Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto CBC2005 Setembro / 2005 ISBN 85-98576-07-7 Volume VI - Métodos Construtivos em Concreto Trabalho 47CBC0244 - p. VI169-179 © 2005 IBRACON. UM MÉTODO GERAL DE CÁLCULO PARA VERIFICAÇÀO ESTRUTURAS DE CONCRETO EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO A GENERAL CALCULATION METHOD TO VERIFY REINFORCED CONCRETE STRUCTURES IN THE FIRE SITUATION Gleidismar das Graças Simão Castro (1); Ney Amorim Silva (2); Ricardo Hallal Fakury (3); José Carlos Lopes Ribeiro (4) (1) Mestranda em Engenharia de Estruturas, Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais email: [email protected] (2) Professor Doutor, Departamento de Engenharia de Estruturas, Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais email: [email protected] (3) Professor Doutor, Departamento de Engenharia de Estruturas, Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais email: [email protected] (4) Doutorando em Engenharia de Estruturas, Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais email: [email protected] Gleidismar das Graças Simão Castro Rua Desembargador José Burnier, 306/404 – Bairro Castelo – telefone: (31) 3476-6623 Belo Horizonte – MG – CEP: 30840-420 Resumo Este trabalho apresenta um método geral de cálculo de acordo com a norma brasileira NBR 15200 (2004), capaz de avaliar se um elemento estrutural de concreto armado, dimensionado à temperatura ambiente, resiste a incêndios com diversos tempos requeridos de resistência ao fogo, mesmo que as propriedades mecânicas de seus materiais constituintes, aço e concreto, sejam fortemente reduzidas pelo aumento de temperatura. As distribuições de temperatura são rigorosamente calculadas, utilizando-se o programa “THERSYS – Sistema para simulação via Método dos Elementos finitos da distribuição 3D de temperatura em estruturas em situação de incêndio”, desenvolvido no Departamento de Engenharia de Estruturas da UFMG. A verificação proposta neste trabalho pretende obter valores mais precisos dos esforços resistentes da estrutura quando sujeitos à ação do fogo e atender a todos requisitos que constituem um método geral de cálculo. Palavras-Chave: Estruturas de concreto; dimensionamento em situação de incêndio; análise térmica. Abstract This work presents a general method to structural fire design of reinforced concrete elements, considering several standard fire resistances and the reduction of the mechanical properties of the materials (reinforcing steel and concrete) at elevated temperatures. The distribution of temperature in the cross-section of the elements is obtained using the program THERSYS, developed in the Federal University of Minas Gerais. The general calculation method presented here takes into consideration the requirements of the Brazilian Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON. VI.169 Standard NBR 15200 (2004) and it permits the obtainment of more precise resistance values in the fire situation. Keywords: concrete structures; structural fire design; thermal analysis. 1 Introdução As estruturas de concreto projetadas no Brasil normalmente não são avaliadas quanto ao risco de comprometimento de sua função estrutural quando submetidas a uma situação de incêndio. Estudar o comportamento de uma estrutura de concreto exposta ao fogo é importante porque o aumento progressivo de temperatura reduz consideravelmente as propriedades mecânicas de seus materiais constituintes, o que pode levá-la a apresentar colapso de uma de suas partes ou mesmo vir à ruína total. Mostrando o interesse na verificação das estruturas de concreto sujeitas ao fogo, foi publicada no final de 2004 a ABNT NBR 15200 (2004) – “Projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio”, tendo por referência o EUROCODE 2 – “Design of concrete structures – Part 1-2 General rules – Structural fire design” e adaptada à realidade brasileira, considerando os produtos e a experiência no Brasil, conforme citado em seu prefácio. Este trabalho tem como objetivo propor um método geral de cálculo para verificar se elementos estruturais usuais em concreto armado (vigas, pilares e lajes) dimensionados à temperatura ambiente de acordo com a ABNT NBR 6118 (2003), são capazes de suportar incêndios com determinado tempo de resistência ao fogo (TRRF), especificado na ABNT NBR 14432 (2000). 2 Métodos de Cálculo Existem diversos métodos para realizar esta verificação. A norma ABNT NBR 15200 (2004) descreve quatro métodos: 2.1 Método tabular: neste método, nenhuma verificação é efetivamente necessária, bastando atender dimensões mínimas apresentadas em tabelas, função do tipo de elemento estrutural e do TRRF. Estas dimensões devem respeitar, também, a ABNT NBR 6118 (2003) e a ABNT NBR 9062 (2001). 2.2 Método simplificado de cálculo: neste processo, são adotadas simplificações para obtenção das solicitações de cálculo e os esforços resistentes são obtidos conforme a ABNT NBR 6118 (2003) para a situação normal, mas adotando-se para o aço e o concreto a resistência média em situação de incêndio. 2.3 Métodos gerais de cálculo: neste método são adotadas combinações de ações em situação de incêndio conforme a ABNT NBR 8681 (2003), os esforços resistentes são calculados considerando as distribuições de temperatura conforme o TRRF. As distribuições de temperatura e resistência são rigorosamente calculadas, considerando-se as não linearidades envolvidas. Os esforços solicitantes de cálculo, que podem ser acrescidos dos efeitos do aquecimento não são avaliados, pois com o aquecimento, a capacidade de adaptação plástica cresce consideravelmente, devido às profundas redistribuições de tensões que ocorrem. 2.4 Método Experimental: a verificação por meio de resultados de ensaios pode ser feita de acordo com norma brasileira específica ou de acordo com norma ou especificação estrangeira. Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON. VI.170 3 Obtenção da temperatura Segundo a ABNT NBR 15200 (2004), em um método geral de cálculo para verificação de estruturas de concreto em situação de incêndio, a distribuição de temperatura deve ser rigorosamente calculada, considerando-se as não linearidades envolvidas. Assim sendo, a determinação numérica da elevação de temperatura será obtida conforme RIBEIRO (2004) através do programa “THERSYS – Sistema para simulação via Método dos Elementos finitos da distribuição 3D de temperatura em estruturas em situação de incêndio”. Este programa, baseado no Método dos Elementos Finitos, realiza análise térmica transiente e não-linear em elementos bidimensionais e tridimensionais de geometria qualquer. A figura 1, apresentada a seguir, mostra a distribuição da temperatura em um elemento estrutural submetido a um incêndio nas quatro faces, para os tempos requeridos de resistência de 30, 60, 90 e 120 minutos. Fig. 1 – Distribuição da temperatura em um elemento estrutural – RIBEIRO (2004) 4. Redução das propriedades dos materiais em situação de incêndio As propriedades dos materiais aço e concreto variam conforme a temperatura, θ, a que são submetidos em caso de um incêndio. A ABNT NBR 15200 (2004), que trata da verificação das estruturas de concreto quando sujeitas ao fogo, apresenta os coeficientes de redução para o aço e o concreto, função de sua temperatura. Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON. VI.171 4.1 Concreto A alteração das propriedades de resistência e rigidez do concreto, quando submetido à compressão axial a elevadas temperaturas é obtida através da tabela 1: Tabela 1 – Valores das relações fc,θ/fck e Ec,θ/Ec para concretos de massa específica normal preparados com agregados predominantemente silicosos ou calcáreos. (ABNT NBR 15200:2004) Agregado silicoso Agregado calcáreo Temperatura do Concreto θ (ºC) fc,θ / fck Ec,θ / Ec fc,θ / fck Ec,θ / Ec 20 1,00 1,00 1,00 1,00 100 1,00 1,00 1,00 1,00 200 0,95 0,90 0,97 0,94 300 0,85 0,72 0,91 0,83 400 0,75 0,56 0,85 0,72 500 0,60 0,36 0,74 0,55 600 0,45 0,20 0,60 0,36 700 0,30 0,09 0,43 0,19 800 0,15 0,02 0,27 0,07 900 0,08 0,01 0,15 0,02 1000 0,04 0,00 0,06 0,00 1100 0,01 0,00 0,02 0,00 1200 0,00 0,00 0,00 0,00 Para valores intermediários, permite-se fazer interpolação linear. As expressões que calculam a redução do concreto para os valores intermediários, obtidas através da interpolação linear, são as seguintes (agregado silicoso): Kc (θ) = 1 Kc (θ) = 1,05 – 0,0005 θ Kc (θ) = 1,15 – 0,0010 θ Kc (θ) = 1,35 – 0,0015 θ Kc (θ) = 0,71 – 0,0007 θ Kc (θ) = 0,44 – 0,0004 θ Kc (θ) = 0,34 – 0,0003 θ Kc (θ) = 0,12 – 0,0001 θ para para para para para para para para 20ºC ≤ θ ≤ 100ºC 100ºC ≤ θ ≤ 200ºC 200ºC ≤ θ ≤ 400ºC 400ºC ≤ θ ≤ 800ºC 800ºC ≤ θ ≤ 900ºC 900ºC ≤ θ ≤1000ºC 1000ºC≤ θ ≤1100ºC 1100ºC≤ θ ≤1200ºC Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON. (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) VI.172 4.1.1 Resistência à compressão do concreto na temperatura θ A resistência à compressão do concreto, que decresce com o aumento da temperatura, pode ser obtida pela seguinte equação: fc,θ = kc,θ fck (9) Onde: fck é a resistência característica à compressão do concreto a 20º C; kc,θ é o fator de redução da resistência do concreto na temperatura θ, mostrado na tabela acima ou calculado através das expressões 1 a 8. A capacidade dos elementos estruturais de concreto em situação de incêndio pode ser, então, estimada a partir da resistência à compressão na temperatura θ. 4.1.2 Módulo de Elasticidade do concreto na temperatura θ O módulo de elasticidade do concreto, que decresce com o aumento da temperatura, pode ser obtido pela seguinte equação: Onde: Eci,θ = kcE,θ Eci (10) Eci é o módulo de elasticidade inicial do concreto a 20º C. kcE,θ é o fator de redução do módulo de elasticidade do concreto na temperatura θ, mostrado na tabela 1. 4.2 Aço de armadura passiva A alteração das propriedades de resistência ao escoamento e rigidez do aço a elevadas temperaturas é obtida através da tabela 2: Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON. VI.173 Tabela 2 – Valores das relações fy,θ/fyk e Es,θ/Es para aços de armadura passiva (ABNT NBR 15200:2004) fy,θ / fyk Temperatura do aço (θ) Es,θ / Es Tração Compressão CA-50 CA-60 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 200 1,00 1,00 0,89 0,90 0,87 300 1,00 1,00 0,78 0,80 0,72 400 1,00 0,94 0,67 0,70 0,56 500 0,78 0,67 0,56 0,60 0,40 600 0,47 0,40 0,33 0,31 0,24 700 0,23 0,12 0,10 0,13 0,08 800 0,11 0,11 0,08 0,09 0,06 900 0,06 0,08 0,06 0,07 0,05 1000 0,04 0,05 0,04 0,04 0,03 1100 0,02 0,03 0,02 0,02 0,02 1200 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 CA-50 CA-60 20 1,00 100 Para valores intermediários, permite-se fazer interpolação linear. As expressões que calculam a redução da resistência do aço para os valores intermediários, obtidas através da interpolação linear, são as seguintes: a) Aço CA50 submetido à tração Ks (θ) = 1 Ks (θ) = 1,88 – 0,0022 θ Ks (θ) = 2,33 – 0,0031 θ Ks (θ) = 1,91 – 0,0024 θ Ks (θ) = 1,07 – 0,0012 θ Ks (θ) = 0,51 – 0,0005 θ Ks (θ) = 0,24 – 0,0002 θ para para para para para para para 20ºC ≤ θ ≤ 400ºC 400ºC ≤ θ ≤ 500ºC 500ºC ≤ θ ≤ 600ºC 600ºC ≤ θ ≤ 700ºC 700ºC ≤ θ ≤ 800ºC 800ºC ≤ θ ≤ 900ºC 900ºC ≤ θ ≤1200ºC (11) (12) (13) (14) (15) (16) (17) b) Aço CA 60 submetido à tração Ks (θ) = 1 Ks (θ) = 1,18 – 0,0006 θ Ks (θ) = 2,02 – 0,0027 θ Ks (θ) = 2,08 – 0,0028 θ Ks (θ) = 0,19 – 0,0001 θ Ks (θ) = 0,35 – 0,0003 θ para para para para para para 20ºC ≤ θ ≤ 300ºC 300ºC ≤ θ ≤ 400ºC 400ºC ≤ θ ≤ 600ºC 600ºC ≤ θ ≤ 700ºC 700ºC ≤ θ ≤ 800ºC 800ºC ≤ θ ≤1000ºC Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON. (18) (19) (20) (21) (22) (23) VI.174 Ks (θ) = 0,25 – 0,0002 θ Ks (θ) = 0,36 – 0,0003 θ para 1000ºC ≤ θ ≤1100ºC para 1100ºC ≤ θ ≤1200ºC (24) (25) c) Aço submetido à compressão Ks (θ) = 1 Ks (θ) = 1,11 – 0,0011 θ Ks (θ) = 1,71 – 0,0023 θ Ks (θ) = 0,24 – 0,0002 θ para para para para 20ºC ≤ θ ≤ 100ºC 100ºC ≤ θ ≤ 500ºC 500ºC ≤ θ ≤ 700ºC 700ºC ≤ θ ≤1200ºC (26) (27) (28) (29) 4.2.1 Resistência ao escoamento do aço de armadura passiva na temperatura θ A resistência ao escoamento do aço de armadura passiva, que decresce com o aumento da temperatura, pode ser obtida pela seguinte equação: fy,θ = ks,θ fyk Onde: (30) fyk é a resistência característica do aço de armadura passiva a 20º C; ks,θ é o fator de redução da resistência do aço na temperatura θ, mostrado na tabela 2 ou obtido através das expressões 11 a 29. 4.2.2 Módulo de Elasticidade do aço de armadura passiva na temperatura θ O módulo de elasticidade do aço de armadura passiva, que decresce com o aumento da temperatura, pode ser obtido pela seguinte expressão: Es,θ = ksE,θ Es Onde: (31) Es é o módulo de elasticidade do aço a 20º C. KsE,θ é o fator de redução do módulo de elasticidade do aço na temperatura θ, mostrado na tabela 2. 5 Método de cálculo 5.1 Coeficientes de Ponderação Os coeficientes de ponderação nesse caso são correspondentes às combinações excepcionais, cujos valores são (ABNT NBR 8681:2003). - Concreto: γc = 1,20 Aço: γs = 1,00 Ações γf = 1,00 (32) (33) (34) Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON. VI.175 5.2 Tensão de Compressão no concreto Para determinação da tensão de compressão no concreto utiliza-se o diagrama de tensão-deformação parabólico do concreto fornecido pela ABNT NBR 6118 (2003), cujas equações são mostradas a seguir: σc = 0,85 fcd [ 1 – ( 1 – εc/2%o) 2 ] σc = 0,85 fcd para 0 ≤ εc ≤ 2%o para 2%o ≤ εc ≤ 3,5%o (35) (36) 5.3 Procedimentos Para verificar se um elemento estrutural resiste a um incêndio, adotam-se os seguintes procedimentos: 5.3.1 – Conforme o tipo de uso ou ocupação da edificação, determina-se, com base na ABNT NBR 14432 (2000), o tempo requerido de resistência ao fogo (TRRF) para o qual o elemento deve ser verificado; 5.3.2 – Calcula-se a armadura e o esforço resistente da peça analisada, em temperatura ambiente, seguindo-se os procedimentos da ABNT NBR 6118 (2003). 5.3.3 – Utilizando-se o programa THERSYS, obtém-se a distribuição de temperatura na seção transversal do elemento. Nesta etapa, leva-se em consideração o tempo de exposição ao fogo e a forma de propagação do mesmo. 5.3.4 – Com a distribuição de temperatura, calculam-se os coeficientes de redução das propriedades mecânicas do aço e do concreto em todos os pontos da seção transversal. 5.3.5 – Com os coeficientes de redução do aço e concreto, utilizando-se os coeficientes de ponderação para as combinações excepcionais mostrados em 5.1 e o diagrama de tensão x deformação do concreto descrito em 5.2, calcula-se o novo esforço resistente em situação de incêndio. Este esforço é obtido integrando-se convenientemente as tensões já reduzidas, tanto no concreto quanto no aço, ao longo da seção transversal do elemento. 5.3.6 – Se este novo esforço for superior ao esforço obtido à temperatura ambiente, a peça resiste ao incêndio para o qual foi verificado. Em situação de incêndio, pode ocorrer que a resistência da peça seja superior àquela calculada a 20º C. Isto acontece porque os coeficientes de ponderação da resistência dos materiais são menores do que os coeficientes aplicados à temperatura ambiente. Entretanto, a resistência de uma peça não deve, em hipótese alguma, ser tomada como superior à resistência de cálculo em temperatura ambiente. Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON. VI.176 6 Exemplos para verificação 6.1 – LAJE – Flexão Simples Verificar se a laje do 5o pavimento de um edifício comercial varejista de 25 metros de altura suporta a ação de um incêndio, cujo TRRF encontra-se especificado na ABNT NBR 14432 (2000). Dados: - altura da laje: 12 cm; armadura positiva existente: φ 8,0 c/15 – aço CA 50 fck = 25,0 MPa; cobrimento da armadura: 2,0 cm. Altura útil d = 9,6 cm. Segundo a ABNT NBR14432 (2000), um edifício comercial varejista com altura superior a 23 metros deve resistir a um tempo requerido de resistência ao fogo igual a noventa minutos. O elemento estrutural foi verificado pelo método geral proposto neste trabalho e também foi analisado pelo método simplificado desenvolvido por SOARES (2003). A tabela 3 compara os dois métodos: Tabela 3 – Valores comparativos para o exemplo 6.1 Método Simplificado Método Geral Diferença (%) kc,θ 0,960 0,960 0 ks,θ 0,684 0,462 48,1 963 kN cm 708 kN cm 36,1 Valor a comparar Momento resistente Ressalta-se que os coeficientes de redução do aço e concreto são valores médios calculados utilizando-se a temperatura obtida no THERSYS, não adotados no método geral, pois o mesmo reduz as tensões com valores variáveis ao longo de toda a seção transversal. 6.2 – PILAR (Compressão) Verificar se um pilar central de 30 x 30 (cm) de um edifício residencial de 5 pavimentos resiste a um incêndio. Dados: - comprimento de flambagem: 300 cm; armadura positiva existente: 8 φ 10,0 mm – As = 6,28 cm2; fck = 30,0 MPa; cobrimento da armadura: 3,0 cm. Segundo a ABNT NBR 14432 (2000), o pilar a ser avaliado deve resistir a um tempo requerido de resistência ao fogo igual a sessenta minutos. Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON. VI.177 Também neste exemplo, o elemento estrutural foi verificado pelo método geral e pelo método simplificado desenvolvido por SOARES (2003). A tabela 4 compara os dois métodos: Tabela 4 – Valores comparativos para o exemplo 6.2 Método Simplificado Método Geral Diferença (%) kc,θ 0,727 0,685 6,2 ks,θ 0,593 0,626 5.3 1280 kN 1230 kN 4,1 Valor a comparar Nserv,fire 6.3 – VIGA – Flexão Simples Verificar se uma viga de 16x40 (cm), submetida a um momento fletor positivo, resiste a incêndio cujo TRRF seja igual a 30 minutos. Dados: - armadura positiva existente: φ 8,0 c/15 – aço CA 50 fck = 20,0 MPa; cobrimento da armadura: 2,5 cm. Altura útil d = 36,325 cm. Resolvendo pelo método geral e pelo método simplificado, obtém-se os valores mostrados na tabela 5: Tabela 5 – Valores comparativos para o exemplo 6.3 Método Simplificado Método Geral Diferença (%) kc,θ 0,953 0,862 10,6 ks,θ 1 0,954 4,9 7012 kN x cm 6594 kN x cm 6,4 Valor a comparar Mserv,fire 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste trabalho desenvolveu-se um método geral de cálculo para verificar elementos estruturais em situação de incêndio seguindo as prescrições da ABNT NBR 15200 (2004). Para comparar os esforços resistentes com valores já existentes em trabalhos publicados, calculou-se, também, os mesmos elementos utilizando-se o método simplificado proposto por SOARES (2003). Conforme visto nas tabelas comparativas dos exemplos, o método geral apresenta valores inferiores ao método simplificado. Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON. VI.178 Na verificação da laje, a diferença no valor do momento fletor resistente em situação de incêndio foi de 36,1%. Isto ocorreu porque as temperaturas encontradas com o uso do programa THERSYS foram bem superiores àquelas utilizadas no método simplificado. O método simplificado adota resultados de ensaios realizados no exterior e curvas isotérmicas propostas pelo EUROCODE. Acredita-se que esta divergência ocorra porque o concreto é um material cujas propriedades são extremamente dependentes do tipo de agregado, dosagem, cura, processo de execução, presença de umidade, dentre outros. Na verificação do pilar, a diferença entre os dois métodos foi de 4,1 % e na análise da viga, este valor chegou a 6,4 %. Para estes elementos, os dois métodos apresentam valores bem próximos, apesar do método geral ser ainda mais conservador. A principal desvantagem do método simplificado consiste em sua limitação no uso das seções transversais. O método fica dependente de curvas isotérmicas presentes em literatura estrangeira cujas seções não são usuais no Brasil. O uso do método geral pressupõe valores mais precisos da distribuição de temperatura em qualquer seção transversal, obtidos em um programa de análise térmica (no caso deste trabalho foi usado o programa THERSYS) e torna possível o estudo de seções comumente utilizadas pelos projetistas brasileiros. 8 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) - “Projeto de execução de obras de concreto armado” – NBR 6118. Rio de Janeiro, 2003. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) – “Exigências de resistência ao fogo de elementos construtivos de edificações – Procedimento” – NBR 14432. Rio de Janeiro, 2000. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) – “Ações e segurança na estrutura” – NBR 8681. Rio de Janeiro, 2003. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) – “Projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio” – NBR 15200. Rio de Janeiro, 2004. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) – “Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado” – NBR 9062. Rio de Janeiro, 2001. SOARES, E. M. P. “Verificação de peças usuais de concreto armado em situação de incêndio”. Dissertação de Mestrado. Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Estruturas. Escola de Engenharia da UFMG. Belo Horizonte, 2003. RIBEIRO, J, C. L. “Simulação via método dos elementos finitos da distribuição tridimensional de temperatura em estruturas em situação de incêndio”. Dissertação de Mestrado. Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Estruturas. Escola de Engenharia da UFMG. Belo Horizonte, 2004. EUROCODE 2 – “Design of concrete structures – Part 1.2 General rules – Structural fire design”. London, 1996. Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON. VI.179