Relatório de Inflação • I Trimestre 2016 4• Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 Publicação do Banco Nacional de Angola (BNA) É permitida a reprodução das matérias, desde que mencionada a fonte: Relatório de Inflação. Eventuais divergências entre dados e totais ou variações percentuais são provenientes de arredondamentos. Banco Nacional de Angola Av. 4 de Fevereiro nº 151 - Luanda - Angola Caixa Postal 1243 Tel.: (+244) 222 679200 www.bna.ao Objectivo do Relatório de Inflação No âmbito das atribuições conferidas ao Banco Nacional de Angola, por intermédio da sua Lei Orgânica, Lei n.º 16/10, de 15 de Julho, para a prossecução da política económica do Executivo, compete-lhe, além da condução, execução, acompanhamento e controlo das políticas monetária, financeira, cambial e de crédito, velar pela estabilidade do sistema financeiro nacional, assegurando, com essa finalidade, a função de financiador de última instância. Assim, em virtude desta prerrogativa, impende sobre o mesmo o dever de elaborar e publicar, com periodicidade regular, Relatórios relativos às suas atribuições, entre os quais o Relatório de Inflação. Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 5 Índice Geral SUMÁRIO EXECUTIVO 8 1. Economia Internacional 10 1.1. Crescimento Económico Mundial 10 1.2. Inflação 11 1.3. Mercado Monetário 12 1.4. Mercado das Commodities 13 1.5. Mercado Cambial Internacional 15 2. Economia Nacional 16 2.1. Comércio Externo e Reservas Internacionais 16 2.2. Políticas Macroeconómicas 17 2.2.1. Política Cambial 17 2.2.2. Política e Situação fiscal 19 2.2.3. Política Monetária e Desenvolvimentos Monetários e Financeiros 24 2.3. Actividade Económica Nacional 25 2.3.1. Indicadores da Actividade Económica 25 Produto Interno Bruto 25 3. Inflação 32 Anexo Estatístico Anexo 1 – Contas Externas 35 Anexo 2 – Contas Monetárias 37 Anexo 3 – Bens e serviços constituintes das Classes do IPC 38 6• Índice de Tabelas Tabela 1 – Principais Projecções Económicas do FMI (em %) 10 Tabela 2 - Oferta e Procura Global de Petróleo (em Milhões de barris/dia) 14 Tabela 3 - Principais Rubricas Fiscais, em Kz Milhões (Informação Preliminar) 20 Tabela 4 - Principais Indicadores da Síntese Monetária (em t.v.h., %) 26 Tabela 5 - Agregados Monetários (em t.v.h.) 27 Tabela 6 - Taxas de Crescimento do PIB Real por Sectores de Actividade (em %) 30 Índice de Gráficos Gráfico 1 - IPC dos Principais Parceiros Comerciais de Angola 11 Gráfico 2 – Venda de Divisas no Mercado Primário 18 Gráfico 3 - Saldos Fiscais (Executados), em Kz Mil Milhões 20 Gráfico 4 - Contribuição das Classes na Inflação Homóloga (em p.p.) 33 Gráfico 5 - Variação de Preços por Província 34 Índice de Painéis Painel 1 - Taxas de Juro de Referência 12 Painel 2 - Preços de Referência das Commodities Energéticas e Alimentares 15 Painel 3 - Comportamento das principais taxas de câmbio internacionais 16 Painel 4 – Conta de Bens e Reservas Internacionais 17 Painel 5 - Taxas de Câmbio USD/AOA nos Mercados Cambiais 18 Painel 6 - Composição dos Fluxos de Recursos, em Kz Mil Milhões 21 Painel 7 – Composição dos Fluxos de Despesa, em Kz Milhões 22 Painel 8 - Dívida Interna Titulada e Taxas de Juro dos Títulos, em Kz Milhões 23 Painel 9 - Taxas de Juro Directoras e Taxas do Mercado Monetário Interbancário (MMI) 24 Painel 10 - Crédito ao Sector Privado e Distribuição por Sectores de Actividade 26 Painel 11 - Depósitos Totais e Créditos e Depósitos em ME 27 Painel 12 - Taxas de Juro do Crédito Empresarial e a Particulares em MN (em f.d.p.) 28 Painel 13 – Taxas de Juro dos Depósitos a Prazo em MN e ME (em f.d.p.) 28 Painel 14 - Indicadores de Clima Económico e de Confiança (s.r.e.) 29 Painel 15 -Taxas de Crescimento Real do PIB e respectivos contributos dos Sectores de Actividade 31 Painel 16 - Índice de Preços no Consumidor (Taxas de Variação, em %) 32 Painel 17 - Índice de Preços no Consumidor de Bens e Serviços (em t.v.h. e t.v. média) 32 Painel 18 - Índice de Preços no Grossista (Taxas de Variação, em %) 33 Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 7 8• SUMÁRIO EXECUTIVO O Relatório de Inflação é publicado trimestralmente pelo Banco Nacional de Angola (BNA), tendo como principal objectivo analisar os desenvolvimentos económicos e financeiros a nível internacional, bem como a conjuntura e as políticas macroeconómicas nacionais, em particular, as políticas cambial, fiscal e monetária, e o seu impacto na evolução da inflação. Este relatório pretende ser um meio de comunicação entre o BNA e os agentes económicos, para a partilha de informação económica e financeira mais recente sobre a economia nacional e internacional. Na arena internacional, o FMI reviu em baixa as previsões de crescimento da economia mundial para 2016 e 2017 em menos 0,2 p.p. face à actualização do World Economic Outlook de Janeiro de 2016. Deste modo, espera-se que esta cresça 3,2% em 2016 e 3,5% em 2017. A principal razão que continua a limitar o crescimento económico mundial é a lenta recuperação da procura, não obstante o facto de alguns bancos centrais aplicarem estímulos económicos, os baixos preços do petróleo não impulsionarem o aumento do consumo na magnitude esperada e a necessidade de ajustamentos estruturais em várias economias emergentes. Entre as economias avançadas, o crescimento deverá continuar a ser residual e o crescimento das economias emergentes, particularmente dos países exportadores de commodities continua a ser ameaçado, factores que poderão penalizar o crescimento mundial, não obstante o menor abrandamento da economia chinesa e a manutenção dos níveis de crescimento da economia indiana. No I Trimestre de 2016, os preços das commodities energéticas apresentaram o seu nível mais baixo dos últimos anos, atingindo mínimos abaixo de 30 USD/bbl, quer no caso do WTI, quer no caso do Brent. O preço médio do barril do petróleo no mercado internacional no I Trimestre de 2016 foi de 35,07 Dólares/barril no caso do Brent e 33,43 USD/bbl no caso do WTI. As ramas angolanas foram transaccionadas ao preço médio de 31,46 USD/bbl (o que corresponde a uma diminuição de 22,83% face ao preço médio registado no trimestre anterior), um valor bastante abaixo do preço tomado como pressuposto na revisão do Orçamento Geral do Estado Angolano (OGE) para 2016 (45 USD/bbl). Para além das commodities energéticas, as commodities alimentares continuam a ver os seus preços a aprofundar numa tendência de queda o que, do ponto de vista da economia angolana, que depende em grande parte das importações, acaba por ser um factor positivo e relativamente atenuante da taxa de inflação galopante registada a nível interno. A diminuição do preço do petróleo afectou, naturalmente, a conta de bens no trimestre em análise, tendo-se registado uma redução do seu superavit de 22,83% em termos trimestrais. No entanto, quando analisado em termos homólogos, regista-se uma melhoria considerável do excedente da conta de bens de 113,56%, devido ao reajustamento mais do que proporcional das importações face à queda das exportações neste período considerado. Com efeito, as Reservas Internacionais Brutas diminuíram 6,84% em termos homólogos, atingindo em finais de Março de 2016 um stock de USD 24.242,51 milhões e um rácio de cobertura das importações de bens e serviços de 8,1 meses, continuando acima da meta da SADC, fixada em 6 meses de importações e do mínimo recomendável pelo FMI, que é de 3 meses. O I Trimestre de 2016 foi um período rigoroso em termos de condução da política fiscal, devido à queda das receitas do sector petrolíferas em função da trajectória decrescente do preço do petróleo, que chegou a atingir um mínimo histórico abaixo dos 30 USD/bbl. Para além disso, o efeito contágio do choque do preço do petróleo para a economia real levou ao abrandamento da actividade económica, culminando numa redução da receita fiscal não petrolífera. Assim, a política fiscal implementada manteve-se em linha com a dos trimestres anteriores, focando-se mais assertivamente na contenção das despesas do exercício e dando continuidade à potenciação das receitas não petrolíferas, através do processo de reforma tributária em curso. O saldo de caixa final do período foi deficitário em Kz 41.335,65 milhões. À semelhança do ocorrido em trimestres anteriores, o Tesouro recorreu mais uma vez à emissão de dívida interna titulada para colmatar a quebra verificada na arrecadação de receitas, o que levou ao aumento do stock de dívida interna titulada de 59,44% em relação ao trimestre homólogo. Em termos de política cambial e monetária, o BNA, no que concerne à primeira, voltou a usar como principal instrumento a desvalorização da moeda nacional aliado a uma intervenção regular de vendas no mercado cambial, no sentido de se encontrar um equilíbrio e se atenuar a pressão sobre o referido mercado, enquanto a segunda manteve a sua orientação restritiva em curso desde o ano anterior, de modo a reduzir a liquidez no sistema bancário e atenuar as pressões inflacionistas e crescentes sobre a economia. Nota-se, em particular, no trimestre em análise, um abrandamento no crescimento da base monetária restrita em MN ao passar de 61,2% no IV Trimestre de 2015 para 25,5% no I Trimestre de 2016. Este abrandamento foi devido a alguma eficácia atribuída às operações de facilidade permanente de absorção de Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 9 liquidez na maturidade de 7 dias ao longo do período o que, por um lado, contribuiu para a redução dos depósitos livres dos bancos comerciais e tendo, por outro lado, se observado um abrandamento do crédito às Outras Instituições Financeiras não Monetárias (de 120,8% no IV Trimestre de 2015 para 80,6% no I Trimestre de 2016). Dada a dependência da economia face à exportação de petróleo, a economia angolana tem enfrentado uma série de desafios relacionados com a criação de bases para o crescimento do sector não petrolífero, uma vez que a pequena indústria transformadora e os restantes sectores económicos, ainda são bastante dependentes das importações. Estas tornaram-se mais caras devido às desvalorizações da moeda nacional registadas ao longo do período em análise, com o objectivo de conter a queda desenfreada das RIL o que, de certo modo, contribuiu para o aumento notável dos preços nos primeiros três meses do ano. Assim, a taxa de inflação trimestral acelerou 6,14 p.p. para os 10,47% e a taxa de inflação homóloga acelerou 15,74 p.p. para os 23,60% (7,87% em Março de 2015). Contudo, outros factores contribuíram para agravar esta tendência, destacando-se os sucessivos cortes nos subsídios aos combustíveis, que se traduziram num aumento efectivo dos respectivos preços para os consumidores o que, por conseguinte, terá contribuído para o aumento dos preços dos serviços de transportes bem como da energia eléctrica, que acabaram por exercer uma pressão significativa sobre o nível geral de preços, sem minimizar o crescimento da massa monetária. 10 • 1. Economia Internacional 1.1. Crescimento Económico Mundial No Relatório World Economic Outlook (WEO), de Abril de 2016, o Fundo Monetário Internacional (FMI) apresentou novas projecções macroeconómicas, tendo revisto em baixa as taxas de crescimento para 2016 e 2017, mostrando uma desaceleração das principais economias avançadas, à excepção dos Estados Unidos da América (EUA). As economias emergentes e em desenvolvimento também devem desacelerar ao mesmo ritmo (-0,10 p.p.), apesar do elevado nível de crescimento da Índia e da melhoria no crescimento da China, face aos riscos resultantes da queda dos preços das commodities, especialmente do petróleo, maiores condicionalismos ao crédito e reduzidos níveis de investimento e de trocas comerciais. Tabela 1 – Principais Projecções Económicas do FMI (em %) FMI (Jan’16) Países/Região Diferenciais WEO FMI (Abr’16) entre Janeiro e Abril de 2016 2013 2014 2015 2016 2014 2015 2016 2017 2015 2016 2017 Economia Mundial 3.30 3.40 3.10 3.40 3.40 3.10 3.20 3.50 0.00 -0.20 -0.10 Economias Avançadas 1.10 1.80 1.90 2.10 1.80 1.90 1.90 2.00 0.00 -0.20 -0.10 EUA 1.50 2.40 2.50 2.60 2.40 2.40 2.40 2.50 -0.10 -0.20 -0.10 Reino Unido 1.70 2.90 2.20 2.20 2.90 2.20 1.90 2.20 0.00 -0.30 0.00 Zona Euro -0.30 0.90 1.50 1.70 0.90 1.60 1.50 1.60 0.10 -0.20 -0.10 Japão 1.60 0.00 0.60 1.00 0.00 0.50 0.50 -0.10 -0.10 -0.50 -0.40 5.00 4.60 4.00 4.30 4.60 4.00 4.10 4.60 0.00 -0.20 -0.10 China 7.70 7.30 6.90 6.30 7.30 6.90 6.50 6.20 0.00 0.20 0.20 Índia 6.90 7.30 7.30 7.50 7.20 7.30 7.50 7.50 0.00 0.00 0.00 Brasil 2.70 0.10 -3.80 -3.50 0.10 -3.80 -3.80 0.00 0.00 -0.30 0.00 Rússia 1.30 0.60 -3.70 -1.00 0.70 -3.70 -1.80 0.80 0.00 -0.80 -0.20 África Subsariana 5.20 5.00 3.50 4.00 5.10 3.40 3.00 4.00 -0.10 -1.00 -0.70 África do Sul 2.20 1.50 1.30 0.70 1.50 1.30 0.60 1.20 0.00 -0.10 -0.60 Nigéria 5.40 6.30 3.00 4.10 6.30 2.70 2.30 3.50 -0.30 -1.80 -0.70 Economias Emergentes e em Desenvolvimento Fonte: Actualização do WEO, FMI, Janeiro de 2016 e WEO, FMI, Abril de 2016. Para 2016, o FMI prevê uma taxa de crescimento da economia mundial de 3,2%, correspondendo a uma revisão de menos 0,2 p.p. em relação à previsão de Janeiro do ano corrente, salientando um crescimento de 4,1% para as economias emergentes e em desenvolvimento (menos 0,2 p.p. em relação à projecção de Janeiro de 2016) e uma desaceleração do crescimento nas economias da região da África Subsaariana para 3,0% (menos 1,0 p.p. em relação à previsão de Janeiro). Nas economias avançadas o crescimento económico deverá permanecer modesto (1,9%). Embora as revisões em baixa tenham ocorrido em vários países, o destaque vai para os países africanos, onde de acordo com o FMI, é necessário acelerar o ritmo das reformas estruturais destinadas a aumentar a competitividade e a diversificação das referidas economias. Em muitos países, isto significa melhorar o clima empresarial através da redução das tarifas aduaneiras, reforma do sector energético e tornar os sectores financeiro e turístico mais sólidos. A Rússia é outro país negativamente afectado pelos desenvolvimentos no mercado das commodities e que está a ter igualmente atenção especial do Fundo. No Brasil, o cenário macroeconómico também é desfavorável, reflectindo a actual crise política, que está a penalizar a situação económica, pelo facto da confiança dos investidores estar neste momento a ser fortemente abalada, enquanto as economias mais desenvolvidas continuam a ressentir-se da redução da procura interna e, em alguns casos, da queda das exportações. Para 2017, o FMI também reviu em baixa as suas previsões para a economia mundial, esperando um crescimento de 3,5%, valor inferior em 0,1 p.p. face à revisão de Janeiro de 2016, tendo sido afectado pelo crescimento esperado das Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 11 economias avançadas em 2,0% (menos 0,1 p.p.), pelas economias emergentes e em desenvolvimento em 4,6% (menos 0,1 p.p.) e pelas economias da África Subsaariana em 4,0% (menos 0,7 p.p.). Todavia, persistem alguns riscos, pelo que o FMI propõe uma combinação mais equilibrada de políticas, com vista a melhorar o crescimento e a inflação, sem negligenciar a estabilidade financeira. Em relação aos EUA, o crescimento económico previsto para 2017 foi revisto em baixa (menos 0,1 p.p.), para 2,5%. O FMI destacou como factor a debilidade das perspectivas de longo prazo para o país, pelo facto de a taxa de inflação continuar baixa, indiciando um menor consumo e uma redução do investimento, inclusive na indústria petrolífera. Na Zona Euro, o crescimento revisto deverá passar para os 1,6% em 2017 (menos 0,1 p.p. em relação à última revisão do FMI). Espera-se que nos próximos anos a recuperação da Zona Euro continue modesto dado o enfraquecimento da procura externa, porém compensado pelos efeitos favoráveis dos baixos preços de energia, por uma expansão orçamental mais moderada e pelas condições financeiras mais favoráveis. Adicionalmente, o FMI prevê para 2017 uma contracção da economia nipónica (0,1%), justificada pela queda do consumo privado, desde o último trimestre de 2015, devido em parte ao aumento da taxa de imposto sobre o consumo em 2,0% e pela recente apreciação do Iene, que está a penalizar as exportações, a fraca procura dos mercados emergentes. 1.2.Inflação Em Março de 2016, as economias desenvolvidas continuaram a registar variações de preços reduzidas, mas superiores em relação ao mesmo período de 2015. No entanto, na Zona Euro as taxas foram inferiores às registadas no trimestre imediatamente anterior, colocando novamente em evidência os receios de um cenário de deflação, contrariamente aos EUA onde a inflação no primeiro Trimestre de 2016 foi superior à do IV Trimestre de 2015. Em Março de 2015, a taxa de inflação homóloga foi nula na Zona Euro (contra os menos 0,10% no período homólogo de 2015) e de 0,90% nos EUA (contra os menos 0,10% em termos homólogos de 2015). Nos EUA, o Índice de Preços no Consumidor (IPC) registou uma aceleração em termos trimestrais, em resultado dos serviços de aluguer de carros, transporte e de saúde. Já na Zona Euro, a aceleração dos preços relativamente ao mesmo período do ano anterior deveu-se ao aumento dos preços das classes hotéis, cafés e restaurantes e serviços como pacotes de férias e rent-acar e da classe alimentação, álcool e tabaco. Gráfico 1 - IPC dos Principais Parceiros Comerciais de Angola 12.0 Percentagens 10.0 8.0 6.0 4.0 2.0 I Trimestre 2015 EUA II Trimestre 2015 Zona Euro III Trimestre 2015 China Brasil IV Trimestre 2015 África do Sul Mar/16 Fev/16 Jan/16 Dez/15 Nov/15 Out/15 Sep-15 Ago/15 Jul/15 Jun-15 Mai/15 Abr/15 Mar/15 Feb-15 -2.0 Jan/15 0.0 I Trimestre 2016 Fonte: Trading Economics. Nas economias emergentes também se registou uma tendência de aceleração dos preços, em relação ao mesmo período do ano anterior, embora se tenha observado uma desaceleração no mês de Março de 2016. A pressão cambial, a sazonalidade no aumento da procura e a necessidade de ajustes fiscais, pressionaram os preços nestas economias. Em Março de 2016, a taxa de inflação anual foi de 9,39% no Brasil (contra os 8,13% em termos homólogos de 2015), apresentando uma tendência ascendente devido ao aumento dos preços da classe alimentos e bebidas, da habitação e dos transportes. Todavia, em relação ao último trimestre de 2015 observou-se uma desaceleração. 12 • Na China, a taxa da inflação anual foi de 2,30%, (contra os 1,40% em termos homólogos de 2015), reflectindo o aumento dos preços dos alimentos durante o feriado do Ano Novo Lunar e do tempo mais frio, bem como o dos produtos não alimentares e dos serviços. Já na África do Sul, a taxa de inflação anual acelerou para os 6,30% em Março de 2016, acima dos 4,0% observados no período homólogo de 2015, devido ao aumento dos preços de electricidade, alimentação, bebidas alcoólicas e transportes. Apesar do declínio dos preços das commodities, a pressão cambial e o seu impacto sobre os produtos importados e os problemas estruturais da África do Sul levaram a que a taxa de inflação ultrapassasse o limite superior do intervalo definido como meta pelo Banco Central Sul-africano (entre 3% e 6%). Relativamente às outras economias da SADC, nos últimos 12 meses, o nível geral de preços em Março de 2016 foi mais alto comparativamente aos meses precedentes, tendo a taxa de inflação homóloga, em relação a 2015, se situado em 3,0% no Botswana (mais 0,2 p.p.), 22,1% no Malawi (mais 3,9 p.p.), 13,61% em Moçambique (mais 10,5 p.p. em relação a Março de 2015), 5,4% na Tanzânia (mais 1,1 p.p.) e 22,2% na Zâmbia (mais 15,0 p.p), devido sobretudo à subida dos preços dos alimentos, bebidas e produtos não-alimentares. Nas Ilhas Maurícias e Seychelles, observou-se uma desaceleração para 0,9% no primeiro caso (menos 1,3 p.p.) e para menos 3,2% no segundo caso (menos 9,0 p.p.), em reflexo à queda dos preços dos combustíveis e restaurantes e hotéis. 1.3. Mercado Monetário As políticas monetárias dos principais bancos centrais internacionais - Banco Central Europeu (BCE), Banco de Inglaterra (BoE), Banco do Japão (BoJ), Banco Central do Brasil (BCB) e Banco Central da Rússia - mantiveram o cariz expansionista no decorrer do I Trimestre de 2016. Já a Reserva Federal Norte-americana (Fed), depois de ter elevado a taxa de juro de referência em Dezembro de 2015 para o intervalo entre 0,25% e 0,50% (uma média de 0,375%), não realizou novas subidas durante os primeiros meses de 2016. A Fed decidiu manter as taxas de juro e conteve as previsões de subida para este ano, devido ao potencial impacto do abrandamento da economia mundial. Contudo, é expectável que ao longo de 2016 possam ocorrer intervenções da Fed no mercado monetário norte-americano, aumentando as taxas de juro de forma gradual. Refira-se que a previsão das taxas fed funds foi actualizada para uma taxa média de 0,875% ao invés do intervalo situado entre os 1,25% e os 1,50% (uma média de 1,375%), que representam apenas duas subidas este ano, contrastando com quatro subidas apontadas como possíveis, em Dezembro de 2015. Painel 1 - Taxas de Juro de Referência Principais Economias Avançadas 0.60 16.00 0.40 Percentagem 0.30 0.20 0.10 0.00 12.00 8.00 14/01/16 28/01/16 11/02/16 25/02/16 10/03/16 24/03/16 IV Trim 2015 I Trim 2016 EUA Zona Euro Reino Unido Japão I Trim 2015 II Trim 2015 Brasil China III Trim 2015 Rússia 14/01/16 28/01/16 11/02/16 25/02/16 10/03/16 24/03/16 08/10/15 22/10/15 05/11/15 19/11/15 03/12/15 17/12/15 31/12/15 III Trim 2015 08/10/15 22/10/15 05/11/15 19/11/15 03/12/15 17/12/15 31/12/15 02/07/15 16/07/15 30/07/15 13/08/15 27/08/15 10/09/15 24/09/15 II Trim 2015 02/07/15 16/07/15 30/07/15 13/08/15 27/08/15 10/09/15 24/09/15 09/04/15 23/04/15 07/05/15 21/05/15 04/06/15 18/06/15 I Trim 2015 09/04/15 23/04/15 07/05/15 21/05/15 04/06/15 18/06/15 01/01/15 15/01/15 29/01/15 12/02/15 26/02/15 12/03/15 26/03/15 4.00 01/01/15 15/01/15 29/01/15 12/02/15 26/02/15 12/03/15 26/03/15 Percentagem Principais Economias Emergentes 20.00 0.50 IV Trim 2015 I Trim 2016 Índia África do Sul Fonte: Autoridades Monetárias Nacionais. Na Zona Euro, o BCE reduziu as suas taxas de intervenção e reforçou as suas medidas de estímulo à economia. Concretamente, na reunião de Março, o BCE optou por baixar as três taxas de juro, cujo corte na taxa de juro de depósitos, que passou de menos 0,30% para menos 0,40% (menos 10 p.b.), na taxa de cedência de liquidez de 0,30% para 0,25% (menos 5 p.b.) e na taxa de referência de 0,05% para 0,00% (menos 5 p.b.). O BCE também aumentou as compras de activos de 60 mil milhões de euros para 80 mil milhões de euros mensais, nas quais passarão também a ser incluídas as obrigações de empresas. No Reino Unido, o Banco de Inglaterra decidiu manter inalterada a sua taxa directora em 0,50% e o programa de compra de activos em 375 mil milhões de libras, devido à conjuntura internacional desfavorável e os reduzidos níveis de crescimento e inflação no país. O Banco Central alertou ainda que a incerteza em torno do Brexit poderá afectar a procura interna e penalizar ainda mais a evolução da moeda, a Libra. Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 13 No caso japonês, o Banco do Japão logo no início do Trimestre introduziu o conceito de taxas de juro negativas, colocando em menos 0,1% a taxa de juro sobre as reservas excedentárias em Janeiro de 2016, quando o seu nível anterior era de 0,1%, representando uma descida de 20 p.b.. A decisão teve como objectivo estimular o crescimento e combater a deflação no actual contexto de incerteza. Com esta medida esperava-se que o iene depreciasse, o que tenderia a reflectir-se em preços dos bens importados mais elevados, no entanto, verificou-se uma apreciação do iene nos primeiros meses do ano, devido à maior procura desta moeda por ser considerada moeda de refúgio. No bloco económico dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), houve alterações a nível das taxas directoras do Banco Central da África do Sul (SARB), enquanto os Bancos Centrais do Brasil, da Rússia, da Índia e da China mantiveram as suas taxas directoras inalteradas durante o I Trimestre do ano. Na África do Sul, a SARB subiu a sua taxa de juro de referência em 50 p.b. para 7,0%, reflectindo a preocupação com a tendência crescente de pressão sobre a inflação que já se encontra fora do intervalo de 3,0% e 6,0%. A taxa de inflação de Março de 2016 foi de 6,3% na África do Sul, tendo diminuído face aos 7,20% no mês anterior, em linha com as expectativas do mercado, com uma desaceleração no custo final da gasolina. A maior pressão proveio dos preços dos alimentos e bebidas não alcoólicas que registaram um aumento de 9,5% no mês de Março, contra os 7,0% em Fevereiro (frutas, pão e cereais, açúcar, doces e sobremesas e óleos e gorduras, foram os bens que observaram maior aumento de preço nesta classe); seguido dos preços da habitação e serviços públicos em 6,4% no mês Março, contra os 6,6% em Fevereiro, devido principalmente às rendas para habitação. No Brasil, o Comité de Política Monetária (Copom), manteve a taxa de juro Selic nos 14,25%, em linha com as expectativas do mercado, e informou que não deverá cortar a Selic tão cedo apesar da fragilidade na economia brasileira (associada à instabilidade política) e dos níveis elevados da taxa de inflação. Na Rússia, o Banco Central, apesar da descida da taxa de inflação, não introduziu alterações a nível da taxa de referência, mantendo a sua taxa básica (Key rate) em 11,00%, por considerar que os riscos de inflação permanecem elevados, que decorrem dos actuais desenvolvimentos no mercado petrolífero e de algumas incertezas em torno do Orçamento do Estado. O Banco Central da Rússia prevê que, de acordo com esta decisão, a inflação homóloga seja aproximadamente de 6,0% em Março de 2017, para atingir a meta de 4% no final de 2017. Na China, o Banco Popular não alterou a taxa de juro de referência, mantendo-a em 4,35%, mas reduziu o coeficiente de reservas obrigatórias em 5 p.b. para os 17,0% nos maiores bancos do país, no quadro do aumento da flexibilização da política monetária em 2016. Com esta medida, que se tornou efectiva apenas em Março, o Banco Popular da China pretende aumentar a liquidez disponível no sistema bancário de forma a incentivar o recurso ao crédito na economia. Relativamente aos países da região da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), excluindo a África do Sul, no I Trimestre de 2016, os bancos centrais mantiveram as suas taxas de juro de referência, com excepção de Angola, Suazilândia, Namíbia e Moçambique. Em particular, o Banco Central de Moçambique elevou a taxa de juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez de 9,75% para os 10,75% (mais 1,0 p.p.) e a da Facilidade Permanente de Depósitos de 3,75% para os 4,25% (mais 0,5 p.p.), para combater a inflação, que se agudizou devido à redução da oferta de produtos agrícolas em consequência da seca que assolou o país, à depreciação do Metical e ao agravamento dos preços na África do Sul. Por seu turno, o Banco Central da Namíbia subiu a sua taxa de juro de referência de 6,25% para 6,75%, mais 0,25 p.p. e o Banco da Suazilândia elevou a sua taxa de juro em 0,75 p.p. para os 6,5%, resultante do efeito de subida da taxa de juro levada a cabo pelo Banco Central da África do Sul, por duas vezes em 2016, de modo a travar a fuga de capitais e preservar as suas reservas. 1.4. Mercado das Commodities No I Trimestre de 2016, os preços das commodities registaram um comportamento crescente, levando a que o trimestre ficasse marcado como um período de retoma da tendência de subida dos preços das principais matérias-primas, embora em termos médios os preços continuem abaixo dos registados no período homólogo e no IV Trimestre de 2015. Os ganhos foram sentidos essencialmente no final do trimestre, sendo estes associados às questões climatéricas no grupo da agricultura, enquanto os preços dos metais apresentaram uma subida devido à melhoria da actividade dos sectores da transformação e da construção na China e ao sinal da Fed de que não subirá tão depressa as suas taxas de 14 • juro de referência. Em síntese, as commodities foram influenciados positivamente pelos constrangimentos na oferta, pelo aumento da procura e pelos sinais da Fed em relação à taxa de juro conforme foi referido anteriormente. De acordo com os dados da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), a procura global por petróleo no I Trimestre de 2016 foi de 93,10 Mb/d, tendo subido 1,10 Mb/d em termos homólogos, com a procura por petróleo nos países da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) a aumentar 0,20 Mb/d para 46,60 Mb/d e fora da OCDE a aumentar em 0,90 Mb/d, fixando-se nos 46,50 Mb/d. Do lado da oferta global, registou-se um aumento de 1,50 Mb/d em termos homólogos, em resultado do aumento da oferta dos países da OPEP em 1,30 Mb/d para 32,30 Mb/d em termos homólogos de 2015, uma vez que os países fora da OPEP reduziram a sua oferta em 0,10 Mb/d, passando para 57,10 Mb/d. Em termos trimestrais, a procura global registou uma redução de 0,90 Mb/d, contra uma redução da oferta de 0,30 Mb/d em relação ao último trimestre de 2015. Tabela 2 - Oferta e Procura Global de Petróleo (em Milhões de barris/dia) 2015 2016 II Trim III Trim IV Trim Anual (P) (P) (P) (P) 46.60 45.50 46.70 46.50 46.40 46.80 46.50 47.80 48.40 48.70 47.80 93.00 93.10 93.30 95.10 95.20 94.20 32.20 31.80 32.30 … … … … 57.40 57.10 57.10 56.10 56.00 56.50 56.40 6.20 6.30 6.10 6.30 6.30 6.30 6.40 6.30 95.50 96.00 95.10 95.70 … … … … I Trim II Trim III Trim IV Trim Anual I Trim Países da OCDE 46.40 45.40 46.50 46.30 46.20 Países Fora da OCDE 45.60 46.60 47.40 47.70 Procura Global 92.00 92.00 93.90 94.00 Países da OPEP 31.00 31.90 32.20 Países Fora da OPEP 57.20 56.80 57.10 OPEP Gás Natural 6.00 6.10 Oferta Global 94.20 94.80 Fonte: OPEP, Monthly Oil Market Report, 13 Abril de 2016. Entre 31 de Dezembro de 2015 e 31 de Março de 2016, os preços do petróleo Brent e WTI aumentaram 6,22% e 3,51%, tendo atingido em Março 39,75 USD/bbl e 37,91 USD/bbl, respectivamente, de acordo com os dados da Bloomberg. O aumento dos preços do petróleo deveu-se ao esgotamento da capacidade das refinarias no continente asiático, à expectativa de um acordo sobre o congelamento na produção petrolífera por parte dos países exportadores de petróleo bruto (nomeadamente, Arábia Saudita e Rússia), à ocorrência das interrupções não previstas nos países dentro e fora da OPEP (Kuwait, Iraque, Nigéria, Brasil, Venezuela entre outros) ao facto da evolução das reservas de petróleo internas que estiveram aquém das expectativas dos EUA e ao reforço dos estímulos do Banco Popular da China à economia. Contudo, o preço do petróleo WTI foi inferior ao preço do petróleo Brent, dado que o preço do WTI ainda está sob o efeito do desequilíbrio entre a oferta e a procura e o facto da evolução das reservas de petróleo estar aquém das expectativas nos EUA. O preço médio do barril do petróleo no mercado internacional no I Trimestre de 2016 foi de 35,07 USD/barril para o Brent e 33,43 USD/bbl para o WTI. As previsões de 12 de Abril de 2016 da Agência de Informação de Energia dos EUA (EIA) indicam que os mesmos deverão situar-se, em termos médios do ano, entre 34 USD/bbl em 2016 e 40 USD/bbl em 2017. Importa referir que, além da relação entre a oferta e a procura de matérias-primas no mercado de bens, o facto do Euro e do Dólar serem ainda as principais moedas de reserva e as mais transaccionadas nos mercados internacionais - inclusive para a compra e venda de matérias-primas - torna os preços das commodities mais sensíveis a variações cambiais destas duas moedas. Neste contexto, o facto de a Fed estar a adiar a subida das taxas de juro de referência (apesar dos Bancos Centrais da Zona Euro e do Japão estarem a implementar políticas monetárias expansionistas), e o efeito líquido positivo dos activos denominados em dólares, contribuíram para que a moeda norte americana se depreciasse, contribuindo para o aumento dos preços das commodities. No caso específico das ramas angolanas, estas atingiram 36,11 USD/bbl em Março (mais 2,75%), acompanhando naturalmente a tendência dos preços de referência (Brent). Em termos médios no trimestre, estas foram transaccionadas a um preço médio de 31,46 USD/bbl, ficando abaixo do preço tomado como pressuposto para a elaboração do Orçamento Geral do Estado Angolano (OGE) para 2016 (45 USD/bbl). Adicionalmente, o seu preço médio trimestral corresponde a uma diminuição de 38,73% face ao preço médio registado no I Trimestre do ano anterior. Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 15 Painel 2 - Preços de Referência das Commodities Energéticas e Alimentares I Trim. 2015 II Trim. 2015 III Trim. 2015 IV Trim. 2015 I Trim. 2016 Ramas Angolanas WTI Spread Brent/WTI I Trim 2015 Brent Spread Brent/Ramas Angolanas II Trim 2015 IV Trim 2015 Fev-16 Mar-16 Jan-16 Dez-15 Nov-15 Set-15 III Trim 2015 I. P. dos Bens alimentares (ELE) I. P. dos Laticínios (ELD) I. P. do Açúcar (ELD) Out-15 Jul-15 120 Ago-15 140 Jun-15 160 Abr-15 160 Fev-15 200 Mar-15 Fev-16 Mar-16 Jan-16 Dez-15 Nov-15 Set-15 Out-15 Jul-15 Ago-15 Jun-15 Abr-15 Mai-15 Fev-15 25 Mar-15 35 240 180 Jan-15 45 Índices de Preços dos Bens Alimentares da FAO 200 Spreads USD 55 Jan-15 USD/Barril 65 10 8 6 4 2 0 -2 -4 Mai-15 Preços de Petróleo de Referência 75 I Trim 2016 I. P. da Carne (ELD) I. P. dos Óleos Vegetais (ELD) I. P. dos Cereais (ELD) Fonte: Bloomberg (Brent e WTI), DES/BNA (Ramas angolanas) e Food and Agriculture Organization (FAO). No que concerne às commodities alimentares, o Índice de Preços dos Alimentos da Organização da Agricultura e Alimentação das Nações Unidas (FAO) situou-se em 151,0 pontos em Março de 2016 (150,0 pontos em termos médios do I Trimestre de 2016), o que representa uma queda de 14,51% face ao período homólogo do ano passado, em resultado da queda generalizada de todos os índices de preços que o compõem. A queda dos preços dos produtos alimentares reflecte vários aspectos, tais como: a forte concorrência e uma perspectiva favorável do lado da oferta de cereais na nova temporada; o arrefecimento da procura por produtos lácteos, especialmente por parte da China e o excesso de oferta para exportação, perspectivas de boas colheitas e de um aumento de produção de açúcar, das matérias-primas utilizadas na produção de óleos. No entanto, o mau tempo no Brasil e o prolongamento do tempo seco na Malásia e na Indonésia, que afectaram a produção açúcar do Brasil e de óleos vegetais provenientes da Ásia, conduziram a um aumento dos índices de preços destes dois produtos. 1.5. Mercado Cambial Internacional O facto de a Reserva Federal norte-americana estar a adiar sucessivamente o aumento das taxas de juro de referência, o aumento do défice da balança comercial dos EUA em Dezembro de 2015 e o bom desempenho das indústrias da Zona Euro e da Alemanha 1 foram factores que reverteram a favor da moeda europeia, tendo o Dólar depreciado face ao Euro 4,52% no I Trimestre de 2016. De forma semelhante, o Dólar continuou a depreciar-se frente ao Rand e ao Renminbi em 5,11% e 0,62%, respectivamente. No caso Sul-africano, o Rand apreciou-se frente ao Dólar norte-americano, reflectindo a expectativa de aumento das taxas de juro de referência e a melhoria do índice de confiança empresarial. Em relação à China, o Renminbi apreciou-se face à moeda norte-americana, devido à intervenção do Banco Popular da China para apreciar a moeda, numa altura em que ocorreu uma redução de saída de capitais e consequente menor redução do nível de reservas internacionais do que o esperado. Contrariamente, em termos homólogos, as apreciações do Dólar foram de 21,01% em relação ao Rand e de 4,10% em relação ao Renminbi. Em relação ao Euro, o Dólar norte-americano depreciou 5,76% em termos homólogos. O Dólar norte-americano depreciou-se frente ao Real em 9,31% em termos trimestrais, no entanto, em termos homólogos, manteve a tendência de apreciação em relação à moeda brasileira (12,37%). Particularmente, no I Trimestre de 2016, a moeda brasileira continuou a registar uma apreciação, devido à perspectiva de saída da crise política, com discussões na Câmara e no Senado sobre a possibilidade de mudança do governo brasileiro, com a saída de Dilma Rousseff do cargo de presidente do Brasil. Estes acontecimentos estão a contribuir para a apreciação da moeda brasileira devido à expectativa positiva dos investidores quanto à melhoria da situação económica e da retoma da confiança dos investidores estrangeiros, como peça adicional e importante no xadrez. 1 Espelhados na evolução dos Índices de Gestores de Compras (PMI)), cuja referência positiva é de 50,0 pontos. 16 • Painel 3 - Comportamento das principais taxas de câmbio internacionais 5.00 1.00 4.50 0.95 6.6 18.00 17.00 6.5 3.50 0.85 3.00 0.80 6.4 15.00 6.3 14.00 13.00 6.2 USD/Renminbi 0.90 USD/ZAR 4.00 USD/EUR USD/REAL 16.00 12.00 I Trim 2015 II Trim 2015 USD/REAL IV Trim 2015 USD/EUR I Trim 2016 6.1 11.00 10.00 I Trim 2015 II Trim 2015 III Trim 2015 IV Trim 2015 USD/ZAR 31/03/16 29/02/16 29/01/16 30/11/15 31/12/15 30/10/15 30/09/15 31/08/15 31/07/15 30/06/15 29/05/15 30/04/15 31/03/15 6 27/02/15 30/01/15 31/03/16 29/02/16 29/01/16 11/30/15 12/31/15 9/30/15 III Trim 2015 10/30/15 8/31/15 7/31/15 6/30/15 5/29/15 4/30/15 0.70 3/31/15 2.00 2/27/15 0.75 1/30/15 2.50 I Trim 2016 USD/Renminbi Fonte: Bloomberg O mercado cambial dos países da região da SADC, no I Trimestre de 2016, apresentou-se heterogéneo. Do lado das depreciações, destacaram-se as seguintes moedas: o Kwanza de Angola (18,74%), Metical de Moçambique (7,08%), a Rúpia das Seychelles (2,76%), o Kwacha do Malawi (2,44%) e o Shilling da Tanzânia (1,73%). Quanto ao lado das apreciações, observaram-se as seguintes moedas: Rand da África do Sul, Loti do Lesoto, Dólar da Namíbia e Lilangeni da Suazilândia (5,11%), Pula do Botswana (apreciação de 3,63%) e Rúpia das Maurícias (2,09%). Por fim, verificouse uma manutenção do valor das seguintes moedas: o Ariary de Madagáscar, o Franco Congolês (RDC) e o Kwacha da Zâmbia. No entanto, nos últimos 12 meses, a maioria das moedas dos países da região da SADC, exceptuando a República Democrática do Congo, as ilhas Maurícias e Seychelles, depreciaram, sobretudo, em resultado da queda dos preços das commodities energéticas (petróleo no caso de Angola), minerais (carvão e alumínio no caso de Moçambique, cobre (no caso da Zâmbia), platina e ouro (no caso da África do Sul) e bens alimentares em especial produtos agrícolas (no caso do Malawi, Tanzânia e Moçambique), conduzindo a uma deterioração da posição externa dos países e uma pressão sobre a balança de pagamentos e reservas internacionais. Adicionalmente, o agravamento das condições de crédito a nível mundial, relacionadas com a possível subida das taxas de juro nos EUA, poderá causar um maior fluxo de saída de capitais, sobretudo para a África do Sul. Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 17 2. Economia Nacional 2.1. Comércio Externo e Reservas Internacionais No I Trimestre de 2016, as transacções comerciais com o exterior permitiram obter um excedente de USD 2.104,06 milhões na Conta de Bens, o que representa uma diminuição em termos trimestrais de 22,83% (mas mais 113,56% em termos homólogos). A principal razão dessa redução prende-se mais uma vez com a redução das exportações petrolíferas associadas à queda dos preços do petróleo no mercado internacional. O valor das exportações petrolíferas diminuiu 22,50% em termos trimestrais (menos 38,55% em termos homólogos), apesar das quantidades exportadas de petróleo se terem mantido em 154 Mb face ao mesmo período de 2015. De realçar que, no I Trimestre de 2016, o peso das exportações petrolíferas sobre as exportações totais de bens diminuiu 2.40 p.p. face ao mesmo período de 2015, apresentando ainda assim um peso de 93,38% do total das exportações de bens. Por sua vez, as importações diminuíram 21,87% face ao trimestre anterior (menos 57,39% face ao trimestre homólogo) devido à redução das importações de alimentos, combustíveis e outros bens em 37,03%, 28,61% e 15,97%, respectivamente, em termos trimestrais (em menos 39,99%, 58,95% e 59,76% respectivamente, em termos homólogos). A redução da oferta de divisas no mercado, em consequência da quebra das exportações, tem limitado a capacidade de importação de bens e serviços, o que justifica a sua redução. 0 I Trim 15 Exportações II Trim 15 III Trim 15 Importações IV Trim 15 I Trim 16 Conta de Bens Fev/16 Mar/16 Jan/16 Dez/15 Nov/15 Set/15 Out/15 Jul/15 Ago/15 Jun/15 Abr/15 2.000 Mai/15 4.000 Fev/15 6.000 Rácio de Cobertura das Importações Mar/15 8.000 USD Milhões USD Milhões 10.000 28.000 27.000 26.000 25.000 24.000 23.000 22.000 21.000 20.000 Jan/15 Saldo da Conta de Bens 12.000 9.00 8.50 8.00 7.50 7.00 6.50 6.00 5.50 5.00 Meses de Importação Painel 4 – Conta de Bens e Reservas Internacionais I Trim 2015 II Trim 2015 III Trim 2015 IV Trim 2015 I Trim 2016 Reservas Brutas Rácio de Cobertura das Importações Fonte: BNA/DES Em termos de estrutura, no I Trimestre de 2016, os EUA, Portugal e China foram os países com maior peso sobre o total das importações, representando 14,48%, 12,21% e 12,20% do total, respectivamente. Em termos homólogos do ano anterior, destaca-se os EUA com um aumento no seu peso de peso de 9,14 p.p.. Em relação às Reservas Brutas, os dados preliminares mostram que estas apresentaram em finais de Março de 2016 um stock de USD 24.402,57 milhões, representando uma queda de 1,22% em termos trimestrais e de 6,23% em termos homólogos. Paralelamente, o stock das Reservas Internacionais Líquidas (RIL) registou uma subida em termos trimestrais de 1,03% e uma queda em termos homólogos de 5,18%, alcançando o valor total de USD 24.296,69 milhões em finais de Março de 2016. Em termos trimestrais, a tendência de queda das reservas continua relacionada com a significativa redução das receitas de exportação de petróleo. Não obstante a tendência em geral de redução das Reservas Internacionais, o rácio de cobertura das importações aumentou, atingindo 8,2 meses de importações de bens e serviços em Março de 2016, contra 8,0 meses de importações de bens e serviços em Dezembro de 2015, continuando acima da meta da SADC de 6,0 meses. Em síntese, a diminuição acentuada das exportações de petróleo continua a penalizar a conta externa, no entanto, nota-se também um ajustamento das importações, projectando-se que as reservas internacionais permaneçam em 2016 em níveis confortáveis, 8,0 meses de importações, apesar das incertezas no cenário externo, sobretudo no mercado das commodities, sobretudo do petróleo. 18 • 2.2. Políticas Macroeconómicas 2.2.1. Política Cambial No I Trimestre de 2016, o Banco Nacional de Angola (BNA) disponibilizou aos bancos comerciais, em leilões no mercado primário, recursos cambiais orçados em USD 1.785,62 milhões, resultando numa diminuição de 52,70% face ao IV Trimestre de 2015 e de 59,19% face ao período homólogo de 2015. Por sua vez, os bancos comerciais adquiriam dos seus clientes USD 558,44 milhões no I Trimestre de 2016, contra os USD 571,06 milhões adquiridos no trimestre anterior, representando uma queda de 2,21% e de 9,08% face ao período homólogo do ano anterior. Em termos totais, as divisas vendidas aos bancos diminuíram 46,07% no I Trimestre de 2016 e 53,02% face ao I Trimestre de 2015, passando de USD 4.346,31 milhões no IV Trimestre de 2015 para USD 2.344,06 milhões no I Trimestre de 2016. No que respeita ao mercado cambial interbancário, os bancos comerciais transaccionaram um montante de USD 2.344,11 milhões no trimestre em análise contra USD 4.346,81 milhões no IV Trimestre de 2015 (e USD 4.992,00 milhões no I Trimestre de 2015), representando menos 46,07% em termos trimestrais e 53,04%, em termos homólogos. O total executado da venda de divisas dos bancos comerciais aos seus clientes, caiu 37,33% no I Trimestre de 2016 (e 51,57% face ao período homólogo do ano anterior), para USD 2.416,93 milhões, dos quais 53,49% destinados a operações de mercadorias, 36,44% a invisíveis e 0,95% a capitais. Observou-se, no I Trimestre de 2016, um aumento em 4,43 p.p. no peso das vendas destinadas às operações de invisíveis e aumento em 5,68 p.p. em termos homólogos do ano anterior. Por sua vez, no I Trimestre de 2016 as casas de câmbio venderam aos seus clientes um montante de USD 29,76 milhões, traduzindo-se numa diminuição de 76,63% face ao trimestre anterior e 57,40% face ao trimestre homólogo de 2015. I Trim 2015 III Trim 2015 IV Trim 2015 Mar/16 Fev/16 550,49 741,91 493,22 Jan/16 Dez/15 Nov/15 Out/15 Set/15 1.048,22 1.176,03 1.551,00 1.874,67 1.115,70 Ago/15 960,00 II Trim 2015 Jul/15 Jun/15 Mai/15 Abr/15 1.283,26 1.348,48 1.381,30 Mar/15 1.645,00 Fev/15 Jan/15 1.349,46 USD Milhões 2.166,27 Gráfico 2 – Venda de Divisas no Mercado Primário I Trim 2016 Fonte: BNA/DES Entre Dezembro de 2015 e Março de 2016, continuou a verificar-se uma desvalorização do Kwanza em relação ao Dólar norte-americano em quase todos os mercados, com destaque para as casas de câmbio. Especificamente, a taxa de câmbio do Dólar face ao Kwanza no mercado primário registou uma desvalorização de 18,74% em termos trimestrais (48,78% em termos homólogos), tendo-se depreciado no mercado secundário de divisas em 18,24% (49,40%, em termos homólogos) e de notas em 21,39% (59,57% em termos homólogos). Nas casas de câmbio, a moeda desvalorizou em 37,48% (122,66% em termos homólogos). Painel 5 - Taxas de Câmbio USD/AOA nos Mercados Cambiais 2 Taxa de Câmbio Real (Oficial) Taxas de Câmbio nos vários mercados 100 250 95 210 90 USD/AOA 170 130 75 Mar/16 Fonte: BNA/DES Para informações mais detalhadas ver Anexo Estatístico no final deste Relatório. I Trim 2015 II Trim 2015 III Trim 2015 IV Trim 2015 I Trim 2016 Mar-16 Jan-16 Fev-16 Dez-15 Mercado Secundário (Divisas) Casas de Câmbio 70 Out-15 I Trim 2016 Nov-15 Fev/16 Set-15 Mercado Primário (Taxa Referência) Mercado Secundário (Notas) Jan/16 Ago-15 IV Trim 2015 Dez/15 Jul-15 Nov/15 Jun-15 Out/15 Mai-15 Mar/15 Abr-15 Fev/15 Mar-15 Jan/15 I Trim 2015 2 80 Jan-15 90 85 Fev-15 USD/AOA 290 Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 19 Relativamente à taxa de câmbio do Euro face ao Kwanza (EUR/AOA) a moeda nacional registou uma desvalorização de 21,44% em termos trimestrais e 53,60% em termos homólogos; e em relação à taxa de câmbio do Rand face ao Kwanza (ZAR/AOA) a moeda nacional valorizou-se em 24,12% face ao Trimestre anterior, e em 21,21% em termos homólogos. Finalmente, verificou-se que o Kwanza em termos reais no mercado oficial se desvalorizou em 8,23% em termos trimestrais e 21,45% em termos homólogos, ao passar de 85,08 Kz em Dezembro de 2015 para 92,08 Kz em Março de 2016. Por sua vez, o Kwanza em termos reais no mercado informal também se desvalorizou, mas em níveis superiores aos da taxa de câmbio oficial. 2.2.2. Política e Situação fiscal O I Trimestre de 2016 foi um período desafiante em termos de condução da política fiscal, devido ao agravamento das condições de captação de receitas no sector petrolífero em função de um preço do petróleo que chegou a atingir um mínimo histórico abaixo dos 30 USD/bbl. Para além disso, o efeito contágio do choque do preço do petróleo para a economia real levou ao abrandamento da actividade económica, culminando numa redução da receita não petrolífera. Assim, a política fiscal manteve-se na mesma linha da que já havia sido implementada nos trimestres anteriores, focando-se mais assertivamente na contenção das despesas do exercício e dando continuidade à potenciação das receitas não petrolíferas, através do processo de reforma tributária que tem vindo a ser implementado. No I Trimestre do ano, as exportações de petróleo rondaram os 163,36 milhões de barris de petróleo bruto (1,04% acima do programado no Plano de Caixa), a um preço médio de 32,11 USD/bbl (1,53% abaixo do programado) e a taxa de câmbio média situou-se em USD/Kz 155,36 (3,65% acima do programado). 20 • Tabela 3 - Principais Rubricas Fiscais, em Kz Milhões (Informação Preliminar) I Trimestre 2015 Receitas do Período I Trimestre 2016 (Prel.) Var. Homóloga (%) Grau de Execução (%) 954,997.07 774,773.19 -18.87 82.13 115,012.65 0.00 -100.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 519,624.59 394,939.21 -24.00 79.57 Receitas petrolíferas 210,127.20 137,817.80 -34.41 75.06 Receitas não petrolíferas 307,228.83 256,956.40 -16.36 83.52 Saldos Livres Ac. No Período Anterior Receitas de Exercícios e Períodos Anteriores Receitas Fiscais (Correntes) Receitas de Capital 2,268.56 165.02 -92.73 3.25 320,359.83 379,833.98 18.56 84.96 25,615.54 26,702.18 4.24 118.59 Disponibilidades líquidas 929,381.53 748,071.01 -19.51 81.24 Despesas do Período 845,500.37 587,693.76 -30.49 64.37 Despesas do Ex. Anterior (Restos a Pagar) 112,131.02 0.00 -100.00 0.00 Despesas de Períodos Anteriores 119,929.60 0.00 -100.00 0.00 Despesas Correntes 396,199.21 191,491.01 -51.67 43.15 Despesas de Capital 35,199.79 2,049.11 -94.18 3.35 Serviço da Dívida 182,040.74 394,153.64 116.52 96.58 Juros da Dívida 23,703.64 51,819.63 118.61 66.98 83,881.16 160,377.25 Receitas de Financiamento Receitas Consignadas Saldo do Período Saldo Transitado 0.00 -201,712.90 83,881.16 -41,335.65 Saldo Corrente 123,425.38 203,448.21 Saldo Primário não Petrolífero -76,926.86 101,081.26 159.91 163.36 2.16 101.04 44.73 32.11 -28.21 98.47 139.00 155.36 11.77 103.65 Saldo de Caixa Final Pressupostos: Exportações de Petróleo Bruto (Milhões de barris) Preço médio de petróleo (USD/barril) Taxa de câmbio (USD/Kz) 1) Na nova estrutura, aplicada a partir do início do IV Trimestre de 2015, os Saldos livres acumulados no período anterior e as Receitas de períodos anteriores não são tidos em conta enquanto Receitas do Período, mas sim enquanto Receitas Transitadas para efeitos de cálculo do Saldo Transitado. 2) Na nova estrutura, as Despesas do exercício e do período anterior não são tidas em conta enquanto Despesas do Período, mas sim enquanto Despesas Transitadas para efeitos de cálculo do Saldo Transitado. Fonte: MINFIN, Planos de Caixa dos meses de Janeiro, Fevereiro e Março de 2015 e 2016 A informação preliminar dos Planos de Caixa referentes aos três primeiros meses de 2016 dá conta de um Saldo do Período positivo de Kz 160.377,25 milhões, o que corresponde a uma melhoria de 91,20% face ao Saldo do Período referente ao I Trimestre de 2015. Esta melhoria do Saldo do Período relativamente ao período homólogo de 2015 deveuse à redução em maior escala das Despesas do Período (menos 30,49%) face às Receitas do Período (menos 19,51%). Seguindo a mesma tendência de trimestres passados, a Receita do Período continua a ser sustentada em grande parte por receitas de financiamento, de forma a ser possível colmatar a quebra verificada na arrecadação de receitas fiscais. No entanto, a existência de um Saldo Transitado 3 deficitário em Kz 201.712,90 milhões fez com que o Saldo de Caixa Final fosse também deficitário, situando-se Kz 41.335,65 milhões. Por outro lado, o reajustamento das despesas do período face à 3 Saldo Transitado corresponde à diferença entre Receitas e Despesas transitadas de períodos e exercícios anteriores, e que foi introduzido através da Nova Estrutura das Contas Fiscais implementada a partir de Setembro de 2015. Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 21 arrecadação de recursos no período tem vindo a ser feito por parte do Tesouro, de forma a haver coerência e cabimentação para as despesas. Com efeito, regista-se um Saldo Corrente superavitário na ordem de Kz 203.448,21 milhões. O Saldo Primário Não Petrolífero, ou seja, o Saldo Primário deduzindo as receitas petrolíferas, foi superavitário em Kz 101.081,26 milhões, devido não só à contínua diminuição do peso destas receitas no total, mas também ao facto da diminuição das receitas fiscais ter sido contrabalançada com o recurso à emissão de dívida titulada. Gráfico 3 - Saldos Fiscais (Executados), em Kz Mil Milhões 250.00 200.00 150.00 100.00 50.00 -50.00 -100.00 -150.00 -200.00 Kz Mil Milhões I Trim. 15 II Trim. 15 III Trim. 15 IV Trim. 15 I Trim. 16 Saldo de Caixa Final Saldo Corrente Saldo Primário Não petrolífero Fonte: MINFIN Receitas do Período No I Trimestre de 2016, as Receitas do Período diminuíram 18,87% face ao I Trimestre de 2015, situando-se nos Kz 774.773,19 milhões, o que corresponde a uma taxa de execução de 82,13% face ao programado no Plano de Caixa. As Disponibilidades Líquidas 4, que excluem as Receitas Consignadas do total das Receitas do Período, diminuíram 19,51% face ao mesmo período do ano anterior, fixando-se nos Kz 748.071,01 milhões, registando uma taxa de execução de 81,24% do programado. A fraca performance das Receitas do Período deveu-se à redução de 34,41% das receitas de exportações de petróleo, devido à forte queda do preço internacional do petróleo que influenciou o preço das ramas angolanas. A taxa de execução das receitas petrolíferas ficou bastante aquém do programado, situando-se nos 75,06%. As receitas da Concessionária foram as mais afectadas, com uma queda de 67,49% em termos homólogos, tendo-se executado apenas 28,60% do programado. Por outro lado, as receitas das Outras Companhias executaram quase 20% acima do programado, mas não foi suficiente para compensar a fraca execução das receitas da Concessionária. Painel 6 - Composição dos Fluxos de Recursos, em Kz Mil Milhões Receitas Correntes Componentes de Fluxos de Recursos 600.00 Kz Mil Milhões Kz Mil Milhões 1.500.00 1.000.00 500.00 - I Trim. 15 II Trim. 15 III Trim. 15 IV Trim. 15 Receitas de Exercícios e Períodos Anteriores Desembolsos de Financiamentos Receita Fiscal do Período Saldos L. Acum. no Período Anterior Disponibilidades Líquidas I Trim. 16 500.00 400.00 300.00 200.00 100.00 - I Trim. 15 II Trim. 15 Receitas Petrolíferas III Trim. 15 IV Trim. 15 I Trim. 16 Receitas Não Petrolíferas Fonte: MINFIN Por sua vez, as receitas não petrolíferas 5 diminuíram 16,36% face ao trimestre homólogo de 2015, situando-se nos Kz 256.956,40 milhões (com uma execução de 83,52% face ao programado). Esta quebra na arrecadação de receitas não petrolíferas relaciona-se com o abrandamento da actividade económica dos sectores não petrolíferos nos primeiros meses do ano, seguindo a mesma tendência do ano anterior. 4 No I Trimestre de 2016, as Disponibilidades Líquidas encontram-se descontadas das Receitas de exercícios e períodos anteriores, devido à alteração de estrutura que o Ministério das Finanças imputou às contas fiscais em Setembro. De igual modo e pelo mesmo motivo, as Saídas do Período também estão descontadas das Despesas de exercícios e períodos anteriores. 5 Compostas por receitas diamantíferas, receitas do comércio externo e outras receitas. Estas últimas, por sua vez, incorporam impostos sobre rendimentos do trabalho, imposto industrial, imposto sobre o consumo, imposto de selo, impostos sobre o património, impostos sobre aplicação de capitais, receitas de serviços, outras receitas tributárias e taxas, custas e emolumentos. 22 • Destaca-se o aumento significativo dos impostos sobre o sector diamantífero, de Kz 23,74 milhões no I Trimestre de 2015 para Kz 3.835,83 milhões no I Trimestre de 2016, tendo-se executado 239,75% das receitas programadas. No entanto, os impostos sobre o comércio exterior registaram uma diminuição de 66,08%, em linha com a redução das importações no período em análise. Para colmatar a quebra na arrecadação de receitas que se verificou ao nível de quase todas as rubricas, o Tesouro viu-se obrigado a recorrer às receitas de financiamento, nomeadamente através da emissão de títulos de dívida interna, na sua maioria de curto prazo. Assim, as Receitas de Financiamento atingiram, no I Trimestre de 2016, Kz 379.833,98 milhões, correspondendo a um acréscimo de 18,56% face ao mesmo período do ano anterior. No entanto, a execução do valor programado foi de 84,96%, uma vez que no mês de Janeiro não ocorreram emissões de títulos para arrecadação de receitas de financiamento 6. De realçar que, estas receitas continuam a deter um peso expressivo no total dos recursos disponíveis (cerca de 49% das disponibilidades do período), podendo vir a criar pressões adicionais sobre a despesa pública, quer em termos de juros, quer em termos de serviço da dívida. Despesas do Período Tendo em conta a necessidade de reajustamento do nível da despesa pública, face ao baixo nível de arrecadação de receitas, as despesas do período diminuíram 30,49% nos primeiros três meses do ano, situando-se em Kz 587.693,76 milhões (grau de execução de 64,37%). Foi dada primazia, claramente, às despesas com o serviço da dívida em detrimento das despesas correntes e de capital, nomeadamente, de investimento público. Painel 7 – Composição dos Fluxos de Despesa, em Kz Milhões Composição da Despesa Corrente Kz Mil Milhões Kz Mil Milhões Componentes dos Fluxos de Despesa 1.400,00 1.200,00 1.000,00 800.00 600.00 400.00 200.00 - I Trim. 15 Despesa Corrente Despesa de Serviço da Dívida II Trim. 15 III Trim. 15 IV Trim. 15 I Trim. 16 Despesa de Capital Despesa de Períodos e Exercícios Anteriores 500.00 450.00 400.00 350.00 300.00 250.00 200.00 150.00 100.00 50.00 - I Trim. 15 Despesas com Pessoal II Trim. 15 III Trim. 15 Despesas com Bens e Serviços IV Trim. 15 Transf. Correntes I Trim. 16 Subsídios Fonte: MINFIN As despesas correntes diminuíram 51,67% em termos homólogos, apresentando uma taxa de execução de apenas 43,15% face ao programado. Destaca-se a drástica redução das despesas com pessoal (menos 51,67%), com Transferências (menos 66,19%) em particular com as pensões de reforma e com os subsídios (menos 70,55%) em virtude da redução dos subsídios aos preços e operacionais. As despesas com bens e serviços, à semelhança do trimestre anterior, foi a única categoria de despesas que aumentou (mais 38,56%) relativamente ao período homólogo, em virtude de pagamentos inerentes a Actividades Permanentes e a Programas e Projectos Específicos do Governo. As Despesas de Capital tiveram uma taxa de execução de 3,35% face ao programado, o que representa um valor bastante reduzido em termos comparativos com os trimestres anteriores, evidenciando uma queda de 94,18% face ao trimestre homólogo de 2015. Esta redução das despesas de capital foi resultado, sobretudo, da contracção das despesas relativas aos programas de investimento público (uma execução residual de 1,29% face ao programado). De realçar que, o Tesouro no cumprimento das obrigações deu prioridade aos seus credores, o que levou a um aumento das despesas com o serviço da dívida em cerca de 116,52% face ao período homólogo de 2015 tendo, contudo, a sua execução ficado ligeiramente abaixo do valor programado nos Planos de Caixa mensais. Das despesas com amortizações, 86,67% foram afectos à amortização da dívida interna e 13,26% à da dívida externa. As despesas com juros aumentaram 118,61% em comparação com o mesmo período do ano anterior, registando um aumento mais significativo ao nível dos juros da dívida interna, devido ao aumento tanto da emissão de títulos como das taxas de juro. Ainda assim, as despesas com Juros representaram 13,15% do total das despesas relacionadas com o serviço da dívida. 6 O Plano Nacional de Endividamento para 2016 sofreu um ligeiro atraso na sua aprovação, o que impossibilitou a emissão de dívida interna titulada no mês de Janeiro. Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 23 Financiamento do Tesouro No que diz respeito ao financiamento, o Tesouro recorreu em grande parte ao financiamento interno, nomeadamente à emissão de Bilhetes e Obrigações do Tesouro, perfazendo um total de 49,03% do total das receitas do período 7. A emissão de Bilhetes do Tesouro (BT’s) e Obrigações do Tesouro (OT’s) originou receitas de financiamento no montante de Kz 379.833,98 milhões, um aumento de 18,56% relativamente ao trimestre homólogo de 2015. Continua a denotarse uma preferência pelos títulos de curto prazo, sendo que as emissões de Bilhetes do Tesouro ultrapassaram em 13% o montante programado (com um peso de 63,54% no montante total das emissões), ao passo que a emissão de Obrigações do Tesouro executou apenas 60,63% (com um peso de 36,45% sobre o total das emissões). Entretanto, no I Trimestre de 2016, foram efectuados resgates de BT’s e OT’s no montante de Kz 304.478,06 milhões, apresentando um aumento de 107,07% relativamente ao mesmo trimestre do ano anterior, com os resgates de BT’s a aumentarem 88,32% e os resgates de OT’s 449,39% face ao I Trimestre de 2015. Apesar dos resgates de títulos demonstrarem um forte aumento em termos homólogos, o stock da dívida interna titulada continua a crescer a um ritmo acelerado (59,44% em termos homólogos), situando-se nos Kz 3.559,99 mil milhões, dos quais 13,21% dizem respeito a BT’s e 86,79% a OT’s Painel 8 - Dívida Interna Titulada e Taxas de Juro dos Títulos, em Kz Milhões Yield Curves dos Títulos do Tesouro 4.000,00 300.00 3.000,00 200.00 2.000,00 100.00 1.000,00 - I Trim. 15 II Trim. 15 III Trim. 15 IV Trim. 15 I Trim. 16 Emissão de BT e OT Resgate de BT e OT Kz Mil Milhões Kz Mil Milhões Dívida Interna Titulada 400.00 - Stock de Dívida (ELD) 20.00% 18.00% 16.00% 14.00% 12.00% 10.00% 8.00% 6.00% 4.00% 2.00% 0.00% 63 dias 91 dias 182 dias 364 dias BT Mar/15 2 anos 3 anos 4 anos OT - TXC 5 anos Mar/16 Fonte: MINFIN As taxas de juro dos Títulos Públicos de curto prazo quase que triplicaram de valor entre Março de 2015 e Março de 2016, reflectindo a preocupação em tornar os títulos mais atractivos, dada a maior necessidade do Tesouro em obter financiamento a curto prazo. No entanto, apesar do aumento verificado nas taxas de juro nominais, estas continuam abaixo da taxa de inflação homóloga (apesar de acompanharem a sua tendência), o que significa que, em termos reais, correspondem a um retorno real negativo para o investidor. De referir que, os recursos provenientes da emissão de títulos públicos dado a situação actual, estão a ser canalizados para assegurar a actividade corrente do Estado ou seja, para as despesas correntes, fazendo com que a posição devedora do mesmo aumente, sem que isso se reflicta directamente no aumento da capacidade produtiva do País. Em termos gerais, o I Trimestre de 2016 foi um período particularmente desafiante para a economia Angolana, com os preços do barril de petróleo em níveis muito baixos: em meados do mês de Janeiro, o preço do Brent atingiu um mínimo histórico um pouco abaixo dos 30 USD/bbl, criando alguns obstáculos à execução dos planos de caixa mensais. Verificou-se, principalmente nos meses de Janeiro e Fevereiro de 2016, uma clara opção pela garantia dos pagamentos relacionados com o serviço de dívida, em detrimento das despesas correntes e de capital. Para além disso, os primeiros meses do ano são, por predefinição, meses de liquidação de despesas transitadas, o que pressionou ainda mais a execução dos exercícios fiscais mensais. No decorrer do trimestre em análise, o Executivo Angolano criou um documento intitulado “Linhas Mestras para a definição de uma estratégia para a saída da crise derivada da queda do preço do petróleo no mercado internacional” que pretende estabelecer várias linhas de actuação para minimizar os efeitos da crise que se iniciou através do preço do petróleo e que se estendeu rapidamente a todos os quadrantes da economia. O documento tem por base a implementação de um “processo de substituição do petróleo como fonte principal de receita, resultante da constatação da necessidade de alteração do modelo económico de crescimento baseado essencialmente na economia não petrolífera (…)” 8. 7 Numa óptica de caixa, a emissão de dívida titulada é assumida enquanto receita, uma vez que, apesar de se constituir um financiamento, esta operação dá origem a uma entrada efectiva de recursos (liquidez) a favor do Tesouro 8 O documento encontra-se disponível no site do Ministério das Finanças da República de Angola, seguindo o link: http://www.minfin.gv.ao/minfin/v2/download/Linhas-Mestras-Minfin.pdf 24 • No âmbito deste programa, o documento prevê a implementação de medidas que, de entre outras, passam pelo aumento das receitas tributárias, pela optimização das despesas públicas, pela reforma estrutural do Estado, pela substituição das importações e pela promoção das exportações através do estímulo à produção interna. Para terminar, e em termos de perspectivas, espera-se que os preços do petróleo permaneçam em níveis reduzidos ao longo deste ano, o que continuará a colocar pressão sobre as finanças públicas do País. Realça-se a intenção por parte do Governo em prosseguir com a eliminação dos subsídios operacionais e dos combustíveis iniciados em Setembro de 2014, tirando proveito do actual contexto de baixos preços do petróleo. Relativamente à dívida pública, de realçar que, o aumento da dívida pública nos últimos anos tem subjacente não só a necessidade de financiar os défices públicos, como também a de depreciação da moeda doméstica, com impacto na dívida denominada em moeda estrangeira. Nasce, por isso, a necessidade de consolidação das finanças públicas, com medidas que abranjam a maior eficiência na tributação do sector não-petrolífero e o alargamento da base tributária, bem como a racionalização das despesas públicas, incluindo a manutenção da redução gradual dos subsídios operacionais e aos preços, a melhoria da qualidade das despesas de capital e contenção da factura com as remunerações no sector público. 2.2.3. Política Monetária e Desenvolvimentos Monetários e Financeiros Política Monetária A política monetária adoptada durante o I Trimestre de 2016 seguiu a mesma tendência do ano transacto, afigurando-se restritiva. A orientação que tem vindo a ser dada à política monetária pretende, em coordenação com a política fiscal, controlar a expansão monetária que poderá ser responsável pelas pressões inflacionistas crescentes na economia. Assim, ao longo do trimestre em análise, o BNA aumentou a taxa de juro de referência para 14,00% (mais 3,00 p.p. face a Dezembro de 2015) e a taxa de juro de facilidade de cedência de liquidez overnight para 16,00% (mais 3,00 p.p.). A taxa de juro de facilidade de absorção de liquidez overnight manteve-se em 0,00% durante este trimestre, ao passo que a taxa de juro da facilidade de absorção de liquidez com maturidade de 7 dias, criada na última reunião de 2015 do Comité de Política Monetária (CPM), aumentou para os 2,25% (mais 0,50 p.p.). Os coeficientes de Reservas Obrigatórias (RO) mantiveram-se inalterados ao longo do trimestre, nomeadamente em 25% no caso do coeficiente de RO em moeda nacional e 15% no caso do coeficiente de RO em moeda estrangeira. Além destas medidas de política monetária, o BNA também interveio no mercado monetário e cambial, recorrendo às suas operações de política monetária e cambial de forma coordenada com as operações de política fiscal no sentido de controlar a expansão monetária. Assim, no I Trimestre de 2016, a variação da base monetária foi positiva, devido sobretudo ao Crédito ao Governo concedido pelo BNA no valor de 190 mil milhões e ao efeito líquido expansionista das operações cambiais, derivado do facto de as compras de divisas terem sido superiores às vendas no mercado cambial. Painel 9 - Taxas de Juro Directoras e Taxas do Mercado Monetário Interbancário (MMI) Taxas de Juro Directoras Taxas LUIBOR 16.00% 14.00% 12.00% 10.00% 8.00% 6.00% FAO FCO FAL 7 Dias Luibor Overnight Luibor 6 Meses Luibor 1 Mês Luibor 9 Meses Mar/16 Dez/15 Set/15 Jun/15 Mar/15 Set/14 Dez/14 Jun/14 Mar/14 Dez/13 Set/13 Jun/13 Mar/16 Set/15 Dez/15 Jun/15 Mar/15 Dez/14 Set/14 Jun/14 Mar/14 Set/13 Taxa BNA Dez/13 Jun/13 2.00% Mar/13 4.00% Mar/13 18.00% 16.00% 14.00% 12.00% 10.00% 8.00% 6.00% 4.00% 2.00% 0.00% Luibor 3 Meses Luibor 12 Meses Fonte: BNA Perante o aperto da política monetária e as condições mais restritivas em termos de liquidez dos bancos comerciais, as taxas de juro no mercado monetário interbancário, em geral, registaram fortes aumentos ao longo do ano anterior e que se acentuaram no decorrer do I Trimestre de 2016. Assim, no I Trimestre de 2016, com excepção unicamente da taxa de juro LUIBOR overnight que reduziu em 0,30 p.p. relativamente ao trimestre anterior, fixando-se em 11,01%, as taxas LUIBOR nas restantes maturidades aumentaram. Especificamente, a taxa de juro a 1 mês aumentou 0,83 p.p. fixando-se Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 25 em 12,27% e as taxas de juro de maior maturidade, ou seja, de 3, 6, 9 e 12 meses registaram aumentos de 1,43 p.p., 1,80 p.p., 2,05 p.p. e 2,42 p.p., fixando-se nos 13,31%, 14,01%, 14,61% e 15,26%, respectivamente. Por outro lado, observou-se no mercado monetário interbancário, uma redução dos montantes transaccionados entre os bancos do sistema financeiro em 64,04% face ao trimestre anterior, totalizando um stock de Kz 343,85 Mil Milhões. De salientar que, os bancos comerciais não recorreram às operações de Facilidades de Cedência Overnight (FCO). Relativamente aos títulos públicos verificou-se, no trimestre em análise, um aumento das taxas de juro dos Bilhetes do Tesouro em todas as maturidades. Com efeito, em Março e relativamente ao trimestre anterior, as taxas de juro dos Bilhetes do Tesouro aumentaram 1,09 p.p. na maturidade de 91 dias (para os 14,99%), 2,05 p.p. na maturidade de 182 dias (para os 17,00%) e 2,70 p.p. na maturidade de 364 dias (para os 18,00%). Apesar destas alterações, as taxas de juro reais dos Bilhetes do Tesouro continuam a ser negativas, devido à forte aceleração que a taxa de inflação registou ao longo do primeiro trimestre do ano. No caso das Obrigações do Tesouro, as suas taxas de juro mantiveram-se inalteradas face ao trimestre anterior. Desenvolvimentos Monetários e Financeiros O I Trimestre de 2016 foi caracterizado por uma expansão monetária, não obstante a adopção de uma política monetária restritiva pelo BNA e a desaceleração da actividade económica nacional. Com efeito, a oferta de moeda em sentido mais lato, representada pelo agregado monetário M3, e o agregado monetário M2 cresceram ambos cerca de 22,93% em termos homólogos. Em contrapartida, realça-se o crescimento dos activos externos líquidos no BNA, quando convertidos para moeda nacional, particularmente das reservas internacionais líquidas que cresceram 40,14% em termos homólogos, em grande parte resultado da desvalorização cambial da moeda nacional que ocorreu no último ano e, de forma repentina e bastante acentuada, no início do I Trimestre de 2016. Considerando as reservas internacionais líquidas em dólares norte-americanos (sem o efeito cambial), estas reduziram cerca de 5,80% em termos homólogos. Tabela 4 - Principais Indicadores da Síntese Monetária (em t.v.h., %) I Trim. 2015 II Trim. 2015 III Trim. 2015 IV Trim. 2015 I Trim. 2016 Activos Externos Líquidos -2.2 13.6 32.3 16.4 34.8 BNA -7.8 5.4 21.7 17.0 38.0 Reservas Internacionais Líquidas Bancos Comerciais -9.4 3.3 21.6 18.4 40.1 1,303.8 325.9 284.0 8.5 -22.4 Activos Internos Líquidos 40.4 9.3 5.9 4.6 6.0 Crédito Interno Líquido 31.3 18.6 26.5 27.8 35.7 162.7 185.2 667.6 455.1 160.5 Credito à Administração Central 44.2 52.7 43.7 29.0 40.8 Responsabilidades face à Administração Central -4.7 14.3 2.0 13.7 22.2 Crédito à Administração Central (líquido) Crédito a Outros Sectores Residentes 0.0 -1.4 2.2 17.7 23.1 Outros activos e passivos (líquidos) -18.1 -34.0 -67.1 -74.2 -87.6 M3 11.7 12.0 20.6 11.8 22.9 M2 11.7 12.0 20.7 11.8 22.9 Base Monetária Restrita 45.0 19.7 36.8 31.8 8.9 dq: Base Monetária Restrita em Moeda Nacional 54.9 49.9 43.6 61.2 25.5 Fonte: BNA 26 • Do lado dos activos internos, o aumento do crédito a outros sectores residentes e do crédito líquido à Administração Central determinaram a expansão do crédito interno líquido em 35,75% face ao período homólogo de 2015. O crédito à Administração Central cresceu cerca de 161% face ao período homólogo, uma vez que os depósitos da Administração Central cresceram em muito menor escala, quando comparados com o crédito à Administração Central. Em termos reais, ou seja, descontando o efeito da inflação homóloga, o Crédito Líquido à Administração Central expandiu 67,36% face ao ao I Trimestre de 2015. Por outro lado, o crédito a outros sectores residentes e, em particular, o crédito ao sector privado (que representa 93,68% do total do crédito concedido) apresentou um aumento de 22,00% em termos homólogos em resultado, essencialmente, da evolução positiva que se registou no crédito às sociedades não financeiras (31,60% em termos homólogos), tendo o crédito a Particulares registado uma ligeira contracção de 0,74%. De realçar que, o aumento substancial do crédito às sociedades não financeiras está em linha com o objectivo do Executivo em diversificar a economia nacional e contribuir para a recuperação económica do país. Em particular, em termos homólogos, destaca-se o aumento do crédito à produção e distribuição de electricidade, gás e água (316,84%), à Saúde e Acção Social (47,34%), às Outras Activ.de Serv. Colect., Sociais e Pessoais (44,93%), à Indústria Transformadora (34,79%), à Agricultura, Produção Animal, Caça e Silvicultura (28,50%) e ao Comércio por Grosso e a Retalho (27,86%). Painel 10 - Crédito ao Sector Privado e Distribuição por Sectores de Actividade Distribuição do Crédito Total por sector (% do Créd. Total) Crédito ao Sector Privado (em t.v.h., %) 35.0 30.0 Outros 25.0 20.0 Serviços sociais 0Activ. Imob.,Alugueres e Serv.Prest. as Empresas 15.0 5Actividades Financeiras, Seguros e Fundos de Pensões 10.0 'Transportes, Armazenagem e Comunicações 5.0 /Alojamento e Restauração (Restaur. e Similares) 0.0 Comércio por Grosso e a Retalho I Trim. 2016 I Trim. 2015 I Trim. 2014 -5.0 -10.0 I Trim.2015 II Trim.2015 Sociedades não financeiras III Trim. 2015 IV Trim. 2015 I Trim. 2016 Outros sectores residentes Sector privado Indústrias Transformadoras Indústria Extrativa 2Agricultura, Produção Animal, Caça e Silvicultura. 0.0 5.0 10.0 15.0 20.0 25.0 Fonte: BNA Em termos de peso no total do crédito concedido à economia realça-se que o crédito concedido teve como principal destino as empresas ligadas ao sector do “Comércio por Grosso e a Retalho” com um peso de 19,92% (18,36% no trimestre homólogo de 2015), seguido dos “Particulares” com 16,39% (20,01% em Março de 2015) e das empresas ligadas aos sectores de “Serviços Sociais” com 15,14% (12,38% em Março de 2015), “Actividades Imobiliárias, Alugueres e Serviços Prestados às Empresas” com 14,38% (16,84% em Março de 2015) e “Construção” com 11,73% (10,90% em Março de 2015). Nota-se, sobretudo no período, um aumento do peso do crédito concedido às empresas ligadas aos “Serviços Sociais” (2,77 p.p. relativamente ao período homólogo) e ao “Comércio por Grosso e a Retalho” (1,56 p.p.) e, uma redução do peso do crédito concedido aos particulares (3,62 p.p.). A base monetária restrita cresceu 8,95% em termos homólogos do ano anterior, ao situar-se no I Trimestre de 2016 em Kz 1.717,33 mil milhões (contra os Kz 1.576,27 mil milhões registados no trimestre homólogo do ano anterior), permitindo assim uma expansão monetária. Esta expansão monetária fez-se reflectir no aumento, em termos homólogos, das notas e moedas em circulação em 19,52% e da reserva bancária em 5,03%. Os depósitos obrigatórios em MN cresceram 76,93% entre Março de 2015 e Março de 2016, em virtude do aumento do coeficiente de reservas obrigatórias em MN ocorrido em Junho de 2015. Por outro lado, os depósitos livres em MN registaram uma contracção de 42,07% no mesmo período, em parte devido à instituição, em Dezembro do ano passado, da taxa de facilidade de absorção de liquidez com maturidade de 7 dias. Realça-se, contudo, uma redução em termos homólogos dos depósitos obrigatórios em ME (em menos 57,21%) e dos depósitos livres em ME (em menos 44,31%). Esta redução dos depósitos obrigatórios e dos depósitos livres em moeda estrangeira pode ser consequência do Instrutivo nº 19/2015 de 02 de Dezembro do BNA, que incentiva os bancos a comprar títulos do Tesouro em ME utilizando os seus depósitos livres, sendo o valor da compra ponderado (ou deduzido) no cálculo do nível de cumprimento de reservas obrigatórias em moeda estrangeira. Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 27 Em virtude do aumento das outras obrigações face às OIFM (1840,89%), a base monetária ampla evidenciou um aumento de 20,75% em termos homólogos. Tabela 5 - Agregados Monetários (em t.v.h.) I Trim. 2015 M3 M2 M1 II Trim. 2015 III Trim. 2015 IV Trim. 2015 11.7 12.0 20.6 11.8 I Trim. 2016 22.9 11.7 12.0 20.7 11.8 22.9 13.2 9.2 13.1 10.4 22.7 Notas e Moedas em poder do público 20.1 5.2 10.8 12.1 27.9 Depósitos Transferíveis- MN 26.8 22.0 20.4 18.8 21.9 Depósitos Transferíveis - ME -13.8 -14.3 -2.0 -9.0 22.9 9.4 16.2 32.1 13.8 23.2 Outros Depósitos - MN 13.7 14.8 32.1 7.9 17.4 Outros Depósitos - ME 4.3 18.0 32.2 22.1 30.9 16.6 28.4 -50.1 22.9 40.1 Quase-Moeda Outros Instrumentos Equiparáveis a Depósitos Fonte: BNA O agregado monetário M2 totalizou Kz 6.302,02 mil milhões (Kz 5.127,35 mil milhões no trimestre homólogo do ano anterior), representando um aumento de 22,91%, em resultado da evolução positiva tanto dos passivos monetários (22,71%) como dos passivos quase monetários (23,24%). O crescimento das notas e moedas em poder do público (27,90%) e dos depósitos transferíveis em moeda nacional e moeda estrangeira (21,85% e 22,87%, respectivamente), explicam o comportamento dos passivos monetários (M1), enquanto o aumento dos outros depósitos em moeda nacional (em 17,36%) e em moeda estrangeira (em 30,86%) explica o comportamento dos passivos quase-monetários. A componente em moeda externa do M2, quando denominada em moeda nacional, situou-se em Kz 2.074.971,49 milhões, correspondendo a um aumento de 27,08% comparativamente ao período homólogo de 2015. No entanto, se retirarmos o efeito cambial, esta mesma componente apresenta uma contracção bastante significativa de 14,48%. De notar que a expansão verificada ao nível dos depósitos transferíveis e dos outros depósitos em moeda estrangeira poderá estar relacionada com a desvalorização cambial ocorrida ao longo de 2015 e início de 2016. Em termos agregados, os depósitos no sistema bancário situaram-se nos Kz 5.902,46 mil milhões registando, no I Trimestre de 2016, uma aceleração no ritmo do seu crescimento, passando de uma taxa de crescimento de 11,17% no I Trimestre de 2015, para 22,58% no trimestre em análise. Esta evolução deveu-se ao aumento dos depósitos do sector privado em 24,05% (contra os 13,91% no trimestre homólogo de 2015) e dos depósitos do sector público excluindo a administração central em 6,65%. Relativamente aos depósitos das outras instituições financeiras não monetárias, estes registaram uma contracção de 22,04%, sendo a rubrica dos Outros depósitos a que registou a maior contracção (42,65%). Painel 11 - Depósitos Totais e Créditos e Depósitos em ME Depósitos Totais (t.v.h., %) Créditos e Depósitos em ME 45.0 40.0 35.0 15 0 m. 2 I Tri 015 2 im. II Tr 015 2 rim. III T 015 2 rim. IV T 16 0 m. 2 I Tri Sector público, excl. administração central Outras Instituições Financeiras não Monetárias Sector privado Total % dos Créd. e Dep. Totais 30.0 20.0 10.0 0.0 -10.0 -20.0 -30.0 -40.0 -50.0 -60.0 30.0 25.0 20.0 15.0 10.0 5.0 0.0 014 . 2014 . 2014 . 2014 . 2015 . 2015 . 2015 . 2015 . 2016 im rim V Trim I Trim II Trim II Trim V Trim I Trim II Tr I III T I I m. 2 I Tri Crédito ME Depósitos ME Fonte: BNA Fazendo uma análise do crédito e dos depósitos em termos de moeda, é de realçar que, em relação ao período homólogo 28 • de 2015, tanto o crédito como os depósitos em moeda estrangeira aumentaram o seu peso no total do crédito. O crédito em ME aumentou 5,7 p.p. representando 38,03% do total do crédito (contra os 32,37% no I Trimestre de 2015), e os depósitos em ME aumentaram 1,2 p.p., representando 35,15% do total dos depósitos (quando no I Trimestre de 2015 representavam 33,91%). Em termos trimestrais, verifica-se que o peso do crédito em ME no total do crédito aumentou 3,0 p.p. e os depósitos em ME em 1,3 p.p.. As desvalorizações cambiais que o BNA levou a cabo ao longo dos últimos 15 meses estarão na base do aumento do peso dos depósitos e dos créditos em ME, quando convertidos para a moeda nacional. De facto, expurgando o efeito cambial associado aos depósitos denominados em moeda estrangeira, os mesmos apresentam uma contracção de cerca de 14,58% comparativamente ao período homólogo de 2015. Já os créditos em ME, retirando o efeito cambial, apresentam uma contracção de 3,58% no mesmo período. Relativamente às condições de financiamento no sector bancário, realça-se que, no I Trimestre de 2016 e em termos homólogos de 2015, as taxas de juro praticadas nas operações activas ao sector empresarial em MN registaram uma redução em quase todas as maturidades, com excepção da taxa de juro com maturidade de 181 dias a 1 ano que aumentou e, as taxas de juro praticadas nas operações activas a particulares em MN evidenciaram um aumento em quase todas as maturidades, com excepção da taxa de juro com maturidade de mais de 1 ano que reduziu. As taxas de juro do crédito empresarial em MN oscilaram entre os 14,01% e os 15,66%, enquanto as taxas de juro do crédito a particulares em MN oscilaram entre os 11,80% e os 17,19% durante o I Trimestre de 2016. Em termos trimestrais, as taxas de juro praticadas nas operações activas ao sector empresarial em MN registaram uma redução em todas as maturidades, com excepção da taxa de juro de 181 dias a 1 ano, enquanto as taxas de juro praticadas nas operações activas a particulares em MN evidenciaram um aumento, com excepção da taxa de juro de mais de 1 ano. Painel 12 - Taxas de Juro do Crédito Empresarial e a Particulares em MN (em f.d.p.) Crédito Empresarial 20.00% 19.00% 18.00% 17.00% 16.00% 15.00% 14.00% 13.00% 12.00% 5 4 5 4 5 4 016 015 014 201 m. 201 m. 201 201 m. 201 m. 201 m. 2 m. 2 Trim. im. ri ri ri ri I Tri I Tri II II Tr III T III T IV T IV T m. 2 I Tri Até 180 dias MN De 181 dias a 1 ano MN Crédito a Particulares 18.00% 17.00% 16.00% 15.00% 14.00% 13.00% 12.00% 11.00% 10.00% 5 5 4 4 5 4 016 015 014 201 m. 201 m. 201 201 m. 201 m. 201 m. 2 m. 2 Trim. im. ri ri ri ri I Tri I Tri II II Tr III T III T IV T IV T m. 2 I Tri Mais de 1 ano MN Até 180 dias MN De 181 dias a 1 ano MN Mais de 1 ano MN Fonte: BNA As taxas de juro praticadas nas operações passivas em MN registaram em termos homólogos decréscimos nas maturidades de 181 dias a 1 ano e de mais de 1 ano e, acréscimos nas maturidades até 90 dias e de 91 a 180 dias. Por sua vez, as taxas de juro praticadas nas operações passivas em ME registaram aumentos em todas as maturidades. As taxas de juro passivas em MN oscilaram entre os 3,83% e os 5,09% enquanto as taxas de juro passivas em ME oscilaram entre os 2,13% e os 4,81%. Painel 13 – Taxas de Juro dos Depósitos a Prazo em MN e ME (em f.d.p.) Taxas de Juro dos DP em MN 6.50% 6.00% 5.50% 5.00% 4.50% 4.00% 3.50% 3.00% 5 5 4 4 5 4 016 015 014 201 m. 201 m. 201 201 m. 201 m. 201 m. 2 m. 2 Trim. im. ri ri ri ri I Tri I Tri II II Tr III T III T IV T IV T m. 2 I Tri Até 90 dias Fonte: BNA De 91 a 180 dias De 180 dias a 1 ano Mais de 1 ano Taxas de Juro dos DP em ME 5.50% 5.00% 4.50% 4.00% 3.50% 3.00% 2.50% 2.00% 1.50% 1.00% 4 5 4 5 4 5 14 015 016 201 m. 201 m. 201 201 m. 201 m. 201 m. 2 Trim. m. 2 im. ri ri ri ri I Tri I Tri II Tr II III T III T IV T IV T . 20 m I Tri Até 90 dias De 91 a 180 dias De 181 dias a 1 ano Mais de 1 ano Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 29 Em termos trimestrais, as taxas de juro praticadas nas operações passivas em MN registaram aumentos nas de 90 dias e de mais de 1 ano e, reduções nas maturidades de 91 a 180 dias e de 181 dias a 1 ano. As taxas de juro praticadas nas operações passivas em ME, por sua vez, apresentaram decréscimos nas maturidades de 90 dias e de 91 a 180 dias e, acréscimos nas de 181 dias a 1 ano e de mais de 1 ano. Para terminar, realça-se que durante o resto do ano, é expectável que a política monetária permaneça restritiva num contexto ainda adverso dos preços do petróleo no mercado internacional, e dada a necessidade de se conter a procura agregada e suster o aumento da inflação. Nota-se, em particular, neste Trimestre em análise, um abrandamento no crescimento em termos homólogos da base monetária restrita em MN, passando de 61,2% no IV Trimestre de 2015 para 25,5% no I Trimestre de 2016. Possíveis factores influenciadores têm a ver não só com a eficácia das operações de facilidades permanentes de absorção de liquidez com maturidade de 7 dias no período, o que fez reduzir os depósitos livres dos bancos comerciais, mas também com o abrandamento em termos homólogos do crédito às Outras Instituições Financeiras não Monetárias (de 4,42% no IV Trimestre de 2015 passa para 46,52% no I Trimestre de 2016). 2.3. Actividade Económica Nacional 2.3.1. Indicadores da Actividade Económica Os dados relativos ao Indicador de Clima Económico (ICE) disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística sugerem que o clima económico em Angola voltou a registar uma degradação no IV Trimestre de 2015 v, continuando a trajectória decrescente iniciada no último trimestre de 2014 e registando pela segunda vez consecutiva um valor negativo. Este resultado é reflexo das claras contracções nos Indicadores de Confiança dos vários sectores da economia com destaque para os sectores dos Transportes e da Comunicação uma vez que estes transmitiram uma deterioração mais acentuada. Apenas o sector da indústria extractiva considera ter ocorrido uma ligeira melhoria da confiança. Acrescenta-se o facto do conjunto de sectores cujo saldo de respostas extremas é negativo, ser constituído por todos os sectores com excepção da Comunicação, o qual observou um resultado nulo. Painel 14 - Indicadores de Clima Económico e de Confiança (s.r.e.) ICE Média IV Trim. 2015 III Trim. 2015 II Trim. 2015 I Trim. 2015 IV Trim. 2014 III Trim. 2014 II Trim. 2014 I Trim. 2014 IV Trim. 2013 Clima Económico 25 20 15 10 5 0 -5 -10 -15 -20 -25 100 80 60 40 20 0 -20 -40 -60 -80 -100 Indicadores de Confiança IV Trim. 2013 I Trim. 2014 II Trim. 2014 III Trim. 2014 IV Trim. 2014 I Trim. 2015 II Trim. 2015 IC Indústria Transf. IC Construção IC Comércio IC Turismo IC Extractiva IC Comunicação III Trim. 2015 IV Trim. 2015 IC Transportes Fonte: INE As limitações à actividade aumentaram também em todos os sectores comparando com o mesmo período do ano anterior, com especial destaque para os sectores dos Transportes e da Construção. As limitações frequentemente identificadas e transversais à globalidade dos sectores dizem respeito às dificuldades financeiras e em segundo plano surgem constrangimentos ao nível da ruptura de stock e matéria-prima, excesso de burocracia e regulamentação e insuficiência da procura. Produto Interno Bruto Dada a queda dos preços do petróleo no mercado internacional, a economia angolana deparou-se com vários obstáculos económicos no decorrer do ano de 2015. O impacto foi extensível a todos os sectores da economia, nomeadamente ao sector real. 9 Os dados do Indicador do Clima Económico utilizados na elaboração do relatório são referentes ao quarto trimestre por serem os mais recentes à data da elaboração do documento. 30 • De acordo com o Ministério do Planeamento e Desenvolvimento Territorial (MPDT), as estimativas do PIB para 2015 apontam para uma desaceleração no ritmo de crescimento da ordem dos 1,8 p.p. face a 2014, passando de 4,8% para 3,0% em termos reais. Esta evolução é explicada pela forte desaceleração do crescimento do sector não petrolífero, que passa de um crescimento de 8,2% em 2014 para 1,5% em 2015. A desaceleração do PIB global foi atenuada pelo crescimento de 6,3% do sector petrolífero face ao ano anterior (no qual havia contraído 2,6%). Foram tidos como pressupostos para este exercício um preço médio do petróleo de 53,7 Dólares/bbl, uma taxa de câmbio de Kz/USD 120,09 e uma taxa de inflação a situar-se em 14,27%, no final do ano de 2015. Tabela 6 - Taxas de Crescimento do PIB Real por Sectores de Actividade (em %) Sectores de Actividade Agricultura 2011 2012 2013 2014 2015 (e) 2016 (p) 9.2 -22.5 41.7 11.9 0.8 6.3 Pescas e derivados 17.2 9.7 2.4 19.1 8.1 1.7 Diamantes e outros -0.7 0.3 3.3 1.0 2.2 1.0 Petróleo -5.6 4.3 -0.9 -2.6 6.3 1.1 Indústria Transformadora 13.0 14.0 8.6 8.1 -2.1 4.3 Construção 12.0 11.7 8.1 8.0 3.5 4.5 Energia 3.5 10.4 34.4 17.3 2.5 19.9 Serviços mercantis 9.5 13.4 7.0 8.0 2.2 3.6 Outros 9.6 8.3 0.7 6.0 1.1 0.0 PIB a preços de mercado 3.9 5.2 6.8 4.8 2.95 2.96 PIB Petrolífero -5.6 4.3 -0.9 -2.6 6.3 1.1 PIB Não Petrolífero 9.7 5.6 10.9 8.2 1.5 3.8 Fonte: MPDT Nota: (e) – estimativas; (p) - projecções. O crescimento do PIB petrolífero foi possível devido ao facto de se ter alcançado uma produção média de 1.776,7 mil barris/dia ao longo de 2015. Esta evolução poderá estar associada à entrada em funcionamento de algumas unidades de produção e ao bom desempenho de outras, apesar de, ao longo do ano, se terem verificado algumas ocorrências cujo impacto sobre a actividade produtiva foi negativo, nomeadamente algumas restrições e/ou paralisação da produção devido a necessidades de manutenção e reparação de alguns poços em blocos específicos. Por sua vez, a desaceleração do PIB não petrolífero é explicado por uma desaceleração transversal a todos os sectores não petrolíferos, à excepção do sector diamantífero, que registou um incremento da sua produção de 2,2% face ao ano anterior. Destaca-se o sector da indústria transformadora que apresenta uma contracção da sua actividade de 2,1% em 2015 (contra um crescimento de 8,1% no ano anterior), devido principalmente à redução do volume de importações de matérias-primas, materiais de construção e bens de consumo e à não concretização de alguns projectos privados que estavam previstos para a indústria alimentar. Estes constrangimentos são resultado da actual conjuntura económica que se define pela redução dos preços do petróleo e, consequentemente, pela dificuldade acrescida em aceder ao mercado cambial devido à gestão controlada das divisas aliada à desvalorização da moeda. Os sectores da Energia e da Agricultura registaram fortes desacelerações no seu ritmo de crescimento, de 14,9 p.p. e 11,1 p.p., tendo as suas taxas de crescimento se situsado em 2,5% e 0,8%, respectivamente. No caso do sector da Energia, a desaceleração ocorreu devido a um atraso no aumento de potência prevista relacionada com a entrada em funcionamento de alguns empreendimentos. Já no caso da agricultura, o ritmo de crescimento da actividade diminuiu por via da queda da produção de cereais, leguminosas e tubérculos, ficando aquém das metas traçadas para 2015, tendo-se registado também uma diminuição na produção de carne bovina e caprina e de aves face ao ano anterior e ficando abaixo das metas definidas para o ano. Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 31 Painel 15 -Taxas de Crescimento Real do PIB e respectivos contributos dos Sectores de Actividade Taxa de Crescimento Real do PIB (em %) Contributos dos Sectores para o Crescimento do PIB (em p.p.) 0.7 9.7 3.9 4.3 5.2 5.6 2011 10.9 -0.9 -5.6 2012 0.8 6.8 2013 PIB não petrolífero 4.8 8.2 6.3 3.0 1.5 1.1 3.0 3.8 -2.6 2014 PIB petrolífero 2015 (e) PIB pm 2016 (p) 2.1 3.2 1.1 0.9 1.0 1.1 1.0 1.5 -2.1 -2.5 2011 2012 Agricultura Petróleo Energia 0.1 1.8 0.8 0.7 0.5 2.1 -0.3 0.8 0.7 1.3 -0.8 0.1 0.6 0.4 1.8 0.1 -0.2 0.0 1.0 0.5 0.3 0.3 0.7 2013 2014 2015 (e) 2016 (p) 3.5 Pescas e derivados Indústria transformadora Serviços mercantis Diamantes e outros Construção Outros Fonte: MPDT Ao contrário do que tem acontecido nos últimos anos, em 2015, o crescimento da economia foi potenciado principalmente pelo sector petrolífero, que apresenta um contributo positivo para o crescimento real do PIB de 1,8 p.p., sendo que o sector não petrolífero contribuiu apenas com 1,2 p.p.. Por sua vez, dentro do sector não petrolífero, o sector dos serviços mercantis foi o que mais contribuiu para o crescimento do PIB, com 0,6 p.p., seguido do sector da construção com 0,4 p.p.. Já o sector da indústria transformadora contribuiu de forma negativa para o crescimento do PIB, com 0,2 p.p.. Para 2016, segundo o MPDT, espera-se a manutenção do ritmo de crescimento do PIB real global em 3,0%, com o sector petrolífero (1,1%) a crescer menos do que o sector não petrolífero (3,8%), assumindo-se como pressupostos uma produção petrolífera de 1.796,4 milhões de barris/dia, um preço do petróleo de 39 USD/barril, uma taxa de câmbio de USD/Kz 162,7 e uma taxa de inflação no final de 2016 de 15,8%. No âmbito internacional, o Banco Mundial apresenta uma previsão de crescimento da economia Angolana de 3,3% em termos reais para 2016, enquanto o FMI projecta um crescimento real do PIB total de 3,5%. Ambos justificam as suas projecções para 2016 com o facto de a economia Angolana estar a ser afectada em vários ramos da economia pela diminuição do preço do petróleo nos mercados internacionais. Para terminar importa realçar que, a queda dos preços do petróleo, que caracteriza o mercado desde meados de 2014, deverá continuar a ter efeitos adversos na economia angolana, que se mantém muito dependente das receitas provenientes deste sector. A escassez de divisas, articulada com a acentuada dependência de importações (nomeadamente de bens de capital), podem limitar o investimento, e, por esta via, adiar a diversificação das exportações. Ainda que o Fundo Monetário Internacional inicie o programa de assistência técnica solicitado por Angola, não se espera que os potenciais efeitos positivos daí decorrentes tenham um impacto significativo já este ano, tendo em conta os desafios que o país enfrenta no actual contexto económico. As menores receitas petrolíferas também limitam a actuação do sector público na dinamização da actividade económica, incluindo a promoção do investimento público em infra-estruturas, limitando assim, o potencial do sector não petrolífero. 32 • 3. Inflação No I Trimestre de 2016 o Índice de Preços no Consumidor (IPC) de Luanda registou uma taxa de variação de 10,47%, subindo 6,14 p.p. relativamente ao trimestre anterior. Comparando com o trimestre homólogo de 2015 verificou-se um acréscimo de 8,34 p.p. e em termos acumulados, desde o início de 2016 uma vez que a análise incide sobre o primeiro trimestre do ano o valor da inflação corresponde à inflação trimestral, ou seja, 10,47%. Acrescenta-se ainda o facto de que, nos três primeiros meses de 2016, registou-se um nível, em termos de inflação acumulada, próximo do que tinha sito registado nos nove primeiros meses ano anterior. Desde o II Trimestre de 2014 assiste-se a uma subida acentuada da variação trimestral tal como ilustrado no gráfico abaixo, altura em que a economia começou a ressentir-se da instabilidade provocada pela diminuição do preço do crude e pela diminuição de divisas. A análise em termos homólogos, a 12 meses, reflecte o mesmo comportamento crescente, observando-se uma variação de 23,60% em Março, o que corresponde a um acréscimo de 9,33 p.p. face ao trimestre anterior. Por último, a média da taxa de variação dos últimos 12 meses registou novamente uma subida para 13,41% em Março, apresentando uma tendência de crescimento desde Janeiro de 2015. Painel 16 - Índice de Preços no Consumidor (Taxas de Variação, em %) IPC (Taxas de Variação, em %) 16.00% IPC (Taxas de Variação, em %) 25.00% 4.00% 3.50% 14.00% 20.00% 3.00% 12.00% 2.50% 15.00% 10.00% 2.00% 8.00% 10.00% 1.50% 6.00% IPC - Variação Acumulada Média Móvel dos Últimos 12 Meses Jan-16 Mar-16 Fev-16 Out-15 Dez-15 Nov-15 Jul-15 Set-15 Ago-15 Abr-15 Jun-15 Mai-15 Jan-15 Mar-15 Fec-15 Out-14 Dez-14 Nov-14 Jul-14 Taxa de Variação Homóloga Set-14 Ago-14 Abr-14 Jun-14 Mai-14 Jan-14 Mar-14 I Trim. 16 IV Trim. 15 III Trim. 15 II Trim. 15 I Trim. 15 IV Trim. 14 I Trim. 14 II Trim. 14 IIITrim. 14 0.00% Fev-14 0.50% 2.00% 0.00% 1.00% 5.00% 4.00% 0.00% Taxa de Variação Mensal (ELD) IPC - Variação Trimestral Fonte: INE A análise anterior pode ser segmentada considerando as categorias que compõem o indicador (IPC Bens e IPC Serviços). Desta forma, destaca-se o aumento registado na variação trimestral dos preços na categoria dos Serviços em 8,27 p.p., com uma variação de 13,31% e no mesmo sentido, na categoria de Bens com uma subida da inflação trimestral em 5,32 p.p., atingindo uma variação de 9,39%. Ainda na categoria dos Serviços, o Pagamento de Inscrições, as Passagens do interurbano e interprovincial bem como as Análises, foram os serviços que mais variaram no I Trimestre de 2016, com 119,76%, 98,94% e 91,81%, respectivamente. Ao passo que nos Bens, os produtos que mais variaram foram, o Gasóleo (80,00%), o Açúcar Branco (47,85%) e a Gasolina (39,13%). Dentro da categoria de Bens, a maior variação verificou-se nos Bens Industriais (9,78%), com produtos como o Gasóleo, a Gasolina e os Insecticidas a registarem as maiores variações, 80,00%, 39,13% e 32,83%, respectivamente. A categoria dos Bens Alimentares registou uma variação no trimestre em análise de 9,14%, sendo mais uma vez os Bens Alimentares Processados, aqueles que obtiveram maior variação, com 9,85% contra 7,34% dos Bens Alimentares Não Processados, em termos de produto, o Pimento, a Folha de Louro e a Ginguba, foram os produtos que observaram maiores variações, 23,08%, 17,00% e 15,86%, respectivamente. Painel 17 - Índice de Preços no Consumidor de Bens e Serviços (em t.v.h. e t.v. média) Categorias do IPC (T.v.h.) IPC de Bens e Serviços (T.v.h.) 30.00% 25.00% 25.00% 20.00% 20.00% 15.00% 15.00% 10.00% 10.00% IPC Bens Fonte: INE IPC IPC Bens Alimentares IPC Aliment. Não Processados IPC Aliment. Processados Mar/16 Dez/15 Jun/15 Set/15 Mar/15 Dez/14 Set/14 Jun/14 Mar/14 Dez/13 Jun/13 Set/13 Mar/13 Dez/12 Set/12 Jun/12 Mar/16 Dez/15 Set/15 Jun/15 Mar/15 Dez/14 Jun/14 IPC Serviços Set/14 Mar/14 Dez/13 Set/13 Jun/13 Mar/13 Dez/12 Set/12 Jun/12 0.00% Mar/12 0.00% Mar/12 5.00% 5.00% IPC Outros Bens Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 33 Em termos médios dos últimos 12 meses, o comportamento observado desde o início de 2015, verificou-se novamente em ambas as Categorias e é transversal a todos os tipos de Bens, tais como, Bens Alimentares, Bens Industriais, Bens Alimentares Processados e Bens Alimentares Não Processados. No mês de Março as categorias de Bens e Serviços registaram médias dos últimos 12 meses de 13,55% e 13,08%, respectivamente. Quanto ao IPC por Classes, no I Trimestre de 2016, as classes da Saúde, Educação e Transportes foram as que registaram maior variação, com 27,46%, 24,08% e 14,73%, respectivamente, o que corresponde a acréscimos face ao trimestre anterior de 21,63 p.p., 23,96 p.p. e 12,29 p.p., respectivamente. Na Saúde, as despesas com serviços médicos, nomeadamente com análises clínicas, foram as que mais subiram, enquanto na Educação e nos Transportes, as inscrições no ensino básico e as despesas com utilização de veículos, nomeadamente combustíveis e lubrificantes, foram os que mais aumentaram, respectivamente. No entanto, as maiores contribuições advieram, como é habitual, das classes da Alimentação e Bebidas Não Alcoólicas (4,27 p.p.), influenciada particularmente pela subida dos preços das Bebidas Não Alcoólicas, da Habitação, Água, Electricidade, Gás e Combustíveis (1,25 p.p.), por via sobretudo das despesas com electricidade e combustíveis, e de Bens e Serviços Diversos (1,00 p.p.), onde os produtos e serviços de higiene e cuidado pessoal surgem como a principal causa, nomeadamente os serviços de cabeleiro. Em termos acumulados os valores coincidem com as variações e contribuições trimestrais. Gráfico 4 - Contribuição das Classes na Inflação Homóloga (em p.p.) 25.00 Classe 04 Classe 05 Classe 07 Classe 08 Classe 09 Jan-16 Mar-16 Nov-15 Jul-15 Set-15 Mai-15 Jan-15 Mar-15 Nov-14 Jul-14 Classe 06 Set-14 Mai-14 Jan-14 Mar-14 Nov-13 Jul-13 Mar-13 Mai-13 Set-13 20.00 15.00 10.00 5.00 0.00 Classe 01 Classe 02 Classe 03 Fonte: INE/BNA Classe 10 Classe 11 Classe 12 Relativamente ao Índice de Preços no Grossista (IPG) de Luanda, este registou em termos trimestrais uma variação de 4,42%, o que corresponde a um acréscimo de 2,71 p.p. comparativamente ao trimestre homólogo do ano de 2015 (1,71%) e a uma subida na ordem dos 1,86 p.p. face ao trimestre anterior (2,56%). A variação positiva do IPG face ao trimestre anterior, e suportada pelo aumento dos preços registados tanto dos produtos importados (4,44%) como dos produtos nacionais (4,41%) e pelos aumentos na variação trimestral registados em ambos, de 2,16 p.p. e 1,00 p.p., respectivamente. No trimestre em análise, os sectores da Pesca e da Agricultura, Produção Animal, Caça e Silvicultura foram os que mais se destacaram para as Secções dos Produtos Nacionais e dos Produtos Importados, respectivamente com variações de 10,80% e 4,96%. Painel 18 - Índice de Preços no Grossista (Taxas de Variação, em %) IPG - Variação Trimestral (em %) 14.00% 12.00% 12.00% 10.00% 10.00% 8.00% 8.00% 6.00% 6.00% 4.00% 4.00% Fonte: INE Variação média Jan/16 Variação Mensal Mar/16 Nov/15 Jul/15 Sep/15 Jan/15 Mar/15 Nov/14 Sep/14 Jul/14 Mar/14 Jan/14 Nov/13 Sep/13 Jul/13 Variação Homóloga May/15 IPG - Variação Trimestral May/14 IPG - Variação Acumulada Mar/13 0.00% I Trim. 14 II Trim. 14 IIITrim. 14 IV Trim. 14 I Trim. 15 II Trim. 15 III Trim. 15 IV Trim. 15 I Trim. 16 May/13 2.00% 2.00% 0.00% IPG (Taxas de Variação, em %) 16.00% 14.00% 34 • Atendendo a evolução a 12 meses, a inflação homóloga atingiu os 14,70% no mês de Março, dando continuidade ao cenário de subidas consecutivas desde Janeiro de 2015 e contribuindo para que a média das variações dos últimos 12 meses apresente um panorama semelhante, apesar da inversão ter sido a partir de Maio de 2015. O IPC Nacional no I Trimestre de 2016 foi de 10,20% o que corresponde a uma descida de 1,88 p.p. face ao trimestre anterior. Em termos desagregados, a província de Luanda foi a que registou a maior variação de preços (10,47%), seguida da província do Namibe (10,12%) e do Cuanza Sul (9,64%). A província do Uíge foi a que registou a menor variação de preços (7,55%). Gráfico 5 - Variação de Preços por Província 12.00% 10.00% 8.00% 6.00% 4.00% 2.00% Variação Trimestral por Província Uíge Huambo Benguela Lunda Sul Cuanza Norte Bié Lunda Norte Moxico Cabinda Cunene Cuando Cubango Bengo Malanje Zaire Huíla Cuanza Sul Luanda Namibe 0.00% Variação Trimestral Nacional Fonte: INE Na Província de Luanda, o acréscimo dos preços no I Trimestre de 2016 foi maior na classe da Saúde (27,46%), apesar da maior contribuição para a variação total ter sido proveniente da classe de Alimentação e Bebidas Não Alcoólicas (4,27%). Nas províncias do Namibe e Cuanza Sul, a evolução registada foi principalmente observada na variação dos preços da classe dos Transportes com 31,30% e 17,63%, respectivamente. Todavia, a maior contribuição foi proveniente da classe de Alimentação e Bebidas Não Alcoólicas, com 5,50 p.p. e 5,45 p.p., respectivamente. Para terminar e em termos de balanço, refira-se que o aumento da taxa de imposto sobre o consumo e alguns bens importados, bem como a redução dos subsídios aos preços dos combustíveis, aos quais se aliam constrangimentos do lado da oferta num contexto de controlo e contenção das necessidades de importação de bens, têm sido os principais factores que justificam a aceleração da taxa de inflação. Esta actual tendência da inflação poderá vir a atenuar-se a partir do II Semestre de 2016 atendendo ao carácter temporário de alguns dos factores referidos. O carácter temporário do aumento de impostos e da retirada dos subsídios faz com que as maiores pressões inflacionistas possam desvanecer após alguns meses. Por outro lado, a política recente do BNA faz antever que, por um lado, as flutuações do kwanza serão mais graduais, e por outro, estas pressões sejam compensadas por possíveis novos aumentos na taxa de juro do BNA, numa tentativa de retrair o consumo e incentivar a poupança. Além disto, espera-se que algumas medidas do governo possam trazer resultados positivos adicionais, nomeadamente, o Programa de Combate à Especulação de Preços cujo objectivo é de evitar a venda a preços mais altos no mercado informal e a diversificação da economia. Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 35 Anexo Estatístico Anexo 1 – Contas Externas Saldo da Conta de Bens, USD Milhões (Exportações vs. Importações) 2015 Unidades: em USD milhões Var. Acumulada Var. 12 Meses … … … Jan Fev Mar I Trim Out Nov Dez IV Trim Exportações 2.732,04 2.754,73 2.757,66 8.244,44 2.492,65 2.274,75 1.917,69 6.685,10 Importações 2.324,73 2.892,07 2.042,42 7.259,23 1,476,98 1.240,82 1.240,74 3.958,54 … … … 407.31 -137.34 715.24 985.21 1.015,67 1.033,93 676.95 2.726,56 … … … Conta de Bens 2016 Var. Trimestral Exportações 1.617,32 1.552,41 2.027,33 5.197,05 -22.26% -22.26% -36.96% Importações 1.217,60 1.017,98 857.41 3.092,99 -21.87% -21.87% -57.39% 399.71 534.43 1.169,92 2.104,06 -22.83% -22.83% 113.56% Conta de Bens Fonte: DES/BNA Peso das importações angolanas por países de origem Países Portugal Bélgica China EUA Brasil África do Sul Singapura I Trim 2014 16.11% 6.26% 11.51% 5.58% 4.15% 3.79% 0.00% II Trim 2014 13.90% 6.88% 11.02% 9.09% 3.64% 3.26% 0.00% III Trim 2014 14.43% 5.11% 11.41% 6.67% 4.39% 3.17% 0.00% IV Trim 2014 16.84% 6.01% 14.66% 5.86% 5.30% 4.08% 0.00% I Trim 2015 9.94% 4.45% 15.14% 5.04% 2.86% 2.42% 8.86% II Trim 2015 13.68% 7.34% 11.85% 6.48% 3.10% 3.89% 12.02% III Trim 2015 14.13% 8.03% 13.92% 7.44% 5.02% 4.83% 9.94% IV Trim 2015 14.90% 6.29% 13.86% 7.21% 5.02% 4.43% 4.78% I Trim 2016 12.21% 6.23% 12.20% 14.48% 4.21% 2.66% 0.42% Fonte: DES/BNA Principais Rúbricas dos Activos Externos, USD Milhões I Trim 2016 Jan-16 Feb-16 Mar-16 Var. Hom. I Trim 2016 Reservas Brutas 24.667,17 Reservas Internacionais Líquidas 24.533,77 23.887,52 24.136,64 -5.80% Ouro 97.874,54 116.730,53 117.432,71 54.96% Haveres em DSE 49.137,58 50.218,27 51.735,24 50.55% Moeda Estrangeira (3) 15.612,10 15.937,32 16.100,33 94607.83% Depósitos (3) 1.771.477,83 1.676.966,48 1.793.032,50 36.43% Títulos 1.317.434,81 1.354.798,67 1.307.496,68 33.32% 0.00 0.00 0.00 Acções e outras participações 587.069,84 601.013,73 609.210,18 50.35% 2. Outros activos externos (3) 192.326,40 195.403,45 197.682,02 42.10% B. Passivos externos 129.278,70 129.784,53 139.673,55 66.40% 20.758,82 18.857,38 17.010,43 -60.61% 108.519,88 110.927,16 122.663,12 201.00% Posição De Reserva no FMI 1. Relacionado com reservas 2. Outros Fonte: DES/BNA 24.006,16 24,242,51 -6.84% 36 • Comportamento da taxa de câmbio nos Mercados Primário, Secundário e Casas de Câmbio, USD/Kz I Trim 2015 IV Trim 2015 I Trim 2016 Variações Jan/15 Fev/15 Mar/15 Out/15 Nov/15 Dez/15 Jan/16 Fev/16 Mar/16 Trim. Acum. 12 Meses Compra 103.652 105.747 107.455 134.635 134.639 134.642 154.842 158.154 159.869 18.736% 18.736% 48.778% Venda 104.689 106.804 108.529 135.981 135.985 135.988 156.390 159.736 161.468 18.737% 18.737% 48.778% Média 104.171 106.276 107.992 135.308 135.312 135.315 155.616 158.945 160.669 18.737% 18.737% 48.778% Compra 104.358 105.762 106.775 135.131 136.584 135.423 157.834 160.012 159.928 18.095% 18.095% 49.780% Venda 107.243 109.424 111.215 140.254 140.102 140.011 161.061 164.731 165.751 18.384% 18.384% 49.037% Média 105.800 107.593 108.995 137.692 138.343 137.717 159.448 162.372 162.839 18.242% 18.242% 49.401% Compra 103.666 106.062 107.487 138.283 134.054 136.860 159.874 159.090 160.446 17.234% 17.234% 49.270% Venda 108.672 110.995 112.532 148.029 149.150 152.364 189.675 186.982 190.643 25.123% 25.123% 69.411% Média 106.169 108.529 110.010 143.156 141.602 144.612 174.774 173.036 175.544 21.390% 21.390% 59.572% Compra 118.500 122.500 127.750 187.443 192.286 207.157 247.157 270.286 288.000 39.025% 39.025% 125.440% Venda 131.313 149.125 145.250 211.557 216.414 235.000 272.586 302.857 319.857 36.109% 36.109% 120.211% Média 124.906 135.813 136.500 199.500 204.350 221.079 259.871 286.571 303.929 37.475% 37.475% 122.658% Mercado Primário (Taxa Referência) Bancos (Divisas) Bancos (Notas) Casas de Câmbio Fonte: BNA/DMA/DSI/DES Comportamento da taxa de câmbio do Euro e Rand no Mercado Primário (Taxas de Referência) I Trim 2015 IV Trim 2015 I Trim 2016 Variações Taxas Médias Jan/15 Fev/15 Mar/15 Out/15 Nov/15 Dez/15 Jan/16 Fev/16 Mar/16 Trim. Acum. 12 Meses EUR/KZ 118.212 119.370 116.880 149.515 143.349 147.832 169.870 177.607 179.532 21.44% 21.44% 53.60% Compra 117.640 118.781 116.309 148.799 142.663 147.110 169.056 176.739 178.655 21.44% 21.44% 53.60% Venda 118.785 119.958 117.450 150.232 144.035 148.553 170.684 178.474 180.408 21.44% 21.44% 53.60% RAND/KZ 9.013 9.145 8.894 14.206 14.206 14.206 14.206 10.122 10.780 -24.12% -24.12% 21.21% Compra 8.966 9.096 8.848 14.162 14.162 14.162 14.162 10.067 10.734 -24.20% -24.20% 21.32% Venda 9.060 9.194 8.940 14.250 14.250 14.250 14.250 10.177 10.826 -24.03% -24.03% 21.09% Fonte: DES/BNA Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 37 Anexo 2 – Contas Monetárias Correspondência entre algumas rubricas das Contas Monetárias (antes e depois do novo formato) 10 10 Nomenclatura Antiga Nova Nomenclatura Crédito à Economia Crédito a Outros Sectores Residentes Crédito ao Sector Privado Crédito a Outros Residentes Crédito Líquido ao Governo Central Crédito à Administração Central (líquido) Crédito Concedido ao Governo Central Crédito à Administração Central Depósitos do Governo Central Depósitos da Administração Central Outros Activos Líquidos Outros Activos e Passivos (líquido) Depósitos à Ordem Depósitos Transferíveis Depósitos a Prazo Outros Depósitos Outros Instrumentos Financeiros Outros Instrumentos Equiparáveis a Depósitos O Por forma a prestar ao leitor todas as ferramentas para garantir uma correcta compreensão e acompanhamento das rubricas monetárias em análise no presente relatório (face às edições anteriores do Relatório de Inflação), os autores apresentam, em formato de tabela, as correspondências entre as nomenclaturas usadas até então e as que serão usadas daqui em diante. 38 • Anexo 3 – Bens e serviços constituintes das Classes do IPC Classe 1 - Alimentação e Bebidas Não alcoólicas Classe 2 - Bebidas Alcoólicas e Tabaco Classe 6 - Saúde Pão carcaça Whisky Diclofenaco Pão cacete Amarula Paracetamol Pão bola Vinho tinto Ampicilina Bolachas de água e sal Cerveja nacional Amociclina Bolo Cerveja importada Penicilina Farinha de trigo Cigarro importado Coarten Fuba de milho Classe 3 - Vestuário e Calçado Fansidar Arroz agulha Calças para homem Bissolvon Arroz corrente Camisa Soro antidiftérico Milho grão Camisola Multivitaminas Massa alimentícia Fato para homem Consulta Médica Esparguete Roupa interior para homem Análises Carne de primeira Uniforme escolar para homem Radiografía Carne de segunda Blusa Despesas em Clínicas privadas Miudezas de vaca Calças para mulher Classe 7 - Transportes Costeleta de porco Fato para senhora Automóvel Chispe de porco Pano superwax Motorizada Carne de Cabrito Roupa interior para senhora Pneu Frango congelado Saias Gasolina Coxas de frango Vestido Gasóleo Galinha Uniforme escolar Reparação de automóveis Chouriço Blusão de tecido Mulher Bilhete de autocarro público Salsicha Calças para criança Táxi colectivo Carne em conserva Fato para criança Passagem interurbano e interprovincial Carne seca de vaca Vestido para criança Transp. aéreo doméstico de passageiros Cachucho fresco Camisola para criança Classe 8 - Comunicações Carapau fresco Cintos Telemóvel Corvina fresco Lavagem de fato Assinatura do serviço Cacuço fresco Calçado para homem Cartão móvel pré-pago Espada fresco Calçado para mulher Classe 9 - Lazer, Recreação e Cultura Sardinha fresca Sandálias TV a cores Madionga Chinelos Rádio Carapau seco Sapatilhas Computador pessoal Corvina seca Sapatos para criança CD de Áudio gravado Bacalhau seco Classe 4 - Habitação, Água, Electr. e Combustíveis DVD gravado Bagre fumado Renda de casa Brinquedos Conserva de atum Tintas Entrada em Estádio de futebol Conserva de sardinha Serviços de Reparação de janelas Cinemas Leite em pó Pagamento água (m3) Assinatura mensal da TV cabo e outros Leite fresco Água em tambor Livro escolar Leite condensado Electricidade Jornal de Angola Iogurte Gás (botija de 12kg) Caderno Queijo Petróleo iluminante Esferográfica Ovos de galinha Carvão Classe 10 - Serviço de Educação Relatório de Inflação • I Trimestre de 2016 • 39 Óleo de palma Classe 5 - Mobiliário, Equip. Dom. e Manutenção Ensino Pré-Escolar particular Óleo de soja Mobília de sala de visita Pagamento de Inscriçöes Azeite de oliveira Mobília de sala de jantar Propinas Escolares Manteiga Mobília de quarto (conjunto) Pagamento Mensalidade Margarina Cama Pagamento Ensino Superior Abacate Colchão Classe 11 - Hóteis, Cafés e Restaurantes Banana Cadeira de plástico Laranja Estante Bife com batatas fritas Maçã Cortinas Churrasco Banana pão Colchas Funge com carne Ginguba Cobertor Funge com peixe Alho Lençóis Sopa de feijão Cebola Toalha de banho Mufete Cenoura Arca, congelador Pequeno almoço Couve Geleira Bolos Jimboa Fogão a gás Sanduíche de Fiambre Kisaca Ar condicionado Água Mineral Pimento Ventoinha Sumo de frutas Quiabo Gerador Gasosa Repolho Máquina lavar roupa Cerveja branca Tomate Louças Vinho Beringela Copo Wisky Fumbua Panelas Classe 12-Bens e Serviços Diversos Feijão castanho Detergente em pó Corte de barba Feijão catarino Sabão Corte de cabelo Homem Feijão amarelo Lixívia Serviço de cabelereiro Senhora Batata rena Insecticidas Escova de Dentes Batata doce Fósforo Máq. Para barbear (Lâminas) Mandioca fresca Vassoura Água de Colónia e Perfumes Massa de tomate Vela Creme de Beleza Ervilhas em lata Serviço de Lavadeira Champô Fuba de bombó Serviço de Governanta Desodorizante Farinha fina de mandioca Serviço de Jardineiro Pasta Dentífrica Açúcar branco Fraldas descartáveis Sal Papel higiénico Folha de louro Sabonete Vinagre Colares, fios, brincos, pulseiras Café instantâneo Relógio de pulso Chá Preto Malas Água Mineral Despesas por baptismo Gasosas Despesas de Serviço matrimonial Sumo de frutas Serviços funerários e similares Av. 4 de Fevereiro nº 151 - Luanda - Angola Caixa Postal 1243 Tel: (+244) 222 679200 - Fax: (+244) 222 339 125 www.bna.ao