o uso do teatro como método de ensino de geografia na - Unifal-MG

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O USO DO TEATRO COMO MÉTODO DE ENSINO DE GEOGRAFIA
NA ESCOLA: GEOARTE COMO PRÁTICA EDUCATIVA NO ENSINO
FUNDAMENTAL.
.
Aurélio Alberto Richiteli
Bruna de Melo Vitorino
Jéferson Muniz Alves Gracioli
Marllon Henrique Leandro
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
Graduado em Licenciatura em Geografia na Universidade Federal do Triângulo Mineiro;
Bacharel em Serviço Social na Universidade Federal do Triângulo Mineiro;
Graduado em Licenciatura em Geografia na Universidade Federal do Triângulo Mineiro;
Licenciatura em Geografia, bolsista do PIBID na Universidade Federal do Triângulo Mineiro;
Resumo português:
O presente trabalho resulta da experiência de um subprojeto do PIBID, intitulado
GEOARTE, realizado no período de seis meses em uma instituição de ensino na
cidade de Uberaba – MG, com objetivo de inserir a arte, principalmente o teatro, no
meio escolar, proporcionando ao aluno da instituição de ensino uma nova forma de
estudar Geografia; contribuindo para a formação crítica e motora dos alunos por meio
de oficinas voltadas ao desenvolvimento da memória, do raciocínio, da timidez, da
expressão corporal, e acima sobretudo, da construção da cidadania; assim como
compreender a importância de estudar a Geografia como forma de conhecer o mundo
e tudo ao seu redor. Sendo assim o projeto foi realizado através de oficinas práticas no
contra turno escolar em que se trabalhava de forma lúdica conteúdos da geografia,
sobretudo a sustentabilidade, outra atividade desenvolvida foi o trabalho de campo
realizado para materializar o conteúdo de sala de aula, quando os alunos tiveram
oportunidade de estender os “muros da escola”. Após a realização do projeto os
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resultados foram surpreendentes, foi realizado uma noite cultural onde os participantes
puderam apresentar o teatro trabalhado durante os seis meses, nessa noite
percebemos o envolvimento da universidade, escola e sociedade civil, sobretudo a
família que estava presente. Esse projeto ainda não se encerrou devido á necessidade
de trabalhar cada vez mais de forma lúdica nas escolas onde percebemos que a
melhor forma de aprender o conteúdo da geografia é vivenciando-a e o GEOARTE
propiciou essa vivencia aos alunos.
Palavras-chave: Ensino de Geografia; Teatro; Sustentabilidade; Cidadania;
English Summary :
This paper results from the experience of a subproject PIBID entitled GEOARTE held
in six months in an educational institution in the city of Uberaba - MG , in order to place
the art , especially theater , at school providing the student with the school and a new
way of studying Geography ; contributing to the critical training and motor of students
through workshops focused on the development of memory , reasoning, shyness ,
body expression , and most especially , the construction of citizenship ; as well as
understand the importance of studying geography as a way of knowing the world and
everything around you . Thus the project was carried out through practical workshops
on against school day in which they worked in a playful content of geography ,
particularly sustainability , other activity performed fieldwork was carried out to realize
the contents of the classroom , when students had the opportunity to extend the " walls
of the school ." After the completion of the project the results were surprising , was held
a cultural evening where the participants could present theater worked for six months ,
that night we noticed the involvement of university, school and civil society, especially
the family was there .This project has not ended due to the need to work increasingly in
a playful manner in the schools where we realized that the best way to learn the
content of geography is experiencing it and the experiences that led GEOARTE
students.
Keywords : Teaching Geography ; Theatre ; sustainability ; citizenship
Eixo de Inscrição/Debate: A Geografia na educação básica: metodologia, tecnologia
e formação docente.
Introdução
O teatro desde de sua origem na Grécia buscava a encenação de diversos
momentos vivenciados pelo povo como reverencias aos deuses, e fenômenos da
natureza. Deste modo, o teatro é uma forma de ver, e enxergar tudo que está ao
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redor, e possibilita a interação de todos os atores envolvidos, e o estudo da arte pode
proporcionar ao aluno a vivência e experiência de outros mundos além da escola, pois
segundo Cavassin:
“A arte proporciona prática criadora à luz das relações sociais,
culturais e estéticas levando em conta as transformações nas
novas configurações de tempo e espaço. Compreendê-la como
processo social, é, portanto, chamá-la de produção cultural e
conhecimento humano” (CAVASSIN, 2008, p. 49).
Então esse trabalho vem apresentar o subprojeto GEOARTE que busca
promover a arte no ambiente escolar através de temas relacionados a Geografia e ao
cotidiano dos alunos inseridos na escola. Esse subprojeto que está envolvido no
projeto maior que é o PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência), foi realizado no período de 6 meses em uma instituição de ensino na
cidade de Uberaba – MG, trabalhando diversos temas como diversidade cultural,
êxodo rural, cidadania e a sustentabilidade.
O uso da arte no meio escolar possibilita a inclusão de diversos atores como o
trabalho envolvendo a participação de professores, alunos e comunidade, que faz com
que esse subprojeto do PIBID insira o ensino de geografia rompendo as paredes da
sala de aula, e consiga estabelecer uma interação importante na construção do
conhecimento.
A arte no ambiente escolar deve estar presente em suas múltiplas
interpretações como dança, música, pintura, desenho e etc. Desta forma, o subprojeto
GEOARTE utilizou do teatro como importante instrumento de ensino de Geografia,
fazendo com que os temas trabalhados na disciplina tanto no ambiente escolar como
na academia fossem envolvidos na dramatização, possibilitando aos alunos além de
uma maior fixação daquele conteúdo, também desenvolver a criatividade em novas
técnicas de aprendizagem como o uso do teatro.
Portanto nesse trabalho, iremos citar o quanto o uso da arte, e especificamente
do teatro pelo projeto GEOARTE foi importante para a experiência dos alunos
envolvidos nesse trabalho, tanto os acadêmicos quantos os alunos da instituição de
ensino. Também mostraremos como o uso da arte no ensino fundamental proporciona
ao aluno a descoberta de potencialidades e habilidades deles, e assim faz com que os
alunos melhorem seu desempenho diante de outras tarefas do dia a dia, e que se crie
dentro de cada um o respeito ao próximo e uma responsabilidade social, já que no
projeto é trabalhado a cidadania, e outros aspectos como pontualidade, expressão
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corporal, a voz, timidez, dentre outras coisas que estão presentes em nossas vidas, e
que podem ser superados ou minimizados através do trabalho do teatro.
Deste modo, o trabalho irá apresentar como o envolvimento do aluno através
do teatro, possa fazer com que o mesmo desenvolva novas formas de pensar e agir
diante de suas vivências e práticas sociais, favorecendo ao alunos uma nova visão de
mundo constituída por meio de suas experiências estéticas. É importante ressaltar que
esse trabalho obteve resultados significativos tanto para os alunos como novas formas
de sobressair diante de dificuldades corriqueiras do dia a dia, como apresentação de
um trabalho em sala de aula, tanto para o professor da instituição de ensino que
observou no trabalho do GEOARTE novas metodologias para se ensinar Geografia, e
tanto para nós discentes com experiências ímpares na aprendizagem de práticas
educativas, experiências essas que serão discutidas no decorrer do trabalho, onde
destacaremos também o quanto esse projeto foi importante para nossa futura carreira
como educador.
Objetivos:
O PIBID tem como objetivos principais: Possibilitar a inserção do discente no
ambiente escolar, fazendo-o participar das atividades da escola, e assim interagir com
os sujeitos envolvidos criando um vínculo mais próximo com o mundo escolar; assim
como, fazer com que o discente possa desenvolver sua autonomia enquanto
professor, e assim contribuir com a instituição de ensino realizando atividades
pedagógicas importantes para sua formação acadêmica;
Nesse sentido o GEOARTE, um projeto do desenvolvido pela equipe do PIBID
Geografia UFTM tem por objetivos: Inserir o uso da arte, mais precisamente do teatro
no meio escolar com o intuito de romper com o ensino tradicional, e de proporcionar
ao aluno da instituição de ensino uma nova forma de estudar Geografia; além de
contribuir para a formação crítica e motora dos alunos por meio de oficinas voltadas ao
desenvolvimento da memória, do raciocínio, da timidez, da expressão corporal, e
acima de tudo, da construção da cidadania; assim como compreender a importância
de estudar a Geografia como forma de conhecer o mundo e tudo ao seu redor, através
de aulas teóricas, atividades dinâmicas, trabalhos de campo e observação do
cotidiano em que o aluno está inserido;
Importância do Teatro no Ensino Fundamental e da Inserção de Métodos
Diferentes na Escola.
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Nossa pesquisa se realizou através do Programa Institucional de Bolsa de
Iniciação à Docência (PIBID) que é um programa de incentivo e valorização do
magistério e de aprimoramento do processo de formação de docentes para Educação
Básica, para inserirmos o grupo GEOARTE, que leva a determinada escola de
Uberaba (MG), formas lúdicas de ensinar geografia. Este programa no qual fazemos
parte, teve início em 2007, e após resultados positivos, o Ministério da Educação
institucionalizou proporcionando sua consolidação. Segundo Saviani (2009, p.11) O
PIBID “é um Programa destinado a alunos dos cursos de licenciatura [...] das
universidades públicas para desenvolver projetos de educação nas escolas da rede
pública de educação básica”.
Nossas oficinas usa temas de geografia ministrados no Ensino Fundamental e
usamos eles em peças teatrais, ou seja, pegamos um tema e montamos uma peça
teatral. Existem muitas discussões sobre aprender a ser professor, mas aprender a ser
professor é um processo que vai muito além dos conhecimentos técnicos ou teóricos
específicos aprendidos nas Universidades, a formação à docência necessita desde o
início, de vivencias pedagógicas no espaço escolar. Pereira faz a seguinte leitura:
O professor, durante sua formação inicial ou continuada, precisa
compreender o próprio processo de construção e produção de
conhecimento escolar, entender as diferenças e semelhanças do
processo de produção do saber científico e do saber escolar,
conhecer as características da cultura escolar, saber a história da
ciência e a história do ensino da ciência com que trabalha e em que
pontos elas se relacionam. (PEREIRA, 2000, p. 47)
Assim, tentamos inserir uma construção de aprendizagem utilizando o teatro,
com a ajuda do PIBID. Apesar de ser uma atividade lúdica com fins educacionais, ela
extrapola estas propostas: segundo “(...) é acima de tudo, um instrumento auxiliar na
socialização e na construção de conhecimento moral, pois trabalha com valores como
respeito mútuo e responsabilidade.” (KLIMEK, 2011, p.119).
O GEOARTE com o Teatro na instituição escolar tem uma importância
fundamental não só de transmitir conteúdos relacionados com a geografia mas com a
educação, onde o aluno do Ensino Fundamental aprende a improvisar, desenvolve a
socialização, criatividade, coordenação, memorização, oralidade, leitura pesquisa,
criatividade, expressão corporal, a impostação de voz, vocabulário, habilidades para
as artes plásticas (pintura corporal, confecção de figurino e montagem de
cenário), trabalha o emocional, cidadania,
ética, sentimentos e interdisciplinaridade.
As oficinas do GEOARTE e metodologias de inserir conteúdo do Ensino
Fundamental da disciplina de geografia permitiu que que nos licenciandos do PIBID
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percebesse traços da personalidade, comportamento individual ou em grupo, bem
como seu desenvolvimento, oportunizando um melhor direcionamento pedagógico,
onde na realização de cenas com conteúdo da geografia, trabalha-se também a
imaginação, interpretação o que levou o aluno ter o teatro como extensão das aulas de
geografia. O objetivo do GEOARTE na escola não é ter um aluno-autor, um alunopintor ou um aluno-compositor, mas sim dar oportunidades a cada um de descobrir o
mundo, a si próprio e a importância da arte na vida humana, além de complementar os
conteúdos de geografias vistos em sala de aula.
Dessa
forma,
a
contribuição
do
GEOARTE
levando
o
teatro
no
desenvolvimento do aluno do Ensino Fundamental, é grandiosa, ajuda o aluno no
desenvolvimento de suas próprias potencialidades de expressão e comunicação, bem
como proporciona o conhecimento de outro gênero, além da prosa e da poesia e
favorece o processo de produção coletiva do saber cultural tanto no valor estético
como educativo.
No cotidiano escolar através como licenciandos do PIBID, destacamos que é
importante também ter outras formas do fazer teatral que podem ser usados nas salas
de aula. Segundo o PCN, cabe à escola dar continuidade à potencialidade dos alunos
em relação à arte teatral, uma vez que:
O teatro, no processo de formação da criança, cumpre não só função
integradora, mas dá oportunidade para que ela se aproprie crítica e
construtivamente dos conteúdos sociais e culturais de sua
comunidade mediante trocas com os seus grupos. No dinamismo da
experimentação, da fluência criativa propiciada pela liberdade e
segurança, a criança pode transitar livremente por todas as
emergências internas integrando imaginação, percepção, emoção,
intuição, memória e raciocínio
(BRASIL, 1997, p. 57).
Como podem ser observadas, as leis maiores da educação nacional ditam as
diretrizes e parâmetros aos sistemas de ensino público ou privado no que se refere ao
ensino de Artes, dentre estas, insere-se a arte cênica. A despeito de todo incentivo
dos órgãos oficiais de ensino, de iniciativas aleatórias de escolas e de professores, o
teatro, Cunha (2009) diz que “na educação ainda é um espaço a ser conquistado”.
Cunha (2009, p. 293), relata que:
Apesar de existirem educadores que acreditam na força que a arte de
encenar tem para promover a aprendizagem e o desenvolvimento do
aluno, ainda há um grande número de escolas que não aceitam e não
valorizam a atividade teatral no processo educativo. Isso pode se dar
devido a enorme carga transdisciplinar que permeia o teatro, o qual
gera algo novo, causando, assim, o risco da descoberta.
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O teatro dentro das escolas é algo que só fortalece o ensino-aprendizagem.
Mesmo o cotidiano escolar não dando o devido valor a arte, nos constatamos que o
teatro leva uma imensidão de formas bem diferenciadas, que leva os alunos do Ensino
Fundamental a experimentar coisas novas e rever outras potencialidades. Isso se
torna um ponto bastante positivo, no que diz respeito à educação, pois, com essa
gama maior de tipos e formas, os professores podem escolher o método que mais se
encaixa com a sua turma, ou até mesmo trabalhar, não apenas um tipo, mas dar essa
oportunidade para o aluno de experimentar de tudo um pouco, dar ao aluno o direito
de conhecer os conteúdos das disciplinas através do teatro, tendo um melhor acesso a
todas essas expressões artísticas.
Sobre a forma de ensinar geografia utilizando o teatro, podemos observar que
temos um vasto conteúdo e que podemos usar nossa imaginação para colocar em
pratica. Percebe-se que apesar da geografia fazer parte do cotidiano dos alunos, os
mesmos não conseguem descrever ou abstrair uso para tal conhecimento geográfico,
para o seu cotidiano. Neste sentido Kaercher analisa sobre a flexibilidade e
multiplicidade de temas abordados pela geografia, daí a dificuldade dos alunos em
formular opiniões concretas.
Então Kaercher (2003, p.116), observa que:
A geografia, por sua amplidão temática, por tratar de assuntos ligados
à natureza e à sociedade, cada qual com suas “n” divisões, possui,
por conseguinte, um amplo “laboratório” de aprendizagem. Se
aprende Geografia no mundo, em outras palavras. A sua própria
“definição” etimológica é levada ao pé da letra. Tudo acaba sendo
pois tudo ocorre “na Terra”. Ou seja, a Geografia tem um estatuto de
universalidade ele é um livro aberto. O aluno vai repetir essa “colcha
de retalhos” que é a Geografia na hora de defini-la.
O autor chama a atenção para que o professor “saiba aproveitar esta colcha de
retalhos”, pois a mesma possibilita uma variação temática, e diferentes metodologias
de ensino, o que talvez com outras disciplinas não seja possível. E salienta que as
diferenciadas concepções sobre o ensino da geografia, seja para aprender sobre o
país, a paisagem ou o desenvolvimento da sociedade, legitimam a disciplina escolar.
Ai que entramos com o teatro, com a forma lúdica de aprender é na montagem da
história, figurino ou na montagem de um cenário que observamos os alunos
absorvendo o conteúdo.
Acreditamos ser pertinente acrescentar que a partir do momento que se passa
a trabalhar os conteúdos de maneiras diferenciadas, usando o teatro, por exemplo,
podem levar temas específicos para a realidade das turmas, percebe-se identificação
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maior entre o aluno e o professor. E tem como resultado o processo de ensino e
aprendizado torna-se mais prazeroso para ambas as partes, para o aluno a aula torna
mais interessante “mais dinâmica” como a grande maioria em nossas oficinas do
GEOARTE afirmou. E para o professor ou os participantes do GEOARTE torna-se um
momento de realização ao visualizar a participação e interesse dos alunos nas
atividades propostas.
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Importância da Experiência Estética no Contexto do GEOARTE.
Estruturar uma pedagogia que não privilegie determinadas culturas sociais e
valorize sua multiplicidade, faz parte de uma realidade bem distante dos sistemas
escolares no Brasil na atualidade. É necessário ampliar o embasamento de uma
pedagogia crítica e que leve em consideração os tipos simbólicos e materiais que
estes alunos encontraram fora da escola, em casa, na comunidade, ou em qualquer
outro meio de relação social, limitando o poder do controle de expressões e abrindo
oportunidades para um desenvolvimento de experiências e vozes do cotidiano,
segundo Giroux e Simon(2002).
Por meio do nosso trabalho, baseado em experiências com metodologias do
teatro, não podemos deixar de compreendermos a importância que as Artes
desempenham para ampliar as experiências estéticas da escola, já que foi através
dela que ocorreu o aparecimento das discussões críticas e a utilização de estudos e
atividades baseadas nos cinco sentidos, no desenvolvimento das expressões, nas
formas de interpretação, ou até mesmo, segundo Kant (1902), no estudo dos
julgamentos estéticos.
Tal reflexão sobre o desenvolvimento oriundo das metodologias do teatro,
remete à compreensão que se as mesmas metodologias de aprendizagens fossem
melhores compreendidas e utilizadas pelo estrutura escolar. Assim, teríamos talvez
em
muitas
escolas,
um
melhor
desempenho
de
ensino
aprendizagem
e
desenvolvimento das habilidades artísticas de percepção e sentimentos.
Em consequência desta relação das metodologias pertencentes aos conteúdos
artísticos, por meio da interdisciplinaridade com as demais disciplinas trabalhadas na
sala de aula, a escola seria capaz de transformar conteúdos distantes da realidade do
aluno, em experiências estéticas como uma forma de preencher as lacunas da
incompatibilidade de sentidos dos alunos com as matérias ensinadas em sala.
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As atividades trabalhadas no decorrer do projeto GEOARTE com os grupos de
alunos e com metodologias na qual o principal foco estava em introduzir nos alunos,
por meio de um caráter cultural, atividades e aulas capazes de desenvolver ou
algumas vezes potencializar suas habilidades, o qual muitas vezes estão oprimidas no
ambiente escolar, para uma formação de ensino aprendizagem de qualidade.
É importante ressaltamos que antes de adentrarmos às aulas práticas de
desenvolvimento de atuação, expressão corporal, mental, psicológica, entre outras,
iniciamos nosso projeto com a aplicação de sucintas introduções da formação e
importância dos conteúdos artísticos, para tal reflexão de compreensão histórica da
utilização das apresentações teatrais praticadas na antiguidade.
Percebemos que tal pedagogia utilizada para introduzirmos o tema para os
alunos, teve grande relevância, já que conseguimos interligar as aulas teóricas com as
aulas práticas das técnicas teatrais, de maneira que deparamos com discussões e
reflexões que relacionavam com as experiências estéticas dos alunos. Com isso, as
dificuldades e aprendizagens encontradas no decorrer dos mini cursos, estavam
ligadas às diferenças culturais, sociais e econômicas presentes dentro de sala aula,
fugindo do modelo cultural dominante para inserirmos os mesmos dentro de suas
próprias realidades sociais.
[...] a experiência estética solicita uma mudança na maneira
pragmática de se perceber o mundo. Esta experiência (e
também o trabalho científico ou filosófico) constitui-se, segundo
o termo empregado por alguns autores, um “enclave” dentro da
realidade cotidiana. A experiência do belo é uma espécie de
parêntese aberto na linearidade do dia-a-dia (DUARTE Jr.,
1991, p. 33).
As técnicas teatrais conseguem transformar e criar novas possibilidades de
escolhas, visões, tão necessárias nos dias de hoje. Assim, os alunos por meio de suas
experiências do dia a dia, levam para as aulas de teatro a sua interpretação que
muitas vezes é ignorada ou limitada em outras matérias na escola. Percebemos essa
“libertação” de sentidos e das tantas expressões presas dentro dos seus olhares e
gestos, na desenvoltura e interesse que os mesmos tiveram com as aulas do projeto
GEOARTE.
Entendemos assim, que as abordagens realizadas tanto no mini curso
GEOARTE, como nos demais mini cursos desenvolvidos por outros bolsistas do
PIBID, alcançou resultados por meio de discussões e reflexões apresentadas nas
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aulas, de modo que a participação dos alunos na disciplina regular de Geografia da
escola, obteve melhorias segundo a professora de Geografia, que observou que o
teatro junto às outras atividades desenvolvidas no projeto, correspondeu em um
melhor desempenho intelectual, crítico, criativo e de responsabilidade diante a
exposição e discussão dos temas cotidianos da sala de aula.
A Importância do PIBID na Formação do Professor: GEOARTE na Busca
do Lúdico.
2066
Como aqui já relatado esse artigo é fruto da experiência de acadêmicos no
programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), que é um programa
de incentivo e valorização do magistério e de aprimoramento do processo de formação
de docentes para Educação Básica, cabe, portanto destacarmos a importância desse
programa na formação do professor, assim como para cumprir a função social da
universidade promovendo interação entre o conhecimento acadêmico e a sociedade
civil, que no caso aqui é representada pela escola municipal onde foi desenvolvido o
GEOARTE
O ambiente acadêmico, sobretudo em uma universidade publica federal onde
foi desenvolvido esse projeto, é um espaço fundamental para o desenvolvimento do
tripé ensino, pesquisa e extensão. O que é fundamental para uma formação de
qualidade ao aluno possibilitando-o diversas experiências, ultrapassando os muros da
universidade, na construção do conhecimento de forma dinâmica, de modo com que o
discente possa se aproximar da realidade social, cultural do contexto em que se
insere, pois se acredita que:
“Deve-se manter o compromisso de efetivamente existirem
universidades capazes de formar bons profissionais, críticos,
reflexivos e que acima de tudo, consigam intervi junto á realidade em
que se encontram” (ASSIS e BONIFÁCIO, 2011 p.4).
Na vivencia do GEOARTE os discentes tiveram oportunidade de aprofundar os
conhecimentos teóricos a respeito do tema, entretanto para além desse conhecimento
o que mais foi relevante no processo foi o contato com os alunos diretamente em uma
escola publica, e o desafio de preparar aulas lúdicas, que despertassem interesse dos
mesmos. Para ASSIS e BONIFÁCIO, 2011, “Dialogar com a realidade talvez seja a
definição mais adequada de pesquisa, porque a compreende como princípio científico
e educativo.” Nesse sentido os discentes participantes do PIBID a cada dia
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enfrentavam o desafio de propor atividades: que ao mesmo tempo em que faziam
parte da realidade vivenciada pelo aluno lhes trazia novidades e novos saberes.
Além de contribuir com a formação do aluno, o PIBID contribui também para
que a universidade cumpra com seu papel social, que é estender os conhecimentos
produzidos para a sociedade civil, tendo em vista que:
“A expressão compromisso social geralmente é atribuída ao
compromisso da universidade para com a sociedade, visto que, pelas
características da instituição, que tem a função de produzir e
disseminar conhecimentos, se deve ter mais que responsabilidade
para com a sociedade; comprometimento tem uma conotação de
maior envolvimento do que responsabilidade.” (SILVA e MELO, 2010,
p. 5)
Como o projeto em questão foi desenvolvido em uma escola municipal, foram
envolvidos diversos sujeitos como os alunos, professores, diretores e supervisores.
Com o tempo a universidade ganha espaço dentro da escola, e esses profissionais se
envolvem no projeto construindo aos poucos uma relação de confiança e colaboração,
assim os discentes e universidade tiveram todo apoio necessário para o
desenvolvimento do projeto.
Metodologia
O seguinte trabalho consiste em trabalhar a arte, na modalidade do teatro por
meio de oficinas com diferentes temas, sejam esses temas ligados ao próprio teatro
como trabalho da voz, postura no palco, expressão corporal, improvisação, e etc., ou
temas ligados ao conteúdo de Geografia proposto que no projeto GEOARTE foi o uso
da sustentabilidade como forma de instruir os alunos sobre a cidadania e a
consciência ambiental.
Utilizamos ao longo do projeto cadernos que usamos como diários, onde os
alunos relatavam tudo que aconteceu em cada dia, para que depois fizéssemos a
leitura, e discutíssemos o que tínhamos que melhorar, ou aperfeiçoar para as
próximas oficinas.
A atividade de campo como a visita a COOPERU (Cooperativa de
Recolhedores Autônomos de Resíduos Sólidos e Líquidos de Uberaba) foi um
importante método utilizado por nós para materializar toda teoria vista na sala de aula
por meio das oficinas e aulas expositivas sobre sustentabilidade e coleta seletiva.
Conclusão
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Conclui se que o projeto GEOARTE alcançou importantes objetivos propostos
anteriormente como a meta de levar para a escola novas formas de ensinar Geografia.
Assim, o trabalho da arte em suas diversas modalidades, ou seja, a dança, a música e
o teatro, possibilita aos alunos o conhecimento de um leque possibilidades de se
sobressaírem em diferentes situações do dia a dia.
Deste modo, o trabalho do GEOARTE superou as expectativas dos
participantes, tendo em vista que trabalhar o teatro para a escola, no inicio
representou um desafio pela resistência dos alunos, e que foi no final muito elogiada
pelos alunos, professores e funcionários da instituição de ensino.
É importante ressaltar que a escola ainda representa um lugar de
oportunidades onde cada professor pode desenvolver seus métodos de ensino e
pesquisa, e assim usar das diferentes linguagens transmitir o conhecimento para os
alunos, pois segundo Oliveira e Stoltz:
“Na escola, o teatro pode oferecer um amplo espectro de
situações e oportunidades de aprendizagem e conhecimento.
Uma característica importante é uso que se faz da linguagem.”
(OLIVEIRA; STOLTZ; 2010, p. 88)
Portanto, o projeto GEOARTE construiu ao longo de suas oficinas uma
importante ferramenta de apoio aos professores, onde os mesmo podem trabalhar
diferentes conteúdos por meio do uso das artes, mais precisamente do teatro como foi
abordado em nosso trabalho. E assim poder reunir a teoria e a prática tão
significativas para o ensino da Geografia para os alunos, e para a compreensão do
mundo e do cotidiano que os cercam.
Resultados:
A partir das oficinas realizadas foi possível a socialização do conhecimento e
troca de saberes com os demais alunos da escola municipal, com a família dos
participantes, assim como com a comunidade e membros da universidade através da
realização da noite cultural.
Nesta noite cultural foi apresentado o teatro escrito, montado e ensaiado
durante as oficinas além de outras apresentações artísticas como dança musica e
teatro com participação da sociedade civil que se inscreveu previamente para
participação.
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Além de divulgar o Projeto PIBID a noite cultural oportunizou um debate acerca
do tema que foi trabalhado nas oficinas “sustentabilidade” provocando uma reflexão
nos que estavam presentes e inclusive os alunos nesta noite foram fundamentais pois
os mesmos colaboraram na construção e montagem do cenário, figurino dentre outros
detalhes fundamentais.
Os pais e demais presentes se mostraram satisfeitos com a noite cultural
promovida pelo projeto, e pelo retorno do publico ali presentes percebemos que o
projeto foi fundamental para a formação dos alunos, acadêmicos, assim como muito
colaborou para a escola, fazendo com que os participantes pudessem compreender o
conteúdo da disciplina geografia de forma lúdica e prazerosa.
Outro resultado do projeto foram as avaliações dos alunos, durante as oficinas
cada participante tinha um diário de campo, no mesmo eles anotavam o que de mais
importante ocorreu no encontro e o que podia ser melhorado, pelo mesmo os
discentes do PIBID avaliavam suas atividades. Nesses relatos dos diários percebemos
que as atividades que mais despertaram a atenção dos alunos foram as atividades
práticas, dentre elas as dinâmicas e oficinas teatrais ou o trabalho de campo realizado
na COOPERU(Cooperativa de Recolhedores Autônomos de Resíduos Sólidos e
Líquidos de Uberaba), onde os participantes viram de perto como é realizado a coleta
seletiva para a reciclagem na sua cidade, e desmistificaram alguns conceitos ligados a
esse trabalho tão importante, como o conceito de catador ligado a mendigo por
exemplo. Isso faz com que os alunos, e as pessoas possam enxergar o quanto esse
trabalho de reciclagem do lixo faz com que diminua as enchentes, a degradação ao
meio ambiente, e a construção de uma educação ambiental tão falada nos dias atuais.
Por esses resultados aqui descritos percebemos que trabalhar de forma lúdica
através da arte muito contribui para o ensino em geografia, como ainda é um tema
novo não muito pesquisado percebe-se a necessidade de continuidade do projeto
tendo em vista que a própria escola onde foi realizado o projeto deseja essa
continuidade.
Referências:
ARCOVERDE, Silmara Lídia Moraes. A importância do teatro na formação da
criança. Disponível em:
http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2008/anais/pdf/629_639.pdf. Acesso em:
15 de março de 2014.
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BRASIL. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros Curriculares
Nacionais – Arte. Brasília: MEC/SEF, 1997.
BONIFACIO. Naiêssa Araújo; ASSIS. Renata Machado. A FORMAÇÃO DOCENTE
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