Relatório de Inflação • I Trimestre

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Relatório de Inflação • I Trimestre
2016
4•
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016
Publicação do Banco Nacional de Angola (BNA)
É permitida a reprodução das matérias, desde que mencionada a fonte: Relatório de Inflação.
Eventuais divergências entre dados e totais ou variações percentuais são provenientes de arredondamentos.
Banco Nacional de Angola
Av. 4 de Fevereiro nº 151 - Luanda - Angola
Caixa Postal 1243
Tel.: (+244) 222 679200
www.bna.ao
Objectivo do Relatório de Inflação
No âmbito das atribuições conferidas ao Banco Nacional de Angola, por intermédio da sua Lei Orgânica, Lei n.º 16/10, de 15 de
Julho, para a prossecução da política económica do Executivo, compete-lhe, além da condução, execução, acompanhamento
e controlo das políticas monetária, financeira, cambial e de crédito, velar pela estabilidade do sistema financeiro nacional,
assegurando, com essa finalidade, a função de financiador de última instância. Assim, em virtude desta prerrogativa, impende
sobre o mesmo o dever de elaborar e publicar, com periodicidade regular, Relatórios relativos às suas atribuições, entre os quais
o Relatório de Inflação.
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 5
Índice Geral
SUMÁRIO EXECUTIVO
8
1. Economia Internacional
10
1.1. Crescimento Económico Mundial
10
1.2. Inflação
11
1.3. Mercado Monetário
12
1.4. Mercado das Commodities
13
1.5. Mercado Cambial Internacional
15
2. Economia Nacional
16
2.1. Comércio Externo e Reservas Internacionais
16
2.2. Políticas Macroeconómicas
17
2.2.1. Política Cambial
17
2.2.2. Política e Situação fiscal
19
2.2.3. Política Monetária e Desenvolvimentos Monetários e Financeiros
24
2.3. Actividade Económica Nacional
25
2.3.1. Indicadores da Actividade Económica
25
Produto Interno Bruto
25
3. Inflação
32
Anexo Estatístico
Anexo 1 – Contas Externas
35
Anexo 2 – Contas Monetárias
37
Anexo 3 – Bens e serviços constituintes das Classes do IPC
38
6•
Índice de Tabelas
Tabela 1 – Principais Projecções Económicas do FMI (em %)
10
Tabela 2 - Oferta e Procura Global de Petróleo (em Milhões de barris/dia)
14
Tabela 3 - Principais Rubricas Fiscais, em Kz Milhões (Informação Preliminar)
20
Tabela 4 - Principais Indicadores da Síntese Monetária (em t.v.h., %)
26
Tabela 5 - Agregados Monetários (em t.v.h.)
27
Tabela 6 - Taxas de Crescimento do PIB Real por Sectores de Actividade (em %)
30
Índice de Gráficos
Gráfico 1 - IPC dos Principais Parceiros Comerciais de Angola
11
Gráfico 2 – Venda de Divisas no Mercado Primário
18
Gráfico 3 - Saldos Fiscais (Executados), em Kz Mil Milhões
20
Gráfico 4 - Contribuição das Classes na Inflação Homóloga (em p.p.)
33
Gráfico 5 - Variação de Preços por Província
34
Índice de Painéis
Painel 1 - Taxas de Juro de Referência
12
Painel 2 - Preços de Referência das Commodities Energéticas e Alimentares
15
Painel 3 - Comportamento das principais taxas de câmbio internacionais
16
Painel 4 – Conta de Bens e Reservas Internacionais
17
Painel 5 - Taxas de Câmbio USD/AOA nos Mercados Cambiais
18
Painel 6 - Composição dos Fluxos de Recursos, em Kz Mil Milhões
21
Painel 7 – Composição dos Fluxos de Despesa, em Kz Milhões
22
Painel 8 - Dívida Interna Titulada e Taxas de Juro dos Títulos, em Kz Milhões
23
Painel 9 - Taxas de Juro Directoras e Taxas do Mercado Monetário Interbancário (MMI)
24
Painel 10 - Crédito ao Sector Privado e Distribuição por Sectores de Actividade
26
Painel 11 - Depósitos Totais e Créditos e Depósitos em ME
27
Painel 12 - Taxas de Juro do Crédito Empresarial e a Particulares em MN (em f.d.p.)
28
Painel 13 – Taxas de Juro dos Depósitos a Prazo em MN e ME (em f.d.p.)
28
Painel 14 - Indicadores de Clima Económico e de Confiança (s.r.e.)
29
Painel 15 -Taxas de Crescimento Real do PIB e respectivos contributos dos Sectores de Actividade
31
Painel 16 - Índice de Preços no Consumidor (Taxas de Variação, em %)
32
Painel 17 - Índice de Preços no Consumidor de Bens e Serviços (em t.v.h. e t.v. média)
32
Painel 18 - Índice de Preços no Grossista (Taxas de Variação, em %)
33
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 7
8•
SUMÁRIO EXECUTIVO
O Relatório de Inflação é publicado trimestralmente pelo Banco Nacional de Angola (BNA), tendo como principal objectivo
analisar os desenvolvimentos económicos e financeiros a nível internacional, bem como a conjuntura e as políticas
macroeconómicas nacionais, em particular, as políticas cambial, fiscal e monetária, e o seu impacto na evolução da
inflação. Este relatório pretende ser um meio de comunicação entre o BNA e os agentes económicos, para a partilha de
informação económica e financeira mais recente sobre a economia nacional e internacional.
Na arena internacional, o FMI reviu em baixa as previsões de crescimento da economia mundial para 2016 e 2017 em
menos 0,2 p.p. face à actualização do World Economic Outlook de Janeiro de 2016. Deste modo, espera-se que esta
cresça 3,2% em 2016 e 3,5% em 2017. A principal razão que continua a limitar o crescimento económico mundial é a
lenta recuperação da procura, não obstante o facto de alguns bancos centrais aplicarem estímulos económicos, os baixos
preços do petróleo não impulsionarem o aumento do consumo na magnitude esperada e a necessidade de ajustamentos
estruturais em várias economias emergentes. Entre as economias avançadas, o crescimento deverá continuar a ser
residual e o crescimento das economias emergentes, particularmente dos países exportadores de commodities continua a
ser ameaçado, factores que poderão penalizar o crescimento mundial, não obstante o menor abrandamento da economia
chinesa e a manutenção dos níveis de crescimento da economia indiana.
No I Trimestre de 2016, os preços das commodities energéticas apresentaram o seu nível mais baixo dos últimos anos,
atingindo mínimos abaixo de 30 USD/bbl, quer no caso do WTI, quer no caso do Brent. O preço médio do barril do petróleo
no mercado internacional no I Trimestre de 2016 foi de 35,07 Dólares/barril no caso do Brent e 33,43 USD/bbl no caso
do WTI. As ramas angolanas foram transaccionadas ao preço médio de 31,46 USD/bbl (o que corresponde a uma
diminuição de 22,83% face ao preço médio registado no trimestre anterior), um valor bastante abaixo do preço tomado
como pressuposto na revisão do Orçamento Geral do Estado Angolano (OGE) para 2016 (45 USD/bbl). Para além das
commodities energéticas, as commodities alimentares continuam a ver os seus preços a aprofundar numa tendência de
queda o que, do ponto de vista da economia angolana, que depende em grande parte das importações, acaba por ser um
factor positivo e relativamente atenuante da taxa de inflação galopante registada a nível interno.
A diminuição do preço do petróleo afectou, naturalmente, a conta de bens no trimestre em análise, tendo-se registado
uma redução do seu superavit de 22,83% em termos trimestrais. No entanto, quando analisado em termos homólogos,
regista-se uma melhoria considerável do excedente da conta de bens de 113,56%, devido ao reajustamento mais do
que proporcional das importações face à queda das exportações neste período considerado. Com efeito, as Reservas
Internacionais Brutas diminuíram 6,84% em termos homólogos, atingindo em finais de Março de 2016 um stock de USD
24.242,51 milhões e um rácio de cobertura das importações de bens e serviços de 8,1 meses, continuando acima da meta
da SADC, fixada em 6 meses de importações e do mínimo recomendável pelo FMI, que é de 3 meses.
O I Trimestre de 2016 foi um período rigoroso em termos de condução da política fiscal, devido à queda das receitas do
sector petrolíferas em função da trajectória decrescente do preço do petróleo, que chegou a atingir um mínimo histórico
abaixo dos 30 USD/bbl. Para além disso, o efeito contágio do choque do preço do petróleo para a economia real levou
ao abrandamento da actividade económica, culminando numa redução da receita fiscal não petrolífera. Assim, a política
fiscal implementada manteve-se em linha com a dos trimestres anteriores, focando-se mais assertivamente na contenção
das despesas do exercício e dando continuidade à potenciação das receitas não petrolíferas, através do processo de
reforma tributária em curso. O saldo de caixa final do período foi deficitário em Kz 41.335,65 milhões. À semelhança do
ocorrido em trimestres anteriores, o Tesouro recorreu mais uma vez à emissão de dívida interna titulada para colmatar a
quebra verificada na arrecadação de receitas, o que levou ao aumento do stock de dívida interna titulada de 59,44% em
relação ao trimestre homólogo.
Em termos de política cambial e monetária, o BNA, no que concerne à primeira, voltou a usar como principal instrumento
a desvalorização da moeda nacional aliado a uma intervenção regular de vendas no mercado cambial, no sentido de se
encontrar um equilíbrio e se atenuar a pressão sobre o referido mercado, enquanto a segunda manteve a sua orientação
restritiva em curso desde o ano anterior, de modo a reduzir a liquidez no sistema bancário e atenuar as pressões
inflacionistas e crescentes sobre a economia. Nota-se, em particular, no trimestre em análise, um abrandamento no
crescimento da base monetária restrita em MN ao passar de 61,2% no IV Trimestre de 2015 para 25,5% no I Trimestre de
2016. Este abrandamento foi devido a alguma eficácia atribuída às operações de facilidade permanente de absorção de
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 9
liquidez na maturidade de 7 dias ao longo do período o que, por um lado, contribuiu para a redução dos depósitos livres dos
bancos comerciais e tendo, por outro lado, se observado um abrandamento do crédito às Outras Instituições Financeiras
não Monetárias (de 120,8% no IV Trimestre de 2015 para 80,6% no I Trimestre de 2016).
Dada a dependência da economia face à exportação de petróleo, a economia angolana tem enfrentado uma série de
desafios relacionados com a criação de bases para o crescimento do sector não petrolífero, uma vez que a pequena
indústria transformadora e os restantes sectores económicos, ainda são bastante dependentes das importações. Estas
tornaram-se mais caras devido às desvalorizações da moeda nacional registadas ao longo do período em análise, com o
objectivo de conter a queda desenfreada das RIL o que, de certo modo, contribuiu para o aumento notável dos preços nos
primeiros três meses do ano.
Assim, a taxa de inflação trimestral acelerou 6,14 p.p. para os 10,47% e a taxa de inflação homóloga acelerou 15,74
p.p. para os 23,60% (7,87% em Março de 2015). Contudo, outros factores contribuíram para agravar esta tendência,
destacando-se os sucessivos cortes nos subsídios aos combustíveis, que se traduziram num aumento efectivo dos
respectivos preços para os consumidores o que, por conseguinte, terá contribuído para o aumento dos preços dos
serviços de transportes bem como da energia eléctrica, que acabaram por exercer uma pressão significativa sobre o nível
geral de preços, sem minimizar o crescimento da massa monetária.
10 •
1. Economia Internacional
1.1.
Crescimento Económico Mundial
No Relatório World Economic Outlook (WEO), de Abril de 2016, o Fundo Monetário Internacional (FMI) apresentou novas
projecções macroeconómicas, tendo revisto em baixa as taxas de crescimento para 2016 e 2017, mostrando uma desaceleração
das principais economias avançadas, à excepção dos Estados Unidos da América (EUA). As economias emergentes e em
desenvolvimento também devem desacelerar ao mesmo ritmo (-0,10 p.p.), apesar do elevado nível de crescimento da Índia e
da melhoria no crescimento da China, face aos riscos resultantes da queda dos preços das commodities, especialmente do
petróleo, maiores condicionalismos ao crédito e reduzidos níveis de investimento e de trocas comerciais.
Tabela 1 – Principais Projecções Económicas do FMI (em %)
FMI (Jan’16)
Países/Região
Diferenciais WEO
FMI (Abr’16)
entre Janeiro e Abril de 2016
2013
2014
2015
2016
2014
2015
2016
2017
2015
2016
2017
Economia Mundial
3.30
3.40
3.10
3.40
3.40
3.10
3.20
3.50
0.00
-0.20
-0.10
Economias Avançadas
1.10
1.80
1.90
2.10
1.80
1.90
1.90
2.00
0.00
-0.20
-0.10
EUA
1.50
2.40
2.50
2.60
2.40
2.40
2.40
2.50
-0.10
-0.20
-0.10
Reino Unido
1.70
2.90
2.20
2.20
2.90
2.20
1.90
2.20
0.00
-0.30
0.00
Zona Euro
-0.30
0.90
1.50
1.70
0.90
1.60
1.50
1.60
0.10
-0.20
-0.10
Japão
1.60
0.00
0.60
1.00
0.00
0.50
0.50
-0.10
-0.10
-0.50
-0.40
5.00
4.60
4.00
4.30
4.60
4.00
4.10
4.60
0.00
-0.20
-0.10
China
7.70
7.30
6.90
6.30
7.30
6.90
6.50
6.20
0.00
0.20
0.20
Índia
6.90
7.30
7.30
7.50
7.20
7.30
7.50
7.50
0.00
0.00
0.00
Brasil
2.70
0.10
-3.80
-3.50
0.10
-3.80
-3.80
0.00
0.00
-0.30
0.00
Rússia
1.30
0.60
-3.70
-1.00
0.70
-3.70
-1.80
0.80
0.00
-0.80
-0.20
África Subsariana
5.20
5.00
3.50
4.00
5.10
3.40
3.00
4.00
-0.10
-1.00
-0.70
África do Sul
2.20
1.50
1.30
0.70
1.50
1.30
0.60
1.20
0.00
-0.10
-0.60
Nigéria
5.40
6.30
3.00
4.10
6.30
2.70
2.30
3.50
-0.30
-1.80
-0.70
Economias Emergentes e em
Desenvolvimento
Fonte: Actualização do WEO, FMI, Janeiro de 2016 e WEO, FMI, Abril de 2016.
Para 2016, o FMI prevê uma taxa de crescimento da economia mundial de 3,2%, correspondendo a uma revisão
de menos 0,2 p.p. em relação à previsão de Janeiro do ano corrente, salientando um crescimento de 4,1% para as
economias emergentes e em desenvolvimento (menos 0,2 p.p. em relação à projecção de Janeiro de 2016) e uma
desaceleração do crescimento nas economias da região da África Subsaariana para 3,0% (menos 1,0 p.p. em relação à
previsão de Janeiro). Nas economias avançadas o crescimento económico deverá permanecer modesto (1,9%).
Embora as revisões em baixa tenham ocorrido em vários países, o destaque vai para os países africanos, onde de
acordo com o FMI, é necessário acelerar o ritmo das reformas estruturais destinadas a aumentar a competitividade
e a diversificação das referidas economias. Em muitos países, isto significa melhorar o clima empresarial através da
redução das tarifas aduaneiras, reforma do sector energético e tornar os sectores financeiro e turístico mais sólidos.
A Rússia é outro país negativamente afectado pelos desenvolvimentos no mercado das commodities e que está a ter
igualmente atenção especial do Fundo.
No Brasil, o cenário macroeconómico também é desfavorável, reflectindo a actual crise política, que está a penalizar a
situação económica, pelo facto da confiança dos investidores estar neste momento a ser fortemente abalada, enquanto
as economias mais desenvolvidas continuam a ressentir-se da redução da procura interna e, em alguns casos, da queda
das exportações.
Para 2017, o FMI também reviu em baixa as suas previsões para a economia mundial, esperando um crescimento de
3,5%, valor inferior em 0,1 p.p. face à revisão de Janeiro de 2016, tendo sido afectado pelo crescimento esperado das
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 11
economias avançadas em 2,0% (menos 0,1 p.p.), pelas economias emergentes e em desenvolvimento em 4,6% (menos
0,1 p.p.) e pelas economias da África Subsaariana em 4,0% (menos 0,7 p.p.). Todavia, persistem alguns riscos, pelo
que o FMI propõe uma combinação mais equilibrada de políticas, com vista a melhorar o crescimento e a inflação, sem
negligenciar a estabilidade financeira.
Em relação aos EUA, o crescimento económico previsto para 2017 foi revisto em baixa (menos 0,1 p.p.), para 2,5%. O
FMI destacou como factor a debilidade das perspectivas de longo prazo para o país, pelo facto de a taxa de inflação
continuar baixa, indiciando um menor consumo e uma redução do investimento, inclusive na indústria petrolífera.
Na Zona Euro, o crescimento revisto deverá passar para os 1,6% em 2017 (menos 0,1 p.p. em relação à última revisão
do FMI). Espera-se que nos próximos anos a recuperação da Zona Euro continue modesto dado o enfraquecimento
da procura externa, porém compensado pelos efeitos favoráveis dos baixos preços de energia, por uma expansão
orçamental mais moderada e pelas condições financeiras mais favoráveis.
Adicionalmente, o FMI prevê para 2017 uma contracção da economia nipónica (0,1%), justificada pela queda do consumo
privado, desde o último trimestre de 2015, devido em parte ao aumento da taxa de imposto sobre o consumo em 2,0% e
pela recente apreciação do Iene, que está a penalizar as exportações, a fraca procura dos mercados emergentes.
1.2.Inflação
Em Março de 2016, as economias desenvolvidas continuaram a registar variações de preços reduzidas, mas superiores
em relação ao mesmo período de 2015. No entanto, na Zona Euro as taxas foram inferiores às registadas no trimestre
imediatamente anterior, colocando novamente em evidência os receios de um cenário de deflação, contrariamente aos
EUA onde a inflação no primeiro Trimestre de 2016 foi superior à do IV Trimestre de 2015.
Em Março de 2015, a taxa de inflação homóloga foi nula na Zona Euro (contra os menos 0,10% no período homólogo
de 2015) e de 0,90% nos EUA (contra os menos 0,10% em termos homólogos de 2015). Nos EUA, o Índice de Preços
no Consumidor (IPC) registou uma aceleração em termos trimestrais, em resultado dos serviços de aluguer de carros,
transporte e de saúde. Já na Zona Euro, a aceleração dos preços relativamente ao mesmo período do ano anterior
deveu-se ao aumento dos preços das classes hotéis, cafés e restaurantes e serviços como pacotes de férias e rent-acar e da classe alimentação, álcool e tabaco.
Gráfico 1 - IPC dos Principais Parceiros Comerciais de Angola
12.0
Percentagens
10.0
8.0
6.0
4.0
2.0
I Trimestre 2015
EUA
II Trimestre 2015
Zona Euro
III Trimestre 2015
China
Brasil
IV Trimestre 2015
África do Sul
Mar/16
Fev/16
Jan/16
Dez/15
Nov/15
Out/15
Sep-15
Ago/15
Jul/15
Jun-15
Mai/15
Abr/15
Mar/15
Feb-15
-2.0
Jan/15
0.0
I Trimestre 2016
Fonte: Trading Economics.
Nas economias emergentes também se registou uma tendência de aceleração dos preços, em relação ao mesmo
período do ano anterior, embora se tenha observado uma desaceleração no mês de Março de 2016. A pressão cambial,
a sazonalidade no aumento da procura e a necessidade de ajustes fiscais, pressionaram os preços nestas economias.
Em Março de 2016, a taxa de inflação anual foi de 9,39% no Brasil (contra os 8,13% em termos homólogos de 2015),
apresentando uma tendência ascendente devido ao aumento dos preços da classe alimentos e bebidas, da habitação
e dos transportes. Todavia, em relação ao último trimestre de 2015 observou-se uma desaceleração.
12 •
Na China, a taxa da inflação anual foi de 2,30%, (contra os 1,40% em termos homólogos de 2015), reflectindo o
aumento dos preços dos alimentos durante o feriado do Ano Novo Lunar e do tempo mais frio, bem como o dos produtos
não alimentares e dos serviços. Já na África do Sul, a taxa de inflação anual acelerou para os 6,30% em Março de
2016, acima dos 4,0% observados no período homólogo de 2015, devido ao aumento dos preços de electricidade,
alimentação, bebidas alcoólicas e transportes. Apesar do declínio dos preços das commodities, a pressão cambial e o
seu impacto sobre os produtos importados e os problemas estruturais da África do Sul levaram a que a taxa de inflação
ultrapassasse o limite superior do intervalo definido como meta pelo Banco Central Sul-africano (entre 3% e 6%).
Relativamente às outras economias da SADC, nos últimos 12 meses, o nível geral de preços em Março de 2016 foi
mais alto comparativamente aos meses precedentes, tendo a taxa de inflação homóloga, em relação a 2015, se situado
em 3,0% no Botswana (mais 0,2 p.p.), 22,1% no Malawi (mais 3,9 p.p.), 13,61% em Moçambique (mais 10,5 p.p. em
relação a Março de 2015), 5,4% na Tanzânia (mais 1,1 p.p.) e 22,2% na Zâmbia (mais 15,0 p.p), devido sobretudo à
subida dos preços dos alimentos, bebidas e produtos não-alimentares. Nas Ilhas Maurícias e Seychelles, observou-se
uma desaceleração para 0,9% no primeiro caso (menos 1,3 p.p.) e para menos 3,2% no segundo caso (menos 9,0 p.p.),
em reflexo à queda dos preços dos combustíveis e restaurantes e hotéis.
1.3.
Mercado Monetário
As políticas monetárias dos principais bancos centrais internacionais - Banco Central Europeu (BCE), Banco de
Inglaterra (BoE), Banco do Japão (BoJ), Banco Central do Brasil (BCB) e Banco Central da Rússia - mantiveram o cariz
expansionista no decorrer do I Trimestre de 2016. Já a Reserva Federal Norte-americana (Fed), depois de ter elevado
a taxa de juro de referência em Dezembro de 2015 para o intervalo entre 0,25% e 0,50% (uma média de 0,375%), não
realizou novas subidas durante os primeiros meses de 2016.
A Fed decidiu manter as taxas de juro e conteve as previsões de subida para este ano, devido ao potencial impacto
do abrandamento da economia mundial. Contudo, é expectável que ao longo de 2016 possam ocorrer intervenções da
Fed no mercado monetário norte-americano, aumentando as taxas de juro de forma gradual. Refira-se que a previsão
das taxas fed funds foi actualizada para uma taxa média de 0,875% ao invés do intervalo situado entre os 1,25% e
os 1,50% (uma média de 1,375%), que representam apenas duas subidas este ano, contrastando com quatro subidas
apontadas como possíveis, em Dezembro de 2015.
Painel 1 - Taxas de Juro de Referência
Principais Economias Avançadas
0.60
16.00
0.40
Percentagem
0.30
0.20
0.10
0.00
12.00
8.00
14/01/16
28/01/16
11/02/16
25/02/16
10/03/16
24/03/16
IV Trim 2015
I Trim 2016
EUA
Zona Euro
Reino Unido
Japão
I Trim 2015
II Trim 2015
Brasil
China
III Trim 2015
Rússia
14/01/16
28/01/16
11/02/16
25/02/16
10/03/16
24/03/16
08/10/15
22/10/15
05/11/15
19/11/15
03/12/15
17/12/15
31/12/15
III Trim 2015
08/10/15
22/10/15
05/11/15
19/11/15
03/12/15
17/12/15
31/12/15
02/07/15
16/07/15
30/07/15
13/08/15
27/08/15
10/09/15
24/09/15
II Trim 2015
02/07/15
16/07/15
30/07/15
13/08/15
27/08/15
10/09/15
24/09/15
09/04/15
23/04/15
07/05/15
21/05/15
04/06/15
18/06/15
I Trim 2015
09/04/15
23/04/15
07/05/15
21/05/15
04/06/15
18/06/15
01/01/15
15/01/15
29/01/15
12/02/15
26/02/15
12/03/15
26/03/15
4.00
01/01/15
15/01/15
29/01/15
12/02/15
26/02/15
12/03/15
26/03/15
Percentagem
Principais Economias Emergentes
20.00
0.50
IV Trim 2015
I Trim 2016
Índia
África do Sul
Fonte: Autoridades Monetárias Nacionais.
Na Zona Euro, o BCE reduziu as suas taxas de intervenção e reforçou as suas medidas de estímulo à economia.
Concretamente, na reunião de Março, o BCE optou por baixar as três taxas de juro, cujo corte na taxa de juro de
depósitos, que passou de menos 0,30% para menos 0,40% (menos 10 p.b.), na taxa de cedência de liquidez de 0,30%
para 0,25% (menos 5 p.b.) e na taxa de referência de 0,05% para 0,00% (menos 5 p.b.). O BCE também aumentou as
compras de activos de 60 mil milhões de euros para 80 mil milhões de euros mensais, nas quais passarão também a
ser incluídas as obrigações de empresas.
No Reino Unido, o Banco de Inglaterra decidiu manter inalterada a sua taxa directora em 0,50% e o programa de
compra de activos em 375 mil milhões de libras, devido à conjuntura internacional desfavorável e os reduzidos níveis
de crescimento e inflação no país. O Banco Central alertou ainda que a incerteza em torno do Brexit poderá afectar a
procura interna e penalizar ainda mais a evolução da moeda, a Libra.
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 13
No caso japonês, o Banco do Japão logo no início do Trimestre introduziu o conceito de taxas de juro negativas,
colocando em menos 0,1% a taxa de juro sobre as reservas excedentárias em Janeiro de 2016, quando o seu nível
anterior era de 0,1%, representando uma descida de 20 p.b.. A decisão teve como objectivo estimular o crescimento
e combater a deflação no actual contexto de incerteza. Com esta medida esperava-se que o iene depreciasse, o que
tenderia a reflectir-se em preços dos bens importados mais elevados, no entanto, verificou-se uma apreciação do iene
nos primeiros meses do ano, devido à maior procura desta moeda por ser considerada moeda de refúgio.
No bloco económico dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), houve alterações a nível das taxas
directoras do Banco Central da África do Sul (SARB), enquanto os Bancos Centrais do Brasil, da Rússia, da Índia e da
China mantiveram as suas taxas directoras inalteradas durante o I Trimestre do ano.
Na África do Sul, a SARB subiu a sua taxa de juro de referência em 50 p.b. para 7,0%, reflectindo a preocupação com
a tendência crescente de pressão sobre a inflação que já se encontra fora do intervalo de 3,0% e 6,0%. A taxa de
inflação de Março de 2016 foi de 6,3% na África do Sul, tendo diminuído face aos 7,20% no mês anterior, em linha com
as expectativas do mercado, com uma desaceleração no custo final da gasolina. A maior pressão proveio dos preços
dos alimentos e bebidas não alcoólicas que registaram um aumento de 9,5% no mês de Março, contra os 7,0% em
Fevereiro (frutas, pão e cereais, açúcar, doces e sobremesas e óleos e gorduras, foram os bens que observaram maior
aumento de preço nesta classe); seguido dos preços da habitação e serviços públicos em 6,4% no mês Março, contra
os 6,6% em Fevereiro, devido principalmente às rendas para habitação.
No Brasil, o Comité de Política Monetária (Copom), manteve a taxa de juro Selic nos 14,25%, em linha com as
expectativas do mercado, e informou que não deverá cortar a Selic tão cedo apesar da fragilidade na economia
brasileira (associada à instabilidade política) e dos níveis elevados da taxa de inflação.
Na Rússia, o Banco Central, apesar da descida da taxa de inflação, não introduziu alterações a nível da taxa de
referência, mantendo a sua taxa básica (Key rate) em 11,00%, por considerar que os riscos de inflação permanecem
elevados, que decorrem dos actuais desenvolvimentos no mercado petrolífero e de algumas incertezas em torno do
Orçamento do Estado. O Banco Central da Rússia prevê que, de acordo com esta decisão, a inflação homóloga seja
aproximadamente de 6,0% em Março de 2017, para atingir a meta de 4% no final de 2017.
Na China, o Banco Popular não alterou a taxa de juro de referência, mantendo-a em 4,35%, mas reduziu o coeficiente
de reservas obrigatórias em 5 p.b. para os 17,0% nos maiores bancos do país, no quadro do aumento da flexibilização
da política monetária em 2016. Com esta medida, que se tornou efectiva apenas em Março, o Banco Popular da China
pretende aumentar a liquidez disponível no sistema bancário de forma a incentivar o recurso ao crédito na economia.
Relativamente aos países da região da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), excluindo a
África do Sul, no I Trimestre de 2016, os bancos centrais mantiveram as suas taxas de juro de referência, com excepção
de Angola, Suazilândia, Namíbia e Moçambique. Em particular, o Banco Central de Moçambique elevou a taxa de
juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez de 9,75% para os 10,75% (mais 1,0 p.p.) e a da Facilidade
Permanente de Depósitos de 3,75% para os 4,25% (mais 0,5 p.p.), para combater a inflação, que se agudizou devido
à redução da oferta de produtos agrícolas em consequência da seca que assolou o país, à depreciação do Metical e
ao agravamento dos preços na África do Sul. Por seu turno, o Banco Central da Namíbia subiu a sua taxa de juro de
referência de 6,25% para 6,75%, mais 0,25 p.p. e o Banco da Suazilândia elevou a sua taxa de juro em 0,75 p.p. para
os 6,5%, resultante do efeito de subida da taxa de juro levada a cabo pelo Banco Central da África do Sul, por duas
vezes em 2016, de modo a travar a fuga de capitais e preservar as suas reservas.
1.4.
Mercado das Commodities
No I Trimestre de 2016, os preços das commodities registaram um comportamento crescente, levando a que o trimestre
ficasse marcado como um período de retoma da tendência de subida dos preços das principais matérias-primas,
embora em termos médios os preços continuem abaixo dos registados no período homólogo e no IV Trimestre de 2015.
Os ganhos foram sentidos essencialmente no final do trimestre, sendo estes associados às questões climatéricas no
grupo da agricultura, enquanto os preços dos metais apresentaram uma subida devido à melhoria da actividade dos
sectores da transformação e da construção na China e ao sinal da Fed de que não subirá tão depressa as suas taxas de
14 •
juro de referência. Em síntese, as commodities foram influenciados positivamente pelos constrangimentos na oferta,
pelo aumento da procura e pelos sinais da Fed em relação à taxa de juro conforme foi referido anteriormente.
De acordo com os dados da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), a procura global por petróleo no
I Trimestre de 2016 foi de 93,10 Mb/d, tendo subido 1,10 Mb/d em termos homólogos, com a procura por petróleo nos
países da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) a aumentar 0,20 Mb/d para 46,60 Mb/d
e fora da OCDE a aumentar em 0,90 Mb/d, fixando-se nos 46,50 Mb/d.
Do lado da oferta global, registou-se um aumento de 1,50 Mb/d em termos homólogos, em resultado do aumento da
oferta dos países da OPEP em 1,30 Mb/d para 32,30 Mb/d em termos homólogos de 2015, uma vez que os países fora
da OPEP reduziram a sua oferta em 0,10 Mb/d, passando para 57,10 Mb/d.
Em termos trimestrais, a procura global registou uma redução de 0,90 Mb/d, contra uma redução da oferta de 0,30
Mb/d em relação ao último trimestre de 2015.
Tabela 2 - Oferta e Procura Global de Petróleo (em Milhões de barris/dia)
2015
2016
II Trim
III Trim
IV Trim
Anual
(P)
(P)
(P)
(P)
46.60
45.50
46.70
46.50
46.40
46.80
46.50
47.80
48.40
48.70
47.80
93.00
93.10
93.30
95.10
95.20
94.20
32.20
31.80
32.30
…
…
…
…
57.40
57.10
57.10
56.10
56.00
56.50
56.40
6.20
6.30
6.10
6.30
6.30
6.30
6.40
6.30
95.50
96.00
95.10
95.70
…
…
…
…
I Trim
II Trim
III Trim
IV Trim
Anual
I Trim
Países da OCDE
46.40
45.40
46.50
46.30
46.20
Países Fora da OCDE
45.60
46.60
47.40
47.70
Procura Global
92.00
92.00
93.90
94.00
Países da OPEP
31.00
31.90
32.20
Países Fora da OPEP
57.20
56.80
57.10
OPEP Gás Natural
6.00
6.10
Oferta Global
94.20
94.80
Fonte: OPEP, Monthly Oil Market Report, 13 Abril de 2016.
Entre 31 de Dezembro de 2015 e 31 de Março de 2016, os preços do petróleo Brent e WTI aumentaram 6,22% e 3,51%, tendo
atingido em Março 39,75 USD/bbl e 37,91 USD/bbl, respectivamente, de acordo com os dados da Bloomberg. O aumento dos
preços do petróleo deveu-se ao esgotamento da capacidade das refinarias no continente asiático, à expectativa de um acordo
sobre o congelamento na produção petrolífera por parte dos países exportadores de petróleo bruto (nomeadamente, Arábia
Saudita e Rússia), à ocorrência das interrupções não previstas nos países dentro e fora da OPEP (Kuwait, Iraque, Nigéria,
Brasil, Venezuela entre outros) ao facto da evolução das reservas de petróleo internas que estiveram aquém das expectativas
dos EUA e ao reforço dos estímulos do Banco Popular da China à economia. Contudo, o preço do petróleo WTI foi inferior ao
preço do petróleo Brent, dado que o preço do WTI ainda está sob o efeito do desequilíbrio entre a oferta e a procura e o facto
da evolução das reservas de petróleo estar aquém das expectativas nos EUA.
O preço médio do barril do petróleo no mercado internacional no I Trimestre de 2016 foi de 35,07 USD/barril para o
Brent e 33,43 USD/bbl para o WTI. As previsões de 12 de Abril de 2016 da Agência de Informação de Energia dos EUA
(EIA) indicam que os mesmos deverão situar-se, em termos médios do ano, entre 34 USD/bbl em 2016 e 40 USD/bbl em
2017. Importa referir que, além da relação entre a oferta e a procura de matérias-primas no mercado de bens, o facto do
Euro e do Dólar serem ainda as principais moedas de reserva e as mais transaccionadas nos mercados internacionais
- inclusive para a compra e venda de matérias-primas - torna os preços das commodities mais sensíveis a variações
cambiais destas duas moedas. Neste contexto, o facto de a Fed estar a adiar a subida das taxas de juro de referência
(apesar dos Bancos Centrais da Zona Euro e do Japão estarem a implementar políticas monetárias expansionistas),
e o efeito líquido positivo dos activos denominados em dólares, contribuíram para que a moeda norte americana se
depreciasse, contribuindo para o aumento dos preços das commodities.
No caso específico das ramas angolanas, estas atingiram 36,11 USD/bbl em Março (mais 2,75%), acompanhando
naturalmente a tendência dos preços de referência (Brent). Em termos médios no trimestre, estas foram transaccionadas
a um preço médio de 31,46 USD/bbl, ficando abaixo do preço tomado como pressuposto para a elaboração do Orçamento
Geral do Estado Angolano (OGE) para 2016 (45 USD/bbl). Adicionalmente, o seu preço médio trimestral corresponde a
uma diminuição de 38,73% face ao preço médio registado no I Trimestre do ano anterior.
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 15
Painel 2 - Preços de Referência das Commodities Energéticas e Alimentares
I Trim. 2015
II Trim. 2015 III Trim. 2015 IV Trim. 2015 I Trim. 2016
Ramas Angolanas
WTI
Spread Brent/WTI
I Trim 2015
Brent
Spread Brent/Ramas Angolanas
II Trim 2015
IV Trim 2015
Fev-16
Mar-16
Jan-16
Dez-15
Nov-15
Set-15
III Trim 2015
I. P. dos Bens alimentares (ELE)
I. P. dos Laticínios (ELD)
I. P. do Açúcar (ELD)
Out-15
Jul-15
120
Ago-15
140
Jun-15
160
Abr-15
160
Fev-15
200
Mar-15
Fev-16
Mar-16
Jan-16
Dez-15
Nov-15
Set-15
Out-15
Jul-15
Ago-15
Jun-15
Abr-15
Mai-15
Fev-15
25
Mar-15
35
240
180
Jan-15
45
Índices de Preços dos Bens Alimentares da FAO
200
Spreads USD
55
Jan-15
USD/Barril
65
10
8
6
4
2
0
-2
-4
Mai-15
Preços de Petróleo de Referência
75
I Trim 2016
I. P. da Carne (ELD)
I. P. dos Óleos Vegetais (ELD)
I. P. dos Cereais (ELD)
Fonte: Bloomberg (Brent e WTI), DES/BNA (Ramas angolanas) e Food and Agriculture Organization (FAO).
No que concerne às commodities alimentares, o Índice de Preços dos Alimentos da Organização da Agricultura e
Alimentação das Nações Unidas (FAO) situou-se em 151,0 pontos em Março de 2016 (150,0 pontos em termos médios
do I Trimestre de 2016), o que representa uma queda de 14,51% face ao período homólogo do ano passado, em
resultado da queda generalizada de todos os índices de preços que o compõem.
A queda dos preços dos produtos alimentares reflecte vários aspectos, tais como: a forte concorrência e uma
perspectiva favorável do lado da oferta de cereais na nova temporada; o arrefecimento da procura por produtos lácteos,
especialmente por parte da China e o excesso de oferta para exportação, perspectivas de boas colheitas e de um
aumento de produção de açúcar, das matérias-primas utilizadas na produção de óleos. No entanto, o mau tempo no
Brasil e o prolongamento do tempo seco na Malásia e na Indonésia, que afectaram a produção açúcar do Brasil e de
óleos vegetais provenientes da Ásia, conduziram a um aumento dos índices de preços destes dois produtos.
1.5.
Mercado Cambial Internacional
O facto de a Reserva Federal norte-americana estar a adiar sucessivamente o aumento das taxas de juro de referência,
o aumento do défice da balança comercial dos EUA em Dezembro de 2015 e o bom desempenho das indústrias da Zona
Euro e da Alemanha 1 foram factores que reverteram a favor da moeda europeia, tendo o Dólar depreciado face ao Euro
4,52% no I Trimestre de 2016.
De forma semelhante, o Dólar continuou a depreciar-se frente ao Rand e ao Renminbi em 5,11% e 0,62%,
respectivamente. No caso Sul-africano, o Rand apreciou-se frente ao Dólar norte-americano, reflectindo a expectativa
de aumento das taxas de juro de referência e a melhoria do índice de confiança empresarial. Em relação à China, o
Renminbi apreciou-se face à moeda norte-americana, devido à intervenção do Banco Popular da China para apreciar
a moeda, numa altura em que ocorreu uma redução de saída de capitais e consequente menor redução do nível de
reservas internacionais do que o esperado.
Contrariamente, em termos homólogos, as apreciações do Dólar foram de 21,01% em relação ao Rand e de 4,10% em
relação ao Renminbi. Em relação ao Euro, o Dólar norte-americano depreciou 5,76% em termos homólogos.
O Dólar norte-americano depreciou-se frente ao Real em 9,31% em termos trimestrais, no entanto, em termos
homólogos, manteve a tendência de apreciação em relação à moeda brasileira (12,37%). Particularmente, no I
Trimestre de 2016, a moeda brasileira continuou a registar uma apreciação, devido à perspectiva de saída da crise
política, com discussões na Câmara e no Senado sobre a possibilidade de mudança do governo brasileiro, com a saída
de Dilma Rousseff do cargo de presidente do Brasil. Estes acontecimentos estão a contribuir para a apreciação da
moeda brasileira devido à expectativa positiva dos investidores quanto à melhoria da situação económica e da retoma
da confiança dos investidores estrangeiros, como peça adicional e importante no xadrez.
1
Espelhados na evolução dos Índices de Gestores de Compras (PMI)), cuja referência positiva é de 50,0 pontos.
16 •
Painel 3 - Comportamento das principais taxas de câmbio internacionais
5.00
1.00
4.50
0.95
6.6
18.00
17.00
6.5
3.50
0.85
3.00
0.80
6.4
15.00
6.3
14.00
13.00
6.2
USD/Renminbi
0.90
USD/ZAR
4.00
USD/EUR
USD/REAL
16.00
12.00
I Trim 2015
II Trim 2015
USD/REAL
IV Trim 2015
USD/EUR
I Trim 2016
6.1
11.00
10.00
I Trim 2015
II Trim 2015
III Trim 2015 IV Trim 2015
USD/ZAR
31/03/16
29/02/16
29/01/16
30/11/15
31/12/15
30/10/15
30/09/15
31/08/15
31/07/15
30/06/15
29/05/15
30/04/15
31/03/15
6
27/02/15
30/01/15
31/03/16
29/02/16
29/01/16
11/30/15
12/31/15
9/30/15
III Trim 2015
10/30/15
8/31/15
7/31/15
6/30/15
5/29/15
4/30/15
0.70
3/31/15
2.00
2/27/15
0.75
1/30/15
2.50
I Trim 2016
USD/Renminbi
Fonte: Bloomberg
O mercado cambial dos países da região da SADC, no I Trimestre de 2016, apresentou-se heterogéneo. Do lado das
depreciações, destacaram-se as seguintes moedas: o Kwanza de Angola (18,74%), Metical de Moçambique (7,08%),
a Rúpia das Seychelles (2,76%), o Kwacha do Malawi (2,44%) e o Shilling da Tanzânia (1,73%). Quanto ao lado das
apreciações, observaram-se as seguintes moedas: Rand da África do Sul, Loti do Lesoto, Dólar da Namíbia e Lilangeni
da Suazilândia (5,11%), Pula do Botswana (apreciação de 3,63%) e Rúpia das Maurícias (2,09%). Por fim, verificouse uma manutenção do valor das seguintes moedas: o Ariary de Madagáscar, o Franco Congolês (RDC) e o Kwacha
da Zâmbia. No entanto, nos últimos 12 meses, a maioria das moedas dos países da região da SADC, exceptuando a
República Democrática do Congo, as ilhas Maurícias e Seychelles, depreciaram, sobretudo, em resultado da queda dos
preços das commodities energéticas (petróleo no caso de Angola), minerais (carvão e alumínio no caso de Moçambique,
cobre (no caso da Zâmbia), platina e ouro (no caso da África do Sul) e bens alimentares em especial produtos agrícolas
(no caso do Malawi, Tanzânia e Moçambique), conduzindo a uma deterioração da posição externa dos países e uma
pressão sobre a balança de pagamentos e reservas internacionais. Adicionalmente, o agravamento das condições de
crédito a nível mundial, relacionadas com a possível subida das taxas de juro nos EUA, poderá causar um maior fluxo
de saída de capitais, sobretudo para a África do Sul.
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 17
2. Economia Nacional
2.1. Comércio Externo e Reservas Internacionais
No I Trimestre de 2016, as transacções comerciais com o exterior permitiram obter um excedente de USD 2.104,06
milhões na Conta de Bens, o que representa uma diminuição em termos trimestrais de 22,83% (mas mais 113,56%
em termos homólogos). A principal razão dessa redução prende-se mais uma vez com a redução das exportações
petrolíferas associadas à queda dos preços do petróleo no mercado internacional. O valor das exportações petrolíferas
diminuiu 22,50% em termos trimestrais (menos 38,55% em termos homólogos), apesar das quantidades exportadas de
petróleo se terem mantido em 154 Mb face ao mesmo período de 2015.
De realçar que, no I Trimestre de 2016, o peso das exportações petrolíferas sobre as exportações totais de bens diminuiu
2.40 p.p. face ao mesmo período de 2015, apresentando ainda assim um peso de 93,38% do total das exportações de
bens.
Por sua vez, as importações diminuíram 21,87% face ao trimestre anterior (menos 57,39% face ao trimestre
homólogo) devido à redução das importações de alimentos, combustíveis e outros bens em 37,03%, 28,61% e
15,97%, respectivamente, em termos trimestrais (em menos 39,99%, 58,95% e 59,76% respectivamente, em termos
homólogos). A redução da oferta de divisas no mercado, em consequência da quebra das exportações, tem limitado a
capacidade de importação de bens e serviços, o que justifica a sua redução.
0
I Trim 15
Exportações
II Trim 15
III Trim 15
Importações
IV Trim 15
I Trim 16
Conta de Bens
Fev/16
Mar/16
Jan/16
Dez/15
Nov/15
Set/15
Out/15
Jul/15
Ago/15
Jun/15
Abr/15
2.000
Mai/15
4.000
Fev/15
6.000
Rácio de Cobertura das Importações
Mar/15
8.000
USD Milhões
USD Milhões
10.000
28.000
27.000
26.000
25.000
24.000
23.000
22.000
21.000
20.000
Jan/15
Saldo da Conta de Bens
12.000
9.00
8.50
8.00
7.50
7.00
6.50
6.00
5.50
5.00
Meses de Importação
Painel 4 – Conta de Bens e Reservas Internacionais
I Trim 2015 II Trim 2015 III Trim 2015 IV Trim 2015 I Trim 2016
Reservas Brutas
Rácio de Cobertura das Importações
Fonte: BNA/DES
Em termos de estrutura, no I Trimestre de 2016, os EUA, Portugal e China foram os países com maior peso sobre o total
das importações, representando 14,48%, 12,21% e 12,20% do total, respectivamente. Em termos homólogos do ano
anterior, destaca-se os EUA com um aumento no seu peso de peso de 9,14 p.p..
Em relação às Reservas Brutas, os dados preliminares mostram que estas apresentaram em finais de Março de 2016
um stock de USD 24.402,57 milhões, representando uma queda de 1,22% em termos trimestrais e de 6,23% em
termos homólogos. Paralelamente, o stock das Reservas Internacionais Líquidas (RIL) registou uma subida em termos
trimestrais de 1,03% e uma queda em termos homólogos de 5,18%, alcançando o valor total de USD 24.296,69 milhões
em finais de Março de 2016. Em termos trimestrais, a tendência de queda das reservas continua relacionada com a
significativa redução das receitas de exportação de petróleo.
Não obstante a tendência em geral de redução das Reservas Internacionais, o rácio de cobertura das importações
aumentou, atingindo 8,2 meses de importações de bens e serviços em Março de 2016, contra 8,0 meses de importações
de bens e serviços em Dezembro de 2015, continuando acima da meta da SADC de 6,0 meses.
Em síntese, a diminuição acentuada das exportações de petróleo continua a penalizar a conta externa, no entanto,
nota-se também um ajustamento das importações, projectando-se que as reservas internacionais permaneçam em
2016 em níveis confortáveis, 8,0 meses de importações, apesar das incertezas no cenário externo, sobretudo no
mercado das commodities, sobretudo do petróleo.
18 •
2.2. Políticas Macroeconómicas
2.2.1. Política Cambial
No I Trimestre de 2016, o Banco Nacional de Angola (BNA) disponibilizou aos bancos comerciais, em leilões no
mercado primário, recursos cambiais orçados em USD 1.785,62 milhões, resultando numa diminuição de 52,70% face
ao IV Trimestre de 2015 e de 59,19% face ao período homólogo de 2015. Por sua vez, os bancos comerciais adquiriam
dos seus clientes USD 558,44 milhões no I Trimestre de 2016, contra os USD 571,06 milhões adquiridos no trimestre
anterior, representando uma queda de 2,21% e de 9,08% face ao período homólogo do ano anterior. Em termos totais,
as divisas vendidas aos bancos diminuíram 46,07% no I Trimestre de 2016 e 53,02% face ao I Trimestre de 2015,
passando de USD 4.346,31 milhões no IV Trimestre de 2015 para USD 2.344,06 milhões no I Trimestre de 2016.
No que respeita ao mercado cambial interbancário, os bancos comerciais transaccionaram um montante de USD
2.344,11 milhões no trimestre em análise contra USD 4.346,81 milhões no IV Trimestre de 2015 (e USD 4.992,00
milhões no I Trimestre de 2015), representando menos 46,07% em termos trimestrais e 53,04%, em termos homólogos.
O total executado da venda de divisas dos bancos comerciais aos seus clientes, caiu 37,33% no I Trimestre de 2016
(e 51,57% face ao período homólogo do ano anterior), para USD 2.416,93 milhões, dos quais 53,49% destinados a
operações de mercadorias, 36,44% a invisíveis e 0,95% a capitais. Observou-se, no I Trimestre de 2016, um aumento
em 4,43 p.p. no peso das vendas destinadas às operações de invisíveis e aumento em 5,68 p.p. em termos homólogos
do ano anterior. Por sua vez, no I Trimestre de 2016 as casas de câmbio venderam aos seus clientes um montante de
USD 29,76 milhões, traduzindo-se numa diminuição de 76,63% face ao trimestre anterior e 57,40% face ao trimestre
homólogo de 2015.
I Trim 2015
III Trim 2015
IV Trim 2015
Mar/16
Fev/16
550,49
741,91
493,22
Jan/16
Dez/15
Nov/15
Out/15
Set/15
1.048,22
1.176,03
1.551,00
1.874,67
1.115,70
Ago/15
960,00
II Trim 2015
Jul/15
Jun/15
Mai/15
Abr/15
1.283,26
1.348,48
1.381,30
Mar/15
1.645,00
Fev/15
Jan/15
1.349,46
USD Milhões
2.166,27
Gráfico 2 – Venda de Divisas no Mercado Primário
I Trim 2016
Fonte: BNA/DES
Entre Dezembro de 2015 e Março de 2016, continuou a verificar-se uma desvalorização do Kwanza em relação ao Dólar
norte-americano em quase todos os mercados, com destaque para as casas de câmbio.
Especificamente, a taxa de câmbio do Dólar face ao Kwanza no mercado primário registou uma desvalorização de
18,74% em termos trimestrais (48,78% em termos homólogos), tendo-se depreciado no mercado secundário de divisas
em 18,24% (49,40%, em termos homólogos) e de notas em 21,39% (59,57% em termos homólogos). Nas casas de
câmbio, a moeda desvalorizou em 37,48% (122,66% em termos homólogos).
Painel 5 - Taxas de Câmbio USD/AOA nos Mercados Cambiais 2
Taxa de Câmbio Real (Oficial)
Taxas de Câmbio nos vários mercados
100
250
95
210
90
USD/AOA
170
130
75
Mar/16
Fonte: BNA/DES
Para informações mais detalhadas ver Anexo Estatístico no final deste Relatório.
I Trim 2015
II Trim 2015
III Trim 2015
IV Trim 2015
I Trim 2016
Mar-16
Jan-16
Fev-16
Dez-15
Mercado Secundário (Divisas)
Casas de Câmbio
70
Out-15
I Trim 2016
Nov-15
Fev/16
Set-15
Mercado Primário (Taxa Referência)
Mercado Secundário (Notas)
Jan/16
Ago-15
IV Trim 2015
Dez/15
Jul-15
Nov/15
Jun-15
Out/15
Mai-15
Mar/15
Abr-15
Fev/15
Mar-15
Jan/15
I Trim 2015
2
80
Jan-15
90
85
Fev-15
USD/AOA
290
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 19
Relativamente à taxa de câmbio do Euro face ao Kwanza (EUR/AOA) a moeda nacional registou uma desvalorização
de 21,44% em termos trimestrais e 53,60% em termos homólogos; e em relação à taxa de câmbio do Rand face ao
Kwanza (ZAR/AOA) a moeda nacional valorizou-se em 24,12% face ao Trimestre anterior, e em 21,21% em termos
homólogos.
Finalmente, verificou-se que o Kwanza em termos reais no mercado oficial se desvalorizou em 8,23% em termos
trimestrais e 21,45% em termos homólogos, ao passar de 85,08 Kz em Dezembro de 2015 para 92,08 Kz em Março de
2016. Por sua vez, o Kwanza em termos reais no mercado informal também se desvalorizou, mas em níveis superiores
aos da taxa de câmbio oficial.
2.2.2. Política e Situação fiscal
O I Trimestre de 2016 foi um período desafiante em termos de condução da política fiscal, devido ao agravamento das
condições de captação de receitas no sector petrolífero em função de um preço do petróleo que chegou a atingir um
mínimo histórico abaixo dos 30 USD/bbl. Para além disso, o efeito contágio do choque do preço do petróleo para a
economia real levou ao abrandamento da actividade económica, culminando numa redução da receita não petrolífera.
Assim, a política fiscal manteve-se na mesma linha da que já havia sido implementada nos trimestres anteriores,
focando-se mais assertivamente na contenção das despesas do exercício e dando continuidade à potenciação das
receitas não petrolíferas, através do processo de reforma tributária que tem vindo a ser implementado.
No I Trimestre do ano, as exportações de petróleo rondaram os 163,36 milhões de barris de petróleo bruto (1,04%
acima do programado no Plano de Caixa), a um preço médio de 32,11 USD/bbl (1,53% abaixo do programado) e a taxa
de câmbio média situou-se em USD/Kz 155,36 (3,65% acima do programado).
20 •
Tabela 3 - Principais Rubricas Fiscais, em Kz Milhões (Informação Preliminar)
I Trimestre 2015
Receitas do Período
I Trimestre 2016
(Prel.)
Var. Homóloga
(%)
Grau de
Execução (%)
954,997.07
774,773.19
-18.87
82.13
115,012.65
0.00
-100.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
519,624.59
394,939.21
-24.00
79.57
Receitas petrolíferas
210,127.20
137,817.80
-34.41
75.06
Receitas não petrolíferas
307,228.83
256,956.40
-16.36
83.52
Saldos Livres Ac. No Período Anterior
Receitas de Exercícios e Períodos Anteriores
Receitas Fiscais (Correntes)
Receitas de Capital
2,268.56
165.02
-92.73
3.25
320,359.83
379,833.98
18.56
84.96
25,615.54
26,702.18
4.24
118.59
Disponibilidades líquidas
929,381.53
748,071.01
-19.51
81.24
Despesas do Período
845,500.37
587,693.76
-30.49
64.37
Despesas do Ex. Anterior (Restos a Pagar)
112,131.02
0.00
-100.00
0.00
Despesas de Períodos Anteriores
119,929.60
0.00
-100.00
0.00
Despesas Correntes
396,199.21
191,491.01
-51.67
43.15
Despesas de Capital
35,199.79
2,049.11
-94.18
3.35
Serviço da Dívida
182,040.74
394,153.64
116.52
96.58
Juros da Dívida
23,703.64
51,819.63
118.61
66.98
83,881.16
160,377.25
Receitas de Financiamento
Receitas Consignadas
Saldo do Período
Saldo Transitado
0.00
-201,712.90
83,881.16
-41,335.65
Saldo Corrente
123,425.38
203,448.21
Saldo Primário não Petrolífero
-76,926.86
101,081.26
159.91
163.36
2.16
101.04
44.73
32.11
-28.21
98.47
139.00
155.36
11.77
103.65
Saldo de Caixa Final
Pressupostos:
Exportações de Petróleo Bruto (Milhões de
barris)
Preço médio de petróleo (USD/barril)
Taxa de câmbio (USD/Kz)
1) Na nova estrutura, aplicada a partir do início do IV Trimestre de 2015, os Saldos livres acumulados no período anterior e as
Receitas de períodos anteriores não são tidos em conta enquanto Receitas do Período, mas sim enquanto Receitas Transitadas
para efeitos de cálculo do Saldo Transitado.
2) Na nova estrutura, as Despesas do exercício e do período anterior não são tidas em conta enquanto Despesas do Período, mas
sim enquanto Despesas Transitadas para efeitos de cálculo do Saldo Transitado.
Fonte: MINFIN, Planos de Caixa dos meses de Janeiro, Fevereiro e Março de 2015 e 2016
A informação preliminar dos Planos de Caixa referentes aos três primeiros meses de 2016 dá conta de um Saldo do
Período positivo de Kz 160.377,25 milhões, o que corresponde a uma melhoria de 91,20% face ao Saldo do Período
referente ao I Trimestre de 2015. Esta melhoria do Saldo do Período relativamente ao período homólogo de 2015 deveuse à redução em maior escala das Despesas do Período (menos 30,49%) face às Receitas do Período (menos 19,51%).
Seguindo a mesma tendência de trimestres passados, a Receita do Período continua a ser sustentada em grande parte
por receitas de financiamento, de forma a ser possível colmatar a quebra verificada na arrecadação de receitas fiscais.
No entanto, a existência de um Saldo Transitado 3 deficitário em Kz 201.712,90 milhões fez com que o Saldo de Caixa Final
fosse também deficitário, situando-se Kz 41.335,65 milhões. Por outro lado, o reajustamento das despesas do período face à
3
Saldo Transitado corresponde à diferença entre Receitas e Despesas transitadas de períodos e exercícios anteriores, e que foi introduzido através da Nova Estrutura das Contas Fiscais
implementada a partir de Setembro de 2015.
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 21
arrecadação de recursos no período tem vindo a ser feito por parte do Tesouro, de forma a haver coerência e cabimentação
para as despesas. Com efeito, regista-se um Saldo Corrente superavitário na ordem de Kz 203.448,21 milhões.
O Saldo Primário Não Petrolífero, ou seja, o Saldo Primário deduzindo as receitas petrolíferas, foi superavitário em Kz
101.081,26 milhões, devido não só à contínua diminuição do peso destas receitas no total, mas também ao facto da
diminuição das receitas fiscais ter sido contrabalançada com o recurso à emissão de dívida titulada.
Gráfico 3 - Saldos Fiscais (Executados), em Kz Mil Milhões
250.00
200.00
150.00
100.00
50.00
-50.00
-100.00
-150.00
-200.00
Kz Mil Milhões
I Trim. 15 II Trim. 15 III Trim. 15 IV Trim. 15 I Trim. 16
Saldo de Caixa Final Saldo Corrente Saldo Primário Não petrolífero
Fonte: MINFIN
Receitas do Período
No I Trimestre de 2016, as Receitas do Período diminuíram 18,87% face ao I Trimestre de 2015, situando-se nos Kz
774.773,19 milhões, o que corresponde a uma taxa de execução de 82,13% face ao programado no Plano de Caixa. As
Disponibilidades Líquidas 4, que excluem as Receitas Consignadas do total das Receitas do Período, diminuíram 19,51%
face ao mesmo período do ano anterior, fixando-se nos Kz 748.071,01 milhões, registando uma taxa de execução de
81,24% do programado.
A fraca performance das Receitas do Período deveu-se à redução de 34,41% das receitas de exportações de petróleo,
devido à forte queda do preço internacional do petróleo que influenciou o preço das ramas angolanas. A taxa de
execução das receitas petrolíferas ficou bastante aquém do programado, situando-se nos 75,06%. As receitas da
Concessionária foram as mais afectadas, com uma queda de 67,49% em termos homólogos, tendo-se executado
apenas 28,60% do programado. Por outro lado, as receitas das Outras Companhias executaram quase 20% acima do
programado, mas não foi suficiente para compensar a fraca execução das receitas da Concessionária.
Painel 6 - Composição dos Fluxos de Recursos, em Kz Mil Milhões
Receitas Correntes
Componentes de Fluxos de Recursos
600.00
Kz Mil Milhões
Kz Mil Milhões
1.500.00
1.000.00
500.00
-
I Trim. 15
II Trim. 15
III Trim. 15
IV Trim. 15
Receitas de Exercícios e Períodos Anteriores
Desembolsos de Financiamentos
Receita Fiscal do Período
Saldos L. Acum. no Período Anterior
Disponibilidades Líquidas
I Trim. 16
500.00
400.00
300.00
200.00
100.00
-
I Trim. 15
II Trim. 15
Receitas Petrolíferas
III Trim. 15
IV Trim. 15
I Trim. 16
Receitas Não Petrolíferas
Fonte: MINFIN
Por sua vez, as receitas não petrolíferas 5 diminuíram 16,36% face ao trimestre homólogo de 2015, situando-se nos Kz
256.956,40 milhões (com uma execução de 83,52% face ao programado). Esta quebra na arrecadação de receitas não
petrolíferas relaciona-se com o abrandamento da actividade económica dos sectores não petrolíferos nos primeiros
meses do ano, seguindo a mesma tendência do ano anterior.
4
No I Trimestre de 2016, as Disponibilidades Líquidas encontram-se descontadas das Receitas de exercícios e períodos anteriores, devido à alteração de estrutura que o Ministério das Finanças
imputou às contas fiscais em Setembro. De igual modo e pelo mesmo motivo, as Saídas do Período também estão descontadas das Despesas de exercícios e períodos anteriores.
5
Compostas por receitas diamantíferas, receitas do comércio externo e outras receitas. Estas últimas, por sua vez, incorporam impostos sobre rendimentos do trabalho, imposto industrial, imposto
sobre o consumo, imposto de selo, impostos sobre o património, impostos sobre aplicação de capitais, receitas de serviços, outras receitas tributárias e taxas, custas e emolumentos.
22 •
Destaca-se o aumento significativo dos impostos sobre o sector diamantífero, de Kz 23,74 milhões no I Trimestre de
2015 para Kz 3.835,83 milhões no I Trimestre de 2016, tendo-se executado 239,75% das receitas programadas. No
entanto, os impostos sobre o comércio exterior registaram uma diminuição de 66,08%, em linha com a redução das
importações no período em análise.
Para colmatar a quebra na arrecadação de receitas que se verificou ao nível de quase todas as rubricas, o Tesouro
viu-se obrigado a recorrer às receitas de financiamento, nomeadamente através da emissão de títulos de dívida
interna, na sua maioria de curto prazo. Assim, as Receitas de Financiamento atingiram, no I Trimestre de 2016, Kz
379.833,98 milhões, correspondendo a um acréscimo de 18,56% face ao mesmo período do ano anterior. No entanto, a
execução do valor programado foi de 84,96%, uma vez que no mês de Janeiro não ocorreram emissões de títulos para
arrecadação de receitas de financiamento 6. De realçar que, estas receitas continuam a deter um peso expressivo no
total dos recursos disponíveis (cerca de 49% das disponibilidades do período), podendo vir a criar pressões adicionais
sobre a despesa pública, quer em termos de juros, quer em termos de serviço da dívida.
Despesas do Período
Tendo em conta a necessidade de reajustamento do nível da despesa pública, face ao baixo nível de arrecadação de
receitas, as despesas do período diminuíram 30,49% nos primeiros três meses do ano, situando-se em Kz 587.693,76
milhões (grau de execução de 64,37%). Foi dada primazia, claramente, às despesas com o serviço da dívida em
detrimento das despesas correntes e de capital, nomeadamente, de investimento público.
Painel 7 – Composição dos Fluxos de Despesa, em Kz Milhões
Composição da Despesa Corrente
Kz Mil Milhões
Kz Mil Milhões
Componentes dos Fluxos de Despesa
1.400,00
1.200,00
1.000,00
800.00
600.00
400.00
200.00
-
I Trim. 15
Despesa Corrente
Despesa de Serviço da Dívida
II Trim. 15
III Trim. 15
IV Trim. 15
I Trim. 16
Despesa de Capital
Despesa de Períodos e Exercícios Anteriores
500.00
450.00
400.00
350.00
300.00
250.00
200.00
150.00
100.00
50.00
-
I Trim. 15
Despesas com Pessoal
II Trim. 15
III Trim. 15
Despesas com Bens e Serviços
IV Trim. 15
Transf. Correntes
I Trim. 16
Subsídios
Fonte: MINFIN
As despesas correntes diminuíram 51,67% em termos homólogos, apresentando uma taxa de execução de apenas
43,15% face ao programado. Destaca-se a drástica redução das despesas com pessoal (menos 51,67%), com
Transferências (menos 66,19%) em particular com as pensões de reforma e com os subsídios (menos 70,55%) em
virtude da redução dos subsídios aos preços e operacionais. As despesas com bens e serviços, à semelhança do
trimestre anterior, foi a única categoria de despesas que aumentou (mais 38,56%) relativamente ao período homólogo,
em virtude de pagamentos inerentes a Actividades Permanentes e a Programas e Projectos Específicos do Governo.
As Despesas de Capital tiveram uma taxa de execução de 3,35% face ao programado, o que representa um valor
bastante reduzido em termos comparativos com os trimestres anteriores, evidenciando uma queda de 94,18% face
ao trimestre homólogo de 2015. Esta redução das despesas de capital foi resultado, sobretudo, da contracção das
despesas relativas aos programas de investimento público (uma execução residual de 1,29% face ao programado).
De realçar que, o Tesouro no cumprimento das obrigações deu prioridade aos seus credores, o que levou a um aumento
das despesas com o serviço da dívida em cerca de 116,52% face ao período homólogo de 2015 tendo, contudo,
a sua execução ficado ligeiramente abaixo do valor programado nos Planos de Caixa mensais. Das despesas com
amortizações, 86,67% foram afectos à amortização da dívida interna e 13,26% à da dívida externa.
As despesas com juros aumentaram 118,61% em comparação com o mesmo período do ano anterior, registando um aumento
mais significativo ao nível dos juros da dívida interna, devido ao aumento tanto da emissão de títulos como das taxas de juro.
Ainda assim, as despesas com Juros representaram 13,15% do total das despesas relacionadas com o serviço da dívida.
6
O Plano Nacional de Endividamento para 2016 sofreu um ligeiro atraso na sua aprovação, o que impossibilitou a emissão de dívida interna titulada no mês de Janeiro.
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 23
Financiamento do Tesouro
No que diz respeito ao financiamento, o Tesouro recorreu em grande parte ao financiamento interno, nomeadamente à
emissão de Bilhetes e Obrigações do Tesouro, perfazendo um total de 49,03% do total das receitas do período 7.
A emissão de Bilhetes do Tesouro (BT’s) e Obrigações do Tesouro (OT’s) originou receitas de financiamento no montante
de Kz 379.833,98 milhões, um aumento de 18,56% relativamente ao trimestre homólogo de 2015. Continua a denotarse uma preferência pelos títulos de curto prazo, sendo que as emissões de Bilhetes do Tesouro ultrapassaram em
13% o montante programado (com um peso de 63,54% no montante total das emissões), ao passo que a emissão de
Obrigações do Tesouro executou apenas 60,63% (com um peso de 36,45% sobre o total das emissões).
Entretanto, no I Trimestre de 2016, foram efectuados resgates de BT’s e OT’s no montante de Kz 304.478,06 milhões,
apresentando um aumento de 107,07% relativamente ao mesmo trimestre do ano anterior, com os resgates de BT’s
a aumentarem 88,32% e os resgates de OT’s 449,39% face ao I Trimestre de 2015. Apesar dos resgates de títulos
demonstrarem um forte aumento em termos homólogos, o stock da dívida interna titulada continua a crescer a um ritmo
acelerado (59,44% em termos homólogos), situando-se nos Kz 3.559,99 mil milhões, dos quais 13,21% dizem respeito
a BT’s e 86,79% a OT’s
Painel 8 - Dívida Interna Titulada e Taxas de Juro dos Títulos, em Kz Milhões
Yield Curves dos Títulos do Tesouro
4.000,00
300.00
3.000,00
200.00
2.000,00
100.00
1.000,00
-
I Trim. 15 II Trim. 15 III Trim. 15 IV Trim. 15 I Trim. 16
Emissão de BT e OT
Resgate de BT e OT
Kz Mil Milhões
Kz Mil Milhões
Dívida Interna Titulada
400.00
-
Stock de Dívida (ELD)
20.00%
18.00%
16.00%
14.00%
12.00%
10.00%
8.00%
6.00%
4.00%
2.00%
0.00%
63 dias
91 dias
182 dias 364 dias
BT
Mar/15
2 anos
3 anos
4 anos
OT - TXC
5 anos
Mar/16
Fonte: MINFIN
As taxas de juro dos Títulos Públicos de curto prazo quase que triplicaram de valor entre Março de 2015 e Março de
2016, reflectindo a preocupação em tornar os títulos mais atractivos, dada a maior necessidade do Tesouro em obter
financiamento a curto prazo. No entanto, apesar do aumento verificado nas taxas de juro nominais, estas continuam
abaixo da taxa de inflação homóloga (apesar de acompanharem a sua tendência), o que significa que, em termos reais,
correspondem a um retorno real negativo para o investidor.
De referir que, os recursos provenientes da emissão de títulos públicos dado a situação actual, estão a ser canalizados
para assegurar a actividade corrente do Estado ou seja, para as despesas correntes, fazendo com que a posição
devedora do mesmo aumente, sem que isso se reflicta directamente no aumento da capacidade produtiva do País.
Em termos gerais, o I Trimestre de 2016 foi um período particularmente desafiante para a economia Angolana, com
os preços do barril de petróleo em níveis muito baixos: em meados do mês de Janeiro, o preço do Brent atingiu um
mínimo histórico um pouco abaixo dos 30 USD/bbl, criando alguns obstáculos à execução dos planos de caixa mensais.
Verificou-se, principalmente nos meses de Janeiro e Fevereiro de 2016, uma clara opção pela garantia dos pagamentos
relacionados com o serviço de dívida, em detrimento das despesas correntes e de capital. Para além disso, os primeiros
meses do ano são, por predefinição, meses de liquidação de despesas transitadas, o que pressionou ainda mais a
execução dos exercícios fiscais mensais.
No decorrer do trimestre em análise, o Executivo Angolano criou um documento intitulado “Linhas Mestras para a
definição de uma estratégia para a saída da crise derivada da queda do preço do petróleo no mercado internacional”
que pretende estabelecer várias linhas de actuação para minimizar os efeitos da crise que se iniciou através
do preço do petróleo e que se estendeu rapidamente a todos os quadrantes da economia. O documento tem por
base a implementação de um “processo de substituição do petróleo como fonte principal de receita, resultante da
constatação da necessidade de alteração do modelo económico de crescimento baseado essencialmente na economia
não petrolífera (…)” 8.
7
Numa óptica de caixa, a emissão de dívida titulada é assumida enquanto receita, uma vez que, apesar de se constituir um financiamento, esta operação dá origem a uma entrada efectiva de
recursos (liquidez) a favor do Tesouro
8
O documento encontra-se disponível no site do Ministério das Finanças da República de Angola, seguindo o link: http://www.minfin.gv.ao/minfin/v2/download/Linhas-Mestras-Minfin.pdf
24 •
No âmbito deste programa, o documento prevê a implementação de medidas que, de entre outras, passam pelo
aumento das receitas tributárias, pela optimização das despesas públicas, pela reforma estrutural do Estado, pela
substituição das importações e pela promoção das exportações através do estímulo à produção interna.
Para terminar, e em termos de perspectivas, espera-se que os preços do petróleo permaneçam em níveis reduzidos ao
longo deste ano, o que continuará a colocar pressão sobre as finanças públicas do País. Realça-se a intenção por parte
do Governo em prosseguir com a eliminação dos subsídios operacionais e dos combustíveis iniciados em Setembro de
2014, tirando proveito do actual contexto de baixos preços do petróleo. Relativamente à dívida pública, de realçar que,
o aumento da dívida pública nos últimos anos tem subjacente não só a necessidade de financiar os défices públicos,
como também a de depreciação da moeda doméstica, com impacto na dívida denominada em moeda estrangeira.
Nasce, por isso, a necessidade de consolidação das finanças públicas, com medidas que abranjam a maior eficiência
na tributação do sector não-petrolífero e o alargamento da base tributária, bem como a racionalização das despesas
públicas, incluindo a manutenção da redução gradual dos subsídios operacionais e aos preços, a melhoria da qualidade
das despesas de capital e contenção da factura com as remunerações no sector público.
2.2.3. Política Monetária e Desenvolvimentos Monetários e Financeiros
Política Monetária
A política monetária adoptada durante o I Trimestre de 2016 seguiu a mesma tendência do ano transacto, afigurando-se
restritiva. A orientação que tem vindo a ser dada à política monetária pretende, em coordenação com a política fiscal,
controlar a expansão monetária que poderá ser responsável pelas pressões inflacionistas crescentes na economia.
Assim, ao longo do trimestre em análise, o BNA aumentou a taxa de juro de referência para 14,00% (mais 3,00 p.p.
face a Dezembro de 2015) e a taxa de juro de facilidade de cedência de liquidez overnight para 16,00% (mais 3,00
p.p.). A taxa de juro de facilidade de absorção de liquidez overnight manteve-se em 0,00% durante este trimestre, ao
passo que a taxa de juro da facilidade de absorção de liquidez com maturidade de 7 dias, criada na última reunião de
2015 do Comité de Política Monetária (CPM), aumentou para os 2,25% (mais 0,50 p.p.). Os coeficientes de Reservas
Obrigatórias (RO) mantiveram-se inalterados ao longo do trimestre, nomeadamente em 25% no caso do coeficiente de
RO em moeda nacional e 15% no caso do coeficiente de RO em moeda estrangeira.
Além destas medidas de política monetária, o BNA também interveio no mercado monetário e cambial, recorrendo às
suas operações de política monetária e cambial de forma coordenada com as operações de política fiscal no sentido
de controlar a expansão monetária. Assim, no I Trimestre de 2016, a variação da base monetária foi positiva, devido
sobretudo ao Crédito ao Governo concedido pelo BNA no valor de 190 mil milhões e ao efeito líquido expansionista das
operações cambiais, derivado do facto de as compras de divisas terem sido superiores às vendas no mercado cambial.
Painel 9 - Taxas de Juro Directoras e Taxas do Mercado Monetário Interbancário (MMI)
Taxas de Juro Directoras
Taxas LUIBOR
16.00%
14.00%
12.00%
10.00%
8.00%
6.00%
FAO
FCO
FAL 7 Dias
Luibor Overnight
Luibor 6 Meses
Luibor 1 Mês
Luibor 9 Meses
Mar/16
Dez/15
Set/15
Jun/15
Mar/15
Set/14
Dez/14
Jun/14
Mar/14
Dez/13
Set/13
Jun/13
Mar/16
Set/15
Dez/15
Jun/15
Mar/15
Dez/14
Set/14
Jun/14
Mar/14
Set/13
Taxa BNA
Dez/13
Jun/13
2.00%
Mar/13
4.00%
Mar/13
18.00%
16.00%
14.00%
12.00%
10.00%
8.00%
6.00%
4.00%
2.00%
0.00%
Luibor 3 Meses
Luibor 12 Meses
Fonte: BNA
Perante o aperto da política monetária e as condições mais restritivas em termos de liquidez dos bancos comerciais, as
taxas de juro no mercado monetário interbancário, em geral, registaram fortes aumentos ao longo do ano anterior e que
se acentuaram no decorrer do I Trimestre de 2016. Assim, no I Trimestre de 2016, com excepção unicamente da taxa
de juro LUIBOR overnight que reduziu em 0,30 p.p. relativamente ao trimestre anterior, fixando-se em 11,01%, as taxas
LUIBOR nas restantes maturidades aumentaram. Especificamente, a taxa de juro a 1 mês aumentou 0,83 p.p. fixando-se
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 25
em 12,27% e as taxas de juro de maior maturidade, ou seja, de 3, 6, 9 e 12 meses registaram aumentos de 1,43 p.p.,
1,80 p.p., 2,05 p.p. e 2,42 p.p., fixando-se nos 13,31%, 14,01%, 14,61% e 15,26%, respectivamente.
Por outro lado, observou-se no mercado monetário interbancário, uma redução dos montantes transaccionados entre
os bancos do sistema financeiro em 64,04% face ao trimestre anterior, totalizando um stock de Kz 343,85 Mil Milhões.
De salientar que, os bancos comerciais não recorreram às operações de Facilidades de Cedência Overnight (FCO).
Relativamente aos títulos públicos verificou-se, no trimestre em análise, um aumento das taxas de juro dos Bilhetes
do Tesouro em todas as maturidades. Com efeito, em Março e relativamente ao trimestre anterior, as taxas de juro dos
Bilhetes do Tesouro aumentaram 1,09 p.p. na maturidade de 91 dias (para os 14,99%), 2,05 p.p. na maturidade de 182
dias (para os 17,00%) e 2,70 p.p. na maturidade de 364 dias (para os 18,00%). Apesar destas alterações, as taxas de
juro reais dos Bilhetes do Tesouro continuam a ser negativas, devido à forte aceleração que a taxa de inflação registou
ao longo do primeiro trimestre do ano. No caso das Obrigações do Tesouro, as suas taxas de juro mantiveram-se
inalteradas face ao trimestre anterior.
Desenvolvimentos Monetários e Financeiros
O I Trimestre de 2016 foi caracterizado por uma expansão monetária, não obstante a adopção de uma política monetária
restritiva pelo BNA e a desaceleração da actividade económica nacional. Com efeito, a oferta de moeda em sentido
mais lato, representada pelo agregado monetário M3, e o agregado monetário M2 cresceram ambos cerca de 22,93%
em termos homólogos.
Em contrapartida, realça-se o crescimento dos activos externos líquidos no BNA, quando convertidos para moeda
nacional, particularmente das reservas internacionais líquidas que cresceram 40,14% em termos homólogos, em
grande parte resultado da desvalorização cambial da moeda nacional que ocorreu no último ano e, de forma repentina
e bastante acentuada, no início do I Trimestre de 2016. Considerando as reservas internacionais líquidas em dólares
norte-americanos (sem o efeito cambial), estas reduziram cerca de 5,80% em termos homólogos.
Tabela 4 - Principais Indicadores da Síntese Monetária (em t.v.h., %)
I Trim. 2015
II Trim. 2015
III Trim. 2015
IV Trim. 2015
I Trim. 2016
Activos Externos Líquidos
-2.2
13.6
32.3
16.4
34.8
BNA
-7.8
5.4
21.7
17.0
38.0
Reservas Internacionais Líquidas
Bancos Comerciais
-9.4
3.3
21.6
18.4
40.1
1,303.8
325.9
284.0
8.5
-22.4
Activos Internos Líquidos
40.4
9.3
5.9
4.6
6.0
Crédito Interno Líquido
31.3
18.6
26.5
27.8
35.7
162.7
185.2
667.6
455.1
160.5
Credito à Administração Central
44.2
52.7
43.7
29.0
40.8
Responsabilidades face à Administração Central
-4.7
14.3
2.0
13.7
22.2
Crédito à Administração Central (líquido)
Crédito a Outros Sectores Residentes
0.0
-1.4
2.2
17.7
23.1
Outros activos e passivos (líquidos)
-18.1
-34.0
-67.1
-74.2
-87.6
M3
11.7
12.0
20.6
11.8
22.9
M2
11.7
12.0
20.7
11.8
22.9
Base Monetária Restrita
45.0
19.7
36.8
31.8
8.9
dq: Base Monetária Restrita em Moeda Nacional
54.9
49.9
43.6
61.2
25.5
Fonte: BNA
26 •
Do lado dos activos internos, o aumento do crédito a outros sectores residentes e do crédito líquido à Administração
Central determinaram a expansão do crédito interno líquido em 35,75% face ao período homólogo de 2015. O crédito à
Administração Central cresceu cerca de 161% face ao período homólogo, uma vez que os depósitos da Administração
Central cresceram em muito menor escala, quando comparados com o crédito à Administração Central. Em termos
reais, ou seja, descontando o efeito da inflação homóloga, o Crédito Líquido à Administração Central expandiu 67,36%
face ao ao I Trimestre de 2015.
Por outro lado, o crédito a outros sectores residentes e, em particular, o crédito ao sector privado (que representa
93,68% do total do crédito concedido) apresentou um aumento de 22,00% em termos homólogos em resultado,
essencialmente, da evolução positiva que se registou no crédito às sociedades não financeiras (31,60% em termos
homólogos), tendo o crédito a Particulares registado uma ligeira contracção de 0,74%.
De realçar que, o aumento substancial do crédito às sociedades não financeiras está em linha com o objectivo do
Executivo em diversificar a economia nacional e contribuir para a recuperação económica do país. Em particular,
em termos homólogos, destaca-se o aumento do crédito à produção e distribuição de electricidade, gás e água
(316,84%), à Saúde e Acção Social (47,34%), às Outras Activ.de Serv. Colect., Sociais e Pessoais (44,93%), à Indústria
Transformadora (34,79%), à Agricultura, Produção Animal, Caça e Silvicultura (28,50%) e ao Comércio por Grosso e a
Retalho (27,86%).
Painel 10 - Crédito ao Sector Privado e Distribuição por Sectores de Actividade
Distribuição do Crédito Total por sector (% do Créd. Total)
Crédito ao Sector Privado (em t.v.h., %)
35.0
30.0
Outros
25.0
20.0
Serviços sociais
0Activ. Imob.,Alugueres e Serv.Prest. as Empresas
15.0
5Actividades Financeiras, Seguros e Fundos de Pensões
10.0
'Transportes, Armazenagem e Comunicações
5.0
/Alojamento e Restauração (Restaur. e Similares)
0.0
Comércio por Grosso e a Retalho
I Trim. 2016
I Trim. 2015
I Trim. 2014
-5.0
-10.0
I Trim.2015
II Trim.2015
Sociedades não financeiras
III Trim. 2015 IV Trim. 2015 I Trim. 2016
Outros sectores residentes
Sector privado
Indústrias Transformadoras
Indústria Extrativa
2Agricultura, Produção Animal, Caça e Silvicultura.
0.0
5.0
10.0
15.0
20.0
25.0
Fonte: BNA
Em termos de peso no total do crédito concedido à economia realça-se que o crédito concedido teve como principal
destino as empresas ligadas ao sector do “Comércio por Grosso e a Retalho” com um peso de 19,92% (18,36% no
trimestre homólogo de 2015), seguido dos “Particulares” com 16,39% (20,01% em Março de 2015) e das empresas
ligadas aos sectores de “Serviços Sociais” com 15,14% (12,38% em Março de 2015), “Actividades Imobiliárias,
Alugueres e Serviços Prestados às Empresas” com 14,38% (16,84% em Março de 2015) e “Construção” com 11,73%
(10,90% em Março de 2015). Nota-se, sobretudo no período, um aumento do peso do crédito concedido às empresas
ligadas aos “Serviços Sociais” (2,77 p.p. relativamente ao período homólogo) e ao “Comércio por Grosso e a Retalho”
(1,56 p.p.) e, uma redução do peso do crédito concedido aos particulares (3,62 p.p.).
A base monetária restrita cresceu 8,95% em termos homólogos do ano anterior, ao situar-se no I Trimestre de 2016 em
Kz 1.717,33 mil milhões (contra os Kz 1.576,27 mil milhões registados no trimestre homólogo do ano anterior), permitindo
assim uma expansão monetária. Esta expansão monetária fez-se reflectir no aumento, em termos homólogos, das
notas e moedas em circulação em 19,52% e da reserva bancária em 5,03%.
Os depósitos obrigatórios em MN cresceram 76,93% entre Março de 2015 e Março de 2016, em virtude do aumento
do coeficiente de reservas obrigatórias em MN ocorrido em Junho de 2015. Por outro lado, os depósitos livres em MN
registaram uma contracção de 42,07% no mesmo período, em parte devido à instituição, em Dezembro do ano passado,
da taxa de facilidade de absorção de liquidez com maturidade de 7 dias. Realça-se, contudo, uma redução em termos
homólogos dos depósitos obrigatórios em ME (em menos 57,21%) e dos depósitos livres em ME (em menos 44,31%).
Esta redução dos depósitos obrigatórios e dos depósitos livres em moeda estrangeira pode ser consequência do
Instrutivo nº 19/2015 de 02 de Dezembro do BNA, que incentiva os bancos a comprar títulos do Tesouro em ME utilizando
os seus depósitos livres, sendo o valor da compra ponderado (ou deduzido) no cálculo do nível de cumprimento de
reservas obrigatórias em moeda estrangeira.
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 27
Em virtude do aumento das outras obrigações face às OIFM (1840,89%), a base monetária ampla evidenciou um
aumento de 20,75% em termos homólogos.
Tabela 5 - Agregados Monetários (em t.v.h.)
I Trim. 2015
M3
M2
M1
II Trim. 2015
III Trim. 2015
IV Trim. 2015
11.7
12.0
20.6
11.8
I Trim. 2016
22.9
11.7
12.0
20.7
11.8
22.9
13.2
9.2
13.1
10.4
22.7
Notas e Moedas em poder do público
20.1
5.2
10.8
12.1
27.9
Depósitos Transferíveis- MN
26.8
22.0
20.4
18.8
21.9
Depósitos Transferíveis - ME
-13.8
-14.3
-2.0
-9.0
22.9
9.4
16.2
32.1
13.8
23.2
Outros Depósitos - MN
13.7
14.8
32.1
7.9
17.4
Outros Depósitos - ME
4.3
18.0
32.2
22.1
30.9
16.6
28.4
-50.1
22.9
40.1
Quase-Moeda
Outros Instrumentos Equiparáveis a Depósitos
Fonte: BNA
O agregado monetário M2 totalizou Kz 6.302,02 mil milhões (Kz 5.127,35 mil milhões no trimestre homólogo do ano
anterior), representando um aumento de 22,91%, em resultado da evolução positiva tanto dos passivos monetários
(22,71%) como dos passivos quase monetários (23,24%). O crescimento das notas e moedas em poder do público
(27,90%) e dos depósitos transferíveis em moeda nacional e moeda estrangeira (21,85% e 22,87%, respectivamente),
explicam o comportamento dos passivos monetários (M1), enquanto o aumento dos outros depósitos em moeda
nacional (em 17,36%) e em moeda estrangeira (em 30,86%) explica o comportamento dos passivos quase-monetários.
A componente em moeda externa do M2, quando denominada em moeda nacional, situou-se em Kz 2.074.971,49
milhões, correspondendo a um aumento de 27,08% comparativamente ao período homólogo de 2015. No entanto, se
retirarmos o efeito cambial, esta mesma componente apresenta uma contracção bastante significativa de 14,48%.
De notar que a expansão verificada ao nível dos depósitos transferíveis e dos outros depósitos em moeda estrangeira
poderá estar relacionada com a desvalorização cambial ocorrida ao longo de 2015 e início de 2016.
Em termos agregados, os depósitos no sistema bancário situaram-se nos Kz 5.902,46 mil milhões registando, no I
Trimestre de 2016, uma aceleração no ritmo do seu crescimento, passando de uma taxa de crescimento de 11,17% no
I Trimestre de 2015, para 22,58% no trimestre em análise. Esta evolução deveu-se ao aumento dos depósitos do sector
privado em 24,05% (contra os 13,91% no trimestre homólogo de 2015) e dos depósitos do sector público excluindo
a administração central em 6,65%. Relativamente aos depósitos das outras instituições financeiras não monetárias,
estes registaram uma contracção de 22,04%, sendo a rubrica dos Outros depósitos a que registou a maior contracção
(42,65%).
Painel 11 - Depósitos Totais e Créditos e Depósitos em ME
Depósitos Totais (t.v.h., %)
Créditos e Depósitos em ME
45.0
40.0
35.0
15
0
m. 2
I Tri
015
2
im.
II Tr
015
2
rim.
III T
015
2
rim.
IV T
16
0
m. 2
I Tri
Sector público, excl.
administração central
Outras Instituições Financeiras
não Monetárias
Sector privado
Total
% dos Créd. e Dep. Totais
30.0
20.0
10.0
0.0
-10.0
-20.0
-30.0
-40.0
-50.0
-60.0
30.0
25.0
20.0
15.0
10.0
5.0
0.0
014 . 2014 . 2014 . 2014 . 2015 . 2015 . 2015 . 2015 . 2016
im
rim V Trim I Trim II Trim II Trim V Trim I Trim
II Tr
I
III T
I
I
m. 2
I Tri
Crédito ME
Depósitos ME
Fonte: BNA
Fazendo uma análise do crédito e dos depósitos em termos de moeda, é de realçar que, em relação ao período homólogo
28 •
de 2015, tanto o crédito como os depósitos em moeda estrangeira aumentaram o seu peso no total do crédito. O crédito
em ME aumentou 5,7 p.p. representando 38,03% do total do crédito (contra os 32,37% no I Trimestre de 2015), e os
depósitos em ME aumentaram 1,2 p.p., representando 35,15% do total dos depósitos (quando no I Trimestre de 2015
representavam 33,91%). Em termos trimestrais, verifica-se que o peso do crédito em ME no total do crédito aumentou
3,0 p.p. e os depósitos em ME em 1,3 p.p..
As desvalorizações cambiais que o BNA levou a cabo ao longo dos últimos 15 meses estarão na base do aumento do
peso dos depósitos e dos créditos em ME, quando convertidos para a moeda nacional. De facto, expurgando o efeito
cambial associado aos depósitos denominados em moeda estrangeira, os mesmos apresentam uma contracção de
cerca de 14,58% comparativamente ao período homólogo de 2015. Já os créditos em ME, retirando o efeito cambial,
apresentam uma contracção de 3,58% no mesmo período.
Relativamente às condições de financiamento no sector bancário, realça-se que, no I Trimestre de 2016 e em termos
homólogos de 2015, as taxas de juro praticadas nas operações activas ao sector empresarial em MN registaram uma
redução em quase todas as maturidades, com excepção da taxa de juro com maturidade de 181 dias a 1 ano que
aumentou e, as taxas de juro praticadas nas operações activas a particulares em MN evidenciaram um aumento em
quase todas as maturidades, com excepção da taxa de juro com maturidade de mais de 1 ano que reduziu. As taxas
de juro do crédito empresarial em MN oscilaram entre os 14,01% e os 15,66%, enquanto as taxas de juro do crédito a
particulares em MN oscilaram entre os 11,80% e os 17,19% durante o I Trimestre de 2016.
Em termos trimestrais, as taxas de juro praticadas nas operações activas ao sector empresarial em MN registaram
uma redução em todas as maturidades, com excepção da taxa de juro de 181 dias a 1 ano, enquanto as taxas de juro
praticadas nas operações activas a particulares em MN evidenciaram um aumento, com excepção da taxa de juro de
mais de 1 ano.
Painel 12 - Taxas de Juro do Crédito Empresarial e a Particulares em MN (em f.d.p.)
Crédito Empresarial
20.00%
19.00%
18.00%
17.00%
16.00%
15.00%
14.00%
13.00%
12.00%
5
4
5
4
5
4
016
015
014
201 m. 201 m. 201
201 m. 201 m. 201
m. 2
m. 2 Trim.
im.
ri
ri
ri
ri
I Tri
I Tri
II
II Tr
III T
III T
IV T
IV T
m. 2
I Tri
Até 180 dias MN
De 181 dias a 1 ano MN
Crédito a Particulares
18.00%
17.00%
16.00%
15.00%
14.00%
13.00%
12.00%
11.00%
10.00%
5
5
4
4
5
4
016
015
014
201 m. 201 m. 201
201 m. 201 m. 201
m. 2
m. 2 Trim.
im.
ri
ri
ri
ri
I Tri
I Tri
II
II Tr
III T
III T
IV T
IV T
m. 2
I Tri
Mais de 1 ano MN
Até 180 dias MN
De 181 dias a 1 ano MN
Mais de 1 ano MN
Fonte: BNA
As taxas de juro praticadas nas operações passivas em MN registaram em termos homólogos decréscimos nas
maturidades de 181 dias a 1 ano e de mais de 1 ano e, acréscimos nas maturidades até 90 dias e de 91 a 180 dias. Por
sua vez, as taxas de juro praticadas nas operações passivas em ME registaram aumentos em todas as maturidades.
As taxas de juro passivas em MN oscilaram entre os 3,83% e os 5,09% enquanto as taxas de juro passivas em ME
oscilaram entre os 2,13% e os 4,81%.
Painel 13 – Taxas de Juro dos Depósitos a Prazo em MN e ME (em f.d.p.)
Taxas de Juro dos DP em MN
6.50%
6.00%
5.50%
5.00%
4.50%
4.00%
3.50%
3.00%
5
5
4
4
5
4
016
015
014
201 m. 201 m. 201
201 m. 201 m. 201
m. 2
m. 2 Trim.
im.
ri
ri
ri
ri
I Tri
I Tri
II
II Tr
III T
III T
IV T
IV T
m. 2
I Tri
Até 90 dias
Fonte: BNA
De 91 a 180 dias
De 180 dias a 1 ano
Mais de 1 ano
Taxas de Juro dos DP em ME
5.50%
5.00%
4.50%
4.00%
3.50%
3.00%
2.50%
2.00%
1.50%
1.00%
4
5
4
5
4
5
14
015
016
201 m. 201 m. 201
201 m. 201 m. 201
m. 2 Trim.
m. 2
im.
ri
ri
ri
ri
I Tri
I Tri
II Tr
II
III T
III T
IV T
IV T
. 20
m
I Tri
Até 90 dias
De 91 a 180 dias
De 181 dias a 1 ano
Mais de 1 ano
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 29
Em termos trimestrais, as taxas de juro praticadas nas operações passivas em MN registaram aumentos nas de 90 dias
e de mais de 1 ano e, reduções nas maturidades de 91 a 180 dias e de 181 dias a 1 ano. As taxas de juro praticadas nas
operações passivas em ME, por sua vez, apresentaram decréscimos nas maturidades de 90 dias e de 91 a 180 dias e,
acréscimos nas de 181 dias a 1 ano e de mais de 1 ano.
Para terminar, realça-se que durante o resto do ano, é expectável que a política monetária permaneça restritiva num
contexto ainda adverso dos preços do petróleo no mercado internacional, e dada a necessidade de se conter a procura
agregada e suster o aumento da inflação. Nota-se, em particular, neste Trimestre em análise, um abrandamento no
crescimento em termos homólogos da base monetária restrita em MN, passando de 61,2% no IV Trimestre de 2015
para 25,5% no I Trimestre de 2016. Possíveis factores influenciadores têm a ver não só com a eficácia das operações de
facilidades permanentes de absorção de liquidez com maturidade de 7 dias no período, o que fez reduzir os depósitos
livres dos bancos comerciais, mas também com o abrandamento em termos homólogos do crédito às Outras Instituições
Financeiras não Monetárias (de 4,42% no IV Trimestre de 2015 passa para 46,52% no I Trimestre de 2016).
2.3. Actividade Económica Nacional
2.3.1. Indicadores da Actividade Económica
Os dados relativos ao Indicador de Clima Económico (ICE) disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística
sugerem que o clima económico em Angola voltou a registar uma degradação no IV Trimestre de 2015 v, continuando
a trajectória decrescente iniciada no último trimestre de 2014 e registando pela segunda vez consecutiva um valor
negativo. Este resultado é reflexo das claras contracções nos Indicadores de Confiança dos vários sectores da economia
com destaque para os sectores dos Transportes e da Comunicação uma vez que estes transmitiram uma deterioração
mais acentuada. Apenas o sector da indústria extractiva considera ter ocorrido uma ligeira melhoria da confiança.
Acrescenta-se o facto do conjunto de sectores cujo saldo de respostas extremas é negativo, ser constituído por todos
os sectores com excepção da Comunicação, o qual observou um resultado nulo.
Painel 14 - Indicadores de Clima Económico e de Confiança (s.r.e.)
ICE
Média
IV Trim. 2015
III Trim. 2015
II Trim. 2015
I Trim. 2015
IV Trim. 2014
III Trim. 2014
II Trim. 2014
I Trim. 2014
IV Trim. 2013
Clima Económico
25
20
15
10
5
0
-5
-10
-15
-20
-25
100
80
60
40
20
0
-20
-40
-60
-80
-100
Indicadores de Confiança
IV Trim. 2013
I Trim. 2014
II Trim. 2014
III Trim. 2014 IV Trim. 2014
I Trim. 2015
II Trim. 2015
IC Indústria Transf.
IC Construção
IC Comércio
IC Turismo
IC Extractiva
IC Comunicação
III Trim. 2015 IV Trim. 2015
IC Transportes
Fonte: INE
As limitações à actividade aumentaram também em todos os sectores comparando com o mesmo período do ano
anterior, com especial destaque para os sectores dos Transportes e da Construção. As limitações frequentemente
identificadas e transversais à globalidade dos sectores dizem respeito às dificuldades financeiras e em segundo plano
surgem constrangimentos ao nível da ruptura de stock e matéria-prima, excesso de burocracia e regulamentação e
insuficiência da procura.
Produto Interno Bruto
Dada a queda dos preços do petróleo no mercado internacional, a economia angolana deparou-se com vários obstáculos
económicos no decorrer do ano de 2015. O impacto foi extensível a todos os sectores da economia, nomeadamente
ao sector real.
9
Os dados do Indicador do Clima Económico utilizados na elaboração do relatório são referentes ao quarto trimestre por serem os mais recentes à data da elaboração do documento.
30 •
De acordo com o Ministério do Planeamento e Desenvolvimento Territorial (MPDT), as estimativas do PIB para 2015
apontam para uma desaceleração no ritmo de crescimento da ordem dos 1,8 p.p. face a 2014, passando de 4,8% para
3,0% em termos reais. Esta evolução é explicada pela forte desaceleração do crescimento do sector não petrolífero,
que passa de um crescimento de 8,2% em 2014 para 1,5% em 2015. A desaceleração do PIB global foi atenuada pelo
crescimento de 6,3% do sector petrolífero face ao ano anterior (no qual havia contraído 2,6%). Foram tidos como
pressupostos para este exercício um preço médio do petróleo de 53,7 Dólares/bbl, uma taxa de câmbio de Kz/USD
120,09 e uma taxa de inflação a situar-se em 14,27%, no final do ano de 2015.
Tabela 6 - Taxas de Crescimento do PIB Real por Sectores de Actividade (em %)
Sectores de Actividade
Agricultura
2011
2012
2013
2014
2015 (e)
2016 (p)
9.2
-22.5
41.7
11.9
0.8
6.3
Pescas e derivados
17.2
9.7
2.4
19.1
8.1
1.7
Diamantes e outros
-0.7
0.3
3.3
1.0
2.2
1.0
Petróleo
-5.6
4.3
-0.9
-2.6
6.3
1.1
Indústria Transformadora
13.0
14.0
8.6
8.1
-2.1
4.3
Construção
12.0
11.7
8.1
8.0
3.5
4.5
Energia
3.5
10.4
34.4
17.3
2.5
19.9
Serviços mercantis
9.5
13.4
7.0
8.0
2.2
3.6
Outros
9.6
8.3
0.7
6.0
1.1
0.0
PIB a preços de mercado
3.9
5.2
6.8
4.8
2.95
2.96
PIB Petrolífero
-5.6
4.3
-0.9
-2.6
6.3
1.1
PIB Não Petrolífero
9.7
5.6
10.9
8.2
1.5
3.8
Fonte: MPDT
Nota: (e) – estimativas; (p) - projecções.
O crescimento do PIB petrolífero foi possível devido ao facto de se ter alcançado uma produção média de 1.776,7 mil
barris/dia ao longo de 2015. Esta evolução poderá estar associada à entrada em funcionamento de algumas unidades
de produção e ao bom desempenho de outras, apesar de, ao longo do ano, se terem verificado algumas ocorrências cujo
impacto sobre a actividade produtiva foi negativo, nomeadamente algumas restrições e/ou paralisação da produção
devido a necessidades de manutenção e reparação de alguns poços em blocos específicos.
Por sua vez, a desaceleração do PIB não petrolífero é explicado por uma desaceleração transversal a todos os sectores
não petrolíferos, à excepção do sector diamantífero, que registou um incremento da sua produção de 2,2% face ao
ano anterior.
Destaca-se o sector da indústria transformadora que apresenta uma contracção da sua actividade de 2,1% em 2015
(contra um crescimento de 8,1% no ano anterior), devido principalmente à redução do volume de importações de
matérias-primas, materiais de construção e bens de consumo e à não concretização de alguns projectos privados que
estavam previstos para a indústria alimentar. Estes constrangimentos são resultado da actual conjuntura económica
que se define pela redução dos preços do petróleo e, consequentemente, pela dificuldade acrescida em aceder ao
mercado cambial devido à gestão controlada das divisas aliada à desvalorização da moeda. Os sectores da Energia e
da Agricultura registaram fortes desacelerações no seu ritmo de crescimento, de 14,9 p.p. e 11,1 p.p., tendo as suas
taxas de crescimento se situsado em 2,5% e 0,8%, respectivamente. No caso do sector da Energia, a desaceleração
ocorreu devido a um atraso no aumento de potência prevista relacionada com a entrada em funcionamento de alguns
empreendimentos. Já no caso da agricultura, o ritmo de crescimento da actividade diminuiu por via da queda da
produção de cereais, leguminosas e tubérculos, ficando aquém das metas traçadas para 2015, tendo-se registado
também uma diminuição na produção de carne bovina e caprina e de aves face ao ano anterior e ficando abaixo das
metas definidas para o ano.
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 31
Painel 15 -Taxas de Crescimento Real do PIB e respectivos contributos dos Sectores de Actividade
Taxa de Crescimento Real do PIB (em %)
Contributos dos Sectores para o Crescimento do PIB (em p.p.)
0.7
9.7
3.9
4.3
5.2
5.6
2011
10.9
-0.9
-5.6
2012
0.8
6.8
2013
PIB não petrolífero
4.8
8.2
6.3
3.0
1.5
1.1
3.0
3.8
-2.6
2014
PIB petrolífero
2015 (e)
PIB pm
2016 (p)
2.1
3.2
1.1
0.9
1.0
1.1
1.0
1.5
-2.1
-2.5
2011
2012
Agricultura
Petróleo
Energia
0.1
1.8
0.8
0.7
0.5
2.1
-0.3
0.8
0.7
1.3
-0.8
0.1
0.6
0.4
1.8
0.1
-0.2
0.0
1.0
0.5
0.3
0.3
0.7
2013
2014
2015 (e)
2016 (p)
3.5
Pescas e derivados
Indústria transformadora
Serviços mercantis
Diamantes e outros
Construção
Outros
Fonte: MPDT
Ao contrário do que tem acontecido nos últimos anos, em 2015, o crescimento da economia foi potenciado
principalmente pelo sector petrolífero, que apresenta um contributo positivo para o crescimento real do PIB de 1,8
p.p., sendo que o sector não petrolífero contribuiu apenas com 1,2 p.p.. Por sua vez, dentro do sector não petrolífero, o
sector dos serviços mercantis foi o que mais contribuiu para o crescimento do PIB, com 0,6 p.p., seguido do sector da
construção com 0,4 p.p.. Já o sector da indústria transformadora contribuiu de forma negativa para o crescimento do
PIB, com 0,2 p.p..
Para 2016, segundo o MPDT, espera-se a manutenção do ritmo de crescimento do PIB real global em 3,0%, com o
sector petrolífero (1,1%) a crescer menos do que o sector não petrolífero (3,8%), assumindo-se como pressupostos uma
produção petrolífera de 1.796,4 milhões de barris/dia, um preço do petróleo de 39 USD/barril, uma taxa de câmbio de
USD/Kz 162,7 e uma taxa de inflação no final de 2016 de 15,8%.
No âmbito internacional, o Banco Mundial apresenta uma previsão de crescimento da economia Angolana de 3,3% em
termos reais para 2016, enquanto o FMI projecta um crescimento real do PIB total de 3,5%. Ambos justificam as suas
projecções para 2016 com o facto de a economia Angolana estar a ser afectada em vários ramos da economia pela
diminuição do preço do petróleo nos mercados internacionais.
Para terminar importa realçar que, a queda dos preços do petróleo, que caracteriza o mercado desde meados de
2014, deverá continuar a ter efeitos adversos na economia angolana, que se mantém muito dependente das
receitas provenientes deste sector. A escassez de divisas, articulada com a acentuada dependência de importações
(nomeadamente de bens de capital), podem limitar o investimento, e, por esta via, adiar a diversificação das exportações.
Ainda que o Fundo Monetário Internacional inicie o programa de assistência técnica solicitado por Angola, não se
espera que os potenciais efeitos positivos daí decorrentes tenham um impacto significativo já este ano, tendo em
conta os desafios que o país enfrenta no actual contexto económico. As menores receitas petrolíferas também limitam
a actuação do sector público na dinamização da actividade económica, incluindo a promoção do investimento público
em infra-estruturas, limitando assim, o potencial do sector não petrolífero.
32 •
3. Inflação
No I Trimestre de 2016 o Índice de Preços no Consumidor (IPC) de Luanda registou uma taxa de variação de 10,47%,
subindo 6,14 p.p. relativamente ao trimestre anterior. Comparando com o trimestre homólogo de 2015 verificou-se um
acréscimo de 8,34 p.p. e em termos acumulados, desde o início de 2016 uma vez que a análise incide sobre o primeiro
trimestre do ano o valor da inflação corresponde à inflação trimestral, ou seja, 10,47%. Acrescenta-se ainda o facto de
que, nos três primeiros meses de 2016, registou-se um nível, em termos de inflação acumulada, próximo do que tinha
sito registado nos nove primeiros meses ano anterior.
Desde o II Trimestre de 2014 assiste-se a uma subida acentuada da variação trimestral tal como ilustrado no gráfico
abaixo, altura em que a economia começou a ressentir-se da instabilidade provocada pela diminuição do preço do
crude e pela diminuição de divisas. A análise em termos homólogos, a 12 meses, reflecte o mesmo comportamento
crescente, observando-se uma variação de 23,60% em Março, o que corresponde a um acréscimo de 9,33 p.p. face ao
trimestre anterior. Por último, a média da taxa de variação dos últimos 12 meses registou novamente uma subida para
13,41% em Março, apresentando uma tendência de crescimento desde Janeiro de 2015.
Painel 16 - Índice de Preços no Consumidor (Taxas de Variação, em %)
IPC (Taxas de Variação, em %)
16.00%
IPC (Taxas de Variação, em %)
25.00%
4.00%
3.50%
14.00%
20.00%
3.00%
12.00%
2.50%
15.00%
10.00%
2.00%
8.00%
10.00%
1.50%
6.00%
IPC - Variação Acumulada
Média Móvel dos Últimos 12 Meses
Jan-16
Mar-16
Fev-16
Out-15
Dez-15
Nov-15
Jul-15
Set-15
Ago-15
Abr-15
Jun-15
Mai-15
Jan-15
Mar-15
Fec-15
Out-14
Dez-14
Nov-14
Jul-14
Taxa de Variação Homóloga
Set-14
Ago-14
Abr-14
Jun-14
Mai-14
Jan-14
Mar-14
I Trim. 16
IV Trim. 15
III Trim. 15
II Trim. 15
I Trim. 15
IV Trim. 14
I Trim. 14
II Trim. 14
IIITrim. 14
0.00%
Fev-14
0.50%
2.00%
0.00%
1.00%
5.00%
4.00%
0.00%
Taxa de Variação Mensal (ELD)
IPC - Variação Trimestral
Fonte: INE
A análise anterior pode ser segmentada considerando as categorias que compõem o indicador (IPC Bens e IPC Serviços).
Desta forma, destaca-se o aumento registado na variação trimestral dos preços na categoria dos Serviços em 8,27 p.p.,
com uma variação de 13,31% e no mesmo sentido, na categoria de Bens com uma subida da inflação trimestral em
5,32 p.p., atingindo uma variação de 9,39%. Ainda na categoria dos Serviços, o Pagamento de Inscrições, as Passagens
do interurbano e interprovincial bem como as Análises, foram os serviços que mais variaram no I Trimestre de 2016,
com 119,76%, 98,94% e 91,81%, respectivamente. Ao passo que nos Bens, os produtos que mais variaram foram, o
Gasóleo (80,00%), o Açúcar Branco (47,85%) e a Gasolina (39,13%). Dentro da categoria de Bens, a maior variação
verificou-se nos Bens Industriais (9,78%), com produtos como o Gasóleo, a Gasolina e os Insecticidas a registarem
as maiores variações, 80,00%, 39,13% e 32,83%, respectivamente. A categoria dos Bens Alimentares registou uma
variação no trimestre em análise de 9,14%, sendo mais uma vez os Bens Alimentares Processados, aqueles que
obtiveram maior variação, com 9,85% contra 7,34% dos Bens Alimentares Não Processados, em termos de produto,
o Pimento, a Folha de Louro e a Ginguba, foram os produtos que observaram maiores variações, 23,08%, 17,00% e
15,86%, respectivamente.
Painel 17 - Índice de Preços no Consumidor de Bens e Serviços (em t.v.h. e t.v. média)
Categorias do IPC (T.v.h.)
IPC de Bens e Serviços (T.v.h.)
30.00%
25.00%
25.00%
20.00%
20.00%
15.00%
15.00%
10.00%
10.00%
IPC Bens
Fonte: INE
IPC
IPC Bens Alimentares
IPC Aliment. Não Processados
IPC Aliment. Processados
Mar/16
Dez/15
Jun/15
Set/15
Mar/15
Dez/14
Set/14
Jun/14
Mar/14
Dez/13
Jun/13
Set/13
Mar/13
Dez/12
Set/12
Jun/12
Mar/16
Dez/15
Set/15
Jun/15
Mar/15
Dez/14
Jun/14
IPC Serviços
Set/14
Mar/14
Dez/13
Set/13
Jun/13
Mar/13
Dez/12
Set/12
Jun/12
0.00%
Mar/12
0.00%
Mar/12
5.00%
5.00%
IPC Outros Bens
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 33
Em termos médios dos últimos 12 meses, o comportamento observado desde o início de 2015, verificou-se novamente
em ambas as Categorias e é transversal a todos os tipos de Bens, tais como, Bens Alimentares, Bens Industriais, Bens
Alimentares Processados e Bens Alimentares Não Processados. No mês de Março as categorias de Bens e Serviços
registaram médias dos últimos 12 meses de 13,55% e 13,08%, respectivamente.
Quanto ao IPC por Classes, no I Trimestre de 2016, as classes da Saúde, Educação e Transportes foram as que
registaram maior variação, com 27,46%, 24,08% e 14,73%, respectivamente, o que corresponde a acréscimos face
ao trimestre anterior de 21,63 p.p., 23,96 p.p. e 12,29 p.p., respectivamente. Na Saúde, as despesas com serviços
médicos, nomeadamente com análises clínicas, foram as que mais subiram, enquanto na Educação e nos Transportes,
as inscrições no ensino básico e as despesas com utilização de veículos, nomeadamente combustíveis e lubrificantes,
foram os que mais aumentaram, respectivamente.
No entanto, as maiores contribuições advieram, como é habitual, das classes da Alimentação e Bebidas Não Alcoólicas
(4,27 p.p.), influenciada particularmente pela subida dos preços das Bebidas Não Alcoólicas, da Habitação, Água,
Electricidade, Gás e Combustíveis (1,25 p.p.), por via sobretudo das despesas com electricidade e combustíveis, e de
Bens e Serviços Diversos (1,00 p.p.), onde os produtos e serviços de higiene e cuidado pessoal surgem como a principal
causa, nomeadamente os serviços de cabeleiro. Em termos acumulados os valores coincidem com as variações e
contribuições trimestrais.
Gráfico 4 - Contribuição das Classes na Inflação Homóloga (em p.p.)
25.00
Classe 04
Classe 05
Classe 07
Classe 08
Classe 09
Jan-16
Mar-16
Nov-15
Jul-15
Set-15
Mai-15
Jan-15
Mar-15
Nov-14
Jul-14
Classe 06
Set-14
Mai-14
Jan-14
Mar-14
Nov-13
Jul-13
Mar-13
Mai-13
Set-13
20.00
15.00
10.00
5.00
0.00
Classe 01 Classe 02 Classe 03
Fonte: INE/BNA
Classe 10
Classe 11
Classe 12
Relativamente ao Índice de Preços no Grossista (IPG) de Luanda, este registou em termos trimestrais uma variação
de 4,42%, o que corresponde a um acréscimo de 2,71 p.p. comparativamente ao trimestre homólogo do ano de 2015
(1,71%) e a uma subida na ordem dos 1,86 p.p. face ao trimestre anterior (2,56%). A variação positiva do IPG face ao
trimestre anterior, e suportada pelo aumento dos preços registados tanto dos produtos importados (4,44%) como dos
produtos nacionais (4,41%) e pelos aumentos na variação trimestral registados em ambos, de 2,16 p.p. e 1,00 p.p.,
respectivamente. No trimestre em análise, os sectores da Pesca e da Agricultura, Produção Animal, Caça e Silvicultura
foram os que mais se destacaram para as Secções dos Produtos Nacionais e dos Produtos Importados, respectivamente
com variações de 10,80% e 4,96%.
Painel 18 - Índice de Preços no Grossista (Taxas de Variação, em %)
IPG - Variação Trimestral (em %)
14.00%
12.00%
12.00%
10.00%
10.00%
8.00%
8.00%
6.00%
6.00%
4.00%
4.00%
Fonte: INE
Variação média
Jan/16
Variação Mensal
Mar/16
Nov/15
Jul/15
Sep/15
Jan/15
Mar/15
Nov/14
Sep/14
Jul/14
Mar/14
Jan/14
Nov/13
Sep/13
Jul/13
Variação Homóloga
May/15
IPG - Variação Trimestral
May/14
IPG - Variação Acumulada
Mar/13
0.00%
I Trim. 14 II Trim. 14 IIITrim. 14 IV Trim. 14 I Trim. 15 II Trim. 15 III Trim. 15 IV Trim. 15 I Trim. 16
May/13
2.00%
2.00%
0.00%
IPG (Taxas de Variação, em %)
16.00%
14.00%
34 •
Atendendo a evolução a 12 meses, a inflação homóloga atingiu os 14,70% no mês de Março, dando continuidade ao
cenário de subidas consecutivas desde Janeiro de 2015 e contribuindo para que a média das variações dos últimos 12
meses apresente um panorama semelhante, apesar da inversão ter sido a partir de Maio de 2015.
O IPC Nacional no I Trimestre de 2016 foi de 10,20% o que corresponde a uma descida de 1,88 p.p. face ao trimestre
anterior. Em termos desagregados, a província de Luanda foi a que registou a maior variação de preços (10,47%),
seguida da província do Namibe (10,12%) e do Cuanza Sul (9,64%). A província do Uíge foi a que registou a menor
variação de preços (7,55%).
Gráfico 5 - Variação de Preços por Província
12.00%
10.00%
8.00%
6.00%
4.00%
2.00%
Variação Trimestral por Província
Uíge
Huambo
Benguela
Lunda Sul
Cuanza Norte
Bié
Lunda Norte
Moxico
Cabinda
Cunene
Cuando Cubango
Bengo
Malanje
Zaire
Huíla
Cuanza Sul
Luanda
Namibe
0.00%
Variação Trimestral Nacional
Fonte: INE
Na Província de Luanda, o acréscimo dos preços no I Trimestre de 2016 foi maior na classe da Saúde (27,46%), apesar
da maior contribuição para a variação total ter sido proveniente da classe de Alimentação e Bebidas Não Alcoólicas
(4,27%). Nas províncias do Namibe e Cuanza Sul, a evolução registada foi principalmente observada na variação dos
preços da classe dos Transportes com 31,30% e 17,63%, respectivamente. Todavia, a maior contribuição foi proveniente
da classe de Alimentação e Bebidas Não Alcoólicas, com 5,50 p.p. e 5,45 p.p., respectivamente.
Para terminar e em termos de balanço, refira-se que o aumento da taxa de imposto sobre o consumo e alguns bens
importados, bem como a redução dos subsídios aos preços dos combustíveis, aos quais se aliam constrangimentos do
lado da oferta num contexto de controlo e contenção das necessidades de importação de bens, têm sido os principais
factores que justificam a aceleração da taxa de inflação. Esta actual tendência da inflação poderá vir a atenuar-se a
partir do II Semestre de 2016 atendendo ao carácter temporário de alguns dos factores referidos. O carácter temporário
do aumento de impostos e da retirada dos subsídios faz com que as maiores pressões inflacionistas possam desvanecer
após alguns meses. Por outro lado, a política recente do BNA faz antever que, por um lado, as flutuações do kwanza
serão mais graduais, e por outro, estas pressões sejam compensadas por possíveis novos aumentos na taxa de juro
do BNA, numa tentativa de retrair o consumo e incentivar a poupança. Além disto, espera-se que algumas medidas
do governo possam trazer resultados positivos adicionais, nomeadamente, o Programa de Combate à Especulação de
Preços cujo objectivo é de evitar a venda a preços mais altos no mercado informal e a diversificação da economia.
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 35
Anexo Estatístico
Anexo 1 – Contas Externas
Saldo da Conta de Bens, USD Milhões (Exportações vs. Importações)
2015
Unidades: em USD milhões
Var.
Acumulada
Var. 12
Meses
…
…
…
Jan
Fev
Mar
I Trim
Out
Nov
Dez
IV Trim
Exportações
2.732,04
2.754,73
2.757,66
8.244,44
2.492,65
2.274,75
1.917,69
6.685,10
Importações
2.324,73
2.892,07
2.042,42
7.259,23
1,476,98
1.240,82
1.240,74
3.958,54
…
…
…
407.31
-137.34
715.24
985.21
1.015,67
1.033,93
676.95
2.726,56
…
…
…
Conta de Bens
2016
Var.
Trimestral
Exportações
1.617,32
1.552,41
2.027,33
5.197,05
-22.26%
-22.26%
-36.96%
Importações
1.217,60
1.017,98
857.41
3.092,99
-21.87%
-21.87%
-57.39%
399.71
534.43
1.169,92
2.104,06
-22.83%
-22.83%
113.56%
Conta de Bens
Fonte: DES/BNA
Peso das importações angolanas por países de origem
Países
Portugal
Bélgica
China
EUA
Brasil
África do Sul
Singapura
I Trim 2014
16.11%
6.26%
11.51%
5.58%
4.15%
3.79%
0.00%
II Trim 2014
13.90%
6.88%
11.02%
9.09%
3.64%
3.26%
0.00%
III Trim 2014
14.43%
5.11%
11.41%
6.67%
4.39%
3.17%
0.00%
IV Trim 2014
16.84%
6.01%
14.66%
5.86%
5.30%
4.08%
0.00%
I Trim 2015
9.94%
4.45%
15.14%
5.04%
2.86%
2.42%
8.86%
II Trim 2015
13.68%
7.34%
11.85%
6.48%
3.10%
3.89%
12.02%
III Trim 2015
14.13%
8.03%
13.92%
7.44%
5.02%
4.83%
9.94%
IV Trim 2015
14.90%
6.29%
13.86%
7.21%
5.02%
4.43%
4.78%
I Trim 2016
12.21%
6.23%
12.20%
14.48%
4.21%
2.66%
0.42%
Fonte: DES/BNA
Principais Rúbricas dos Activos Externos, USD Milhões
I Trim 2016
Jan-16
Feb-16
Mar-16
Var. Hom. I Trim 2016
Reservas Brutas
24.667,17
Reservas Internacionais Líquidas
24.533,77
23.887,52
24.136,64
-5.80%
Ouro
97.874,54
116.730,53
117.432,71
54.96%
Haveres em DSE
49.137,58
50.218,27
51.735,24
50.55%
Moeda Estrangeira (3)
15.612,10
15.937,32
16.100,33
94607.83%
Depósitos (3)
1.771.477,83
1.676.966,48
1.793.032,50
36.43%
Títulos
1.317.434,81
1.354.798,67
1.307.496,68
33.32%
0.00
0.00
0.00
Acções e outras participações
587.069,84
601.013,73
609.210,18
50.35%
2. Outros activos externos (3)
192.326,40
195.403,45
197.682,02
42.10%
B. Passivos externos
129.278,70
129.784,53
139.673,55
66.40%
20.758,82
18.857,38
17.010,43
-60.61%
108.519,88
110.927,16
122.663,12
201.00%
Posição De Reserva no FMI
1. Relacionado com reservas
2. Outros
Fonte: DES/BNA
24.006,16
24,242,51
-6.84%
36 •
Comportamento da taxa de câmbio nos Mercados Primário, Secundário e Casas de Câmbio, USD/Kz
I Trim 2015
IV Trim 2015
I Trim 2016
Variações
Jan/15
Fev/15
Mar/15
Out/15
Nov/15
Dez/15
Jan/16
Fev/16
Mar/16
Trim.
Acum.
12 Meses
Compra
103.652
105.747
107.455
134.635
134.639
134.642
154.842
158.154
159.869
18.736%
18.736%
48.778%
Venda
104.689
106.804
108.529
135.981
135.985
135.988
156.390
159.736
161.468
18.737%
18.737%
48.778%
Média
104.171
106.276
107.992
135.308
135.312
135.315
155.616
158.945
160.669
18.737%
18.737%
48.778%
Compra
104.358
105.762
106.775
135.131
136.584
135.423
157.834
160.012
159.928
18.095%
18.095%
49.780%
Venda
107.243
109.424
111.215
140.254
140.102
140.011
161.061
164.731
165.751
18.384%
18.384%
49.037%
Média
105.800
107.593
108.995
137.692
138.343
137.717
159.448
162.372
162.839
18.242%
18.242%
49.401%
Compra
103.666
106.062
107.487
138.283
134.054
136.860
159.874
159.090
160.446
17.234%
17.234%
49.270%
Venda
108.672
110.995
112.532
148.029
149.150
152.364
189.675
186.982
190.643
25.123%
25.123%
69.411%
Média
106.169
108.529
110.010
143.156
141.602
144.612
174.774
173.036
175.544
21.390%
21.390%
59.572%
Compra
118.500
122.500
127.750
187.443
192.286
207.157
247.157
270.286
288.000
39.025%
39.025%
125.440%
Venda
131.313
149.125
145.250
211.557
216.414
235.000
272.586
302.857
319.857
36.109%
36.109%
120.211%
Média
124.906
135.813
136.500
199.500
204.350
221.079
259.871
286.571
303.929
37.475%
37.475%
122.658%
Mercado Primário (Taxa Referência)
Bancos (Divisas)
Bancos (Notas)
Casas de Câmbio
Fonte: BNA/DMA/DSI/DES
Comportamento da taxa de câmbio do Euro e Rand no Mercado Primário (Taxas de Referência)
I Trim 2015
IV Trim 2015
I Trim 2016
Variações
Taxas
Médias
Jan/15
Fev/15
Mar/15
Out/15
Nov/15
Dez/15
Jan/16
Fev/16
Mar/16
Trim.
Acum.
12
Meses
EUR/KZ
118.212
119.370
116.880
149.515
143.349
147.832
169.870
177.607
179.532
21.44%
21.44%
53.60%
Compra
117.640
118.781
116.309
148.799
142.663
147.110
169.056
176.739
178.655
21.44%
21.44%
53.60%
Venda
118.785
119.958
117.450
150.232
144.035
148.553
170.684
178.474
180.408
21.44%
21.44%
53.60%
RAND/KZ
9.013
9.145
8.894
14.206
14.206
14.206
14.206
10.122
10.780
-24.12%
-24.12%
21.21%
Compra
8.966
9.096
8.848
14.162
14.162
14.162
14.162
10.067
10.734
-24.20%
-24.20%
21.32%
Venda
9.060
9.194
8.940
14.250
14.250
14.250
14.250
10.177
10.826
-24.03%
-24.03%
21.09%
Fonte: DES/BNA
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 37
Anexo 2 – Contas Monetárias
Correspondência entre algumas rubricas das Contas Monetárias (antes e depois do novo formato) 10
10
Nomenclatura Antiga
Nova Nomenclatura
Crédito à Economia
Crédito a Outros Sectores Residentes
Crédito ao Sector Privado
Crédito a Outros Residentes
Crédito Líquido ao Governo Central
Crédito à Administração Central (líquido)
Crédito Concedido ao Governo Central
Crédito à Administração Central
Depósitos do Governo Central
Depósitos da Administração Central
Outros Activos Líquidos
Outros Activos e Passivos (líquido)
Depósitos à Ordem
Depósitos Transferíveis
Depósitos a Prazo
Outros Depósitos
Outros Instrumentos Financeiros
Outros Instrumentos Equiparáveis a Depósitos
O Por forma a prestar ao leitor todas as ferramentas para garantir uma correcta compreensão e acompanhamento das rubricas monetárias em análise no presente relatório (face às edições
anteriores do Relatório de Inflação), os autores apresentam, em formato de tabela, as correspondências entre as nomenclaturas usadas até então e as que serão usadas daqui em diante.
38 •
Anexo 3 – Bens e serviços constituintes das Classes do IPC
Classe 1 - Alimentação e Bebidas
Não alcoólicas
Classe 2 - Bebidas Alcoólicas e Tabaco
Classe 6 - Saúde
Pão carcaça
Whisky
Diclofenaco
Pão cacete
Amarula
Paracetamol
Pão bola
Vinho tinto
Ampicilina
Bolachas de água e sal
Cerveja nacional
Amociclina
Bolo
Cerveja importada
Penicilina
Farinha de trigo
Cigarro importado
Coarten
Fuba de milho
Classe 3 - Vestuário e Calçado
Fansidar
Arroz agulha
Calças para homem
Bissolvon
Arroz corrente
Camisa
Soro antidiftérico
Milho grão
Camisola
Multivitaminas
Massa alimentícia
Fato para homem
Consulta Médica
Esparguete
Roupa interior para homem
Análises
Carne de primeira
Uniforme escolar para homem
Radiografía
Carne de segunda
Blusa
Despesas em Clínicas privadas
Miudezas de vaca
Calças para mulher
Classe 7 - Transportes
Costeleta de porco
Fato para senhora
Automóvel
Chispe de porco
Pano superwax
Motorizada
Carne de Cabrito
Roupa interior para senhora
Pneu
Frango congelado
Saias
Gasolina
Coxas de frango
Vestido
Gasóleo
Galinha
Uniforme escolar
Reparação de automóveis
Chouriço
Blusão de tecido Mulher
Bilhete de autocarro público
Salsicha
Calças para criança
Táxi colectivo
Carne em conserva
Fato para criança
Passagem interurbano e interprovincial
Carne seca de vaca
Vestido para criança
Transp. aéreo doméstico de passageiros
Cachucho fresco
Camisola para criança
Classe 8 - Comunicações
Carapau fresco
Cintos
Telemóvel
Corvina fresco
Lavagem de fato
Assinatura do serviço
Cacuço fresco
Calçado para homem
Cartão móvel pré-pago
Espada fresco
Calçado para mulher
Classe 9 - Lazer, Recreação e Cultura
Sardinha fresca
Sandálias
TV a cores
Madionga
Chinelos
Rádio
Carapau seco
Sapatilhas
Computador pessoal
Corvina seca
Sapatos para criança
CD de Áudio gravado
Bacalhau seco
Classe 4 - Habitação, Água, Electr. e
Combustíveis
DVD gravado
Bagre fumado
Renda de casa
Brinquedos
Conserva de atum
Tintas
Entrada em Estádio de futebol
Conserva de sardinha
Serviços de Reparação de janelas
Cinemas
Leite em pó
Pagamento água (m3)
Assinatura mensal da TV cabo e outros
Leite fresco
Água em tambor
Livro escolar
Leite condensado
Electricidade
Jornal de Angola
Iogurte
Gás (botija de 12kg)
Caderno
Queijo
Petróleo iluminante
Esferográfica
Ovos de galinha
Carvão
Classe 10 - Serviço de Educação
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 39
Óleo de palma
Classe 5 - Mobiliário, Equip. Dom. e
Manutenção
Ensino Pré-Escolar particular
Óleo de soja
Mobília de sala de visita
Pagamento de Inscriçöes
Azeite de oliveira
Mobília de sala de jantar
Propinas Escolares
Manteiga
Mobília de quarto (conjunto)
Pagamento Mensalidade
Margarina
Cama
Pagamento Ensino Superior
Abacate
Colchão
Classe 11 - Hóteis, Cafés e Restaurantes
Banana
Cadeira de plástico
Laranja
Estante
Bife com batatas fritas
Maçã
Cortinas
Churrasco
Banana pão
Colchas
Funge com carne
Ginguba
Cobertor
Funge com peixe
Alho
Lençóis
Sopa de feijão
Cebola
Toalha de banho
Mufete
Cenoura
Arca, congelador
Pequeno almoço
Couve
Geleira
Bolos
Jimboa
Fogão a gás
Sanduíche de Fiambre
Kisaca
Ar condicionado
Água Mineral
Pimento
Ventoinha
Sumo de frutas
Quiabo
Gerador
Gasosa
Repolho
Máquina lavar roupa
Cerveja branca
Tomate
Louças
Vinho
Beringela
Copo
Wisky
Fumbua
Panelas
Classe 12-Bens e Serviços Diversos
Feijão castanho
Detergente em pó
Corte de barba
Feijão catarino
Sabão
Corte de cabelo Homem
Feijão amarelo
Lixívia
Serviço de cabelereiro Senhora
Batata rena
Insecticidas
Escova de Dentes
Batata doce
Fósforo
Máq. Para barbear (Lâminas)
Mandioca fresca
Vassoura
Água de Colónia e Perfumes
Massa de tomate
Vela
Creme de Beleza
Ervilhas em lata
Serviço de Lavadeira
Champô
Fuba de bombó
Serviço de Governanta
Desodorizante
Farinha fina de mandioca
Serviço de Jardineiro
Pasta Dentífrica
Açúcar branco
Fraldas descartáveis
Sal
Papel higiénico
Folha de louro
Sabonete
Vinagre
Colares, fios, brincos, pulseiras
Café instantâneo
Relógio de pulso
Chá Preto
Malas
Água Mineral
Despesas por baptismo
Gasosas
Despesas de Serviço matrimonial
Sumo de frutas
Serviços funerários e similares
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