Goffman (1990) desenvolveu estudos sobre o comportamento, objetivando conhecer o mundo social do interno em hospital para doentes mentais, a partir de uma análise sociológica da estrutura do eu que utilizou como método de obtenção de dados etnográficos a sua inserção no mundo dos internos, na condição de auxiliar observador, sem utilizar medidas de controles. Os resultados desse estudo que o permitiram formular o conceito de “instituição total”. O mencionado autor indica que certos mecanismos de estruturação de uma instituição determinam a sua condição de instituição total e acarretam consequências na formação do eu, do indivíduo que nela participa em determinada condição2. O ser age nas esferas da vida em diferentes lugares, com diferentes coparticipantes; e condicionado a diferentes autoridades sem um plano racional geral, ao inserir-se numa instituição social passa a agir num mesmo lugar, com um mesmo grupo de pessoas e tratamento, obrigações e regras iguais para a realização de atividades impostas. Quando essa instituição social se organiza de modo a atender indivíduos (internados) em situações semelhantes, separando-os da sociedade mais ampla por um período de tempo e impondo-lhes uma vida fechada sob uma administração rigorosamente formal (equipe dirigente) que se baseia no discurso de atendimento aos objetivos institucionais, ela apresenta a tendência de “fechamento” o que vai simbolizar o seu caráter “total”. Em síntese, é importante destacar no estudo em questão, uma reflexão acerca de uma “ideologia institucional”, considerando o fato que sociedade define os comportamentos, ditando o que seria apropriado ou não para se viver em comunidade; oportunizando a percepção que certos conceitos também podem ser utilizados em análises sobre outros tipos de instituição, com tendência de fechamento como: prisões, conventos, internatos escolares, organizações e até empresas. 2.2 Hofstede: Cultura e Organizações A teoria da cultura de Geert Hofstede baseia-se em um estudo empírico desenvolvido sobre diferenças culturais. Nos anos 70, a multinacional “IBM” recorreu a este estudo para compreender porque algumas de suas filiais (no Brasil e no Japão, por exemplo) continuavam a ser geridas de maneira muito diferente, apesar de todos os esforços desenvolvidos para pôr em prática procedimentos e normas comuns. Hofstede (1997) tentou então procurar as diferenças no funcionamento destas empresas e chegou à conclusão que as diferenças identificadas, adviriam da cultura dos empregados e; em grande parte, da cultura do país de acolhimento. Descreveu então a cultura como "(...) a programação coletiva dos espíritos que distingue os membros de um grupo humano do outro". (HOFSTEDE, 1997, p.3) 2 Sobre a temática em discussão: Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n.33, p.289-294, mar.2009 - ISSN: 1676-2584. De acordo com autor, não existe um método de gestão universal nem uma teoria de gestão no mundo. A própria palavra "gestão" tem diferentes origens e culturas nos países do mundo. A gestão não é um fenômeno que possa ser isolado dos outros processos que decorrem na sociedade. Interage com aquilo que acontece no nível familiar, escolar, político e governamental. Está também, relacionado com a religião e as crenças sobre a ciência3. A cultura organizacional é um fenômeno em si mesmo, diferenciando-se em muitos aspectos da cultura nacional. A diferença reside no fato de que as culturas nacionais têm como elemento central os valores, os quais são adquiridos na família, na comunidade e na escola, já as culturas organizacionais diferenciam-se pelas práticas, aprendidas a partir da socialização no ambiente de trabalho. A Teoria das Dimensões Culturais é essencial para compreensão das diferenças culturais e da correlação com o imaginário do mito ou do herói na estrutura das organizações – sejam estas públicas ou privadas -, auxiliando e balizando as estratégias administrativas e de gestão, medindo um referencial a partir das próprias experiências do ambiente organizacional. 3 Nossa Cultura Brasileira 3.1 Compreendendo nossa Formação e Construção Apesar do que Geertz defende, isto é, que existem sérias dificuldades em estabelecermos os fatos históricos, sociais e culturais que não sejam apenas ficções ou construções mentais. Ainda assim, o passado pode nos oferecer certas análises e algumas respostas. Buscaremos nos antecedentes da nossa sociedade, determinados elementos para entendermos a nossa formação cultural e seus desdobramentos nas questões afins com o mito e o herói. Como característica intrínseca temos que a nossa sociedade, desde o nosso descobrimento, vive a incerteza acerca da separação do que seria público e do privado. O Brasil pode ser visto como resultado da tradição viva da Península Ibérica, pautada na frouxidão da estrutura social e a falta de hierarquia organizada, no sentido de demonstrar que “toda hierarquia se funda necessariamente em privilégios”, que acarreta a injustiça social. (HOLANDA, 1995) A sociedade portuguesa, talvez por conta do seu território diminuto em comparação com outras nações europeias e sua escassa população tenha se mostrado mais receptiva ao 3 Ibidem, 1997. contato com outras camadas sociais, povos e culturas distintas. O que resultou numa flexibilidade social incomum para a época. Tanto os portugueses quanto os espanhóis, no cenário europeu, representavam uma peculiaridade quando se tratava de mobilidade social, sendo as hierarquias e os privilégios considerados uma irracionalidade, especialmente na idade média. Percebe-se, contudo, que a estrutura social ibérica não era fixa. O mérito e o êxito pessoais podiam trazer benefícios – mesmo que o sangue da nobreza pesasse quando se tratava de prestígio. Daí, segundo Freyre, uma grande aptidão dos portugueses conquistadores e colonizadores para a miscigenação com povos e culturas distintas da europeia. “Os contrários se justapõem, frequentemente de forma ambígua, e convivem em harmonia” (FREYRE, 2006, p. 23). Para Holanda (1995), podemos classificar o modus operandi do homem, quanto às suas atividades, observando intimamente duas características, uma sendo divergente e às vezes, conflitante em relação à outra: O tipo aventureiro e o tipo trabalhador. O tipo humano aventureiro se resume em ignorar fronteiras na vastidão do mundo, agindo de forma imediatista, sem se preocupar com dificuldades, barreiras; pois o objetivo final, com espírito competitivo, de disputa em busca da vitória, seria o mais importante. Contrariamente, o tipo humano trabalhador é aquele que observa primeiro a dificuldade a vencer, não o triunfo a alcançar. Sendo mais cauteloso, previdente e confiante somente em ações que não terá dúvidas em praticar. Objetivamente, a “plasticidade social” seria uma característica concernente aos portugueses. Entendida como capacidade de adaptação ao meio americano (tendo em vista que a tendência aventureira dos lusitanos), foi o fator que os levou à expansão no início da Modernidade, mesmo funcionando “com desleixo e certo abandono”. 4 Nesse sentido, contextualizando a época em discussão, a colonização de terras tão distantes da terra mater, materializada na exploração da cana, foi considerada uma atitude tipicamente aventureira; já que Portugal não possuía nenhuma referência ou credenciais que a denominasse como uma “civilização agrícola”, pois esta não era a finalidade. Uma vez mais temos a cultura organizacional influenciando os indivíduos e estes determinando a forma desta. Tal espírito aventureiro poderia ser analisado como positivo, comparando-se à experiência holandesa; pois o povo lusitano manifestou grande adaptação, enquanto tais 4 Ibidem, 1995. europeus dos países baixos demonstraram todo um trabalho rígido, cheio de regras e metodologias. Outra questão que dificultou, foi uma religião que não era universalista como a Igreja Católica, bem como o orgulho da raça, o que acabaram por demonstrar a nenhuma plasticidade, tão comum aos “aventureiros portugueses”. Por outro lado, Portugal não se identificava como raça, havia uma carência do “orgulho de raça”, já que o povo era mestiço, uma “mistura”, devido à grande quantidade de escravos africanos na época das “Descobertas”. Destacavam ainda, o trabalho mental ligado à inteligência, à “cabeça” (conhecido como “talento”), o que distantemente poderia relacionarse com o trabalho manual, considerado como desonroso. Em síntese, como já referido anteriormente, a família rural era organizada em um sistema patriarcal tradicionalista, em torno de vínculos biológicos e afetivos, que se uniam ao chefe da família, descendentes e agregados; extrapolando-se como modelo para a vida política, nas relações entre governantes e súditos. O autor5 descreve ainda, a figura do “homem cordial”, originado pela estrutura familiar que, naturalmente gera relações de simpatia e afeto e condena energicamente relações impessoais. A cordialidade nega a polidez, já que tal característica (resultante da sociedade urbana de tipo moderna) está orientada pela individualidade (“homem polido”), confronta e afronta a vida em sociedade e a predominância da família tradicional brasileira. O “homem cordial” não tem necessariamente em sua essência a bondade, mas ele leva-nos a supor ações e comportamentos de caráter afetivo, transmitidos especialmente na religião, identificável claramente no tratamento dos santos e divindades; neste caso, próximas e amigáveis, trazendo à tona ritos afrouxados e humanizados. (Grifos nossos) Sérgio Buarque de Holanda complementa, a “cordialidade” na política é “combustível” ao “patrimonialismo”, não há distinção do domínio público e privado, pautado fortemente pelas relações pessoais. Vale ressaltar, discussão acerca da “cordialidade” não tem relação com um modo cortês e sim se reforça pelo trato dócil e flexível que o brasileiro costuma se relacionar no seu dia-a-dia. Podendo ser compreendido pelo famoso “jeitinho brasileiro”. A presença da “cordialidade” faz com que os indivíduos tenham dificuldade para classificar e separar o público daquilo que é privado. Desta forma, as pessoas de forma automática, em situações de âmbito público, utilizam suas preferências particulares, o que deveriam ficar limitadas aos relacionamentos e aos assuntos de ordem pessoal e privada. Isto evidencia que a estrutura da 5 Ibid., 1995. cultura organizacional tem sérias e profundas relações com os modos de ser e agir dos indivíduos em sociedade. Uma sociedade imersa por gerações nesse ambiente não se furta a assimilar seus valores. Numa perspectiva de uma análise mais psicológica (lembrando-se do “homem cordial”, do “aventureiro” e do “trabalhador”) na formação e construção de nossa sociedade, nos parâmetros da história social, iniciando os traços que foram adaptados da cultura ibérica, até a compreensão histórica vivida na primeira metade do século XX; possibilitou e de certa forma, denunciou uma “conciliável” e ao mesmo tempo “oposição”, entre uma aura antiga e uma aura completamente atual, que permanece hoje, em pleno início do século XXI. 3.2 Nossa Identidade DaMatta (1986), antropólogo, entende que o Brasil é marcadamente diferenciado pelo seu povo e suas coisas. O Brasil e suas comidas típicas; suas bonitas e esbeltas mulheres; a religião que não precisa da teologia complicada nem de padres estudados; as leis da amizade e do parentesco, que atuam pelas lágrimas, pelas emoções do dar e do receber, e dentro das sombras acolhedoras das casas e quartos onde vivemos o nosso quotidiano. “Dos jogos espertos e vivos da malandragem e do carnaval” e “(...) podemos vadiar sem sermos criminosos e, experimentamos a sublime marginalidade que tem hora para começar e terminar”. Que se recusa a viver de forma totalmente planificada e que sabe tão bem conjugar lei com grei, indivíduo com pessoa, evento com estrutura, comida farta com pobreza estrutural, hino sagrado com samba apócrifo e relativizador de todos os valores, carnaval com comício político, homem com mulher e até mesmo Deus com o Diabo. (DAMATTA, 1986, p.10) O Brasil é feito de uma combinação especial dessas possibilidades universais. As sociedades e os comportamentos se definem por seus estilos, seus modos de fazer as coisas, o que faz uma imensa “inesgotável criatividade acasaladora”. (...) Múltiplo e rico, o Brasil é o país do carnaval e do feijão com arroz: da mistura e da fantasia. Mas também do jeitinho que dribla a lei e da hierarquia velada pela cordialidade. Somos brasileiros na devoção e no sincretismo, no culto à ordem e na malandragem, no trabalho duro e na preguiça. O Brasil maiúsculo que Roberto DaMatta apresenta não é um conjunto de instituições ou de fatos históricos, e sim o fundamento de nossa identidade. Nossa brasilidade é um estilo, uma maneira particular de construir e perceber a realidade6. Enfim, adotando os vários fatores, condicionantes, nuances e panoramas, a sociedade brasileira não poderia ser entendida de modo unitário, sob apenas um aspecto, causa ou 6 Ibidem, 1986, p.06. questão social. O autor em referência chama de lógica relacional, sob uma ótica comportamental e cultural; equiparando-se também, na política como a costumeira negociação e conciliação. Já no mundo econômico permite dizer uma combinação entre a economia estatizada com a iniciativa privada vigorosa. Ou na religião a mistura do catolicismo com religiões populares de matrizes africanas. E seja dito, o brasileiro possui a característica de criar personagens intermediários (mitos e heróis), que atuam de forma conciliadora, em assuntos, que possam a princípio, parecerem absolutamente divididos, por um senso comum imposto convenientemente pela nossa sociedade. É a nossa ambiguidade essencial, o convívio com os extremos e antagonismos. Enfim, como bem definiu DaMatta (1986, p.80), a sociedade brasileira: (...) é moderna e tradicional. Combinou, no seu curso histórico e social, o indivíduo e a pessoa, a família e a classe social, a religião e as formas econômicas mais modernas. O que é típico de um povo em construção de sua identidade e de seus valores. A capacidade, de viver, administrar, morar, festejar e influenciar nos rumos da economia e do país e ao mesmo tempo, não se abalar com as dificuldades. Aliás, o português é sensível à dinâmica do seu existir. Ele é plástico, a fixidez não lhe cai bem. 4 O Imaginário do Herói 4.1 O Individualismo e a correlação entre a função social do Imaginário do Herói A questão do individualismo é intrigante. O fato de se pensar coletivamente ou o inverso, individualmente nos chama a atenção para inúmeras considerações. Dumont (1985) considera os primórdios da ideia, entre os primeiros cristãos. A religião teria sido o agente essencial da sua propagação e evolução histórica, pois acontece, mediante a ideia de que o cristão é um “indivíduo-em-relação-com-Deus”. O valor infinito do indivíduo é ao mesmo tempo o aviltamento, a desvalorização do mundo tal como existe: é postulado um dualismo, estabelece-se uma tensão que é constitutiva do cristianismo e atravessará toda a história. Tem-se então um indivíduo “essencialmente fora do mundo” (DUMONT, 1985, 43). Birou (1976) define o individualismo como: “Qualquer doutrina, teoria, prática que coloca o indivíduo humano na base do seu sistema de explicação ou de suas normas de conduta, tornando-os como realidade essencial ou como mais alto valor. ” (BIROU, 1976, 200-201). À pergunta ‘quem precisa’, podemos responder que, hoje, muitos acreditam precisar de um herói. Melhor seria dizer, talvez, que hoje muitos são levados a acreditar na necessidade de um herói. Mas, para efeito deste artigo, interessa-nos saber como o homem comum, aquele que vive o seu cotidiano e que o experimenta como a ‘essência de sua realidade é levado a ter necessidade de heróis. Para milhões de indivíduos cujas vidas se apresentam como meras repetições de tarefas rotineiras, que acabam por negar a criatividade diluída em rotinas e ações pré-determinadas, a necessidade de heróis parece ser mais facilmente encontrada. O homem comum do qual nos ocuparemos neste artigo e que logo adiante definiremos com mais precisão, parece viver seu cotidiano não por uma ‘escolha’ pessoal, mas sim por uma imposição, por uma necessidade exterior. Esse fato, na visão de alguns estudiosos da chamada cultura de massa, seria uma das características que definem a sociedade atual. (NASCIMENTO FILHO, 2006, 39-45). O conceito durkheimniano de solidariedade orgânica define a questão essencial referenciando a teoria sociológica, uma vez que explicação passa, necessariamente, pela troca a partir de algum tipo de especialização e divisão do trabalho. Émile Durkheim7 trabalhava com duas categorias quando se falava de solidariedade. A solidariedade orgânica e a solidariedade mecânica. A primeira se baseava em laços sanguíneos e os indivíduos, tinham mais ou menos, as mesmas funções dentro da sociedade, faziam tudo sem muitas especializações, o que ocorria em sociedades com estruturas mais simples, com pouca divisão do trabalho social, onde havia somente uma divisão básica pelos sexos, por exemplo. Com o avanço da industrialização e divisão do trabalho social estaríamos passando de sociedades baseadas na solidariedade mecânica para orgânica, nesta última o indivíduo se solidariza pela interdependência dos outros para sobreviver. Pensando acerca da interdependência, que Durkheim apresentou e considerando-se que nos dias atuais ela se encontra cada vez maior, a solidariedade, grosso modo, deveria acompanhar as pessoas que sabendo que todos são imprescindíveis deveria ser mais unida. Porque isso não ocorre? Porque vemos cada vez um distanciamento entre as pessoas, mais conflitos, guerras, desigualdades sociais, falta de oportunidades para ascensão social? Preocupados em cuidar dos “pequenos mundos”, aumenta a concepção individualista. No brilhante ensaio, “A Síndrome do Individualismo: E Durkheim Com Isso? ”8, a discussão é apresentada, considerando que a solidariedade mecânica, ou por semelhança, provém do fato de existir certo número de estados de consciência comuns a todos os membros da sociedade. Marcando os primórdios da vida social, ela caracteriza as sociedades primitivas onde o indivíduo, por não ter individualidade própria, é confundido com os seus pares dentro de uma coletividade à qual está ligado sem nenhuma intermediação. 7 8 In: DURKHEIM, Émile. A divisão do trabalho social. Lisboa, Presença, 1989 (vol. I e II). RODRIGUES, Cyro Mascarenhas. A síndrome do Individualismo: E Durkheim com isso? (1990). O autor é Doutor em Sociologia, radicado em Brasília (DF), aposentou-se como pesquisador da EMBRAPA, em 2005. Verificando as reflexões apontadas no citado ensaio, à medida que aumenta o volume e a densidade populacionais ocorrem diferenciações de funções e a necessidade de sobrevivência em comum leva a outra forma de consciência coletiva, que deixa de ser caracterizada pela semelhança para se expressar nas diferenças funcionais, a exemplo do que ocorre com o organismo vivo. Os valores anteriores de fé social se transformam em valores próprios de grupos profissionais e de regras que organizam a interação de grupos diferenciados. Trata-se da solidariedade orgânica, devida à divisão do trabalho, característica das sociedades mais complexas e modernas. Com a evolução do capitalismo, a “Divisão do Trabalho” é cada vez mais acentuada, distanciando as pessoas de uma necessidade e noção de coletividade. Seria então um paradoxo, ou um procedimento equivocado insinuar-se um comprometimento de Durkheim com os ideais individualistas? Não, verdadeiramente, existe uma dualidade e não uma contradição. E é desta contradição que nasce a necessidade cada vez maior dos heróis, dos mitos em nosso cotidiano. Com a evolução do capitalismo, a “Divisão do Trabalho” é cada vez mais acentuada, distanciando as pessoas de uma necessidade e noção de coletividade. Resultante deste comportamento, isto é, a noção cada vez mais longínqua do “homem, enquanto ser coletivo”, a solução de seus problemas, ou mesmo dos problemas de certa esfera (cidade, comunidade, empresas, organizações, país...), ou categoria, ou grupo social; é “terceirizado” à figura de um “salvador/ herói”. 9 É importante ressaltar, “(...) cada tempo tem o seu herói, cada época elege qualidades de heróis (...)”10, pois a cada momento histórico, o homem possui necessidade de adequar seus infortúnios, suas barbáries a um determinado e diferente “herói”. 4.2 O Imaginário do Herói na Cultura Brasileira Numa sociedade como a brasileira, tudo deve estar sob o rígido controle dos códigos dominantes. Tão centrada na imposição de formas rígidas, sua maioria com formato jurídico definitivo, nos modos de fazer, reproduzir, comemorar, ritualizar...! 9 O que pode dar certa explicação também ao esvaziamento e refluxo dos movimentos sociais atualmente, mas este tema pode ser objeto de discussão entre outra oportunidade. 10 “O homem comum e a percepção do herói na sociedade contemporânea”, do Professor Nelson do Nascimento Filho. (2006) O brasileiro está normalmente sujeito a regras fixas, condicionando-o a um relacionamento constante entre ele e o seu grupo (ou a grupos), impedindo sua ação como indivíduo (como consequência, sempre fica situada fora das normas e tende a ser vista e interpretada como ilegítima). Todavia, o projeto da sociedade brasileira, com regras e ritos, é fazer dissolver e desaparecer o indivíduo. Entre sua vontade individual e um curso de ação ditado por essas normas e ritos; o brasileiro oscila, equilibrando, conciliando e interpretando. Não é dono de si mesmo, ao contrário, é possuído pelas leis, normas e regulamentos. No Brasil, as situações sociais têm algum “dono”. Se este não é uma pessoa concreta, é um santo. Se não é um herói, é algum domínio. Existe uma necessidade de impor um código qualquer, de modo que situação possa ser hierarquizada11. As evidências de uma estrutura com hierarquia baseada na “intimidade social”, com relações marcadas, de início, economicamente pelo trabalho e após; de conteúdo pessoal e exaltação pela moralidade. Tal sistemática iguala num plano e classifica no outro, promovendo uma complexa separação; contudo, possibilitando paradoxalmente, um sentimento de compensação e complementariedade, impedindo certamente a tomada de consciência coletiva horizontal. Desta resultante, a tomada de consciência vertical é facilitada. Veremos o empregado identificando-se em certas ocasiões com o seu patrão, a empregada com a casa onde ela trabalha; o trabalhador com a empresa que o emprega, e a empresa e os empresários com certos órgãos do Estado. É muito mais fácil a identificação com o superior, do que com o igual, geralmente cercado pelos medos da inveja e da competição, o que inviabiliza a construção de éticas na direção horizontal. Dando continuidade a argumentação; insta salientar, as noções de indivíduo e pessoa são importantes, pois elas permitem entender uma série de processos sociais básicos, considerando as individualizações, de forma holística, constituírem movimentos e passagens intermediárias, denominadas liminariedade. Esta liminariedade pode ser equacionada à individualização, e da mesma forma, em universos individualistas, pode ser igualada a uma alta pessoalização, quando o indivíduo alcança o sucesso e passa a ser o foco dos desejos, aspirações e motivações de uma massa de outros indivíduos, ao se montar um sistema de “patronagem simbólica” (DAMATTA, 1997). É pelo menos isso que nosso sistema midiático, de cinema e televisão autoriza dizer, operando na construção dos “VIPs”, ou “superpessoas”, isto é, no imaginário do mega, super-heróis, figuras paradigmáticas do mundo social brasileiro, a ser imitado e possivelmente seguido. 11 Idem, 1997, 124. (...) para quem o mito é produzido e se torna, na perspectiva sociológica, seu personagem. Quando falamos em ‘acreditar, não estamos circunscrevendo (como é comum nas análises sociológicas modernas) somente o inocente receptor da narrativa, que paga um preço pela mesma, mas também seus sagazes criadores, que estão tão presos ao mito e às ações que ele ajuda a desencadear quando as camadas da sociedade que decididamente ‘acreditam’ nele. É nesse sentido que o ‘mito’ é um mediador entre produtores e consumidores, sustentando e – em certas ocasiões que a análise sociológica tem a obrigação de determinar – colocando uns e outros dentro do grande saco de ilusões do seu personagem principal. (...) 12 A sociedade determina seus atores, seus heróis. Ela não inventa somente a peça, a cena, o enredo, o cenário, a trama, autorreproduzindo em diversas instâncias, provocando desníveis que conduzem àquilo que se percebe como “transformação social”. Considerações Finais A presente produção científica procurou, ao longo de suas páginas, desenvolver uma investigação crítica acerca da cultura, expressão, significados e utilidade da figura do “herói” ao homem contemporâneo; correlacionando a discussão do “individualismo” na sociedade, os mecanismos utilizados no processo de construção e finalmente, a função social desta representação, pensando sobre esta individualidade dos dias atuais e a necessidade de se buscar o “herói/salvador do mundo”. Analisamos ainda, os efeitos deste imaginário na cultura brasileira, destacando os traços culturalmente marcantes do povo brasileiro, por exemplo: nosso “jeitinho”, “malandragem”, o “homem cordial” e “aventureiro”, nossa relação pessoal de “intimidade social”; demonstrando que a nação brasileira varia e oscila entre a modernidade e tradição, promovendo um estudo sociológico e antropológico; perpassando até a seara da psicologia social e cultura organizacional, apresentando uma singela abordagem sobre as teorias de Goffman (estudos sobre Instituições Totais) e Hofstede (Cultura e Organizações). Ao longo de toda exposição argumentativa foram buscadas respostas a indagações propositadamente provocadas, que, no entanto, não caberiam aqui ser esgotadas: além do caráter inconcluso da ciência, não há como aprisionar o fazer social, com todo o imprevisto que o caracteriza, nas páginas deste artigo. Por isso, seguramente está presente aqui é o desejo de investigar, mesmo com a certeza de que qualquer resposta encontrada hoje, amanhã, tenderá a estar ultrapassada. O principal ponto de partida, é considerar através das instigantes observações de Roberto DaMatta, que perdura no Brasil a tradição católica romana e não a tradição protestante, que transformou o trabalho como castigo numa ação destinada à salvação. 12 Idem, 1997, p. 267. Achamos o trabalho um horror, o famoso “batente”, nome indicativo de um obstáculo. O fato é que não temos a glorificação do trabalhador, nem a ideia de que o trabalho seja um local, onde honestamente podemos enriquecer e ganhar a dignidade. Segundo DaMatta (1986), “(...) poderia ser de outro jeito numa sociedade em que até outro dia havia escravos e onde as pessoas decentes não saíam à rua nem podiam trabalhar com as mãos? É claro que não... (...)”. Nesta ótica, o aludido antropólogo, promove uma reflexão que nosso sistema tão fortemente marcado pelo trabalho escravo, as relações entre patrões e empregados ficaram definitivamente confundidas e que não seria algo apenas econômico, mas certamente uma relação moral onde não só um tirava o trabalho do outro, mas era seu representante e dono perante a sociedade como um todo. Quiçá, seja a questão central, porque isso incorporou nossas concepções de trabalho e suas relações que até hoje, misturamos tais relações econômicas com laços pessoais de simpatia, amizade, o que confunde o empregado e permite ao patrão exercer duplo controle da situação. Esta confusão acarretou a perda da noção do seu verdadeiro papel, de situar-se enquanto cidadão perante a sociedade e promover o seu crescimento em todas as possibilidades. Todavia, acrescentamos às perguntas iniciais, a seguinte indagação: Qual a função social do imaginário do herói, do mito? Qualquer sociedade precisa de mitologia. A mitologia está vinculada a rituais que legitimam figuras públicas ou civis para atuar em certas funções. Por exemplo, a toga magistral legitima um juiz a exercer sua profissão, assim como a faixa presidencial legitima um indivíduo a se tornar presidente. Os filmes, por si só, apresentam atributos mitológicos. Exemplo disso é o fato de muitos atores se tornarem heróis no imaginário popular. Raramente conheceremos um artista famoso, um pop star, somente assistindo-o em filmes, desenhos, histórias ou novelas de ficção. Enfim, segundo Campbell (1993), o motivo disso é que "a pessoa que você vê está no mesmo tempo em algum outro lugar. Esse é um atributo de Deus". Que ainda complementa, "o cinema diferentemente da televisão exige um ritual de transferência para outra realidade, exige um 'templo especial', no caso a sala de cinema". Em uma visão individualista, o herói “superfantástico” é o meio para propagar a ilusão de que o “indivíduo, individualmente”, por exemplo, um presidente ou diretor de uma grande corporação, o prefeito de uma cidade, ou até mesmo o presidente de nosso país, solucionará os problemas sociais, a política, as dificuldades e intempéries de uma organização ou empresa; e não será a sociedade ou a equipe de colaboradores, como uma sincronia, uma engrenagem. Entretanto, em uma visão de coletivo, mais holista, a função social do herói, é nenhuma. Durante o presente trabalho, frisamos, até ironicamente, uma figura “abstrata”, para demonstrar ao final, que somente serve ao individualismo e que não existe solução imediata para os grandes problemas, através de um “super-herói”. O olhar sociológico sobre a empresa desvela dos fenômenos consideráveis para a compreensão de seu futuro. De um lado, a empresa é uma entidade em si que hoje em dia encontra sua força e sua eficiência não mais nas virtudes e nas possibilidades de seus dirigentes, mas no valor criador de seu próprio sistema de funcionamento. De outro lado, autônoma porque se tornou social em seu âmago, a empresa não pode mais limitar sua eficiência unicamente ao lucro econômico, ela 'fabrica’ também emprego, tecnologia, solidariedades, modos de vida, cultura. (SAINSAULIEU, 1997:421-422). “Não basta fazer bem seu trabalho. Devemos fazer bem juntos, estar mobilizados por um objetivo comum”. (KIRSCHNER, A.M., GOMES, E. R. orgs, 1999). É preciso considerar que o sentido da motivação é social: não corresponde a necessidades universais e fundamentais, mas a construções sociais enraizadas nos indivíduos e em grupos complexos. Um indivíduo só se motiva quando sua situação social relativa, sua identidade profissional – a maneira como ele é visto pelos outros – evolui num sentido favorável a seus olhos, de forma que ele se sinta valorizado e reconhecido em sua função. Finalmente, concluímos que a sociedade deve resgatar seus valores coletivos, a visão maior de organização social e sua função e participação, através de seus grupos sociais, classes, instituições políticas diretamente ligadas às estruturas de poder ou mesmo da sociedade civil; movimentos sociais, ou partidos políticos, empresas, corporações, entre outras. Somente desta forma, terá força e eficácia para defender ou resolver as contradições que perpetuam nossa Humanidade. Referências BIROU, Alain. Dicionário das ciências sociais. Lisboa: Dom Quixote, 1976. CAMPBELL, Joseph. O poder do mito. São Paulo: Associação Palas Athena, 1993. COSTA, Maria Cristina Castilho. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 3. Ed. 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