UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE DO ALCOITÃO SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA A Consciência Sintáctica em Crianças de 1ªCiclo de Escolaridade: Construção e Aplicação de uma Tarefa de Manipulação Dissertação apresentada à Universidade Católica Portuguesa para obtenção do grau de mestre em Terapia da Fala Por Rita Maria Pereira Alexandre Orientada pela Professora Doutora Anabela Gonçalves Co-orientada pela Professora Doutora Maria João Freitas 2009 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Índice Índice de Quadros 4 Agradecimentos 10 Resumo 11 Abstract 13 Introdução 14 1. Enquadramento Teórico 16 1.1. Categorias Sintácticas 16 1.2. Consciência Linguística e Consciência Sintáctica 22 2. Metodologia 33 2.1. Objectivos e hipóteses 33 2.2. Caracterização da amostra 34 2.3. Material e Procedimentos 36 2.4. Tratamento de dados 50 3. Apresentação, Descrição e Comentário dos Resultados 55 3.1. 55 A categoria sintáctica da palavra-alvo 3.1.1. Nome 3.1.1.1. 55 1º ano de escolaridade 55 3.1.1.1.1. Respostas correctas 58 3.1.1.1.2. Respostas incorrectas 61 3.1.1.2. 4º ano de escolaridade 72 3.1.1.2.1. Respostas correctas 74 1 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação 3.1.1.2.2. Respostas incorrectas 3.1.1.3. 77 Síntese comparada dos resultados 3.1.2. Verbo 3.1.2.1. 85 86 1º ano de escolaridade 87 3.1.2.1.1. Respostas correctas 89 3.1.2.1.2. Respostas incorrectas 91 3.1.2.2. 4º ano de escolaridade 101 3.1.2.2.1. Respostas correctas 103 3.1.2.2.2. Respostas incorrectas 106 3.1.2.3. Síntese comparada dos resultados 3.1.3. Adjectivo 3.1.3.1. 112 114 1º ano de escolaridade 114 3.1.3.1.1. Respostas correctas 116 3.1.3.1.2. Respostas incorrectas 119 3.1.3.2. 4º ano de escolaridade 127 3.1.3.2.1. Respostas correctas 129 3.1.3.2.2. Respostas incorrectas 132 3.1.3.3. Síntese comparada dos resultados 136 3.1.4. Comparação dos resultados relativos ao sucesso na tarefa de manipulação em função das categorias sintácticas 3.2. 137 A distribuição da palavra-alvo 138 3.2.1. Nome 138 3.2.1.1. 1º ano de escolaridade 139 2 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação 3.2.1.2. 4º ano de escolaridade 140 3.2.2. Verbo 142 3.2.2.1. 1º ano de escolaridade 142 3.2.2.2. 4º ano de escolaridade 144 3.2.3. Adjectivo 145 3.2.3.1. 1º ano de escolaridade 145 3.2.3.2. 4º ano de escolaridade 147 3.3. Comparação das variáveis Ano de escolaridade e Género 148 3.4. Comentário aos resultados 154 Conclusão 157 Referências Bibliográficas 159 Apêndices 162 Apêndice I – Ficha socioprofissional 163 Apêndice II – Caracterização do meio socioprofissional 164 Apêndice III – Folha de registo da prova de avaliação da consciência sintáctica 165 Apêndice IV – Carta de apresentação do projecto 172 Apêndice V - Carta de pedido de autorização aos Encarregados de Educação 173 Apêndice V – Estatística Inferencial - Testes de Normalidade 174 3 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Índice de Quadros Quadro 1 - Tarefas e Capacidades utilizadas para avaliar consciência fonológica (Alves et al., citado por Afonso, 2008:26) Quadro 2 – Caracterização da amostra relativamente ao ano de escolaridade, género e meio socioprofissional 25 Quadro 3 – Frases utilizadas para testar a tarefa de reconstituição 41 Quadro 4 - Frases utilizadas para testar a tarefa de supressão 35 41 Quadro 5 – Frases utilizadas para testar a tarefa de identificação 42 Quadro 6 – Tipologia das respostas consideradas erradas 51 Quadro 7 – Exemplos de substituições por sinónimos e antónimos 53 Quadro 8 – Número total de sujeitos em cada grupos 54 Quadro 9 – Frequências e percentagens de respostas correctas e incorrectas para a categoria nome no 1º ano de escolaridade Quadro 10 – Exemplos de respostas correctas e incorrectas da categoria nome no 1º ano de escolaridade 56 Quadro 11 – Frequências e percentagens de respostas correctas e incorrectas, por género, aos itens que testam a categoria nome, no 1º ano de escolaridade Quadro 12 – Teste de Mann-Whitney para a pontuação total da categoria nome, no 1º ano de escolaridade 57 Quadro 13 – Respostas correctas para a frase 1, no 1º ano de escolaridade 58 Quadro 14 – Respostas correctas para a frase 5, no 1º ano de escolaridade 58 Quadro 15 – Respostas correctas para a frase 8, no 1º ano de escolaridade 59 Quadro 16 – Respostas correctas para a frase 11, no 1º ano de escolaridade 59 Quadro 17 – Respostas correctas para a frase 13, no 1º ano de escolaridade 60 Quadro 18 – Respostas correctas para a frase 16, no 1º ano de escolaridade 60 Quadro 19 – Substituição de mais do que uma palavra no sintagma, para a categoria nome no 1º ano de escolaridade – frase 1 Quadro 20 – Substituição de mais do que uma palavra no sintagma, para a categoria nome no 1º ano de escolaridade – frase 5 Quadro 21 – Substituição de mais do que uma palavra no sintagma, para a categoria nome no 1º ano de escolaridade – frase 8 Quadro 22 – Substituição de mais do que uma palavra no sintagma, para a categoria nome no 1º ano de escolaridade – frase 11 Quadro 23 – Substituição de mais do que uma palavra no sintagma, para a categoria nome no 1º ano de escolaridade – frase 13 Quadro 24 - Substituição de mais do que uma palavra no sintagma, para a categoria nome no 1º ano de escolaridade – frase 16 Quadro 25 – Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria nome no 1º ano de escolaridade – frase 5 Quadro 26 – Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria nome no 1º ano de escolaridade – frase 8 Quadro 27 - Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria nome no 1º ano de escolaridade – frase 13 Quadro 28 – Inadequação semântica, para a categoria nome no 1º ano de escolaridade – frase 1 62 Quadro 29 - Alteração de género e/ou número, para a categoria nome no 1º ano de escolaridade – frase 1 67 Quadro 30 - Alteração de género e/ou número, para a categoria nome no 1º ano de escolaridade – frase 5 67 Quadro 31 - Alteração de género e/ou número, para a categoria nome no 1º ano de escolaridade – frase 8 67 Quadro 32 - Alteração de género e/ou número, para a categoria nome no 1º ano de escolaridade – frase 11 68 4 56 57 62 62 63 63 63 65 65 65 66 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Quadro 33 - Alteração de género e/ou número, para a categoria nome no 1º ano de escolaridade – frase 13 68 Quadro 34 - Alteração de género e/ou número, para a categoria nome no 1º ano de escolaridade – frase 16 68 Quadro 35 – Construção de uma frase nova, para a categoria nome no 1º ano de escolaridade – frase 5 70 Quadro 36 – Construção de uma frase nova, para a categoria nome no 1º ano de escolaridade – frase 8 71 Quadro 37 – Ausência de resposta, para a categoria nome no 1º ano de escolaridade 71 Quadro 38 - Frequências e percentagens de respostas correctas e incorrectas para a categoria nome no 4º ano de escolaridade Quadro 39 - Exemplos de respostas correctas e incorrectas da categoria nome no 4º ano de escolaridade 72 Quadro 40 - Frequências e percentagens de respostas correctas e incorrectas, por género, aos itens que testam a categoria nome, no 4º ano de escolaridade Quadro 41 - Teste de Mann-Whitney para a pontuação total da categoria nome, no 4º ano de escolaridade 73 Quadro 42 – Respostas correctas para a frase 1, no 4º ano de escolaridade 74 Quadro 43 – Respostas correctas para a frase 5, no 4º ano de escolaridade 74 Quadro 44 – Respostas correctas para a frase 8, no 4º ano de escolaridade 75 Quadro 45 – Respostas correctas para a frase 11, no 4º ano de escolaridade 75 Quadro 46 – Respostas correctas para a frase 13, no 4º ano de escolaridade 76 Quadro 47 – Respostas correctas para a frase 16, no 4º ano de escolaridade 76 Quadro 48 - Substituição de mais do que uma palavra no sintagma, para a categoria nome no 4º ano de escolaridade – frase 1 Quadro 49 - Substituição de mais do que uma palavra no sintagma, para a categoria nome no 4º ano de escolaridade – frase 5 Quadro 50 - Substituição de mais do que uma palavra no sintagma, para a categoria nome no 4º ano de escolaridade – frase 8 Quadro 51 - Substituição de mais do que uma palavra no sintagma, para a categoria nome no 4º ano de escolaridade – frase 11 Quadro 52 - Substituição de mais do que uma palavra no sintagma, para a categoria nome no 4º ano de escolaridade – frase 13 Quadro 53 - Substituição de mais do que uma palavra no sintagma, para a categoria nome no 4º ano de escolaridade – frase 16 Quadro 54 - Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria nome no 4º ano de escolaridade – frase 8 Quadro 55 - Inadequação semântica, para a categoria nome no 4º ano de escolaridade – frase 1 77 Quadro 56 - Alteração de género e/ou número, para a categoria nome no 4º ano de escolaridade – frase 5 82 Quadro 57 - Alteração de género e/ou número, para a categoria nome no 4º ano de escolaridade – frase 8 82 Quadro 58 - Alteração de género e/ou número, para a categoria nome no 4º ano de escolaridade – frase 11 85 Quadro 59 - Alteração de género e/ou número, para a categoria nome no 4º ano de escolaridade – frase 13 85 Quadro 60 - Alteração de género e/ou número, para a categoria nome no 4º ano de escolaridade – frase 16 85 Quadro 61 – Frequências e percentagens de respostas correctas e incorrectas na categoria verbo, no 1º ano de escolaridade Quadro 62 - Exemplos de respostas correctas e incorrectas da categoria verbo no 1º ano de escolaridade 87 Quadro 63 - Frequências e percentagens de respostas correctas e incorrectas, por género, aos itens que testam a categoria verbo, no 1º ano de escolaridade Quadro 64 - Teste de Mann-Whitney para a pontuação total da categoria verbo, no 1º ano de escolaridade 88 Quadro 65 – Respostas correctas para a frase 2 no 1º ano de escolaridade 89 Quadro 66 – Respostas correctas para a frase 4 no 1º ano de escolaridade 89 5 72 73 78 78 78 79 79 81 82 87 88 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Quadro 67 – Respostas correctas para a frase 7 no 1º ano de escolaridade 89 Quadro 68 – Respostas correctas para a frase 9 no 1º ano de escolaridade 90 Quadro 69 – Respostas correctas para a frase 15 no 1º ano de escolaridade 90 Quadro 70 – Respostas correctas para a frase 17 no 1º ano de escolaridade 91 Quadro 71 – Substituição de mais do que uma palavra no sintagma, para a categoria verbo no 1º ano de escolaridade Quadro 72 – Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria verbo no 1º ano de escolaridade – frase 2 Quadro 73 – Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria verbo no 1º ano de escolaridade – frase 4 Quadro 74 – Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria verbo no 1º ano de escolaridade – frase 7 Quadro 75 – Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria verbo no 1º ano de escolaridade – frase 9 Quadro 76 – Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria verbo no 1º ano de escolaridade – frase 15 Quadro 77 – Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria verbo no 1º ano de escolaridade – frase 17 Quadro 78 – Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria verbo no 1º ano de escolaridade – frase 2 Quadro 79 – Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria verbo no 1º ano de escolaridade – frase 4 Quadro 80 – Alteração de propriedades sintácticas originando agramaticalidade, para a categoria verbo no 1º ano de escolaridade Quadro 81 – Transformação de frase afirmativa na negativa, para a categoria verbo no 1º ano de escolaridade 92 Quadro 82 – Inadequação semântica, para a categoria verbo no 1º ano de escolaridade 98 Quadro 83 – Alterações morfológicas com preservação da base, para a categoria verbo no 1º ano de escolaridade 99 93 93 93 94 95 95 96 96 97 98 Quadro 84 – Identificação incorrecta da palavra a substituir, para a categoria verbo no 1º ano de escolaridade 100 Quadro 85 – Construção de uma frase nova, para a categoria verbo no 1º ano de escolaridade 100 Quadro 86 – Ausência de resposta, para a categoria verbo no 1º ano de escolaridade 101 Quadro 87 - Frequências e percentagens de respostas correctas e incorrectas na categoria verbo, no 4º ano de escolaridade Quadro 88 - Exemplos de respostas correctas e incorrectas da categoria verbo no 4º ano de escolaridade 101 Quadro 89 - Frequências e percentagens de respostas correctas e incorrectas, por género, aos itens que testam a categoria verbo, no 4º ano de escolaridade Quadro 90 - Teste de Mann-Whitney para a pontuação total da categoria verbo, no 4º ano de escolaridade 102 Quadro 91 - Respostas correctas para a frase 2 no 4º ano de escolaridade 103 Quadro 92 - Respostas correctas para a frase 4 no 4º ano de escolaridade 104 Quadro 93 - Respostas correctas para a frase 7 no 4º ano de escolaridade 104 Quadro 94 - Respostas correctas para a frase 9 no 4º ano de escolaridade 105 Quadro 95 - Respostas correctas para a frase 15 no 4º ano de escolaridade 105 Quadro 96 - Respostas correctas para a frase 17 no 4º ano de escolaridade 106 Quadro 97 - Substituição de mais do que uma palavra no sintagma, para a categoria verbo no 4º ano de escolaridade Quadro 98 - Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria verbo no 4º ano de escolaridade – frase 2 107 6 102 103 107 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Quadro 99 - Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria verbo no 4º ano de escolaridade – frase 4 Quadro 100 - Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria verbo no 4º ano de escolaridade – frase 7 Quadro 101 - Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria verbo no 4º ano de escolaridade – frase 2 Quadro 102 - Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria verbo no 4º ano de escolaridade – frase 4 Quadro 103 - Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria verbo no 4º ano de escolaridade – frase 9 Quadro 104 - Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria verbo no 4º ano de escolaridade – frase 15 Quadro 105 - Alteração de propriedades sintácticas originando agramaticalidade, para a categoria verbo no 4º ano de escolaridade Quadro 106 – Inadequação semântica, para a categoria verbo no 4º ano de escolaridade 108 Quadro 107 – Alterações morfológicas com preservação da base, para a categoria verbo no 4º ano de escolaridade Quadro 108 – Ausência de resposta, para a categoria verbo no 4º ano de escolaridade 111 Quadro 109 - Frequências e percentagens de respostas correctas e incorrectas para a categoria adjectivo no 1º ano de escolaridade Quadro 110 - Exemplos de respostas correctas e incorrectas da categoria adjectivo no 1º ano de escolaridade 114 Quadro 111 - Frequências e percentagens de respostas correctas e incorrectas, por género, aos itens que testam a categoria adjectivo, no 1º ano de escolaridade Quadro 112 – Teste de Mann-Whitney para a pontuação total da categoria adjectivo, no 1º ano de escolaridade 115 Quadro 113 – Respostas correctas para a frase 3, no 1º ano de escolaridade 116 Quadro 114 – Respostas correctas para a frase 6, no 1º ano de escolaridade 117 Quadro 115 – Respostas correctas para a frase 10, no 1º ano de escolaridade 117 Quadro 116 – Respostas correctas para a frase 12, no 1º ano de escolaridade 118 Quadro 117 – Respostas correctas para a frase 14, no 1º ano de escolaridade 118 Quadro 118 – Respostas correctas para a frase 18, no 1º ano de escolaridade 118 Quadro 119 - Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria adjectivo no 1º ano de escolaridade – frase 3 Quadro 120 - Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria adjectivo no 1º ano de escolaridade – frase 6 Quadro 121 - Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria adjectivo no 1º ano de escolaridade – frase 10 Quadro 122 - Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria adjectivo no 1º ano de escolaridade – frase 12 Quadro 123 - Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria adjectivo no 1º ano de escolaridade – frase 14 Quadro 124 - Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria adjectivo no 1º ano de escolaridade – frase 18 Quadro 125 - Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria adjectivo no 1º ano de escolaridade – frase 6 Quadro 126 - Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria adjectivo no 1º ano de escolaridade – frase 10 Quadro 127 - Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria adjectivo no 1º ano de escolaridade – frase 12 Quadro 128 - Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria adjectivo no 1º ano de 119 7 108 109 109 109 109 110 111 112 115 116 120 120 120 121 121 122 122 122 123 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação escolaridade – frase 14 Quadro 129 - Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria adjectivo no 1º ano de escolaridade – frase 18 Quadro 130 - Transformação de frase afirmativa na negativa, para a categoria adjectivo no 1º ano de escolaridade Quadro 131 – Inadequação semântica, para a categoria adjectivo no 1º ano de escolaridade 123 124 124 Quadro 132 – Identificação incorrecta da palavra a substituir, para a categoria adjectivo no 1º ano de escolaridade Quadro 133 - Construção de uma frase nova, para a categoria adjectivo no 1º ano de escolaridade 125 Quadro 134 - Ausência de resposta, para a categoria adjectivo no 1º ano de escolaridade 127 Quadro 135 - Frequências e percentagens de respostas correctas e incorrectas para a categoria adjectivo no 4º ano de escolaridade Quadro 136 - Exemplos de respostas correctas e incorrectas da categoria adjectivo no 4º ano de escolaridade 127 Quadro 137 - Frequências e percentagens de respostas correctas e incorrectas, por género, aos itens que testam a categoria adjectivo, no 4º ano de escolaridade Quadro 138 – Teste de Mann-Whitney para a pontuação total da categoria adjectivo, no 4º ano de escolaridade 129 Quadro 139 - Respostas correctas para a frase 3, no 4º ano de escolaridade 130 Quadro 140 - Respostas correctas para a frase 6, no 4º ano de escolaridade 130 Quadro 141 - Respostas correctas para a frase 10, no 4º ano de escolaridade 130 Quadro 142 - Respostas correctas para a frase 12, no 4º ano de escolaridade 131 Quadro 143 - Respostas correctas para a frase 14, no 4º ano de escolaridade 131 Quadro 144 - Respostas correctas para a frase 18, no 4º ano de escolaridade 132 Quadro 145 - Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria adjectivo no 4º ano de escolaridade 133 Quadro 146 - Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria adjectivo no 4º ano de escolaridade Quadro 147 - Inadequação semântica, para a categoria adjectivo no 4º ano de escolaridade 134 Quadro 148 – Uso de palavras não existentes no Português Europeu, para a categoria adjectivo no 4º ano de escolaridade Quadro 149 - Ausência de resposta, para a categoria adjectivo no 4º ano de escolaridade 136 Quadro 150 – Pontuação das categorias sintácticas nome, verbo e adjectivo 138 Quadro 151 – Frequências e percentagens para a categoria nome, consoante a posição na frase no 1º ano de escolaridade Quadro 152 – Teste de Mann-Whitney para a posição do nome na frase, no 1º ano de escolaridade 139 Quadro 153 – Estatística Descritiva para a posição que o constituinte que integra o nome ocupa na frase – 1º ano de escolaridade Quadro 154 - Frequências e percentagens para a categoria nome, consoante a posição na frase no 4º ano de escolaridade Quadro 155 – Teste de Mann-Whitney para a posição do nome na frase, no 4º ano de escolaridade 140 Quadro 156 - Estatística Descritiva para a posição que o constituinte que integra o nome ocupa na frase – 4º ano de escolaridade Quadro 157 - Frequências e percentagens para a categoria verbo, consoante a subclasse do mesmo, no 1º ano de escolaridade Quadro 158 - Teste de Mann-Whitney para a classe do verbo, no 1º ano de escolaridade 141 Quadro 159 - Estatística Descritiva para a subclasse do verbo – 1º ano de escolaridade 143 Quadro 160 - Frequências e percentagens para a categoria verbo, consoante a subclasse do mesmo, no 4º ano de escolaridade 144 8 126 128 129 135 136 140 141 141 142 143 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Quadro 161 - Teste de Mann-Whitney para a classe do verbo, no 4º ano de escolaridade 144 Quadro 162 - Estatística Descritiva para a subclasse do verbo – 4º ano de escolaridade 145 Quadro 163 - Frequências e percentagens para a categoria adjectivo, consoante a função do SA, no 1º ano de escolaridade Quadro 164 - Teste de Mann-Whitney para função do SA, no 1º ano de escolaridade 145 Quadro 165 - Estatística Descritiva para a função do SA – 1º ano de escolaridade 146 Quadro 166 - Frequências e percentagens para a categoria adjectivo, consoante a função do SA, no 4º ano de escolaridade Quadro 167 - Teste de Mann-Whitney para função do SA, no 4º ano de escolaridade 147 Quadro 168 - Estatística Descritiva para a função do SA – 4º ano de escolaridade 148 Quadro 169 – Pontuação total da tarefa nos 4 grupos 149 Quadro 170 – Comparação entre géneros no 1º ano de escolaridade 149 Quadro 171 – Comparação entre géneros no 4º ano de escolaridade 150 Quadro 172 – Comparação entre anos de escolaridade no género feminino 150 Quadro 173 – Comparação entre anos de escolaridade no género masculino 151 Quadro 174 – Caracterização do meio socioprofissional 164 Quadro 175 – Testes de normalidade para a pontuação total da tarefa de manipulação 174 Quadro 176 – Testes de normalidade para a pontuação de nomes, verbos e adjectivos 174 Quadro 177 – Testes de normalidade para a pontuação de nomes consoante a posição, de verbos consoante a classe e de adjectivos consoante a função do SA 175 9 146 148 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Agradecimentos Este trabalho não teria sido possível sem a colaboração de várias pessoas que contribuíram para o mesmo. Em primeiro lugar, agradeço à Professora Doutora Anabela Gonçalves e à Professora Doutora Maria João Freitas, minhas orientadoras, pelo apoio e pelos esclarecimentos prestados ao longo de todo este processo. Sem a sua disponibilidade e simpatia, não teria sido possível encontrar soluções para os problemas que foram surgindo. Agradeço-lhes também pela partilha de conhecimentos, que resultaram num crescimento profissional e pessoal. Agradeço às Professoras Madalena Colaço e Dulce Tavares, bem como à Terapeuta da Fala Sónia Vieira, por terem aceitado fazer parte do painel de validação, e pelas indicações preciosas que me deram para melhorar o trabalho. Tenho de agradecer, especialmente, à Terapeuta da Fala Sónia Vieira, pelo esclarecimento de questões relacionadas com a classificação dos erros e pela prontidão e simpatia com que respondeu a todas as minhas dúvidas. Agradeço à Professora Maria Emília Santos pelo esclarecimentos de algumas questões práticas, e pelo apoio dado ao longo de todo o mestrado. Agradeço à Professora Cláudia Silva, pela ajuda no tratamento estatístico dos dados, bem como pela sua infinita disponibilidade para responder prontamente a todas as dúvidas que lhe coloquei. Agradeço ao Agrupamento de Escolas da Pontinha (Escola Básica Mello Falcão), ao Agrupamento de Escolas São Vicente/Telheiras 2 (Escola Básica Luz/Carnide) e ao Colégio José Álvaro Vidal por terem aceitado participar neste estudo, especialmente ao corpo docente e às crianças que participaram na recolha de dados. Por fim, agradeço a todos aqueles que me ajudaram, das mais variadas formas, na realização deste processo, e que mostraram paciência para o continuar a fazer, mesmo nos dias mais difíceis. 10 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Resumo O objectivo deste estudo consiste na construção e aplicação de uma tarefa de manipulação de categorias sintácticas, integrada numa prova de avaliação de consciência sintáctica para o Português Europeu, desenvolvida por um conjunto de quatro mestrandas, que construíram as tarefas de reconstituição, de supressão, de identificação e de manipulação que constituem a prova. Esta foi aplicada a 84 crianças dos 1º e 4º anos de escolaridade do Ensino Básico, sendo que 40 frequentavam o 1º ano e 44, o 4º ano do Ensino Básico. A tarefa de manipulação que se propõe na presente tese consiste na substituição de itens lexicais de determinadas categorias sintácticas, o que implica a identificação da categoria a que a palavra pertence e a escolha de uma palavra adequada à sua substituição. A tarefa é constituída por 18 itens, seis para cada categoria manipulada – nome, verbo e adjectivo. Foi construída uma tipologia de erros empiricamente motivada pelas respostas dadas pelas crianças avaliadas, a qual esteve na base do tratamento dos dados. O tratamento estatístico dos resultados foi efectuado através do programa SPSS (17.0). Com a tarefa de manipulação pretendeu-se controlar o papel das variáveis linguísticas categoria sintáctica e distribuição na avaliação da consciência sintáctica das crianças observadas; as variáveis extra-linguísticas ano de escolaridade e género foram também tidas em consideração na recolha de dados e na interpretação do desempenho dos sujeitos. Quanto à categoria sintáctica da palavra-alvo, os dados mostram que todas as crianças de 1º ano e os rapazes de 4º ano substituem mais facilmente adjectivos, seguindo-se-lhes de verbos e, finalmente, os nomes. Contrastivamente, as raparigas do 4º ano não revelaram diferenças de desempenho na manipulação das três categorias sintácticas. Quanto à distribuição da palavra-alvo, verificou-se que, relativamente aos nomes, a sua posição (no constituinte inicial ou no final) não determina diferenças de género em cada ano de escolaridade. No que diz respeito aos verbos, não existem, nos dois anos de escolaridade, diferenças entre género se aqueles forem intransitivos; porém, se tivermos em consideração os verbos transitivos, as raparigas de 1º ano de escolaridade apresentam uma média de respostas correctas superior à dos rapazes, esbatendo-se esta diferença no 4º ano, em que não se registam diferenças entre géneros determinadas pela subclasse dos verbos. Quanto aos adjectivos, não existem diferenças entre géneros determinadas pela função predicativa ou atributiva do Sintagma Adjectival de que o adjectivo é núcleo, em cada ano de escolaridade. 11 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Os resultados globais sugerem que existem diferenças entre género no 1º ano de escolaridade mas não no 4º ano de escolaridade, o que revela a possível existência de um efeito de interacção idadegénero. Tal como esperado, as crianças de 4º ano de escolaridade apresentam maior facilidade na realização da tarefa. Estes dados mostram que a tarefa de manipulação testada é eficaz na identificação de diferentes níveis de consciência sintáctica, associados aos dois níveis de escolaridade testados. Palavras-chave: consciência sintáctica; tarefa de manipulação; categoria sintáctica; distribuição; ano de escolaridade. 12 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Abstract The main goal of this study is to create and apply a manipulation task of syntactic categories, included in an evaluation test of syntactic awareness, for European Portuguese, developed by four master students, who created reconstruction, deletion, identification and manipulation tasks. These tasks were applied to 84 children, from 1st (40 children) and 4th grade (44 children) of Elementary School. The manipulation task presented in this thesis consists in the replacement of lexical items from some syntactic categories, which implicates the identification of the category the word belongs to and the choice of an appropriate word for the replacement. The task consists of 18 items, six for each manipulated category – name, verb and adjective. A typology of errors was built based on the children’s answers; this typology was used in the data basis for data treatment. The statistic analysis was performed under the SPPS (17.0) software. With the manipulation task we intended to control the role of the linguistic variables syntactic category and distribution in the evaluation of children´s syntactic awareness; the extra-linguistic variables school year and gender were also considered in the data collection and in the interpretation of the subjects performance. As to the syntactic category of the target-word, the data show that all the children from the 1st grade and the boys from the 4th grade replace more easily adjectives, followed by verbs and, at last, names. In contrast, the girls from the 4th grade replace equally the three syntactic categories. As to the distribution of the target-word, we concluded that, regarding names, their position (within the first or the final constituent) does not trigger differences between the two genders, for each school year. Regarding verbs, there are not differences between genders, in both school years, when intransitive verbs are manipulated. However, when transitive verbs are involved, the correct answers average is higher for the girls from the 1st grade than for the boys, though this difference fades in the 4th grade, when the subclass the verb belongs to does not trigger differences between genders. As to adjectives, there are no differences between genders determined by the predicative or attributive position of the Adjectival Phrase, in each school year. The results suggest that there are differences between genders in the 1st grade but not in the 4 th grade, which may reveal the existence of an age-gender interaction effect. As expected, the children from the 4th grade have better performances. These data show that the manipulation task is adequate to identify different levels of syntactic awareness, associated to the two school levels tested. Key-words: syntactic awareness; manipulation task; syntactic category; distribution; grade. 13 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Introdução A pesquisa relatada na presente tese foi realizada no âmbito do Mestrado em Terapia da Fala, área de Patologia da Linguagem, inserindo-se num projecto mais amplo desenvolvido por um grupo de estudantes1, no contexto do qual se propõe a construção e a aplicação de tarefas de consciência sintáctica que possam ser utilizadas na construção de uma prova de avaliação de consciência linguística2. A investigação foi motivada pela escassez de estudos em Portugal sobre esta temática e pela ausência de provas formais validadas para o Português Europeu que permitam avaliar a consciência sintáctica nas crianças. No que concerne à Terapia da Fala, esta investigação é relevante devido à relação entre consciência linguística e aprendizagem da leitura e da escrita, uma vez que são muitos os casos de dificuldades neste domínio sinalizados para avaliação. Para efectuar uma intervenção eficaz, direccionada para as dificuldades de cada criança, é fulcral compreender o que subjaz às dificuldades inerentes à aprendizagem da leitura e da escrita e que competências linguísticas estão ou não dominadas. Como tal, a existência de um suporte de avaliação adequado é de relevância incontestável. No caso específico da presente tese, construiu-se e aplicou-se uma tarefa de manipulação de categorias e constituintes sintácticos. Esta mesma tarefa foi aplicada a crianças dos 1º e 4º anos de escolaridade, com o intuito de testar a capacidade de avaliação da tarefa construída. Os resultados mostraram diferenças significativas de comportamento entre as crianças do 1º e as do 4º ano de escolaridade, o que mostra a capacidade de avaliação da tarefa de manipulação testada. Quanto à variável género, verificou-se que, no 1º ano de escolaridade, existem diferenças significativas entre género na pontuação total da tarefa, facto que não ocorre no 4º ano de escolaridade, o que evidencia um efeito de interacção idade-género. No que diz respeito às categorias sintácticas testadas, quer as crianças de 1º ano quer os rapazes de 4º ano tiveram melhores desempenhos na substituição de adjectivos, seguindo-se os verbos e, finalmente, os nomes. Contudo, as raparigas de 4º ano de escolaridade não apresentaram diferenças significativas na manipulação das três categorias. Finalmente, quanto à distribuição da palavra-alvo na frase, as crianças do 1º ano de escolaridade revelaram melhores desempenhos na manipulação de nomes no 1 Ana Rita Castanheira, A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de identificação (em preparação); Magda Costa, A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de reconstituição (em preparação); Rita Alexandre, A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação (em preparação); 2 Ver Secção da Metodologia 14 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação último constituinte, de verbos transitivos e de adjectivos em Sintagmas Adjectivais (SA) com função predicativa. Contrariamente, as crianças do 4º ano de escolaridade não revelaram diferenças de desempenho na manipulação de nomes, em posição inicial ou final, nem de verbos de diferentes subclasses. Em relação aos adjectivos, as crianças deste ano de escolaridade apresentam um desempenho ligeiramente melhor quando os mesmos se encontram em SAs com função predicativa. Esta tese encontra-se organizada em três capítulos. No primeiro capítulo, apresenta-se um breve enquadramento teórico das questões centrais do projecto, com uma secção sobre categorias sintácticas e uma secção sobre consciência linguística, com especial relevo para a consciência sintáctica. No capítulo dois, apresentam-se os objectivos e as hipóteses de investigação; descrevese, também, a metodologia utilizada, com os dados referentes à amostra, ao material e procedimentos utilizados e ao tratamento estatístico dos dados.3 O terceiro capítulo apresenta e descreve os resultados obtidos e a análise estatística dos mesmos; ainda no terceiro capítulo, é feito o comentário aos resultados, confrontando-se os mesmos com as hipóteses colocadas no capítulo dois e com resultados de outros estudos, referidos no capítulo um. Na conclusão, serão sumariados os principais resultados obtidos e referidas as limitações encontradas no decorrer da investigação. 3 A secção do enquadramento teórico referente à consciência linguística e consciência sintáctica (capítulo um) e parte da metodologia (capítulo dois) são muito similares aos textos apresentados nas secções congéneres das teses A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de identificação e A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de reconstituição, de A. R. Castanheira e de M. Costa, respectivamente. 15 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação 1. Enquadramento Teórico 1.1. Categorias Sintácticas As frases não são meras associações de palavras, que se seguem linearmente. Pelo contrário, cada frase é dotada de uma estrutura interna hierárquica, ou seja, é constituída por grupos de palavras que se vão organizando sucessivamente em grupos maiores. Estes grupos de palavras funcionam como unidades sintácticas e recebem o nome de constituintes. Os constituintes que se combinam para formar uma unidade sintáctica maior chamam-se constituintes imediatos dessa unidade. Assim, a análise de uma frase deve ter em conta a sua estrutura de constituintes. Existem três argumentos a favor da organização das combinações de palavras em constituintes, como observa Duarte (2000: 129): as intuições dos falantes sobre o modo como se organizam as palavras numa frase; os resultados gramaticais ou agramaticais dos resultados obtidos pela aplicação de testes de constituência e a ambiguidade estrutural ou sintáctica. Em primeiro lugar, qualquer falante nativo de uma língua é capaz de reconhecer a sequência *Este no recreio menino jogou à bola como agramatical, por oposição a Este menino jogou à bola no recreio. Com efeito, a inserção da expressão no recreio entre o determinante e o nome que constituem o sujeito conduz a uma sequência não conforme com as regras da língua. Esta capacidade de distinguir entre sequências gramaticais e sequências agramaticais decorre do conhecimento linguístico dos falantes. Os testes de constituência permitem confirmar as intuições dos falantes, ou seja, dar base objectiva à análise da estrutura das frases. Baseiam-se em três operações fundamentais (cf. Duarte, 2000: 125): a substituição, a deslocação e a retoma anafórica. Parte-se do principio de que apenas constituintes suficientemente altos na estrutura da frase respondem positivamente aos testes, podendo ser substituídos apenas por uma palavra, ser deslocados ou constituir o antecedente de uma expressão anafórica. Para proceder à identificação dos constituintes de uma frase, deve-se formular a hipótese de que uma dada combinação de palavras funciona como uma unidade sintáctica, aplicando-se, em seguida, pelo menos dois testes baseados em operações diferentes. Se os resultados obtidos forem gramaticais, tal como já foi referido, a combinação de palavras é uma unidade sintáctica; se o 16 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação resultado for agramatical, deve-se formular uma nova hipótese e iniciar novamente o processo de aplicação dos testes. Exemplificando com um item da tarefa aplicada neste estudo, coloca-se a hipótese de que, na frase Este menino jogou à bola no recreio, a combinação de palavras este menino é um constituinte principal, neste caso nominal. O teste de substituição consiste na substituição do constituinte que se está a testar por um pronome pessoal. O resultado é, neste caso, a frase gramatical Ele jogou à bola no recreio. O teste de deslocação pode ser aplicado utilizando dois processos: a clivagem e a deslocação à direita. Por clivagem entende-se colocar um constituinte em posição de contraste pela introdução de uma forma do verbo ser e da palavra que, sendo que o constituinte irá ocorrer entre estas duas palavras (Duarte, 2000:125 nota 5) . Exemplificando, com a frase já referida, e partindo da hipótese formulada obtém-se o seguinte resultado: Foi este menino que jogou à bola no recreio. Se se utilizar o processo de deslocação à direita, coloca-se o constituinte à direita da frase a que pertence, separando-o da restante frase através de uma pausa (representada na escrita pela vírgula) (Duarte, 2000: 125 nota 6). Deste modo, o resultado da aplicação deste teste à frase utilizada como exemplo é Jogou à bola no recreio, este menino. Como se pode verificar, todos os resultados da aplicação do teste de deslocação são gramaticais, o que confirma a hipótese colocada. Finalmente, o teste da retoma anafórica (em estruturas de coordenação ou em pares pergunta/resposta) baseia-se no facto de que, se a expressão que estamos a analisar for um constituinte principal, pode ser o antecedente de uma expressão anafórica como o pronome pessoal. Tendo em conta a frase de que partimos, o resultado gramatical é o seguinte: Este menino jogou à bola no recreio e todos acham que ele jogou bem. Neste caso, o pronome pessoal ele, anafórico, tem como antecedente o constituinte que se está a testar. Assim, visto que o resultado de todos os testes aplicados são frases gramaticais, pode-se concluir que este menino é uma unidade sintáctica, sendo um constituinte principal. Por sua vez, a ambiguidade estrutural, referida acima como argumento para a análise em constituintes, consiste no facto de existirem frases a que os falantes podem atribuir mais do que uma interpretação, por ser possível atribuir-lhes maus do que uma estrutura sintáctica, ou seja, por existirem diferentes possibilidades de organização das palavras em constituintes. Veja-se os exemplos em (1), retirados de Duarte (2000: 129, ex. (12)): 17 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação 1) a. Eles trouxeram vinho de Bordeús. b. Os filmes e as telenovelas interessantes são um óptimo divertimento. A frase primeira frase pode ser interpretada como Foi vinho de Bordéus que eles trouxeram ou Foi de Bordéus que eles trouxeram vinho. No primeiro caso mencionado, vinho de Bordéus é um constituinte principal, e a frase significa que alguém trouxe um tipo específico de vinho. Na segunda interpretação vinho e de Bordéus são dois constituintes principais que se combinam com o verbo para formar a unidade trouxeram vinho de Bordéus, sendo que a frase significa que Bordéus é o sítio de onde trouxeram o vinho. No caso da frase (1b), podem existir duas interpretações: todos os filmes e apenas as novelas interessantes são um óptimo divertimento ou só os filmes interessantes e as telenovelas interessantes constituem um óptimo divertimento. Na primeira situação, interessantes combina-se directamente com telenovelas para formar a unidade telenovelas interessantes; no segundo caso, interessantes combina-se com toda a unidade os filmes e as telenovelas (Duarte, 2000: 129). Tendo estabelecido a definição de constituinte como uma combinação de palavras que funciona como uma unidade sintáctica, coloca-se a questão da natureza dos constituintes que ocorrem nessas combinações de palavras. Um dos elementos fundamentais dos constituintes principais é o seu núcleo. É este elemento que atribui a designação ao constituinte, bem como as suas propriedades essenciais. Os núcleos podem pertencer a diferentes categorias sintácticas ou classes de palavras: nome, adjectivo, verbo, preposição, entre outros. Os constituintes de que estas categorias são núcleo designam-se como Sintagma Nominal (SN), Sintagma Verbal (SV), Sintagma Adjectival (SA), Sintagma Preposicional (SP) e assim em todos os casos. Existem, na literatura, várias metodologias de identificação de classes de palavras, como por exemplo, critérios semânticos, morfológicos e sintácticos. Os critérios semânticos ou nocionais defendem que as classes de palavras são definidas com base nas suas propriedades semânticas, ou seja, no seu significado inerente, seguindo a tradição gramatical greco-latina. Assim, se consultarmos Cunha & Cintra (1984/2002) encontramos as seguintes definições: (i) “Substantivo é a palavra com que designamos ou nomeamos os seres em geral. São, por conseguinte, substantivos: a) os nomes de pessoas, de lugares, de instituições, de um género, de uma espécie ou de um dos seus representantes (…), b) os nomes de noções, acções, estados e qualidades, tomados como seres (…) (op. cit: 177); (ii) “O Adjectivo é essencialmente um modificador do substantivo. Serve: 1º) para caracterizar os seres, os objectos ou as noções 18 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação nomeadas pelo substantivo, indicando-lhes: a) uma qualidade (ou defeito) (…) b) o modo de ser (…) c) o aspecto ou aparência (…) d) o estado (…), 2º) para estabelecer com o substantivo uma relação de tempo, de espaço, de matéria, de finalidade, de propriedade, de procedência, etc.” (op. cit: 247); (iii) “Verbo é uma palavra de forma variável que exprime o que se passa, isto é, um acontecimento representado no tempo (…) (op. cit: 377). Contudo, as definições acima transcritas levantam alguns problemas quando as queremos aplicar para a identificação da categoria das palavras, visto que, por exemplo, nem sempre os verbos denotam acções, como acontece com verbos como ser, estar, adorar, entre outros. Por outro lado, existem palavras que, não sendo verbos, denotam acções (A contagem dos votos foi demorada). Do mesmo modo, nem sempre os nomes denotam entidades (A bondade da Maria é infinita) e, adicionalmente, existem palavras que, não sendo adjectivos, denotam estados (A doença da Maria é de origem nervosa). De acordo com a perspectiva gramatical tradicional, a classificação das palavras como nome, adjectivo ou verbo é morfológica e não sintáctica. Ao considerar estas palavras como pertencendo a categorias sintácticas, a Linguística assume uma posição distinta da tradição gramatical greco-latina (Duarte, 2000: 131). Tendo em conta que existem muitas línguas sem morfologia flexional, ou com morfologia flexional muito reduzida, e que também classificam as palavras como verbo, nome, adjectivo, não é possível usar critérios morfológicos para identificar universalmente as categorias a que pertencem as palavras. Por outro lado, as línguas podem variar quanto às propriedades morfológicas dos itens que pertencem a uma dada classe. Assim, por exemplo, não é possível definir um adjectivo como uma categoria que flexiona em género e número e admite variação de grau, tanto interlinguisticamente (cf. 2), como intralinguisticamente (cf. 3). 2) a) Uma casa amarela/os livros amarelos (adjectivo flexionado em género e número no PE) b) A yellow shirt/the yellow coats (adjectivo é invariável no Inglês) 3) a) Uma rapariga simpática/mais simpática do que a irmã/muito simpática (adjectivo que admite variação de grau, no PE) b) um carro eléctrico/*mais eléctrico do que o comboio/*muito eléctrico (adjectivo que não admite variação de grau, no PE) 19 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Em terceiro lugar, Duarte (2000: 132) refere os casos de homonímia como o argumento mais forte contra o uso de critérios morfológicos para identificar a categoria sintáctica de uma palavra. Veja-se o exemplo retirado (4), retirado de Duarte (2000:132). 4) Canto entusiástica e desafinadamente, quando ouço o canto dos pássaros, sentada no meu canto favorito do jardim. O facto de os falantes não interpretarem de forma ambígua as diferentes ocorrências da palavra canto, sendo sensíveis ao contexto sintáctico para determinarem o significado adequado de cada uma dessas ocorrências, mostra que a classificação das palavras em categorias deve obedecer essencialmente a critérios de natureza sintáctica. Dada a insuficiência dos critérios semânticos/nocionais e dos critérios morfológicos foi necessário encontrar critérios de classificação das palavras “que permitissem a atribuição não equívoca de uma categoria sintáctica às palavras de língua tipologicamente muito diferentes” (Duarte, 2000: 133). Esses critérios, sintácticos, surgiram associados ao conceito de distribuição e à metodologia de análise distribucional da Linguística estruturalista norte-americana. A distribuição de um item constitui a soma dos contextos sintácticos em que cada palavra pode ocorrer, “definindo-se contexto sintáctico como os vizinhos que uma palavra pode ter à sua esquerda e à sua direita (ou seja, as palavras e as unidades sintácticas que a podem preceder e seguir).” (Duarte, 2000: 133). Assim, se duas palavras têm a mesma distribuição, ou seja, são distribucionalmente equivalentes, pertencem à mesma categoria sintáctica. Existem vários argumentos em favor desta abordagem, sintetizados em Duarte (2000: 134-136): (i) Palavras da mesma categoria sintáctica ocorrem no mesmo ponto da cadeia sintagmática4, assim, em (5), as palavras saia e azul são da mesma categoria (nome), mas comprou pertence a uma categoria diferente (verbo). (5) a. a saia azul b. a casa azul c. *a comprou azul 4 Por exemplo, a classe dos nomes é, tipicamente, precedida de determinantes ou quantificadores e, ocasionalmente, de adjectivos, e pode ser seguida de expressões adjectivais e preposicionais, bem como, orações subordinadas relativas ou completivas. 20 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação (ii) Duas palavras da mesma categoria não podem co-ocorrer no mesmo ponto da cadeia sintagmática, como se verifica pela agramaticalidade de (6a), em que co-ocorrem as palavras saia e casa, ambas nomes, e (6b) em que co-ocorrem os determinantes o e este. (6) a. *a saia casa azul b. *o este rapaz Assim, se duas palavras podem co-ocorrer contiguamente numa combinação de palavras não pertencem à mesma categoria sintáctica (cf. 7, exemplos de Duarte, 2000: 135) (7) a. cavalo formoso b. touro bravo c. rapaz alto Note-se que, em alguns casos, palavras da mesma classe podem co-ocorrer, mas apenas se se incluírem em subclasses distintas. (8) a. rio Tejo (nome comum + nome próprio) b. Ele já tinha saído (verbo auxiliar + verbo principal). A tarefa construída para esta dissertação – tarefa de manipulação – assenta precisamente no princípio de que palavras da mesma categoria sintáctica são distribucionalmente equivalentes, pelo que podem substituir-se umas às outras no mesmo ponto da frase. Na presente dissertação, serão tratadas as seguintes categorias: nome, verbo e adjectivo. No que diz respeito aos verbos, os itens construídos incluem apenas verbos principais. Trata-se de núcleos lexicais plenos, dotados de propriedades de selecção semântica (número de argumentos e respectivo papel temático) e propriedades de selecção sintáctica (categoria de cada argumento e relação gramatical que assume na oração). Com base no número de argumentos que seleccionam e na relação gramatical que esses argumentos desempenham na oração, Duarte (2003: 209-302), distingue as seguintes subclasses de verbos principais: ditransitivos (anunciar, apresentar, comprar), transitivos de três lugares (confundir, afastar, converter, distribuir), transitivos-predicativos (achar, classificar), transitivos (adorar, assassinar), verbos de dois lugares com um argumento interno objecto indirecto (acudir, obedecer), verbos de dois lugares com um argumento interno oblíquo (assistir, colidir, depender, confiar), 21 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação verbos inergativos (chorar, dançar), verbos inacusativos (cair, crescer) e verbos de zero lugares (chover, amanhecer)5. Na tarefa construída para este estudo apenas se irá testar o comportamento das crianças no que diz respeito a verbos transitivos (comprar, ler, pintar) e verbos inergativos (chorar, dormir, dançar). Os Verbos Transitivos seleccionam um argumento externo com a relação gramatical de Sujeito e um argumento interno com a relação gramatical de Objecto Directo, como em (9): (9) O João comprou um boneco. Os Verbos Inergativos ou verdadeiros Verbos Intransitivos são verbos de um lugar, que seleccionam um argumento externo com a relação gramatical de Sujeito6. Para além disso, têm as seguintes propriedades: (i) o sujeito destes verbos não admite a construção de Particípio Absoluto (10) *chorado o bebé, demos-lhe a chupeta. (ii) a forma participial não pode ocorrer em posição predicativa (11a) nem em posição atributiva (11b). (11) a. * o bebé está chorado. b. * o bebé chorado tinha cólicas. 1.2. Consciência Linguística e Consciência Sintáctica7 A comunidade linguística à qual uma criança é exposta activa a faculdade da linguagem e leva-a a evoluir para um sistema de conhecimento específico, que se torna estável no final da adolescência e que se denomina conhecimento da língua. Este conhecimento é intuitivo, ou seja, não consciente, e pode conceber-se como a gramática da língua materna desenvolvida natural e espontaneamente pelo falante (Sim-Sim, Duarte & Ferraz, 1997: 19-20). Este conhecimento natural, consequência directa da faculdade da linguagem, designa-se por conhecimento implícito e o seu nível de 5 Esta classificação, apesar de não ser unânime na literatura sobre o assunto, será a classificação utilizada neste estudo. Estes verbos distinguem-se dos inacusativos, que também seleccionam um argumento com a relação gramatical de sujeito, tratandose, no entanto, de um argumento interno. Para as diferenças entre verbos inergativos e verbos inacusativos, ver Duarte (2003:301). 7 Devido à natureza do projecto em questão e à pesquisa bibliográfica realizada, comum às três investigadoras, a presente secção tem por base um texto da co-autora Ana Rita Castanheira. 6 22 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação desenvolvimento durante o 1º Ciclo do Ensino Básico tem repercussões no sucesso na aprendizagem da leitura e da escrita. Segundo Duarte (2008: 9), as crianças cuja língua de escolarização coincide com a língua materna chegam ao 1º ano de escolaridade capazes de compreender e produzir enunciados orais, tendo adquirido, intuitivamente, o essencial da estrutura gramatical dessa língua, o que lhes permite usá-la em diversos contextos informais com a família e/ou os seus pares e entrar em contacto com contextos de explicitação de conhecimento linguístico. Por conhecimento explícito, entende-se a capacidade de reflexão, quase sempre com base em uso de terminologia específica, sobre o conhecimento intuitivo da língua (Sim-Sim, et al., 1997), bem como o conhecimento dos princípios e regras que regulam o uso oral e escrito desse sistema (Duarte, 2008: 17). Sim-Sim et al. (1997: 31) acrescentam que a consciencialização do conhecimento implícito facilita a referência aos conteúdos a trabalhar em contexto lectivo, ajuda os alunos a descobrirem as regras gramaticais que usam e permite a identificação rápida das dificuldades que manifestam no uso que fazem da língua. O conhecimento metalinguístico distingue-se dos dois tipos de conhecimento anteriormente referidos e remete para a “capacidade de reflexão sobre a linguagem e sua utilização, e para competências de controlo e planificação sobre os seus próprios processos de tratamento linguístico” (Gombert, 1990, citado por Silva, 2003: 117). O conhecimento metalinguístico tem uma natureza diferente da do conhecimento implicado no processamento do discurso oral, surgindo mais tarde e de forma independente da aquisição da linguagem, visto que o sujeito não necessita de ter consciência das unidades do discurso para o processar. Para Tunmer, Herriman e Nesdale (1988), consciência metalinguística é a capacidade de desempenhar operações mentais sobre o que é produzido, através dos processos de compreensão da língua (Kolinsky, citado por Capovilla, Capovilla & Soares, 2004). A consciência linguística tem na base alguma capacidade de distanciamento, reflexão e sistematização relativamente aos enunciados da língua, situando-se num estado intermédio entre o conhecimento intuitivo da língua e o conhecimento explícito (Duarte, 2008). Silva (2003: 118) refere que a mesma “(…) engloba capacidade para reflectir sobre as características formais da linguagem ao nível dos seus segmentos fonológicos, dos seus elementos semânticos, ao nível da estrutura sintáctica, e ainda ao nível da adequação pragmática do discurso.” (Silva, 2003: 118). A mesma autora acrescenta que, durante os anos pré-escolares, as crianças evidenciam alguns comportamentos que revelam o desenvolvimento de capacidades de reflexão sobre a linguagem oral 23 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação (Slobin, 1978, citado por Silva, 2003), apesar de os mesmos não revelarem ainda reflexão e controlo deliberado sobre a linguagem e as suas estruturas. Para Gombert (2003, citado por Copovilla et al., 2004), as capacidades metalinguísticas são conscientes e intencionais, contrariamente às capacidades linguísticas, não-conscientes, nãointencionais e decorrendo apenas do conhecimento implícito. De acordo com o mesmo autor, podem ser observados comportamentos demonstrativos de capacidades metalinguísticas a partir dos 2 anos. Viana (2002) acrescenta que as crianças demonstram estes comportamentos quando: 1) fazem observações a propósito da pronúncia de certas palavras ou do sotaque de certas pessoas; 2) fazem exercícios de treino de pronúncia de sons recém-adquiridos; 3) inventam rimas. No entanto, embora a sensibilidade linguística esteja presente precocemente, a consciência linguística e o conhecimento explícito desenvolvem-se mais tardiamente e são especialmente promovidos durante a aprendizagem da leitura e da escrita, ou seja, em idade escolar, sendo que vários autores têm apontado a consciência linguística como um factor promotor no processo de aprendizagem da leitura e da escrita (Downing & Valtin, 1984; Tunmer, Pratt & Herriman, 1984; Wagner & Torgesen, 1984; Adams, 1994, citados por Viana, 2002). Bialystok (1993, citado por Correa, 2004), Nesdale & Tunmer (1984) e Tunmer & Bowey (1984) (citados por Layton, Robinson, & Lawson, 1998) referem que existem as seguintes principais componentes da capacidade metalinguística que se relacionam com a leitura: (a) consciência fonológica (identificação e manipulação das estruturas fonológicas da língua; conhecimento dos sons e de como estes se relacionam com os grafemas); (b) consciência da palavra (identificação e manipulação da palavra como unidade); (c) consciência sintáctica (identificação e manipulação das estruturas sintácticas da língua); (d) consciência pragmática (identificação e manipulação dos usos sociais da língua); (e) consciência morfológica (identificação e manipulação das estruturas morfológicas da língua; (cf. Carlisle, 2000; Levin, Ravid & Rapaport, 1999; Mahony, Singson & Mann, 2000, citados por Correa, 2004); (f) consciência textual, que diz respeito ao controle intencional da compreensão e da produção de texto (Gombert, 1992, citado por Correa, 2004). 24 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Um estudo longitudinal de Dreher & Zenge (1990, citados por Layton, Robinson, & Lawson, 1998), com a duração de cinco anos, mostrou que as primeiras quatro áreas de consciência linguística referidas acima são importantes preditores do sucesso na leitura, sendo a consciência fonológica o tipo de consciência linguística mais estudado, quer isoladamente, quer na relação com a leitura e escrita. Silva (2003) refere vários autores (Williams, 1984; Wagner & Torgesen, 1987; Adams, 1994) que estudaram o valor preditivo e as fortes correlações existentes entre a consciência fonológica e a aprendizagem da leitura, chegando à conclusão de que as crianças pequenas que apresentam bons resultados em tarefas de consciência fonológica estão posteriormente situadas entre os melhores leitores. Pelo contrário, crianças que iniciam o 1º ano de escolaridade com um frágil desenvolvimento da consciência fonológica irão estar, mais tarde, entre os maus leitores. Sendo que a consciência fonológica tem sido bastante estudada ao longo das últimas décadas, já existe uma grande variedade de tarefas para a sua avaliação. O Quadro 1 apresenta as provas mais utilizadas para testar a consciência fonológica (Alves, Correia & Castro, em preparação, citado por Afonso, 2008: 26). Quadro 1 - Tarefas e Capacidades utilizadas para avaliar consciência fonológica (Alves et al., citado por Afonso, 2008: 26) Capacidades Reconstituição Segmentação Identificação Provas Síntese Silábica Segmentação Reprodução Análise Contagem Comparação com o modelo Igual/Diferente Exclusão da diferente Identificação da sílaba Manipulação – Exclusão Apagamento da sílaba inicial/ medial ou final Manipulação – Transposição Inversão silábica 25 Exemplo São dadas as sílabas isoladamente e é pedido ao sujeito que identifique a palavra. É dada uma palavra e é pedido ao sujeito que a segmente em sílabas. É pedido que sujeito o identifique as sílabas da palavra para que possa proceder a tarefas de identificação. É pedido ao sujeito que mantenha em memória as sílabas da palavra e que as manipule segundo a tarefa proposta. É dada uma palavra ao sujeito e é pedido que este inverta a ordem das sílabas. A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Na presente tese, estudam-se aspectos específicos da consciência sintáctica, assunto sobre o qual nos debruçaremos em seguida. Quanto à consciência sintáctica, Gombert (1990, citado por Silva, 2003) define-a como a possibilidade de o sujeito raciocinar conscientemente sobre os aspectos sintácticos da linguagem e controlar, de forma deliberada, o uso das regras da gramática. Sim-Sim (1998, citada por Silva, 2003) acrescenta que esta competência se traduz na capacidade de efectuar juízos sobre a gramaticalidade de um enunciado, proceder à sua correcção. Silva (2003), acrescenta que as crianças chegam à escola com diferentes níveis de consciência sintáctica o que interfere na maneira como as crianças, durante a aprendizagem da leitura, usam o contexto linguístico na análise de palavras e na sua capacidade para integrar as informações extraídas do texto que estão a ler. A consciência sintáctica tem sido avaliada, nos trabalhos consultados, por tarefas orais como: (a) julgar frases – Após ouvir frases com problemas de concordância como O menina está dormindo, ou com problemas de ordem, como Sapo o comeu o insecto, a criança deve dizer se as frases estão ou não correctas. (b) corrigir frases - Consiste em, após ouvir frases com incorrecções gramaticais, rectificar essas incorrecções, dizendo a frase correctamente8. (c) completar frases - Consiste em terminar correctamente palavras de frases ou textos, como, por exemplo, Eu comprei um ordi___, João comprou dois or___. (d) replicar erros - Consiste em, ao ouvir duas frases, uma correcta e uma incorrecta, repetir o erro da incorrecta na correcta, ou seja, a partir de Nós pegou os livros e de Nós gostamos do filme, produzir Nós gostou do filme (Gombert, 2003; Tsang & Stokes, 2001, citados por Capovilla, et al., 2004). (e) categorizar unidades sintácticas - Consiste em ouvir palavras e classificá-las como substantivos, verbos e adjectivos (Rego & Buarque, 1997, citados por Capovilla et al., 2004). Silva (2003), baseando-se nos trabalhos de Gombert (1990), Emerson (1980) e Sim-Sim (1998), refere que a capacidade para emitir juízos sintácticos de natureza mais formal parece não ocorrer antes dos sete anos, contudo, as crianças evidenciam ter algumas intuições sobre as características estruturais das frases, com base em pistas de natureza semântica, desde muito cedo. Sim-Sim (1998) 8 Demont (1997, citado por Capovilla et al., 2004 ) usou uma variação da tarefa de correcção de frases, denominada correcção de frases assemânticas e agramaticais. Nesta tarefa eram apresentadas oralmente à criança frases com incorrecções semânticas e gramaticais; a criança deveria corrigir apenas o erro gramatical, ignorando o semântico. 26 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação acrescenta que, antes da idade escolar, as crianças apresentam indicadores de sensibilidade à estrutura sintáctica mas só a partir dos 6/7 anos demonstram consciência da aceitabilidade gramatical da língua materna. Aos 3/4 anos, é frequente a criança efectuar correcções ao seu próprio discurso ou ao discurso dos seus pares . A consciência sintáctica é importante para a aprendizagem da leitura e da escrita porque permite ao leitor processar palavras desconhecidas em função do contexto sintáctico. Bryant (1993, citado por Rego, 1997) demonstra a correlação positiva entre o desempenho em tarefas de consciência sintáctica e o posterior desempenho na leitura de palavras que impõem dificuldades ortográficas, ou seja, que não podem ser lidas correctamente com o uso exclusivo da descodificação. Além de contribuir para o reconhecimento de palavras, a reflexão sobre as propriedades sintácticas é essencial para a extracção do significado do texto, uma vez que tal significado depende não só da soma dos significados dos elementos lexicais individuais, mas também da forma pela qual tais elementos se articulam, o que é evidenciado por índices gramaticais como a ordem dos elementos na frase, a presença de palavras funcionais (preposições, artigos), a presença de morfemas gramaticais e, no caso da leitura, a pontuação (Capovilla et al., 2004). Ehri e Wilce (1980, citados por Lesaux, Siegel & Rupp, 2006), na década de 80, referiram que leitores com boa consciência sintáctica são capazes de utilizar a frase e pistas de contexto para adivinhar as palavras que virão em seguida num texto. Uma boa capacidade de consciência sintáctica irá, igualmente, permitir aos leitores monitorizarem os seus processos de compreensão da leitura eficazmente (Tunmer & Hoover, citados por Lesaux et al, 2006). Tunmer e Hoover (1992, citados por Plaza & Cohen, 2003) evidenciam, também, que a consciência sintáctica pode ter implicações na variação da habilidade de descodificação da informação escrita, depois de os problemas de consciência fonológica estarem resolvidos. Tunmer (1989, citado Silva, 2003: 73) explicita a função desempenhada pela consciência sintáctica na aquisição da leitura ao defender que “(…) este tipo de competências seria essencial para ajudar o reconhecimento de palavras nas fases iniciais de aprendizagem, na medida em que ajuda as crianças a ultrapassarem erros de descodificação quando lêem palavras desconhecidas. Por outro lado, os conhecimentos sintácticas facilitam os processos de compreensão, nomeadamente no que concerne à integração das informações lidas num texto.” Siegel (1993, citado por Lesaux et al., 2006) reafirma este aspecto, referindo que a consciência sintáctica, bem como o processamento fonológico e a memória de trabalho, são competências necessárias para a leitura de palavras e a compreensão da leitura. 27 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Tunmer, Nesdale e Wright (1987) compararam, em diversas tarefas de consciência sintáctica, crianças mais jovens e bons leitores com crianças mais velhas e maus leitores, mas com nível de leitura idêntico. Os resultados indicaram que as crianças mais jovens obtiveram melhores desempenhos nas tarefas de consciência sintáctica do que as crianças mais velhas. Para Tunmer et al (1987), este resultado constitui evidência de que o atraso no desenvolvimento da consciência sintáctica pode reflectir-se no desenvolvimento da capacidade de leitura, sugerindo que a consciência sintáctica pouco estimulada pode estar relacionada com dificuldades na aprendizagem da leitura. Nesta perspectiva, os autores formularam a hipótese de que a aprendizagem inicial da leitura é influenciada tanto pela consciência fonológica quanto pela consciência sintáctica, ou seja, que a consciência fonológica influencia directamente a aquisição da correspondência fonemagrafema, ligada ao processo de descodificação, enquanto a consciência sintáctica possibilita que as crianças focalizem as palavras enquanto categorias sintácticas, o que, por sua vez, aumenta a capacidade de identificação e produção de palavras escritas. Para testar esta hipótese, Tunmer, Herriman e Nesdale (1988) conduziram um estudo com 100 crianças australianas, avaliadas através de uma tarefa de consciência sintáctica (corrigir frases agramaticais) e uma tarefa de consciência fonológica (contar os fonemas de palavras sem sentido). Os autores constataram uma relação preditiva entre consciência sintáctica e consciência fonémica e o desenvolvimento da capacidade da criança na descodificação e compreensão na leitura. Rego (1991, citado por Rego, 1997) realizou um estudo longitudinal com 57 crianças britânicas que iniciaram a leitura através do método global, sem qualquer aprendizagem de conceitos fonológicos. As crianças foram avaliadas através de diferentes tarefas de consciência sintáctica e fonológica, aos cinco anos e seis meses, antes de iniciarem o processo de aprendizagem de leitura. Voltaram a ser avaliadas, através da leitura de uma lista de palavras isoladas e de uma outra com facilitação contextual, aos seis meses e doze meses. Um ano depois, as capacidades de descodificação e de compreensão foram avaliadas, tendo-se verificado que: (1) existe uma interacção entre o nível de leitura e a facilitação contextual, no final do primeiro ano, sendo que as crianças com maior progresso na leitura eram capazes de usar a informação contextual de forma mais eficaz; (2) as tarefas de consciência fonológica são muito boas para prever a capacidade de leitura de listas de palavras isoladas, enquanto que as tarefas de consciência sintáctica são boas a prever a facilitação contextual na leitura; (3) as capacidades de consciência sintáctica e fonológica, existentes e medidas aos cinco anos e seis meses, são factores capazes de prever o progresso da criança na descodificação e na compreensão da leitura, no final do ano de escolaridade. Estes resultados vão ao 28 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação encontro dos já descritos por Tunmer et al. (1988), estudo no qual a consciência sintáctica prediz também o desempenho da criança na descodificação e na compreensão da leitura. Contudo, apesar das investigações sobre consciência sintáctica relacionadas com a capacidade de leitura e escrita, Cain (2007) considera que não é possível ainda conhecer com clareza a relação entre as mesmas, sendo que alguns estudos referem um relação específica entre consciência sintáctica e capacidade de leitura de palavras ou compreensão da leitura e outros estudos sugerem que essa relação é mediada por capacidades de linguagem, não especificando quais. Para o Português, verifica-se que o número de pesquisas considerando a relação entre consciência sintáctica e aprendizagem da leitura e da escrita é bastante reduzido. O estudo realizado por Rego (1993), envolvendo 32 crianças brasileiras, permitiu verificar que a consciência sintáctica constitui um bom preditor do progresso das crianças tanto na descodificação quanto na compreensão da leitura. No entanto, num estudo de 1995, envolvendo 50 crianças brasileiras alfabetizadas através do método tradicional com ênfase exclusiva no ensino de padrões silábicos, o autor apresentou resultados diferentes. Rego (1995) não encontrou uma relação entre consciência sintáctica e progresso inicial na descodificação das palavras. Barrera (2000, citado por Guimarães, 2003) efectuou um estudo com 65 crianças da 1ª série e testou a hipótese de que as habilidades metalinguísticas, como a consciência fonológica, a lexical e a sintáctica, desempenham um papel facilitador na aprendizagem da linguagem escrita. Os resultados desta investigação mostraram correlações positivas entre os níveis de consciência fonológica e sintáctica no início do ano lectivo e o desempenho em leitura e escrita no final do ano. Desse modo, a autora concluiu que os alunos que iniciaram o processo de alfabetização com melhores níveis de capacidades metalinguísticas apresentaram um melhor desempenho na leitura e escrita no final do ano lectivo. Embora os resultados do estudo de Barrera (2000, citada por Guimarães, 2003) corroborem os resultados encontrados por Rego (1993), é importante relembrar a hipótese de Rego (1995), que defende que a influência da consciência sintáctica sobre o desempenho inicial na leitura depende do método de ensino a que a criança/leitor é exposta/o. Enquanto não houver um acordo quanto à importância do impacto da consciência sintáctica na aprendizagem da leitura e da escrita em Português, permanece a necessidade de novos estudos para investigar como a capacidade das crianças em identificar, julgar e manipular estruturas frásicas pode influenciar o processo de aprendizagem da leitura e da escrita (Guimarães, 2003). 29 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Guimarães (2003) sugere que, dado que o sistema ortográfico representa simultaneamente os níveis fonológico e morfossintáctico, a aprendizagem da leitura e da escrita é influenciada tanto pela consciência fonológica, ligada ao processo de descodificação e codificação, quanto pela consciência morfossintáctica, que possibilita a focalização das palavras enquanto categorias gramaticais, aumentando a capacidade de identificação e produção da linguagem escrita. Sim-Sim (1998) realizou vários trabalhos, em Portugal, que confirmam que as crianças de nove anos têm mais facilidade em identificar erros em estruturas frásicas e proceder à respectiva correcção do que crianças com seis anos. Num contributo para o conhecimento sobre o desenvolvimento linguístico das crianças portuguesas, a autora construiu um instrumento de avaliação da linguagem oral com tarefas de avaliação referentes à avaliação do conhecimento intuitivo das regras sintácticas que regulamentam a língua portuguesa. Ilustrando: (12) Tarefas de avaliação do conhecimento sintáctico retiradas de Sim-Sim (1998) (i) Compreensão de estruturas complexas – Tem como objectivo avaliar o reconhecimento de um enunciado descontextualizado, através da resposta a uma questão com base no respectivo enunciado; (ii) Reflexão morfo-sintáctica – É pedido à criança que julgue a gramaticalidade da estrutura sintáctica e, que, em caso de agramaticalidade, identifique o erro e o corrija; (iii) Completamento de frases – Exige a compreensão de uma estrutura frásica, na qual faltam uma, duas ou três palavras; pretende-se que o sujeito seja capaz de completar a frase através da identificação dos elementos em falta. Duarte (2008) refere a importância da promoção da consciência sintáctica no processo de aprendizagem da leitura e da escrita, visto que vários aspectos estruturais de um texto funcionam como pistas para a sua compreensão. Assim, pistas estruturais como ordem de palavras e conectores, períodos e parágrafos melhoram a identificação das ideias principais e a sua retenção na memória. A mesma autora sugere diversas actividades de consciência sintáctica, que não recorrem a qualquer metalinguagem gramatical (cf. 13). (13) Actividades de consciência sintáctica (Duarte, 2008: 40-47) (i) Manipulação envolvendo alargamento – Este tipo de manipulação contribui para o desenvolvimento do comprimento médio dos enunciados, ao sensibilizar as crianças para as possibilidades oferecidas pela língua de construir unidades sintácticas 30 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação progressivamente mais complexas. A autora sugere vários exercícios envolvendo alargamento; segue-se um exemplo: Ex: Torna cada uma das frases abaixo apresentadas maiores, acrescentando características que conheças dos heróis que lá são referidos – Harry Potter é um feiticeiro. (ii) Manipulação envolvendo substituições – Esta tarefa implica a construção de frases idênticas à produzida pelo adulto, substituindo apenas uma palavras, o que é fundamental para a identificação de classes gramaticais: Ex: Ouve a frase que vou dizer: O menino jogou à bola. – Agora, inventa outras frases iguais em tudo menos na palavra menino. (iii) Manipulação envolvendo reduções – Este tipo de manipulação remete para a redução de frases sem retirar o sentido às mesmas, o que lhes permite identificar os elementos centrais da frase nas suas unidades elementares. Este tipo de actividades sensibiliza as crianças para os elementos nucleares da frase e para as suas unidades estruturais, levando-as a compreender a diferença entre estes e os modificadores. Ex: Reduz o mais possível as frases sem lhes retirares o sentido: Na semana passada, o Pedro guardou os esquis no armário do quarto. A solução seria O Pedro guardou os esquis. (iv) Manipulação envolvendo segmentação – Nesta tarefa, pretende-se que a criança identifique as partes fundamentais das estruturas frásicas, permitindo identificar unidades estruturais da frase e sua função: Ex: Ouve com atenção a frase que eu vou dizer: O Pedro comeu gelatina. Quais são os bocados mais importantes da frase? (v) Manipulação envolvendo deslocação – Este tipo de actividades pode ser utilizada para identificar unidades estruturais da frase e para sensibilizar as crianças para o papel do contexto na selecção da ordem de palavras mais adequada. Ex: Constrói a frase que te parecer mais adequada ao seguinte contexto: Alguém diz que a Ana está na piscina. Tu sabes que quem lá está é o Pedro. Não dizes: O Pedro está na piscina; dizes: Quem está na piscina é o Pedro. (vi) Complexidade sintáctica – Trata-se de tarefas que permitem sensibilizar a criança para a complexidade sintáctica: a. Juntar duas frases numa só - O bebé queria a chupeta. O pai deu-lhe a chupeta; 31 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação b. Escolher palavras de uma lista, para completar frases; c. Sublinhar a frase que está dentro da frase maior. Tendo em conta as investigações mencionadas, o estudo da consciência sintáctica parece ser relevante, não só por esta ser uma capacidade que permite compreender melhor as habilidades metalinguísticas das crianças, mas também pela importância que parece ter na aprendizagem da leitura e da escrita. Como tal, e sendo esta última uma área de extrema importância na prática profissional de um terapeuta da fala, torna-se cada vez mais necessária a existência de provas que nos permitam avaliar correctamente a consciência sintáctica, para que possa ser efectuado um plano de intervenção eficaz e direccionado para as reais dificuldades de cada criança. 32 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação 2. Metodologia No presente capítulo, explicitam-se os critérios metodológicos utilizados no estudo em desenvolvimento, apresentando-se: i) os objectivos e as hipóteses colocadas (secção 2.1); ii) a caracterização da amostra (secção 2.2); iii) o material e os procedimentos (secção 2.3); iv) o tratamentos de dados (secção 2.4). 2.1 Objectivos e Hipóteses Este estudo centra-se na área de investigação sobre avaliação da consciência sintáctica, aspecto que, em contexto nacional, não tem sido objecto de investigação, como registado na revisão bibliográfica efectuada no capítulo 1. O objectivo central deste estudo é, assim, o de contribuir para a construção de uma prova de avaliação de consciência sintáctica para o Português Europeu, através da construção e aplicação de uma tarefa de manipulação de categorias sintácticas. Para atingir o objectivo central acima referido, definiram-se os seguintes objectivos específicos para o trabalho: i. Mostrar se a categoria sintáctica da palavra-alvo condiciona o sucesso na tarefa de manipulação. ii. Verificar se a distribuição da palavra na frase condiciona o sucesso na tarefa de manipulação. iii. Identificar diferenças de desempenho na tarefa de manipulação de categorias sintácticas entre as crianças do 1º e do 4º ano de escolaridade. iv. Verificar se a variável género tem implicações no desempenho na tarefa de manipulação. Sabendo (i) que as palavras de uma língua se podem distinguir pela sua distribuição, i.e., pela posição que ocupam na cadeia sintagmática e que (ii) que a distribuição das palavras permite identificar a sua categoria sintáctica (cf. capítulo 1), colocam-se as seguintes hipóteses: Hipótese 1: A categoria sintáctica da palavra determina o grau de sucesso no desempenho na tarefa de manipulação. Hipótese 2: A distribuição da palavra-alvo na frase condiciona o grau de sucesso no desempenho da tarefa de manipulação. 33 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Estudos consultados sobre consciência linguística mostraram, em função do ano de escolaridade, que existem diferenças no desempenho de tarefas que recrutem este tipo de consciência. Veja-se Silva (2003), Afonso (2008) e Vicente (2009), entre muitos outros, para tarefas de consciência fonológica, e Sim-Sim (1998), Bowey (1986) Siegel & Ryan (1989) (citados por Cain, 2007), para tarefas de consciência sintáctica. Assim, coloca-se a seguinte hipótese: Hipótese 3: A tarefa de manipulação permite identificar diferenças no desempenho entre o 1º e o 4º anos de escolaridade. De acordo com os resultados obtidos por Sim-Sim (1998), não há diferenças estatisticamente significativas entre género, em provas de avaliação da linguagem oral. António (1998) também não encontrou diferenças significativas entre rapazes e raparigas, na realização dos diversos itens do Bankson Language Screening Test (1997). Contrastivamente, Mendes, Afonso, Lousada e Andrade (2009) construíram o teste Fonético-Fonológico ALPE, nos resultados do qual as crianças do género feminino apresentaram valores médios superiores às do género masculino. Contudo, tendo em conta que a maioria dos estudos consultados não identificaram diferenças entre géneros, estabeleceu-se a última hipótese: Hipótese 4: A variável género não tem implicações no desempenho na tarefa de manipulação. 2.2 Caracterização da amostra Os dados que se analisam nesta investigação foram produzidos por crianças que frequentavam o 1º e o 4º anos de escolaridade do Ensino Básico à data da recolha de dados, sendo provenientes de dois agrupamentos de escolas distintos e de um colégio: (i) Agrupamento de Escolas São VicenteTelheiras (Escola Básica Luz/Carnide) e Agrupamento de Escolas da Pontinha (Escola Básica Mello Falcão); (ii) Colégio José Álvaro Vidal, integrado numa Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) – Fundação CEBI. Assim, a amostra utilizada é constituída por 84 crianças, que responderam à tarefa de manipulação de categorias sintácticas apresentada na secção 2.3, sendo que as suas idades variam entre os 6:04 anos e os 10:05 anos. Destas crianças, 40 frequentavam o 1º ano e 44, o 4º ano do Ensino Básico. Os dados foram recolhidos por três investigadoras9 envolvidas no projecto referido na introdução 9 Ver nota 1. 34 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação desta tese, sendo que não se utilizaram os dados recolhidos pela investigadora da tarefa de supressão10. Construiu-se um documento para recolha de informações relativas à formação académica, idade e situação profissional dos pais/cuidadores das crianças avaliadas – ficha socioprofissional (cf. Apêndice I). A classificação do meio socioprofissional foi efectuada a partir da profissão dos pais (do pai ou da mãe, considerando a mais elevada), com utilização de uma escala11 com seis categorias (Apêndice II). Os dados foram agrupados em duas classes: classe 1 (tendencialmente alta) e classe 2 (tendencialmente baixa), conforme expresso no quadro abaixo. O Quadro 2 apresenta a caracterização da amostra em relação ao ano de escolaridade, ao género e ao meio socioprofissional. Quadro 2 – Caracterização da amostra relativamente a ano de escolaridade, género e meio socioprofissional. Idade Género Meio sócio profissional Masculino Feminino Classe 1 (tendencialmente alta) Classe 2 (tendencialmente baixa) 1º ano de escolaridade [6:04 – 7:11] n % 2º ano de escolaridade [9:01 – 10:05] n % 40 22 18 16 47,6% 26,2% 21,4% 19,0% 44 21 23 28 24 28,6 16 Total N % 52,4% 25,0% 27,4% 33,4% 84 43 41 44 100% 51,2% 48,8% 52,4% 19,0% 40 47,6% Conforme se pode observar no Quadro 2, a distribuição da amostra é homogénea em relação ao ano de escolaridade, género e meio socioprofissional. Importa salientar que a primeira faixa etária corresponde às crianças do 1º ano de escolaridade, com idade mínima de 6A3M (76 meses) e máxima de 7A11M (95 meses); a segunda faixa etária corresponde ao 4º ano de escolaridade, tendo a criança mais nova 9A01M (109 meses) e a criança mais velha, 10A05M (125 meses). Foram excluídas todas as crianças que não correspondessem aos seguintes critérios de inclusão: (i) ter como língua materna o Português e ser monolingue; (ii) frequentar o 1º ou o 4º ano de escolaridade do Ensino Básico pela primeira vez; (iii) ser filho de pais de nacionalidade portuguesa; (iv) não ter perturbações mentais ou sensoriais que pudessem interferir no normal desenvolvimento 10 Maria Auxilia Amaral, A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de supressão (em preparação). 11 Com base na Classificação Nacional das Profissões (1994), do Instituto de Emprego e Formação Profissional. 35 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação da linguagem e da fala, nem dificuldades na aquisição da leitura e escrita, detectadas pelos professores e/ou outros técnicos. A amostra recolhida é uma amostra não probabilística, seleccionada de acordo com a conveniência de cada investigadora e de acordo com o objectivo, pelo que é uma amostra de conveniência (Carmo & Ferreira, 1998) 2.3 Material e Procedimentos A realização desta investigação implicou a construção de uma tarefa de consciência sintáctica de manipulação de categorias sintácticas, integrada numa prova de avaliação de consciência sintáctica que contém, ainda, uma tarefa de reconstituição, uma tarefa de supressão e uma tarefa de identificação12. Nos trabalhos revistos na fundamentação teórica desta tese, não se encontrou a utilização da tarefa de manipulação para a avaliação da consciência sintáctica. Assim, como já foi referido no capítulo mencionado, a escolha deste tipo de tarefa foi baseada num paralelismo com as tarefas utilizadas para avaliação da consciência fonológica. Tendo em conta as capacidades e tarefas referidas para testar a consciência fonológica (secção 1.2: 25), optou-se por construir uma tarefa que implica capacidade de manipulação. Mais especificamente, optou-se pela construção de uma tarefa de manipulação de categorias sintácticas, em que é pedido à criança que memorize a frase e manipule a categoria sintáctica da palavra alvo, substituindo-a por outra. Assim, a tarefa de manipulação surge como uma tarefa de substituição de itens lexicais de determinadas categorias sintácticas, que implica a identificação da categoria a que a palavra pertence e a escolha de uma palavra adequada à sua substituição. Para a construção dos estímulos das quatro tarefas (reconstituição, supressão identificação e manipulação), estabeleceu-se o seguinte conjunto de critérios, a fim de uniformizar as tarefas: i. Controlo da extensão média dos enunciados – evitar estruturas sintácticas demasiado extensas, para evitar complexificar a tarefa em termos do recurso à memória de curto prazo; 12 Ver nota 1 36 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação ii. Controlo do conteúdo semântico dos itens lexicais - seleccionar itens lexicais cujo significado seja acessível à idade e experiência das crianças de ambos os anos de escolaridade; iii. Utilização exclusiva de nomes, verbos e adjectivos; iv. Utilização de nomes e de adjectivos em diferentes posições da frase; v. Manipulação de verbos de diferentes subclasses; vi. Controlo do formato fonológico dos itens – para evitar complexidade fonológica, seleccionaram-se itens lexicais: a. com o padrão acentual paroxítono (o mais comum no Português Europeu (Mateus et al., 2003)); b. com estruturas silábicas o mais próximas possível da estrutura CV, a mais frequente no PE (Andrade & Viana, 1993); c. com extensão média da palavra equivalente a dissílabo ou a trissílabo, por serem estas extensões de palavras as mais frequentes no léxico infantil (Vigário, Freitas e Frota, 2006); d. preferencialmente, sem a ocorrência de fenómenos de sândi no contacto entre palavras, para não perturbar a compreensão dos vários itens lexicais. No caso específico da tarefa de manipulação, optou-se por trabalhar a construção de itens focando apenas as seguintes categorias sintácticas: nomes, em duas posições, integrando o primeiro e o último constituinte da frase13; verbos intransitivos e transitivos directos; adjectivos com função predicativa e com função atributiva14. Inicialmente, construíram-se cerca de 12 frases para testar cada categoria sintáctica, sendo que na categoria verbo se considerou a substituição de verbos intransitivos, transitivos directos, transitivos indirectos e ditransitivos. Contudo, visto que a tarefa seria aplicada a crianças do 1º, tornava-se assim bastante extensa para ser aplicada em conjunto com as restantes tarefas, optou-se por utilizar seis frases para cada uma das três categorias. Optou-se, 13 Utilizar-se-á a etiqueta “posição inicial” para designar os casos em que o nome integra o 1º constituinte e a etiqueta “posição final” quando o nome integra o 2º constituinte. 14 São manipulados adjectivos que se integram em SAs com função predicativa e atributiva. 37 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação também, por não manipular verbos que seleccionam complementos preposicionais (como único complemento ou não), visto que a estrutura sintáctica seria, assim, mais complexa. Quanto à categoria sintáctica adjectivo, inicialmente considerou-se relevante a construção de frases com adjectivos que não tivessem antónimo. Contudo, tendo em conta as faixas etárias para as quais a tarefa é direccionada, esse objectivo tornou-se difícil de concretizar, pois foi necessário utilizar palavras que fizessem parte do léxico fundamental de todas as crianças, principalmente das mais novas. Uma vez que se pretendeu adequar a tarefa às crianças do 1º e do 4º anos, a construção dos itens foi baseada nos exemplos constantes em Duarte (2008) (cf. 14), que são direccionados para o Ensino Básico. (14) Exemplos para a tarefa de manipulação através de substituição, retirados de Duarte (2008:41) a) O menino jogou à bola. Inventa outras frases iguais em tudo menos na palavra menino. b) As bolas vermelhas estão no recreio Inventa outras frases iguais em tudo menos na palavra vermelhas. c) O Pedro tirou o carrinho ao Zé. Inventa outras frases iguais em tudo menos na palavra tirou. De forma a ilustrar a tarefa que se construiu no âmbito da presente tese, apresentam-se os itens utilizados para testar as categorias nome (cf. 15), verbo (cf. 16) e adjectivo (cf. 17). (15) Itens para manipulação da categoria nome: a) Este menino jogou à bola no recreio. b) Aquela boneca da Maria é cor-de-rosa. c) Aquela linda casa é grande. d) O Pedro tem um carro. e) Eu vi um grande livro. 38 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação f) O João vai à loja com a tia. Nos itens apresentados, pretende-se que a criança substitua o nome a negrito por outra palavra da mesma categoria sintáctico, sendo que, em (a) (b) e (c), o mesmo se encontra no primeiro constituinte da frase e, em (d) (e) e (f), no último. (16) Itens para manipulação da categoria verbo: a) O bebé chora quando acorda. b) As crianças dormem à noite. c) O meu pai dança. d) O João comprou um boneco. e) A Mariana lê o livro. f) A Sara pintou um desenho. Nos itens desta categoria, pretende-se que a criança substitua os verbos, sendo que, em (a), (b) e (c), os verbos são intransitivos e, em (d), (e) e (f), são transitivos. (17) Itens para manipulação da categoria adjectivo: a) O menino está zangado. b) Os cães são muito espertos. c) Aquela ponte é muito perigosa. d) O Noddy tem um barrete engraçado. e) Eu tenho um gato peludo. f) A mãe comprou uma saia rasgada. Finalmente, para a categoria adjectivo, a criança deverá substituir os adjectivos que integram Sintagmas Adjectivais com função predicativa (cf. 18(a)-(c)) e com função atributiva (cf. 18(d)-(f)), por outra palavra da mesma categoria sintáctica que possa ocorrer nessas posições. A ordem de execução da tarefa é simples, pedindo-se à criança para dizer uma frase igual à que lhe foi dita excepto na palavra a testar, que deve trocar por outra. É referido que se pretende que a 39 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação criança altere apenas essa palavra. Segue-se a transcrição do enunciado que consta do protocolo de aplicação da tarefa: Eu vou dizer-te umas frases e quero que digas outra frase igual em tudo menos na palavra que eu disser. Por exemplo “Esta saia da Ana é verde”. Diz outra frase igual em tudo menos na palavra saia. Só podes mudar mesmo esta palavra. Em vez de “Esta saia da Ana é verde”, poderíamos dizer “Esta pasta da Ana é verde”. Vou dar-te mais alguns exemplos. De seguida, são fornecidos à criança vários exemplos de cada categoria sintáctica manipulada na tarefa, para que ela seja levada a compreender a tarefa (cf. 18). Por sugestão do painel de validação, como será referido mais abaixo, colocaram-se alguns exemplos do que a criança não deveria fazer (cf. 18d). (18) (a) Aquele carro (gelado, caderno) é meu. 1. O João espirrou (cantou, saltou). 2. O sapato está roto (velho, estragado). 3. Aquele carro é meu – Aquele jogo é do João. Em (a), a palavra-alvo é um nome e, no item de treino, a mesma é substituída, separadamente, pelas duas palavras que se encontram dentro dos parênteses, para que a criança compreenda o que lhe é pedido. O mesmo se passa com os itens (b) e (c), sendo que, no primeiro, a palavra-alvo é um verbo e, no segundo, um adjectivo. O exemplo (d) é um exemplo incorrecto, em que se substituem duas palavras na frase com o objectivo de que a criança compreenda o que não deve fazer. Os itens do teste das várias categorias apresentam-se aleatoriamente, por forma a evitar fenómenos de interferência e/ou imitação, ou seja, se todos os itens referentes a nomes se encontrassem em sequência, as crianças poderiam focar-se em substituir sempre o nome, mesmo quando já não fosse essa a tarefa solicitada. Paralelamente, as outras três investigadoras envolvidas na concretização do presente projecto (cf. introdução desta tese) construíram as restantes tarefas descritas abaixo: a. Tarefa de reconstituição, com a qual se pretende que a criança identifique a gramaticalidade/agramaticalidade dos enunciados e, caso estes sejam agramaticais, que realize a respectiva correcção, sem qualquer tipo de justificação. Assim, uma frase como O irmão do Pedro joga futebol deverá ser reconhecida como gramatical, mas uma sequência como Os pais comeu uma 40 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação maçã deverá ser identificada como agramatical, tendo a criança de a corrigir, de forma a obter uma frase gramatical. No Quadro 3, apresentam-se as frases utilizadas para testar esta tarefa, integrada na prova de avaliação de consciência sintáctica usada no projecto comum às investigadoras referidas15. Quadro 3 - Frases utilizadas para testar a tarefa de reconstituição Frases 1-O irmão do Pedro joga futebol. 11-Casa é azul esta. 2-Os pai comeu uma maçã. 12-O menino escreveu um textos. 3-A até mãe comprou um gelado. 13-A casa hoje da tia está a ser pintada. 4-O pai comprou grande um carro. 14-Estas flores são brancas. 5-A menina pegou nos livro. 15-Este é o livro das menina. 6-Ela guardou os brinquedos. 16-O menino só apanhou uma flor pequenina. 7-A caneta é bonita do pai. 17-O carro do tios foi caro. 8-O menino comeu o ontem bolo. 9-A canetas ficou estragada. 10-Ontem eu comi massa. b. Tarefa de supressão, com a qual se pretende que a criança identifique os constituintes gramaticais que pode suprimir/omitir das frases apresentadas, mantendo-as gramaticais. O Quadro 4 apresenta todos os estímulos usados na aplicação na tarefa de supressão; os sublinhados remetem para os constituintes que a criança deveria suprimir16. Quadro 4 - Frases utilizadas para testar a tarefa de supressão Na sala o João arruma os livros. O João na sala arruma os livros. O João arruma os livros na casa. Os sapatos do pai são grandes. A mãe limpa os sapatos do pai. Em casa a Joana limpa o quarto. A Joana em casa limpa o quarto. A Joana limpa o quarto em casa. No Algarve a Sandra vai à piscina da tia. A Sandra vai à piscina da tia no Algarve. No parque a Sara perdeu a boneca. A Sara no parque perdeu a boneca. A Sara perdeu a boneca no parque. Frases Na rua a Carolina apanhou uma flor do jardim. A Carolina apanhou uma flor do jardim na rua. A casa da Sara tem um jardim. O menino foi a casa da Sara. Na escola a Francisca foi à sala da irmã. A Francisca foi à sala da irmã na escola. O carro do Manuel é amarelo. A ursa está no carro do Manuel. 15 Costa, Magda. A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de reconhecimento (em preparação). 16 Amaral, M. Auxília. A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de reconhecimento (em preparação). 41 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação c. Tarefa de identificação, com a qual se pretende que a criança identifique o item intruso num conjunto de três itens, ou seja, pretende-se que a criança identifique o enunciado cujas propriedades sintácticas diferem das dos outros dois. No Quadro 5, apresentam-se todos os itens que constituem a tarefa; a frase a negrito é a que corresponde a uma estrutura sintáctica diferente das duas com que é apresentada17. Quadro 5 – Frases utilizadas para testar a tarefa de identificação a) A mala é azul. b) A mala é minha. c) A mala é grande. a) A casa está aqui. b) A casa está pintada. c) A casa está bonita. a) A camisola de lã é minha. b) A camisola bem lavada é minha. c) A camisola muito grande é minha. a) A bola de futebol é branca. b) A bola de futebol é pequena. c) A bola de futebol é minha. a) A casa bem pintada está aqui. b) A casa de pedra está aqui. c) A casa muito grande está aqui. a) Fizemos muitos gelados. b) As meninas brincaram. c) Estes atletas correram. a) Os rapazes brincam na rua b) Lemos o jornal na rua. c) Aquelas senhoras caíram na rua. a) O João adormeceu na cama. b) Vi um filme na televisão. c) Esta menina brinca na rua. a) A tia mais alta espirrou. b) O amigo do João saiu. c) A mãe da Rita chegou. a) O livro muito grande caiu. b) O livro menos sujo caiu. c) O livro da menina caiu. a) Aquela menina loira é bonita. b) Os meninos altos são giros. c) Somos todos muito morenos. Frases a) O avô do João joga xadrez. b) As irmãs da mãe cozinham bem. c) Brinquei com os meus primos. a) Fizemos um trabalho grande. b) Fantasmas metem muito medo c) Elefantes são animais selvagens. a) Limões são frutos amarelos. b) Coelhos comem muitas cenouras. c) Brincamos sempre no intervalo. a) Bolos são guloseimas boas. b) Encontrámos uma boneca grande. c) Elefantes são animais grandes. a) O pai comprou um carro. b) A minha sobrinha já nasceu. c) O jogador de futebol caiu. a) Os colegas da escola sorriram b) A avó da Rita espirrou. c) O pai lê o jornal. a) Ela comprou um livro. b) O bebé dorme bem. c) Aquela criança chora muito. a) A mãe embala o bebé. b) O Pedro foi a Paris. c) Este menino escreveu um livro. a) A tia fez um sumo. b) O pai ouviu a música. c) O atleta mais alto caiu. a) Os músicos ganharam o concurso. b) Estes alunos estudaram muito bem. c) As irmãs compraram um bolo. Apresenta-se, de seguida, a totalidade da prova de avaliação da consciência sintáctica construída no âmbito do projecto apresentado na introdução da presente tese. As tarefas e os respectivos itens foram apresentados na ordem que se segue. 17 Castanheira, Ana Rita. A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de identificação (em preparação). 42 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação I - TAREFA DE RECONSTITUIÇÃO: Instrução: Eu vou dizer-te umas frases. Algumas estão correctas e outras erradas. Primeiro, quero que me digas se a frase está certa ou errada; se estiver errada, tens de a corrigir e dizê-la de forma correcta, sem tirares nem pores mais palavras. Por exemplo, a frase O menino comprou um rebuçado está correcta. Mas a frase As menina andou de carro está errada, porque, para estar correcta, temos de dizer A menina andou de carro. Vou dar-te outro exemplo: a frase Eu caderno escrevo no está incorrecta porque as palavras estão na ordem errada. O correcto é Eu escrevo no caderno. Entendeste? Itens de treino (o terapeuta diz a frase, após a resposta da criança, deve ajudá-la, produzindo a frase gramatical): a) A menina gosta das boneca. (após a resposta da criança, dizer: a frase está errada porque o correcto é dizer A menina gosta da boneca. b) O cão é preto. (após a resposta da criança, dizer: a frase está certa!) c) O só pai tem um telemóvel. (após a resposta da criança, dizer: a frase está errada porque a frase certa é O pai só tem um telemóvel. Itens de teste (o terapeuta regista a resposta da criança): Frase 1-O irmão do Pedro joga futebol. 2-Os pai comeu uma maçã. 3-A até mãe comprou um gelado. 4-O pai comprou grande um carro. 5-A menina pegou nos livro. 6-Ela guardou os brinquedos. 7-A caneta é bonita do pai. 8-O menino comeu o ontem bolo. 9-A canetas ficou estragada. 10-Ontem eu comi massa. 11-Casa é azul esta. 12-O menino escreveu um textos. 13-A casa hoje da tia está a ser pintada. 14-Estas flores são brancas. 15-Este é o livro das menina. 16-O menino só apanhou uma flor pequenina. 17-O carro do tios foi caro. Compreensão Expressão II – TAREFA DE SUPRESSÃO Instrução - Eu vou dizer-te umas frases. Quero que tu me digas o que é que podes tirar da frase de forma a ficar uma frase boa, que se perceba. Por exemplo, para a frase Na cozinha, a Maria varre o chão podemos dizer só A Maria varre o chão porque a frase fica bem na mesma se retirarmos na cozinha. Vou dar-te outro exemplo: No cinema o João viu um filme de aventuras. Nesta frase, podemos tirar duas coisas no cinema e de aventuras porque a frase O João viu um filme já é boa. Percebeste? Itens de treino (o terapeuta diz a frase, dá a instrução e volta a repetir a frase, pedindo para retirar o que for necessário de forma a que se obtenha uma frase gramatical): 43 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação I - Estrutura SV II - Estrutura N Na cozinha a Maria varre o chão. A loja da mãe é grande. A Maria na cozinha varre o chão. A menina brinca em casa da mãe. A Maria varre o chão na cozinha. III - Estrutura SN + V No campo a avó apanha flores. No cinema o João viu um filme de aventuras. A avó no campo apanha flores. No parque a Maria comprou um gelado de A avó apanha flores, no campo. morango. Itens de teste (Novamente o terapeuta diz a frase, dá a instrução e volta a repetir a frase registando a resposta da criança): Frases Resposta 1. Na sala o João arruma os livros. O João na sala arruma os livros. O João arruma os livros na casa. 2. Os sapatos do pai são grandes. A mãe limpa os sapatos do pai. 3. Em casa a Joana limpa o quarto. A Joana em casa limpa o quarto. A Joana limpa o quarto em casa. 4. No Algarve a Sandra vai à piscina da tia. A Sandra vai à piscina da tia no Algarve. 5. No parque a Sara perdeu a boneca. A Sara no parque perdeu a boneca. A Sara perdeu a boneca no parque. 6. Na rua a Carolina apanhou uma flor do jardim. A Carolina apanhou uma flor do jardim na rua. 7. A casa da Sara tem um jardim. O menino foi a casa da Sara. 8. Na escola a Francisca foi à sala da irmã. A Francisca foi à sala da irmã na escola. 9. O carro do Manuel é amarelo. A ursa está no carro do Manuel. 44 Cotação 1–0 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação III – TAREFA DE IDENTIFICAÇÃO Instrução: Eu vou dizer-te três frases. Há uma que não pertence ao grupo. Quero que me digas qual é a frase que não pertence ao grupo, a que achas que é diferente. Por exemplo, nas frases (a) O João é bonito; (b) O João é alto e (c) O João é meu, a frase (c) não pertence ao grupo. Itens de treino (a terapeuta produz as 3 frases, dá a instrução e diz se a resposta está ou não correcta): Adjectivos: a) A bola é amarela. a) As calças de fazenda são minhas. b) A bola é minha. b) As calças muito rasgadas são minhas. c) A bola é grande. c) As calças bem passadas são minhas. Nomes: a) Os rapazes correram. a) Esta menina brinca no recreio. b) Estas meninas chegaram. b) Vi um jogo na televisão. c) Comemos muitos bolos. c) O pai lê o jornal. Verbos: a) A mãe comprou um jogo. a) O avô assistiu ao filme. b) O bebé da Rita nasceu. b) A mãe escreveu uma carta. c) Esta meninas das tranças caiu. c) A Rita obedeceu à mãe. Itens de teste (a terapeuta regista a resposta da criança, sem qualquer tipo de ajuda): Adjectivos 1. a) A mala é azul. 2. a) A casa está aqui. b) A mala é minha. b) A casa está pintada. c) A mala é grande. c) A casa está bonita. 3. a) A bola de futebol é branca. 4. b) A bola de futebol é pequena. b) A casa de pedra está aqui. c) A bola de futebol é minha. c) A casa muito grande está aqui. 5. a) A casa bem pintada está aqui. a) A camisola de lã é minha. b) A camisola bem lavada é minha. c) A camisola muito grande é minha. Nomes 6. a) Fizemos muitos gelados. 7. a) Os rapazes brincam na rua b) As meninas brincaram. b) Lemos o jornal na rua. c) Estes atletas correram. c) Aquelas senhoras caíram na rua. 8. a) O João adormeceu na cama. 9. b) Vi um filme na televisão. b) O amigo do João saiu. c) Esta menina brinca na rua. c) A mãe da Rita chegou. 10. a) O livro muito grande caiu. 11. a) Aquela menina loira é bonita. b) O livro menos sujo caiu. b) Os meninos altos são giros. c) O livro da menina caiu. c) Somos todos muito morenos. 12. a) O avô do João joga xadrez. 13. a) Fizemos um trabalho grande. 45 a) A tia mais alta espirrou. A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação b) As irmãs da mãe cozinham bem. b) Fantasmas metem muito medo c) Brinquei com os meus primos. c) Elefantes são animais selvagens. 14. a) Limões são frutos amarelos. 15. a) Bolos são guloseimas boas. b) Coelhos comem muitas cenouras. b) Encontrámos uma boneca grande. c) Brincamos sempre no intervalo. c) Elefantes são animais grandes. Verbos Verbos intransitivos 16. a) O pai comprou um carro. 17. a) Os colegas da escola sorriram b) A minha sobrinha já nasceu. b) A avó da Rita espirrou. c) O jogador de futebol caiu. c) O pai lê o jornal. 18. a) Ela comprou um livro. b) O bebé dorme bem. c) Aquela criança chora muito. 19. 21. Verbos transitivos directos a) A mãe embala o bebé. 20. a) A tia fez um sumo. b) O Pedro foi a Paris. a) O pai ouviu a música. c) Este menino escreveu um livro. b) O atleta mais alto caiu. a) Os músicos ganharam o concurso. b) Estes alunos estudaram muito bem. c) As irmãs compraram um bolo. O Quadro seguinte é a folha de registo desta tarefa. Estimulo a) Adjectivos 1. 2. 3. 4. 5. 6. Nomes 7. 8. 9. 46 Resultado b) c) Pontuação A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação 10. 11. 12. 13. 14. 15. Verbos - Verbos intransitivos 16. 17. 18. - Verbos transitivos directos 19. 20. 21. IV – TAREFA DE SUBSTITUIÇÃO Instrução: Eu vou dizer-te umas frases e quero que digas outra frase igual em tudo menos na palavra que eu disser. Por exemplo: Esta saia (pasta, boneca) da Ana é verde. Diz outra frase igual em tudo menos na palavra X. Só podes mudar mesmo esta palavra. Assim, poderíamos dizer Esta pasta da Ana é verde. Vou dar-te mais alguns exemplos: Itens de treino (o terapeuta diz a frase, dá a instrução e volta a repetir a frase, dando a hipótese de substituição): a) Aquele carro (gelado, caderno) é meu. b) Esse menino tem um jogo (lápis, computador) c) O João espirrou (cantou, saltou). d) A menina fez (bebeu, entornou) um sumo. e) O sapato está roto (velho, estragado). f) O Miguel tem uma bola furada (redonda, pequena). Itens de treino pela negativa (itens representativos daquilo que a criança não deve fazer): a) Aquele carro é meu – Aquele jogo é do João. b) A menina fez um sumo – A menina comprou um bolo. c) O sapato está roto – O casaco está roto. 47 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Itens de teste (Novamente o terapeuta diz a frase, dá a instrução e volta a repetir a frase registando a resposta da criança): Frase Substituição 1- Este menino jogou à bola no recreio. 2- O bebé chora quando acorda. 3- O menino está zangado. 4- As crianças dormem à noite. 5- Aquela boneca da Maria é cor-de-rosa. 6- Os cães são muito espertos. 7- O meu pai dança. 8- Aquela linda casa é grande. 9- O João comprou um boneco. 10- Aquela ponte é muito perigosa. 11- O Pedro tem um carro. 12- O Noddy tem um barrete engraçado. 13- Eu vi um grande livro. 14- Eu tenho um gato peludo. 15- A Mariana lê o livro. 16- O João vai à loja com a tia. 17- A Sara pintou um desenho. 18- A mãe comprou uma saia rasgada. Terminada a construção da prova, realizou-se a validação dos seus conteúdos através de um painel de validação constituído por um grupo de cinco especialistas na área da Linguística e da Terapia da Fala: a) duas especialistas em Linguística, doutoradas na área da Sintaxe; b) uma especialista em Linguística, doutorada na área de Aquisição da Fonologia; c) uma especialista em Terapia da Fala e doutoranda em Linguística Aplicada - área da Sintaxe; d) uma especialista em Terapia da Fala, Mestre na área das Perturbações Específicas do Desenvolvimento da Linguagem. No caso da tarefa de manipulação, as indicações do painel de validação prenderam-se com a já referida criação de itens exemplificativos do a criança não deveria fazer, para que a ordem de execução da tarefa fosse mais clara, e com a alteração de uma das frases relativa à categoria sintáctica verbo, por questões de ordem semântica. Assim, a frase 15), inicialmente, A Mariana adora o livro passou a A Mariana lê o livro, uma vez que, sendo a primeira uma combinação menos esperada na língua portuguesa, a substituição poder-se-ia tornar mais complicada para as crianças. Após a conclusão da fase de construção das tarefas, realizou-se um pré-teste com cerca de 5% dos elementos da amostra (10 elementos de um universo que se pensava ser de 200 crianças), de ambos 48 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação os níveis de escolaridade estudados (1º e 4º anos do Ensino Básico). Visto que não foram detectadas dificuldades na compreensão das tarefas, passou-se à fase de aplicação da tarefa à totalidade da amostra. Cada uma das quatro investigadoras envolvidas no projecto referido na introdução aplicou a totalidade das tarefas construídas, registando as respostas em suporte áudio18 e por escrito, numa folha de registo (Apêndice III), respeitando a mesma ordem de aplicação: a) tarefa de reconstituição; b) tarefa de supressão; c) tarefa de identificação; d) tarefa de manipulação. As tarefas foram apresentadas oralmente a cada aluno individualmente, sendo fornecida a instrução referida na construção das tarefas, na secção 2.3, e foram dados diversos itens de treino adequados ao nível de escolaridade das crianças. Só se avançou para a aplicação da tarefa após as crianças terem compreendido o que lhes era pedido. A avaliação de cada criança demorou entre 15 e 30 minutos. Para a aplicação das quatro tarefas construídas, adoptou-se um conjunto de normas, seguidas pelas investigadoras. Cada criança seleccionada foi retirada da sala de aula e conduzida a uma sala isolada, onde a investigadora explicou o que se iria fazer. Para colocar a criança mais à vontade, efectuaram-se algumas questões pessoais referentes a nome, idade, actividades preferidas, equipa de futebol favorita, etc. Explicou-se que o gravador servia para gravar a conversa e, seguidamente, iniciou-se a aplicação das tarefas. Houve a preocupação de produzir as frases apresentadas com entoação declarativa e sem marcação prosódica de qualquer constituinte da frase. O registo das respostas foi, como referido anteriormente, realizado em áudio e em registo escrito, através da folha de registo. Para obter a autorização para realização do estudo nos Agrupamentos e no Colégio já referidos, foi elaborado um documento (Apêndice IV), entregue na Direcção dos mesmos, que explicava sucintamente o que era pretendido. Após a obtenção da autorização, realizou-se uma reunião com a coordenadora da escola escolhida para a realização do estudo, com o objectivo de agendar datas de entrega do documento para obtenção da autorização dos Encarregados de Educação (Apêndice V) e para a aplicação das tarefas. Após a autorização dos mesmos, aplicaram-se as tarefas à amostra. 18 Existem gravações áudio das respostas, contudo, por razões de ordem técnica, não existe a gravação áudio de seis dos sujeitos. 49 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação 2.4 Tratamento de dados Após a recolha dos dados, foi efectuada a cotação das respostas de todas as crianças. Para a tarefa estudada nesta tese (tarefa de manipulação) as respostas consideradas erradas foram cotadas com o valor zero (0) e as respostas consideradas correctas foram cotadas com o valor um (1), sendo que o valor total da cotação para a tarefa é de 18. Visto que são testadas três categorias sintácticas diferentes, com seis enunciados em cada uma (secção 2.3), a subcotação de cada categoria tem o valor total de seis (6). Consideraram-se respostas correctas todas as substituições adequadas dentro da mesma categoria sintáctica e sem alteração do número de palavras na frase fornecida. Apesar da instrução dada no início da aplicação da tarefa, algumas crianças responderam com apenas uma palavra (menina), ou parte da frase (Esta menina), e não a frase inteira. Foram consideradas correctas as respostas em que a substituição da palavra-alvo permitia a reconstituição gramatical da frase apresentada. No Quadro 6, é fornecida a informação relativa ao tipo de respostas consideradas erradas. 50 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Quadro 6 - Tipologia das respostas consideradas erradas Tipo de Erro Manipulação do sintagma em vez do núcleo Descrição Este menino jogou à bola no recreio Substituição, usando mais do que uma palavra Eu tenho um gato peludo Eu tenho um gato com pouco pêlo Omissão de uma expressão dentro do sintagma Os cães são muito espertos Os cães são burros O meu pai dança O meu pai dança A Mariana lê o livro O meu pai senta O meu pai limpa A Mariana põe o livro Os cães são muito espertos Os cães não são muito espertos Aquela linda casa é grande O bebé chora quando acorda O Noddy tem um barrete engraçado O Pedro tem um carro Este menino jogou à bola no recreio O meu pai dança Aquela linda manhã As crianças dormem à noite Aquela linda casa é grande Eu vi um grande livro As crianças acordem à noite Aquela linda casinha é grande Eu vi um pequeno livro Aquela boneca da Maria é cor de rosa Eu tenho um gato peludo _______ Aquela árvore é da Maria Nome Verbo Adjectivo Alteração de Género e/ou Número Alteração morfológica com preservação da base Tempo verbal Conjugação Diminutivos Identificação incorrecta da palavra a substituir Construção de uma frase nova Uso de palavras não existentes no PE Ausência de resposta Exemplos Incorrectos Esta menina jogou à bola no recreio Substituição de mais do que uma palavra no sintagma Alteração de propriedades sintácticas originando agramaticalidade Transformação de frase afirmativa em negativa Inadequação semântica Item Inicial 51 O bebé dorme quando acorda O Noddy tem um barrete tonto O Pedro tem uma banana Estas crianças jogaram à bola no recreio O meu pai dançou Eu tenho um gato fafarrudo _______ A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação É importante referir que, no tipo de erro substituição de mais do que uma palavra no sintagma, são contabilizadas, também, as alterações de género, como no exemplo fornecido Este menino – Esta menina (Esta menina jogou à bola no recreio). Como tal, várias respostas são contabilizadas em mais do que um tipo erro: por exemplo, o item incorrecto referido para o tipo de erro alteração de género e/ou número será contabilizado neste mesmo tipo e na substituição de mais do que uma palavra no sintagma. No tipo de erro substituição usando mais do que uma palavra, contabilizaram-se todos os casos em que a criança introduziu outras palavras no sintagma que contém a palavra-alvo, como no exemplo Eu tenho um gato peludo, em que a criança substituiu peludo por com pouco pêlo. Incluem-se também nesta categoria de erro os casos de alteração das propriedades sintácticas, como, por exemplo, a substituição de um verbo intransitivo por um verbo transitivo, com a devida introdução do complemento deste último. Assim, no tipo de erro alteração de propriedades sintácticas originando agramaticalidade, contabilizaram-se apenas os casos em que a substituição originou sequências agramaticais por violação das propriedades sintácticas da palavra-alvo, como nos O meu pai senta; O meu pai limpa; A Mariana põe o livro. A omissão de expressões dentro do sintagma (Os cães são burros como resposta a Os cães são muito espertos), foi considerada incorrecta, visto que a alteração do número de palavras da frase implica alteração da estrutura interna dos constituintes e, como tal, alteração da estrutura sintáctica da frase. As respostas sintacticamente bem-formadas mas anómalas do ponto de vista semântico (Aquela linda manhã é grande; O bebé dorme quando acorda; O Noddy tem um barrete tonto) foram cotadas como incorrectas por se considerar que os falantes de uma língua só conhecem verdadeiramente as palavras dessa língua quando são capazes de manipular as suas propriedades semânticas e sintácticas. Ou seja, quando se adquire uma nova palavra, adquire-se a informação sobre a sua categoria, a informação sobre as propriedades de selecção categorial e a informação semântica (propriedades de selecção semântica e restrições de selecção). Assim, a criança, ao proceder à substituição, deveria respeitar todas as propriedades lexicais do item para que a sua resposta fosse cotada como correcta. Visto que as formas verbais não são marcadas quanto a género, a não ser no caso do particípio passado, no capítulo da apresentação e discussão dos resultados, na secção da categoria sintáctica 52 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação verbo, o tipo de erro alteração de género e/ou número será referida como alteração de pessoa e/ou número. O tipo de erro alteração morfológica com preservação da base inclui: (i) alteração do tempo verbal (O meu pai dançou como resposta a O meu pai dança), (ii) problemas de conjugação (As crianças acordem à noite como resposta a As crianças dormem à noite) e (iii) utilização de diminutivos (Aquela linda casinha é grande como resposta a Aquela linda casa é grande). Importa referir que se consideraram correctas as substituições por sinónimos ou antónimos da palavra pedida, visto que é mantida a categoria da palavra-alvo, como pretendido nesta tarefa. Seguem-se os respectivos exemplos (Quadro 7). Quadro 7 - Exemplos de substituição por sinónimos e antónimos 1) Este menino jogou à bola no recreio Sinónimo Antónimo Este rapaz jogou à bola no _________ recreio 2) O bebé chora quando _________ acorda O bebé ri/sorri quando acorda 3) O menino está zangado O menino está furioso O menino está contente/feliz/alegre 4) Os cães são muito espertos 5) O meu pai dança 6) O Pedro tem um carro Os cães são muito Os cães são muito burros inteligentes O meu pai baila _________ O Pedro tem um automóvel _________ Para análise e tratamento de dados, construiu-se uma base de dados no programa informático Statistic Package for the Social Sciences (SPSS) 17.0, onde se inseriram os dados obtidos no processo de recolha e as variáveis a explorar (número do sujeito; idade; género; ano de escolaridade; meio socioprofissional; frases da tarefa identificadas por categoria e por posição, subclasse e função). Após a construção da base de dados, foram inseridos os dados de todos os sujeitos. De acordo com os objectivos específicos estabelecidas nesta investigação, criou-se uma nova variável (Grupo), no programa acima referido, que articula o ano de escolaridade com o género, de modo a facilitar a análise estatística. Assim, como se pode verificar no Quadro 8, o n total em cada grupo é inferior a 30. 53 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Quadro8 - Número total de sujeitos em cada grupo 1º ano género feminino N 18 1º ano género masculino N 22 4º ano género feminino N 23 4º ano género masculino N 21 De acordo com Maroco (2003: 47), “De um modo geral assume-se que para amostras de dimensão superior a 30 (i.r., amostras grandes) a distribuição da média amostral é normal. Particularmente quando a dimensão da amostra não permite a aplicação do teorema do limite central torna-se necessário o recurso a métodos que não exigem à partida nenhum pressuposto sobre a forma distribuição normal (Métodos não paramétricos)”. Deste modo, foi necessário aplicar testes de normalidade a todas as variáveis em estudo, para averiguar a possibilidade de utilização de estatística paramétrica. Como se pode observar nos Quadros 175 a 177 (Apêndice VI), o requisito da normalidade da amostra não está preenchido, pelo que se optou por aplicar estatística não paramétrica. Assim, o tratamento estatístico envolveu análise descritiva dos dados, a qual está relacionada com a recolha, organização, análise e interpretação de dados empíricos (Martinez & Ferreira, 2007). Recorreu-se, igualmente, a estatística inferencial, através da utilização de estatística não paramétrica, mais especificamente dos testes Mann-Whitney, para averiguar a existência das diferenças entre género e entre subgrupo dentro de cada categoria e dos testes Kruskall Wallis e, novamente, Mann-Whitney para análise da pontuação total. O nível de significância usado foi p <0.05. 54 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação 3. Apresentação, Descrição e Comentário dos Resultados No presente capítulo proceder-se-á à apresentação, descrição e comentário dos resultados obtidos nas seguintes secções: i) dados relativos à categoria sintáctica da palavra-alvo (secção 3.1) ii) dados relativos à distribuição da palavra-alvo (secção 3.2); iii) comparação das variáveis ano de escolaridade e género (secção 3.3); v) comentário dos resultados (secção 3.4). 3.1. A categoria sintáctica da palavra-alvo 3.1.1. Nome Como já foi referido na secção 2.3, a categoria nome foi testada em duas posições: integrando o primeiro e o último constituinte da frase19. Os itens construídos com este propósito encontram-se listados em (19), em que os itens (a)-(c) contêm o nome no primeiro constituinte; os itens (d)-(f) testam o nome no último constituinte da frase. (19) Itens utilizados para testar a categoria nome. a) [Este menino] jogou à bola no recreio. (frase 1) b) [Aquela boneca da Maria] é cor-de-rosa. (frase 5) c) [Aquela linda casa] é grande. (frase 8) d) O Pedro [tem um carro]. (frase 11) e) Eu [vi um grande livro]. (frase13) f) O João [vai à loja com a tia]. (frase 16) Estas duas posições, assinaladas com parênteses rectos em (19), são manipuladas com o objectivo de verificar se um maior grau de encaixe do SN de que o nome a testar é núcleo condiciona, de alguma forma, o sucesso na tarefa. 3.1.1.1. 1º ano de escolaridade Nesta secção, apresentam-se os resultados relativos à substituição de itens lexicais da categoria sintáctica nome pelas crianças do 1º ano de escolaridade. 19 Ver nota 13. 55 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação No Quadro 9, apresentam-se os resultados globais do 1º ano para a categoria nome. Recorde-se que existem 40 sujeitos neste ano de escolaridade, pelo que a totalidade de respostas para esta categoria é 240. Quadro 9 – Frequências e percentagens de respostas correctas e incorrectas para a categoria nome, no 1º ano de escolaridade Frequência Percentagem Respostas correctas 124 51,67% Respostas incorrectas 116 48,33% Total 240 100% Através da análise do Quadro 9, observa-se que, em termos globais, as respostas se dividem equitativamente, visto existirem aproximadamente 50% de respostas correctas e 50% de respostas incorrectas. No Quadro seguinte, apresentam-se exemplos de respostas correctas e incorrectas a cada um dos itens relativos à categoria nome.20 Quadro 10 - Exemplos de respostas correctas e incorrectas da categoria nome, no 1º ano de escolaridade Item de Teste Respostas Correctas Respostas Incorrectas a) Este menino jogou à bola no Este rapaz jogou à bola no recreio Esta menina jogou à bola no recreio recreio (sujeito 76) (sujeito 10) b) Aquela boneca da Maria é cor- Aquela camisola da Maria é cor-de- Aquele jogo da Maria é cor-de-rosa de-rosa rosa (sujeito 9) (sujeito 12) c) Aquela linda casa é grande Aquela linda boneca é grande (sujeito Aquela vivenda é grande (sujeito 16) 9) d) O Pedro tem um carro O Pedro tem um jipe (sujeito 11) O Pedro tem uma linda mota (sujeito 10) e) Eu vi um grande livro Eu vi um grande dinossauro (sujeito 9) Eu vi um pequeno livro (sujeito 49) f) O João vai à loja com a tia O João vai à loja com a mãe (sujeito 9) O João vai à loja com os amigos (sujeito 10) Dado que a Hipótese 4 tem em conta a variável género procedeu-se a uma análise dos resultados em função desta variável. Os resultados globais, relativos às 22 crianças do sexo masculino e às 18 do 20 Os itens a substituir e as substituições feitas pelos sujeitos encontram-se assinaladas a negrito. 56 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação sexo feminino no 1º ano apresentam-se no Quadro 11. Considerando o número de sujeitos de cada género existem 132 dadas por rapazes e 108, dadas por raparigas. Quadro 11 - Frequências e percentagens de respostas correctas e incorrectas, por género, aos itens que testam a categoria nome, no 1º ano de escolaridade Masculino (N=22) Total Feminino (N=18) Total Respostas Respostas Respostas Respostas Correctas Incorrectas Correctas Incorrectas 64 68 132 60 48 108 48,48% 51,51% 100% 55,56% 44,44% 100% Frequência Percentagem Como se pode observar no Quadro 11, os sujeitos do género masculino apresentam uma percentagem de respostas correctas próxima da percentagem de respostas incorrectas, sendo a frequência destas últimas ligeiramente superior à frequência das primeiras. No género feminino, a diferença entre respostas correctas e incorrectas é maior e, ao contrário dos rapazes, as raparigas apresentam uma maior frequência de respostas correctas. Para averiguar a existência de diferenças e a significância das mesmas, entre géneros na pontuação total da categoria nome, aplicou-se o teste estatístico Mann-Whitney (Quadro 12) Quadro 12 - Teste de Mann-Whitney para a pontuação total da categoria nome, no 1º ano de escolaridade Grupo Média de MannWhitney M ± DP Mínimo Máximo Rank 3,33±1,50 ,00 6,00 24,89 1º ano género feminino U = 119,00 n = 18 p = 0,031 1º ano género 2,91±1,66 ,00 6,00 16,91 masculino n= 22 Tendo em conta os dados apresentados no Quadro acima, existem diferenças estatisticamente significativas entre géneros, sendo que as raparigas apresentam uma média de respostas correctas mais elevada do que os rapazes. 57 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação 3.1.1.1.1. Respostas correctas Nesta secção, analisam-se respostas correctas a cada item da categoria nome, bem como a sua frequência. Tal como já foi referido, a percentagem de respostas correctas para a categoria nome nas crianças de 1º ano de escolaridade foi de 51,67% (124/240) distribuídos por todos os itens que envolvem a categoria em causa. No que se segue, apresentam-se os dados relativos a cada item da frase. Frase 1 - Este menino jogou à bola no recreio. Quadro 13 - Respostas correctas para a frase 1, no 1ºano de escolaridade Itens correctos Frequência rapaz 4 primo 1 homem 1 senhor 1 pai 1 miúdo 2 amigo 1 ladrão 1 Frase 5 – Aquela boneca da Maria é cor-de-rosa. Quadro 14 - Respostas correctas para a frase 5, no 1º ano de escolaridade Itens correctos Frequência saia 3 camisola 6 flor 3 ursinha 1 garrafa 1 borboleta 1 pintura 1 mochila 1 trança 1 58 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Frase 8 - Aquela linda casa é grande. Quadro 15 - Respostas correctas para a frase 8, no 1º ano de escolaridade Itens correctos Frequência Itens correctos Frequência mota 1 quinta 2 boneca 4 árvore 1 Cadela 1 mochila 1 tenda 1 casota 1 rua 1 piscina 3 porta 1 flor 3 loja 1 Frase 11 – O Pedro tem um carro. Quadro 16 - Respostas correctas para a frase 11, no 1º ano de escolaridade Itens Frequência Itens correctos Frequência correctos autocarro 1 avião 1 comboio 1 lápis 2 jogo 3 skate 1 boneco 5 placard 1 chupa 1 brinquedo 1 camião 2 táxi 1 bolo 1 59 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Frase 13 - Eu vi um grande livro. Quadro17 - Respostas correctas para a frase 13, no 1º ano de escolaridade Itens Correctos Frequência Itens Correctos Frequência Jogo 1 menino 1 Boneco 2 computador 3 Garrafão 1 elefante 1 Carro 3 papel 1 Dinossauro 1 jardim 1 Filme 4 macaco 1 Caderno 2 espantalho 2 Comboio 1 chapéu 1 Homem 1 crocodilo 1 Camião 1 gigante 1 Cinema 1 Frase 16 - O João vai à loja com a tia. Quadro18 - Respostas correctas para a frase 16, no 1º ano de escolaridade Itens Correctos Frequência mãe 19 prima 1 avó 1 Tendo em conta os dados apresentados nos Quadros 13 a 18, existe uma grande variedade de respostas em todas as frases, principalmente na frase 13 Eu vi um grande livro, para a qual são dadas 21 respostas diferentes. Nas respostas a alguns itens, as crianças substituíram a palavra-alvo por um sinónimo ou por outra palavra do mesmo campo semântico. No caso de sinónimos, vejam-se as duas respostas mais frequentes à frase 1 (Quadro 13), rapaz e miúdo, que substituem o nome menino. 60 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Por sua vez, as respostas à frase 16 O João vai à loja com a tia, são ilustrativas da selecção exclusiva de palavras do mesmo campo semântico – o das relações de parentesco (Quadro 18). O mesmo aconteceu relativamente à frase 11. O Pedro tem um carro, em que a palavra-alvo é substituída ainda que não maioritariamente, por outros itens que designam meios de transporte, como autocarro, comboio, camião, avião e táxi. 3.1.1.1.2. Respostas incorrectas Na presente secção, apresentam-se as respostas incorrectas com base na tipologia de erros que consta do capítulo 2. Tal como referido, neste capítulo, algumas respostas são incluídas em mais do que um tipo de erro sendo que, quando tal acontece, a resposta é apresentada e discutida em mais do que uma secção. Recorde-se que a percentagem de respostas incorrectas, no primeiro ano de escolaridade, para a categoria nome foi de 48,33% ( 116/240). A. Manipulação do sintagma em vez do núcleo (i) Substituição de mais do que uma palavra no sintagma Neste tipo de erro, contabilizaram-se todos os casos em que as crianças alteram mais do que uma palavra dentro do SN que integra o nome a testar, incluindo aqueles em que foi seleccionado um nome com traços de número e/ou género diferentes dos da palavra-alvo, o que implicou a substituição de mais do que um item: o nome, o determinante e nos casos em que é alterado o número, o verbo. Estes casos foram, também, contabilizados no tipo de erro alteração de género e/ou número. Apresentam-se, de seguida, as respostas incorrectas, para cada item que testa a categoria nome. 61 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Frase 1 – Este menino jogou à bola no recreio. Quadro 19 - Substituição de mais do que uma palavra no sintagma, para a categoria nome no 1º ano de escolaridade – frase 1 Item Incorrecto Frequência Esta menina jogou à bola Item Incorrecto 11 Frequência Essa menina jogou à bola no recreio 1 no recreio A menina jogou à bola no 1 O amigo jogou à bola no recreio 1 recreio Aquele senhor jogou à bola 1 O pai 1 Ele jogou à bola no recreio 1 O menino brincou à bola 1 no recreio O tio jogou à bola no 1 recreio Frase 5 – Aquela boneca da Maria é cor-de-rosa. Quadro 20 - Substituição de mais do que uma palavra no sintagma, para a categoria nome no 1º ano de escolaridade – frase 5 Item Incorrecto Frequência Aquele boneco da Maria é cor-de-rosa 2 Aquele bebé cor-de-rosa é da Maria 1 O carro é cor-de-rosa 1 O brinquedo da Maria é cor-de-rosa 1 O carro da Maria é cor-de-rosa 2 Aquele jogo é cor-de-rosa 1 Aquele brinquedo da boneca 1 Frase 8 – Aquela linda casa é grande. Quadro 21- Substituição de mais do que uma palavra no sintagma, para a categoria nome no 1º ano de escolaridade – frase 8 Item incorrecto Frequência Aquele lindo boneco é grande 1 Aquele terraço é grande 1 Aquele lindo prédio é grande 1 62 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Frase 11 – O Pedro tem um carro. Quadro 22 - Substituição de mais do que uma palavra no sintagma, para a categoria nome no 1º ano de escolaridade – frase 11 Item incorrecto Frequência O Pedro tem uma linda mota 1 O Pedro tem uma bicicleta 5 O Pedro tem uma bola 2 O Pedro tem uma mota 4 O Pedro tem uma casa 1 O Pedro comprou um boneco 1 Frase 13 – Eu vi um grande livro. Quadro 23 - Substituição de mais do que uma palavra no sintagma, para a categoria nome no 1º ano de escolaridade – frase 13 Item incorrecto Frequência Eu vi uma flor 1 Eu vi uma grande história 1 Frase 16 – O João vai à loja com a tia. Quadro 24 - Substituição de mais do que uma palavra no sintagma, para a categoria nome no 1º ano de escolaridade – frase 16 Item Incorrecto Frequência O João vai à loja com o pai 7 O João vai à loja com os amigos 1 O João vai à loja com o tio 5 O João vai sozinho à loja. 1 Conforme se pode observar nos Quadros apresentados, para todas as frases existem respostas em que as crianças procederam à alteração do género da palavra-alvo. Estas respostas, que constituem a maioria, inserem-se no tipo de erro substituição de mais do que uma palavra do sintagma, uma vez que a selecção de um nome com traços de género distintos dos do original obrigou também à 63 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação substituição do determinante, ou seja, a criança realizou a substituição de todo o sintagma. Note-se que, em alguns casos, a criança manteve o mesmo tipo de determinante, ainda que com marcas de género ou número diferentes das do determinante que consta do item do teste (por exemplo, altera o determinante demonstrativo este para esta), mas, em outros casos, substitui o mesmo determinante por outro de uma subclasse distinta (por exemplo, substitui o determinante demonstrativo este pelo artigo definido o). Respostas como Ele jogou à bola no recreio, para a frase 1, revelam também que a criança, ainda que tenha identificado o nome a substituir, manipulou o SN e não só o nome, o que mostra a relevância de uma análise em constituintes. Em alguns casos, registou-se a manipulação de todo o SV em que ocorre o nome a substituir. Vejase, a este propósito, a resposta O Pedro comprou um boneco (Quadro 22), em que a criança procedeu não só à substituição do SN com a função sintáctica de Objecto Directo, que integra a palavra-alvo, como também à substituição do verbo. É, ainda, de salientar que, em alguns casos, a criança substitui também o modificador do nome, ou porque a alteração do género deste último assim o obriga (veja-se a substituição de aquela linda casa por aquele lindo boneco, Quadro 21), ou porque selecciona mesmo um item lexical distinto do original (por ex., substitui aquela boneca da Maria por aquele bebé cor-de-rosa). Na última frase, apresentada no Quadro 24, verifica-se, tal como nas respostas correctas, que a escolha das crianças teve em conta o campo semântico da palavra-alvo. (ii) Substituição usando mais do que uma palavra Entre as crianças do 1º ano de escolaridade, apenas existiram dois casos em que as crianças utilizaram mais do que uma palavra para completar a tarefa. Este erro verificou-se sempre na frase O Pedro tem um carro (frase 11), para a qual se obtiveram as seguintes respostas: (20) 1. O Pedro tem uma linda mota. 2. O Pedro tem um boneco de brincar. Em ambos os casos, para além de terem procedido à substituição do nome, como lhes era solicitado nesta tarefa, as crianças inseriram um modificador da expressão nominal: o SA linda e o SP de brincar. 64 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação (iii) Omissão de uma expressão dentro do sintagma Neste tipo de erro, são incluídas as respostas em que as crianças omitiram uma expressão dentro do SN em que se encontra o nome a substituir. Seguidamente, apresentam-se as respostas incorrectas das crianças de 1º ano de escolaridade. Frase 5 – Aquela boneca da Maria é cor-de-rosa. Quadro 25 - Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria nome no 1º ano de escolaridade – Frase 5 Item Incorrecto Frequência O carro é cor-de-rosa 1 Aquele jogo é cor-de-rosa 1 Frase 8 – Aquela linda casa é grande. Quadro 26 - Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria nome no 1º ano de escolaridade – Frase 8 Item incorrecto Frequência Aquela piscina é grande 1 Aquele terraço é grande 1 Frase 13 – Eu vi um grande livro. Quadro 27 - Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria nome no 1º ano de escolaridade – Frase 13 Item incorrecto Frequência Eu vi um filme 1 Eu vi uma flor 1 Eu tenho um livro 1 Observando os Quadros 25, 26 e 27 é possível observar que as crianças omitiram sempre o modificador que se encontra internamente ao SN que contém o nome a substituir. No caso da frase 5, omitiram o SP da Maria, e no caso das frases 8 e 13 foi omitido é o SA, linda e grande, respectivamente. Salienta-se que estes casos de omissão não contemplam as situações em que a criança produz apenas o item substituto e não a frase completa. 65 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação B. Inadequação semântica Neste tipo de erro, incluem-se as respostas em que, na substituição, se utilizou outro nome, como esperado, embora a sequência final resultante seja anómala do ponto de vista semântico. Frase 1 – Este menino jogou à bola no recreio. Quadro 28 - Inadequação semântica, para a categoria nome no 1º ano de escolaridade – frase 1 Item Incorrecto Frequência Este João jogou à 1 bola no recreio A bola joga à bola 1 A resposta Este João jogou à bola no recreio insere-se neste tipo de erro, uma vez que os nomes próprios, por designarem um indivíduo único no universo, são totalmente determinados, não podendo, por isso, ser precedido de determinantes demonstrativos, que fazem pressupor a existência de mais do que um indivíduo com a propriedade expressa pelo predicado. Relativamente às frases 5, Aquela boneca da Maria é cor-de-rosa, e 8, Aquela linda casa é grande, obtiveram-se as seguintes sequências anómalas: (21) a. Aquela menina da Maria é cor-de-rosa. b. Aquela linda manhã. Em ambos os casos, a anomalia decorre da violação das restrições de selecção semântica impostas pelos predicadores cor-de-rosa e grande ao Sujeito (aquela boneca da Maria, no primeiro caso e aquela linda manhã, no segundo). Note-se que o nome que é núcleo do SN-Sujeito resultou da substituição efectuada pelas crianças. C. Alteração de género e/ou número Neste tipo de erro, foram colocadas todas as respostas incorrectas em que o nome utilizado na substituição difere do nome original em género e/ou número. Esta substituição obriga também à alteração do determinante e de modificadores adjectivais, pelo que estes erros foram também incluídos no erro substituição de mais do que uma palavra. 66 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Importa referir que se incluem também nesta secção todas as situações em que as crianças produziram apenas um nome e não a frase completa, tendo seleccionado, para o efeito, um item nominal com traços de género e/ou número distintos dos do original. Com efeito, mesmo produzindo apenas a palavra substituta, a criança deverá reconhecer a sua distribuição na frase, pelo que deve respeitar as relações de concordância tal como estabelecidas no item do teste. Em todas as frases que testam a categoria nome se verificam respostas incorrectas que se incluem neste tipo de erro. Segue-se a apresentação das mesmas. Frase 1 – Este menino jogou à bola no recreio. Quadro 29 – Alteração de género e/ou número, para a categoria nome, no 1º ano de escolaridade – frase 1 Item Incorrecto Frequência Esta menina jogou à bola Item Incorrecto 11 Essa menina jogou à bola no recreio Frequência 1 no recreio A menina jogou à bola no 1 menina 3 recreio Frase 5 – Aquela boneca da Maria é cor-de-rosa. Quadro 30 - Alteração de género e/ou número, para a categoria nome, no 1º ano de escolaridade – frase 1 Item Incorrecto Aquele boneco Frequência Item Incorrecto Frequência 2 O carro da Maria é cor-de- 2 da Maria é cor-de-rosa rosa Aquele bebé cor-de- 1 Aquele jogo é cor-de-rosa 1 O carro é cor-de-rosa 1 boneco 3 O brinquedo da Maria 1 avião 1 rosa é da Maria é cor-de-rosa Frase 8 – Aquela linda casa é grande. Quadro 31 - Alteração de género e/ou número, para a categoria nome, no 1º ano de escolaridade – frase 8 Item incorrecto Frequência Aquele lindo boneco é grande 1 Aquele terraço é grande 1 Aquele lindo prédio é grande 1 Carro 1 Café 1 67 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Frase 11 – O Pedro tem um carro. Quadro 32 - Alteração de género e/ou número, para a categoria nome, no 1º ano de escolaridade – frase 11 Item incorrecto Frequência O Pedro tem uma linda mota 1 O Pedro tem uma bicicleta 5 O Pedro tem uma bola 2 O Pedro tem uma mota 4 O Pedro tem uma casa 1 Carrinha 1 Frase 13 – Eu vi um grande livro. Quadro 33 - Alteração de género e/ou número, para a categoria nome, no 1º ano de escolaridade – frase 13 Item incorrecto Frequência Eu vi uma flor 1 Eu vi uma grande história 1 Casa 2 Frase 16 – O João vai à loja com a tia. Quadro 34 - Alteração de género e/ou número, para a categoria nome, no 1º ano de escolaridade – frase 16 Item Incorrecto Frequência O João vai à loja com o pai 7 O João vai à loja com os amigos 1 O João vai à loja com o tio 5 tio 3 Observando os Quadros acima, constata-se que em todas as respostas à frase 1 Este menino jogou à bola no recreio se verifica a selecção da forma feminina do nome masculino apresentado, ou seja, em todas as respostas foi utilizada a palavra menina. Ainda que com uma frequência menor, nas respostas aos itens 5 e 16 é possível encontrar casos de selecção da forma masculina do nome feminino apresentado, sendo que, para a frase 5, Aquela boneca da Maria é cor-de-rosa, duas crianças deram como resposta Aquele boneco da Maria é cor-de-rosa, e três crianças produziram 68 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação apenas a palavra boneco. Na frase 16, a palavra tio substitui o item tia cinco vezes em contexto de frase e três vezes sem contexto. Nas respostas aos itens 5 e 16 é ainda possível verificar a ocorrência de respostas em que é seleccionada uma forma não relacionada com a original, mas que apresenta traços de género diferente. Esta ocorrência é visível nas respostas O carro da Maria é cor-de-rosa, na frase 5 e O João vai à loja com o pai, na frase 16, por exemplo. A alteração de número ocorreu apenas na frase 16, na resposta O João vai à loja com os amigos, em que o nome seleccionado, amigos, difere da palavra-alvo (tia) em género e número. Salienta-se, de novo, que em algumas respostas, as crianças substituíram a palavra-alvo por outra do mesmo campo semântico. Foi o que aconteceu na frase 8, por exemplo, em que casa foi substituída por terraço e por prédio, e na frase 11 em que o nome carro foi substituído por outros que designam igualmente meios de transporte (mota, bicicleta e carrinha). D. Alteração morfológica com preservação da base Apresentam-se, de seguida, os resultados relativos às respostas incorrectas em que existe uma alteração morfológica da palavra-alvo com preservação da base, ou seja, em que é aplicado um processo morfológico derivacional sobre a base do nome original. Inclui-se neste tipo de erro o uso de diminutivos, cuja frequência de ocorrência é baixa, restringindo-se às frases 5, 8, 11 e 13, como se ilustra em (22), respectivamente: (22) a. aquela boneca – aquela bonequinha. b. casa – casinha c. carro – carrinho d. livro – livrinho E. Identificação errada da palavra a substituir Este tipo de erro inclui as respostas em que as crianças não identificam correctamente a palavra a substituir, tendo substituído outra palavra da frase. As expressões corrigidas pertencem a categorias sintácticas diferentes: 69 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação (i) Determinantes: Substituição do determinante, mas não do nome a testar, como em O menino brincou à bola no recreio, que constitui uma resposta à frase 1. Este menino jogou à bola no recreio, e A boneca da Maria é cor-de-rosa, em resposta à frase 5, Aquela boneca da Maria é cor-de-rosa. (ii) Verbos: Substituição do verbo mas não do nome a testar, como em O menino brincou à bola no recreio e em Eu tenho um grande livro, que constituem respostas às frases 1, Este menino jogou à bola no recreio, e 13, Eu vi um grande livro. (iii) Sintagmas Preposicionais, sem alteração do nome a testar, como em Este menino joga um jogo, resposta à frase 1, Este menino jogou à bola no recreio. (iv) Adjectivos/Sintagmas Adjectivais, sem alteração do nome a testar, como por exemplo, em Aquela bonita casa é grande, resposta à frase 8, Aquela linda casa é grande ou em Eu vi um pequeno livro, resposta à frase 13, Eu vi um grande livro. F. Construção de uma frase nova Deste tipo de erro fazem parte as respostas que apresentam uma reformulação completa da frase, semanticamente relacionada com a frase original ou não. Relembre-se que, de acordo, com as instruções dadas antes do início da realização da tarefa, os sujeitos não podiam alterar senão a palavra-alvo. Os resultados obtidos são os seguintes: Frase 5 – Aquela boneca da Maria é cor-de-rosa. Quadro 35 – Construção de uma frase nova, para a categoria nome, no 1º ano de escolaridade – frase 5 Item Incorrecto A Maria tem Frequência um Item Incorrecto 1 A Maria tem um lindo boneco A Maria Frequência 1 boneco tem um 1 Aquele brinquedo da ursinho A Maria tem um cão 1 boneca 1 A menina é bonita 70 1 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Frase 8 – Aquela linda casa é grande. Quadro 36 - Construção de uma frase nova, para a categoria nome, no 1º ano de escolaridade – frase 8 Item incorrecto Frequência Aquele jardim é bonito 1 Aquela casinha é linda 1 Aquele cão é bonito 1 Observando os dois Quadros apresentados é possível efectuar distinção entre: (i) casos em que o verbo é diferente, dando origem a uma frase com uma estrutura sintáctica distinta da do item original, como se verifica nas respostas à frase 1 com recurso ao verbo ter; (ii) casos em que se mantém o verbo da frase original, pelo que se obtém uma estrutura sintáctica próxima da original, mas em que se altera o predicador, como acontece na resposta A menina é bonita, na frase 1, e em todas as respostas à frase 8; (iii) casos em que há omissão do SV, com possibilidade de reconstrução da frase como gramatical, mas em que os nomes do SN-Sujeito são ambos alterados, caso da resposta Aquele brinquedo da boneca, na frase 1. G. Ausência de resposta Neste tipo de erro são incluídas as frases que testam a categoria nome para as quais não houve qualquer resposta. Em cada caso, indica-se o número de crianças que não respondeu a essas frases. Quadro 37 – Ausência de resposta para a categoria nome no 1º ano de escolaridade Itens do teste Frequência Este menino jogou à bola no recreio (frase 1) 2 Aquela linda casa é grande (frase 8) 3 O Pedro tem um carro (frase 11) 1 Eu vi um grande livro (frase 13) 1 O João vai à loja com a mãe (frase 16) 1 Através da análise do Quadro 37, constata-se que a frase 8 é aquela que maiores problemas colocou às crianças do 1º ano, sendo que três sujeitos não apresentaram qualquer resposta. Segue-se a frase 1, com duas ocorrências de ausência de resposta. Para cada uma das frases 11, 13 e 16, apenas uma criança, nunca a mesma, não conseguiu efectuar a substituição. 71 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação 3.1.1.2. 4º ano de escolaridade Nesta secção, apresentam-se os resultados relativos à substituição de itens lexicais da categoria sintáctica nome pelas crianças do 4º ano de escolaridade. No Quadro 38, são apresentados os resultados globais. Recorde-se que a amostra em análise nesta secção é constituída por 44 sujeitos e, como tal, a totalidade de respostas para esta categoria é de 264. Quadro 38 – Frequências e percentagens de respostas correctas e incorrectas para a categoria nome, no 4ª ano de escolaridade Frequência Percentagem Respostas correctas 205 77,65% Respostas incorrectas 59 22,35 Total 264 100% De acordo com os resultados apresentados no Quadro 38, em termos globais, existe uma grande diferença entre a percentagem de respostas correctas e incorrectas, sendo a percentagem de respostas correctas bastante mais elevada do que a percentagem de respostas incorrectas entre as crianças do 4º ano de escolaridade. No Quadro seguinte, apresentam-se exemplos de respostas correctas e incorrectas para os itens que envolvem a categoria sintáctica em análise. Quadro 39 - Exemplos de respostas correctas e incorrectas da categoria nome, no 4º ano de escolaridade Item de Teste Respostas Correctas Respostas Incorrectas a) Este menino jogou à Este rapaz jogou à bola no recreio Esta menina jogou à bola no recreio bola no recreio (sujeito 5) (sujeito 7) b) Aquela capa da Maria é cor-de-rosa Aquele boneco do Mário é cor-de-rosa (sujeito 6) (sujeito 11) Aquela linda árvore é grande (sujeito Aquele castelo é grande (sujeito 5) Aquela boneca da Maria é cor-de-rosa c) Aquela linda casa é grande d) 6) O Pedro tem um carro O Pedro tem um computador (sujeito O Pedro tem uma banana (sujeito 5) 6) e) Eu vi um grande livro Eu vi um grande rinoceronte (sujeito Eu vi uma grande almofada (sujeito 5) 6) f) O João vai à loja com a O João vai à loja com a avó (sujeito 5) tia 72 O João vai à loja com o tio (sujeito 7) A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação De seguida, apresentam-se os resultados relativos ao 4º ano de escolaridade tendo em conta o género. Relembre-se que existem 21 crianças do género masculino e 23 do género feminino no 4º ano, pelo que existem 126 respostas de rapazes e 138 de raparigas. Quadro 40 - Frequências e percentagens de respostas correctas e incorrectas, por género, aos itens que testam a categoria nome, no 4º ano de escolaridade Masculino (N=21) Total Feminino (N=23) Total Respostas Respostas Respostas Respostas Correctas Incorrectas Correctas Incorrectas 94 32 126 111 27 138 74,60% 25,40% 100% 80,43% 19,57% 100% Frequência Percentagem Através da análise do Quadro 40, verifica-se que a frequência de respostas correctas é, em ambos os géneros, superior à das respostas incorrectas. É possível, ainda, constatar que as raparigas apresentam uma percentagem de respostas correctas ligeiramente superior à dos rapazes. No sentido de averiguar a existência de diferenças, e a sua significância, entre géneros, na pontuação das respostas às frases que testam a categoria nome, aplicou-se o teste estatístico MannWhitney (Quadro 41). Quadro 41 – Teste de Mann-Whitney para a pontuação total da categoria nome, no 4º ano de escolaridade Grupo M ± DP Mínimo Máximo 4,83±1,30 2,00 6,00 Média de Mann- Rank Whitney 4º ano género feminino 23,13 n = 23 U = 227,00 4º ano p = 0,730 género masculino 4,48±1,54 1,00 6,00 21,81 n= 21 Com a aplicação do teste , conclui-se que não existem diferenças significativas entre género, estando as médias aritméticas bastante próximas (M = 4,48, F = 4,83). 73 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação 3.1.1.2.1. Respostas correctas Nesta secção apresentam-se os dados relativos às respostas correctas dadas pelas crianças do 4º ano a cada item que testa a categoria sintáctica em análise. No ano de escolaridade referido, a percentagem de respostas correctas para a categoria nome foi de 77,65% (205/264). De seguida, apresentam-se as opções das crianças para cada item da tarefa. Frase 1 - Este menino jogou à bola no recreio. Quadro 42 - Respostas correctas para a frase 1, no 4º ano de escolaridade Itens correctos Frequência Itens correctos Frequência rapaz 23 aluno 1 Senhor 4 homem 1 Sujeito 1 jogador 1 Cão 1 músico 1 Frase 5 – Aquela boneca da Maria é cor-de-rosa. Quadro 43 - Respostas correctas para a frase 5 , no 4º ano de escolaridade Itens correctos Frequência Itens correctos Frequência Barbie 3 bola 5 camisola 6 pasta 1 flor 1 cama 2 capa 1 bicicleta 1 Caneta 4 piscina 1 saia 2 fita 1 mala 1 bolacha 1 mochila 1 casa 1 mesa 1 coluna 1 Minhoca 1 almofada 1 74 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Frase 8 - Aquela linda casa é grande. Quadro 44 - Respostas correctas para a frase 8, no 4º ano de escolaridade Itens correctos Frequência Itens correctos Frequência mota 1 mesa 1 boneca 7 árvore 1 Cadela 2 bola 2 tenda 1 casota 3 Vivenda 4 prateleira 1 porta 1 barraca 1 Mala 2 limousine 1 Girafa 1 camisola 1 Parede 1 camioneta 1 Pulseira 1 Frase 11 – O Pedro tem um carro. Quadro 45 - Respostas correctas para a frase 11, no 4º ano de escolaridade Itens correctos Frequência Itens correctos Frequência Jogo 2 computador 3 boneco 6 microfone 1 Avião 1 tractor 1 Desenho 1 jipe 2 Livro 1 hamster 1 Cão 1 puzzle 1 Brinquedo 3 limão 1 Avião 1 armário 1 Automóvel 3 jornal 1 Chapéu 1 75 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Frase 13 - Eu vi um grande livro. Quadro 46 - Respostas correctas para a frase 13, no 4º ano de escolaridade Itens Correctos Frequência Itens Correctos Frequência Jogo 4 leão 1 Boneco 3 computador 4 Animal 1 elefante 5 Carro 5 navio 1 Surfista 1 móvel 1 Filme 1 monte 1 Caderno 3 guizo 1 Peluche 1 estojo 1 Vídeo 1 desenho 1 Chocolate 1 armário 1 Rinoceronte 1 Frase 16 - O João vai à loja com a tia. Quadro 47 - Respostas correctas para a frase 16, no 4º ano de escolaridade Itens Correctos Frequência mãe 22 prima 2 avó 4 irmã 2 senhora 1 Madalena 1 Como se pode verificar nos Quadros apresentados acima, existe uma grande variedade de respostas para todas as frases. Tal como aconteceu no 1º ano, em alguns casos, as crianças do 4º ano recorreram a sinónimos. Vejam-se as respostas à frase 1, em que menino foi maioritariamente substituído por rapaz, e à frase 11, em que carro foi substituído por automóvel, ainda que esta não tenha sido a opção mais frequente. 76 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Também como aconteceu no 1º ano, algumas crianças do 4º ano efectuaram a substituição da palavra-alvo por palavras do mesmo campo semântico. Esta estratégia é visível em respostas à frase 8, em que o nome, casa foi substituído por vivenda (4), casota (3), tenda (1) e barraca (1), e também em respostas à frase 16, em que dos seis diferentes itens usados na substituição da palavra tia, apenas dois não designam relações de parentesco. 3.1.1.2.2. Respostas incorrectas Tal como referido acima, a percentagem de respostas incorrectas dadas pelas crianças de 4º ano de escolaridade aos itens que testam a categoria nome foi de 22,35% (59/264), percentagem muito inferior à de respostas correctas aos mesmos itens. A. Manipulação do sintagma em vez do núcleo (i) Substituição de mais do que uma palavra no sintagma Apresentam-se, de seguida, os resultados do 4º ano relativos às respostas incorrectas que se incluem neste tipo de erro, relativamente a cada frase que envolve a categoria nome. Frase 1 – Este menino jogou à bola no recreio. Quadro 48 – Substituição de mais do que uma palavra no sintagma, para a categoria nome no 4º ano de escolaridade – frase 1 Item Incorrecto O Manuel jogou à bola no Frequência 1 recreio Ele jogou à bola no recreio Item Incorrecto Esta menina jogou à bola 2 no recreio 2 Estas crianças jogaram à bola no recreio O João jogou à bola no Frequência 1 recreio 77 1 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Frase 5 – Aquela boneca da Maria é cor-de-rosa. Quadro 49 - – Substituição de mais do que uma palavra no sintagma, para a categoria nome no 4º ano de escolaridade – frase 5 Item Incorrecto Frequência Aquele boneco do Mário é cor-de- 1 rosa O livro da Maria é cor-de-rosa 1 Aquele boneco da Maria é cor-de- 1 rosa Aquele carro da Maria é cor-de- 1 rosa Aquele jogo da Maria é cor-de- 1 rosa Frase 8 – Aquela linda casa é grande. Quadro 50 – Substituição de mais do que uma palavra no sintagma, para a categoria nome no 4º ano de escolaridade – frase 8 Item incorrecto Frequência Aquele castelo é grande 1 Aquele amigo é grande 1 Aquele hotel é grande 1 Frase 11 – O Pedro tem um carro. Quadro 51 – Substituição de mais do que uma palavra no sintagma, para a categoria nome no 4º ano de escolaridade – frase 11 Item incorrecto Frequência O Pedro tem uma banana 1 O Pedro tem uma bola 1 O Pedro tem uma mota 4 O Pedro tem uma casa 1 O Pedro tem uma bicicleta 3 O Pedro tem uma boneca 1 78 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Frase 13 – Eu vi um grande livro. Quadro 52 - – Substituição de mais do que uma palavra no sintagma, para a categoria nome no 4º ano de escolaridade – frase 13 Item incorrecto Frequência Eu vi uma grande almofada 1 Eu vi uma grande estante 1 Eu vi uma grande bola 1 Eu vi uma grande Bíblia 1 Frase 16 – O João vai à loja com a tia. Quadro 53 - – Substituição de mais do que uma palavra no sintagma, para a categoria nome no 4º ano de escolaridade – frase 16 Item Incorrecto Frequência O João vai à loja com o pai 4 O João vai à loja com o avô 1 O João vai à loja com o tio 2 O João vai à loja com o sobrinho 1 O João vai à loja com os pais 1 O João vai à loja com o primo 1 O João vai sozinho à loja. 1 Nos Quadros apresentados acima é possível observar que a substituição da palavra-alvo por outra com diferentes traços de género com 38 ocorrências no total, é o motivo principal pelo qual estas respostas se inserem neste tipo de erro. Com efeito, para manter a gramaticalidade das frases, os sujeitos tiveram de alterar também o determinante, a fim de respeitar a relação de concordância que este estabelece com o nome. Como aconteceu no 1º ano, também no 4º ano surgiu a resposta Ele jogou à bola no recreio para a frase 1, contabilizada neste tipo de erro visto que o SN, constituído por duas palavras é substituído por apenas uma palavra, o pronome. 79 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Também como se verificou nas respostas das crianças do 1º ano, nos itens 11 e 16 algumas crianças recorreram ao campo semântico para realizar as substituições, apesar de terem seleccionado itens com diferentes especificações quanto ao género. Assim, na frase 11, o nome carro foi substituído por outros que designam meios de transporte, como mota e bicicleta; na frase 16, foram utilizados maioritariamente nomes que designam relações de parentesco para substituírem a palavra tia. Ainda que esporadicamente, verificou-se ainda a substituição do nome no interior do modificador que se integra no SN que contém o nome a testar. Tal aconteceu apenas uma vez na resposta à frase 5, Aquela boneca da Maria é cor-de-rosa, em que, para além do nome boneca, foi alterado o nome Maria, substituído por Mário. A simples substituição pela forma feminina de nomes masculinos ou pela forma masculina de nomes femininos foi igualmente pouco frequente: menino é substituído por menina em duas respostas; boneca é substituída por boneco também em dois casos. (ii) Substituição usando mais do que uma palavra Para os itens que testam a categoria nome, existiu apenas uma resposta incorrecta que se insere neste tipo de erro. Assim, na frase 11, O Pedro tem um carro, uma criança deu como resposta garrafa de água. Apesar de a criança ter produzido apenas esta expressão e não a frase inteira, considera-se que a criança revela não reconhecer o contexto sintáctico, visto que efectuou a substituição por outro nome mas alterou o género e acrescentou o modificador de água, que não consta do item da tarefa. 80 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação (iii) Omissão de uma expressão dentro do sintagma Este tipo de erro manifestou-se apenas para a frase 8, Aquela linda casa é grande, como se verifica no Quadro 54. Frase 8 – Aquela linda casa é grande. Quadro 54 – Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria nome no 4º ano de escolaridade – frase 8 Item incorrecto Frequência Aquele castelo é grande 1 Aquele amigo é grande 1 Aquela casinha é grande 1 Aquele menina é grande 1 Aquela vivenda é grande 1 Aquele hotel 1 Deste modo, tal como no 1º ano, o constituinte omitido foi o SA, modificador da expressão nominal. B. Inadequação semântica Entre as respostas das crianças de 4º ano de escolaridade, encontra-se apenas um caso em que a substituição efectuada originou inadequação semântica. Assim, em resposta à frase 5, Aquela boneca da Maria é cor-de-rosa, um sujeito produziu a sequência Aquela amiga da Maria é cor-derosa. Esta sequência é agramatical visto que o predicador cor-de-rosa não selecciona argumentos com o traço [+humano], como aquela amiga da Maria. Trata-se, portanto, de uma violação das restrições semânticas impostas pelo predicador ao seu argumento. C. Alteração de género e/ou número Tal como as crianças do 1º ano de escolaridade, as crianças de 4º ano efectuaram algumas substituições por nomes distintos do original no que diz respeito ao género e/ou ao número. Apresentam-se, de seguida, os casos em que este erro ocorreu, encontrando-se a maioria também na secção relativa ao erro substituição de mais do que uma palavra no sintagma, uma vez que as alterações de género e/ou número do nome obrigaram igualmente à substituição do determinante. 81 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Frase 1 – Este menino jogou à bola no recreio. Quadro 55 – Alteração de género e/ou número, para a categoria nome no 4º ano de escolaridade – frase 1 Item Incorrecto Frequência Estas crianças jogaram à Item Incorrecto 1 Frequência Esta menina jogou à bola bola no recreio no recreio Menina 3 Frase 5 – Aquela boneca da Maria é cor-de-rosa. Quadro 56 - Alteração de género e/ou número, para a categoria nome no 4º ano de escolaridade – frase 5 Item Incorrecto Frequência Aquele boneco do Mário é cor-de-rosa 1 Aquele boneco da Maria é cor-de-rosa 1 Aquele carro da Maria é cor-de-rosa 1 Aquele jogo da Maria é cor-de-rosa 1 Brinquedo 1 Frase 8 – Aquela linda casa é grande. Quadro 57 - Alteração de género e/ou número, para a categoria nome no 4º ano de escolaridade – frase 8 Item incorrecto Frequência Aquele castelo é grande 1 Aquele amigo é grande 1 Aquele hotel é grande 1 Palácio 1 Prédio 1 Hotel 1 Carro 2 82 2 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Frase 11 – O Pedro tem um carro. Quadro 58 - Alteração de género e/ou número, para a categoria nome no 4º ano de escolaridade – frase 11 Item incorrecto Frequência O Pedro tem uma banana 1 O Pedro tem uma bola 1 O Pedro tem uma mota 4 O Pedro tem uma casa 1 O Pedro tem uma bicicleta 3 O Pedro tem uma boneca 1 Mota 1 Frase 13 – Eu vi um grande livro. Quadro 59 - Alteração de género e/ou número, para a categoria nome no 4º ano de escolaridade – frase 13 Item incorrecto Frequência Eu vi uma grande almofada 1 Eu vi uma grande estante 1 Eu vi uma grande bola 1 Eu vi uma grande bíblia 1 Frase 16 – O João vai à loja com a tia. Quadro 60 - Alteração de género e/ou número, para a categoria nome no 4º ano de escolaridade – frase 16 Item Incorrecto Frequência O João vai à loja com o pai 4 O João vai à loja com o avô 1 O João vai à loja com o tio 2 O João vai à loja com o sobrinho 1 O João vai à loja com os pais 1 O João vai à loja com o primo 1 *(a) tio 1 83 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Como se pode verificar, o tipo de alteração mais frequente é a substituição por um nome distinto do original apenas quanto ao género, fenómeno que ocorre em todas as frases. Em vários casos as crianças limitaram-se a produzir o nome (veja-se Quadro 57, relativo à frase 8), alterando o género do item lexical da tarefa, não tendo mostrado explicitamente a necessidade de verificar a relação de concordância determinante-nome. No caso da frase 16, uma criança produziu mesmo a tio. Existiu apenas uma resposta em que se procedeu à alteração do número, no item 16, tendo a criança produzido O João vai à loja com os pais, como resposta à frase O João vai à loja com a tia. Em relação a esta frase acrescenta-se que todas as substituições foram efectuadas tendo em conta o campo semântico das relações de parentesco. Finalmente, existiu apenas uma resposta em que ocorre alteração de género e de número, simultaneamente. Esta alteração verifica-se na frase 1, em que a criança produziu Estas crianças jogaram à bola no recreio, tendo usado um nome distinto do original (menino) quanto ao género e ao número. D. Alteração morfológica com preservação da base Relembre-se que, no caso da categoria nome, apenas são contabilizadas neste tipo de erro as respostas em que são utilizados diminutivos. No que diz respeito ao 4º ano de escolaridade, apenas uma criança produziu uma reposta que se insere neste tipo de erro: na frase 8, Aquela linda casa é grande, a criança substituiu o nome casa por casinha. E. Identificação incorrecta da palavra Neste tipo de erro existe, igualmente, apenas uma resposta incorrecta. Assim, como resposta à frase 13, Eu vi um grande livro, em que se solicita a substituição do nome livro, um sujeito do 4º ano de escolaridade produziu a frase Eu vi um pequeno livro, tendo, desta forma, substituído o adjectivo e não o nome. F. Construção de uma frase nova Apenas uma resposta foi contabilizada como construção de uma frase nova: para a frase 5, Aquela boneca da Maria é cor-de-rosa, foi apresentada a resposta Aquela árvore é da Maria. Neste caso, a criança substitui, efectivamente, a palavra boneca, mantém a forma verbal (ser), mas altera a estrutura interna do SN-Sujeito, eliminando o modificador preposicional, que passa a utilizar como 84 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Predicativo do Sujeito. Relembra-se que a tarefa de manipulação construída no âmbito deste trabalho não permite a alteração da estrutura sintáctica do item do teste. 3.1.1.3. Síntese comparada dos Resultados Relativamente à substituição de nomes e comparando os resultados das crianças de 1º ano com os resultados das crianças de 4º ano de escolaridade, é possível concluir que: a) As crianças de 4º ano produzem cerca de mais 30% de respostas correctas do que as crianças de 1º ano. b) No 1º ano existem diferenças estatisticamente significativas entre rapazes e raparigas, sendo que as raparigas têm uma média de respostas correctas mais elevada. No 4º ano, não existem diferenças estatisticamente significativas entre rapazes e raparigas, ainda que, as raparigas continuem a apresentar uma média aritmética de respostas ligeiramente superior à dos rapazes. c) No geral, as crianças de 4º ano apresentam maior variedade de respostas correctas, o que pode decorrer do facto de possuírem um conhecimento lexical superior. Este facto verificou-se para todas as frases, nas respostas das crianças de 4º ano de escolaridade. d) As crianças de 4º ano responderam, correcta ou incorrectamente, a todas as frases. No 1º ano, oito crianças não deram qualquer tipo de resposta a cinco dos itens utilizados para testar a categoria nome (cf. Quadro 37). e) Nas respostas das crianças de 1º ano, os tipos de respostas incorrectas foram, por ordem decrescente de frequência: (i) Alteração de género e/ou número; (ii) Substituição de mais do que uma palavra no sintagma; (iii) Construção de uma frase nova; (iv) Identificação incorrecta da palavra a substituir; (v) Omissão de uma expressão dentro do sintagma; (vi) Inadequação semântica; 85 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação (vii) Alteração morfológica com preservação da base: (viii) Substituição usando mais do que uma palavra. f) Entre as crianças de 4º ano, os tipos de respostas incorrectas foram, por ordem decrescente de frequência: (i) Alteração de género e/ou número; (ii) Substituição de mais do que uma palavra no sintagma; (iii)Omissão de uma expressão dentro do sintagma: (iv) Em igualdade de circunstância (uma ocorrência por tipo de erro): substituição usando mais do que uma palavra; inadequação semântica; alteração morfológica com preservação da base; identificação incorrecta da palavra; construção de frase nova. 3.1.2. Verbo Como já foi referido na secção 2.3, foram utilizados, nesta tarefa, verbos intransitivos e transitivos directos, num total de seis itens, ilustrados em (23) e (24). (23) Itens utilizados para testar a categoria verbo intransitivo a) O bebé chora quando acorda. (frase 2) b) As crianças dormem à noite. (frase 4) c) O meu pai dança. (frase 7) (24) Itens utilizados para testar a categoria verbo transitivo directo a) O João comprou um boneco. (frase 9) b) A Mariana lê o livro. (frase 15) c) A Sara pintou um desenho. (frase 17) 86 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação 3.1.2.1. 1º ano de escolaridade No Quadro 61, apresentam-se os resultados globais do1º ano de escolaridade para a categoria verbo. Recorde-se que existem 40 sujeitos neste ano de escolaridade, pelo que a totalidade de respostas que envolvem esta categoria sintáctica é de 240. Quadro 61 – Frequências e percentagens de respostas correctas e incorrectas para a categoria verbo, no 1º ano de escolaridade Frequência Percentagem Respostas correctas 152 63,75% Respostas incorrectas 88 36,25% Total 240 100% Observando o Quadro 61, verifica-se que a percentagem de respostas correctas é superior à percentagem de respostas incorrectas, na totalidade dos itens que testam os verbos, independentemente da subclasse a que estes verbos pertencem. No Quadro 62, apresentam-se exemplos de respostas correctas e incorrectas das crianças de 1º ano de escolaridade a cada uma das frases que envolvem a categoria verbo (intransitivos nas três primeiras frases; transitivos nas três últimas). Quadro 62 - Exemplos de Respostas Correctas e Incorrectas para a categoria verbo, no 1º ano de escolaridade Item do Teste Respostas Correctas Respostas Incorrectas a) O bebé chora quando acorda b) As crianças dormem à O bebé brinca quando acorda (sujeito O bebé fica contente quando acorda 4) (sujeito 9) As crianças brincam à noite (sujeito 2) As crianças estão acordadas à noite noite (sujeito 9) c) O meu pai dança O meu pai canta (sujeito 2) O meu pai dançou (sujeito 36) d) O João comprou um O João viu um boneco (sujeito 2) O João cantou um boneco (sujeito 4) e) A Mariana lê o livro A Mariana vê o livro (sujeito 2) A Mariana leu o livro (sujeito 36) f) A A Sara fez um desenho (sujeito 2) A Sara está a pintar um desenho boneco Sara pintou um desenho (sujeito 36) 87 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação No Quadro seguinte, apresentam-se os resultados relativos ao 1º ano de escolaridade de acordo com a variável extra-linguística género. Relembre-se que, neste ano, existem 22 crianças do género masculino e 18 do género feminino. Assim, existem 132 respostas de rapazes e 108 de raparigas. Quadro 63 - Frequências e percentagens de respostas correctas e incorrectas, por género, aos itens que testam a categoria verbo, no 1º ano de escolaridade Masculino (N=22) Total Feminino (N=18) Total Respostas Respostas Respostas Respostas Correctas Incorrectas Correctas Incorrectas 74 58 132 79 29 108 56,06% 43,94% 100% 73,15% 26,85% 100% Frequência Percentagem No Quadro 63, verifica-se que, globalmente e em ambos os géneros, a percentagem de respostas correctas é superior à de respostas incorrectas, sendo, contudo, mais elevada nas raparigas do que nos rapazes. Adicionalmente, observa-se que a diferença entre respostas correctas e incorrectas é menor nos sujeitos do género masculino, havendo maior discrepância entre respostas correctas e incorrectas nos sujeitos do género feminino. Para averiguar a existência de diferenças significativas entre géneros na pontuação dos itens que testam a categoria verbo, aplicou-se o teste estatístico Mann-Whitney (Quadro 64). Quadro 64 – Teste Mann-Whitney para a pontuação total da categoria verbo, no 1º ano de escolaridade Grupo Média de MannWhitney M ± DP Mínimo Máximo Rank 4,39±1,66 ,00 6,00 24,75 1º ano género feminino n= 18 U = 121,50 1º ano p = 0,034 género masculino 3,36±1,56 1,00 6,00 17,02 n= 22 Os dados do Quadro 64 mostram que existem diferenças significativas entre género: o género feminino apresenta uma média aritmética de respostas correctas mais elevada do que o género masculino. 88 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação 3.1.2.1.1. Respostas correctas Como já foi referido, os sujeitos do 1º ano de escolaridade apresentam uma totalidade de respostas correctas de 63,75% (153/240) no que diz respeito à substituição de palavras da categoria verbo. Considerem-se, em primeiro lugar, os itens que envolvem verbos intransitivos. Frase 2 – O bebé chora quando acorda. Quadro 65 – Respostas correctas para a frase 2 no 1º ano de escolaridade Itens Correctos Frequência Itens Correctos Frequência Brinca 5 sorri 7 Ri 6 grita 2 Frase 4 – As crianças dormem à noite. Quadro 66 - Respostas correctas para a frase 4 no 1º ano de escolaridade Itens Correctos Frequência Itens Correctos Frequência Brincam 9 lêem 1 Jantam 2 descansam 1 Acordam 7 gritam 1 Bebem 1 comem 1 Frase 7 - O meu pai dança. Quadro 67 - Respostas correctas para a frase 7 no 1º ano de escolaridade Itens Correctos Frequência Itens Correctos Frequência Canta 9 caiu 1 Trabalha 4 brinca 1 Bebe 1 pula 1 Lê 1 anda 1 Grita 1 chora 1 89 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Da análise dos Quadros 65 a 67 realçam-se quatro aspectos: (i) as crianças escolheram com frequência antónimos da palavra-alvo – na frase 2, ri e sorri como substitutos de chora, na frase 4, acordam como substituto de dormem. (ii) na frase 7, seleccionaram maioritariamente um verbo (canta) do mesmo campo semântico da palavra-alvo, dança (iii) utilizaram verbos transitivos que admitem queda do objecto, ou seja, em que o argumento interno directo não é projectado na representação sintáctica (Duarte, 2003: 310-311), como beber e ler na frase 7, e comer na frase 4. (iv) manifestaram preferência por verbos inergativos; assim, dos 16 verbos utilizados na substituição, só dois são inacusativos (acordar e ler). Seguem-se os resultados relativos aos itens que envolvem verbos transitivos directos. Frase 9 – O João comprou um boneco. Quadro 68 - Respostas correctas para a frase 9 no 1º ano de escolaridade Itens Correctos Frequência Itens Correctos Frequência Viu 3 ganhou 1 Tinha 2 deu 1 Tem 7 trocou 1 Fez 5 estragou 1 Vê 1 tirou 1 Vendeu 3 Frase 15 – A Mariana lê o livro. Quadro 69 - Respostas correctas para a frase 15 no 1º ano de escolaridade Itens Correctos Frequência vê 19 viu 5 tem 4 escreve 1 faz 1 90 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação leva 1 Frase 17 – A Sara pintou o desenho. Quadro 70 - Respostas correctas para a frase 17 no 1º ano de escolaridade Itens Correctos Frequência Itens Correctos Frequência Fez rasgou Descreveu viu Estragou tem Desenhou Os dados acima apresentados revelam que a maior parte das crianças utilizou verbos da mesma subclasse para efectuar a substituição solicitada. Os verbos vender e dar, utilizados na frase 9, ainda que sejam tipicamente classificados como verbos de três lugares, seleccionando um Objecto Directo e um Objecto Indirecto, admitem a não realização lexical deste último pelo que as respostas em que se encontram envolvidos foram classificadas como correctas. Por sua vez, o verbo trocar, também utilizado na frase 9, é igualmente um verbo que, seleccionando três argumentos (O Pedro trocou o livro pelo caderno), admite a não realização de um deles – o pré-posicionado (pelo caderno), pelo que a resposta em que este verbo surge foi considerada gramatical. Na totalidade das manipulações, os verbos mais frequentes foram ter, fazer e ver. Este último, como se pode observar no Quadro 69 (frase 15), foi utilizado muito frequentemente para substituir lê, possivelmente pela semelhança fonológica: trata-se de palavras monossilábicas, com estrutura silábica similar (Ataque não ramificado; Rima não ramificada; Núcleo não ramificado) e material segmental idêntico no domínio da Rima. Assim, pode considerar-se que as crianças que exibiram este comportamento acederam à via fonológica para proceder à substituição da palavra-alvo. 3.1.2.1.2. Respostas incorrectas A percentagem de respostas incorrectas relativas à categoria verbo, no 1º ano de escolaridade, foi de 36,25% (87/240). Apresentam-se de seguida, essas respostas, tendo em conta o tipo de erro nelas presente. 91 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação A. Manipulação do sintagma em vez do núcleo (i) Substituição de mais do que uma palavra no sintagma No 1º ano de escolaridade, o número de respostas incorrectas que se incluem neste tipo de erro é reduzido, dado que se regista apenas uma resposta deste tipo para quatro dos itens da tarefa (Quadro 71).21 Quadro 71 - Substituição de mais do que uma palavra no sintagma, para a categoria verbo, no 1º ano de escolaridade Itens do teste Itens Incorrectos Frequência O bebé chora quando acorda (frase 2) O bebé brinca na cama 1 As crianças dormem à noite (frase 4) *As crianças acordam à dia 1 O João comprou um boneco (frase 9) O João foi comprar um caderno 1 A Mariana lê o livro (frase 15) A Mariana viu um filme 1 Como se pode verificar, na frase 2 a criança efectuou a substituição do verbo, mas também do modificador frásico (a oração adverbial temporal, quando acorda) por um modificador preposicional, na cama. Na frase 4 foi alterado o verbo e o nome que integra o modificador preposiconal, ainda que o resultado obtido seja agramatical. Na resposta à frase 9, existe inserção do verbo auxiliar ir, com manutenção do verbo principal, que devia ter sido substituído. Para além disso, a criança substitui o Objecto Directo (um boneco, que passa a um caderno), o que também ocorre na frase 15 (o livro é substituído por um filme), tendo assim, estas duas crianças, substituído mais do que uma palavra no SV. (i) Substituição usando mais do que uma palavra Na substituição usando mais do que uma palavra contabilizaram-se todos os casos de alteração das propriedades sintácticas do verbo a substituir, nomeadamente aqueles em que o verbo da frase da tarefa foi substituído por um outro que selecciona um diferente número de complementos, ou os de inserção de verbos auxiliares. Apresentam-se, de seguida, as respostas que exibem este tipo de erro, relativas às frases da tarefa que testam verbos intransitivos. 21 Dado o número reduzido de erros desta natureza, optou-se por apresentar todas as frases no mesmo Quadro. 92 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Frase 2 – O bebé chora quando acorda. Quadro 72 – Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria verbo, no 1º ano de escolaridade – frase 2 Itens Incorrectos O bebé fica contente Frequência Itens Incorrectos Frequência 1 O bebé fica feliz quando 1 quando acorda acorda O bebé quer a chucha 1 bebe no biberão 1 O bebé fica feliz 1 bebe leite 1 O bebé pára de chorar 1 quando acorda Frase 4 – As crianças dormem à noite. Quadro 73 - Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria verbo, no 1º ano de escolaridade – frase 4 Itens Incorrectos Frequência As crianças estão acordadas à noite 2 As crianças estão a dormir à noite 1 As crianças vêem televisão à noite 2 As crianças lavam os dentes 2 *A criança vai vestir à noite 1 Frase 7 – O meu pai dança. Quadro 74 - Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria verbo, no 1º ano de escolaridade – frase 7 Itens Incorrectos Frequência Itens Incorrectos Frequência O meu pai vê televisão 1 vai para casa 1 comprou um carro 1 O meu pai viu um filme 1 O meu pai é esperto 1 *O meu pai fica a ver 1 vê um filme 1 O meu pai vê o jogo 1 é amigo 1 O meu pai é fixe 1 joga à bola 1 93 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Nos Quadros apresentados é possível constatar que, para efectuar a substituição dos verbos intransitivos, as crianças recorreram à utilização de: (i) verbos transitivos directos com inserção do respectivo Objecto Directo, como se pode verificar, por exemplo, em O bebé quer a chucha quando acorda (frase 2), As crianças vêem televisão à noite (frase 4) e O meu pai vê o jogo (frase 7); (ii) verbos copulativos com o respectivo Predicativo do Sujeito, como em, O bebé fica contente quando acorda (frase 2), O meu pai é esperto (frase 7); (iii) as sequências com auxiliares, mantendo o verbo principal, como por exemplo, em O bebé pára de chorar (frase 2) e As crianças estão a dormir à noite (frase 4); (iv) verbos de dois lugares com argumento interno oblíquo, como em joga à bola e vai para casa (frase 7). Note-se que as estratégias mais frequentes, na globalidade dos itens, são as enunciadas em (i) e (ii), acima. Realça-se, ainda, o facto de que duas das sequências resultantes serem agramaticais por omissão indevida do Objecto Directo do verbo usado na substituição. Trata-se das respostas A criança vai vestir à noite (frase 4) e O meu pai fica a ver (frase 7), em que os verbos a manipular foram efectivamente substituídos por outros, que exigem um Objecto Directo não realizado nas produções dos sujeitos. Seguem-se os resultados obtidos como resposta aos itens que testam os verbos transitivos directos. Frase 9 – O João comprou um boneco. Quadro 75 - Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria verbo, no 1º ano de escolaridade – frase 9 Itens Incorrectos Frequência O João foi comprar um caderno 1 O João foi comprar um boneco 1 O João troca de boneco 1 brincou com 1 94 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Frase 15 – A Mariana lê o livro. Quadro 76 - Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria verbo, no 1º ano de escolaridade – frase 15 Itens Incorrectos Frequência A Mariana escreveu no livro 1 A Mariana pôs o livro na estante 1 A Mariana foi comprar um livro 1 Frase 17 – A Sara pintou um desenho. Quadro 77 - Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria verbo, no 1º ano de escolaridade – frase 17 Itens Incorrectos Frequência A Sara acabou de ver um desenho 1 A Sara dá à mãe um desenho 1 está a pintar 1 Nos Quadros 75, 76 e 77 verifica-se que as crianças de 1º ano de escolaridade utilizaram diferentes subclasses de verbos na substituição dos transitivos directos. Assim, (i) Introduzem um verbo auxiliar, mantendo, como verbo principal o item lexical que deve ser alvo da manipulação. Vejam-se a título de exemplo, as respostas O João foi comprar um caderno (frase 9) e está a pintar (frase 17); (ii) Introduzem um verbo auxiliar, substituindo, no entanto, a palavra-alvo por um verbo adequado, como acontece, por exemplo, nas respostas A Sara acabou de ver um desenho (frase 17) e A Mariana foi comprar um livro (frase 15). (iii) Substituem o verbo da frase da tarefa por outro que selecciona mais argumentos, realizados lexicalmente nas suas produções, são exemplo destas situações as respostas A Mariana pôs o livro na estante (frase 15) e A Sara dá à mãe um desenho (frase 17). Note-se que em nenhum caso se verificou a substituição de um verbo transitivo por um verbo intransitivo. 95 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação (ii) Omissão de uma expressão dentro do sintagma Neste tipo de erro só se encontram respostas incorrectas relativamente aos itens 2, 4 e 15. Frase 2 – O bebé chora quando acorda. Quadro 78 – Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria verbo no 1º ano de escolaridade – frase 2 Itens Incorrectos Frequência Itens Incorrectos Frequência O bebé acorda 2 O bebé sorri 1 O bebé dorme 2 bebe no biberão 1 O bebé fica feliz 1 bebe leite 1 O bebé pára de chorar 1 Frase 4 – As crianças dormem à noite. Quadro 79 - Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria verbo no 1º ano de escolaridade – frase 4 Itens Incorrectos Frequência As crianças brincam 2 As crianças dormem 1 As crianças lavam os dentes 2 Relativamente à frase 15, A Mariana lê o livro, existe apenas uma resposta de omissão, A Mariana não lê, sendo que a criança omitiu o SN o livro. Adicionalmente, observa-se a eliminação de modificadores do SV: a oração adverbial temporal, na frase 2; o SP com valor temporal, na frase 4. B. Alteração de propriedades sintácticas originando agramaticalidade Neste tipo de erro, são tidas em conta as respostas em que existe a substituição dos verbos da frase de teste por outros que seleccionam um diferente número de argumentos ou em que os complementos do verbo utilizado são de categoria sintáctica distinta dos verbos das frases da tarefa. O facto de se obterem resultados agramaticais distingue este tipo de erro do anterior. Os resultados são apresentados, em conjunto, no Quadro 80, pois a frequência deste tipo de erro é baixa, não só porque são poucos os itens cujas respostas se incluem neste conjunto, como também porque são poucas as crianças cujas respostas podem ser aqui incluídas. 96 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Quadro 80 – Alteração de propriedades sintácticas originando agramaticalidade, para a categoria verbo, no 1º ano de escolaridade Itens do teste O bebé chora quando acorda (frase Itens incorrectos Frequência *O bebé gosta quando acorda 1 *espreguiça 1 As crianças dormem à noite (frase 4) deitam-se 1 O meu pai dança (frase 7) *O meu pai senta 1 A Mariana lê o livro (frase 15) *A Mariana põe o livro 1 2) Em relação à frase 2, a primeira resposta apresenta a substituição do verbo intransitivo por um verbo de dois lugares com argumento interno Oblíquo (gostar), embora este argumento não se encontre realizado, o que determina a agramaticalidade da sequência obtida. A segunda substituição produz um resultado agramatical, uma vez que o verbo utilizado não dispõe da variante não pronominal, sendo o clítico uma propriedade lexical do próprio verbo (espreguiçar-se). Este tipo de clíticos designa-se como reflexo inerente (cf. Otero, 1999:1463; Brito, Duarte & Matos 2003:808809), não sendo possível a utilização do verbo sem o clítico (*espreguiçar). Na frase 4, o pronome se corresponde ao Objecto Directo do verbo deitar, tratando-se, por isso, da substituição de um verbo intransitivo (dormir) por um verbo transitivo directo (deitar). No caso da frase 7, o verbo intransitivo do item do teste foi substituído por um verbo que selecciona objecto directo (sentar), sem que este fosse realizado (sob a forma pronominal – o meu pai sentouse – ou não – o meu pai sentou o bebé), o que determina a agramaticalidade da resposta. Finalmente, a resposta ao item 15 apresentada no Quadro 80 é agramatical, uma vez que pôr é um verbo de três lugares com argumento interno oblíquo, sendo que este último não foi lexicalmente realizado. C. Transformação de frase afirmativa em negativa Em alguns casos, as crianças do 1º ano de escolaridade transformam frases afirmativas em frases negativas, introduzindo o operador de negação frásica não e mantendo o verbo que se pretendia que substituíssem. Estas respostas encontram-se listadas no Quadro 81. 97 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Quadro 81 – Transformação de frase afirmativa em negativa, para a categoria verbo, no 1º ano de escolaridade Itens do teste Itens incorrectos Frequência O meu pai dança (frase 7) O meu pai não dança 1 O João comprou um boneco (frase 9) O João não comprou um boneco 2 A Mariana lê o livro (frase 15) A Mariana não lê 1 A Mariana não lê o livro 1 A Sara não pintou um desenho 1 A Sara pintou um desenho (frase 17) D. Inadequação semântica No Quadro 82, apresentam-se as respostas incorrectas em que se verifica inadequação semântica provocada pelo verbo utilizado na substituição. Quadro 82 – Inadequação semântica, para a categoria verbo, no 1º ano de escolaridade Itens do teste Itens incorrectos Frequência O bebé chora quando acorda (frase *O bebé dorme quando acorda 1 2) *O bebé ressona quando acorda 1 O João comprou um boneco (frase 9) *O João cantou um boneco 1 A Mariana lê o livro (frase15) ?*A Mariana ditou o livro 1 A Sara pintou um desenho (frase 17) *A Sara escreveu um desenho 1 No caso das respostas incorrectas à frase 2, o significado do verbo da oração matriz, sujeito à substituição, é contraditório com o verbo da oração subordinada. Nas frases 15 e 17, existe uma incompatibilidade semântica entre o predicador verbal e o respectivo Objecto Directo, embora a frase 15 possa causar algumas dúvidas visto que, efectivamente, é possível atribuir-lhe significado, em função da experiência dos sujeitos (imaginando, por exemplo, que a professora está a fazer um ditado de um livro). E. Alteração de pessoa e/ou número Nas respostas incorrectas das crianças de 1º ano de escolaridade, para a categoria verbo, existe apenas uma resposta que se enquadra neste tipo de erro. A mesma foi produzida em resposta à substituição pedida na frase 4, As crianças dormem à noite, em que uma criança produziu A criança 98 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação vai vestir à noite, tendo alterado o número do sujeito, o que a obrigou a alterar também o número da forma verbal. Como já referido, esta sequência é agramatical, visto que o verbo vestir é um verbo transitivo directo pelo que o Objecto Directo deveria estar realizado. F. Alteração morfológica com preservação da base Neste tipo de erro são contemplados os casos em que as crianças se limitam a alterar o tempo verbal da palavra-alvo ou produzem erros de conjugação. As respostas que aqui se inserem encontram-se no Quadro 83. Quadro 83 – Alteração morfológica com preservação da base, para a categoria verbo, no 1º ano de escolaridade Itens do teste O bebé chora quando acorda (frase Itens incorrectos Frequência O bebé chorou quando acorda 1 As crianças dormem à noite (frase 4) As crianças acordem 1 O meu pai dança (frase 7) O meu pai dançou 2 O João comprou um boneco (frase 9) O João compra um boneco 1 A Mariana lê o livro (frase15) A Mariana leu o livro 1 A Sara pintou um desenho (frase 17) A Sara pinta um desenho 1 2) Como se pode verificar no Quadro 83, nas frases 2, 7 e 15, as crianças alteraram o tempo verbal do presente para o pretérito perfeito, acontecendo o contrário nas frases 9 e 16. Na frase 14, ocorre um erro de conjugação, uma vez que a forma utilizada corresponde ao presente do conjuntivo (acordem), facto que dá origem a um resultado agramatical. G. Identificação incorrecta da palavra a substituir Tal como acontece com os nomes, também em alguns casos as crianças procedem à substituição de outra palavra que não o verbo, como era solicitado, ou não efectuam qualquer substituição. Veja-se, a este propósito, o Quadro 84. 99 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Quadro 84 – Identificação incorrecta da palavra a substituir, para a categoria verbo, no 1º ano de escolaridade Itens do teste Itens incorrectos Frequência As crianças dormem à noite (frase 4) As crianças dormem de dia 1 O João comprou um boneco (frase 9) comprou um boneco 1 A Sara pintou um desenho (frase 17) A Sara pintou a casa 1 A Sara pintou um elefante 1 Relativamente à frase 4, foi substituído o SP modificador do SV; na frase 17, duas crianças substituíram o nome que constitui o núcleo do SN com a função de Objecto Directo. Note-se, ainda, que, numa das respostas a esta última frase foi ainda alterado o determinante que integra o objecto directo. A frase 9 está inserida neste tipo de erro uma vez que a criança não efectuou qualquer substituição. H. Construção de uma frase nova Este tipo de erro surge apenas nas respostas à frase 9, O João comprou boneco, como se verifica no Quadro 85. Quadro 85 – Construção de uma frase nova, para a categoria verbo, no 1º ano de escolaridade Itens Incorrectos Frequência O João tem há muitos anos um 1 boneco O João saiu à noite 1 O João foi à loja 1 Nestes casos, é alterada completamente a estrutura sintáctica da frase da tarefa, o que, de acordo com as instruções dadas (cf. Capítulo 2), não era permitido. I. Ausência de reposta Apresentam-se, de seguida, as frases que testam a categoria verbo para as quais não houve qualquer resposta. Indica-se, ainda, a frequência de ocorrência deste tipo de erro nas respostas das crianças do 1º ano de escolaridade. 100 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Quadro 86 – Ausência de resposta, para a categoria verbo, no 1º ano de escolaridade Itens do teste Frequência O bebé chora quando acorda (frase 2 2) As crianças dormem à noite (frase 4) 3 O meu pai dança (frase 7) 2 O João comprou um boneco (frase 1 9) A Sara pintou um desenho (frase 17) 2 Analisando o Quadro, constata-se que a única frase para a qual não houve ausência de resposta é a frase 15. O item em que se verifica mais este tipo de erro é a frase 4. 3.1.2.2. 4º ano de escolaridade Nesta secção, apresentam-se os resultados relativos à manipulação de itens lexicais da categoria sintáctica verbo pelas crianças de 4º ano de escolaridade. No Quadro 87, apresentam-se os resultados globais relativos às respostas das crianças de 4º ano para a categoria em análise. Recorde-se que existem 44 sujeitos neste ano de escolaridade e, como tal, a totalidade de respostas para esta categoria é de 264. Quadro 87 – Frequências e percentagens de respostas correctas e incorrectas na categoria verbo, no 4ª ano de escolaridade Frequência Percentagem Respostas correctas 229 86,74% Respostas incorrectas 35 13,26% Total 264 100% Através da análise do Quadro 87, observa-se que a percentagem de respostas correctas é bastante superior à percentagem de respostas incorrectas. No Quadro 88 apresentam-se exemplos de respostas correctas e incorrectas para cada uma das frases que testam a categoria sintáctica verbo apresentadas na tarefa. 101 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Quadro 88 - Exemplos de respostas correctas e incorrectas da categoria verbo, no 4º ano de escolaridade Item de Teste Respostas Correctas Respostas Incorrectas O bebé chora quando acorda O bebé ri quando acorda (sujeito 1) O bebé bebe leite quando acorda (sujeito 12) As crianças dormem à noite As crianças choram à noite (sujeito 1) As crianças vão para a cama à noite (sujeito16) O meu pai dança O meu pai canta (sujeito 1) O meu pai diverte-se (sujeito 3) O João comprou um boneco O João ganhou um boneco (sujeito 2) O João comprou uns ténis (sujeito 55) A Mariana lê o livro A Mariana vê o livro (sujeito 1) A Mariana leu o livro (sujeito 16) A Sara pintou um desenho A Sara descreveu um desenho (sujeito A Sara fez um livro (sujeito 25) 1) No Quadro seguinte, apresentam-se os resultados relativos ao 4º ano de escolaridade, tendo em conta a variável extra-linguística género. Relembre-se que existem 21 crianças do género masculino e 23 do género feminino no 4º ano. Assim, existem 126 respostas correspondentes ao género masculino e 138 ao género feminino. Quadro 89 - Frequências e percentagem de respostas correctas e incorrectas, por género, aos itens que testam a categoria verbo, no 4º ano de escolaridade Masculino (N=22) Frequência Percentagem Total Feminino (N=18) Total Respostas Respostas Respostas Respostas Correctas Incorrectas Correctas Incorrectas 112 14 126 117 21 138 91,06% 11,11% 100% 84,78% 15,22% 100% É possível observar, no Quadro 89, que a percentagem de respostas correctas dos sujeitos do género masculino é muito próxima de 100% . Apesar de esta percentagem ser inferior no género feminino, é, neste género, igualmente superior à percentagem de respostas incorrectas. Para averiguar a existência de diferenças significativas entre género na pontuação dos itens relativos à categoria verbo, aplicou-se o teste estatístico Mann-Whitney (Quadro 90) 102 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Quadro 90 – Teste Mann-Whitney para a pontuação total das categoria verbo, nº 4º ano de escolaridade Grupo Média de MannWhitney M ± DP Mínimo Máximo Rank 5,09±,95 3,00 6,00 21,20 4º ano género feminino n= 23 U = 211,50 4º ano p= 0,447 género masculino 4,00 5,33±,73 6,00 23,93 n= 21 Apesar da diferença apresentada no Quadro 89, as diferenças existentes não são estatisticamente significativas. È, ainda, possível observar que a média aritmética do género masculino é apenas ligeiramente superior à média do género feminino, não permitindo assim a identificação de diferenças entre géneros. 3.1.2.2.1. Respostas correctas Nesta secção serão apresentadas as respostas correctas dadas pelas crianças do 4º ano de escolaridade aos itens que testam a categoria verbo. Tal como já foi referido, a percentagem de respostas correctas é de 86,74% (229/264). Considerem-se, em primeiro lugar, as respostas aos itens que envolvem verbos intransitivos. Frase 2 - O bebé chora quando acorda. Quadro 91 – Respostas correctas para a frase 2, no 4º ano de escolaridade Itens Correctos Frequência Itens Correctos Frequência Ri 15 sorri 6 Berra 1 grita 9 ri-se 2 espirra 1 Arrota 1 canta 1 Sangra 1 tosse 1 103 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Frase 4 - As crianças dormem à noite. Quadro 92 - Respostas correctas para a frase 4, no 4º ano de escolaridade Itens Correctos Frequência Itens Correctos Frequência Brincam 11 sonham 2 Comem 2 descansam 2 Acordam 15 gritam 2 Choram 1 ressonam 1 Conversam 1 adormecem 1 Sossegam 1 riem 2 Frase 7 - O meu pai dança. Quadro 93 - Respostas correctas para a frase 7, no 4º ano de escolaridade Itens Correctos Frequência Itens Correctos Frequência Canta 13 cai 2 Trabalha 1 brinca 2 Espirra 1 pula 1 Lê 1 anda 3 Chora 1 come 1 Corre 3 zanga-se 1 Baila 1 sorri 1 Conduz 1 salta 1 Escreve 1 Observando os três Quadros verifica-se que as crianças do 4º ano utilizaram, com grande frequência, sinónimos (como berra para chora, adormecem para dormem; baila para dança), bem como antónimos (como ri e sorri para chora) e verbos do mesmo campo semântico (como corre, brinca, pula e salta para dança). Na frase 7 recorreram a verbos transitivos que admitem queda do objecto, (Duarte, 2003:310-311), como beber, ler, comer e escrever. 104 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Pela análise dos Quadros, é também possível identificar uma maior preferência por verbos inergativos, como sorrir, espirrar, tossir (frase 2), chorar, gritar, rir (frase 4) e trabalhar, correr (frase 7) , do que por verbos inacusativos como adormecer (frase 4) ou cair (frase 7). Acrescenta-se, ainda, que ri-se e zanga-se foram cotados correctamente, pelo facto do clítico se ser um reflexo inerente ao verbo, pelo que a manipulação foi adequada. Relativamente aos itens que testam verbos transitivos, apresentam-se, de seguida, os resultados. Frase 9 – O João comprou um boneco. Quadro 94 - Respostas correctas para a frase 9, no 4º ano de escolaridade Itens Correctos Frequência Itens Correctos Frequência Viu 1 ganhou 2 Tinha 1 coseu 1 Tem 5 trocou 1 Fez 1 ofereceu 3 Roubou 2 alugou 1 Vendeu 17 pagou 1 Recebeu 2 arranjou 1 Frase 15 – A Mariana lê o livro. Quadro 95 - Respostas correctas para a frase 15, no 4º ano de escolaridade Itens Correctos Frequência Itens Correctos Frequência Vê 14 guarda 2 Viu 7 desenha 1 Rasga 1 escreve 1 Fechou 1 comprou 2 Estuda 2 estraga 11 Vende 1 fez 1 Recebeu 1 105 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Frase 17 – A Sara pintou o desenho Quadro 96 - Respostas correctas para a frase 17, no 4º ano de escolaridade Itens Correctos Frequência Itens Correctos Frequência Fez rasgou Descreveu viu Comprou tem Desenhou arrumou Deu decorou Arranjou cortou Apagou guardou Riscou Através da análise das respostas correctas para a substituição de verbos transitivos directos é possível verificar que a maior parte das crianças utilizou verbos da mesma subclasse para efectuar a substituição solicitada, apesar de surgirem também verbos ditransitivos, que admitem a omissão do Objecto Directo, como por exemplo, vender, oferecer, pagar, comprar, dar. Novamente, o verbo vê (Quadro 95) foi utilizado muito frequentemente para substituir lê, pelos motivos já mencionados anteriormente, ou seja, por semelhança fonológica com a palavra-alvo. Salienta-se, ainda, que, relativamente à frase 9, em que a palavra-alvo era uma forma do verbo comprar, foi utilizado o verbo vender. Na frase 17, o verbo mais utilizado foi desenhar, de que o Objecto Directo (“um desenho”) é cognato. 3.1.2.2.2. Respostas incorrectas A percentagem de respostas incorrectas dadas pelas crianças de 4º ano de escolaridade às frases que testam a categoria verbo foi bastante reduzida (13,26% , ou seja, 35/264). A. Manipulação do sintagma em vez do núcleo 106 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação (i) Substituição de mais do que uma palavra no sintagma A frequência de ocorrência deste tipo de erro nas respostas dadas pelas crianças do 4º ano de escolaridade é baixa, como se constata no Quadro 97. Quadro 97 - Substituição de mais do que uma palavra no sintagma, para a categoria verbo, no 4º ano de escolaridade Itens de teste Itens Incorrectos Frequência O João comprou um boneco (frase 9) O João gostou do boneco 1 A Mariana lê o livro (frase 15) A Mariana gosta do livro 1 A Sara pintou um desenho (frase 17) A Sara fez um livro 1 Nas frases 9 e 15, as crianças substituíram o verbo transitivo directo por um verbo de dois lugares com argumento interno oblíquo (gostar), o que as obrigou a inserir uma preposição (a que introduz o complemento oblíquo), a fim de manterem a gramaticalidade das frases. Na frase 17, uma criança substituiu a forma verbal correctamente, já que seleccionou, como substituto um verbo transitivo directo, mas alterou também o núcleo do SN com a função sintáctica de Objecto Directo. A manipulação do Objecto Directo é também visível na resposta à frase 9, em que foi alterado, para além do verbo, o determinante que integra o SN com a função sintáctica referida. (ii) Substituição usando mais do que uma palavra Entre as crianças de 4º ano de escolaridade, e relativamente à categoria em estudo nesta secção, a substituição através da utilização de mais do que uma palavra só se verificou nas frases 2, 4 e 7. Frase 2 – O bebé chora quando acorda. Quadro 98 – Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria verbo, no 4º ano de escolaridade – frase 2 Itens Incorrectos Frequência Itens Incorrectos Frequência O bebé bebe leite quando 1 O bebé está feliz quando 1 acorda O bebé tem fome quando acorda 1 O bebé faz uma birra acorda 107 1 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Frase 4 – As crianças dormem à noite. Quadro 99 - Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria verbo, no 4º ano de escolaridade – frase 4 Itens Incorrectos Frequência As crianças vão para a cama à noite. 1 Frase 7 – O meu pai dança. Quadro 100 - Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria verbo, no 4º ano de escolaridade – frase 7 Itens Incorrectos Frequência diverte-se 2 O meu pai joga um jogo 1 O meu pai fica quieto 1 Através da observação dos dados apresentados, é possível constatar que as crianças de 4º ano de escolaridade recorreram à utilização de verbos que pertencem a uma subclasse distinta da do verbo dos itens da tarefa, o que as obrigou a alterar mais do que a palvra-alvo. Assim, são utilizados: (i) verbos transitivos directos com inserção do respectivo Objecto Directo, como se pode verificar, por exemplo, em O bebé bebe leite quando acorda (frase 2), e O meu pai joga um jogo (frase 7); (ii) verbos copulativos com o respectivo Predicativo do Sujeito, como em O bebé está feliz quando acorda (frase 2); (iii) verbos de dois lugares com argumento interno oblíquo, como em As crianças vão para a cama à noite (frase 4). (iii) Omissão de uma expressão dentro do sintagma Relembre-se, que neste tipo de erro, são incluídas as respostas em que as crianças omitiram uma expressão dentro do Sv em que se encontra o verbo a substituir. De seguida, apresentam-se as respostas incorrectas das crianças do 4º ano de escolaridade. 108 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Frase 2 – O bebé chora quando acorda Quadro 101- Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria verbo no 4º ano de escolaridade – frase 2 Itens Incorrectos Frequência O bebé sorri 1 O bebé faz uma birra 1 Frase 4 – As crianças dormem à noite Quadro 102 - Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria verbo no 4º ano de escolaridade – frase 4 Itens Incorrectos Frequência As crianças brincam 1 As crianças acordam 1 Frase 9 – O João comprou um boneco. Quadro 103 - Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria verbo no 4º ano de escolaridade – frase 9 Itens Incorrectos Frequência O João vendeu 1 Frase 15 – A Mariana lê o livro. Quadro 104 - Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria verbo no 4º ano de escolaridade – frase 15 Itens Incorrectos Frequência A Mariana escreve 1 *A Mariana compra 1 chora 1 Nos Quadros apresentados acima, verifica-se que as crianças de 4º ano eliminaram sobretudo os modificadores do SV nomeadamente, a oração adverbial temporal, na frase 2, e o Sintagma Preposicional com valor temporal, na frase 4. 109 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Na frase 15, na resposta A Mariana escreve foi utilizado um verbo transitivo directo que admite queda de objecto o que torna a frase gramatical. Neste caso, a resposta foi cotada como incorrecta porque a criança, ao fazer a omissão do Objecto Directo, acabou por substituir todo o Sintagma Verbal e não apenas o verbo, como lhe era solicitado. No entanto, a omissão do complemento do verbo resultou numa sequência agramatical, na resposta às frases 9, O João vendeu e 15, *A Mariana compra. B. Alteração de propriedades sintácticas originando agramaticalidade Tal como já foi referido, neste tipo de erro são incluídas as respostas em que o verbo substituído apresenta propriedades de selecção diferentes das do verbo substituto, sendo o resultado final agramatical. A agramaticalidade das sequências obtidas é o parâmetro que distingue este tipo de erro dos anteriores. As respostas dadas pelas crianças do 4º ano que se incluem neste tipo de erro encontram-se listadas no Quadro 105. Quadro 105 – Alteração de propriedades sintácticas originando agramaticalidade, para a categoria verbo, no 4º ano de escolaridade Itens do teste O meu pai dança (frase 7) A Sara pintou um desenho (frase 17) Itens Incorrectos Frequência senta 1 O meu pai limpa 1 O meu pai conta 1 A Sara olhou um desenho 1 Como se verifica no Quadro, só existem respostas incorrectas que apresentam este tipo de erro para as frases 7 e 17. No caso da frase 7, as respostas são agramaticais por ausência do Objecto Directo seleccionado pelos verbos utilizados na manipulação. 110 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Relativamente à frase 17, a Sara olhou um desenho, a marginalidade deve-se ao facto de o verbo olhar, neste contexto, subcategorizar como argumento interno um SP, com a função gramatical de Oblíquo22. C. Inadequação semântica Nesta categoria de erro, incluem-se as respostas em que na substituição se utilizou outro verbo, como esperado, embora a sequência final resultante seja anómala do ponto de vista semântico. Quadro 106 – Inadequação semântica, para a categoria verbo, no 4º ano de escolaridade Itens do teste Itens Incorrectos Frequência O meu pai dança (frase 7) ?roda 1 A Sara pintou um desenho (frase 17) A Sara escreveu um desenho 1 Analisando o Quadro 106, é possível verificar que, no caso da frase 7, a inadequação semântica advém da violação das restrições de selecção semântica impostas pelo verbo rodar ao argumento externo, que não pode ser animado. Na frase 17, ocorre também a violação das restrições de selecção semântica impostas pelo verbo escrever, mas, neste caso, ao argumento interno. D. Alteração morfológica com preservação da base Relembre-se que neste tipo de erro são incluídas as respostas em que se procedeu à alteração do tempo verbal da palavra-alvo, bem como as que exibem erros de conjugação. Tal como 1º ano de escolaridade, este tipo de erro não é muito frequente nas respostas dos sujeitos do 4º ano, como se verifica no Quadro 107. Quadro 107 – Alteração morfológica com preservação da base, para a categoria verbo, no 4º ano de escolaridade Itens do teste Itens Incorrectos Frequência O João comprou um boneco (frase 9) O João compra um boneco 1 A Mariana lê o livro (frase 15) A Mariana leu o livro 3 *A Mariana reveu o livro 1 A Sara pintará um desenho 1 A Sara pintou um desenho (frase 17) 22 O verbo olhar pode seleccionar um Sintagma Nominal, que é normalmente definido e acompanhado de um modificador preposicional ou adverbial que designa o modo. Ex: O João olhou o firmamento (com atenção). 111 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Em todos os itens apresentados no Quadro, existe alteração do tempo verbal: na frase 9, utiliza-se o pretérito perfeito em vez do presente, ocorrendo o inverso na frase 15; na frase 17, a forma verbal substituta encontra-se no futuro e não no presente, como no item do teste. Note-se, ainda, que, na segunda resposta à frase 15, a forma do verbo rever é incorrecta, tendo a criança conjugado o verbo irregular, como um verbo regular. E. Identificação incorrecta da palavra a substituir Este tipo de erro surge apenas em uma resposta à frase 9, O João comprou um boneco. Neste caso, a criança produz a frase O João comprou uns ténis, na qual substitui o Objecto Directo, um boneco, e não o verbo, como era pedido. F. Ausência de resposta Como se pode verificar no Quadro 108, as crianças de 4º ano de escolaridade não tiveram dificuldade em dar algum tipo de resposta aos itens da tarefa que testam a categoria verbo. Apenas duas crianças, diferentes, não conseguiram efectuar qualquer substituição, nas frases 7 e 9. Quadro 108 – Ausência de resposta, para a categoria verbo, no 4º ano de escolaridade Itens do teste Frequência O meu pai dança (frase 7) 1 O João comprou um boneco (frase 1 9) 3.1.2.3. Síntese comparada dos Resultados No que diz respeito à categoria sintáctica verbo, se compararmos os resultados das crianças do 1º ano com os das crianças do 4º ano de escolaridade, é possível concluir que: a) As crianças do 1º ano apresentam uma percentagem de respostas correctas de 64% contra os 87% das crianças do 4º ano. b) No 1º ano, existem diferenças estatisticamente significativas entre rapazes e raparigas, sendo que as raparigas têm uma média de respostas correctas mais elevada. No 4º ano, não existem diferenças estatisticamente significativas entre rapazes e raparigas. Contudo, 112 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação ao contrário do que acontece no 1º ano, os rapazes apresentam uma média de respostas ligeiramente superior à das raparigas. c) No geral, as crianças de 4º ano apresentam maior variedade lexical nas respostas correctas. d) No 1º ano, dez crianças não deram qualquer tipo de resposta a cinco itens do teste, enquanto apenas duas crianças do 4º ano não foram capazes de responder a dois itens. e) Nas respostas das crianças do 1º ano, os tipos de erros encontrados foram, por ordem decrescente de frequência: (i) Substituição usando mais do que uma palavra; (ii) Omissão de uma expressão dentro do sintagma; (iii) Alteração morfológica com preservação da base: (iv) Transformação de frase afirmativa na negativa; (v) Alteração de propriedades sintácticas, originando agramaticalidade; Identificação incorrecta da palavra a substituir; (vi) Substituição de mais do que uma palavra na frase; Inadequação semântica; (vii) Construção de uma frase nova; (viii) Alteração de género e/ou número. f) Nas respostas das crianças do 4º ano, os tipos de erros encontrados foram, por ordem decrescente de frequência: (i) Substituição usando mais do que uma palavra; (ii) Omissão de uma expressão dentro do sintagma; (iii)Alteração morfológica com preservação da base; (iv) Alteração de propriedades sintácticas, originando agramaticalidade; (v) Substituição de mais do que uma palavra no sintagma; inadequação semântica; (vi) Identificação incorrecta da palavra a substituir. 113 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação 3.1.3. Adjectivo Para testar a classe sintáctica dos adjectivos, utilizaram-se itens desta categoria em Sintagmas Adjectivais simples, ou seja, constituídos apenas pelo núcleo, com função predicativa (cf. exemplos 25a-c) e com função atributiva (cf. exemplos 26a-c). Em ambos os casos, o adjectivo ocupa a posição final da frase, tal como já foi referido na secção 2.3. (25) Itens utilizados para testar a categoria adjectivo em SAs com função predicativa i. O menino está zangado. (frase 3) ii. Os cães são muito espertos. (frase 6) iii. Aquela ponte é muito perigosa. (frase 10) (26) Itens utilizados para testar a categoria adjectivo em SAs com função atributiva a) O Noddy tem um barrete engraçado. (frase 12) b) Eu tenho um gato peludo. (frase 14) c) A mãe comprou uma saia rasgada. (frase 18) 3.1.3.1. 1º ano de escolaridade Nesta secção, apresentam-se os resultados relativos à substituição de itens lexicais da categoria sintáctica adjectivo pelas crianças de 1º ano de escolaridade. Recorde-se que existem 40 sujeitos neste ano de escolaridade, pelo que a totalidade de respostas para esta categoria é de 240. Quadro 109 – Frequências e percentagens de respostas correctas e incorrectas na categoria adjectivo, no 1º ano de escolaridade Frequência Percentagem Respostas correctas 173 72,08% Respostas incorrectas 67 27,92% Total 240 100% Através da análise do Quadro 109, observa-se que, relativamente à categoria adjectivo, existe, globalmente, uma maior percentagem de repostas correctas do que de respostas incorrectas. No 114 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Quadro 110, apresentam-se exemplos de respostas correctas e incorrectas aos itens que envolvem adjectivos dadas por sujeitos do 1º ano de escolaridade. Quadro 110 - Exemplos de respostas correctas e incorrectas da categoria adjectivo, no 1º ano de escolaridade Item de Teste Respostas Correctas Respostas Incorrectas O menino está zangado O menino está feliz (sujeito 4) O menino está a dormir (sujeito 36) Os cães são muito espertos Os cães são muito burros (sujeito 2) O cão é burro (sujeito 47) Aquela ponte é muito perigosa Aquela ponte é muito alta (sujeito 2) Aquela ponte é muito cuidadosa (sujeito 41) O Noddy tem um barrete O Noddy tem um barrete amarelo O Noddy tem um barrete engraçadinho engraçado (sujeito 2) (sujeito 36) Eu tenho um gato peludo Eu tenho um gato macio (sujeito 33) Eu tenho um gato com muito pêlo (sujeito 2) A mãe comprou uma saia rasgada A mãe comprou uma saia bonita A mãe comprou uma saia (sujeito 47) (sujeito 2) Considerem-se, de seguida, os resultados relativos ao 1º ano de escolaridade tendo em conta a variável extra-linguística género – Quadro 111. Relembre-se que existem 22 crianças do género masculino e 18 do género feminino no 1º ano. Assim, existem 132 respostas de rapazes e 108 de raparigas. Quadro 111 - Frequências e percentagens de respostas correctas e incorrectas, por género, aos itens que testam a categoria adjectivo, no 1º ano de escolaridade Masculino (N=22) Frequência Percentagem Total Feminino (N=18) Total Respostas Respostas Respostas Respostas Correctas Incorrectas Correctas Incorrectas 88 44 132 85 23 108 66,67% 33,33% 100% 78,70% 21,30% 100% Observando o Quadro 111, verifica-se que, globalmente, a percentagem de respostas correctas é superior à percentagem de respostas incorrectas em ambos os géneros. Salienta-se que a percentagem de respostas correctas é ligeiramente superior no género feminino. 115 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Para averiguar a existência de diferenças e respectiva significância, entre género na pontuação dos itens que testam a categoria adjectivo, aplicou-se o teste estatístico Mann-Whitney (Quadro 112) Quadro 112 - Teste Mann-Whitney para a pontuação total da categoria adjectivo, no 1º ano de escolaridade Grupo Média de MannWhitney M ± DP Mínimo Máximo Rank 4,72±1,23 2,00 6,00 23,78 1º ano género feminino n = 18 U = 139,00 1º ano p = 0,095 género 4,00±1,38 1,00 6,00 17,82 masculino n= 22 Tendo em conta os dados apresentados no Quadro 112, não existem diferenças significativas entre géneros, estando as médias aritméticas muito próximas, apesar de a média do género feminino ser ligeiramente superior à média do género masculino. 3.1.3.1.1. Respostas correctas Como já foi referido anteriormente, a percentagem de respostas correctas dadas pelas crianças de 1º ano de escolaridade aos itens que testam a categoria adjectivo é de 72,08% (173/240). Nesta secção, apresentam-se as respostas consideradas correctas no que diz respeito à categoria em questão. Considerem-se, em primeiro lugar, os itens que testam adjectivos integrados em SAs com função predicativa. Frase 3 – O menino está zangado. Quadro 113 – Respostas correctas para a frase 3, no 1º ano de escolaridade Respostas correctas Frequência feliz 29 contente 4 triste 1 alegre 1 116 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Frase 6 – Os cães são muito espertos. Quadro 114 - Respostas correctas para a frase 6, no 1º ano de escolaridade Respostas correctas Frequência Respostas correctas Frequência Burros 8 amigos 1 Maus 4 malandros 1 Feios 1 idiotas 1 Refilões 1 tímidos 1 Malucos 2 bonitos 1 Brincalhões 1 engraçados 1 Lindos 1 pequeninos 1 Inteligentes 3 parecidos 1 Giros 1 Frase 10 – Aquela ponte é muito perigosa. Quadro 115 - Respostas correctas para a frase 10, no 1º ano de escolaridade Respostas correctas Frequência Respostas correctas Frequência Alta 3 engraçada 1 Boa 2 sossegada 1 Segura 8 gira 1 Bonita 4 escorregadia 1 Grande 3 feia 1 Direita 1 Através da análise dos dados apresentados nos Quadros, é possível constatar uma preferência nas respostas por expressões antónimas. Assim, na frase 3, o adjectivo mais utilizado para substituir zangado foi feliz, com um grande número de ocorrências, o mesmo acontecendo na frase 6, em que, a palavra com maior número de ocorrências (burros) é antónimo da palavra-alvo (espertos) e, na frase 10, em que o adjectivo mais utilizado para substituir perigosa foi segura. 117 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação De seguida, apresentam-se os resultados relativos aos itens que testam adjectivos integrados em SAs com função atributiva. Frase 12 – O Noddy tem um barrete engraçado. Quadro 116 - Respostas correctas para a frase 12, no 1º ano de escolaridade Respostas correctas Frequência Respostas correctas Frequência Amarelo 1 bonito 3 Feio 2 vermelho 2 Estúpido 1 triste 2 Azul 8 giro 6 Frase 14 – Eu tenho um gato peludo. Quadro 117 - Respostas correctas para a frase 14, no 1º ano de escolaridade Respostas correctas Frequência Respostas correctas Frequência Macio 4 sujo 1 Fofinho 3 giro 3 Careca 1 fofo 1 Amarelo 1 limpo 1 Bonito 4 morto 1 Frase 18 – A mãe comprou uma saia rasgada. Quadro 118 - Respostas correctas para a frase 18, no 1º ano de escolaridade Respostas correctas Frequência Respostas correctas Frequência Bonita 12 engraçada 1 Nova 7 cosida 2 Lisa 2 vermelha 1 Linda 1 limpa 1 Pintada 1 boa 1 Molhada 1 limpinha 1 novinha em folha 1 branca 1 Gira 1 118 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação O Quadro 116 mostra que, na frase 12, azul foi o adjectivo mais utilizado pelas crianças de 1º ano de escolaridade para substituir engraçado, o que advém do conhecimento das características da personagem. Surgem, também, as cores vermelho e amarelo, apesar de com menor frequência; o adjectivo giro (sinónimo da palavra-alvo) foi igualmente muito utilizado. Nas frases 14 e 16 existe uma grande variedade de respostas, existindo, na frase 16, preferência pelo adjectivo bonita para substituir rasgada. 3.1.3.1.2. Respostas incorrectas As crianças do 1º ano de escolaridade deram cerca de 28% de respostas incorrectas, o que perfaz um total de 67 ocorrências em 240. A. Manipulação do sintagma em vez do núcleo (i) Substituição de mais do que uma palavra do sintagma Neste tipo de erro, inclui-se apenas uma resposta incorrecta dada pelas crianças de 1º ano de escolaridade. Com efeito, apenas uma criança deu como resposta à frase 6, Os cães são muito espertos, a sequência O cão é burro. Nesta resposta, a criança substituiu todo o SA muito espertos por um outro, que contém apenas o núcleo. Assim, não está a identificar apenas a categoria sintáctica que tem de substituir, mas o sintagma de que essa categoria é núcleo. (ii) Substituição usando mais do que uma palavra Recorde-se que, na substituição usando mais do que uma palavra, contabilizaram-se todos os casos em que as crianças substituem não só a palavra pedida, mas também outras expressões dentro da frase ou do sintagma de que a categoria sintáctica a identificar é núcleo. Apresentam-se, inicialmente, os resultados dos itens que testam adjectivos em SAs com função predicativa. Frase 3 – O menino está zangado. Quadro 119 – Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria adjectivo no 1º ano de escolaridade – frase 3 Itens incorrectos Frequência a dormir 2 a rir 1 119 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Frase 6 – Os cães são muito espertos. Quadro 120 - Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria adjectivo no 1º ano de escolaridade – frase 6 Itens incorrectos Frequência Os cães não são muito espertos. 1 Frase 10 – Aquela ponte é muito perigosa. Quadro 121 - Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria adjectivo no 1º ano de escolaridade – frase 10 Itens incorrectos Frequência Aquela ponte não é perigosa 2 Aquela ponte não é muito perigosa 1 Aquela ponte é bem feita 1 Relativamente à frase 3, as crianças reinterpretaram o verbo copulativo estar como verbo auxiliar, o que leva a alterar a categoria do complemento. Assim, ao invés de manterem a categoria adjectival do Predicativo do Sujeito do verbo da frase da tarefa, usaram um complemento verbal, introduzido por a, como é próprio do verbo auxiliar estar. Na frase 2, as crianças optaram essencialmente pela inserção do operador de negação. Seguem-se as respostas incorrectas deste tipo de erro, para os itens utilizados para testar adjectivos em SAs com função atributiva. Frase 12 – O Noddy tem um barrete engraçado. Quadro 122 - Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria adjectivo no 1º ano de escolaridade – frase 12 Itens incorrectos Frequência O Noddy tem um barrete com um 1 sino O Noddy tem um barrete na cabeça 1 O Noddy tem um barrete que não é 1 engraçado 120 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação para rir 1 Frase 14 – Eu tenho um gato peludo. Quadro 123 - Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria adjectivo no 1º ano de escolaridade – frase 14 Itens incorrectos Frequência Itens incorrectos Frequência Eu tenho um gato com 1 Eu tenho um gato muito 1 muito pêlo esperto Eu tenho um gato às riscas 2 Eu tenho um gato que ri 1 Eu tenho um gato com pêlo 1 Eu tenho um gato que é 1 giro Eu tenho um gato muito 1 sem pêlo 2 1 muito brincalhão 1 liso Eu tenho um gato quase sem pêlos Eu tenho um gato que não 1 é peludo Frase 18 – A mãe comprou uma saia rasgada Quadro 124 - Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria adjectivo no 1º ano de escolaridade – frase 18 Itens incorrectos Frequência *A mãe comprou uma saia sem rasgar 1 A mãe comprou uma saia de ganga 1 A mãe comprou uma saia que não 1 estava rasgada Como se pode observar no Quadro 123, existe uma grande variedade de respostas à frase 14. Algumas crianças efectuaram a substituição do SA por modificadores de outras categorias, nomeadamente, SPs (Eu tenho um gato com muito pêlo, Eu tenho um gato às riscas, por exemplo) e frases relativas (Eu tenho um gato que ri, Eu tenho um gato que é giro). Existe também substituição 121 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação por modificadores da mesma categoria, mas em que se altera o grau do adjectivo por inserção do advérbio muito. A frase 18 apresenta menor variedade de respostas, ainda que as estratégias de substituição utilizadas sejam semelhantes às que se encontraram relativamente à frase 14. Assim, o SA é substituído em dois casos por um SP (*A mãe comprou uma saia sem rasgar e A mãe comprou uma saia de ganga) e em um caso por uma frase relativa (A mãe comprou uma saia que não estava rasgada). (iii) Omissão de uma expressão dentro do sintagma Apresentam-se, de seguida, as respostas que se inserem neste tipo de erro. Frase 6 – Os cães são muito espertos Quadro 125 – Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria adjectivo, no 1º ano de escolaridade – frase 6 Itens incorrectos Frequência O cão é burro 1 Os cães são maus 1 Os cães são inteligentes 1 Os cães são vadios 1 Frase 10 – Aquela ponte é muito perigosa Quadro 126 - Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria adjectivo, no 1º ano de escolaridade – frase 10 Itens incorrectos Frequência Aquela ponte é nova 1 Aquela ponte não é perigosa 2 Aquela ponte é gira 1 Aquela ponte atravessa 1 Frases 12 - O Noddy tem um barrete engraçado. 122 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Quadro 127 - Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria adjectivo, no 1º ano de escolaridade – frase 12 Itens incorrectos Frequência tem um guizo 1 Frase 14 – Eu tenho um gato peludo. Quadro 128 - Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria adjectivo, no 1º ano de escolaridade – frase 14 Itens incorrectos Frequência Eu tenho um gato 3 Frase 18 – A mãe comprou uma saia rasgada. Quadro 129 - Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria adjectivo, no 1º ano de escolaridade – frase 18 Itens incorrectos Frequência A mãe comprou uma saia 1 Como se pode observar nos Quadros 125 a 129, em todos os casos em que se registou a omissão de uma expressão não foram produzidas sequências agramaticais. De facto, as crianças omitiram apenas material lexical que não é crucial na predicação, como o advérbio muito (frase 10) ou o próprio adjectivo a testar (como Eu tenho um gato, como resposta à frase 14). A frase Aquela ponte atravessa, foi contabilizada neste tipo de erro, visto que, o sintagma verbal constituído por três palavras foi reduzido a uma única palavra. 123 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação B. Transformação de frase afirmativa em negativa As respostas que se incluem neste tipo de erro têm uma frequência muito baixa, como se pode confirmar através do Quadro 130. Quadro 130 – Transformação de frase afirmativa em negativa, para a categoria adjectivo no 1º ano de escolaridade Itens do teste Itens incorrectos Frequência Os cães são muito espertos (frase 6) Os cães não são muito espertos 1 Aquela ponte é muito perigosa (frase Aquela ponte não é perigosa 2 10) Aquela ponte não é muito perigosa 1 O Noddy tem um barrete engraçado O Noddy tem um barrete que não é 1 (frase 12) engraçado Eu tenho um gato peludo (frase 14) Eu tenho um gato que não é peludo 1 A mãe comprou uma saia rasgada A mãe comprou uma saia que não 1 (frase 18) estava rasgada Dos dados apresentados neste Quadro, salienta-se que, nas frases 12, 14 e 18, as crianças introduzem uma oração relativa como substituta do SA que contém o adjectivo a testar, sendo o operador de negação inserido nesta oração e não na matriz. C. Inadequação semântica No Quadro 131 apresentam-se as respostas incorrectas que se incluem neste tipo de erro. Quadro 131 – Inadequação semântica, para a categoria adjectivo no 1º ano de escolaridade Itens do teste Itens incorrectos Frequência Os cães são muito espertos (frase 6) Os cães são muito contentes 1 Aquela ponte é muito perigosa (frase cuidadosa 1 O Noddy tem um barrete feliz 2 10) O Noddy tem um barrete engraçado 124 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação (frase 12) Eu tenho um gato peludo (frase 14) O Noddy tem um barrete partido 1 Eu tenho um gato fino 1 Eu tenho um gato cortado 1 Eu tenho um gato coitado 1 A frase 6 insere-se neste tipo de erro devido à co-ocorrência de um adjectivo que exprime uma propriedade temporária (contente) com o verbo ser, que se associa a predicadores que denotam propriedades permanentes, e não com o verbo estar. Nas restantes frases, verifica-se uma incompatibilidade semântica entre o adjectivo e a expressão nominal sobre a qual predica (como cuidadosa, na frase 10) ou à qual atribui uma propriedade (como um barrete feliz, na frase 12). D. Alteração de Género e/ou Número Apenas uma criança de 1º ano de escolaridade produziu uma resposta incorrecta que se insere neste tipo de erro: O cão é burro (para Os cães são muito espertos, frase 6). Como se pode observar, a criança procedeu a todas as alterações necessárias: dado que o adjectivo seleccionado é núcleo do Predicativo do Sujeito, ao alterar os seus traços de número, alterou também o número do Sujeito e, consequentemente, do verbo. E. Alteração morfológica com preservação da base Existe apenas uma resposta que se enquadra neste tipo de erro, sendo que, na frase 12, O Noddy tem um barrete engraçado, uma criança respondeu engraçadinho, utilizando, assim, o diminutivo da forma a substituir. F. Identificação incorrecta da palavra a substituir Nas respostas dadas pelas crianças de 1º ano de escolaridade, regista-se apenas uma frase em que ocorreu este tipo de erro: a frase 12, O Noddy tem um barrete engraçado. No Quadro 132 apresentam-se as respostas respectivas. Quadro 132 – Identificação incorrecta da palavra a substituir, para a categoria adjectivo no 1º ano de escolaridade – frase 12. Itens Incorrectos Frequência O Noddy tem um guizo engraçado 1 125 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação O Noddy tem um chapéu 1 engraçado tem um guizo 1 Como se pode observar no Quadro 132, nas duas primeiras frases as crianças substituem o nome modificado pelo SA que contém o adjectivo que está a ser testado; na última resposta, a criança substitui o nome e omite o SA. G. Construção de uma frase nova Como se pode constatar no Quadro 133, este tipo de erro aconteceu em apenas duas frases. Quadro 133 – Construção de uma frase nova, para a categoria adjectivo no 1º ano de escolaridade Itens do teste Itens incorrectos Frequência Aquela ponte é muito perigosa (frase *Nunca a ponte parte 1 10) Aquela ponte está a abanar 1 Eu tenho um gato peludo (frase 14) O gato é bonito 1 Em ambos os casos, recupera-se material lexical do item de teste (no caso da frase 10, o Sujeito; no caso da frase 14, o nome que é núcleo do Objecto Directo), mas altera-se o predicador, construindose uma frase sem qualquer relação sintáctica ou semântica com a frase original. Relembre-se, de novo, que a tarefa de manipulação aplicada não permitia a alteração da estrutura sintáctica do item do teste. H. Uso de palavras não existentes no Português Europeu A única resposta que se inclui neste tipo de erro foi produzida em resposta à substituição pedida na frase 18, A mãe comprou uma saia rasgada, a que uma criança respondeu limpada. Note-se que esta forma é próxima da forma regular do particípio passado (limpado), que, no entanto, não existe enquanto forma adjectival. Este tipo de erro ocorreu apenas na parte da tarefa em que se testam os adjectivos. I. Ausência de resposta 126 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Apresentam-se, de seguida, as frases que testam a categoria adjectivo para as quais não houve qualquer resposta. Indica-se, ainda, a frequência de ocorrência deste tipo de erro nas respostas das crianças do 1º ano de escolaridade. Quadro 134 – Ausência de resposta, para a categoria adjectivo no 1º ano de escolaridade Itens do teste Frequência O menino está zangado (frase 3) 2 Os cães são muito espertos (frase 6) 1 Aquela ponte é muito perigosa (frase 10) 4 O Noddy tem um barrete engraçado (frase 4 12) A mãe comprou uma saia rasgada (frase 1 18) Como se pode verificar, apenas a frase 14 não está representada neste Quadro, visto que todas as crianças de 1º ano de escolaridade conseguiram efectuar a substituição, correcta ou incorrecta, do adjectivo peludo, tarefa que lhes era solicitada nessa frase. As frases 10 e 12 apresentam o mesmo número de ausências de resposta (4), seguidas da frase 3 (2) e, finalmente, as frases 6 e 18 apresentam apenas uma ocorrência de ausência de resposta. 3.1.3.2. 4º ano de escolaridade Nesta secção, apresentam-se os resultados relativos à substituição da categoria sintáctica adjectivo pelas crianças do 4º ano de escolaridade. No Quadro 135, apresentam-se os resultados globais das crianças de 4º ano relativos às respostas aos itens que testam a categoria adjectivo. Recorde-se que existem 44 sujeitos neste ano de escolaridade e, como tal, a totalidade de respostas para esta categoria é de 264. Quadro 135 – Frequências e percentagens de respostas correctas e incorrectas na categoria adjectivo, no 4ª ano de escolaridade Respostas correctas Frequência Percentagem 240 90,91% 127 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Respostas incorrectas 24 9,09% Total 264 100% Através da análise do Quadro 135., observa-se que a percentagem de respostas correctas está muito próxima dos 100%, registando-se apenas 24 respostas incorrectas (9,09%) aos itens que envolvem a substituição de adjectivos. No Quadro 136, apresentam-se exemplos de respostas correctas e incorrectas para cada uma das frases que testam a categoria sintáctica adjectivo. Quadro 136 - Exemplos de respostas correctas e incorrectas da categoria adjectivo, no 4º ano de escolaridade Item do Teste Respostas Correctas Respostas Incorrectas O menino está zangado O menino está contente (sujeito 1) Os cães são muito espertos Os cães são muito burros (sujeito 1) _________ O cães não são muito espertos (sujeito 31) Aquela ponte é muito perigosa Aquela ponte é muito segura (sujeito Aquela ponte é muito boa para passar 1) (sujeito 20) O Noddy tem um barrete estúpido O Noddy tem um barrete tonto (sujeito engraçado (sujeito 1) 5) Eu tenho um gato peludo Eu tenho um gato gordo (sujeito 3) Eu tenho um gato com pouco pêlo O Noddy tem um barrete (sujeito 1) A mãe comprou uma saia rasgada A mãe comprou uma saia inteira A mãe comprou uma saia com tecido (sujeito 1) (sujeito 23) É importante realçar que, relativamente à primeira frase do Quadro 136, não existe nenhum exemplo de resposta incorrecta, o que significa que todas as crianças do 4ª ano de escolaridade foram capazes de efectuar correctamente a substituição do adjectivo zangado, núcleo de um SA com função predicativa. No Quadro que se segue, são apresentados os resultados relativos ao 4º ano de escolaridade tendo em conta a variável extra-linguística género. Recorde-se que no 4º ano, existem 21 crianças do 128 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação género masculino e 23 do género feminino. Assim, foram dadas 126 respostas por sujeitos do género masculino e 138 por sujeitos do género feminino. Quadro 137 - Frequências e percentagens de respostas correctas e incorrectas, por género, aos itens que testam a categoria adjectivo, no 4º ano de escolaridade Masculino (N=22) Total Feminino (N=18) Total Respostas Respostas Respostas Respostas Correctas Incorrectas Correctas Incorrectas 114 12 126 126 12 138 90,48% 9,52% 100% 91,30% 8,70% 100% Frequência Percentagem É possível observar no Quadro 137 que a percentagem de respostas correctas em ambos os géneros é muito similar e bastante próxima de 100% . Com o objectivo de averiguar a existência de diferenças significativas entre géneros, na pontuação dos itens relativos à categoria adjectivo, aplicou-se o teste estatístico Mann-Whitney (Quadro 138) Quadro 138 – Teste Mann-Whitney para a pontuação total da categoria adjectivo, no 4º ano de escolaridade Grupo Média de MannWhitney M ± DP Mínimo Máximo Rank 5,48±,85 3,00 6,00 22,93 4º ano género feminino n= 23 U = 231,50 4º ano p = 0,784 género masculino 5,43±,81 4,00 6,00 22,02 n= 21 Através da análise do Quadro acima, conclui-se que não existem diferenças significativas entre géneros, o que está de acordo com os resultados apresentados no Quadro 137 visto que a diferença de percentagens entre os grupos era mínima. 3.1.3.2.1. Respostas correctas 129 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Como referido anteriormente, a percentagem de respostas correctas, para a categoria adjectivo, dadas pelas crianças do 4º ano de escolaridade é de 90,91% (240/264). Nesta secção, apresentam-se todas as respostas consideradas correctas, para cada frase que testa a categoria em análise. Considerem-se, em primeiro lugar, os itens que integram adjectivos em SAs predicativos. Frase 3 – O menino está zangado. Quadro 139 – Respostas correctas para a frase 3, no 4º ano de escolaridade Respostas correctas Frequência Respostas correctas Frequência contente 11 alegre 4 furioso 2 rabugento 1 feliz 17 aborrecido 1 triste 4 normal 1 chateado 2 sozinho 1 Frase 6 – Os cães são muito espertos. Quadro 140 - Respostas correctas para a frase 6, no 4º ano de escolaridade Respostas correctas Frequência Respostas correctas Frequência burros 20 simpáticos 1 inteligentes 15 grandes 1 perigosos 1 amigos 1 engraçados 1 Frase 10 – Aquela ponte é muito perigosa. Quadro 141 - Respostas correctas para a frase 10, no 4º ano de escolaridade Respostas correctas Frequência Respostas correctas Frequência alta 8 baixa 1 assustadora 3 estreita 2 segura 17 gira 1 estranha 1 linda 1 130 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação grande 4 Através da observação dos Quadros, constata-se, novamente, uma preferência por expressões sinónimas e antónimas. Assim, na frase 3, os adjectivos mais utilizados para substituir zangado foram feliz, contente, alegre (antónimo) e triste. Na frase 6, em que o item-alvo é esperto, as palavras com maior número de ocorrências são burros e inteligente, revelando a escolha do antónimo e do sinónimo, respectivamente, para efectuar a substituição solicitada. Finalmente, o mesmo acontece na frase 10 em que o adjectivo mais utilizado para substituir perigosa foi segura (antónimo). Seguidamente, apresentam-se as respostas correctas para os itens que integram adjectivos em SAs atributivos. Frase 12 – O Noddy tem um barrete engraçado. Quadro 142 - Respostas correctas para a frase 12, no 4º ano de escolaridade Respostas correctas Frequência Respostas correctas Frequência estúpido 3 divertido 2 feio 12 estragado 1 giro 3 peludo 1 espectacular 1 alegre 1 triste 5 barulhento 1 foleiro 2 sujo 1 vermelho 2 grande 1 estranho 2 perigoso 1 bonito 1 Frase 14 – Eu tenho um gato peludo. Quadro 143 - Respostas correctas para a frase 14, no 4º ano de escolaridade Respostas correctas Frequência Respostas correctas Frequência gordo 2 liso 1 careca 5 manso 1 giro 2 engraçado 2 131 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação fofinho 3 pequeno 1 macio 5 desinfectado 1 Feio 3 meigo 1 branco 1 lindo 1 Fofo 2 maluco 1 preto 2 grande 1 alegre 1 Frase 18 – A mãe comprou uma saia rasgada. Quadro 144 - Respostas correctas para a frase 18, no 4º ano de escolaridade Respostas correctas Frequência Respostas correctas Frequência inteira 2 linda 2 bonita 10 limpa 3 amarela 1 cortada 1 boa 2 nova 3 cosida 4 suja 1 curta 3 rota 1 dourada 1 cor-de-rosa 1 curtinha 1 pintada 1 perfeita 1 pequenina 1 descosida 1 Os Quadros 142 a 144, demonstram uma grande variedade lexical nas respostas a estes itens. Na frase 12, o adjectivo mais utilizado pelas crianças de 4º ano de escolaridade foi feio o que pode denotar já algum desinteresse pela personagem, visto que já são crianças mais velhas. Adicionalmente, verifica-se, de novo, uma escolha orientada pelas relações semânticas entre palavras, uma vez que, quer na frase 12 quer na frase 14, as palavras que ocorrem com maior frequência são feio e careca, respectivamente, antónimos de engraçado e peludo, que eram os adjectivos das frases da tarefa. A relação de sinonímia é também evidente. Vejam-se, por exemplo, as substituições do adjectivo engraçado, da frase 12, por giro, espectacular ou bonito. Na frase 18 existe também, uma grande variedade de respostas, verificando-se, tal como no 1º ano de escolaridade, na frase 16, uma preferência pelo adjectivo bonita para substituir rasgada, termos que podem ser entendidos quase como antónimos. 132 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação 3.1.3.2.2. Respostas incorrectas Tal como já foi referido, no início da secção sobre os resultados relativos à categoria adjectivo, no 4º ano, só não existe nenhuma resposta incorrecta para a frase 3, O menino está zangado. A. Manipulação do sintagma em vez do núcleo (i) Substituição de mais do que uma palavra no sintagma Entre os sujeitos do 4º ano de escolaridade, existe apenas uma resposta que se inclui neste tipo de erro. Assim, na resposta à substituição pedida na frase Aquela ponte é muito perigosa (frase 10), uma criança produziu A ponte é assustadora, tendo alterado não só o adjectivo, como solicitado na tarefa, mas também o determinante que ocorre no SN com função de sujeito. (ii) Substituição usando mais do que uma palavra As respostas incorrectas das crianças de 4º ano de escolaridade que se incluem neste tipo de erro são apresentadas no Quadro 145. Quadro 145 – Substituição usando mais do que uma palavra, para a categoria adjectivo, no 4º ano de escolaridade Itens do teste Itens incorrectos Frequência Aquela ponte é muito perigosa (frase Aquela ponte é muito boa para 1 10) passar O Noddy tem um barrete engraçado O Noddy tem um barrete com um (frase 12) guizo Eu tenho um gato peludo (frase 14) A mãe comprou uma saia rasgada 1 Eu tenho um gato com muitos pêlos 1 Eu tenho um gato com pêlo curto 1 sem pêlo 1 com pouco pêlo 1 A mãe comprou uma saia com tecido 1 A mãe comprou uma saia às cores 1 (frase 18) 133 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Na primeira resposta do Quadro, constata-se que a totalidade das crianças não substitui o adjectivo por outro adjectivo, tendo, antes, manipulado todo o SA, que desempenha a função sintáctica de Modificador, por outros constituintes sintagmáticos com a mesma função mas de categoria diferente: (i) SPs nas frases 12 (com um guizo), 14 (com muitos pêlos, com pêlo curto, sem pêlo, com pouco pêlo) e 18 (com tecido, às cores); (ii) oração subordinada adverbial final, na frase 10 (para passar). As crianças de 4º ano de escolaridade não recorreram a frases relativas nem à alteração do grau do adjectivo. (iii) Omissão de uma expressão dentro do sintagma Este tipo de erro ocorreu apenas em duas frases e as respostas são apresentadas no Quadro 146. Quadro 146 – Omissão de uma expressão dentro do sintagma, para a categoria adjectivo, no 4º ano de escolaridade Itens do teste Itens incorrectos Frequência Os cães são muito espertos (frase 6) Os cães são inteligentes 1 Aquela ponte é muito perigosa (frase Aquela ponte é segura 1 10) A ponte é assustadora 1 Como é possível observar no Quadro 146, em ambas as frases as crianças omitiram o advérbio muito, alterando, assim, o grau do adjectivo. B. Transformação de frase afirmativa em negativa Existe apenas uma resposta que exibe este tipo de erro: à frase Os cães são muito espertos uma criança respondeu Os cães não são muito espertos. C. Inadequação semântica No quadro seguinte, apresentam-se as respostas que se inserem neste tipo de erro, por incompatibilidade semântica entre o adjectivo e a expressão nominal sobre o qual predica ou à qual atribui uma propriedade. 134 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Quadro 147 – Inadequação semântica, para a categoria adjectivo no 4º ano de escolaridade Itens do teste Itens incorrectos Frequência Aquela ponte é muito perigosa (frase Aquela ponte é muito vaidosa 1 10) sensível 1 O Noddy tem um barrete engraçado O Noddy tem um barrete tonto 1 (frase 12) O Noddy tem um barrete feliz 1 Eu tenho um gato peludo (frase 14) Eu tenho um gato enferrujado 1 curto 1 As respostas às frases 10 e 12 foram consideradas incorrectas por serem utilizados adjectivos que se aplicam a entidades com o traço [+ humano], apenas, verificando-se, portanto, uma violação das propriedades lexicais do adjectivo. O mesmo acontece relativamente à frase 14, já que nas respostas apresentadas, os adjectivos utilizados, integrados em SAs com função atributiva, não correspondem a uma opção correcta, visto que não são semanticamente adequados à expressão nominal que se encontram a modificar. D. Alteração de género e/ou número Na frase Aquela ponte é muito perigosa registou-se uma resposta que se insere neste tipo de erro. Neste caso, a criança manteve o adjectivo, alterando apenas o género, o que origina uma sequência agramatical, *Aquela ponte é muito perigoso. Note-se que, sendo o adjectivo o núcleo do Predicativo do Sujeito, tem de concordar, em género e em número, com o Sujeito (feminino, singular, no caso em apreço). E. Uso de palavras não existentes no Português Europeu 135 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Como se pode verificar pelo Quadro 148, a construção de neologismos é pouco frequente, so se verificando nos casos em que se testam adjectivos. Quadro 148 – Uso de palavras não existentes no Português Europeu, para a categoria adjectivo no 4º ano de escolaridade Itens do teste Itens incorrectos Eu tenho um gato peludo (frase 14) A mãe comprou uma saia rasgada Frequência Eu tenho um gato fafarrudo 1 Eu tenho um gato depelado 1 A mãe comprou uma saia desrasgada 1 (frase 18) F. Ausência de resposta Observando o Quadro 149, é possível verificar que apenas duas crianças de 4º ano de escolaridade não deram qualquer tipo de resposta às substituições pedidas nas frases 12 e 18. Quadro 149 – Ausência de resposta, para a categoria adjectivo, no 4º ano de escolaridade Itens do teste Frequência O Noddy tem um barrete engraçado (frase 12) 1 A mãe comprou uma saia rasgada (frase 18) 1 3.1.3.3. Síntese comparada dos Resultados No que diz respeito à categoria adjectivo, a comparação entre os resultados das crianças do 1º ano e os das crianças do 4º ano de escolaridade permite concluir que: a) As crianças de 4º ano apresentam cerca de 90% de respostas correctas, enquanto o valor para o mesmo tipo de resposta por parte das crianças de 1º ano corresponde a cerca de 70%. 136 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação b) Não existem diferenças significativas entre géneros na pontuação total dos itens que envolvem adjectivos, no 1º e no 4º anos de escolaridade; porém, as raparigas apresentam uma média de respostas correctas ligeiramente superior à dos rapazes, nos dois anos. c) No geral, para os adjectivos, as crianças do 4º ano de escolaridade apresentaram maior variedade de respostas; contudo, as crianças do 1º ano deram um maior número de respostas diferentes às frases 6 e 10. d) No 1º ano, doze crianças não deram qualquer tipo de resposta, a cinco dos itens do teste; no 4º ano, apenas duas crianças não foram capazes de responder às substituições pedidas, em dois dos itens do teste. e) Nas respostas das crianças de 1º ano, os erros encontrados foram, por ordem decrescente de frequência: (i) Substituição usando mais do que uma palavra; (ii) Omissão de uma expressão dentro do sintagma; (iii) Inadequação semântica; Identificação incorrecta da palavra a substituir; Construção de uma frase nova; (iv) Substituição de mais do que uma palavra na frase; Alteração de género e/ou número; Alteração morfológica com preservação da base (com uma ocorrência em cada tipo de erro) f) Nas respostas das crianças de 4º ano, os erros encontrados foram, por ordem decrescente de frequência: (i) Substituição usando mais do que uma palavra; (ii) Inadequação semântica; (iii) Omissão de uma expressão dentro do sintagma; Uso de palavras não existentes no Português Europeu; (iv) Substituição de mais do que uma palavra no sintagma; Alteração de género e/ou número. 137 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação 3.1.4. Comparação dos resultados relativos ao sucesso na tarefa de manipulação em função das categorias sintácticas Para se averiguar a influência da categoria sintáctica da palavra-alvo no sucesso da manipulação, utilizou-se o teste estatístico não paramétrico Anova de Friedman com o intuito de averiguar a existência de diferenças na pontuação total de nomes, verbos e adjectivos. No Quadro 150, apresentam-se os resultados obtidos por aplicação do referido teste. Quadro 150. Pontuação das categorias sintácticas nome, verbo e adjectivo M ± DP Mínimo Máximo Média de Rank Pontuação Nomes 3,33±1,50 ,00 6,00 1,44 18 PontuaçãoVerbos 4,39±1,69 ,00 6,00 2,19 p= 0,007 Pontuação Adjectivos 4,72±1,23 2,00 6,00 2,36 Pontuação Nomes 2,91±1,66 ,00 6,00 1,68 22 PontuaçãoVerbos 3,36±1,56 1,00 6,00 1,93 p= 0,029 Pontuação Adjectivos 4,00±1,38 1,00 6,00 2,39 Pontuação Nomes 4,83±1,30 2,00 6,00 1,85 23 PontuaçãoVerbos 5,01±,95 3,00 6,00 1,43 p= 0,244 Pontuação Adjectivos 5,48±,85 3,00 6,00 2,22 Pontuação Nomes 4,48±1,54 1,00 6,00 1,57 21 PontuaçãoVerbos 5,33±,73 4,00 6,00 2,21 p= 0,024 Pontuação Adjectivos 5,43±,81 4,00 6,00 2,21 Grupo 1º ano género feminino n = 18 1º ano género masculino n= 22 4º ano género feminino n = 23 4º ano género masculino n = 21 Anova de Friedman Como se pode observar no Quadro 150, no 1º ano de escolaridade existem diferenças significativas entre a pontuação das três categorias sintácticas, para o género feminino, bem como, para o género masculino. Tanto as raparigas como os rapazes substituíram mais facilmente adjectivos, seguidos de verbos, e finalmente, nomes, como se pode observar através das médias de Rank. Em relação ao 4º ano de escolaridade, não se verificam diferenças significativas na pontuação total das três categorias sintácticas, para o género feminino, mas sim para o género masculino. Como se pode observar no Quadro, os rapazes deste ano de escolaridade tiveram maior facilidade na substituição de adjectivos e verbos do que de nomes. 3.2. A distribuição da palavra-alvo 138 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Nesta secção apresentam-se os resultados relativos à comparação entre as respostas correctas e incorrectas de acordo com a posição da palavra a ser substituída. 3.2.1. Nome Como se referiu na secção 2.3, a categoria nome foi testada em duas posições, integrando o primeiro ou o último constituinte da frase. Recorde-se que existem três itens para testar cada posição. 3.2.1.1. 1º ano de escolaridade No Quadro 151 apresentam-se os resultados para o 1º ano de escolaridade. Visto que existem 40 crianças neste ano, a totalidade de respostas é de 120, para cada posição do constituinte que integra o nome na frase. Quadro 151 - Frequências e percentagens para a categoria nome, consoante a posição do mesmo na frase, no 1º ano de escolaridade Nomes – Posição Inicial Frequência Percentagem Total Nomes – Posição Final Total Respostas Respostas Respostas Respostas Correctas Incorrectas Correctas Incorrectas 51 69 120 73 47 120 42,50% 57,50% 100% 60,83% 39,17% 100% Quando o nome está inserido no primeiro constituinte da frase podemos observar que existe uma maior percentagem de respostas incorrectas, ainda que a diferença relativamente aos valores das respostas correctas não seja grande. Quando a palavra alvo se encontra no último constituinte da frase a diferença entre respostas correctas e incorrectas é maior, existindo uma maior percentagem de respostas correctas. Contudo, se compararmos os valores relativos às duas posições, concluímos que as crianças de 1º ano de escolaridade têm mais facilidade em substituir nomes quando estes aparecem no último constituinte da frase. 139 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Para averiguar a existência de diferenças significativas entre géneros, tendo em conta a posição que o nome ocupa na frase, aplicou-se, novamente, o teste Mann-Whitney, sendo os resultados apresentados nos Quadros 152 e 153. Quadro 152 - Teste de Mann-Whitney para posição do nome na frase, no 1º ano de escolaridade MannGrupo Nomes Whitney – Posição U=196,500 p= 0,966 Inicial Nomes Posição Final – U=146,50 p=0,144 Quadro 153 - Estatística descritiva para a posição que o constituinte que integra o nome ocupa na frase – 1º ano de escolaridade Grupo M ± DP Mínimo Máximo 1º ano genéro PNomeInicial feminino PNomeFinal 1,28±1,02 ,00 3,00 2,06±,99 ,00 3,00 1,27±1,03 ,00 3,00 1,64±,95 ,00 3,00 n = 18 1º ano género PNomeInicial masculino PNomeFinal n = 22 Pela análise do Quadro 152, observa-se que não existem diferenças significativas entre os géneros no que diz respeito à posição ocupada pelo nome a testar. O Quadro 153 permite verificar que a média aritmética das respostas correctas dadas pelos rapazes e pelas raparigas aos itens que envolvem nomes em posição inicial é idêntica; em relação à posição final, verifica-se uma ligeira variação, apresentando as raparigas uma média aritmética superior. 3.2.1.2. 4º ano de escolaridade No 4º ano de escolaridade existem 44 crianças, pelo que a totalidade de respostas é de 132. 140 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Quadro 154 - Frequências e percentagens para a categoria nome, consoante a posição do mesmo na frase, no 4º ano de escolaridade Nomes – Posição Inicial Frequência Percentagem Nomes – Posição Final Total Total Respostas Respostas Respostas Respostas Correctas Incorrectas Correctas Incorrectas 103 29 132 102 30 132 78,03% 21,97% 100% 77,27% 22,73% 100% No Quadro 154, é possível observar que existem grandes diferenças entre as respostas incorrectas e incorrectas relativamente a cada uma das posições dos nomes na frase, sendo que a percentagem de respostas correctas é, em cada caso, bastante mais elevada do que a de respostas incorrectas. Contudo, não existem grandes diferenças entre a posição inicial e final, visto que os valores percentuais são praticamente iguais, o que significa que, para as crianças de 4º ano de escolaridade, a posição do nome na frase não influenciou a sua substituição. Veja-se o Quadro 155, abaixo: Quadro 155 - Teste de Mann-Whitney para posição do nome na frase, no 4º ano de escolaridade MannGrupo Nomes Whitney – Posição U=237,500 p= 0,917 Inicial Nomes Posição Final – U=186,00 p=0,151 Quadro 156 - Estatística descritiva para posição que o constituinte que integra o nome ocupa na frase – 4º ano de escolaridade Grupo M ± DP Mínimo Máximo 4º ano género PNomeInicial feminino PNomeFinal n = 23 4º ano género PNomeInicial masculino PNomeFinal n = 21 2,35±,83 ,00 3,00 2,48±,79 1,00 3,00 2,33±,91 ,00 3,00 2,14±,91 ,00 3,00 141 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Pela análise do Quadro 155, observa-se que não existem diferenças significativas entre os géneros no que diz respeito à posição do nome na frase (p = 0,917; p = 0.151). Constata-se, no Quadro 156, que a média aritmética das respostas de rapazes e raparigas é muito próxima quando o nome ocorre no primeiro constituinte da frase; quando o nome ocorre no último constituinte a referida média varia ligeiramente, sendo superior no género feminino, apesar de a diferença não ser significativa, tal como já foi referido. 3.2.2. Verbo Nesta secção apresentam-se os resultados relativos à comparação entre as respostas correctas e incorrectas de acordo com a subclasse do verbo a ser substituído. É de notar que a distinção entre subclasses é também empiricamente motivada através da distribuição dos verbos que constituem essas subclasses. Como tem vindo a ser referido, existem seis itens que testam os verbos, três para cada subclasse (intransitivos e transitivos directos). 3.2.2.1. 1º ano de escolaridade A totalidade de respostas obtidas neste ano é de 120, para cada subclasse, dado que a amostra integra 40 crianças do 1º ano de escolaridade. Quadro 157 - Frequências e percentagens para a categoria verbo, consoante a subclasse do mesmo, no 1º ano de escolaridade Verbos Intransitivos Frequência Percentagem Total Verbos Transitivos Total Respostas Respostas Respostas Respostas Correctas Incorrectas Correctas Incorrectas 66 45 120 87 33 120 55% 45% 100% 72,5% 27,5% 100% Em relação à subclasse verbos intransitivos, podemos observar que, apesar de os valores serem próximos, existe uma maior percentagem de respostas correctas do que de respostas incorrectas. Por outro lado, em relação aos verbos transitivos, a diferenças entre respostas correctas e incorrectas é superior, existindo, igualmente uma maior percentagem de respostas correctas. 142 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Ao comparar os valores relativos às respostas correctas para cada subclasse de verbos, verifica-se que as crianças do 1º ano de escolaridade têm mais facilidade em substituir verbos transitivos directos do que verbos intransitivos. Veja-se o Quadro 158. Quadro 158 - Teste de Mann-Whitney para subclasse do verbo, no 1º ano de escolaridade MannGrupo Whitney Verbos U=163,50 Intransitivos p= 0,331 Verbos Transitivos U=108,50 p= 0,008 Quadro 159 - Estatística descritiva para subclasse do verbo – 1º ano de escolaridade Grupo M ± DP Mínimo 1º ano género Intransitivos feminino Transitivos Máximo 1,83±1,04 ,00 3,00 2,56±,92 ,00 3,00 1,50±1,06 ,00 3,00 1,86±,99 ,00 3,00 n = 18 1º ano género Intransitivos masculino Transitivos n = 22 Pela observação do Quadro 158 conclui-se que não existem diferenças significativas entre os géneros na manipulação de verbos intransitivos. Com efeito, constata-se, no Quadro 159, que as médias aritméticas relativas às duas subclasses de verbos se encontram muito próximas. Relativamente aos verbos transitivos directos, existem diferenças significativas entre géneros (Quadro 158), sendo possível observar, no Quadro 159, que a média aritmética de respostas correctas do género feminino é superior à média de respostas correctas do género masculino. 143 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação 3.2.2.2. 4º ano de escolaridade Quadro 160 - Frequências e percentagens para a categoria verbo, consoante a subclasse do mesmo, no 4º ano de escolaridade Verbos Intransitivos Frequência Percentagem Total Verbos Transitivos Total Respostas Respostas Respostas Respostas Correctas Incorrectas Correctas Incorrectas 115 17 120 114 18 120 87,12% 12,88% 100% 86,36% 13,64% 100% Em cada subclasse, existe uma grande diferença entre os valores das respostas correctas e das respostas incorrectas, sendo estas últimas muito menos frequentes. Comparando os valores percentuais entre as duas subclasses, verifica-se que não existem grandes diferenças entre a manipulação de verbos intransitivos e a de verbos transitivos directos, no 4º ano. De modo a averiguar a existência de diferenças significativas entre género no que diz respeito às subclasses de verbos testadas, aplicou-se, novamente, o teste Mann-Whitney, encontrando-se os resultados no Quadro 161. Quadro 161 - Teste de Mann-Whitney para subclasse do verbo, no 4º ano de escolaridade MannGrupo Whitney Verbos U=204,00 Intransitivos p= 0,281 Verbos Transitivos U=228,50 p= 0,717 144 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Quadro 162 - Estatística descritiva para subclasse do verbo – 4º ano de escolaridade Grupo M ± DP Mínimo 4º ano género Intransitivos feminino Transitivos Máximo 2,52±,67 1,00 3,00 2,57±,59 1,00 3,00 2,71±,56 1,00 3,00 2,62±,59 1,00 3,00 n = 18 4º ano género Intransitivos masculino Transitivos n = 22 Pela análise do Quadro 161, conclui-se que não existem diferenças significativas entre os géneros em relação às subclasse de verbos testadas, encontrando-se as médias aritméticas muito próximas, como se verifica no Quadro 162. 3.2.3. Adjectivo Nesta secção apresentam-se os resultados relativos à comparação entre as respostas correctas e incorrectas dadas pelos sujeitos aos itens que testam a categoria adjectivo. Recorde-se que existem seis itens que testam esta categoria sintáctica, sendo que o SA de que o adjectivo faz parte tem uma função predicativa em três itens e uma função atributiva noutros três. 3.2.3.1. 1º ano de escolaridade Tal como já foi referido, existem 40 crianças no 1º ano de escolaridade pelo que a totalidade das respostas é 120, consoante a função do SA. Quadro 163 - Frequências e percentagens para a categoria adjectivo, consoante a função do SA, no 1º ano de escolaridade Adjectivos em SAs com função Total Adjectivos em SAs com função predicativa Frequência Percentagem Total atributiva Respostas Respostas Respostas Respostas Correctas Incorrectas Correctas Incorrectas 94 26 120 79 41 120 78,33% 21,67% 100% 65,83% 34,17% 100% 145 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Analisando o Quadro 163, observa-se que em cada conjunto de itens, existe uma maior percentagem de respostas correctas. Ainda que não exista uma grande diferença no desempenho dos alunos do 4º ano, é possível verificar que o mesmo melhora quando são manipulados adjectivos que são núcleo de SAs com função predicativa. Para averiguar a existência de diferenças significativas, entre géneros, em relação à função (predicativa/atributiva) do Sintagma Adjectival que inclui o adjectivo, aplicou-se, novamente, o teste Mann-Whitney (Quadro 164). Quadro 164 - Teste de Mann-Whitney para função do SA, no 1º ano de escolaridade MannGrupo Whitney Adjectivos U=137,00 com função p= 0,067 predicativa Adjectivos com função atributiva U=165,50 p=0,353 Quadro 165 - Estatística descritiva para função do SA – 1º ano de escolaridade Grupo M ± DP Mínimo 1º ano género AdjecPredicativos feminino AdjecAtributiva Máximo 2,56±,62 1,00 3,00 2,17±,79 1,00 3,00 2,18±,66 1,00 3,00 1,82±1,09 ,00 3,00 n = 18 1º ano género AdjecPredicativos masculino AdjecAtributiva n = 22 Pela análise do Quadro 164, observa-se que não existem diferenças significativas entre os géneros em relação à função do SA. Adicionalmente, é possível constatar – Quadro 165 – que as médias aritméticas são muito próximas, exceptuando no que diz respeito ao género masculino para os adjectivos com função atributiva, em que a média é ligeiramente inferior. 146 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação 3.2.3.2. 4º ano de escolaridade No Quadro 166, apresentam-se os resultados das respostas das crianças do 4º ano de escolaridade, tendo em conta a função do SA em que se encontra integrado o adjectivo a testar. A totalidade de respostas é 132, consoante a função do SA onde se integra o Adjectivo. Quadro 166 - Frequências e percentagens para a categoria adjectivo, consoante a função do SA, no 4º ano de escolaridade Adjectivos em SAs com função Total Adjectivos em SAs com função predicativa Frequência Percentagem Total atributiva Respostas Respostas Respostas Respostas Correctas Incorrectas Correctas Incorrectas 124 8 132 116 16 132 93,94% 6,06% 100% 87,88% 12,12% 100% Como é possível verificar no Quadro 166, existe uma grande diferença entre as frequências de respostas correctas e incorrectas nos dois grupos de itens, sendo que a percentagem de respostas correctas é bastante elevada. A percentagem de respostas correctas no grupo dos adjectivos em SAs com função predicativa é ligeiramente superior à percentagem de respostas correctas do outro grupo, o que significa que as crianças do 4º ano de escolaridade tiveram maior facilidade, apesar de ligeira, na substituição dos adjectivos com função predicativa. Para averiguar a existência de diferenças significativas entre géneros no que diz respeito à substituição de Adjectivos em SAs com função predicativa e em SAs com função atributiva, aplicou-se, novamente, o teste Mann-Whitney (Quadro 167). 147 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Quadro 167 - Teste de Mann-Whitney para função do SA, no 4º ano de escolaridade MannWhitney Grupo Adjectivos U=236,00 com função p= 0,839 predicativa Adjectivos com função atributiva U=234,50 p= 0,840 Quadro 168 - Estatística descritiva para função do SA – 4º ano de escolaridade Grupo M ± DP Mínimo 4º ano género AdjPredicativos feminino AdjAtributiva n = 23 4º ano género AdjPredicativos masculino AdjAtributiva n = 21 Máximo 2,83±,39 2,00 3,00 2,65±,57 1,00 3,00 2,81±,51 1,00 3,00 2,62±,59 1,00 3,00 Os dados do Quadro 167 demonstram que não existem diferenças significativas entre os géneros em relação à função do adjectivo, e constata-se, no Quadro 168, que as médias aritméticas estão todas muito próximas. 3.3. Comparação das variáveis Ano de escolaridade e Género Nesta secção apresentam-se os dados referentes à pontuação total da tarefa, tendo em conta o ano de escolaridade e o género. Para a análise destas variáveis efectuou-se o teste não paramétrico Kruskal-Wallis (cf. secção 2.5). 148 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Quadro 169. Pontuação total da tarefa nos quatro grupos. Média de KruskalWallis Grupo n M ± DP Mínimo Máximo Rank 1º ano género feminino 18 12,44±3,50 5,00 17,00 35,31 1º ano género masculino 22 10,27±3,78 4,00 18,00 22 4º ano género feminino 23 15,39±2,19 11,00 18,00 56,11 4º ano género masculino 21 15,24±2,05 11,00 18,00 54,71 Total 84 H= 29,078 p= 0,000 Como se pode observar no Quadro 169, existem diferenças muito significativas entre os diferentes grupos. Com efeito, é possível observar, através da média de Rank, que o género feminino no 1º ano de escolaridade apresenta um maior número de respostas correctas do que o género masculino no mesmo ano de escolaridade. No 4º ano de escolaridade verifica-se a mesma situação, visto que o género feminino apresenta uma média de Rank superior à do género masculino. Analisando a média aritmética e os valores de mínimo e máximo, conclui-se que as raparigas apresentam uma média superior à dos rapazes. No Quadro 170 apresentam-se os dados relativos ao género no 1º ano de escolaridade. Quadro 170. Comparação entre géneros no 1º ano de escolaridade. Média de Mann- Grupo n M ± DP Mínimo Máximo Rank Whitney 1º ano género feminino 18 12,44±3,50 5,00 17,00 24,89 U= 119,00 1º ano género masculino 22 10,27±3,78 4,00 18,00 16,91 p = 0,031 Total 40 Como é possível observar, existem diferenças significativas entre género no 1º ano de escolaridade, sendo que as raparigas apresentam uma média de respostas correctas superior à dos rapazes. Por outro lado, analisando os dados registados no Quadro seguinte (Quadro 171), é possível observar que não existem diferenças significativas entre género no 4º ano de escolaridade. 149 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Quadro 171 - Comparação entre géneros no 4º ano de escolaridade. Média de Mann- Grupo n M ± DP Mínimo Máximo Rank Whitney 4º ano género feminino 23 15,39±2,19 11,00 18,00 23,13 U= 227,00 4º ano género masculino 21 15,24±2,05 11,00 18,00 21,81 p = 0,730 Total 44 Como tal, é possível concluir a existência de um efeito de interacção entre ano de escolaridade e género, já que apenas no 1º ano de escolaridade se verificam diferenças entre género feminino e masculino. Contudo, é importante ter em conta que a diferença está bastante próxima da não significância (p = 0,046), o que significa que seria interessante realizar esta comparação com uma amostra maior para averiguar se os resultados se mantêm. Para complementar esta análise, realizou-se a comparação entre anos de escolaridade em cada género. O quadro 172 apresenta os resultados obtidos pelos sujeitos do género feminino. Quadro 172 - Comparação entre anos de escolaridade no género feminino. Média de MannWhitney Grupo n M ± DP Mínimo Máximo Rank 1º ano género feminino 18 12,44±3,50 5,00 17,00 14,97 U= 98,50 4º ano género feminino 23 15,39±2,19 11,00 18,00 25,72 p = 0,004 Total 41 Tendo em conta os valores do Quadro 172, existem diferenças significativas entre os dois anos de escolaridade, sendo que, em média, as raparigas do 4º ano respondem correctamente a mais três perguntas, e considera-se importante realçar, também, que o valor mínimo de respostas correctas aumenta. 150 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação No Quadro 173, apresentam-se os resultados para o género masculino. Quadro 173 - Comparação entre anos de escolaridade no género masculino. Média de MannWhitney Grupo n M ± DP Mínimo Máximo Rank 1º ano género masculino 22 10,27±3,78 4,00 18,00 14,23 U= 60,00 4º ano género masculino 21 15,24±2,05 11,00 18,00 30,14 p = 0,000 Total 43 Em relação ao género masculino é possível observar a existência de diferenças muito significativas. A média de respostas correctas aumenta de 10 para 15 com o ano de escolaridade, e o valor mínimo sofre, igualmente, uma grande alteração sendo que as crianças do sexo masculino com maior grau de escolaridade respondem, no mínimo, a 11 respostas correctamente. Em síntese: 1. Relativamente às categorias sintácticas e sua posição dentro da frase 1.1. Nomes a. 1º ano de escolaridade (i) A percentagem de respostas correctas e incorrectas ronda os 50%. (ii) Quando o nome se encontra no SN que ocupa a posição inicial de frase, existe uma maior percentagem de respostas incorrectas do que quando o SN de que o nome é núcleo se encontra na posição final de frase. (iii) Existem diferenças significativas entre géneros, na substituição de nomes, visto que as raparigas apresentam uma maior percentagem de respostas correctas e os rapazes apresentam uma maior percentagem de respostas incorrectas. (iv) Não existem diferenças significativas entre género em função da posição do constituinte (inicial ou final) em que se encontra o nome. 151 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação b. 4º ano de escolaridade (i) A percentagem de respostas correctas é superior à de respostas incorrectas. (ii) A percentagem de respostas correctas é idêntica à das respostas incorrectas, independentemente da posição do SN que integra o nome a testar; logo,para as crianças de 4º ano de escolaridade, a posição não foi importante para a manipulação da palavra alvo. (iii) Não existem diferenças significativas entre géneros, na substituição de nomes, apesar de a percentagem de respostas correctas do género feminino ser ligeiramente superior. (iv) Não existem diferenças significativas entre géneros em função da posição do constituinte (inicial ou final) em que se encontra o nome. 1.2. Verbos a. 1º ano de escolaridade (i) A percentagem de respostas correctas é superior à percentagem de respostas incorrectas. (ii) A percentagem de respostas correctas é superior quando se testam verbos transitivos. (iii) Não existem, globalmente, diferenças significativas entre géneros na substituição de verbos, embora a percentagem de respostas correctas no género feminino seja superior. (iii) Existem diferenças significativas entre género no que diz respeito à substituição de verbos transitivos, sendo que as raparigas apresentam uma média aritmética superior. Relativamente aos verbos intransitivos, não existem diferenças significativas entre géneros. b. 4º ano de escolaridade (i) A percentagem de respostas correctas é bastante superior à percentagem de respostas incorrectas. 152 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação (ii) A percentagem de respostas correctas é idêntica para as duas subclasses de verbos manipuladas. (iii) Não existem diferenças significativas entre géneros, na substituição de verbos, apesar de a percentagem de respostas correctas do género feminino ser superior. (iv) Não existem diferenças significativas entre géneros no que diz respeito à substituição de verbos transitivos e intransitivos. 1.3. Adjectivos a. 1º ano de escolaridade (i) A percentagem de respostas correctas é superior à percentagem de respostas incorrectas. (ii) Existem diferenças na substituição de adjectivos tendo em conta a função predicativa ou atributiva do SA de que aqueles são núcleos. Com efeito, verifica-se um maior número de respostas correctas quando o SA tem função predicativa. (iii) Não existem diferenças significativas entre géneros, no que diz respeito à substituição de adjectivos, apesar de o género feminino apresentar uma percentagem de respostas correctas superior. (iv) Não existem diferenças significativas entre géneros no que diz respeito à função do SA de que o adjectivo testado é núcleo. 4. 4º ano de escolaridade (i) A percentagem de respostas correctas é superior à percentagem de respostas incorrectas. (ii) A percentagem de respostas correctas em substituições que envolvam SAs com posição predicativa é superior à percentagem de respostas correctas em substituições que envolvam SAs em posição atributiva, sendo ambas superiores a 80%. 153 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação (iii) Não existem diferenças significativas entre géneros, relativamente à substituição de adjectivos, sendo a percentagem de respostas correctas muito similar nos dois géneros. (iv) Não existem diferenças significativas entre géneros tendo em conta a função (predicativa ou atributiva) do SA de que o adjectivo é núcleo. 2. As crianças do 1º ano de escolaridade, de ambos os géneros, substituíram com maior facilidade adjectivos, depois verbos e, finalmente, nomes. No 4º ano de escolaridade, os dados revelam que as raparigas substituem de igual modo nomes, verbos e adjectivos, contudo, os rapazes têm mais sucesso na substituição de adjectivos e verbos e menos sucesso quando manipulam nomes. 3. Existem diferenças significativas entre géneros na pontuação total da tarefa no 1º ano de escolaridade, mas não no 4º ano, o que permite concluir a existência de um efeito de interacção idade-género. Ou seja, no ano de escolaridade superior, o género já não é distintivo, sendo que rapazes e raparigas revelam o mesmo nível de desempenho. 4. Existem diferenças significativas entre anos de escolaridade dentro do mesmo género, na pontuação total da tarefa, sendo que, tal como esperado, as crianças mais velhas apresentam maior facilidade em realizar correctamente a tarefa. 3.4. Comentário dos Resultados Nesta secção procede-se ao comentário aos resultados obtidos, à luz das hipóteses formuladas e tendo em conta os estudos referidos no Capítulo 1. Considere-se, em primeiro lugar, a Hipótese 1, de acordo com a qual a categoria sintáctica da palavra-alvo determina o grau de sucesso no desempenho da tarefa de manipulação Os resultados obtidos no presente estudo só confirmam parcialmente esta Hipótese. Com efeito, embora as crianças do 1º ano e os rapazes do 4º ano tenham tido melhores desempenhos na substituição de adjectivos, depois de verbos e, por último, de nomes, as raparigas do 4º ano não apresentaram diferenças significativas na manipulação das três categorias. Quanto à Hipótese 2, segundo a qual a distribuição da palavra-alvo na frase condiciona o sucesso no desempenho da tarefa de manipulação, só parcialmente é confirmada pelos dados uma vez que se verificam diferenças em função do ano de escolaridade. Assim, a hipótese em causa confirma-se 154 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação para o 1º ano mas não para o 4º ano de escolaridade. Quanto aos sujeitos do 1º ano, revelaram melhores desempenhos na manipulação de: (i) nomes no último constituinte da frase; (ii) verbos transitivos; (iii) adjectivos em SAs com função predicativa. Pelo contrário, as crianças do 4º ano não revelam diferenças de desempenho na manipulação de nomes em diferentes posições nem de verbos de diferentes subclasses. Relativamente aos adjectivos, essas crianças têm um desempenho ligeiramente superior quando os mesmos se encontram em SAs com função predicativa. Na Hipótese 3 afirma-se que a tarefa de manipulação permite identificar diferenças de desempenho entre o 1º e o 4º anos de escolaridade. Os resultados obtidos mostram que as crianças de 4º ano de escolaridade tiveram um melhor desempenho em todas as categorias sintácticas do que as crianças de 1º ano de escolaridade, pelo que esta hipótese se confirma. Assim, estes resultados vão ao encontro dos resultados obtidos por Sim-Sim (1998), que refere que a idade aparece claramente associada à melhoria do desempenho nos subtestes da prova aplicada pela autora; por Mendes et al.(2009) , por Silva (2003) e por Afonso (2008). A Hipótese 4, de acordo com a qual a variável género não tem implicações no desempenho na tarefa de manipulação, foi também confirmada visto que não existem diferenças no desempenho da tarefa entre géneros. Contudo, tal como no estudo de Mendes et al. (2009) o género feminino apresenta um desempenho ligeiramente superior ao do género masculino, que não é estatisticamente significativo. Ao longo da apresentação e descrição dos dados encontraram-se alguns resultados que merecem uma atenção especial. Em primeiro lugar, em muitos casos de respostas incorrectas, as crianças manipularam o constituinte de natureza sintagmática e não apenas o núcleo, que era alvo da manipulação. Este facto indicia que as crianças da amostra revelam também consciência da noção de constituinte. Em segundo lugar, vários sujeitos de ambos anos de escolaridade efectuaram substituições dentro do campo semântico da palavra-alvo. Além disso, optaram frequentemente por sinónimos e por antónimos, o que revela que a manipulação das categorias sintácticas é, muitas vezes, orientada pelas relações semânticas entre itens lexicais. Finalmente, em algumas respostas foram omitidas expressões. No entanto, na globalidade, essas omissões não resultaram em sequências agramaticais, visto que o material omitido corresponder a modificadores quer de expressões verbais quer de expressões nominais. Veja-se em particular, o 155 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação caso dos adjectivos: várias crianças omitiram o adjectivo quando o SA que o integra tem uma função atributiva, mas não o fizeram quando o SA tem uma função predicativa. Este comportamento dos sujeitos é revelador da consciência das relações gramaticais que se estabelecem entre as palavras de uma frase. 156 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Conclusão Com o presente estudo procurou-se compreender o comportamento das crianças face a uma tarefa de consciência sintáctica, mais especificamente uma tarefa de manipulação de categorias sintácticas, na qual as crianças devem proceder à substituição de itens lexicais das categorias nome, verbo e adjectivo. Os resultados obtidos neste estudo mostram que as crianças do 1º ano de escolaridade e os rapazes do 4º ano revelam diferenças de desempenho na manipulação de nomes, verbos e adjectivos. Contudo, as raparigas do 4º ano de escolaridade não apresentam diferenças significativas na manipulação das três categorias, pelo que a hipótese de que a categoria sintáctica da palavra-alvo determina o sucesso no desempenho da tarefa de manipulação só parcialmente foi confirmada. Os dados demonstram que, no 1º ano de escolaridade, a distribuição da palavra-alvo na frase interfere no desempenho na tarefa, sendo que as crianças deste ano de escolaridade revelam melhores resultados na manipulação (i) de nomes no último constituinte da frase, (ii) de verbos transitivos e (iii) de adjectivos em SAs com função predicativa. Contudo, visto que, no 4º ano de escolaridade, não se verificaram diferenças de desempenho tendo em conta a distribuição da palavra na frase (apenas um desempenho ligeiramente superior quando o adjectivo se encontra num SA com função predicativa), o impacto desta variável linguística no desempenho da tarefa de manipulação poderá estar relacionada com o nível de consciência sintáctica do sujeito ou com o treino associado ao alargamento do seu conhecimento explícito, pelo que o estudo carece de investigação adicional. Não se verificaram diferenças de desempenho entre géneros na tarefa de manipulação, apesar de o género feminino apresentar um desempenho ligeiramente superior ao do género masculino, não sendo, porém, estatisticamente significativo. Tal como esperado, as crianças do 4º ano de escolaridade apresentam melhores resultados globais na tarefa de manipulação do que as crianças do 1º ano de escolaridade, pelo que se pode afirmar que esta tarefa é eficaz na identificação de diferentes níveis de consciência sintáctica, associados aos anos lectivos estudados. Na execução deste estudo, identificaram-se algumas limitações, que se prendem com questões relacionadas com a aplicação das quatro tarefas construídas: (i) As instruções e os itens da tarefa deveriam ter sido previamente gravados para assegurar que todas os sujeitos eram expostos às mesmas condições de teste. 157 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação (ii) Nem todas as respostas das crianças foram eficazmente gravadas, devido a falhas no sistema/software de gravação de áudio utilizados. (iii) A prova deveria ter sido aplicada num contexto sem distracções o que não foi possível, por motivos logísticos, pelo que algumas crianças se baseavam nos objectos ou desenhos presentes na sala para responder ao que lhes era pedido, essencialmente na tarefa de manipulação. A tarefa de manipulação de categorias sintácticas pode ser usada, quer em contexto lectivo, quer em contexto de intervenção clínica, como forma de promover o conhecimento lexical das crianças (cf. Duarte, 2008). Finalmente, retomando o que já foi referido no capítulo 1, este estudo é relevante para a área da Terapia da Fala no sentido em que contribui para a construção de uma prova de avaliação sintáctica e para a reflexão sobre as variáveis linguísticas e extralinguísticas a controlar em instrumentos desta natureza. Como referido anteriormente, não existem instrumentos que permitam avaliar exaustivamente os níveis de consciência sintáctica nas crianças portuguesas, sendo crucial a criação de instrumentos fiáveis e linguisticamente controlados para a realização de uma avaliação adequada desta competência e para a posterior planificação de uma intervenção eficaz. 158 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Referências Bibliográficas Afonso, C. (2008). Complexidade prosódica e segmentação de palavras em crianças entre os 4 e os 6 anos. Dissertação de Mestrado em Terapia da Fala. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa. António, R. (1998). Desenvolvimento da linguagem em rapazes e raparigas: estudo de um grupo de crianças no inicio do primeiro ano de escolaridade. Monografia final de curso bietápico de licenciatura em terapia da fala. Alcoitão: Escola Superior de Saúde do Alcoitão. Brito, A.M. (2003). Categorias Sintácticas. In Mateus, M.H., Brito, A.M., Duarte, I., Faria, I.H., Frota, S., Matos, G., Oliveira, F., Vigário, M. & Villalva, A. (2003). Gramática da Língua Portuguesa (6ª edição). Lisboa: Editorial Caminho. Brito, A.M.; Duarte, I. & Matos, G. (2003). Tipologia e distribuição das expressões nominais. In Mateus, M.H., Brito, A.M., Duarte, I., Faria, I.H., Frota, S., Matos, G., Oliveira, F., Vigário, M. & Villalva, A. (2003). Gramática da Língua Portuguesa (6ª edição). Lisboa: Editorial Caminho. Cain, K. (2007). Syntactic awareness and reading ability: is there any evidence for a special relationship?. Applied Psycholinguistics, 28, 679-694. Capovilla, A., Capovilla, F. & Soares, J. (2004). Consciência sintáctica no ensino fundamental: correlações com consciência fonológica, vocabulário, leitura e escrita. Psico-USF, 9, (1), 39-47. Carmo, H. & Ferreira, M.M. (1998). Metodologia da Investigação – Guia para AutoAprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta. Correa, J. (2004). A avaliação da consciência sintáctica na criança: uma análise metodológica. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 20 (1). Cunha, C. & Cintra, L. (1984/2002). Nova Gramática do Português Contemporâneo .(17ª edição) Lisboa: Edições João Sá da Costa, LDA. Duarte, I. & Brito, A.M. (1996). Sintaxe. In Faria, I., E. Pedro, I. Duarte & C. Gouveis (orgs.). Introdução à Linguística Geral e Portuguesa. Lisboa: Caminho. Duarte, I. (2000). Língua Portuguesa: Instrumentos de Análise. Lisboa: Universidade Aberta. 159 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Duarte, I. (2003). Relações gramaticais, esquemas relacionais e ordem de palavras. In Mateus, M.H., Brito, A.M., Duarte, I., Faria, I.H., Frota, S., Matos, G., Oliveira, F., Vigário, M. & Villalva, A. (2003). Gramática da Língua Portuguesa (6ª edição). Lisboa: Editorial Caminho. Duarte, I. & Brito, A.M. (2003). Predicação e classes de predicadores verbais. In Mateus, M.H., Brito, A.M., Duarte, I., Faria, I.H., Frota, S., Matos, G., Oliveira, F., Vigário, M. & Villalva, A. (2003). Gramática da Língua Portuguesa (6ª edição). Lisboa: Editorial Caminho. Duarte, I. & Oliveira, F. (2003). Referência Nominal. In Mateus, M.H., Brito, A.M., Duarte, I., Faria, I.H., Frota, S., Matos, G., Oliveira, F., Vigário, M. & Villalva, A. (2003). Gramática da Língua Portuguesa (6ª edição). Lisboa: Editorial Caminho. Duarte, I. (2008). O Conhecimento da língua: desenvolver a consciência linguística (1ªed.). Lisboa: Ministério da Educação – Direcção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular. Guimarães, S.R.K. (2003). Dificuldades no desenvolvimento da lectoescrita: o papel das habilidades metalinguísticas. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 19, (1). Layton, A., Robinson, J. & Lawson, M. (1998). The relationship between syntactic awareness and reading performance. Journal of Research in Reading, 21 (1), 5-23. Lesaux, N.K., Siegel, L.S. & Rupp, A.A. (2007). Growth in reading skilss of children from diverse linguistic backgrounds: findings from a 5.year longitudinal study. Journal of Educational Pshychology, 99 (4), 821-834. Maroco, J. (2003). Análise Estatística com Utilização do SPSS. Lisboa: Edições Silabo. Martinez, L. & Ferreira, A. (2007). Análise de dados com SPSS: primeiros passos. Lisboa: Escolar Editora. Mendes, A., Afonso, E., Lousada, M. & Andrade, F. (2009), Teste fonético-fonológico ALPE. Designeed, Lda. Otero, C.P. (1999). Pronombres reflexivos y recíprocos. In Bosque, I. & V. Demonte (orgs.). Gramática Descriptiva de la Lengua Española. Vol. 1. Madrid: Espasa. Plaza, M. & Cohen, H. (2003). The Interaction between phonological processing, syntactic awareness, and naming speed in the reading and spelling performance of first-grade children. Brain and Cognition, 53, 287-292. 160 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Rego, L.L.B. (1993). O papel da consciência sintáctica na aquisição da língua escrita. Temas em Psicologia. 1, 79-87. Rego, L.L.B. (1995). Diferenças individuais na aprendizagem inicial da leitura: papel desempenhado por factores metalinguísticos. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 11, (1), 51-60. Rego, L.L.B. (1997). The connection between syntactic awareness and reading: evidence from portuguese-speaking children taught by phonic method. International Journal of Behavioral Development,20, (2), 349-365. Silva, A.C.C. (2003). Até à descoberta do principio alfabético. Fundação Calouste Gulbenkian. Sim-Sim, I., Duarte, I. & Ferraz, M.J. (1997). A língua materna na educações básica. Competencias essenciais. Lisboa: ME-DEB. Sim-Sim, I. (1998). Desenvolvimento da linguagem. Lisboa: Universidade Aberta. Tunmer, W.E., Nesdale, A.R, & Wright, A.D. (1987). Syntactic awareness and reading acquisition. British Journal of Developmental Psychology. 5, 25-43. Tunmer, W. E., Herriman, M.L. & Nesdale, A.R. (1988). Metalinguistic abilities and beginning reading. Reading Research Quarterly. 23, 134-158. Viana, F.L.P. (2002). Da linguagem oral à leitura. Construção e validação do teste de identificação de competências linguísticas. Fundação Calouste Gulbenkian. Vicente, F.L. (2009). Consciência fonológica no ensino básico em Moçambique.. Dissertação de Mestrado em Linguística. Lisboa: Universidade de Lisboa – Faculdade de Letras. Vigário, Marina, M. João Freitas e Sónia Frota (2006) Grammar and frequency effects in the acquisition of prosodic words in European Portuguese. In Katherine Demuth (ed) Language and Speech. Vol. 49. 161 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Apêndices 162 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Apêndice I – Ficha socioprofissional Criança Nome:____________________________________________________________________ Data de Nascimento:____/____/_______ Idade: ___________________ Escola: __________________________________________ Ano/Turma: ______________ Agregado Familiar Pai/Cuidador Nome: _________________________________________________Idade: _______________ Profissão: ________________________________ Habilitações: _______________________ Mãe/Cuidador Nome: _________________________________________________Idade: _______________ Profissão: ________________________________ Habilitações: _______________________ Fratria Nome: __________________________________ Idade: ______ Escolaridade: ___________ Nome: __________________________________ Idade: ______ Escolaridade: ___________ Nome: __________________________________ Idade: ______ Escolaridade: ___________ Nome: __________________________________ Idade: ______ Escolaridade: ___________ 163 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Apêndice II – Caracterização do meio socioprofissional Quadro 174 - Caracterização do meio socioprofissional n 1. Grandes empresários, profissões liberais, quadros superiores 11 2. Profissões intermédias, quadros médios, grandes agricultores 11 3. Trabalhadores qualificados, comerciantes, artesão, pequenos agricultores, operários 22 Classe 1 qualificados 4. Trabalhadores semi-qualificados, empregados 23 5. Trabalhadores não qualificados 13 6. Desempregados, Domésticas, reformados 4 164 2 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Apêndice III – Folha de registo da prova Consciência Linguística Avaliação da Consciência Sintáctica I – TAREFA DE RECONSTITUIÇÃO: Instrução: Eu vou dizer-te umas frases. Algumas estão correctas e outras erradas. Primeiro, quero que me digas se a frase está certa ou errada; se estiver errada, tens de a corrigir e dizê-la de forma correcta, sem tirares nem pores mais palavras. Por exemplo, a frase O menino comprou um rebuçado está correcta. Mas a frase As menina andou de carro está errada, porque, para estar correcta, temos de dizer A menina andou de carro. Vou dar-te outro exemplo: a frase Eu caderno escrevo no está incorrecta porque as palavras estão na ordem errada. O correcto é Eu escrevo no caderno. Entendeste? Itens de treino (o terapeuta diz a frase, após a resposta da criança, deve ajudá-la, produzindo a frase gramatical): a) A menina gosta das boneca. (após a resposta da criança, dizer: a frase está errada porque o correcto é dizer A menina gosta da boneca. b) O cão é preto. (após a resposta da criança, dizer: a frase está certa!) c) O só pai tem um telemóvel. (após a resposta da criança, dizer: a frase está errada porque a frase certa é O pai só tem um telemóvel. Itens de teste (o terapeuta regista a resposta da criança): Frase 1-O irmão do Pedro joga futebol. Reconhecimento 2-Os pai comeu uma maçã. 3-A até mãe comprou um gelado. 4-O pai comprou grande um carro. 5-A menina pegou nos livro. 6-Ela guardou os brinquedos. 7-A caneta é bonita do pai. 8-O menino comeu o ontem bolo. 9-A canetas ficou estragada. 10-Ontem eu comi massa. 11-Casa é azul esta. 12-O menino escreveu um textos. 13-A casa hoje da tia está a ser pintada. 14-Estas flores são brancas. 15-Este é o livro das menina. 16-O menino só apanhou uma flor pequenina. 17-O carro do tios foi caro. 165 Correcção A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação II – TAREFA DE SUPRESSÃO Instrução – Eu vou dizer-te umas frases. Quero que tu me digas o que é que podes tirar da frase de forma a ficar uma frase boa, que se perceba. Por exemplo, para a frase Na cozinha, a Maria varre o chão podemos dizer só A Maria varre o chão porque a frase fica bem na mesma se retirarmos na cozinha. Vou dar-te outro exemplo: No cinema o João viu um filme de aventuras. Nesta frase, podemos tirar duas coisas no cinema e de aventuras porque a frase O João viu um filme já é boa. Percebeste? Itens de treino (o terapeuta diz a frase, dá a instrução e volta a repetir a frase, pedindo para retirar o que for necessário de forma a que se obtenha uma frase gramatical): I – Estrutura SV Na cozinha a Maria varre o chão. A Maria na cozinha varre o chão. A Maria varre o chão na cozinha. No campo a avó apanha flores. A avó no campo apanha flores. A avó apanha flores, no campo. II – Estrutura N A loja da mãe é grande. A menina brinca em casa da mãe. III – Estrutura SN + V No cinema o João viu um filme de aventuras. No parque a Maria comprou um gelado de morango. Itens de teste (Novamente o terapeuta diz a frase, dá a instrução e volta a repetir a frase registando a resposta da criança): Frases Resposta 1. Na sala o João arruma os livros. O João na sala arruma os livros. O João arruma os livros na casa. 2. Os sapatos do pai são grandes. A mãe limpa os sapatos do pai. 3. 166 Cotação 1–0 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Em casa a Joana limpa o quarto. A Joana em casa limpa o quarto. A Joana limpa o quarto em casa. 4. No Algarve a Sandra vai à piscina da tia. A Sandra vai à piscina da tia no Algarve. 5. No parque a Sara perdeu a boneca. A Sara no parque perdeu a boneca. A Sara perdeu a boneca no parque. 6. Na rua a Carolina apanhou uma flor do jardim. A Carolina apanhou uma flor do jardim na rua. 7. A casa da Sara tem um jardim. O menino foi a casa da Sara. 8. Na escola a Francisca foi à sala da irmã. A Francisca foi à sala da irmã na escola. 9. O carro do Manuel é amarelo. A ursa está no carro do Manuel. III – TAREFA DE IDENTIFICAÇÃO Instrução: Eu vou dizer-te três frases. Há uma que não pertence ao grupo. Quero que me digas qual é a frase que não pertence ao grupo, a que achas que é diferente. Por exemplo, nas frases (a) O João é bonito; (b) O João é alto e (c) O João é meu, a frase (c) não pertence ao grupo. Itens de treino (a terapeuta produz as 3 frases, dá a instrução e diz se a resposta está ou não correcta): Adjectivos: d) A bola é amarela. d) As calças de fazenda são minhas. e) A bola é minha. e) As calças muito rasgadas são minhas. f) A bola é grande. f) As calças bem passadas são minhas. Nomes: d) Os rapazes correram. d) Esta menina brinca no recreio. e) Estas meninas chegaram. e) Vi um jogo na televisão. f) Comemos muitos bolos. f) O pai lê o jornal. 167 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Verbos: d) A mãe comprou um jogo. d) O avô assistiu ao filme. e) O bebé da Rita nasceu. e) A mãe escreveu uma carta. f) Esta meninas das tranças caiu. f) A Rita obedeceu à mãe. Itens de teste (a terapeuta regista a resposta da criança, sem qualquer tipo de ajuda): Adjectivos 10. a) A mala é azul. 11. a) A casa está aqui. b) A mala é minha. b) A casa está pintada. c) A mala é grande. c) A casa está bonita. 12. 13. a) A casa bem pintada está aqui. a) A bola de futebol é branca. b) A bola de futebol é pequena. b) A casa de pedra está aqui. c) A bola de futebol é minha. c) A casa muito grande está aqui. 14. a) A camisola de lã é minha. b) A camisola bem lavada é minha. c) A camisola muito grande é minha. Nomes 15. a) Fizemos muitos gelados. 16. a) Os rapazes brincam na rua b) As meninas brincaram. b) Lemos o jornal na rua. c) Estes atletas correram. c) Aquelas senhoras caíram na rua. 17. 18. a) A tia mais alta espirrou. a) O João adormeceu na cama. b) Vi um filme na televisão. b) O amigo do João saiu. c) Esta menina brinca na rua. c) A mãe da Rita chegou. 10. a) O livro muito grande caiu. 14. a) Aquela menina loira é bonita. b) O livro menos sujo caiu. b) Os meninos altos são giros. c) O livro da menina caiu. c) Somos todos muito morenos. 15. a) O avô do João joga xadrez. 16. a) Fizemos um trabalho grande. b) As irmãs da mãe cozinham bem. b) Fantasmas metem muito medo c) Brinquei com os meus primos. c) Elefantes são animais selvagens. 14. a) Limões são frutos amarelos. 15. a) Bolos são guloseimas boas. b) Coelhos comem muitas cenouras. b) Encontrámos uma boneca grande. c) Brincamos sempre no intervalo. c) Elefantes são animais grandes. 168 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Verbos Verbos intransitivos 22. a) O pai comprou um carro. 23. a) Os colegas da escola sorriram b) A minha sobrinha já nasceu. b) A avó da Rita espirrou. c) O jogador de futebol caiu. c) O pai lê o jornal. 24. a) Ela comprou um livro. b) O bebé dorme bem. c) Aquela criança chora muito. Verbos transitivos directos 25. a) A mãe embala o bebé. 26. a) A tia fez um sumo. c) O pai ouviu a música. b) O Pedro foi a Paris. c) Este menino escreveu um livro. d) O atleta mais alto caiu. 27. a) Os músicos ganharam o concurso. b) Estes alunos estudaram muito bem. c) As irmãs compraram um bolo. Estimulo a) Resultado b) c) Adjectivos 1. 2. 3. 4. 5. 6. Nomes 7. 8. 9. 10. 11. 12. 169 Pontuação A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação 13. 14. 15. Verbos - Verbos intransitivos 16. 17. 18. - Verbos transitivos directos 19. 20. 21. IV – TAREFA DE SUBSTITUIÇÃO Instrução: Eu vou dizer-te umas frases e quero que digas outra frase igual em tudo menos na palavra que eu disser. Por exemplo: Esta saia (pasta, boneca) da Ana é verde. Diz outra frase igual em tudo menos na palavra X. Só podes mudar mesmo esta palavra. Assim, poderíamos dizer Esta pasta da Ana é verde. Vou dar-te mais alguns exemplos: Itens de treino (o terapeuta diz a frase, dá a instrução e volta a repetir a frase, dando a hipótese de substituição): g) Aquele carro (gelado, caderno) é meu. h) Esse menino tem um jogo (lápis, computador) i) O João espirrou (cantou, saltou). j) A menina fez (bebeu, entornou) um sumo. k) O sapato está roto (velho, estragado). l) O Miguel tem uma bola furada (redonda, pequena). Itens de treino pela negativa (itens representativos daquilo que a criança não deve fazer): d) Aquele carro é meu – Aquele jogo é do João. e) A menina fez um sumo – A menina comprou um bolo. f) O sapato está roto – O casaco está roto. Itens de teste (Novamente o terapeuta diz a frase, dá a instrução e volta a repetir a frase registando a resposta da criança): Frase Substituição 1- Este menino jogou à bola no recreio. 170 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação 2- O bebé chora quando acorda. 3- O menino está zangado. 4- As crianças dormem à noite. 5- Aquela boneca da Maria é cor-de-rosa. 6- Os cães são muito espertos. 7- O meu pai dança. 8- Aquela linda casa é grande. 9- O João comprou um boneco. 10- Aquela ponte é muito perigosa. 11- O Pedro tem um carro. 12- O Noddy tem um barrete engraçado. 13- Eu vi um grande livro. 14- Eu tenho um gato peludo. 15- A Mariana lê o livro. 16- O João vai à loja com a tia. 17- A Sara pintou um desenho. 18- A mãe comprou uma saia rasgada. 171 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Apêndice IV – Carta de apresentação do projecto Lisboa, Maio de 2009 Exmo. Sr.(a) Presidente da Comissão Executiva A signatária, aluna do mestrado de Terapia da Fala – área de Patologia da Linguagem da Universidade Católica Portuguesa – Instituto de Ciências da Saúde em parceria com a Escola Superior de Saúde do Alcoitão, encontra-se a realizar um trabalho final de investigação com vista a construção de tarefas de avaliação de consciência linguística, cujo título é: A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação. Neste sentido, solicita-se a V.Exa o consentimento para a realização de recolha de dados no âmbito do referido projecto, com alunos do 1º e do 4º anos de escolaridade. O estudo implica a avaliação de cada criança através de quatro tarefas de conversação, com respectiva gravação áudio e realizada uma única vez na própria escola, devendo ocorrer no período decorrente entre Maio e Junho, com a duração média de 30 minuto. Os dados a obter destinam-se apenas a fins académicos e científicos, sendo confidenciais. Caso a realização do respectivo projecto seja aceite, solicito a disponibilização de uma lista dos alunos que frequentam os 1º e 4º anos da escola, para realizar a respectiva selecção aleatória da amostra. Grata pela disponibilidade, aguardo a sua resposta, ___________________________________, Rita Maria Pereira Alexandre Para qualquer esclarecimento: 172 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Apêndice V – Carta de pedido de autorização aos encarregados de educação Lisboa, ________ de ____________ de 2009 Exmº Encarregado de Educação, A signatária, aluna do mestrado de Terapia da Fala – área de Patologia da Linguagem da Universidade Católica Portuguesa – Instituto de Ciências da Saúde em parceria com a Escola Superior de Saúde do Alcoitão, está a realizar um trabalho final de investigação com vista a construção de tarefas de avaliação de consciência linguística, cujo título é: A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação. Neste sentido já foi obtido consentimento do Agrupamento de Escolas da Pontinha. O estudo implica a avaliação de cada criança através de quatro tarefas de conversação, com respectiva gravação áudio e realizada uma única vez na própria escola, devendo ocorrer no período decorrente entre Maio e Junho. Os dados a obter destinam-se apenas a fins académicos e científicos, sendo confidenciais. Caso concorde, agradeço que preencha o destacável em baixo e o entregue ao professor titular da turma. Grata pela disponibilidade, ___________________________________, Rita Maria Pereira Alexandre -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Eu, ___________________________________________________, Encarregado de Educação do aluno _____________________________________________, declaro que autorizo o meu educando a participar no estudo que visa a construção de tarefas de avaliação de consciência sintáctica, em curso na escola que frequenta. ____ / ____ / ____ ______________________________ (Assinatura) 173 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Apêndice VI – Estatística Inferencial - Testes de Normalidade Quadro 175 - Testes de normalidade para a pontuação total da tarefa de manipulação Testes de Normalidade Kolmogorov-Smirnova Grupo PontuaçãoTotal Statistic df Shapiro-Wilk Sig. Statistic df Sig. 1º ano género feminino ,285 18 ,000 ,839 18 ,006 1º ano género masculino ,131 22 ,200* ,973 22 ,774 4º ano género feminino ,218 23 ,006 ,907 23 ,035 4º ano género masculino ,216 21 ,012 ,900 21 ,035 a. Lilliefors Significance Correction *. This is a lower bound of the true significance. Quadro 176 - Testes de normalidade para a pontuação de nomes, verbos e adjectivos Testes de Normalidade Kolmogorov-Smirnova Grupo PontuaçãoNome PontuaçãoVerbo PontuaçãoAdjectivo Statistic df Shapiro-Wilk Sig. Statistic df Sig. 1º ano género feminino ,161 18 ,200* ,939 18 ,281 1º ano género masculino ,205 22 ,016 ,914 22 ,056 4º ano género feminino ,251 23 ,001 ,822 23 ,001 4º ano género masculino ,205 21 ,022 ,870 21 ,009 1º ano género feminino ,253 18 ,004 ,844 18 ,007 1º ano género masculino ,138 22 ,200* ,937 22 ,168 4º ano género feminino ,246 23 ,001 ,820 23 ,001 4º ano género masculino ,296 21 ,000 ,774 21 ,000 1º ano género feminino ,201 18 ,054 ,878 18 ,024 1º ano género masculino ,311 22 ,000 ,840 22 ,002 4º ano género feminino ,384 23 ,000 ,673 23 ,000 4º ano género masculino ,379 21 ,000 ,687 21 ,000 a. Lilliefors Significance Correction *. This is a lower bound of the true significance. 174 A consciência sintáctica em crianças do 1º ciclo de escolaridade: construção e aplicação de uma tarefa de manipulação Quadro 177 - Testes de normalidade para a pontuação de nomes consoante a posição, de verbos consoante a classe e de adjectivos consoante a função do SA Testes de Normalidade Kolmogorov-Smirnova Grupo PontuaçãoNomesIniciais PontuaçãoNomesFinais PontuaçãoVerbIntra PontuaçãoVerbTran PontuaçãoAdjPred PontuaçãoAdjMod Statistic df Shapiro-Wilk Sig. Statistic df Sig. 1º ano género feminino ,205 18 ,043 ,876 18 ,023 1º ano género masculino ,195 22 ,029 ,875 22 ,010 4º ano género feminino ,305 23 ,000 ,757 23 ,000 4º ano género masculino ,339 21 ,000 ,745 21 ,000 1º ano género feminino ,256 18 ,003 ,817 18 ,003 1º ano género masculino ,248 22 ,001 ,869 22 ,008 4º ano género feminino ,398 23 ,000 ,661 23 ,000 4º ano género masculino ,295 21 ,000 ,773 21 ,000 76-95 sexo feminino ,202 18 ,051 ,864 18 ,014 76-95 sexo masculino ,227 22 ,004 ,873 22 ,009 109-125 sexo feminino ,373 23 ,000 ,702 23 ,000 109-125 sexo masculino ,457 21 ,000 ,569 21 ,000 1º ano género feminino ,463 18 ,000 ,554 18 ,000 1º ano género masculino ,282 22 ,000 ,841 22 ,002 4º ano género feminino ,378 23 ,000 ,691 23 ,000 4º ano género masculino ,408 21 ,000 ,658 21 ,000 1º ano género feminino ,376 18 ,000 ,699 18 ,000 1º ano género masculino ,290 22 ,000 ,793 22 ,000 4º ano género feminino ,499 23 ,000 ,463 23 ,000 4º ano género masculino ,502 21 ,000 ,434 21 ,000 1º ano género feminino ,244 18 ,006 ,804 18 ,002 1º ano género masculino ,223 22 ,006 ,847 22 ,003 4º ano género feminino ,424 23 ,000 ,633 23 ,000 4º ano género masculino ,408 21 ,000 ,658 21 ,000 a. Lilliefors Significance Correction 175