UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE AGRONOMIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E MELHORAMENTO DE PLANTAS ESTRUTURA GENÉTICA E SISTEMA DE CRUZAMENTO EM Eugenia dysenterica DC. (MYRTACEAE) ANA CLARA DE OLIVEIRA FERRAZ BARBOSA Orientadora: Profa. Dra. Mariana Pires de Campos Telles Coorientadora: Profa. Dra. Rosane Garcia Collevatti Goiânia, GO – Brasil Março – 2014 2 ANA CLARA DE OLIVEIRA FERRAZ BARBOSA ESTRUTURA GENÉTICA E SISTEMA DE CRUZAMENTO EM Eugenia dysenterica DC. (MYRTACEAE) Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento de Plantas, da Universidade Federal de Goiás, como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Genética e Melhoramento de Plantas. Orientadora: Profa. Dra. Mariana Pires de Campos Telles Coorientadora: Profa. Dra. Rosane Garcia Collevatti Goiânia, GO – Brasil 2014 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Barbosa, Ana Clara de Oliveira Ferraz. B238e Estrutura genética e sistema de cruzamento em Eugenia dysenterica DC. (Myrtaceae) [manuscrito] / Ana Clara de Oliveira Ferraz Barbosa. - 2014. 126 f. : figs, tabs. Orientadora: Profª. Drª. Mariana Pires de Campos Telles. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Goiás, Escola de Agronomia, 2014. Bibliografia. 1. Cagaita (genética de populações) 2. Eugenia dysenterica (cagaita) – Diversidade 3. Cagaita – Subpopulações I. Título. CDU: 582.883 ".- sra~ UFG sistema de bibliotecas ufg TERMO DE CIÊNCIA E DE AUTORIZAÇÃO PARA DISPONIBILIZAR AS TESES E DISSERTAÇÕES ELETRÔNICAS (TEDE) NA BIBLIOTECA DIGITAL DA UFG Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a Universidade Federal de Goiás (UFG) a disponibilizar, gratuitamente, por meio da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD/UFG), sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nO 9610/98, o documento conforme permissões assinaladas abaixo, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data. 1. Identificação do material bibliográfico: - d a Tese ou 2 Id entí icacao Autor (a): E-mail: Seu e-mail [ X ] Tese rsser t açao Ferraz Barbosa I Ana Clara de Oliveira I [email protected] pode ser disponibilizado Vínculo empregatício Agência de fomento: País: [ ] Dissertação na página? [ X ]Sim [ ] Não do autor Nenhum Coordenação de Aperfeiçoamento de Sigla: CAPES; Pessoal de Nível Superior; Fundação de FAPEG Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás UF: I DF; I CNPJ: 100889834/0001-08; GO 08156102/0001-02 e sistema de cruzamento em Eugenia dysenterica De. Brasil Estrutura genética Título: (Mvrtaceae) I cagaiteira, diversidade, estrutura genética, microssatélites, sistema misto Palavras-chave: I Genetic structure and mating system in Eugenia dysenterica De. Título em outra língua: (Myrtaceae) Palavras-chave em outra língua: I cagaiteira, diversity, genetic structure, microsatellites, mixed svstern Area de concentracão: I Genética e Melhoramento de Plantas Data defesa: (dd/rnrn/aaaa) 2810312014 I Proqrarna de Pós-Graduação: I Genética e Melhoramento de Plantas Orientador (a): I Dra. Mariana Pires de Campos Telles I [email protected] E-mail: Co-orientador(a): * I Dra. Rosane Garcia Collevatti I [email protected] E-mail: - constar no SISPG *Necesslta do CPF quando nao 3. Informações de acesso ao documento: Concorda com a liberação total do documento [ X ] SIM Havendo concordância com a disponibilização eletrônica, torna-se imprescindível o envio does) arquivo(s) em formato digital PDF ou DOC da tese ou dissertação. O sistema da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações garante aos autores, que os arquivos contendo eletronicamente as teses e ou dissertações, antes de sua disponibilização, receberão procedimentos de segurança, criptografia (para não permitir cópia e extração de conteúdo, permitindo apenas impressão fraca) usando o padrão do Acrobat. ___ ---'~'JI"ZL""lJ)j)LlLII&) . Assinatur~o (a) autor Data: JL 1 06 1 MIl., (a) este caso o documento será embargado por até um ano a partir da data de defesa. A extensão deste prazo suscita justificativa junto à coordenação do curso, Os dados do documento não serão disponibilizados durante o período de embargo, ANA CLARA DE OLIVEIRA FERRAZ BARBOSA TÍTULO: "Estrutura Genética e sistema de cruzamento em Eugenia dysenterica DC. (Myrtaceae)". Tese DEFENDIDA em 28 de Março 2014, e APROVADA pela Banca Examinadora constit ída pel ~ ~p.1",--.' Prof. Dr. Alexandre Siq eira Guedes Coelho , EAlUFG Goiânia - Goiás Brasil •......._------ - _.- 3 Aos meus pais, Coraci, Eurípedes e Saulo e irmãos, Juliano, André e Clara Juliene, pelo amor incondicional. Ofereço Ao meu marido, José Luiz Ferraz Barbosa, pelo amor, companheirismo e inspiração sem medida. Aos demais familiares, pelo carinho e apoio. Dedico 4 “Como é feliz o homem que acha sabedoria, o homem que obtém entendimento, pois a sabedoria é mais proveitosa do que a prata e rende mais do que o ouro. É mais preciosa do que rubis; nada do que você possa desejar se compara a ela. Na mão direita, a sabedoria lhe garante vida longa; na mão esquerda, riquezas e honra. Os caminhos da sabedoria são caminhos agradáveis, e todas as suas veredas são paz. A sabedoria é árvore que dá vida a quem a abraça.” Provérbios 3.13-18 5 AGRADECIMENTOS Primeiramente eu agradeço a Deus e aos meus pais pela minha vida, e a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para minha formação até aqui. A todos os professores, em especial à minha orientadora, Profa. Dra. Mariana Pires de Campos Telles, pela oportunidade, pelos ensinamentos, pelos conselhos, pelo apoio, pela confiança e por ter muita paciência comigo. Você é um belo exemplo de ser humano, pois consegue conciliar muito bem todos os papéis que desenvolve (mãe, esposa, pesquisadora, orientadora, chefe, amiga...), e me inspira por exercê-los com tanto amor e dedicação. Te elejo a melhor orientadora do planeta! Também agradeço à minha coorientadora, Profa. Dra. Rosane Garcia Collevatti, pelos ricos ensinamentos nas aulas, no campo, pelas discussões, sugestões e correções do presente trabalho e também pela amizade e confiança. Sua inteligência me inspira e me faz ter vontade de estudar cada vez mais. Aos Professores Dr. Lázaro José Chaves e Dr. Alexandre Siqueira Guedes Coelho, os quais, juntamente com a Dra. Rosane, fizeram parte da minha banca de qualificação, pelos conselhos, pelo apoio e por acreditar que eu fosse capaz de concluir esse trabalho, apesar das circunstâncias. Obrigada por tudo! Mais uma vez agradeço ao Prof. Dr. Lázaro e também à Profa. Dra. Thannya Nascimento Soares, Prof. Dr. Ronaldo Veloso Naves e por todos aqueles que contribuíram nas coletas das populações de Eugenia dysenterica que viabilizaram esse trabalho. Aos membros da banca, Dra. Karina Martins (UFSCAR), Dr. Lúcio Flávio de Alencar Figueiredo (UnB), Dr. Alexandre Siqueira Guedes Coelho (UFG) e Dr. Lázaro José Chaves (UFG), por terem aceitado o convite para participarem da banca examinadora dessa tese e pelas valiosas contribuições ao trabalho. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG), pelas bolsas concedidas durante o período de realização do curso de doutorado, e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio financeiro concedido ao projeto de pesquisa (475182/2009-0; GENPAC 10 - Proc. 563727/2010-1), sem os quais seria impossível a realização desse trabalho. 6 Aos colegas e técnicas (também colegas!) do Laboratório de Genética & Biodiversidade (LGBio) da Universidade Federal de Goiás, pela ajuda na bancada, pelos ensinamentos, pelas discussões e também pelos momentos de amizade e descontração. Agradeço em especial ao Eduardo, Edivaldo e Leciane, pelas discussões no nosso grupo de estudo e auxílio em algumas análises da tese, as quais contribuíram bastante para esse trabalho, e à Jacqueline (Jac), pela amizade e pela grande ajuda com alguns programas difíceis e discussão dos resultados. Agradeço também ao Arthur pela valiosa ajuda na reta final desse trabalho. Vocês são muito especiais pra mim! Agradeço também ao Laboratório de Genética e Genômica de Plantas da Escola de Agronomia, pela disponibilização do analisador automático de DNA, sem o qual este trabalho não teria sido possível. A todos os meus amigos pessoais e familiares, os quais compreenderam a minha ausência em tantos momentos e compartilharam da minha ansiedade, pelo carinho, pelo incentivo e pela torcida. Aos meus pastores e irmãos na fé em Jesus Cristo, pelo apoio espiritual e pelas orações. Agradeço imensamente à minha mãe, Coraci, por seu amor e apoio incondicional em TUDO. Amo muito todos vocês! Ao meu amado marido, meu “porto seguro”, meu referencial, meu companheiro, José Luiz, por cuidar de mim com tanto amor e paciência, pela confiança, pelo incentivo e pelo companheirismo em TODOS os momentos... Você é a melhor parte da minha vida! MUITO OBRIGADA A TODOS! 7 SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ 8 LISTA DE TABELAS.......................................................................................................... 10 LISTA DE APÊNDICES ..................................................................................................... 11 RESUMO GERAL ............................................................................................................... 12 GENERAL ABSTRACT ..................................................................................................... 13 1 INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................................. 14 2 2.1 2.2 2.3 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................... 16 Eugenia dysenterica DC. ................................................................................................ 16 SISTEMA DE CRUZAMENTO EM PLANTAS E FLUXO GÊNICO ........................ 24 DIVERSIDADE E ESTRUTURA GENÉTICA ............................................................ 29 3 SISTEMA DE CRUZAMENTO, ENDOGAMIA E PATERNIDADE EM UMA SUBPOPULAÇÃO DE Eugenia dysenterica DC. (MYRTACEAE) ................................ 35 RESUMO ............................................................................................................................... 35 ABSTRACT ........................................................................................................................... 36 3.1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 36 3.2 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................ 39 3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 43 3.4 CONCLUSÕES .............................................................................................................. 58 4 ESTRUTURA GENÉTICA INTRAPOPULACIONAL DE Eugenia dysenterica DC. (MYRTACEAE) ........................................................................................................... 59 RESUMO ............................................................................................................................... 59 ABSTRACT ........................................................................................................................... 60 4.1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 60 4.2 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................ 62 4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 66 4.4 CONCLUSÃO................................................................................................................ 68 5 DIVERSIDADE E ESTRUTURA GENÉTICA ENTRE SUBPOPULAÇÕES DE Eugenia dysenterica DC. (MYRTACEAE)......................................................................... 69 RESUMO ............................................................................................................................... 69 ABSTRACT ........................................................................................................................... 70 5.1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 70 5.2 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................ 72 5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 78 5.4 CONCLUSÕES .............................................................................................................. 91 6 CONCLUSÕES GERAIS ............................................................................................ 93 7 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 94 APÊNDICES ....................................................................................................................... 108 8 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Eugenia dysenterica (cagaita). Foto: Ana Clara de O. F. Barbosa, Santa Terezinha – GO, em novembro de 2011 ........................................................... 16 Figura 2. Eugenia dysenterica. (A) tronco com casca grossa e fissurada; (B) folhas e frutos maduros; (C) fruto aberto mostrando a semente; (D) folhas jovens e flores. Fotos A e B: Ana Clara de O. F. Barbosa, Mimoso – GO, novembro de 2011; Foto D: http://www.flickr.com/photos/gilbertopalma/ 4996643474/in/ photostream/ ........................................................................... 17 Figura 3. Ocorrência de cagaita vermelha em Senador Canedo – GO. Foto: Ana Clara de O. F. Barbosa, novembro de 2011 ............................................................... 17 Figura 4. Alguns exemplos do uso do fruto da cagaita na culinária (Fontes: http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0EMI17902-10516,00.html; http://improvisosnacozinha.blogspot.com/2010/07/sorvetes-frutos-docerrado.html)..................................................................................................... 18 Figura 5. Árvore de E. dysenterica (cagaiteira) com florescimento exuberante, mostrando seu potencial para o paisagismo (Fonte: http://picasaweb.google. com/lh/photo/J0P0-nLjmvO8JAkVBxxNxg) ................................................... 19 Figura 6. Esquema das fitofisionomias do bioma Cerrado (Ribeiro & Walter, 1998). ...... 20 Figura 7. Distribuição natural da cagateira em 110 localidades entre 376 levantamentos realizados no Bioma Cerrado (adaptado de Ratter e colaboradores, 2000) ...... 21 Figura 8. Apis mellifera (A) e Bombus sp. (B) visitando uma flor de E. dysenterica. (Fontes: http://picasaweb.google.com/lh/photo/2PtrTo89rL6RbSkgYWJjWA; http://www.flickr.com/photos/72748940@N00/2296461547)......................... 22 Figura 9. Modelos propostos para fluxo gênico. As setas largas indicam fluxo gênico mais frequente (adaptado de Medeiros, 2010) .................................................. 27 Figura 10. Frequências alélicas dos sete locos microssatélites analisados na população de Mimoso – GO, estimados para 521 indivíduos de E. dysenterica ............... 45 Figura 11. Localização de Mimoso – GO no Brasil e destaque para a região de coleta, mostrando a distribuição espacial dos 102 indivíduos adultos ......................... 63 Figura 12. Distribuição das distâncias par-a-par entre 102 indivíduos adultos da subpopulação de E. dysenterica de Mimoso – GO ........................................... 66 Figura 13. Relação entre coancestria (Fij ± DP; DP: desvio padrão) e logaritmo da distância para 102 indivíduos adultos de E. dysenterica em Mimoso – GO .... 67 Figura 14. Distribuição das 23 subpopulações de E. dysenterica avaliadas. Os municípios referentes aos códigos no mapa estão na Tabela 10 ...................... 74 Figura 15. Frequências alélicas dos sete locos microssatélites analisados, estimados para 736 indivíduos de E. dysenterica oriundos de 23 subpopulações naturais .............................................................................................................. 80 Figura 16. Número de alelos de cada um dos sete locos microssatélites analisados, estimados para 736 indivíduos de E. dysenterica ............................................. 80 9 Figura 17. Número de alelos privados (ou exclusivos) por subpopulação obtidos de um total de 192 alelos de sete locos microssatélites em 23 subpopulações de E. dysenterica ........................................................................................................ 81 Figura 18. Relação entre as distâncias genéticas (FST linearizado par-a-par) e o logaritmo das distâncias geográficas entre 23 subpopulações de E. dysenterica. A correlação matricial (r = 0,427; p < 0,001) foi significativa, segundo teste de Mantel utilizando-se 5.000 permutações aleatórias .............. 89 Figura 19. Correlograma de Mantel (oito classes de distância) e os respectivos valores de r (correlação de Pearson) para cada classe (r global = 0,427, p < 0,001; 5.000 permutações) ........................................................................................... 90 Figura 20. Número de K grupos que melhor se ajusta aos dados segundo método de Evanno (2005b) ................................................................................................ 91 10 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Amostragem de famílias de polinização aberta de E. dysenterica coletadas de uma subpopulação de Mimoso – GO .................................................................... 39 Tabela 2. Caracterização dos sete locos microssatélites baseado na genotipagem de 122 indivíduos de E. dysenterica da população de Mimoso – GO .............................. 46 Tabela 3. Caracterização do sistema de cruzamento de indivíduos de E. dysenterica baseado em famílias de polinização aberta da população de Mimoso – GO ....... 47 Tabela 4. Caracterização do sistema reprodutivo em uma população de E. dysenterica ......... 48 Tabela 5. Atribuição de paternidade para 174 sementes de E. dysenterica da população de Mimoso – GO, com confiança de 95 e 99%. ........................................................ 49 Tabela 6. Atribuição de paternidade para 399 sementes de E. dysenterica da população de Mimoso – GO para diferentes níveis de confiança ............................................... 54 Tabela 7. Avaliação de paternidade múltipla para a espécie E. dysenterica em uma subpopulação de Mimoso – GO............................................................................. 55 Tabela 8. Classes de distância usadas na análise de estrutura genética espacial intrapopulacional de E. dysenterica em Mimoso – GO ........................................ 65 Tabela 9. Comparação da estrutura genética espacial (EGE) intrapopulacional e vizinhança genética entre quatro subpopulações de espécies do cerrado. F1: valor de Fij intra grupo; b: inclinação da regressão; Sp: parâmetro de força da EGE; Nb: vizinhança genética ................................................................................................ 68 Tabela 10. Subpopulações naturais de E. dysenterica amostradas para análise genética......... 73 Tabela 11. Discriminação dos 26 alelos privados encontrados nas subpopulações de E. dysenterica, respectivos locos, frequências e população na qual ocorrem ............ 82 Tabela 12. Caracterização genética de 23 subpopulações de E. dysenterica baseados em sete locos microssatélites ....................................................................................... 83 Tabela 13. Riqueza alélica (por loco e população) de 23 subpopulações de E. dysenterica para sete locos microssatélites, corrigida pelo método de rarefação (Hurlbert, 1971) para sete indivíduos ..................................................................................... 84 Tabela 14. Teste de aderência às proporções de Hardy-Weinberg. Probabilidades calculadas dos desvios das proporções de Hardy-Weinberg de sete locos microssatélites em 23 subpopulações de E. dysenterica, segundo teste de permutação ............................................................................................................. 85 Tabela 15. Diversidade Genética de Nei (1973) em 23 subpopulações de E. dysenterica, para sete locos microssatélites ............................................................................... 86 Tabela 16. Análise de variância de frequências alélicas, segundo Weir & Cockerham (1984), em 23 subpopulações de E. dysenterica, para sete locos microssatélites . 87 Tabela 17. Diferenciação entre 23 subpopulações de E. dysenterica, estimado por FST global e RST global, por loco e para o total dos locos. Teste unilateral (FST > RST) 88 Tabela 18. Classes de distâncias usadas no teste de Mantel e seus respectivos valores de N, distâncias, r e p ...................................................................................................... 90 11 LISTA DE APÊNDICES Apêndice A. Relação dos pares de iniciadores de regiões microssatélites utilizados e suas principais características ........................................................................... 108 Apêndice B. Composição dos dois multiplexes de injeção usados nas análises ................. 108 Apêndice C. Perfil do multiplex 1 (locos ED-04, ED-05, EMBRA-72 e EMBRA-210) ... 109 Apêndice D. Perfil do multiplex 2 (locos ED-09, EMBRA-14 e EMBRA-172) ................ 109 Apêndice E. Número de sementes por fruto em famílias de polinização aberta de E. dysenterica da população de Mimoso – GO ..................................................... 110 Apêndice F. Frequência alélica dos sete locos microssatélites nas 23 subpopulações de E. dysenterica, em um total de 192 alelos ........................................................ 119 Apêndice G. Teste de desequilíbrio de ligação para todas as possibilidades de pares de locos. Probabilidades calculadas a partir de teste baseado em reamostragem, segundo teste de permutação ............................................................................ 123 Apêndice H. Distâncias genéticas entre as 23 subpopulações de E. dysenterica. Acima da diagonal: distância genética de Nei (1972); debaixo da diagonal: FST/1FST par-a-par (Rousset, 1997) ........................................................................... 124 Apêndice I. Padrão de divergência genética entre 23 subpopulações de E. dysenterica, definido por UPGMA, usando distância genética de Nei (1972) como identidade genética ........................................................................................... 125 Apêndice J. Distâncias geográficas (km) entre as 23 subpopulações de E. dysenterica .... 126 12 RESUMO GERAL BARBOSA, A. C. O. F. Estrutura genética e sistema de cruzamento em Eugenia dysenterica DC. (Myrtaceae). 2014. 126 f. Tese (Doutorado em Genética e Melhoramento de Plantas) – Escola de Agronomia, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2014.1 A estrutura genética de uma espécie corresponde à quantidade da variabilidade genética e sua distribuição dentro e entre populações locais e indivíduos. Os padrões de variabilidade entre indivíduos em uma população local são altamente dependentes do sistema de cruzamento. O objetivo geral do trabalho foi avaliar o sistema de cruzamento, a diversidade e a estrutura genética em populações de E. dysenterica, em escala local e regional. A avaliação do sistema de cruzamento e a análise da estrutura genética intrapopulacional foram realizadas em uma população do município de Mimoso – GO e para a estrutura genética interpopulacional foram analisadas 23 subpopulações naturais de E. dysenterica oriundas de seis estados brasileiros. Para todos os estudos foram utilizados sete locos microssatélites polimórficos. Considerando as 20 famílias analisadas, as taxas de fecundação cruzada multiloco (tm = 0,918) e uniloco (ts = 0,797) foram altas. De um total de 399 sementes avaliadas, foi possível determinar o doador de pólen para 218 sementes (55%) com confiança de 90%, 174 sementes (44%) com confiança de 95% e 65 sementes (16%) com confiança de 99%. Em 15 famílias avaliadas foi possível verificar a ocorrência de paternidade múltipla, sendo que o número de doador de pólen por fruto variou de um a três. Os resultados apresentados revelam que a espécie E. dysenterica apresenta sistema de cruzamento misto e que existe paternidade múltipla nessa espécie. A estrutura genética espacial intrapopulacional foi positiva (R2 = 0,01646, p < 0,001), o que era esperado, uma vez que espécies vegetais geralmente possuem restrição espacial para se dispersarem. A estrutura genética espacial foi significativa (Sp = 0,0143) e a vizinhança genética (Nb) foi igual a 69,93 km. Em média, foram analisados aproximadamente 30 indivíduos por subpopulação para todos os locos. O número médio de alelos por loco foi igual a 9, a diversidade genética foi alta (0,725) e a frequência observada de heterozigotos (Ho) foi 0,610. Foram encontrados 18 alelos privados em 10 subpopulações. Os resultados obtidos para o índice de fixação (f) variaram nas subpopulações entre -0,058 e 0,338, com valor global igual a 0,162, indicando excesso de homozigotos em relação às frequências esperadas sob EHW. A diferenciação genética entre as subpopulações pode ser considerada relativamente alta (θP = 0,161). O teste de Mantel indica que a divergência genética das 23 subpopulações avaliadas está estruturada no espaço geográfico (r = 0,427; p < 0,001), sugerindo que o modelo de isolamento-por-distância ou stepping-stone são adequados para explicar o padrão espacial de divergência genética entre as subpopulações de E. dysenterica avaliadas. Palavras-chave: cagaiteira, diversidade, estrutura genética, microssatélites, sistema misto. ________________ 1 Orientadora: Profa. Dra. Mariana Pires de Campos Telles. EA-UFG 1 Coorientadora: Profa. Dra. Rosane Garcia Collevatti. EA-UFG 13 GENERAL ABSTRACT BARBOSA, A. C. O. F. Genetic structure and mating system in Eugenia dysenterica DC. (Myrtaceae). 2014. 126 s. Thesis (PhD in Genetic and Plant Breeding)–Escola de Agronomia, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2014.1 The genetic structure of a species corresponds to the amount of genetic variability and its distribution within and among local populations and individuals. The patterns of variability among individuals in a local population are highly dependent of mating system. The goal of this study was to evaluate the mating system, the diversity and genetic structure in populations of E. dysenterica in local and regional scale. The assessment of the mating system and the analysis of genetic structure at the local scale were performed in a population of Mimoso – GO and for the analysis of genetic structure at the regional scale were analyzed 23 natural populations of E. dysenterica derived from six Brazilian states (Goiás, Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso, Tocantins and Piauí). For all studies seven polymorphic microsatellite loci were used. Considering the 20 families analyzed, the multilocus outcrossing rates (tm = 0.918) and single locus (ts = 0.797) were high and significant. From a total of 399 seeds evaluated, it was possible to determine the pollen donor to 218 seeds (55%) with confidence level of 90%, 174 seeds (44%) with confidence level of 95% and 65 seeds (16%) with confidence level of 99%. In 15 families evaluated were possible to verify the occurrence of multiple paternity, with the number of pollen donor per fruit ranged from one to three. The results presented show that the species E. dysenterica presents mixed mating system and that there is multiple paternity in this species. The intrapopulational spatial genetic structure was positive (R2 = 0.01646, p < 0.001), which was expected since species generally have spatial restriction to disperse. The spatial genetic structure was significant (Sp = 0.0143) and genetic neighborhood (Nb) was equal to 69.93 km. On average, about 30 individuals were analyzed by subpopulation for all loci. The average number of alleles per locus was equal to 9, the genetic diversity was high (0.725) and the observed frequency of heterozygotes (Ho) was 0.610. Were found 18 private alleles in 10 subpopulations. The results for the fixation index ((f) in the subpopulations ranged between -0.058 and 0.338, with an overall value of 0.162, indicating excess of homozygotes in relation to the expected under HWE. The genetic differentiation between subpopulations can be considered relatively high (FST = 0.161). The Mantel test indicates that the genetic divergence of 24 subpopulations evaluated is structured in geographic space (r = 0.427, p < 0.001), suggesting that the model of isolation by distance or stepping-stone are adequate to explain the spatial pattern of genetic divergence among subpopulations of E. dysenterica evaluated. keywords: cagaiteira, diversity, genetic structure, microsatellites, mixed system. ________________ 1 Adviser: Profa. Dra. Mariana Pires de Campos Telles. EA-UFG 1 Co-adiviser: Profa. Dra. Rosane Garcia Collevatti. EA-UFG 14 1 INTRODUÇÃO GERAL O Cerrado ocupa aproximadamente 23,1% do território brasileiro (2 milhões de km2) e é uma das regiões de maior biodiversidade do planeta (Faleiro & Farias Neto, 2008), sendo considerado um dos hotspots para a conservação da biodiversidade mundial (Myers et al., 2000). O Cerrado possui a mais rica flora dentre as savanas do mundo, com 12.669 espécies, sendo 4.215 endêmicas do Cerrado brasileiro (33,3%) (Forzza et al., 2012). No entanto, a exploração de certas espécies nativas do Cerrado brasileiro, em especial as fruteiras, tem sido feita de forma extrativista e predatória (Avidos & Ferreira, 2000). O endemismo torna o extrativismo um risco para a manutenção da variabilidade genética dessas espécies e, consequentemente, para a conservação das suas áreas de ocorrência. Além disso, o cultivo em larga escala da maioria destas fruteiras ainda não é recomendado devido ao pouco conhecimento sobre a genética, produtividade, técnicas de cultivo, crescimento e desenvolvimento destas espécies. Assim, estudos acerca das fruteiras do Cerrado são necessários. A espécie Eugenia dysenterica (cagaiteira) é uma das fruteiras do Cerrado que possui diversos usos (Ribeiro et al., 2008), fato atualmente mais difundido entre os habitantes do Cerrado. Dentre as plantas nativas do Cerrado, poucas informações estão disponíveis na literatura em relação ao sistema reprodutivo, incluindo para a espécie E. dysenterica. O estudo de Proença & Gibbs (1994), realizado no Cerrado brasileiro, é um dos poucos que abordam a biologia reprodutiva dessa espécie e de mais sete da mesma família (Myrtaceae). Segundo Proença & Gibbs (1994) a cagaiteira é polinizada preferencialmente por abelhas (melitofilia), completamente auto-compatível, apresenta tanto autofecundação quanto fecundação cruzada, sendo considerada espécie de sistema misto. Além disso, os frutos dessa espécie são dispersos por animais (zoocoria) (Sano et al., 1995). Um estudo sobre o sistema reprodutivo e fluxo gênico (via pólen) na coleção de germoplasma (in vivo) de E. dysenterica presente na Universidade Federal de Goiás (UFG) foi realizado por Rodrigues (2012), onde foi verificado que os indivíduos dessa coleção apresentam sistema de cruzamento misto, corroborando com a literatura, e o 15 alcance de dispersão de pólen máximo encontrado foi de 224 m, abrangendo quase toda a área experimental da coleção. Estudos acerca da diversidade e estrutura genética de populações naturais de plantas do Cerrado são considerados recentes. No entanto, para algumas espécies do Cerrado existem na literatura estudos genético-populacionais. Dentre eles pode-se citar: Caryocar brasiliense (Collevatti et al., 2001b), Annona crassiflora (Telles et al., 2003a), Dipteryx alata (Soares et al., 2008), Solanum lycocarpum (Moura et al., 2009), Mauritia flexuosa (Resende et al., 2009), Tabebuia ochracea (Moreira et al., 2009), Hymenaea stigonocarpa (Defavari et al., 2009; Moreno, 2009), Hancornia speciosa (Moura et al., 2011), Tibouchina papyrus (Telles et al., 2010; Lima, 2011) e Eugenia dysenterica (Telles et al., 2001; Telles et al., 2003b; Zucchi et al., 2003; Trindade & Chaves, 2005). Porém, os estudos acerca da diversidade e estrutura genética da cagaiteira descritos na literatura se restringem a populações do estado de Goiás. O presente trabalho teve como objetivo geral avaliar o sistema de cruzamento, a diversidade e a estrutura genética em populações de E. dysenterica. Os objetivos específicos foram: i) Avaliar o sistema de cruzamento em uma subpopulação de E. dysenterica; ii) Investigar se existe paternidade múltipla na espécie E. dysenterica; iii) Analisar o padrão espacial da variabilidade genética intrapopulacional (escala local); iv) Estimar a variabilidade genética em subpopulações de E. dysenterica, com base em marcadores microssatélites; v) Avaliar a distribuição da variabilidade genética entre e dentro de subpopulações de E. dysenterica; vi) Estimar a divergência genética entre subpopulações de E. dysenterica; vii) Analisar o padrão espacial da variabilidade genética entre subpopulações de E. dysenterica (escala regional). Com este trabalho pretende-se contribuir para um melhor conhecimento acerca do sistema de cruzamento e da variabilidade genética nas subpopulações de E. dysenterica. Em relação aos trabalhos genético-populacionais já realizados com E. dysenterica, o presente estudo traz uma ampliação da amostragem em relação ao número de subpopulações, bem como sua abrangência geográfica em relação à distribuição natural da espécie. 16 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Eugenia dysenterica DC. A espécie Eugenia dysenterica DC. (Figura 1), família Myrtaceae, é popularmente conhecida como “cagaita” ou “cagaiteira” em razão das propriedades laxativas de seu fruto (Lima et al., 2010). É uma árvore frutífera que mede até cerca de 10 m de altura, possui tronco e ramos tortuosos com casca grossa e fissurada (Figura 2A). As flores da cagaiteira são brancas e as folhas, quando jovens, apresentam cor avermelhada (Figura 2B). Os frutos são globosos, bagáceos, cor geralmente amareloclara (Figura 2C e 2D), sabor agradável e levemente ácido, epicarpo membranoso (peso 14-20 g, 3-4 cm de comprimento e 3-5 cm de diâmetro) (Naves et al., 1995; Silva et al., 2001). Foi observada a ocorrência de cagaita vermelha em Senador Canedo – GO, apesar dessa cor não ser a cor típica do fruto (Figura 3). Figura 1. Eugenia dysenterica (cagaita). Foto: Ana Clara de O. F. Barbosa, Santa Terezinha – GO, em novembro de 2011 17 Figura 2. Eugenia dysenterica. (A) tronco com casca grossa e fissurada; (B) folhas jovens e flores; (C) fruto aberto mostrando a semente; (D) folhas e frutos maduros. Fotos A e B: Ana Clara de O. F. Barbosa, Mimoso – GO, novembro de 2011; Foto C: adaptado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Cagaiteira; Foto D: http://www.flickr.com/photos/gilbertopalma/4996643474/in/photostream/ Figura 3. Ocorrência de cagaita vermelha em Senador Canedo – GO. Foto: Ana Clara de O. F. Barbosa, novembro de 2011 18 A semente da cagaita (Figura 2C) apresenta alto teor de umidade (47-53%) e comportamento recalcitrante, perdendo completamente a viabilidade quando o teor de umidade é reduzido a valores abaixo de 18-22% (Andrade et al., 2003). O número de sementes observadas por fruto é variável. Silva e colaboradores (2001) avaliaram 1.344 frutos, sendo que cerca de 97% deles apresentaram de uma a três sementes/fruto, dois frutos possuíam cinco sementes, e, ainda, havia um fruto com seis sementes. E. dysenterica é uma espécie monoembriônica (Salomão & Allem, 2001). De acordo com Atchinson (1947), o número cromossômico básico para a família Myrtaceae é n = 11. Costa (2004) observou um caso de poliploidia (três ou mais conjuntos cromossômicos por núcleo) em E. dysenterica, com 2n = 33. A espécie E. dysenterica é uma das fruteiras do Cerrado que possui diversos usos (Ribeiro et al., 2008) e merece destaque dentre as espécies que apresentam potencial de utilização em sistemas tradicionais de produção agrícola devido ao seu potencial econômico (Ribeiro & Rodrigues, 2006). A cagaiteira é considerada uma espécie de interesse econômico, principalmente devido ao aproveitamento de seus frutos na culinária (in natura, doces em compota, geléias, pudins, sorvetes, licores e sucos), fato bastante difundido entre os habitantes do Cerrado (Figura 4). Porém, quando consumidos quentes ou em excesso, os seus frutos podem causar embriaguez e diarréia. Esta propriedade se manifesta, principalmente, no fruto maduro e em início de fermentação, mas há vários relatos de que, quando “de vez”, o fruto pode ser consumido em quantidade sem provocar desconforto (Martinotto et al., 2008). Figura 4. Alguns exemplos do uso do fruto da cagaita na culinária (Fontes: http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0EMI17902-0516,00.html; http://improvisosnacozinha.blogspot.com/2010/07/sorvetes-frutos-docerrado.html) 19 A casca serve à indústria de curtume e as folhas têm propriedades antidiarréicas e também são usadas no tratamento de icterícia e diabetes (Chaves & Telles, 2006; Jorge et al., 2010). O óleo essencial hidrolisado das folhas da cagaiteira possui alta atividade antifúngica no controle de Cryptococcus neoformans (Costa et al., 2000). A cagaiteira é considerada uma planta melífera e ornamental, possuindo elevado potencial paisagístico e apresentando florescimento exuberante (Figura 5), além de fazer parte da flora medicinal do Cerrado (Silva & Proença, 2007; Oliveira, 2011). Figura 5. Árvore de E. dysenterica (cagaiteira) com florescimento exuberante, mostrando seu potencial para o paisagismo (Fonte: http://picasaweb.google.com/lh/photo/J0P0-nLjmvO8JAkVBxxNxg) Os frutos da cagaita apresentam alto teor de β-caroteno e o extrato etanólico da semente apresenta poder antioxidante (Roesler et al., 2007; Rocha et al., 2013). Com relação aos ácidos graxos poliinsaturados, a semente da cagaita apresenta maior teor do ácido linoléico que oliva, dendê e côco, e maior teor de ácido linolênico que o milho, girassol, amendoim, soja, oliva e dendê. A quantidade de vitamina C na cagaita (18,28 mg/100 g) é maior que o de muitas frutas cultivadas convencionalmente, como a maçã argentina e a banana madura (Franco, 1992). 20 Eugenia dysenterica é uma espécie nativa da região de Cerrados brasileiros, ocorrendo preferencialmente em formações de cerradão, cerrado sentido restrito (stricto sensu) e campos sujos (Faleiro & Farias Neto, 2008) (Figura 6), com solo profundo e bem drenado. No entanto, por ocorrer em áreas de cerrado e cerradão, essa espécie está adaptada a solos pobres e, portanto, acredita-se que seja pouco exigente em fertilidade (Naves, 1999). Em um levantamento realizado por Naves (1999) de algumas espécies frutíferas nativas do Cerrado (cerradão e cerrado sentido restrito), em áreas pouco antropizadas do estado de Goiás, verificou-se uma maior densidade de cagaita no cerradão que no cerrado sentido restrito (densidade média de plantas de 60,5 indivíduos por hectare no cerradão e 15,5 indivíduos por hectare no cerrado sentido restrito). Nesse estudo, Naves ainda constatou que a cagaiteira apresenta distribuição espacial em agregados. Figura 6. Esquema das fitofisionomias do bioma Cerrado (Ribeiro & Walter, 1998). A distribuição da espécie E. dysenterica é bastante ampla, sendo mais comum nos estados de Goiás (GO), Minas Gerais (MG) e Bahia (BA), mas pode ser encontrada também em Tocantins (TO), Mato Grosso (MT), Mato Grosso do Sul (MS), São Paulo (SP), Pará (PA), Maranhão (MA), Piauí (PI) e Distrito Federal (DF) (Chaves & Telles, 2006; Martinotto et al., 2008). A Figura 7 mostra a distribuição natural de E. dysenterica no Cerrado brasileiro. 21 Figura 7. Distribuição natural da cagateira em 110 localidades entre 376 levantamentos realizados no Bioma Cerrado (adaptado de Ratter e colaboradores, 2000) Segundo Sano e colaboradores (1995), todas as atividades fenológicas (mudança foliar, floração e frutificação) da cagaiteira ocorrem entre agosto e outubro, no início do período das chuvas. A folhação ocorre durante todo o ano, mas com maior intensidade no período de renovação das folhas. A maior frequência de floração, com flores brancas e em grande número ocorre no mês de agosto. A frutificação é menor em plantas mais jovens, enquanto as plantas mais velhas apresentam maior produção de cagaita. O desenvolvimento e a maturação dos frutos ocorrem entre 30 a 40 dias da antese das flores, coincidindo com o período chuvoso (Souza et al., 2008), com duração de seis a oito semanas (Sano et al., 1995). A maturação dos frutos é relativamente rápida e ocorre no início do período chuvoso, sendo que esse fenômeno pode ser uma estratégia de estabelecimento da espécie devido à curta viabilidade (menor que 50 dias) das sementes em condições naturais (Souza et al., 2008). A dispersão no início do período chuvoso parece ser imprescindível para que após a germinação haja um período favorável de estabelecimento e crescimento, podendo a plântula sobreviver no período 22 seco subsequente (Sano et al., 1995). Essa espécie apresenta estratégia de florescimento tipo big bang, ocorrendo sincronização do florescimento abundante em um curto período de tempo (Proença & Gibbs, 1994; Souza et al., 2008). A cagaiteira possui flores hermafroditas e sistema misto de cruzamento, apresentando tanto autofecundação quanto fecundação cruzada (Telles, 2000; Rodrigues, 2012). Segundo Proença & Gibbs (1994), essa espécie se mostrou completamente auto-compatível, estabelecendo números iguais de frutos após polinização cruzada e autopolinização. É polinizada por abelhas (melitofilia), especialmente da família Apidae, e oferece pólen como recompensa (Proença & Gibbs, 1994). As principais espécies observadas como visitantes e possíveis polinizadores dessa espécie (uma vez que foi observado o contato com o estigma) foram: Bombus atratus, Bombus morio, Ceratina sp., Melipona sp., Trigona sp. e Apis mellifera, sendo a maior ocorrência de eventos de polinização realizada pelas mamangavas (Bombus sp.), pela manhã (Proença, 1992; Proença & Gibbs, 1994; Almeida et al., 2003; Gressler et al., 2006) (Figura 8). O padrão da distribuição em agregado dessa espécie (Naves, 1999) estimula a atração visual e olfativa dos agentes polinizadores. A dispersão dos frutos da cagaita é realizada por animais (zoocoria) (Sano et al., 1995), sendo os dois principais tipos de dispersão o primatocórico (macacos saguis) e antropocórico (humanos), como ocorre a outras espécies da família Myrtaceae (Ferreira & Cunha, 1980). Há relatos também de que o fruto da cagaita é disperso por morcegos (Artibeus lituratus e Micronycteris hirsuta) (Bredt et al., 2012). Figura 8. Apis mellifera (A) e Bombus sp. (B) visitando uma flor de E. dysenterica. (Fontes: http://picasaweb.google.com/lh/photo/2PtrTo89rL6RbSkgYWJjWA; http://www.flickr.com/photos/72748940@N00/2296461547) 23 Há na literatura alguns estudos visando a domesticação de espécies, incluindo E. dysenterica (Tombolato et al., 2004; Silva et al., 2010) e também visando a o melhoramento genético dessa espécie (Aguiar et al., 2009; Camilo et al., 2013). Com relação à conservação do germoplasma da espécie, o fato da semente não tolerar armazenamentos por longos períodos devido à natureza recalcitrante (Andrade et al., 2003) torna a conservação ex situ, in vivo, uma das poucas alternativas. Na Universidade Federal de Goiás há uma coleção de germoplasma in vivo de E. dysenterica que foi implantada em 2008 e complementada em 2013, a partir de coletas no estado de Goiás. Há ainda alguns trabalhos sobre o cultivo in vitro para essa espécie (Martinotto, 2004; Martinotto et al., 2007; Cabral et al., 2012). Esses estudos e a implantação de coleções de germoplasma são importantes para o uso e a conservação da variabilidade genética da espécie. 24 2.2 SISTEMA DE CRUZAMENTO EM PLANTAS E FLUXO GÊNICO O sistema de cruzamento representa a maneira como indivíduos, populações ou espécies recombinam sua variabilidade genética a cada geração para formar sua descendência e o seu conhecimento é de suma importância para a manipulação de populações em programas de conservação e melhoramento genético (Sebbenn, 2005). Nas Angiospermas, a reprodução sexuada pode ser classificada em três tipos, de acordo com o sistema de cruzamento: (1) sistema autógamo (plantas que se autofertilizam), (2) sistema alógamo (plantas que apresentam fertilização cruzada) e (3) sistema misto (plantas que se autofecundam e que apresentam fertilização cruzada) (Fryxell, 1957; Karasawa, 2009). Uma revisão sobre as proporções de tipos de sistemas sugere que o sistema misto seja comum entre angiospermas e gimnospermas (compreendendo em média, 80% ou mais das espécies) e que existem evidências de que o sistema misto de cruzamento seja favorecido, uma vez que a forte depressão por endogamia se opõe à evolução da autofecundação (Goodwillie et al., 2005). Estas espécies apresentam taxas de cruzamento que variam entre 5 e 95%, dependendo das condições ambientais e da frequência de polinizadores, sendo que, o sistema misto geralmente ocorre em espécies polinizadas por insetos e que não apresentam sistema de auto-incompatibilidade (Karasawa, 2009). O modelo de equilíbrio de Hardy-Weinberg (EHW) é um modelo referencial, no qual não existem processos evolutivos atuando, a não ser aqueles impostos pelo próprio processo de reprodução. Esse modelo dá uma base para a comparação com modelos mais realistas, nos quais as frequências alélicas podem ser modificadas por processos evolutivos (Hartl & Clark, 2010). Desvios do EHW podem ser causados por muitos fatores, como erros de genotipagem ou fatores genéticos (Ex: deriva genética) (Sha & Zhang, 2011). Dentre os testes de EHW, o teste de permutação é particularmente útil quando existem alelos múltiplos e também o teste exato para alelos múltiplos (Guo & Thompson, 1992; Hartl & Clark, 2010). Esses testes permitem a detecção de desvios de acasalamento ao acaso para testar a ocorrência de seleção, modelar os efeitos da endogamia e seleção e estimar frequências alélicas em locos que mostram dominância (Frankham et al., 2008). 25 Em cruzamentos aleatórios, os alelos de qualquer gene são combinados ao acaso em genótipos de acordo com as frequências dadas pelas proporções de HardyWeinberg. Alelos de genes que não estão em associação aleatória estão em desequilíbrio de ligação (DL). Alguns autores preferem chamar o desequilíbrio de ligação de desequilíbrio de fase gamética, uma vez que este não requer ligação física, ou seja, não requer que os genes sejam fisicamente ligados, podendo então ocorrer para genes em cromossomos distintos. O teste de equilíbrio e desequilíbrio de ligação é uma extensão do teste de equilíbrio de Hardy-Weinberg para dois ou mais locos (Hartl & Clark, 2010). Vários fatores podem criar um DL, incluindo mutação, acasalamento preferencial, tamanho populacional finito, seleção natural e fluxo gênico, ou seja, os mesmos fatores que assumem-se não ocorrer no modelo de EHW (Templeton, 2011). Além destes fatores, o DL também pode ser causado devido à recombinação reduzida e à miscigenação de subpopulações que diferem na frequência de alelos. A frequência de recombinação (r) entre os genes é importante em genética de populações, pois governa a taxa de aproximação ao equilíbrio de ligação. A frequência de recombinação depende dos genes estarem ou não no mesmo cromossomo e, quando no mesmo cromossomo, depende da distância entre esses genes. Quando os genes estão em cromossomos diferentes r = 0,5 (frequência de recombinação máxima) e quando os genes estão ligados r pode variar de zero a 0,5, sendo que quanto mais distantes estes genes estiverem no cromossomo maior será a frequência de recombinação (Hartl & Clark, 2010). Uma das aplicações do DL é o mapeamento de associação, que tem sido explorado para se encontrar QTL (Quantitative Trait Loci). O sistema de cruzamento (autofecundação versus fecundação cruzada) de uma espécie e fenômenos como a estrutura populacional e de recombinação podem influenciar fortemente os padrões de DL (Flint-Garcia et al., 2003). As plantas normalmente apresentam alguma frequência de autofecundação, que é a forma mais extrema de gerar endogamia. A endogamia reduz a frequência de heterozigotos duplos, os quais são essenciais para a ocorrência de recombinação. Assim, pode-se concluir que a endogamia aumenta o DL (Futuyma, 1992; Hartl & Clark, 2010). O desvio mais comum do acasalamento ao acaso ocorre quando este é mais provável entre indivíduos aparentados que entre aqueles que não o são, o que ocorre principalmente devido à capacidade de dispersão limitada na maioria das espécies. As 26 populações verdadeiramente panmíticas são raras, sendo que a grande maioria das populações são endogâmicas, pois seus indivíduos tendem a cruzar com seus parentes. Uma população é considerada endogâmica quando a probabilidade da progênie herdar duas cópias gênicas idênticas por descendência for maior que o esperado por acasalamento inteiramente ao acaso. Essa probabilidade é conhecida como coeficiente de endogamia (f) da população, sendo maior à medida que aumenta o grau de parentesco entre os organismos reprodutores. O coeficiente de endogamia de uma população pode variar de zero (população panmítca) a um (população completamente endogâmica) (Futuyma, 1992). Segundo Hartl (2008), pode-se definir o coeficiente de endogamia como a deficiência de heterozigotos em uma população endogâmica em relação à população em EHW. O modelo de EHW assume população completamente isolada, ou seja, todos os indivíduos que contribuem para a geração seguinte vêm da mesma população, sem contribuição alguma de indivíduos de outras populações. No entanto, a maioria das espécies consiste de diversas populações locais ou subpopulações. A troca genética entre essas populações locais ou entre indivíduos numa população corresponde ao fluxo gênico, o qual diminui as diferenças em termos de variabilidade genética entre as populações locais (Templeton, 2011). O fluxo gênico em populações de plantas é limitado e ocorre pelo movimento do pólen e pela dispersão das sementes (Hardy et al., 2006), podendo tornar uma espécie subdividida em populações locais geneticamente distintas (Templeton, 2011). Há quatro modelos que podem descrever o fluxo gênico em uma metapopulação (conjunto de populações conectadas pela migração ou fluxo gênico): (1) continente-ilha, (2) ilhas, (3) alpondras (stepping-stone) e (4) isolamento-por-distância (Futuyma, 1992). Continente-ilha é o modelo no qual ocorre um movimento unidirecional de uma população grande (continental) para uma menor e isolada. No modelo de ilhas a migração ocorre ao acaso entre um grupo de pequenas populações. Em stepping-stone cada população recebe somente migrantes de populações vizinhas. Já no isolamento-por-distância a migração ocorre localmente entre vizinhos, em uma população de distribuição contínua (Figura 9). 27 Figura 9. Modelos propostos para fluxo gênico. As setas largas indicam fluxo gênico mais frequente Wright (1951), admitindo a estrutura genética populacional sob o modelo de ilhas e assumindo equilíbrio entre migração e deriva genética, sugere uma maneira de estimar o fluxo gênico (Nm) entre populações de maneira indireta, por meio dos valores de FST ou análogo. Slatkin (1981) e Govindaraju (1989) distinguiram três categorias de fluxo gênico: baixo (Nm < 0,25 migrantes/geração), intermediário (0,25 ≤ Nm ≤ 0,99 migrantes/geração) e alto (Nm ≥ 1 migrantes/geração). Quando o fluxo gênico é restrito, as subpopulações tenderão a ter um menor tamanho efetivo e mais endogamia e, como resultado, uma maior probabilidade de se diferenciarem mais. Por outro lado, uma alta taxa de fluxo gênico homogeneiza as frequências alélicas entre subpopulações, mesmo em presença de uma pressão de seleção intensa (Slatkin, 1985; Ohsawa et al., 1993). No entanto, o modelo de ilhas (Figura 9B) não é muito realista para várias espécies devido à premissa de que todos os indivíduos (gametas) que estão se dispersando possuem a mesma probabilidade de alcançar qualquer subpopulação. Na maioria das espécies reais alguns pares de subpopulações possuem maior fluxo gênico que outros, sendo o isolamento-por-distância (Wright, 1943) (Figura 9D) um tipo comum de desvio do modelo de ilhas. Nesse modelo, subpopulações que estão mais próximas trocam gametas com maior frequência do que as que estão geograficamente distantes (Templeton, 2011). Modelos de isolamento-por-distância foram desenvolvidos para espécies que apresentam distribuição contínua sobre um habitat, não estando subdividida em subpopulações discretas (Malécot, 1975; Hartl & Clark, 2010). Padrões espaciais de isolamento-por-distância são mais bem estudados usando medidas de 28 similaridade genética par-a-par ou correlação entre subpopulações, embora Wright (1943) originalmente tenha usado medidas hierárquicas (Epperson, 2003). Segundo Templeton (2011), a medida de distância mais conveniente para modelos de isolamentopor-distância é o FST par-a-par (Wright, 1951), que é a medida de diferenciação populacional que utiliza frequências alélicas. O fluxo gênico intra e interpopulacional depende da estrutura reprodutiva, ocorrendo em populações que se reproduzem assexuadamente devido à migração de propágulos e ocorrendo de diferentes modos e graus em populações com reprodução sexuada. Portanto, é essencial obterem-se dados sobre a estrutura e comportamento reprodutivo das populações, pois os padrões de distribuição da variabilidade genética estão correlacionados com os sistemas reprodutivos (Martins, 1987). A avaliação do sistema reprodutivo em populações de plantas tem sido realizada mediante estudos de biologia floral e ecologia da polinização e, nos últimos anos, mediante marcadores bioquímicos e moleculares, incluindo os microssatélites (Boaventura & Matthes, 1987; Lopes et al., 2002; Martins et al., 2006; Rodrigues, 2012). Os dados desses marcadores juntamente com o uso de programas genético-estatísticos possibilitam a estimação da taxa de fecundação cruzada nas subpopulações, de modo que se possa inferir sobre o sistema reprodutivo de uma espécie (Sebbenn, 2005; Rodrigues, 2012). Em geral, existem duas maneiras de estimar as taxas de fecundação cruzada e autofecundação; uma direta, na qual as progênies de cruzamentos são identificadas, e outra indireta, na qual se assume que as proporções genotípicas observadas estão nas proporções de equilíbrio com endogamia (Sebbenn, 2005). Ritland (1990) desenvolveu um programa para estimar a taxa de fecundação cruzada a partir de dados de marcadores genéticos, baseado no modelo de cruzamento misto de Ritland & Jain (1981). O modelo de cruzamento misto assume que as progênies resultam de uma mistura de autofecundação e fecundação cruzada. Os pressupostos desse modelo são (Ritland & Jain, 1981): i) o conjunto de pólen é homogêneo para o cruzamento de todos os genótipos maternos; ii) todas as plantas têm igual capacidade de gerarem descendentes; iii) os alelos de diferentes locos segregam independentemente (equilíbrio de ligação); iv) os locos avaliados não sofrem seleção ou mutação entre o período de fertilização e a análise dos indivíduos. Ritland e Jain (1981), desenvolveram um algoritmo que permite estimar os valores da taxa de cruzamento e da frequência de pólen simultaneamente, usando informações simultâneas de vários locos (genótipos compostos). 29 2.3 DIVERSIDADE E ESTRUTURA GENÉTICA Segundo Frankham e colaboradores (2008), variabilidade genética é a variedade de alelos nos genótipos presente em um grupo sob estudo (populações, espécies, grupo de espécies) e geralmente é descrita em termos de frequências alélicas, número de alelos e heterozigosidade. Essa variabilidade é a matéria-prima sobre a qual a seleção natural atua para permitir a adaptação e evolução dos organismos e sua adequação às mudanças ambientais. Assim, a perda da variabilidade genética diminui o potencial evolutivo e também está associada à redução do sucesso reprodutivo. A variabilidade genética pode ser medida em diferentes níveis, incluindo variação quantitativa, variação nas proteínas e variação nas sequências de DNA. O potencial evolutivo é medido de forma mais direta estimando-se a variação genética quantitativa para o sucesso reprodutivo. Essa estimativa é difícil de ser mensurada e as outras medidas como a variação em aloenzimas e no DNA só refletem o potencial evolutivo se forem correlacionadas com a variação genética quantitativa. No entanto, as correlações entre as medidas moleculares e quantitativas da variabilidade genética geralmente são baixas (Frankham et al., 2008). A estrutura genética de populações de uma espécie refere-se à forma como a variabilidade genética está distribuída entre e dentro dos níveis hierárquicos de subdivisão de uma espécie (Brown, 1978; Sebbenn, 2005). Ou ainda, a estrutura genética refere-se à distribuição heterogênea dos alelos e genótipos, no espaço e no tempo, resultante da ação de processos evolutivos (mutação, migração, seleção e deriva genética) que atuam dentro do contexto de cada espécie e população (Hamrick, 1982). Conhecer a estrutura genética de uma população permite presumir, senão desvendar, quais os fenômenos ecológicos e genéticos atuantes nela (Cruz et al., 2011). A variabilidade fornece o material para a evolução. Os padrões da variabilidade genética entre os indivíduos em uma população local são altamente dependentes do sistema de cruzamento. Além disso, a distribuição dessa variabilidade dentro e entre as subpopulações é influenciada pelo fluxo gênico e pela deriva genética. Assim, a estrutura genética de uma população tem três componentes principais: (1) sistema de acasalamento, (2) fluxo gênico e (3) deriva genética (Templeton, 2011). 30 Wright (1931) introduziu um estudo que se tornou referência na genética de populações, no qual o impacto do tamanho populacional, da mutação e da migração (fluxo gênico) sobre a abundância e distribuição da variação genética nas populações foram quantitativamente descritos. A partir daí diversos outros trabalhos nesse contexto foram publicados na literatura. Em geral, três metodologias podem ser usadas para avaliar a estrutura genética de populações: estatísticas-F de Wright (Wright, 1951), diversidade gênica (Nei, 1973) e coeficiente de coancestria (θ) (Cockerham, 1973; Reynolds et al., 1983). As três metodologias possuem bases genéticas semelhantes e as estimativas obtidas por elas são análogas. Wright (1951) desenvolveu as estatísticas-F que descrevem a distribuição da variação genética em subpopulações, medindo o déficit de heterozigotos em relação ao esperado pelo Equilíbrio de Hardy-Weinberg (EHW). As estatísticas F permitem a caracterização da distribuição da variabilidade genética entre as subpopulações (FST) (Holsinger & Weir, 2009), da endogamia no nível subpopulacional (FIS) e da endogamia total (FIT). A análise da estrutura genética geralmente é feita por meio do FST, o qual avalia a divergência das frequências alélicas entre duas ou mais populações. A perda de heterozigotos e o consequente excesso de homozigotos que ocorre em casos de subdivisão é designado de Efeito Wahlund (Hartl & Clark, 2010). O FST, entretanto, tem certas limitações, como resultados enviesados quando aplicado a locos multi-alélicos de evolução rápida, não identificação de relação genealógica e resultados enviesados em casos de populações ameaçadas, devendo, assim, ser utilizado apenas para locos neutros (Pearse & Crandall, 2004). A medida FST pode variar de zero (nenhuma divergência genética) a um (fixação de alelos alternativos em diferentes subpopulações). Apesar do valor máximo teórico ser um, o máximo observado geralmente é um valor muito menor que um (Hartl & Clark, 2010). Segundo Hartl & Clark (2010), Wright sugere as seguintes orientações para a interpretação dos valores de FST: valor de 0 a 0,05 indica pequena diferenciação genética, 0,05 a 0,15 indica moderada diferenciação genética, 0,15 a 0,25 indica grande diferenciação genética e valor acima de 0,25 indica uma diferenciação genética muito grande. No entanto, Wright observa que mesmo valores de FST menores que 0,05 são significativos para a diferenciação entre as subpopulações. 31 Devido aos avanços computacionais e tecnológicos, estatísticas análogas ao FST têm sido desenvolvidas para diminuir suas limitações. Dentre elas destacam-se: GST (Nei, 1973), que é a aplicação desta abordagem em locos multi-alélicos; ΦST (Excoffier et al., 1992), desenvolvido originalmente para dados de marcadores moleculares de haplótipos; RST (Slatkin, 1995), que corrige a elevada taxa de mutação de marcadores microssatélites, seguindo o modelo mutacional de stepwise; e QST (Spitze, 1993), que avalia dados de características quantitativas distinguindo a ação de seleção e deriva sobre esses locos. Mesmo havendo diferenças de aplicação desses análogos ao FST, todos podem ser usados como métodos de estimar a estrutura genética de populações. Segundo Holsinger & Weir (2009), dentre essas quatro estatísticas relacionadas ao FST, GST é a que mais se aproxima do FST e tem sido bastante usada para medir diferenciação genética entre subpopulações. Entretanto, GST é uma medida de diferenciação genética apropriada apenas quando a contribuição da deriva genética para as diferenças entre as populações não é de interesse, uma vez que essa medida não considera a amostragem genética, enquanto o FST considera. Assim, apesar de serem relacionados, FST e GST medem coisas distintas (Holsinger & Weir, 2009). Ainda no intuito de contornar certas limitações do FST, Nei (1973) estendeu o conceito de FST aos alelos múltiplos e Hedrick (2005) sugeriu uma medida padronizada de diferenciação genética (GST’), a qual corresponde a uma proporção da máxima diferenciação possível para o nível observado de homozigosidade da subpopulação. Essa medida padronizada permite a comparação entre locos com diferentes níveis de variação genética, como isoenzimas e marcadores microssatélites, e para a diferenciação genética de organismos com diferentes tamanhos efetivos de população, ou ainda pode ser usada universalmente para comparar os níveis de diferenciação genética de muitos organismos e locos diferentes. O GST’ de Hedrick é análogo à medida de desequilíbrio de ligação, D’, de Lewontin (1964), que é D/Dmax, em que D é a medida tradicional de desequilíbrio de ligação e Dmax é o valor máximo possível, dada a frequência observada do alelo. No entanto, ainda há muita controvérsia na literatura acerca das medidas de diferenciação genética. Segundo Jost (2008), GST e seus “parentes” não podem ser interpretados como medidas de diferenciação ou semelhança genética. Jost relata vários casos na literatura de equívocos na abordagem padrão para a análise da diversidade. Além disso, a crescente utilização de locos microssatélites com alta diversidade 32 tornaram as limitações de GST mais evidentes. Um dos exemplos citados pelo autor envolve a diferenciação apresentada por locos microssatélites versus locos isoenzimáticos. As taxas de mutação de microssatélites são conhecidas por serem superiores às taxas de mutação dos locos isoenzimáticos. Microssatélites devem, portanto, mostrar uma maior diferenciação entre as subpopulações que locos isoenzimáticos em qualquer organismo. Porém, um padrão oposto é amplamente relatado na literatura, GST (ou seus “parentes”) com base em microssatélites é geralmente inferior ao GST com base em locos isoenzimáticos (Sanetra & Crozier, 2003). Esse é um dos problemas na definição de GST. Jost (2008) relata ainda que muitos autores estão cientes destes problemas, mas não identificaram a sua origem, e talvez tenham subestimado a sua importância. Nei (1973) reconheceu que em algumas circunstâncias, o GST não é uma boa medida de diferenciação. Nagylaki (1998) mostrou que a GST é uma medida adequada de diferenciação se, e somente se, a diversidade genética for baixa. Já Charlesworth (1998) considera que mesmo quando a diversidade é baixa o GST é inadequado como uma medida de diferenciação nas comparações entre populações com diferentes heterozigosidades médias. Jost (2008) identifica alguns equívocos do GST e sugere medidas (como HST e D) para eliminar os paradoxos produzidos pelas medidas padrões. Estas novas medidas podem ser diretamente relacionadas com as taxas de migração (m) e mutação (µ) do modelo de ilha-finito. Segundo o autor, GST tem alguns usos legítimos, mas não é uma medida de diferenciação. Quando uma descrição precisa da diversidade e diferenciação é necessária, a diversidade deve ser equiparada ao número efetivo de alelos de Kimura & Crow (1964), em vez de heterozigosidade, e GST deve ser substituído pela real diferenciação D (Jost, 2008). Essas mudanças resolveriam os paradoxos difundidos na literatura e alterariam muitas conclusões com base no GST. Já as conclusões baseadas em GST padronizado de Hedrick (2005) são mais robustas, pois abordam a verdadeira diferenciação D quando a diversidade é grande. Apesar do que foi discutido até aqui e mostrado por meio do artigo de Jost (2008), pode-se constatar que todas as medidas descritas na literatura são úteis, mas, no entanto, nenhuma delas é perfeita. Isso pode ser bem ilustrado ao se analisar o que foi descrito no artigo de Ryman & Leimar (2009), o qual discute acerca do D de Jost (2008) e outras medidas como o GST. Esses autores mostraram que a medida D não pode ser interpretada exclusivamente em termos de quantidades genéticas populacionais básicas, 33 tais como tamanho da população e fluxo gênico. Isto significa que D não é uma medida útil quando o interesse está focado em processos demográficos, tais como deriva genética e migração, mais do que as características particulares de mutação dos locos amostrados. A avaliação dos efeitos dos processos demográficos da migração e deriva deveriam idealmente ser efetuados por uma medida que não seja obscurecida por processos genéticos, como a mutação. Da mesma forma, GST não é perfeito no sentido de refletir os processos demográficos por causa de sua dependência de mutação e heterozigosidade. Eles mostraram que o D de Jost sofre de problemas semelhantes e/ou até mais acentuados do que o GST. Eles ainda consideram que o mesmo vale para a medida padronizada de Hedrick (2005), considerando que ainda não haja atualmente uma correção disponível que represente todos os efeitos da mutação no GST (Ryman & Leimar, 2009). A estrutura genética pode ser demográfica ou temporal. A estrutura genética demográfica refere-se à distribuição espacial heterogênea dos indivíduos, sendo característica de cada espécie e determinada principalmente pelo sistema de reprodução e pelos padrões de dispersão de sementes, pólen e propágulos. Já a estrutura genética temporal refere-se à subdivisão da diversidade genética entre gerações (Sebbenn, 2005). A estrutura genética espacial (EGE) em populações naturais geralmente é resultado de uma limitada dispersão de genes via pólen e sementes (Moura et al., 2009). A distância efetiva de dispersão de pólen e o nível de fecundação cruzada podem mudar de um evento de florescimento para outro, simplesmente em função da estrutura demográfica, fenologia de florescimento, composição e abundância de polinizadores (Carneiro et al., 2007). Segundo Hardy e colaboradores (2006), a dispersão limitada de sementes pode indiretamente limitar a dispersão de pólen, por meio da criação de maior densidade de árvores locais, favorecendo a agregação dessas árvores em estrutura de famílias. A análise da estrutura genética espacial pode ser abordada por diferentes metodologias, existindo algumas opções de medidas que a quantificam. O índice de Moran (I) (Rousset, 2008) é uma das medidas mais utilizadas para esse fim, mas, medidas multiloco de autocorrelação espacial baseada em distâncias genéticas foram introduzidas mais recentemente. Essas duas metodologias geram distogramas inversos, uma vez que um mostra correlação e o outro distância genética no nível de indivíduo ao longo de diferentes classes de distância espacial. Nesse contexto, uma medida que tem sido bastante usada na literatura usa o coeficiente de coancestria Fij, baseado em 34 Loiselle e colaboradores (1995). Esse coeficiente de coancestria define o nível de parentesco entre indivíduos por classes de distâncias pelo cálculo da probabilidade de dois alelos serem iguais por descendência entre pares de indivíduos, definindo se há ou não EGE e em que nível ela ocorre. 35 3 SISTEMA DE PATERNIDADE EM CRUZAMENTO, UMA ENDOGAMIA SUBPOPULAÇÃO DE E Eugenia dysenterica DC. (MYRTACEAE) RESUMO Eugenia dysenterica (Myrtaceae), popularmente conhecida como cagaiteira, é uma árvore do Cerrado polinizada por abelhas, especialmente da família Apidae, e dispersa por animais. O objetivo deste trabalho foi avaliar o sistema de cruzamento de uma população de E. dysenterica e investigar se existe paternidade múltipla nessa espécie, com base em marcadores microssatélites. Foram utilizados sete locos microssatélites altamente polimórficos, com baixa probabilidade de identidade genética e alto poder de exclusão de paternidade. Na análise combinada para todas as 20 famílias analisadas, as taxas de fecundação cruzada multiloco (tm = 0,918) e uniloco (ts = 0,797) foram altas, indicando que os indivíduos de E. dysenterica da população de Mimoso – GO estão se reproduzindo predominantemente por fecundação cruzada. A correlação de paternidade foi baixa (rp = 0,154), sugerindo que 15,4% dos indivíduos das progênies são oriundos do mesmo grupo de doadores de pólen. Este valor de correlação de paternidade indica que o número médio de árvores doadoras de pólen é igual a 6,494 (Nep = 1/rp), ou seja, aproximadamente sete árvores foram doadoras de pólen. Em média 14,1% das progênies são irmãos germanos e 77,7% foi formada por fecundação cruzada entre meios-irmãos. Além disso, pode-se afirmar que somente 8,2% das progênies foram formadas por autofecundação. De um total de 399 sementes avaliadas, foi possível determinar o doador de pólen para 218 sementes (55%), considerando um nível de confiança de 90%. Para uma confiança de 95% foi possível determinar o doador de pólen para 174 sementes (44%) e para confiança de 99% foi possível determinar o doador de pólen para 65 sementes (16%). Em 15 das 20 famílias avaliadas ocorreu paternidade múltipla (considerando apenas as atribuições ao nível de confiança de 90%), sendo que o número de doadores de pólen por fruto variou de um a três. Os resultados apresentados revelam que a espécie E. dysenterica apresenta sistema de cruzamento misto e que a paternidade múltipla ocorre nos frutos dessa espécie. Palavras-chave: Cagaita, microssatélites, paternidade múltipla, sistema misto. 36 ABSTRACT Eugenia dysenterica (Myrtaceae), commonly known as cagaiteira, is a Savannah tree pollinated by bees, especially the family Apidae, and dispersed by animals. The objective of this study was to evaluate the mating system of a population of E. dysenterica and investigate whether there is multiple paternity in this species, based on microsatellite markers. Seven highly polymorphic microsatellite loci, with low probability of genetic identity and high power of paternity exclusion were used. The multilocus (tm = 0.918) and single locus (ts = 0.797) outcrossing rate were high, indicating that individuals of E. dysenterica from Mimoso – GO are reproducing predominantly by outcrossing. The paternity correlation was low (rp = 0.154), suggesting that 15.4 % of progeny were from the same group of pollen donors. This paternity correlation value indicates that the average number of tree pollen donor is equal to 6.494 (Nep = 1/rp), or approximately seven trees were pollen donor. On average 14.1% of the progeny are full siblings and 77.7 % was formed by cross-fertilization between half siblings. Moreover, it can be stated that only 8.2% of the progeny were formed by self-fertilization . From a total of 399 seeds evaluated, it was possible to determine the pollen donor to 218 seeds (55%), considering a confidence level of 90%. For a confidence level of 95% it was possible to determine the pollen donor to 174 seeds (44%) and 99% confidence it was possible to determine the pollen donor for 65 seeds (16%). In 15 of the 20 families evaluated occurred multiple paternity (considering only those assignments at a confidence level of 90%), and the number of parents per fruit ranged from one to three. The results presented show that the species E. dysenterica presents mixed mating system and that the multiple paternity occurs in the fruits of this species. Keywords: Cagaita, microsatellites, mixed system, multiple paternity. 3.1 INTRODUÇÃO O sistema reprodutivo, a biologia da polinização e a história de vida de uma espécie podem ter um papel fundamental na diferenciação genética de suas populações (Gauer & Cavalli-Molina, 2000). O sistema reprodutivo pode ser considerado como o fator que possui maior influência sobre a estrutura genética de espécies de plantas (Loveless & Hamrick, 1984; Holsinger, 2000), uma vez que ele determina como as informações genéticas serão transferidas de uma geração para a outra (Wright, 1921). A análise de dados, principalmente de isoenzimas, mostrou que em espécies predominantemente autógamas e de ciclo curto, há menos variação dentro de populações e mais variação entre populações do que em espécies alógamas e de ciclo longo (Loveless & Hamrick, 1984). Alguns estudos com marcadores moleculares e 37 isoenzimas revelaram que a maioria das plantas do Cerrado brasileiro são alógamas ou apresentam sistema misto, mas a autofecundação também ocorre em plantas do Cerrado (Collevatti et al., 2001a; Telles et al., 2001; Zucchi et al., 2003; Telles et al., 2010). A família Myrtaceae é uma das famílias de maior importância no Brasil (Mori et al., 1983). No entanto, poucas espécies desta família têm sido estudadas quanto ao sistema reprodutivo (Vilela et al., 2012) e, além disso, pouco ainda foi estudado sobre reprodução de plantas do Cerrado. Dentre os trabalhos publicados sobre o tema, destaca-se o estudo de Proença & Gibbs (1994) realizado no Cerrado brasileiro sobre a biologia reprodutiva de oito espécies da família Myrtaceae, incluindo Eugenia dysenterica. A espécie E. dysenterica, popularmente conhecida como cagaiteira, é uma árvore nativa do Cerrado polinizada por abelhas, especialmente da família Apidae, sendo o gênero Bombus (abelha de médio porte) o principal grupo polinizador dessa espécie, assim como de outras espécies de Myrtaceae ocorrentes na região central do Brasil (Proença, 1992; Proença & Gibbs, 1994). Algumas evidências apontam para que a cagaita seja auto-compatível e dispersa por animais, possuindo sistema de cruzamento misto (Proença & Gibbs, 1994; Sano et al., 1995; Zucchi et al., 2003). Ward e colaboradores (2005) apresentaram uma revisão sobre sistema de cruzamento de espécies de plantas neotropicais autocompatíveis, na qual relatam diversos estudos utilizando marcadores moleculares. Segundo esses autores, apesar da baixa densidade populacional dessas plantas e da polinização geralmente ser mediada por animais, cruzamento e dispersão de pólen de longa distância são comuns. Dos 36 estudos analisados, ocorreu mais de 90% de cruzamento (em 45 espécies hermafroditas ou monóicas), sendo que as taxas de autofecundação variaram inversamente com a densidade populacional e mostraram tendências filogenéticas e geográficas. Os estudos com medidas diretas de fluxo de pólen (11 dos 36 estudos avaliados) sugeriram que a dispersão de pólen varia de 200 m a mais de 19 km para espécies polinizadas por pequenos insetos ou morcegos. Os marcadores microssatélites são altamente polimórficos e, portanto, bastante eficientes na estimativa de parâmetros do sistema reprodutivo e para a atribuição de paternidade. Com relação à paternidade múltipla, há diversos trabalhos que a relatam em animais nos diversos filos (Evanno et al., 2005a), mas, no entanto, existem poucos trabalhos relacionados à paternidade múltipla em plantas. Alguns 38 estudos utilizando isoenzimas indicaram paternidade múltipla em frutos das espécies Eucalyptus rameliana (Sampson, 1998) e Mimulus ringens (Mitchell et al., 2005). Já o uso de marcadores microssatélites indicaram paternidade múltipla em frutos de Caryocar brasiliense (Collevatti et al., 2009), uma espécie endêmica do Cerrado brasileiro. Marcadores moleculares altamente polimórficos, como os microssatélites, aumentam a probabilidade de detectar a paternidade múltipla e também a concorrência potencial de pólen em populações naturais devido a sua alta resolução e porque esperase que sejam neutros em relação à seleção gametofítica ou preferência dos polinizadores (Teixeira & Bernasconi, 2007). Já no uso de marcadores fenotípicos para atribuir paternidade surge um problema potencial se eles não forem neutros, ou seja, se eles estiverem associados com o sucesso de paternidade diferencial (Stanton et al., 1986). Reusch (2000) foi pioneiro no uso de microssatélites para avaliar a paternidade múltipla em populações de plantas de Zostera marina, uma angiosperma marinha. Teixeira e Bernasconi (2007) encontraram alta prevalência de paternidade múltipla em frutos de populações naturais de Silene latifolia, também com o uso de marcadores microssatélites. Segundo esses autores, a variação na taxa de cruzamento e competição de pólen para a fecundação dos óvulos em um único fruto pode ter consequências evolutivas importantes. A ocorrência de poliandria (número de doadores que contribuem para a fertilização das sementes dentro de um fruto) em populações naturais tem implicações diretas para a seleção de características florais que melhoram a exportação e importação de pólen em plantas entomófilas e para a seleção na capacidade competitiva do pólen (Janzen, 1977; Barrett, 2003; Wright & Meagher, 2004). Além disso, receber pólen de vários doadores pode aumentar a aptidão da fêmea, melhorando a qualidade genética ou a diversidade de sua progênie (Schlichting et al. 1987; Haig & Bergström 1995; Bernasconi et al. 2,004 ). Entretanto, manter receptividade floral de modo a recolher o pólen de vários doadores pode acarretar em custos, como tempo e energia para a manutenção de estruturas florais receptivas e maior risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis causadas por fungos (Kaltz & Shykoff, 2001). Nesse contexto, o objetivo desse trabalho foi avaliar o sistema de cruzamento de uma população de E. dysenterica e investigar se existe ocorrência de 39 eventos de paternidade múltipla nos frutos dessa espécie, com base em marcadores microssatélites. 3.2 MATERIAL E MÉTODOS LOCAL DE ESTUDO E COLETA Esta análise foi realizada a partir de uma única subpopulação natural de E. dysenterica oriunda do município de Mimoso – GO (latitude: -15,03154 e longitude: 50,11158). Foi delimitada uma área de 1,02 ha (10,200 m2), da qual foram coletados 521 indivíduos, sendo 20 matrizes (árvores mães), 399 juvenis e 102 indivíduos adultos. A Tabela 1 mostra o número de frutos e sementes nas vinte famílias de E. dysenterica avaliadas e o Apêndice E mostra o número de sementes por fruto. Tabela 1. Amostragem de famílias de polinização aberta de E. dysenterica coletadas de uma subpopulação de Mimoso – GO Matriz (Família) N0 de frutos N0 de sementes M1 (Fam1) 16 19 M2 (Fam2) 9 12 M3 (Fam3) 8 10 M4 (Fam4) 22 27 M5 (Fam5) 22 23 M6 (Fam6) 6 7 M7 (Fam7) 12 17 M8 (Fam8) 20 23 M9 (Fam9) 21 24 M10 (Fam10) 13 15 M11 (Fam11) 13 13 M12 (Fam12) 5 5 M13 (Fam13) 39 48 M14 (Fam14) 22 22 M15 (Fam15) 9 10 M16 (Fam16) 11 11 M17 (Fam17) 38 48 M18 (Fam18) 8 12 M19 (Fam19) 25 27 M20 (Fam20) 26 26 Total 345 399 Média 17 20 40 EXTRAÇÃO DO DNA E OBTENÇÃO DE DADOS MOLECULARES Foi extraído o DNA a partir de tecido foliar e de semente segundo protocolo descrito por Doyle & Doyle (1987), quantificado e diluído à concentração aproximada de 2,5 ng de DNA genômico por µL, para posterior análise com marcadores microssatélites. A amplificação dos fragmentos de DNA foi realizada por meio de reação de PCR (Polimerase Chain Reaction). Foram usados sete locos microssatélites polimórficos para obter os genótipos dos indivíduos coletados, sendo três pares de iniciadores (primers) específicos para a espécie E. dysenterica (Telles et al., 2013), e quatro pares desenvolvidos para Eucalyptus spp. e transferidos para E. dysenterica (Zucchi et al., 2002). Os detalhes dos locos estão descritos nos Apêndices A e B. As reações de PCR foram preparadas para um volume final de 15 µL, sendo divididos nos seguintes componentes: 12,5 ng de DNA genômico, 0,018 mg de BSA (10 mg/ml), 1X de Tampão da enzima 10X, 1,6 mM de MgCl2 (50 mM), 3,25 µM de dNTPs, 1,98 µM de cada iniciador (forward e reverse), 1 unidade de Taq DNA polimerase e o volume final foi completado com água Mili-Q esterilizada. As condições de amplificação foram: (1º) desnaturação do DNA a 95°C por 5 minutos; (2º) 94°C por 1 minuto; (3º) temperatura específica de anelamento do iniciador por 1 minuto; (4º) extensão da molécula pela enzima Taq DNA polimerase a 72°C por 1 minuto; (5º) 30 ciclos seguindo do 2º ao 4º passo; (6º) passo de extensão final a 72°C por 30 minutos. Os iniciadores forward foram marcados com fluorocromos HEX (verde), NED (amarelo) ou 6-FAM (azul) nas suas extremidades 5’ (detalhes nos Apêndices A e B). Posteriormente, foi montada uma placa-mãe para cada conjunto de marcadores, formando os painéis com diferentes locos ou multiplex (Apêndice B). A placa-mãe foi preparada com 2 µL da reação de PCR de cada componente da multiplex, formando uma mistura de reações de PCR. Em seguida, 0,25 µL do marcador de peso molecular padrão (ROX) e 8,75 µL de formamida foram adicionados a 1 µL de amostra da placa-mãe, totalizando uma volume final de 10 µL. Essa solução foi então desnaturada em termociclador por 5 minutos em uma temperatura de 95ºC e posteriormente imersa em gelo durante um período aproximado de 2 minutos. Finalmente, as amostras foram injetadas em um analisador automático de DNA modelo ABI-3100 (Applied Biosystems) para a análise dos fragmentos amplificados produzidos 41 pelas reações de PCR (amplicons). Os tamanhos dos fragmentos foram determinados com o auxílio do programa GeneMapper 3.5 (Applied Biosystems), que permite a obtenção dos genótipos dos indivíduos que estão sendo avaliados (Apêndices C e D). VARIABILIDADE GENÉTICA E SISTEMA DE CRUZAMENTO A partir da análise dos genótipos de todos os 521 indivíduos (20 matrizes, 399 juvenis e 102 adultos) para os sete locos microssatélites avaliados na população de Mimoso – GO, foram obtidas as frequências alélicas e genotípicas de cada loco utilizando o programa Fstat 2.9.3.2 (Goudet, 2002). Ainda utilizando esse mesmo programa, essas frequências foram submetidas a um teste de permutação para verificar se estão seguindo as proporções de equilíbrio de Hardy-Weinberg. Posteriormente, foram estimados os seguintes parâmetros para os indivíduos adultos e matrizes (122 indivíduos): número médio de alelos por loco (A), diversidade genética de Nei (Nei, 1973) (He) e heterozigosidade observada (Ho). Para avaliar o poder de discriminação individual dos locos, para os indivíduos adultos e matrizes (122 indivíduos), foram estimados ainda, para cada loco, e para o conjunto de locos, os seguintes parâmetros utilizando o programa Identity 1.0 (Wagner & Sefc, 1999): a) Probabilidade de identidade genética (I): probabilidade de dois indivíduos escolhidos ao acaso em uma população apresentarem genótipos idênticos. Esse índice foi calculado segundo Paetkau e colaboradores (1995). b) Probabilidade de exclusão de paternidade (Q): probabilidade de se excluir uma falsa paternidade. Esse índice foi calculado segundo Weir (1996). O sistema de cruzamento foi avaliado utilizando o programa MLTR (multilocus t and r) versão 3.4, descrito por Ritland (2000) e revisado em setembro de 2009. Esse programa se baseia nos modelos de cruzamento misto de Ritland & Jain (1981) e cruzamentos correlacionados (Ritland, 1989) para estimar os seguintes parâmetros: 42 a) Frequências alélicas dos óvulos e pólen; b) Endogamia nos parentais; c) Taxa de fecundação cruzada multiloco (tm) da população, por máxima verossimilhança; d) Taxa de fecundação cruzada uniloco (ts) da população; e) Taxa de fecundação cruzada entre parentes (tm – ts) f) Correlação de autofecundação (rs) entre dois filhos; g) Correlação multiloco de paternidade (rp) entre dois irmãos. O número médio de árvores doadoras de pólen (Nep) ou tamanho da vizinhança reprodutiva, foi calculado a partir do valor de correlação multiloco de paternidade pela expressão Nep = 1/rp. Posteriormente, foram estimados outros parâmetros combinando as estimativas de tm e rp para se avaliar a proporção dos diferentes tipos de progênies na descendência da população: proporção de irmãosgermanos (PIC = rptm), proporção de meios-irmãos (PMI = tm (1 - rp)) e proporção de irmãos de autofecundação (PIA = 1 - tm). A análise de paternidade foi realizada com o auxílio do programa CERVUS 3.0 (Marshall et al., 1998; Kalinowski et al., 2007). As análises foram conduzidas a partir dos genótipos das árvores matrizes, de suas progênies e das demais árvores adultas reprodutivas da população (candidatos a doadores de pólen). Admitiu-se que cada semente tinha 122 prováveis doadores de pólen, uma vez que as matrizes foram incluídas nesse cálculo. A proporção de árvores adultas amostradas considerada foi de 90%, a proporção de locos genotipados foi de 100% e a taxa de erro de genotipagem foi de 0,01. Nas simulações de paternidade foram usadas 10.000 repetições e os níveis de confiança restrito de 99% e relaxado de 95%, para determinar o verdadeiro doador de pólen. De acordo com o resultado da análise de paternidade em frutos nos quais ocorreu mais de uma semente foi feita uma avaliação de paternidade múltipla. Essa análise foi realizada para uma confiança de 90%. 43 3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO DISCUSS VARIABILIDADE GENÉTICA As frequências alélicas de cada um dos sete locos microssatélites analisados foram representadas graficamente na Figura 10. O loco EMBRAEMBRA-172 foi o que apresentou o menor número de alelos (13 alelos) e o loco EMBRA-14 EMBRA foi o que apresentou o maior número de alelos (36 ( alelos). Em todos os locos os houveram houve casos de alelos com baixa frequência (< 0,01). Pode-se Pode se observar que no loco EMBRA-72 EMBRA houve um alelo com frequência muito alta, alelo 133 com frequência de 0,79, o alelo 151 ocorreu com frequência de 0,05, sendo que os demais alelos desse loco ocorreram o com frequência menor que 0,05. Nos demais locos ocorreram vários alelos com alta frequência (> 0,05). ED-04 Frequência 0.6 0.4 0.2 0 223 225 227 229 231 233 235 237 239 241 243 247 251 253 259 Alelo (pb) Frequência ED-05 0.4 0.3 0.2 0.1 0 185 193 203 209 213 219 223 227 231 235 239 251 255 Alelo (pb) 44 183 247 167 175 151 153 155 159 163 165 0.8 0.6 0.4 0.2 0 131 133 137 139 143 145 147 149 Frequência EMBRA-72 Alelo (pb) Frequência EMBRA-210 0.3 0.2 0.1 0 181 189 195 205 209 215 225 231 235 239 243 247 259 Alelo (pb) Alelo (pb) 241 233 231 229 221 219 217 215 213 211 209 207 205 203 197 193 191 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 189 Frequência ED-09 45 EMBRA-14 0.3 Frequência 0.25 0.2 0.15 0.1 0.05 185 181 175 165 161 157 151 147 143 137 133 129 125 121 115 111 105 101 0 Alelo (pb) EMBRA-172 Frequência 0.4 0.3 0.2 0.1 0 171 173 177 181 183 185 187 189 191 193 195 197 199 Alelo (pb) Figura 10. Frequências alélicas dos sete locos microssatélites analisados na população de Mimoso – GO, estimados para 521 indivíduos de E. dysenterica Todos os locos utilizados no estudo foram polimórficos (Tabela 2). O número médio de alelos por loco foi igual a 18.. Os valores médios de heterozigosidade esperada (He) e observada (H ( o) foram, respectivamente, 0,776 e 0,742,, sugerindo que a diversidade genética é relativamente alta. A probabilidade de exclusão de paternidade combinada (QC)) foi igual a 0,9999 0,999 e a probabilidade de identidade combinada (IC) ( foi igual a 3,3x10-11 (Tabela 2). Estes valores valores são considerados adequados para análises de vínculo genético e sistema reprodutivo (Collevatti et al., 1999; Waits et al., 2001; Moreira et al., 2009). Foi observada diferença significativa entre os valores da heterozigosidade observada (Ho) e heterozigosidade ozigosidade esperada (H ( e) pelo EHW para a população de 46 Mimoso – GO, resultando em valor de f significativo (f = 0,091; p = 0,05), indicando que os cruzamentos não ocorrem ao acaso nessa população. O resultado do teste de desequilíbrio de ligação revelou que todos os pares de locos estão em desequilíbrio (p = 0,00238) para todas as comparações, baseado em 420 permutações. Tabela 2. Caracterização dos sete locos microssatélites baseado na genotipagem de 122 indivíduos de E. dysenterica da população de Mimoso – GO Loco ED-04 ED-05 EMBRA-72 EMBRA-210 ED-09 EMBRA-14 EMBRA-172 A 13 19 16 19 13 30 13 He 0,804 0,834 0,455 0,789 0,777 0,911 0,861 Ho 0,681 0,680 0,824 0,767 0,831 0,669 0,742 I 0,027 0,082 0,035 0,081 0,013 0,011 0,039 Q 0,754 0,576 0,721 0,582 0,835 0,845 0,702 Média 18 0,776 0,742 IC = 3,3 x 10-11 QC = 0,9999 A: número médio de alelos por loco, He: frequência esperada de heterozigotos sob EHW, Ho: frequência observada de heterozigotos, f: índice de fixação intrapopulacional, I: probabilidade de identidade, Q: probabilidade de exclusão de paternidade, IC: probabilidade de identidade combinada e QC: probabilidade de exclusão de paternidade combinada. SISTEMA DE CRUZAMENTO E ENDOGAMIA As taxas de cruzamento multiloco (tm) e uniloco (ts), considerando a análise por família, foram altas e significativamente diferente da unidade, em média (Tabela 3). A taxa de fecundação cruzada entre parentes (tm – ts) variou de –0,177 (Fam14) a 0,267 (Fam20), indicando que na família 20 ocorreu a maior taxa de cruzamento entre indivíduos aparentados (26,7%). Na análise combinada para todas as famílias, as taxas de fecundação cruzada multiloco (tm = 0,918) e uniloco (ts = 0,797) foram altas (Tabela 4). A endogamia biparental, representada pela diferença entre a taxa de fecundação cruzada multiloco e uniloco, indicou a ocorrência de 12,2% de cruzamento entre indivíduos aparentados (Tabela 4). Com isso, pode-se considerar que os indivíduos de E. dysenterica da população de Mimoso – GO estão se reproduzindo predominantemente por fecundação cruzada (tm = 0,918) (Tabela 4). 47 Tabela 3. Caracterização do sistema de cruzamento de indivíduos de E. dysenterica baseado em famílias de polinização aberta da população de Mimoso – GO Família N tm ts tm - ts Fam1 19 0,948 0,773 0,175 Fam2 12 1,001 0,950 0,051 Fam3 10 1,000 0,869 0,131 Fam4 27 1,001 0,965 0,036 Fam5 23 1,000 0,770 0,230 Fam6 7 1,000 0,975 0,025 Fam7 17 1,000 0,984 0,016 Fam8 23 0,792 0,840 -0,048 Fam10 15 1,002 1,024 -0,022 Fam11 13 1,000 0,859 0,141 Fam12 5 1,000 1,110 -0,110 Fam13 48 0,604 0,583 0,021 Fam14 22 0,977 1,154 -0,177 Fam15 10 0,869 0,692 0,177 Fam16 11 0,998 0,863 0,135 Fam17 48 1,135 1,270 -0,135 Fam18 12 1,002 0,822 0,180 Fam19 27 0,982 0,940 0,042 Fam20 26 0,637 0,370 0,267 N: n0 de sementes; tm: taxa de cruzamento multiloco; ts: taxa de cruzamento uniloco; tm – ts: Taxa de cruzamento entre parentes. A correlação de paternidade foi baixa (rp = 0,154) (Tabela 4), sugerindo que 15,4% dos indivíduos das progênies são oriundos do mesmo grupo de doadores de pólen. Este valor de correlação de paternidade indica que o número médio de árvores doadoras de pólen é igual a 6,494 (Nep = 1/rp), ou seja, aproximadamente sete árvores foram doadoras de pólen. Em média, 14,1% das progênies são compostas de irmãos germanos e 77,7% são formadas por meios-irmãos. Além disso, pode-se afirmar que somente 8,2% das progênies foram formadas por autofecundação (Tabela 4). 48 Esses resultados corroboram com os outros trabalhos que já foram realizados para a espécie E. dysenterica (Proença & Gibbs, 1994; Zucchi, 2002; Telles et al., 2003b; Rodrigues, 2012). Tabela 4. Caracterização do sistema reprodutivo em uma população de E. dysenterica Parâmetros Estimativas (DP)* Número total de árvores matrizes (m) 20 Número total de progênies (n) 399 Endogamia nos parentais 0,027 (0,049) Taxa de fecundação cruzada multiloco (tm) 0,918 (0,033) Taxa de fecundação cruzada uniloco (ts) 0,797 (0,044) Taxa de fecundação cruzada entre parentes (tm – ts) 0,122 (0,020) Taxa de autofecundação (s = 1 – tm) 0,082 Correlação de autofecundação (rs) 0,179 (0,138) Correlação multiloco de paternidade (rp) 0,154 (0,036) Número médio de árvores doadores (Nep = 1/rp) 6,494 Proporção de irmãos-germanos (PIC = rptm) 0,141 Proporção de meios-irmãos (PMI = tm (1 - rp)) 0,777 Proporção de irmãos de autofecundação (PIA = 1 - tm) 0,082 * Entre parênteses está o desvio padrão da média (DP). ATRIBUIÇÃO DE PATERNIDADE Do total de sementes avaliadas, foi possível determinar o doador de pólen para 218 sementes (55%), considerando um nível de confiança de 90%. Para uma confiança de 95% foi possível determinar o doador de pólen para 174 sementes (44%) e para confiança de 99% foi possível determinar o doador de pólen para 65 sementes (16%) (Tabelas 5 e 6). 49 Tabela 5. Atribuição de paternidade para 174 sementes de E. dysenterica da população de Mimoso – GO, com confiança de 95 e 99%. Confiança Semente Matriz Doador de pólen Trio LOD score Trio Delta 9M10 M10 100 14,99 14,99 99% 10M16 M16 M16 11,44 11,44 99% 18M13 M13 M13 10,00 10,00 99% 5M8 M8 M7 9,61 9,61 99% 19M13 M13 M13 9,27 9,27 99% 3M15 M15 M13 8,98 8,98 99% 9M13 M13 M13 8,78 8,78 99% 34S2M13 M13 M11 8,59 8,59 99% 5M13 M13 M13 8,45 8,45 99% 17M13 M13 M13 8,43 8,43 99% 25M13 M13 M13 8,26 8,26 99% 33S2M13 M13 M11 8,19 8,19 99% 35S2M13 M13 M13 8,16 8,16 99% 22M13 M13 M13 8,14 8,14 99% 1M10 M10 99 7,91 7,91 99% 8M13 M13 M13 7,75 7,75 99% 14M13 M13 M13 7,48 7,48 99% 12M13 M13 M13 7,35 7,35 99% 3M13 M13 M13 7,13 7,13 99% 31S1M13 M13 M13 7,04 7,04 99% 10S1M7 M7 7 11,26 7,04 99% 9S2M1 M1 M2 7,86 6,98 99% 2M15 M15 M15 7,94 6,85 99% 4M20 M20 65 6,63 6,63 99% 15M8 M8 M12 6,53 6,53 99% 30M13 M13 M15 7,15 6,39 99% 11M16 M16 M16 6,09 6,09 99% 3M7 M7 M8 7,85 6,00 99% 1M19 M19 M15 5,95 5,95 99% 8S1M7 M7 M8 6,35 5,93 99% 17M9 3M20 M9 100 5,85 5,85 99% M20 M20 5,78 5,78 99% [Type a quote from the document or the summary of an interesting point. You can position the 50 Semente Matriz Doador de pólen Trio LOD score Trio Delta Confiança 1M7 M7 M8 7,90 5,73 99% 2M7 M7 M8 8,97 5,73 99% 8S2M18 M18 94 5,49 5,49 99% 20S3M8 M8 36 6,46 5,39 99% 3M9 M9 100 5,38 5,38 99% 16M8 M8 M8 5,34 5,34 99% 19S2M5 M5 74 6,13 5,29 99% 11S2M1 M1 M2 5,24 5,24 99% 4M3 M3 52 5,60 5,22 99% 9M8 M8 63 5,14 5,14 99% 6M1 M1 M1 5,07 5,07 99% 9M5 M5 100 5,73 4,92 99% 2M1 M1 52 5,28 4,92 99% 14S2M4 M4 80 4,89 4,89 99% 19S2M9 M9 22 4,73 4,73 99% 9M16 M16 M16 4,65 4,65 99% 6S2M18 M18 M20 4,64 4,64 99% 11M20 M20 M20 4,60 4,60 99% 21M20 M20 37 4,70 4,51 99% 5M15 M15 M11 4,51 4,51 99% 17M17 M17 70 4,27 4,27 99% 14M17 M17 55 4,13 4,13 99% 12M1 M1 M1 7,08 4,12 99% 10S2M7 M7 90 4,05 4,05 99% 20S2M9 M9 M9 4,04 4,04 99% 37S2M13 M13 23 3,95 3,95 99% 2M20 M20 M20 3,95 3,95 99% 11M13 M13 M11 3,93 3,93 99% 19M17 M17 M16 3,92 3,92 99% 14S1M4 M4 M4 4,21 3,85 99% 13M11 M11 M11 3,81 3,81 99% 5M19 M19 M19 3,79 3,79 99% 11M19 M19 74 5,66 3,78 99% 2M10 M10 40 3,54 3,54 95% 51 Semente Matriz Doador de pólen Trio LOD score Trio Delta Confiança 14M5 M5 M8 5,18 3,53 95% 7M19 M19 85 3,51 3,51 95% 3M1 M1 11 3,49 3,49 95% 5M1 M1 M1 5,86 3,43 95% 15M13 M13 M13 3,41 3,41 95% 2M8 M8 M19 3,28 3,28 95% 12M17 M17 83 3,22 3,22 95% 36S2M13 M13 23 3,19 3,19 95% 29M13 M13 M13 3,17 3,17 95% 38S2M13 M13 23 3,10 3,10 95% 1M20 M20 M18 4,56 2,89 95% 18M20 M20 M18 4,88 2,89 95% 4M6 M6 43 2,89 2,89 95% 22M14 M14 M1 2,81 2,81 95% 6M3 M3 46 2,73 2,73 95% 8M19 M19 54 4,32 2,72 95% 17M20 M20 M18 3,59 2,71 95% 29S1M17 M17 60 2,68 2,68 95% 5M20 M20 M20 5,69 2,63 95% 3M19 M19 41 3,77 2,59 95% 2S2M17 M17 73 2,69 2,55 95% 8S2M3 M3 M13 2,44 2,44 95% 4M7 M7 M8 2,43 2,43 95% 9M2 M2 M2 2,35 2,35 95% 7M2 M2 M1 2,35 2,35 95% 6M11 M11 M13 2,26 2,26 95% 11M17 M17 M16 2,18 2,18 95% 28M13 M13 31 2,18 2,18 95% 3S1M17 M17 85 3,99 2,15 95% 37S1M13 M13 42 2,83 2,11 95% 25S2M19 M19 M19 2,08 2,08 95% 3M8 M8 18 2,02 2,02 95% 2M3 M3 38 4,06 2,01 95% 6M17 M17 M16 3,02 2,01 95% 52 Semente Matriz Doador de pólen Trio LOD score Trio Delta Confiança 39S1M13 32S2M13 14M20 21S1M17 9M14 16M1 11M5 9S1M1 18M5 8M16 12M8 10M1 1S1M4 35M17 4M1 33S1M13 20M17 8S1M18 10M17 5M4 34M17 7M14 13M20 32M17 24M13 27M13 15S2M1 23M17 15M4 15M20 20S1M8 7M17 21M9 36M17 M13 M13 M20 M17 M14 M1 M5 M1 M5 M16 M8 M1 M4 M17 M1 M13 M17 M18 M17 M4 M17 M14 M20 M17 M13 M13 M1 M17 M4 M20 M8 M17 M9 M17 M11 M15 M20 85 75 M1 57 M2 38 65 63 M2 M13 67 M1 M13 22 1 34 52 89 58 M20 73 M11 82 28 72 33 21 M5 20 M10 74 1,98 2,54 5,60 4,19 2,96 1,77 2,35 2,04 3,05 1,53 1,52 1,51 1,48 2,44 1,41 1,40 4,18 1,91 3,80 1,28 1,28 4,08 3,34 3,24 1,74 1,16 1,14 1,14 1,14 5,18 1,41 4,24 3,10 3,03 1,98 1,96 1,94 1,93 1,90 1,77 1,74 1,69 1,54 1,53 1,52 1,51 1,48 1,43 1,41 1,40 1,38 1,36 1,34 1,28 1,28 1,27 1,26 1,24 1,22 1,16 1,14 1,14 1,14 1,12 1,12 1,11 1,11 1,10 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 4S2M2 M2 67 1,09 1,09 95% 2M13 M13 M15 1,80 1,09 95% 15M19 M19 54 1,48 1,08 95% 23M19 M19 M10 3,22 1,07 95% 53 Semente Matriz Doador de pólen Trio LOD score Trio Delta 3S3M2 13S2M10 21S2M17 7M20 20M14 20S2M5 3M3 6S1M18 21M13 9M20 22M20 23M20 4M17 1M13 22S2M17 25M17 15S1M17 10M13 8M1 1S2M17 14M8 12S1M7 8M8 8M14 7M1 26M13 20M13 34S1M13 15M14 16M20 6M8 19M19 12M19 5M17 11M8 15S2M11 M2 M10 M17 M20 M14 M5 M3 M18 M13 M20 M20 M20 M17 M13 M17 M17 M17 M13 M1 M17 M8 M7 M8 M14 M1 M13 M13 M13 M14 M20 M8 M19 M19 M17 M8 M11 M3 82 83 M20 88 80 38 25 M13 M20 M20 M20 33 M15 77 64 83 88 M13 33 M7 78 M8 M13 M2 M13 76 76 76 37 37 M15 56 56 M19 72 1,07 1,06 5,01 1,02 1,00 0,99 1,84 0,95 0,93 0,93 0,93 0,93 0,92 1,97 3,56 2,61 3,32 1,76 0,81 3,24 0,81 0,71 3,27 2,98 5,63 2,66 6,90 1,67 5,01 3,59 1,36 0,66 2,77 2,76 0,64 0,61 1,07 1,06 1,02 1,02 1,00 0,99 0,97 0,95 0,93 0,93 0,93 0,93 0,92 0,92 0,91 0,91 0,90 0,85 0,81 0,81 0,81 0,71 0,69 0,69 0,69 0,68 0,68 0,68 0,68 0,67 0,67 0,66 0,65 0,64 0,64 0,61 Confiança 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% 95% Paternidade determinada com 99% de confiança (∆crítico = 3,61 ; P < 0,01); Paternidade determinada com 95% de confiança (∆crítico = 0,59 ; P < 0,05). 54 A Tabela 6 descrimina o número de atribuições para cada família avaliada em diferentes níveis de confiança. O número de atribuições encontrado foi adequado e de acordo com o esperado, uma vez que trata-se de uma população natural e não foi possível realizar o censo dos candidatos a doadores de pólen. Tabela 6. Atribuição de paternidade para 399 sementes de E. dysenterica da população de Mimoso – GO para diferentes níveis de confiança Família N0 de sementes 99% 95% 90% Fam1 19 5 14 14 Fam2 12 0 4 7 Fam3 10 1 5 5 Fam4 27 2 5 7 Fam5 23 2 6 8 Fam6 7 0 1 1 Fam7 17 6 8 10 Fam8 23 5 13 18 Fam9 24 4 5 9 Fam10 15 2 4 6 Fam11 13 1 3 3 Fam12 5 0 0 0 Fam13 48 18 36 37 Fam14 22 0 6 6 Fam15 10 3 3 4 Fam16 11 3 4 4 Fam17 48 3 25 40 Fam18 12 2 4 4 Fam19 27 3 11 15 Fam20 26 5 17 20 Total 399 65 (16%) 174 (44%) 218 (55%) Das 20 famílias avaliadas, 15 apresentaram frutos com mais de uma semente, totalizando 50 casos para a avaliação de paternidade múltipla (Tabela 7). 55 Considerando apenas as atribuições ao nível de confiança de 90%, pode-se concluir que em 40% dos casos a paternidade múltipla foi verificada (20 casos de um total de 50). Estes resultados revelam a paternidade múltipla na maioria das famílias da população avaliada. O número de doadores de pólen por fruto variou de um a três. No entanto, na literatura já foi relatado que podem existir frutos de cagaita com até seis sementes (Silva et al., 2001), fazendo com que esse número possa ser ainda maior. A alta ocorrência de paternidade múltipla nos frutos da cagaita sugere fortemente que a concorrência de pólen nesta espécie pode acontecer. Esse fato pode afetar substancialmente o sucesso reprodutivo dos parentais e, possivelmente, contribuir para o aumento do fitness das matrizes e da progênie, seja por meio de seleção pós-polinização ou pelo aumento da diversidade genética (Teixeira & Bernasconi, 2007). Devido ao fato das sementes se dispersarem localmente (Wright & Meagher, 2004), os indivíduos mais próximos tendem a ser mais estreitamente relacionados do que os indivíduos mais distantes. Assim, evitar a endogamia por meio da seleção pós-polinização pode ser uma característica importante para a espécie E. dysenterica. Tabela 7. Avaliação de paternidade múltipla para a espécie E. dysenterica em uma população de Mimoso – GO Família Fruto Semente Doador de pólen Confiança 9S1 M1 M2 90% Fruto 9 9S2 M1 M2 90% Fam1 Fruto 11 Fruto 15 Fruto 3 Fam2 Fruto 4 Fruto 7 Fam3 Fruto 8 11S1 M1 M8 - 11S2 M1 M2 90% 15S1 M1 88 - 15S2 M1 28 90% 3S1M2 52 90% 3S2M2 101 - 3S3M2 M3 90% 4S1M2 M3 - 4S2M2 67 90% 7S1M3 M13 - 7S2M3 64 - 8S1M3 2 - 8S2M3 M13 90% 56 Família Fruto Fruto1 Fruto 14 Fam4 Fruto 16 Fruto 17 Fam5 Fruto 22 Fam6 Fruto 3 Fruto 8 Fruto 9 Fam7 Fruto 10 Fruto 11 Fruto 12 Fruto 19 Fam8 Fruto 20 Fruto 18 Fam9 Fruto 19 Fruto 20 Fruto 11 Fam10 Fruto 12 Semente 1S1M4 1S2M4 14S1M4 14S2M4 16S1M4 16S2M4 17S1M4 17S2M4 17S3M4 22S1M5 22S2M5 3S1M6 3S2M6 8S1M7 Doador de pólen M13 31 M4 80 52 M13 74 101 102 M3 M5 81 36 M8 Confiança 90% < 90% 90% 90% < 90% < 90% < 90% < 90% < 90% < 90% < 90% < 90% < 90% 90% 8S2M7 M8 < 90% 9S1M7 22 < 90% 9S2M7 56 < 90% 10S1M7 7 90% 10S2M7 90 90% 11S1M7 M11 < 90% 11S2M7 M11 < 90% 12S1M7 78 90% 12S2M7 19S1M8 19S2M8 20S1M8 20S2M8 20S3M8 18S1M9 18S2M9 19S1M9 19S2M9 20S1M9 20S2M9 M8 M20 2 M5 M5 36 76 77 62 22 M20 M9 < 90% < 90% < 90% 90% < 90% 90% 90% 90% < 90% 90% < 90% 90% 11S1M10 M7 < 90% 11S2M10 21 90% 12S1M10 M15 < 90% 12S2M10 M8 < 90% 57 Família Fruto Fruto 31 Fruto 32 Fruto 33 Fruto 34 Fam13 Fruto 35 Fruto 36 Fruto 37 Fruto 38 Fruto 39 Fam15 Fruto 9 Fruto 1 Fruto 2 Fruto 3 Fruto 15 Fam17 Fruto 21 Fruto 22 Fruto 29 Fruto 30 Fruto 31 Semente 31S1M13 31S2M13 32S1M13 32S2M13 33S1M13 33S2M13 34S1M13 34S2M13 35S1M13 35S2M13 36S1M13 36S2M13 37S1M13 37S2M13 38S1M13 38S2M13 39S1M13 39S2M13 9S1M15 Doador de pólen M13 M15 81 M15 M13 M11 76 M11 76 M13 M13 23 42 23 M11 23 M11 65 M15 Confiança 90% < 90% 90% 90% 90% 90% 90% 90% < 90% 90% < 90% 90% 90% 90% < 90% 90% 90% < 90% 9S2M15 1S1M17 1S2M17 2S1M17 2S2M17 2S3M17 3S1M17 3S2M17 15S1M17 15S2M17 21S1M17 21S2M17 22S1M17 22S2M17 29S1M17 29S2M17 47 26 33 67 73 46 85 54 83 74 85 83 33 77 60 95 90% 90% 90% < 90% 90% 90% 90% 90% 90% 90% 90% 90% 90% 90% 90% < 90% 30S1M17 M10 90% 30S2M17 67 90% 31S1M17 67 90% 31S2M17 21 90% 58 Família Fruto Fruto 5 Fruto 6 Fam18 Fruto 7 Fruto 8 Fruto 24 Fam19 Fruto 25 3.4 i. Semente Doador de pólen Confiança 5S1M18 51 < 90% 5S2M18 68 < 90% 6S1M18 25 90% 6S2M18 M20 90% 7S1M18 1 < 90% 7S2M18 33 < 90% 8S1M18 1 90% 8S2M18 24S1M19 24S2M19 25S1M19 25S2M19 94 85 M19 85 M19 90% < 90% < 90% 90% 90% CONCLUSÕES A população de E. dysenterica de Mimoso – GO possui uma alta diversidade genética; ii. A espécie E. dysenterica apresenta um sistema de cruzamento misto, com predominância de cruzamentos; iii. Existe paternidade múltipla, por fruto, na espécie E. dysenterica. 59 4 ESTRUTURA GENÉTICA INTRAPOPULACIONAL DE Eugenia dysenterica DC. (MYRTACEAE) RESUMO Eugenia dysenterica (cagaiteira), família Myrtaceae, é uma árvore nativa da região do Cerrado brasileiro que possui ampla distribuição no bioma no qual ocorre. A estrutura genética espacial (EGE) em populações naturais, que corresponde à distribuição espacial heterogênea de genótipos dentro de populações de plantas, geralmente é resultado de uma limitada dispersão de genes via pólen e sementes. O estudo da EGE em plantas do Cerrado é algo que tem se difundido na literatura, uma vez que compreender a estrutura genética espacial de populações é fundamental para o estabelecimento de estratégias de conservação da diversidade genética nas espécies. O objetivo deste trabalho foi avaliar o padrão espacial intrapopulacional da variabilidade genética entre plantas em uma subpopulação natural de E. dysenterica. Na análise foram utilizados 102 indivíduos adultos georreferenciados e sete locos microssatélites. A estrutura genética espacial intrapopulacional foi avaliada por meio de uma análise de autocorrelação espacial, baseada no coeficiente de coancestria Fij entre as plantas adultas em diferentes classes de distâncias geográficas. A distância geográfica máxima exibida por par de indivíduos foi de 171,4 m, sendo a distância média de 61,3 m. A maioria dos indivíduos exibiu uma distância par-a-par menor que 80 m (aproximadamente 67%). A análise de autocorrelação espacial mostrou que a coancestria está significativamente relacionada ao logaritmo da distância (R2 = 0,01646, p < 0,001). O parentesco diminuiu de maneira expressiva após a primeira classe de distância (< 12,08 m), mas foi significativo até a terceira classe de distância (30,89 m). A estrutura genética espacial foi significativa (Sp = 0,0143) e a vizinhança genética (Nb) foi igual a 69,93 km. A presença de autocorrelação espacial mostra a necessidade de se respeitarem os limites de distância geográfica na amostragem de plantas para fins de conservação. Com base nestes resultados, a melhor estratégia de amostragem para a conservação da variabilidade genética dessa população seria a coleta de indivíduos situados entre si a uma distância maior que 31 m, a fim de evitar a amostragem de sementes de árvores aparentadas, o que reduziria o tamanho efetivo de variância. Palavras-chave: autocorrelação espacial, cagaiteira, escala fina, microssatélite. 60 ABSTRACT Eugenia dysenterica (cagaiteira), Myrtaceae, is a Savannah tree, that has wide distribution in the biome in which occurs. The spatial genetic structure (EGE) in natural populations, which corresponds to the non-random spatial distribution of genotypes within populations of plants, is generally result in a limited dispersion of genes by pollen and seeds. The study of EGE in Savannah plants is something that has been widespread in the literature, because to understand the spatial genetic structure of populations is crucial for the establishment of conservation strategies of genetic diversity in the species. The goal of this study was to evaluate the intrapopulation spatial pattern of genetic variability among plants within in a subpopulation of natural E. dysenterica. In the analysis were used 102 georeferenced adults individuals and seven microsatellite loci. The intrapopulation spatial genetic structure was assessed by an analysis of spatial autocorrelation based on coefficient of coancestry Fij among adult plants in different classes of geographic distances. The maximum pairwise geographic distance presented was 171.4 m, with an average distance of 61.3 m. Most individuals displayed a pairwise distance less than 80 m (approximately 67 %). The autocorrelation analysis showed that the kinship is related to the logarithm of the distance (R2 = 0.01646, p < 0.001). Kinship decreased more significantly after the first distance class (< 12.08 m), but it was significant until the third distance class (30.89 m). The spatial genetic structure was significant (Sp = 0.0143) and genetic neighborhood (Nb) was equal to 69.93 km. The presence of spatial autocorrelation shows the need to respect the boundaries of geographic distance in sampling plants for conservation purposes. Based on these results, the best sampling strategy for the conservation of the genetic variability of this population would be collect individuals situated at a distance greater than 31 m in order to avoid seed sampling of related trees, which would reduce the variance effective size. Keywords: cagaiteira, fine scale, microsatellite, spatial autocorrelation. 4.1 INTRODUÇÃO A estrutura genética espacial (EGE) em populações naturais, isto é, a distribuição espacial heterogênea de genótipos, pode ser resultado de diferentes processos, incluindo endogamia, dispersão de sementes e pólen, deriva genética, seleção e eventos históricos (Loiselle et al., 1995; Vekemans & Hardy, 2004). Assim, pode-se conceituar EGE como uma distribuição espacial heterogênea dos alelos e genótipos, no espaço e no tempo, resultante da ação de forças evolutivas (Hamrick, 1982). No entanto, em uma escala espacial fina, a causa mais comum é, provavelmente, a formação de estruturas de famílias locais como resultado da dispersão limitada de genes. Assim, é 61 comum a ocorrência de EGE dentro de populações de espécies de plantas, uma vez que elas normalmente encontram restrição espacial para se dispersarem (Vekemans & Hardy, 2004). A dispersão limitada de sementes pode ainda indiretamente limitar a dispersão de pólen (maior densidade de árvores locais), contribuindo para a agregação dessas árvores em estrutura de famílias (Hardy et al., 2006). Neste contexto, a similaridade genética é maior entre os vizinhos do que entre os indivíduos mais distantes, e o modelo de isolamento-por-distância prevê o padrão esperado de EGE em equilíbrio dispersão-deriva (Vekemans & Hardy, 2004). Vekemans & Hardy (2004) propuseram uma estatística para quantificar EGE em escala fina, dentro das populações, com uma abordagem que se baseia em modelos de isolamento-por-distância para um espaço bidimensional, utilizando coeficientes de parentesco entre os pares de indivíduos. Eles analisaram dados da literatura para comparar EGE entre 47 espécies de plantas e demonstraram que a EGE está relacionada com o sistema de acasalamento e a densidade populacional. A existência de um padrão espacial na variação genética é importante para a compreensão de como ocorre a dinâmica dos alelos entre as subpopulações de uma espécie, podendo essa informação ser utilizada para otimizar a amostragem da variabilidade genética para estudos e usos futuros (Ribeiro & Rodrigues, 2006). Essa estratégia auxilia no estabelecimento de medidas de conservação genética, indicando maneiras de maximizar a variabilidade genética na coleta de sementes para programas conservação ex situ, melhoramento genético, recuperação de áreas degradadas, bem como inferir sobre tamanhos mínimos de área para a conservação in situ (Gusson et al., 2005). Isso pode ser feito, por exemplo, evitando-se a coleta de sementes de árvores próximas (sendo esse limite de distância determinado pela análise de autocorrelação espacial), evitando-se a amostragem de indivíduos aparentados. O estudo da EGE em escala fina para plantas é algo que tem se difundido na literatura. Degen e colaboradores (2001) avaliaram a EGE em escala fina, baseada em marcadores RAPD, de oito espécies de árvores tropicais da Guiana Francesa (Chrysophyllum sanguinolentum, Carapa procera, Dicorynia guianensis, Eperua grandiflora, Moronobea coccinea, Symphonia globulifera, Virola michelii, Vouacapoua americana), as quais possuem diferentes dispersores, sistema reprodutivo, fenologia de floração e exigências ambientais. Como resultado, eles encontraram EGE significativa para quatro das oito espécies e, em contraste com a maioria das observações em florestas temperadas, na qual a estrutura espacial não é geralmente detectada em 62 distâncias superiores a 50 m, estrutura genética significativa foi encontrada a uma distância de até 300 m. Vieira e colaboradores (2010) avaliaram a EGE em escala fina de Euterpe edulis (uma palmeira) em um fragmento no Campus da Universidade de Lavras – MG, com uso de isoenzimas, encontrando EGE significativa. Barluenga e colaboradores (2011) avaliaram a EGE em escala fina em Silene latifolia (planta nativa da Europa) com o uso de marcadores microssatélites, sendo que a autocorrelação espacial revelou alto parentesco entre indivíduos ao longo de centenas de metros. Com relação à espécie Eugenia dysenterica (cagaiteira), existem alguns trabalhos na literatura que relatam análises da EGE em subpopulações dessa espécie. Telles e colaboradores (2001; 2003b) avaliaram a EGE em dez subpopulações naturais de E. dysenterica do sudeste de Goiás com o uso de isoenzimas, enquanto Zucchi e colaboradores (2004) avaliaram a EGE nas mesmas dez populações usando marcadores microssatélites. Os resultados encontrados por esses autores sugerem que processos estocásticos, tais como o modelo de isolamento-por-distância ou stepping-stone, são mais adequados para explicar o padrão espacial de divergência genética entre as subpopulações de E. dysenterica na região sudeste do estado de Goiás. No entanto, a EGE em escala fina (local) para a espécie E. dysenterica ainda não foi avaliada. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar a estrutura genética espacial intrapopulacional para a espécie E. dysenterica, com o uso de marcadores microssatélites. 4.2 MATERIAL E MÉTODOS ÁREA DE ESTUDO E COLETA Esta análise foi realizada a partir de uma única subpopulação natural de E. dysenterica oriunda do município de Mimoso – GO (latitude: -15.03154 e longitude: 50.11158). Foi delimitada uma área, de 1,02 ha (10.200 m2), da qual foram coletadas folhas de 102 árvores adultas (Figura 11). 63 Figura 11. Localização de Mimoso – GO no Brasil e destaque para a região de coleta, mostrando a distribuição espacial dos 102 indivíduos adultos 64 EXTRAÇÃO DO DNA E OBTENÇÃO DE DADOS MOLECULARES O DNA foi extraído a partir de tecido foliar dos 102 indivíduos adultos, segundo protocolo descrito por Doyle & Doyle (1987), quantificado e diluído à concentração aproximada de 2,5 ng de DNA genômico por µL. A amplificação dos fragmentos de DNA foi realizada por meio de reação de PCR (Polimerase Chain Reaction). Foram usados sete locos microssatélites polimórficos para obter os genótipos dos indivíduos coletados, sendo três pares de iniciadores (primers) específicos para a espécie E. dysenterica (Telles et al., 2013), e quatro pares desenvolvidos para Eucalyptus spp. e transferidos para E. dysenterica (Zucchi et al., 2002). Os detalhes dos locos estão descritos nos Apêndices A e B. As reações de PCR foram preparadas para um volume final de 15 µL, sendo divididos nos seguintes componentes: 12,5 ng de DNA genômico, 0,018 mg de BSA (10 mg/ml), 1X de Tampão da enzima 10X, 1,6 mM de MgCl2 (50 mM), 3,25 µM de dNTPs, 1,98 µM de cada iniciador (forward e reverse), 1 unidade de Taq DNA polimerase e o volume final foi completado com água Mili-Q esterilizada. As condições de amplificação foram: (1º) desnaturação do DNA a 95°C por 5 minutos; (2º) 94°C por 1 minuto; (3º) temperatura específica de anelamento do iniciador por 1 minuto; (4º) extensão da molécula pela enzima Taq DNA polimerase a 72°C por 1 minuto; (5º) 30 ciclos seguindo do 2º ao 4º passo; (6º) passo de extensão final a 72°C por 30 minutos. Os iniciadores forward foram marcados com fluorocromos HEX (verde), NED (amarelo) ou 6-FAM (azul) nas suas extremidades 5’ (detalhes nos Apêndices A e B). Posteriormente, foi montada uma placa-mãe para cada conjunto de marcadores, formando painéis com diferentes locos ou multiplex (Apêndice B). A placamãe foi preparada com 2 µL da reação de PCR de cada componente da multiplex, formando uma mistura de reações de PCR. Em seguida, 0,25 µL do marcador de peso molecular padrão (ROX) e 8,75 µL de formamida foram adicionados a 1 µL de amostra da placa-mãe (volume final de 10 µL). Essa solução foi então desnaturada em termociclador a 95ºC por 5 minutos e imersa em gelo durante um período aproximado de 2 minutos. Finalmente, as amostras foram injetadas em um analisador automático de DNA (ABI-3100, Applied Biosystems) para a análise dos fragmentos amplificados produzidos pelas reações de PCR. O tamanho dos fragmentos foram determinados com o auxílio do programa GeneMapper 3.5 (Applied Biosystems), que permite a obtenção dos genótipos dos indivíduos que estão sendo avaliados (Apêndices C e D). 65 ESTRUTURA GENÉTICA ESPACIAL INTRAPOPULACIONAL A distribuição espacial dos indivíduos foi avaliada por meio da distribuição de frequência das distâncias par-a-par. A estrutura genética espacial da população de Mimoso – GO foi realizada com o auxílio do programa SPAGeDI 1.3d (Hardy & Vekemans, 2002). A análise foi feita com base no coeficiente de coancestria Fij, de acordo com Loiselle e colaboradores (1995), entre as 102 plantas adultas coletadas, considerando diferentes classes de distâncias geográficas. As classes de distâncias geográficas foram determinadas de forma automática pelo programa SPAGeDI, de modo que todas representassem um número aproximado de pares de pontos (Tabela 8). Tabela 8. Classes de distância usadas na análise de estrutura genética espacial intrapopulacional de E. dysenterica em Mimoso – GO Classe de distância (m) 1 Distância máxima 2 3 4 5 6 7 8 9 10 12,08 21,54 30,89 40,82 53,37 67,60 82,76 101,24 123,91 171,42 Foi realizada uma análise de regressão linear dos valores de Fij em função do logaritmo da distância espacial entre os indivíduos para testar a estrutura da coancestria, sendo estimados os intervalos de confiança dos valores de Fij. A significância do parentesco para cada classe de distância e da regressão foi avaliada por teste de permutação (10.000 permutações). A força da estrutura genética espacial foi quantificada pelo parâmetro Sp, conforme a seguinte expressão (Vekemans & Hardy, 2004): Sp = b/(F1-1), sendo F1 : coeficiente médio de coancestria da primeira classe de distância; b: inclinação da reta de regressão Finalmente, foi estimada a dispersão de genes (pólen e sementes) baseada na vizinhança genética (Nb) conforme a expressão proposta por Vekemans & Hardy (2004): Nb = 1/Sp, sendo o Sp já definido anteriormente. 66 4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO DISCUSS A distância máxima entre os pares de indivíduos foi de 171,4 m e a distância média foi igual a 61,3 m. A maioria dos indivíduos exibiu uma distância par-a-par par menor que 80 m (aproximadamente 67%) (Figura 12). Figura 12. Distribuição das distâncias par-a-par par par entre 102 indivíduos adultos da subpopulação de E. dysenterica de Mimoso – GO A análise de autocorrelação espacial mostrou que a coancestria está significativamente relacionada ao logaritmo da distância ((R2 = 0,01646, p < 0,001). O parentesco diminuiu de maneira expressiva após a primeira classe de distância (< 12,08 m) e foi significativo até a terceira classe de distância (30,89 m) (Figura 13). A presença de autocorrelação espacial mostra a necessidade de se respeitar os limites de distâncias geográficas na amostragem de plantas para fins de conservação (Telles (Telle et al., 2001; Gusson et al., 2005; Soares et al., 2008). 2008) Baseado nos presentes resultados, a coleta de sementes de E. dysenterica não deve ser realizada em árvores localizadas dentro de distâncias inferiores a 31 m, a fim de evitar amostrar sementes de árvores rvores aparentadas. Isso reduziria o tamanho efetivo de variância (tamanho efetivo na população 67 descendente), mas, cabe ressaltar que mesmo utilizando esta estratégia, as sementes coletadas podem reter algum grau de endogamia biparental se os cruzamentos ocorrerem dentro das vizinhanças das árvores maternas (Gusson et al., 2005; Gusson et al., 2006). Figura 13. Relação entre coancestria (Fij ± DP; DP: desvio padrão) e logaritmo da distância para 102 indivíduos adultos de E. dysenterica em Mimoso – GO A estrutura genética espacial foi positiva e significativa (Sp = 0,0143) e a vizinhança genética (Nb) foi igual à 69,93 km. Segundo Vekemans & Hardy (2004), a estatística Sp permite comparações entre espécies. Assim, comparando o resultado encontrado para E. dysenterica com algumas espécies do Cerrado, a estrutura genética espacial foi mais forte que a encontrada para Caryocar brasiliense (pequi), Sp = 0,0116, e Tibouchina papyrus (pau-papel), Sp = 0,0085, porém mais fraca que a de Dipteryx alata (baru), Sp = 0,0172 (Collevatti et al., 2010) (Tabela 9). Esses valores corroboram com o esperado de acordo com Vekemans & Hardy (2004), uma vez que espera-se que Sp seja maior em espécies que se reproduzem predominantemente por autofecundação 68 do que em espécies auto-incompatíveis, com valores intermediários para espécies autocompatíveis com sistemas misto de reprodução. Tabela 9. Comparação da estrutura genética espacial (EGE) intrapopulacional e vizinhança genética entre quatro subpopulações de espécies do Cerrado. F1: valor de Fij intra grupo; b: inclinação da regressão; Sp: parâmetro de força da EGE; Nb: vizinhança genética Espécie Sistema de cruzamento Dispersor de pólen Dispersor de semente F 1* (±DP) b* Sp Nb E. dysenterica AC/M abelhas animais 0,103 (± 0,044) -0,0129 0,0143 69,93 C. brasiliense AC morcegos animais 0,149 (± 0,012) -0,0099 0,0116 86,20 D. alata AI abelhas animais 0,059 (± 0,057) -0,0162 0,0172 58,09 T. papyrus AC abelhas vento 0,032 (± 0,014) -0,0088 0,0085 118,05 * Valores significativos (p < 0,05); DP: desvio padrão. AC: auto-compatível; AI: auto-incompatível; M: misto. 4.4 i. CONCLUSÃO A coancestria está relacionada à distância entre os indivíduos, com a estrutura genética espacial (EGE) positiva e significativa. 69 5 DIVERSIDADE E ESTRUTURA GENÉTICA ENTRE SUBPOPULAÇÕES DE Eugenia dysenterica DC. (MYRTACEAE) RESUMO O conhecimento da variabilidade genética de subpopulações naturais e o modo como essa variabilidade está estruturada dentro e entre essas subpopulações é um dos principais temas da genética de populações de plantas. Tais estudos são importantes porque permitem a avaliação de processos microevolutivos e também servem como auxílio ao adotar estratégias de conservação (in situ e ex situ). Os marcadores microssatélites (SSR) têm sido bastante usados para este fim devido a diversos fatores, entre os quais a natureza codominante e o alto polimorfismo. O objetivo desse trabalho foi estimar a variabilidade e estrutura genética, bem como avaliar o padrão espacial da variabilidade entre subpopulações de Eugenia dysenterica. Neste estudo foram avaliadas 23 subpopulações de cagaiteira com o uso de sete locos de marcadores microssatélites. A partir da análise da variabilidade genética foram encontrados os seguintes resultados: em média, foram analisados aproximadamente 32 indivíduos por subpopulação, todos os locos foram polimórficos, o número médio de alelos por loco foi de aproximadamente 9, a diversidade genética foi alta (0,725) e a frequência observada de heterozigotos (Ho) foi de 0,610. De um total de 192 alelos dos sete locos microssatélites avaliados, foram encontrados 18 alelos privados em 10 subpopulações. Os resultados obtidos para o índice de fixação (f) para cada subpopulação variaram de 0,058 a 0,338, com um valor global de 0,162, indicando excesso de homozigotos em relação às frequências esperadas sob EHW. As estatísticas F foram: FST = 0,161 (RST = 0,205), FIS = 0,147 e FIT = 0,285, mostrando que existe alta diferenciação genética entre essas subpopulações, quando comparada com outras espécies tropicais. A análise do padrão espacial entre as subpopulações foi realizada mediante técnicas de autocorrelação espacial e teste de Mantel, mostrando que a divergência genética das 23 subpopulações avaliadas está estruturada no espaço (r = 0,427; p < 0,001), sugerindo processos estocásticos de divergência genética entre populações, como o modelo de isolamento-por-distância ou stepping-stone. Isso sugere maior similaridade genética entre indivíduos mais próximos do que entre os indivíduos mais distantes, favorecendo a agregação desses indivíduos em estrutura de famílias. Além disso, o modelo de isolamento-por-distância sugere equilíbrio entre os processos de dispersão e deriva para a estrutura genética espacial. Palavras-chave: análise espacial, cagaiteira, microssatélite, variabilidade. 70 ABSTRACT The knowledge of the genetic variability of natural subpopulations and how this variability is structured within and among these subpopulations is a major theme of plants population genetics. Such studies are important because they allow the evaluation of microevolutionary processes and also serve as an aid to adopt conservation strategies (in situ and ex situ). Microsatellite markers ( SSR ) have been widely used for this purpose due to several factors, including the codominant nature and high polymorphism. The aim of this study was to estimate the genetic variability and structure, as well as evaluating the spatial pattern of variability among subpopulations of Eugenia dysenterica. In this study 23 subpopulations of E. dysenterica were evaluated, using seven microsatellite loci markers. From the analysis of genetic variability the following results were found: on average, about 32 individuals were analyzed by subpopulation, all loci were polymorphic, the average number of alleles per locus was approximately 9, the genetic diversity was high (0.725) and the observed frequency of heterozygotes (Ho) was 0.610. From a total of 192 alleles of the seven microsatellite loci evaluated, 18 private alleles were found in 10 subpopulations. The results for the fixation index (f) for each subpopulation ranged from -0.058 to 0.338, with an overall value of 0.162, indicating homozygote excess in relation to the expected under HWE. The F-statistics were: FST = 0.161 (RST = 0.205) , FIS = 0.147 and FIT = 0.285, showing that there is high genetic differentiation between these subpopulations compared with other tropical species. The spatial pattern analysis among subpopulations was performed using techniques of spatial autocorrelation and Mantel test, showing that the genetic diversity of the subpopulations evaluated is structured in space (r = 0.427 , p < 0.001), suggesting stochastic processes of genetic divergence between populations, as isolation-by-distance model. This suggests greater genetic similarity between individuals closer than that between the most distant individuals, favoring aggregation of these individuals in families structure. In addition, the isolation-by-distance model suggests balance between the processes of dispersion and genetic drift for spatial genetic structure. Keywords: cagaiteira, microsatellites, spatial analysis, variability. 5.1 INTRODUÇÃO Diversidade genética é a variedade de alelos e genótipos presente nas populações. A avaliação da diversidade genética sempre foi de interesse dos geneticistas, os quais desenvolveram vários métodos para detectá-la e analisá-la, sendo geralmente descrita em termos de frequências alélicas, número de alelos e heterozigosidade (Ribeiro & Rodrigues, 2006; Frankham et al., 2008). Já a estrutura genética de populações de uma espécie refere-se à forma como a variabilidade genética 71 está distribuída entre e dentro dos níveis hierárquicos de subdivisão de uma espécie (Brown, 1978; Holsinger, 2000). O sistema reprodutivo é um dos principais fatores na formação da estrutura genética espacial e temporal, uma vez que determina como as informações genéticas serão transmitidas entre as gerações (Wright, 1921). A determinação do grau de diferenciação genética entre os grupos é de grande interesse em diversos campos, incluindo a evolução biológica e a conservação de plantas. A expressão “diferenciação genética” significa que as frequências alélicas entre as subpopulações são diferentes, sendo, neste caso, considerada a subdivisão populacional (ou estrutura populacional), na qual uma população total é dividida em subpopulações menores (Hartl & Clark, 2010). Há uma série de abordagens utilizadas para quantificar e visualizar a diferenciação genética. As estatísticas-F (Wright, 1951) descrevem a distribuição da variação genética em populações com base no déficit de heterozigotos em relação ao esperado sob Equilíbrio de Hardy-Weinberg (EHW). A análise da estrutura genética geralmente é realizada por meio do FST e seus análogos, que avalia a divergência das frequências alélicas entre duas ou mais populações. Os valores de FST podem variar de zero, quando não há nenhuma divergência genética entre os grupos, a um, representando grupos extremamente divergentes. Segundo Hartl & Clark (2010), Wright sugere que valores de FST menores que 0,05 indicam pequena diferenciação genética, 0,05-0,15 indicam moderada diferenciação genética, 0,15-0,25 indicam grande diferenciação genética e valores maiores que 0,25 indica uma diferenciação genética muito grande. A estrutura genética espacial (EGE) em populações naturais de plantas refere-se à distribuição espacial heterogênea dos genótipos nessas populações (Vekemans & Hardy, 2004) e geralmente é resultado de uma limitada dispersão de genes, via pólen e sementes (Moura et al., 2009). Estudos que avaliam os padrões espaciais da variação genética de uma espécie permitem inferir os prováveis processos microevolutivos que estão atuando na diferenciação genética dessas populações, fornecendo subsídios para trabalhos futuros de conservação, manejo e programas de melhoramento genético. A análise de autocorrelação espacial é uma das estratégias que tem sido usada de maneira eficiente para avaliar a semelhança entre as frequências alélicas de populações próximas e como essa semelhança se altera à medida que se modifica a escala geográfica (Telles et al., 2001; Ribeiro & Rodrigues, 2006). 72 O teste de Mantel (Mantel, 1967) é bastante utilizado para a avaliação da EGE em populações. Mantel (1967) desenvolveu um modelo geral para testar a associação de conjuntos de pares de medidas, avaliando a correlação entre vetores de pares de distâncias. Esse teste consiste de um procedimento de permutação utilizado para testar a significância estatística das correlações de matrizes (Sokal, 1979) e, apesar das recentes controvérsias acerca de seu desempenho estatístico (Legendre & Fortin, 2010; Guillot & Rousset, 2013), tem sido amplamente utilizado em genética de populações (Telles & Diniz-Filho, 2005). O correlograma de Mantel corresponde a um gráfico, no qual são plotados os valores de autocorrelação contra classes de distâncias entre as observações (Legendre & Legendre 1998) e auxilia na análise da EGE. Há na literatura alguns estudos genético-populacionais relacionados à espécie Eugenia dysenterica, que avaliam a diversidade e estrutura genética de populações dessa espécie no estado de Goiás. Telles (2000) analisou a diversidade e estrutura genética de dez subpopulações naturais de E. dysenterica do sudeste de Goiás mediante o uso de isoenzimas. Zucchi (2002) avaliou as mesmas subpopulações, porém usando marcadores RAPD e SSR. Já Trindade & Chaves (2005) avaliaram a variabilidade e estrutura genética de 13 subpopulações naturais de E. dysenterica do nordeste de Goiás em marcadores RAPD. Em todos esses estudos foi encontrada alta diversidade genética, estrutura de populações e uma forte correlação entre as distâncias genéticas e geográficas, coerente com o modelo microevolutivo de isolamento-pordistância. O objetivo desse trabalho foi avaliar a variabilidade genética dentro e entre subpopulações de E. dysenterica, bem como verificar se existe padrão espacial da variabilidade genética em uma escala regional, ao longo da área de distribuição geográfica da espécie. 5.2 MATERIAL E MÉTODOS ÁREA DE COLETA Foram coletadas 23 subpopulações naturais de E. dysenterica oriundas dos seguintes estados brasileiros: Goiás (GO), Minas Gerais (MG), Bahia (BA), Mato 73 Grosso (MT), Tocantins (TO) e Piauí (PI), totalizando 736 indivíduos (Tabela 10 e Figura 14). As localidades de todas as subpopulações foram georreferenciadas. Tabela 10. Subpopulações naturais de E. dysenterica amostradas para análise genética Coordenadas No de Localidade Estado Código Lat/Long indivíduos Faina GO -15,903 -49,974 FGO 32 Santa Terezinha GO -14,393 -49,619 STGO 32 Mutunópolis GO -13,679 -49,228 MUGO 32 Vila Boa GO -15,097 -47,111 VBGO 32 Catalão GO -18,242 -47,989 CATAGO 33 Campo Alegre GO -17,676 -47,781 CAMALGO 22 Niquelândia GO -14,192 -48,310 NIQGO 34 Dois Irmãos GO -15,176 -48,541 DIRGO 33 Mimoso GO -15,027 -48,153 MIMGO 1 32 Balneário Santo Antônio GO -15,992 -50,112 BSAGO 32 Senador Canedo GO -16,626 -49,073 SCNGO 32 Bambuí MG -20,101 -45,957 BAMMG 32 Luz MG -19,778 -45,682 LUZMG 25 Paracatu MG -17,247 -47,077 PTUMG 33 Pirapora MG -17,392 -44,995 PIPMG 32 Brasilândia de Minas MG -16,748 -46,361 BRAMG 33 Coromandel MG -18,435 -47,209 CORMG 33 Barreiras BA -12,118 -45,198 BABA 25 Roda Velha BA -12,972 -45,990 RVBA 33 Barra do Garça MT -15,376 -51,734 BAGMT 41 Porto Nacional TO -10,715 -48,781 PNTO 33 Silvanópolis TO -11,211 -48,176 SITO 34 Gilbués PI -9,656 -45,463 GILPI 36 TOTAL - - 736 - - 74 Figura 14. Distribuição das 23 subpopulações de E. dysenterica avaliadas. Os municípios referentes aos códigos no mapa estão na Tabela 10 EXTRAÇÃO DO DNA E OBTENÇÃO DE DADOS MOLECULARES Foi extraído o DNA a partir de tecido foliar dos 736 indivíduos coletados, segundo protocolo descrito por Doyle & Doyle (1987), quantificado e diluído à concentração aproximada de 2,5 ng de DNA genômico por µL. A amplificação dos fragmentos de DNA foi realizada por meio de reação de PCR (Polimerase Chain Reaction). Foram usados sete locos microssatélites polimórficos para obter os genótipos dos indivíduos coletados, sendo três pares de iniciadores (primers) específicos para a espécie E. dysenterica (Telles et al., 2013), e quatro pares desenvolvidos para 75 Eucalyptus spp. e transferidos para E. dysenterica (Zucchi et al., 2002). Os detalhes dos locos estão descritos nos Apêndices A e B. As reações de PCR foram preparadas para um volume final de 15 µL, sendo divididos nos seguintes componentes: 12,5 ng de DNA genômico, 0,018 mg de BSA (10 mg/ml), 1X de Tampão da enzima 10X, 1,6 mM de MgCl2 (50 mM), 3,25 µM de dNTPs, 1,98 µM de cada iniciador (forward e reverse), 1 unidade de Taq DNA polimerase e o volume final foi completado com água Mili-Q esterilizada. As condições de amplificação foram: (1º) desnaturação do DNA a 95°C por 5 minutos; (2º) 94°C por 1 minuto; (3º) temperatura específica de anelamento do iniciador por 1 minuto; (4º) extensão da molécula pela enzima Taq DNA polimerase a 72°C por 1 minuto; (5º) 30 ciclos seguindo do 2º ao 4º passo; (6º) passo de extensão final a 72°C por 30 minutos. Os iniciadores forward foram marcados com fluorocromos HEX (verde), NED (amarelo) ou 6-FAM (azul) nas suas extremidades 5’ (detalhes nos Apêndices A e B). Posteriormente, foi montada uma placa-mãe para cada conjunto de marcadores, formando os painéis com diferentes locos ou multiplex (Apêndice B). A placa-mãe foi preparada com 2 µL da reação de PCR de cada componente da multiplex, formando uma mistura de reações de PCR. Em seguida, 0,25 µL do marcador de peso molecular padrão (ROX) e 8,75 µL de formamida foram adicionados a 1 µL de amostra da placa-mãe, totalizando uma volume final de 10 µL. Essa solução foi então desnaturada em termociclador por 5 minutos em uma temperatura de 95ºC e posteriormente imersa em gelo durante um período aproximado de 2 minutos. Finalmente, as amostras foram injetadas em um analisador automático de DNA modelo ABI-3100 (Applied Biosystems) para a análise dos fragmentos amplificados produzidos pelas reações de PCR (amplicons). O tamanho dos fragmentos foram determinados com o auxílio do programa GeneMapper 3.5 (Applied Biosystems), que permite a obtenção dos genótipos dos indivíduos que estão sendo avaliados (Apêndices C e D). VARIABILIDADE GENÉTICA A partir dos genótipos de todos os 736 indivíduos para os sete locos microssatélites avaliados nas 23 subpopulações, foram obtidas as frequências alélicas e genotípicas de cada loco utilizando o programa Fstat 2.9.3.2 (Goudet, 2002). Ainda 76 utilizando esse mesmo programa, essas frequências foram submetidas a um teste de permutação para verificar se estão seguindo as proporções de equilíbrio de HardyWeinberg para cada subpopulação. Posteriormente foram estimados os seguintes parâmetros para cada população: número médio de alelos por loco (A), riqueza alélica (R), diversidade genética de Nei (Nei, 1973) (He), heterozigosidade observada (Ho) e índice de fixação intrapopulacional (f). ESTRUTURA GENÉTICA E PADRÃO ESPACIAL As frequências alélicas e genotípicas de cada loco, as estatísticas de diversidade genética de Nei, assim como os testes de equilíbrio de Hardy-Weinberg (EHW) e desequilíbrio de ligação foram calculados mediante o programa Fstat 2.9.3.2 (Goudet, 2002). Os parâmetros de diversidade genética e os alelos privados foram estimados pelos programas Fstat 2.9.3.2 e GDA 1.0 (Genetic Data Analysis II) (Weir, 1996). Para a análise da estrutura genética entre as subpopulações foram estimadas as estatísticas-F ou coeficientes de Wright (1951), segundo Weir & Cockerham (1984). Foram estimados os seguintes parâmetros: endogamia dentro da população relacionada ao sistema reprodutivo (FIS ou f), endogamia causada pela subdivisão populacional (FST ou θ) e endogamia total (FIT ou F). A análise da estrutura genética foi realizada por meio do FST, o qual avalia a divergência das frequências alélicas entre duas ou mais populações. Também foi estimado o RST, análogo ao FST, que considera a elevada taxa de mutação de marcadores microssatélites, seguindo o modelo mutacional de stepwise (ou modelo de mutação por passos) (Kimura & Ohta, 1978; Valdes et al., 1993). O programa SPAGeDI 1.3d (Hardy & Vekemans, 2002) foi usado para testar se existe diferença significativa entre FST e RST, por meio de teste de permutação. A análise de variância das frequências alélicas, segundo Weir & Cockerham (1984), com o cálculo das estimativas da estrutura genética populacional também foi realizada com o auxílio do programa Fstat 2.9.3.2, assim como o RST. O padrão de divergência genética entre as subpopulações, definido pelo método de UPGMA (Unweighted Pair Group Method with Arithmetic Mean), foi gerado pelo programa 77 NTSYSpc 2.1 (Rohlf, 2000), a partir da medida de distância genética de Nei (1972). A consistência do agrupamento (valores dos nós, os quais representam sua confiança), foi calculada pela técnica de bootstrapping por meio do programa BOOD 3.03 (Coelho, 2000), usando 100.000 bootstraps. A matriz de distância genética de Nei (1972) usada na análise de agrupamento também foi calculada pelo programa BOOD 3.03. A análise da estrutura genética espacial das subpopulações foi realizada mediante técnicas de autocorrelação espacial e teste de Mantel (Mantel, 1967). O teste de Mantel simples foi realizado pelo programa SAM (Spatial Analysis in Macroecology) (Rangel et al., 2006; 2010), a partir de uma matriz de FST par-a-par linearizado (FST/1-FST) (Rousset, 1997), calculada pelo programa GENETIX 4.05 (Belkhir et al., 2004), e uma matriz de distância geográfica entre as subpopulações, calculada pelo programa Geographic Distance Matrix Generator 1.2.3 (Ersts, 2008). A significância foi avaliada por teste de permutação (5.000 permutações). O programa STRUCTURE 2.3.4 (Pritchard et al., 2000), que usa modelo de agrupamento Bayesiano, foi utilizado para inferir o número de populações geneticamente distintas (K). Esse modelo utiliza simulações de MCMC (Monte Carlo via Cadeia de Markov) para estimar a associação de grupo de cada indivíduo, assumindo equilíbrio de Hardy-Weinberg e de ligação dentro dos grupos, acasalamento ao acaso dentro das populações e recombinação livre entre locos (Pritchard et al., 2000), sem suposições a priori sobre os limites populacionais. Trinta corridas independentes para cada K (1 a 23) foram realizadas para avaliar a consistência dos resultados, utilizando o modelo de mistura (admixture model), o qual assume que cada indivíduo pode ter ancestrais de mais de uma população, e frequências alélicas correlacionadas entre as populações. As simulações foram feitas com um burn-in de 50.000 iterações, para minimizar o efeito da configuração inicial, seguido por 1.000.000 iterações MCMC. Posteriormente foi utilizado o programa STRUCTURE HARVESTER (Earl & Vonholdt, 2012) para estimar o número mais provável de agrupamentos suportados pelos dados (valor de K) baseado no método de Evanno (2005b). 78 5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO DISCUSS VARIABILIDADE GENÉTICA As frequências alélicas (Apêndice F) e número de alelos de cada um dos sete locos microssatélites analisados foram representadas representadas graficamente nas Figuras 15 e 16. O loco ED-09 09 foi o que apresentou o menor número de alelos (13 alelos) e o loco EMBRA-14 14 foi o que apresentou o maior número de alelos (43 alelos). Em todos os locos existiram casos de alelos com baixa frequência frequênci (< 0,01). Pode-se se observar que no loco EMBRA-72 72 dois alelos com frequência expressiva apareceram, apareceram, alelo 133 (0,52) e alelo 109 (0,09). Nos demais locos ocorreram vários alelos com alta frequência (> 0,05). Frequência ED-04 0.25 0.2 0.15 0.1 0.05 0 223 227 231 235 239 243 247 251 255 261 267 273 Alelo (pb) Frequência ED-05 0.25 0.2 0.15 0.1 0.05 0 191 201 211 215 219 223 227 231 235 239 243 247 251 257 Alelo (pb) 79 171 175 181 251 243 247 251 259 167 163 159 155 151 147 143 139 135 131 127 121 115 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 109 Frequência EMBRA-72 Alelo (pb) EMBRA-210 Frequência 0.2 0.15 0.1 0.05 237 233 229 225 221 217 213 209 205 201 193 187 181 0 Alelo (pb) ED-09 Frequência 0.4 0.3 0.2 0.1 0 207 209 211 213 215 217 219 221 223 231 233 237 239 Alelo (pb) 80 EMBRA-14 Frequência 0.15 0.1 0.05 0 99 105 111 117 123 129 135 141 147 153 159 165 171 185 213 Alelo (pb) EMBRA-172 Frequência 0.2 0.15 0.1 0.05 171 173 175 177 181 183 185 187 189 191 193 195 197 199 201 203 207 211 0 Alelo (pb) Figura 15. Frequências alélicas dos sete locos microssatélites analisados, estimados para 736 indivíduos de E. dysenterica oriundos de 233 subpopulações naturais Número de alelos por loco 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Figura 16. Número de alelos de cada um dos sete locos microssatélites analisados, estimados para 736 7 indivíduos de E. dysenterica 81 De um total de 192 alelos dos sete locos microssatélites avaliados, foram encontrados 18 alelos privados em 10 subpopulações (Figura 17 e Tabela 11). Desses alelos, quatro foram oram encontrados na subpopulação de Gilbués – PI (GILPI). Em E cinco subpopulações foram encontrados dois alelos privados (Barreiras – BA, Pirapora – MG, Silvanópolis – TO, Balneário Santo Antônio – GO e Dois Irmãos – GO) e em quatro subpopulações foi encontrado apenas um alelo privado (Vila Boa – GO, Santa Terezinha – GO, Faina – GO e Barra do Garça – MT). O número de alelos privados encontrado é expressivo, sendo que a subpopulação de Gilbués – PI (GILPI) merece considerável atenção, uma vez que apresentaram apres apresenta a maior parte dos alelos privados. Os alelos privados podem ser informativos para diversos tipos de estudos genético-populacionais, populacionais, em áreas como ecologia molecular e genética da conservação (Szpiech & Rosenberg, 2011). 2011) Slatkin (1995) e Slatkin e Barton (1989) mostraram que os alelos privados podem contribuir como indicadores de fluxo gênico, encontrando em modelos teóricos de estrutura populacional que a ocorrência de alelos privados estava relacionada ao número médio de migrantes trocados trocados por geração entre populações. A existência de alelos privados pode indicar redução de fluxo gênico e, consequentemente, possível prejuízo para a estrutura metapopulacional. 5 4 3 2 1 0 Figura 17. Número de alelos privados (ou exclusivos) por subpopulação população obtidos de um total de 192 alelos de sete locos microssatélites em 23 2 subpopulações de E. dysenterica 82 Tabela 11. Discriminação dos 18 alelos privados encontrados nas subpopulações de E. dysenterica, respectivos locos, frequências e população na qual ocorrem Loco Alelo Frequência População ED4 269 0,024 BABA ED5 191 0,017 PIPMG ED5 207 0,050 PIPMG EM72 113 0,021 BABA EM72 177 0,031 SITO EM72 183 0,031 SITO EM72 181 0,030 GILPI EM72 169 0,094 BSAGO EM72 129 0,016 VBGO EM210 251 0,016 STGO EM210 257 0,065 FGO ED9 237 0,089 BSAGO EM14 191 0,125 GILPI EM14 195 0,188 GILPI EM14 185 0,071 DIRGO EM14 171 0,054 DIRGO EM14 99 0,051 BAGMT EM172 211 0,057 GILPI Os resultados das análises de caracterização genética das 23 subpopulações, estão na Tabela 12. Em média, foram analisados 32 indivíduos por subpopulação. Todos os locos foram polimórficos, sendo que o número médio de alelos por loco variou de 4,143 (LUZMG) a 11,833 (STGO), com uma média de 8,868 alelos/loco. A riqueza alélica (R) média foi de 5,477, sendo que o menor valor encontrado foi de 3,556 (LUZMG) e o maior foi de 6,874 (BSAGO). Pode-se observar que a maior riqueza alélica ocorreu na subpopulação de Balneário Santo Antônio-GO, apesar do maior número de alelos ter ocorrido na subpopulação de Santa Terezinha-GO (a Tabela 13 mostra a riqueza alélica, por loco, em cada subpopulação). Os valores médios de heterozigosidade esperada (He) e observada (Ho) foram, respectivamente, 0,725 e 0,610, sendo que o menor índice de diversidade genética (He) ocorreu na subpopulação de Bambuí-MG (0,569) e o maior ocorreu em Barreiras-BA (0,834). Esses valores indicam que a espécie apresenta uma elevada diversidade genética para os marcadores avaliados 83 e foram maiores que os valores encontrados para a mesma espécie em estudos anteriores. Em Telles (2000) a diversidade genética média para dez subpopulações naturais de E. dysenterica do sudeste de Goiás foi de 0,282, sendo que esse baixo valor se justifica em função do marcador genético que foi utilizado (isoenzimas), que possui polimorfismo menor do que os microssatélites. Em Zucchi (2002) a diversidade genética média baseada em sete marcadores microssatélites para as mesmas dez subpopulações foi menor e igual a 0,442. Tabela 12. Caracterização genética de 23 subpopulações de E. dysenterica baseados em sete locos microssatélites População FGO STGO MUGO VBGO MIMGO BSAGO SCNGO BAMMG PIPMG BAGMT CAMALGO CATAGO DIRGO GILPI LUZMG NIQGO SITO BABA PTUMG BRAMG CORMG RVBA PNTO Média n 32 32 32 32 32 32 32 32 32 41 22 33 33 36 25 34 34 25 33 33 33 33 33 32 AP 9,429 11,833 10,143 10,143 9,571 11,286 8,286 6,000 7,286 11,000 6,429 6,857 11,286 8,429 4,143 9,429 9,714 10,000 7,000 8,571 6,429 8,714 9,571 8,868 R 5,961 5,915 6,234 5,659 5,499 6,874 5,494 3,834 4,617 6,549 4,901 4,512 6,601 5,764 3,556 5,884 6,183 6,635 4,261 4,891 4,086 5,438 5,914 5,477 He 0,782 0,709 0,779 0,767 0,746 0,829 0,767 0,569 0,643 0,829 0,674 0,621 0,798 0,785 0,576 0,785 0,792 0,834 0,608 0,668 0,606 0,703 0,774 0,725 Ho 0,522 0,595 0,525 0,667 0,629 0,613 0,740 0,520 0,530 0,667 0,573 0,506 0,579 0,600 0,415 0,739 0,680 0,694 0,624 0,706 0,590 0,676 0,522 0,610 f 0,338* 0,162* 0,331* 0,133* 0,159* 0,264* 0,035 NS 0,088 NS 0,178* 0,197* 0,152 NS 0,188* 0,278* 0,237* 0,290* 0,060 NS 0,143* 0,171* -0,027 NS -0,058 NS 0,026 NS 0,040 NS 0,330* 0,162 n: número médio de indivíduos analisados nas subpopulações, AP: número médio de alelos por loco polimórfico, R: riqueza alélica média, He: frequência esperada de heterozigotos, Ho: frequência observada de heterozigotos e f: índice de fixação intrapopulacional. Foi observada diferença significativa entre os valores da heterozigosidade observada (Ho) e heterozigosidade esperada (He) pelo EHW para a maioria das populações analisadas, resultando em valores de f significativos (Tabela 12). Os 84 resultados obtidos para o índice de fixação (f) para cada subpopulação variaram de 0,058 a 0,338, com um valor global de 0,162, o que indica que os acasalamentos não ocorrem ao acaso dentro das populações (Tabela 14). As populações com menores índices de fixação (f) (SCNGO, PTUMG, BRAMG, CORMG e RVBA) foram aquelas consideradas sob EHW no total de locos. Entretanto, apenas a população de Brasilândia de Minas – MG (BRAMG) de fato apresentou todos os locos em EHW (apresentou também o menor valor de f = -0,058, observado na Tabela 12). Além disso, pode-se observar que todos os locos se encontraram fora do EHW em pelo menos três das 23 subpopulações avaliadas (Tabela 14). Tabela 13. Riqueza alélica (por loco e população) de 23 subpopulações de E. dysenterica para sete locos microssatélites, corrigida pelo método de rarefação (Hurlbert, 1971) para sete indivíduos População/Loco ED4 ED5 EM72 EM210 ED9 EM14 EM172 FGO 4,332 6,279 3,294 7,246 4,824 9,343 6,411 STGO 7,641 6,998 1,519 7,179 3,240 8,607 6,224 MUGO 6,166 8,659 2,658 7,244 3,580 9,328 6,004 VBGO 6,444 4,284 4,893 7,898 4,655 6,210 5,231 MIMGO 4,814 6,353 3,735 5,675 4,479 7,049 6,389 BSAGO 5,191 7,587 8,278 6,862 4,857 9,582 5,759 SCNGO 6,318 5,775 4,712 7,944 4,220 7,052 2,437 BAMMG 3,474 2,437 1,909 5,182 3,345 7,359 3,130 PIPMG 2,980 5,216 2,927 6,035 3,609 6,702 4,848 BAGMT 6,102 4,486 7,210 8,554 4,833 8,802 5,857 CAMALGO 7,133 4,091 2,012 7,943 3,548 6,608 2,973 CATAGO 3,642 5,632 2,141 5,487 4,116 7,826 2,738 DIRGO 4,091 8,133 5,948 6,679 4,422 10,919 6,014 GILPI 7,049 6,236 5,902 4,525 3,867 6,351 6,416 LUZMG 2,869 2,882 1,916 6,000 2,287 5,194 3,744 NIQGO 7,330 5,391 5,763 5,478 4,806 6,716 5,704 SITO 7,775 6,003 7,314 7,157 4,628 6,469 3,937 BABA 5,366 5,499 7,599 7,838 4,495 9,077 6,568 PTUMG 4,627 4,443 1,729 6,226 3,751 5,186 3,868 BRAMG 5,343 4,690 2,770 6,741 4,099 5,616 4,978 CORMG 3,988 3,302 2,585 6,095 3,281 6,008 3,342 RVBA 2,218 5,602 4,972 6,560 3,526 10,147 5,038 PNTO 5,933 5,543 4,816 6,768 4,493 8,445 5,400 Média 5,288 5,480 4,191 6,633 4,102 7,666 4,977 Pode-se observar que todos os pares de locos estão em desequilíbrio de ligação (Apêndice G) em pelos menos uma das populações. Vale ressaltar que a 85 população de Barra do Garça – MT (BAGMT) é a que possui o maior número de pares de locos em desequilíbrio de ligação (14 das 21 combinações) e a população de Vila Boa – GO (VBGO) foi a única em que nenhum par de loco se encontrou em desequilíbrio de ligação. Tabela 14. Teste de aderência às proporções de Hardy-Weinberg. Probabilidades calculadas dos desvios das proporções de Hardy-Weinberg de sete locos microssatélites em 23 subpopulações de E. dysenterica, segundo teste de permutação População/Loco ED4 ED5 EM72 EM210 ED9 EM14 EM172 Total FGO 0,166 <0,001 0,166 0,854 <0,001 <0,001 0,009 <0,001 STGO 0,002 0,001 0,022 0,873 0,030 0,004 0,523 <0,001 MUGO 0,001 <0,001 <0,001 0,103 0,001 0,056 0,363 <0,001 VBGO 0,029 0,607 0,604 0,559 0,002 <0,001 0,581 <0,001 MIMGO 0,023 0,903 0,046 0,289 0,360 <0,001 0,699 <0,001 BSAGO <0,001 <0,001 0,027 0,260 0,030 <0,001 0,149 <0,001 SCNGO 0,597 <0,001 0,990 0,214 0,919 0,172 0,802 0,142 BAMMG 0,465 0,755 1,000 0,010 0,689 <0,001 0,770 0,021 PIPMG 0,088 0,095 0,525 0,004 0,631 <0,001 0,106 <0,001 BAGMT <0,001 <0,001 0,757 0,019 0,020 <0,001 0,733 <0,001 CAMALGO <0,001 0,986 0,072 0,058 0,444 0,170 0,749 0,001 CATAGO 0,001 0,001 0,074 0,403 0,216 0,498 0,580 <0,001 DIRGO 0,020 0,002 0,549 0,001 <0,001 0,001 0,014 <0,001 GILPI 0,012 0,001 0,938 <0,001 0,907 <0,001 0,943 <0,001 LUZMG <0,001 0,422 1,000 0,610 0,032 0,005 0,009 <0,001 NIQGO 0,091 0,623 1,000 0,949 0,802 <0,001 0,133 0,024 SITO 0,001 0,349 0,956 0,167 0,364 <0,001 0,443 <0,001 BABA 0,004 0,353 0,504 <0,001 0,872 <0,001 0,910 <0,001 PTUMG <0,001 0,709 1,000 0,998 1,000 0,017 0,976 0,760 BRAMG 0,902 0,548 0,419 0,995 0,988 0,217 0,885 0,968 CORMG 0,062 0,987 0,002 0,596 0,980 0,057 0,710 0,271 RVBA 0,007 0,881 0,125 0,167 0,645 0,204 0,922 0,135 PNTO <0,001 0,255 0,002 0,556 <0,001 <0,001 0,843 <0,001 Células em destaque: Probabilidade ≤ 0,05 (fora do equilíbrio de Hardy-Weinberg). Valores baseados em 3360 permutações. Segundo a análise de diversidade genética de Nei (1973) (Tabela 15) podese observar que a maior proporção da diversidade genética ocorre dentro das subpopulações. Os valores de GST', corrigidos para locos microssatélites, estimados por 86 loco variaram entre 0,091 e 0,272, com um valor global de 0,162. Assim, pode-se concluir que aproximadamente 16% da diversidade genética ocorre entre as subpopulações, sendo que o restante dessa diversidade (1 - G ST'), ou seja, 84%, ocorre dentro das subpopulações. Este resultado corrobora com aquele encontrado por Telles (2000), mediante a análise de dez subpopulações da mesma espécie do sudeste do estado de Goiás com o uso de oito locos de izoenzimas (GST = 0,164). Zucchi (2005), analisando as mesmas subpopulações, com 54 locos de marcadores RAPD, encontrou um valor de ϕST de 0,270, verificado 27,03% da variabilidade genética entre as subpopulações e 72,97% dentro delas. Trindade & Chaves (2005) encontraram um valor de ϕST de 0,086, verificado 8,6% da variabilidade genética entre as subpopulações (13 subpopulações naturais do nordeste de Goiás), usando marcadores RAPD. Tabela 15. Diversidade Genética de Nei (1973) em 23 subpopulações de E. dysenterica, para sete locos microssatélites Loco HT' HS DST' G ST' 1 - G ST' ED4 0,901 0,718 0,182 0,202 0,798 ED5 0,890 0,762 0,128 0,144 0,856 EM72 0,720 0,517 0,202 0,281 0,719 EM210 0,938 0,835 0,102 0,109 0,891 ED9 0,793 0,679 0,114 0,143 0,857 EM14 0,950 0,860 0,090 0,095 0,905 EM172 0,889 0,720 0,169 0,190 0,810 Total 0,868 0,727 0,141 0,162 0,838 HT': diversidade total (HT' = HS + DST'); HS: diversidade dentro das subpopulações; DST': diversidade entre as subpopulações; GST': proporção da diversidade que está entre as subpopulações (GST' = DST' / HT') e 1 - GST': proporção da diversidade que está dentro das subpopulações. ESTRUTURA GENÉTICA E PADRÃO ESPACIAL O índice de fixação dentro das subpopulações (f) variou de 0,017 a 0,308 nos locos, apresentando um valor global de 0,147 (Tabela 16). Esse resultado revela que há excesso de homozigotos em relação as esperado pelo EHW. A endogamia total (F) variou de 0,172 a 0,428 nos locos, apresentando um valor global de 0,285, o que indica que estas subpopulações não estão se comportando como uma grande população 87 panmítica. A divergência genética entre as subpopulações (θp = FST) variou entre 0,095 e 0,267 nos locos, apresentando um valor global de 0,161, mostrando alta diferenciação genética entre as subpopulações avaliadas (Hartl & Clark, 2010). Esse parâmetro mede o nível de subdivisão do conjunto de subpopulações (Futuyma, 1992) e se aproxima do valor de GST’ (Tabela 15) da análise de Diversidade Genética de Nei (1973). A perda de heterozigotos e o consequente excesso de homozigotos que ocorre em casos de subdivisão é designado de Efeito Wahlund (Hartl & Clark, 2010). Tabela 16. Análise de variância de frequências alélicas, segundo Weir & Cockerham (1984), em 23 subpopulações de E. dysenterica, para sete locos microssatélites Loco f F θP ED4 0,284 0,428 0,201 ED5 0,147 0,275 0,149 EM72 0,055 0,307 0,267 EM210 0,070 0,172 0,110 ED9 0,106 0,234 0,143 EM14 0,308 0,374 0,095 EM172 0,017 0,201 0,187 Total 0,147 0,285 0,161 Limite Inferior (IC95%) 0,068 0,221 0,125 Limite Superior (IC95%) 0,230 0,352 0,202 f: índice de fixação dentro das populações; F: endogamia total; θP: divergência entre as populações locais. O intervalo de confiança (IC) a 95% para os valores totais foram obtidos segundo o procedimento de bootstrap sobre os locos, utilizando 5000 reamostragens. Os valores de FST (0,161) e RST (0,205) não apresentaram diferença significativa (p = 0,0,063, Tabela 17). Esse resultado mostra que o processo de mutação por passos (stepwise), característico dos marcadores microssatélites (Valdes et al., 1993; Slatkin, 1995), não contribuíram de forma significativa para a diferenciação genética dessas subpopulações. 88 Tabela 17. Diferenciação entre 23 subpopulações de E. dysenterica, estimado por FST global e RST global, por loco e para o total dos locos. Teste unilateral (RST > FST) Loco FST RST p* ED4 0,201 0,103 0,818NS ED5 0,149 0,292 0,042NS EM72 0,267 0,447 0,039NS EM210 0,110 0,106 0,494NS ED9 0,143 0,123 0,689NS EM14 0,095 0,221 0,003* EM172 0,187 0,142 0,729NS Total 0,161 0,205 * Significância de p baseada em teste unilateral (RST > FST) e IC95%. 0,063NS A alta diversidade genética entre as subpopulações de E. dysenterica avaliadas indica a necessidade de um número grande de áreas para a conservação in situ. Considerando os valores de FST estimados nesse trabalho e em pesquisas anteriores para a mesma espécie, pode-se recomendar um esforço na amostragem do maior número possível de subpopulações, mesmo que para isso seja restrita a amostragem dentro de populações (Trindade & Chaves, 2005; Chaves & Telles, 2006). Os valores de FST par-a-par (Apêndice H) menores que 0,05 foram observados entre STGO e MUGO (0,028), PIPMG e BAMMG (0,038), STGO e FGO (0,039) e entre CORMG e BRAMG (0,047), mostrando que as subpopulações de Santa Terezinha – GO e Mutunópolis – GO revelaram a menor distânica genética observada. Já os maiores valores de FST par-a-par foram observados entre STGO e CORMG (0,443), STGO e BAMMG (0,441), STGO e PTUMG (0,418) e entre STGO e LUZMG (0,405), sendo a maior distância genética encontrada entre as subpopulações de Santa Terezinha – GO e Coromandel – MG. A análise de agrupamento (Apêndice I) realizada segundo o método de UPGMA, com base em valores de identidade genética de Nei (1972) (Apêndice H) permite a visualização do padrão de divergência genética entre as 23 subpopulações de E. dysenterica avaliadas. Pode-se observar que alguns ramos (9 grupos) foram bem sustentados, com valores de bootstraps maiores que 50%, indicando que há uma estrutura hierárquica entre essas populações. 89 A análise do padrão espacial (Figura 18) mostrou que a divergência genética das 23 subpopulações avaliadas está estruturada no espaço (r = 0,427; p < 0,001). A correlação entre as matrizes de distâncias genéticas (FST linearizado par-a-par) e logaritmo das distâncias geográficas foi positiva e significativa (Apêndices H e J), sugerindo processos estocásticos de divergência genética entre as subpopulações, como o modelo de isolamento-por-distância ou stepping-stone. O correlograma de Mantel (Figura 19) mostrou relação significativa até a segunda classe de distância, ou seja, até aproximadamente 227 km. Detalhes das classes de distância usadas no teste de Mantel podem ser visualizados na Tabela 18. Figura 18. Relação entre as distâncias genéticas (FST linearizado par-a-par) e o logaritmo das distâncias geográficas entre 23 subpopulações de E. dysenterica. A correlação matricial (r = 0,427; p < 0,001) foi significativa, segundo teste de Mantel utilizando-se 5.000 permutações aleatórias 90 IC (95%) r de Pearson Figura 19. Correlograma de Mantel (oito classes de distância) e os respectivos valores de r (correlação de Pearson) para cada classe (r global = 0,427, p < 0,001; 5.000 permutações) Apesar das recentes controvérsias e críticas sobre o desempenho estatístico do teste de Mantel (Legendre & Fortin, 2010; Guillot & Rousset, 2013), esse teste é amplamente utilizados em genética de populações para comparar matrizes de distância, testar hipóteses sobre estruturas espaciais, temporais ou ambientais em distâncias genéticas (Telles & Diniz-Filho, 2005). O teste de Mantel é utilizado para verificar a correlação entre duas matrizes de distância (Figura 18) e o correlograma de Mantel é utilizado para avaliar a estrutura da correlação (Figura 19). Tabela 18. Classes de distâncias usadas no teste de Mantel e seus respectivos valores de N, distâncias (ln), r e p Classe N por classe Distância (ln) r (correlação de Pearson) p 1 < 0,001* 68 2,345 0,347 0,007* 2 66 5,410 0,187 0,762 3 68 5,715 -0,020 0,850 4 68 5,895 -0,011 0,057 5 74 6,095 -0,119 0,004* 6 66 6,305 -0,169 0,012 7 60 6,510 -0,155 0,056 8 68 6,835 -0,156 Total 538 0,427 < 0,001* Teste realizado com 5.000 permutações. Segundo Gilbert e colaboradores (Gilbert et al., 2012), o programa STRUCTURE (Pritchard et al., 2000) (Pritchard et al. 2000) é o aplicativo mais utilizado para inferir estrutura de populações (Gilbert et al., 2012). A análise do 91 STRUCTURE encontrou um valor de K = 2 (Figura 20), ou seja, as 23 subpopulações de E. dysenterica avaliadas foram agrupadas em dois grupos. Figura 20. Número de K grupos que melhor se ajusta aos dados segundo método de Evanno (2005b) 5.4 CONCLUSÕES i. A diversidade genética é alta nas subpopulações de E. dysenterica; ii. Existe estruturação genética entre e dentro de subpopulações, com a diferenciação genética entre subpopulações de E. dysenterica se apresentando alta, sugerindo baixo fluxo gênico entre elas; iii. Existe padrão espacial na variabilidade genética encontrada nas subpopulações de E. dysenterica, sugerindo um modelo de diferenciação de isolamento-por-distância ou stepping-stone; 92 iv. A diferenciação genética relativamente alta encontrada entre as subpopulações de E. dysenterica e o elevado número de alelos privados sugerem que a amostragem deve ser conduzida em um grande número de populações desta espécie como estratégia de conservação. 93 6 CONCLUSÕES GERAIS i. A espécie E. dysenterica apresenta um sistema de cruzamento misto, com predominância de alogamia; ii. Existe paternidade múltipla em frutos na espécie Eugenia dysenterica; iii. A população de Mimoso – GO apresenta estrutura genética espacial (EGE); iv. Há alta diversidade genética nas subpopulações de E. dysenterica, com base em marcadores microssatélites; v. Existe estruturação genética entre e dentro de subpopulações, com a diferenciação genética entre subpopulações de E. dysenterica se apresentando alta, sugerindo baixo fluxo gênico entre elas; vi. Existe padrão espacial na variabilidade genética encontrada nas subpopulações de E. dysenterica, sugerindo um modelo de diferenciação de isolamento-pordistância ou stepping-stone. 94 7 REFERÊNCIAS AGUIAR, A. V.; VENCOVSKY, R.; CHAVES, L. J.; MOURA, M. F.; MORAIS, L. K. Genetics and expected selection gain for growth traits in Eugenia dysenterica DC. populations. Bragantia, v. 68, n. 3, p. 629-637, 2009. ALMEIDA, D.; MARCHINI, L. C.; SODRE, G. S.; D'AVILA, M.; ARRUDA, C. M. F. Plantas visitadas por abelhas e polinização. Piracicaba: ESALQ - Divisão de Biblioteca e Documentação, 2003. Série Produtor Rural - Edição Especial. ANDRADE, A. C. S.; CUNHA, R.; SOUZA, A. F.; REIS, R. 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Relação dos pares de iniciadores de regiões microssatélites utilizados e suas principais características Motivo SSR* Fluorescência Ta (0C)** Amplitude SSR desenvolvidos para E. dysenterica (Telles et al., 2013) ED-4 (GA)14 azul (6-FAM) 62 223-267 ED-5 (GA)16 amarela (NED) 59 183-257 ED-9 (AG)10 azul (6-FAM) 60 191-241 SSR desenvolvidos para Eucalyptus spp. e transferidos para E. dysenterica (Zucchi et al., 2002) EMBRA-14 (AG)8AAC(AG)25 verde (HEX) 54 091-197 EMBRA-72 (AG)14 azul (6-FAM) 54 113-177 EMBRA-172 (GA)19 amarela (NED) 54 171-215 EMBRA-210 (TC)25 verde (HEX) 54 181-251 *SSR: marcador microssatélite ou Simple Sequence Repeat; **Ta: temperatura de anelamento. Apêndice B. Composição dos dois multiplexes de injeção usados nas análises Iniciador forward Amplitude Fluorescêcia ED-04F 223-267 6'FAM (azul) ED-05F 183-257 NED (amarela) EMBRA-72F 113-177 6'FAM (azul) EMBRA-210F 181-251 HEX (verde) ED-09F 191-241 6'FAM (azul) EMBRA-14F 091-197 HEX (verde) EMBRA-172F 171-215 NED (amarela) Multiplex Multiplex 1 Multiplex 2 109 Apêndice C. Perfil do multiplex 1 (locos ED-04, ED-05, EMBRA-72 e EMBRA-210) Apêndice D. Perfil do multiplex 2 (locos ED-09, EMBRA-14 e EMBRA-172) 110 Apêndice E. Número de sementes por fruto em famílias de polinização aberta de E. dysenterica da população de Mimoso – GO Família Fam1 Fam2 Fam3 Fruto N0 de sementes Fruto 1 1 Fruto 2 1 Fruto 3 1 Fruto 4 1 Fruto 5 1 Fruto 6 1 Fruto 7 1 Fruto 8 1 Fruto 9 2 Fruto 10 1 Fruto 11 2 Fruto 12 1 Fruto 13 1 Fruto 14 1 Fruto 15 2 Fruto 16 1 Fruto 1 1 Fruto 2 1 Fruto 3 3 Fruto 4 2 Fruto 5 1 Fruto 6 1 Fruto 7 1 Fruto 8 1 Fruto 9 1 Fruto 1 1 Fruto 2 1 Fruto 3 1 Fruto 4 1 Fruto 5 1 Fruto 6 1 Fruto 7 2 Fruto 8 2 111 Fam4 Fam5 Fruto 1 Fruto 2 Fruto 3 Fruto 4 Fruto 5 Fruto 6 Fruto 7 Fruto 8 Fruto 9 Fruto 10 Fruto 11 Fruto 12 Fruto 13 Fruto 14 Fruto 15 Fruto 16 Fruto 17 Fruto 18 Fruto 19 Fruto 20 Fruto 21 Fruto 22 Fruto 1 Fruto 2 Fruto 3 Fruto 4 Fruto 5 Fruto 6 Fruto 7 Fruto 8 Fruto 9 Fruto 10 Fruto 11 Fruto 12 Fruto 13 Fruto 14 Fruto 15 Fruto 16 Fruto 17 Fruto 18 Fruto 19 Fruto 20 Fruto 21 Fruto 22 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 2 3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 112 Fam6 Fam7 Fam8 Fruto 1 Fruto 2 Fruto 3 Fruto 4 Fruto 5 Fruto 6 Fruto 1 1 1 2 1 1 1 1 Fruto 2 1 Fruto 3 1 Fruto 4 1 Fruto 5 Fruto 6 Fruto 7 Fruto 8 Fruto 9 Fruto 10 Fruto 11 Fruto 12 1 1 1 2 2 2 2 2 Fruto 1 1 Fruto 2 1 Fruto 3 1 Fruto 4 1 Fruto 5 1 Fruto 6 1 Fruto 7 1 Fruto 8 1 Fruto 9 1 Fruto 10 1 Fruto 11 1 Fruto 12 1 Fruto 13 1 Fruto 14 1 Fruto 15 1 Fruto 16 Fruto 17 Fruto 18 1 1 1 Fruto 19 2 Fruto 20 3 113 Fam9 Fam10 Fruto 1 1 Fruto 2 1 Fruto 3 1 Fruto 4 1 Fruto 5 1 Fruto 6 1 Fruto 7 1 Fruto 8 1 Fruto 9 1 Fruto 10 1 Fruto 11 1 Fruto 12 1 Fruto 13 1 Fruto 14 1 Fruto 15 1 Fruto 16 1 Fruto 17 1 Fruto 18 2 Fruto 19 2 Fruto 20 2 Fruto 21 1 Fruto 1 1 Fruto 2 1 Fruto 3 1 Fruto 4 1 Fruto 5 1 Fruto 6 1 Fruto 7 1 Fruto 8 1 Fruto 9 1 Fruto 10 1 Fruto 11 2 Fruto 12 2 Fruto 13 1 114 Fam11 Fam12 Fam13 Fruto 1 1 Fruto 2 1 Fruto 3 1 Fruto 4 1 Fruto 5 1 Fruto 6 1 Fruto 7 1 Fruto 8 1 Fruto 9 1 Fruto 10 1 Fruto 11 1 Fruto 12 1 Fruto 13 1 Fruto 1 1 Fruto 2 1 Fruto 3 1 Fruto 4 1 Fruto 5 1 Fruto 1 1 Fruto 2 1 Fruto 3 1 Fruto 4 1 Fruto 5 1 Fruto 6 1 Fruto 7 1 Fruto 8 1 Fruto 9 1 Fruto 10 1 Fruto 11 1 Fruto 12 1 Fruto 13 1 Fruto 14 1 Fruto 15 1 Fruto 16 1 Fruto 17 1 115 Fam14 Fruto 18 Fruto 19 Fruto 20 Fruto 21 Fruto 22 Fruto 23 Fruto 24 Fruto 25 Fruto 26 Fruto 27 Fruto 28 Fruto 29 Fruto 30 Fruto 31 Fruto 32 Fruto 33 Fruto 34 Fruto 35 Fruto 36 Fruto 37 Fruto 38 Fruto 39 Fruto 1 Fruto 2 Fruto 3 Fruto 4 Fruto 5 Fruto 6 Fruto 7 Fruto 8 Fruto 9 Fruto 10 Fruto 11 Fruto 12 Fruto 13 Fruto 14 Fruto 15 Fruto 16 Fruto 17 Fruto 18 Fruto 19 Fruto 20 Fruto 21 Fruto 22 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 116 Fam15 Fam16 Fam17 Fruto 1 1 Fruto 2 1 Fruto 3 1 Fruto 4 1 Fruto 5 1 Fruto 6 1 Fruto 7 1 Fruto 8 1 Fruto 9 2 Fruto 1 1 Fruto 2 1 Fruto 3 1 Fruto 4 1 Fruto 5 1 Fruto 6 1 Fruto 7 1 Fruto 8 1 Fruto 9 1 Fruto 10 1 Fruto 11 1 Fruto 1 2 Fruto 2 3 Fruto 3 2 Fruto 4 1 Fruto 5 1 Fruto 6 1 Fruto 7 1 Fruto 8 1 Fruto 9 1 Fruto 10 1 Fruto 11 1 Fruto 12 1 Fruto 13 1 Fruto 14 1 Fruto 15 2 Fruto 16 1 117 Fam18 Fam19 Fruto 17 Fruto 18 Fruto 19 Fruto 20 Fruto 21 Fruto 22 Fruto 23 Fruto 24 Fruto 25 Fruto 26 Fruto 27 Fruto 28 Fruto 29 Fruto 30 Fruto 31 Fruto 32 Fruto 33 Fruto 34 Fruto 35 Fruto 36 Fruto 37 Fruto 38 Fruto 1 Fruto 2 Fruto 3 Fruto 4 Fruto 5 Fruto 6 Fruto 7 Fruto 8 Fruto 1 Fruto 2 Fruto 3 Fruto 4 Fruto 5 Fruto 6 Fruto 7 Fruto 8 Fruto 9 Fruto 10 1 1 1 1 2 2 1 1 1 1 1 1 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Fruto 11 1 118 Fam20 TOTAL Fruto 12 Fruto 13 Fruto 14 Fruto 15 Fruto 16 Fruto 17 Fruto 18 Fruto 19 Fruto 20 Fruto 21 Fruto 22 Fruto 23 Fruto 24 Fruto 25 Fruto 1 Fruto 2 Fruto 3 Fruto 4 Fruto 5 Fruto 6 Fruto 7 Fruto 8 Fruto 9 Fruto 10 Fruto 11 Fruto 12 Fruto 13 Fruto 14 Fruto 15 Fruto 16 Fruto 17 Fruto 18 Fruto 19 Fruto 20 Fruto 21 Fruto 22 Fruto 23 Fruto 24 Fruto 25 Fruto 26 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 345 399 119 Apêndice F. Frequência alélica dos sete locos microssatélites nas 23 subpopulações de E. dysenterica, em um total de 192 alelos pop1 pop2 pop3 pop4 pop5 pop6 pop7 pop8 pop9 pop10 pop11 pop12 pop13 pop14 pop15 pop16 pop17 pop18 pop19 pop20 pop21 pop22 pop23 pop24 Loco: ED4 223 0,000 225 0,000 227 0,000 229 0,000 231 0,433 233 0,133 235 0,000 237 0,267 239 0,000 241 0,000 243 0,000 245 0,000 247 0,133 249 0,000 251 0,033 253 0,000 255 0,000 259 0,000 261 0,000 263 0,000 267 0,000 269 0,000 273 0,000 Loco: ED5 191 0,000 197 0,000 201 0,000 207 0,000 211 0,109 213 0,000 215 0,000 217 0,000 219 0,000 221 0,087 223 0,000 225 0,283 227 0,000 229 0,043 231 0,261 233 0,109 235 0,065 237 0,022 239 0,000 241 0,022 243 0,000 245 0,000 247 0,000 249 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,226 0,177 0,048 0,129 0,000 0,065 0,000 0,113 0,000 0,000 0,065 0,048 0,032 0,048 0,016 0,032 0,000 0,000 0,000 0,026 0,000 0,000 0,000 0,184 0,079 0,237 0,000 0,026 0,000 0,000 0,105 0,105 0,000 0,000 0,237 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,047 0,047 0,031 0,016 0,016 0,141 0,000 0,000 0,031 0,328 0,000 0,063 0,063 0,219 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,016 0,031 0,000 0,000 0,234 0,328 0,016 0,031 0,000 0,297 0,000 0,000 0,000 0,031 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,016 0,000 0,000 0,000 0,047 0,000 0,000 0,000 0,234 0,094 0,078 0,094 0,344 0,047 0,000 0,000 0,047 0,000 0,000 0,000 0,000 0,016 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,156 0,172 0,000 0,422 0,109 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,047 0,000 0,016 0,078 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,359 0,203 0,016 0,125 0,047 0,063 0,016 0,016 0,000 0,031 0,000 0,078 0,047 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,141 0,016 0,000 0,000 0,000 0,000 0,016 0,000 0,672 0,141 0,016 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,109 0,000 0,000 0,000 0,000 0,047 0,031 0,000 0,797 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,016 0,000 0,000 0,000 0,000 0,237 0,000 0,039 0,145 0,105 0,276 0,000 0,039 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,105 0,000 0,000 0,000 0,000 0,039 0,000 0,013 0,000 0,000 0,000 0,063 0,094 0,000 0,000 0,156 0,000 0,063 0,000 0,031 0,000 0,000 0,000 0,281 0,000 0,000 0,000 0,063 0,125 0,000 0,125 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,065 0,217 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,217 0,500 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,375 0,458 0,042 0,042 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,021 0,042 0,000 0,021 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,045 0,227 0,030 0,000 0,061 0,258 0,091 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,045 0,015 0,000 0,030 0,136 0,030 0,000 0,000 0,000 0,000 0,030 0,214 0,000 0,000 0,000 0,119 0,000 0,000 0,000 0,667 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,132 0,176 0,015 0,176 0,088 0,000 0,029 0,000 0,000 0,000 0,088 0,059 0,044 0,162 0,029 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,017 0,138 0,172 0,034 0,069 0,121 0,000 0,103 0,000 0,000 0,000 0,000 0,172 0,000 0,034 0,086 0,017 0,000 0,000 0,017 0,000 0,000 0,017 0,000 0,214 0,167 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,381 0,000 0,000 0,048 0,000 0,000 0,000 0,000 0,071 0,000 0,000 0,000 0,095 0,024 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,015 0,152 0,000 0,000 0,318 0,394 0,030 0,000 0,045 0,015 0,000 0,000 0,000 0,000 0,030 0,000 0,000 0,000 0,000 0,076 0,015 0,000 0,000 0,091 0,015 0,000 0,030 0,606 0,015 0,030 0,000 0,045 0,015 0,015 0,000 0,000 0,000 0,045 0,000 0,000 0,000 0,000 0,015 0,015 0,000 0,000 0,045 0,061 0,000 0,000 0,712 0,106 0,000 0,000 0,015 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,030 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,036 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,875 0,089 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,185 0,093 0,259 0,000 0,000 0,000 0,000 0,056 0,000 0,074 0,000 0,000 0,204 0,000 0,130 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,017 0,000 0,000 0,017 0,000 0,017 0,150 0,017 0,050 0,150 0,167 0,250 0,033 0,083 0,000 0,050 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,125 0,000 0,000 0,063 0,156 0,125 0,031 0,000 0,094 0,031 0,156 0,000 0,063 0,063 0,063 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,533 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,183 0,017 0,000 0,000 0,150 0,033 0,083 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,194 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,081 0,290 0,000 0,113 0,065 0,113 0,113 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,094 0,000 0,000 0,016 0,000 0,000 0,000 0,078 0,469 0,000 0,078 0,063 0,109 0,063 0,016 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,050 0,050 0,000 0,000 0,133 0,050 0,183 0,050 0,050 0,150 0,150 0,117 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,016 0,000 0,000 0,000 0,078 0,000 0,000 0,000 0,047 0,031 0,344 0,203 0,203 0,000 0,000 0,016 0,047 0,000 0,016 0,000 0,000 0,000 0,000 0,391 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 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0,000 0,000 0,000 0,018 0,036 0,161 0,000 0,339 0,036 0,196 0,089 0,125 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,028 0,000 0,000 0,194 0,611 0,000 0,083 0,000 0,000 0,000 0,083 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,087 0,043 0,043 0,022 0,043 0,174 0,000 0,000 0,000 0,000 0,065 0,239 0,000 0,261 0,022 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,234 0,000 0,078 0,078 0,578 0,000 0,000 0,000 0,016 0,016 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,212 0,061 0,061 0,091 0,500 0,000 0,030 0,015 0,030 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,288 0,000 0,000 0,096 0,577 0,000 0,019 0,000 0,000 0,019 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,018 0,000 0,089 0,018 0,000 0,268 0,125 0,000 0,000 0,000 0,000 0,357 0,000 0,125 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,048 0,194 0,000 0,226 0,032 0,081 0,355 0,000 0,000 0,000 0,016 0,048 0,000 123 Apêndice G. Teste de desequilíbrio de ligação para todas as possibilidades de pares de locos. Probabilidades calculadas a partir de teste baseado em reamostragem, segundo teste de permutação FGO ED4/ ED5 1,000 ED4/ EM72 0,163 ED4/ EM210 1,000 ED4/ ED9 0,233 ED4/ EM14 0,016 ED4/ EM172 0,065 ED5/ EM72 0,466 ED5/ EM210 1,000 STGO 1,000 0,891 0,031 0,690 1,000 1,000 0,125 1,000 0,728 MUGO 1,000 1,000 1,000 0,650 1,000 1,000 0,352 1,000 1,000 População/Par de loco ED5/ ED9 0,901 ED5/ EM14 1,000 ED5/ EM172 1,000 EM72/ EM210 0,827 EM72/ ED9 0,915 EM72/ EM14 0,337 EM72/ EM172 1,000 EM210/ ED9 0,795 EM210/ EM14 1,000 EM210/ EM172 1,000 ED9/ EM14 0,827 ED9/ EM172 0,161 EM14/ EM172 1,000 1,000 0,412 0,401 0,254 0,376 0,434 0,325 0,502 0,647 0,401 1,000 0,507 1,000 1,000 0,882 0,539 0,009 1,000 0,804 0,316 1,000 1,000 0,248 1,000 VBGO 0,976 0,095 0,085 1,000 0,351 0,876 0,978 0,794 0,492 0,990 0,130 0,307 0,222 0,264 0,228 1,000 0,670 1,000 0,129 0,524 0,244 MIMGO 0,390 0,400 <0,001 0,274 0,235 0,633 0,637 0,164 0,215 0,309 0,516 0,626 0,629 0,456 0,516 0,539 0,557 0,716 0,002 0,959 0,209 BSAGO 0,003 0,675 0,082 0,474 1,000 0,750 0,230 0,104 0,751 1,000 0,804 0,001 0,185 1,000 0,298 0,248 1,000 0,106 0,342 0,626 0,403 SCNGO 0,279 0,706 0,326 0,002 0,005 0,314 0,187 0,040 0,599 0,438 0,197 0,471 0,285 0,087 0,507 0,407 0,244 0,373 0,174 0,470 0,408 BAMMG 0,458 0,272 0,126 0,752 0,108 1,000 0,227 0,646 0,948 0,090 0,687 0,015 0,434 0,830 0,337 0,780 0,267 0,621 0,643 0,961 0,631 PIPMG 0,662 0,077 0,391 0,426 0,044 0,077 0,330 0,212 0,081 0,038 0,054 0,588 0,721 0,016 0,088 <0,001 0,009 0,002 0,012 0,649 0,002 BAGMT 0,368 0,053 <0,001 0,296 0,433 0,545 0,088 <0,001 0,170 0,004 0,007 0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 CAMALGO 1,000 NA 1,000 0,828 1,000 0,149 0,487 0,004 0,838 1,000 0,362 0,429 0,623 0,430 0,898 1,000 1,000 0,552 0,237 0,229 0,680 CATAGO 0,201 0,436 0,001 0,703 0,116 0,258 0,595 0,353 0,548 1,000 0,176 0,318 0,349 0,005 0,577 0,389 0,473 0,124 0,670 0,468 0,047 DIRGO 0,290 0,011 0,175 0,832 1,000 0,834 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 0,707 0,134 1,000 0,531 0,691 1,000 1,000 1,000 0,111 1,000 GILPI <0,001 0,018 0,052 0,013 0,254 <0,001 0,304 0,001 0,001 0,002 <0,001 0,859 0,140 0,370 <0,001 0,567 0,769 0,266 0,907 <0,001 0,333 LUZMG 0,604 0,349 1,000 0,482 0,745 0,975 0,401 1,000 0,589 0,748 0,120 0,755 0,318 0,975 0,949 0,389 1,000 1,000 0,022 0,881 1,000 NIQGO 0,691 0,009 0,001 0,690 0,378 0,001 0,802 0,688 0,225 0,019 0,246 <0,001 0,687 0,005 0,078 0,619 0,029 0,326 0,006 0,772 0,212 SITO 1,000 0,198 1,000 0,001 0,019 1,000 0,107 0,029 0,155 0,798 0,925 <0,001 0,043 0,188 0,044 0,619 0,648 0,045 0,259 0,574 0,819 BABA 0,457 1,000 1,000 0,511 1,000 1,000 0,441 0,060 0,227 1,000 0,222 0,126 1,000 1,000 0,231 1,000 1,000 0,032 1,000 1,000 0,022 PTUMG 0,310 0,153 0,008 0,083 0,854 0,167 0,146 0,476 0,057 0,220 0,075 0,681 0,090 0,052 0,232 0,046 0,329 0,368 0,020 <0,001 0,022 BRAMG 0,531 0,353 0,001 0,052 0,410 0,035 0,109 0,034 0,045 0,101 0,160 0,047 0,051 0,326 0,094 <0,001 0,028 <0,001 0,017 0,001 0,002 CORMG 0,313 0,278 0,259 0,807 0,981 0,717 0,002 0,045 0,027 0,485 0,093 0,382 0,102 0,393 0,036 0,769 0,122 0,147 0,327 0,468 0,741 RVBA 0,568 0,088 0,830 0,007 0,719 0,222 0,822 0,408 0,202 0,253 0,427 0,728 0,046 0,405 0,145 0,105 0,249 0,354 0,643 0,616 0,063 PNTO 0,700 0,360 0,067 0,209 0,280 0,169 0,992 0,762 0,529 0,330 0,951 0,217 0,121 0,514 0,451 0,554 0,004 0,086 0,956 0,004 0,780 Em destaque: Probabilidade ≤ 0,05 (em desequilíbrio de ligação). Valores baseados em 10080 permutações. 124 Apêndice H. Distâncias genéticas entre as 23 subpopulações de E. dysenterica. Acima da diagonal: distância genética de Nei (1972); debaixo da diagonal: FST/1-FST para-par (Rousset, 1997) 1 FGO STGO MUGO VBGO MIMGO BSAGO SCNGO BAMMG PIPMG BAGMT CAMALGO CATAGO DIRGO GILPI LUZMG NIQGO SITO BABA PTUMG BRAMG CORMG RVBA 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 0 0,039 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 0,231 0,354 1,353 0,996 0,845 0,866 1,487 1,393 0,851 1,398 1,511 0,720 1,296 1,320 1,090 0,992 1,320 1,691 1,573 1,874 1,743 1,005 0 0,046 0,028 0,194 1,459 1,091 0,814 1,209 1,578 1,470 0,902 1,666 1,531 0,772 1,220 1,405 1,286 1,286 1,591 1,711 1,704 1,933 2,021 1,055 0 0,199 0,260 0,189 1,206 0,867 0,833 1,059 1,213 1,107 0,977 1,305 1,176 0,658 1,161 1,224 1,119 1,011 1,382 1,325 1,336 1,587 1,499 1,075 0 0,182 0,240 0,152 0,141 0,691 1,159 1,277 1,066 0,988 0,827 0,916 0,847 1,159 1,140 1,173 1,202 1,310 0,840 0,984 1,058 0,761 0,864 1,459 0 0,118 0,154 0,104 0,150 0,148 0,891 0,723 0,666 0,631 0,753 0,436 0,409 0,432 0,779 0,784 0,549 0,732 0,810 0,394 0,549 0,649 0,893 0,873 0 0,150 0,231 0,166 0,196 0,142 0,106 0,737 1,271 1,169 0,603 1,195 1,200 0,599 1,111 1,426 0,917 1,018 1,063 1,397 1,505 1,731 1,641 0,893 0 0,378 0,441 0,337 0,322 0,232 0,310 0,323 1,203 1,001 0,765 1,069 1,144 0,631 1,159 1,174 1,030 1,017 1,465 1,121 1,081 1,406 1,360 0,938 0 0,296 0,354 0,258 0,244 0,185 0,237 0,248 0,038 0,107 1,037 0,504 0,568 0,978 1,332 0,207 1,012 1,317 0,650 0,450 0,395 0,319 0,556 0,991 0 0,111 0,157 0,124 0,123 0,123 0,068 0,109 0,262 0,209 0,965 0,498 0,529 0,865 1,130 0,173 1,026 1,207 0,615 0,370 0,230 0,282 0,438 0,869 0 0,261 0,348 0,249 0,211 0,106 0,220 0,231 0,246 0,182 0,186 0,972 0,937 0,642 0,625 0,933 1,060 1,111 1,028 0,932 0,989 1,069 1,090 0,676 0 0,320 0,384 0,280 0,237 0,126 0,258 0,283 0,275 0,215 0,219 0,055 0,183 0,921 0,816 0,734 0,782 0,929 0,870 0,259 0,357 0,313 0,802 0,887 0 0,116 0,160 0,097 0,172 0,074 0,079 0,105 0,275 0,209 0,084 0,186 0,204 0,801 0,799 0,661 0,901 1,080 0,980 0,240 0,327 0,333 0,872 0,822 0 0,170 0,219 0,158 0,166 0,130 0,133 0,172 0,316 0,244 0,088 0,173 0,206 0,090 0,655 0,836 0,675 0,983 1,202 0,930 0,913 1,248 1,264 0,689 0 0,328 0,405 0,320 0,320 0,243 0,297 0,294 0,080 0,057 0,231 0,281 0,291 0,228 0,256 1,006 0,867 1,066 0,917 0,741 0,700 0,783 0,990 1,170 0 0,162 0,229 0,153 0,186 0,103 0,129 0,175 0,282 0,234 0,145 0,177 0,233 0,108 0,145 0,272 1,006 1,559 0,804 0,518 0,393 0,417 0,572 0,801 0 0,147 0,223 0,141 0,194 0,149 0,135 0,169 0,346 0,274 0,141 0,209 0,269 0,144 0,164 0,342 0,113 0,647 0,670 1,060 1,012 1,217 1,064 1,057 0 0,154 0,224 0,146 0,126 0,140 0,116 0,174 0,202 0,143 0,114 0,184 0,233 0,139 0,131 0,206 0,103 0,124 0,831 1,281 1,192 1,485 1,462 1,137 0 0,349 0,418 0,315 0,271 0,111 0,288 0,291 0,208 0,152 0,237 0,105 0,105 0,237 0,213 0,228 0,269 0,309 0,232 0,917 0,784 0,691 0,380 1,389 0 0,295 0,364 0,268 0,244 0,147 0,253 0,251 0,158 0,075 0,210 0,118 0,131 0,205 0,180 0,155 0,228 0,259 0,168 0,051 0,130 0,170 0,607 0,813 0 0,372 0,443 0,349 0,238 0,192 0,316 0,328 0,161 0,104 0,259 0,137 0,158 0,289 0,221 0,196 0,295 0,329 0,191 0,076 0,047 0,139 0,474 0,775 0 0,276 0,355 0,255 0,188 0,208 0,228 0,242 0,208 0,127 0,190 0,227 0,275 0,223 0,199 0,202 0,215 0,258 0,072 0,210 0,136 0,135 0,409 1,078 0 PNTO 0,153 0,207 0,165 0,214 0,161 0,125 0,153 0,274 0,209 0,100 0,180 0,209 0,112 0,170 0,230 0,170 0,164 0,162 0,220 0,180 0,268 0,229 Em destaque: maiores e menores distâncias genéticas, baseado no FST linearizado. 1,276 0 125 Apêndice I. Padrão de divergência genética entre 23 subpopulações de E. dysenterica, definido por UPGMA, usando distância genética de Nei (1972) como identidade genética 126 Apêndice J. Distâncias geográficas (km) entre as 23 subpopulações de E. dysenterica População FGO STGO MUGO VBGO MIMGO BSAGO SCNGO BAMMG PIPMG BAGMT CAMALGO CATAGO DIRGO GILPI LUZMG NIQGO SITO BABA PTUMG BRAMG CORMG RVBA PNTO 1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 3 4 0,00 172,37 0,00 260,27 90,00 0,00 319,95 281,14 277,53 2 0,00 5 6 7 8 9 10 11 218,36 17,79 125,49 631,77 172,90 185,71 255,38 745,09 189,62 274,49 328,48 795,18 112,28 0,00 336,91 236,00 0,00 270,38 203,45 131,54 0,00 570,33 610,99 634,44 507,91 556,27 197,58 305,90 335,27 597,05 252,48 414,99 462,49 613,89 329,55 471,18 524,96 341,18 497,50 295,87 362,40 318,15 0,00 807,17 753,82 0,00 331,32 297,41 493,45 297,44 331,11 510,89 0,00 66,75 173,69 850,38 626,75 261,29 145,12 694,75 731,21 142,97 182,36 607,42 776,97 114,45 153,92 44,88 191,38 171,17 612,91 452,10 343,60 631,62 665,57 867,07 868,87 1163,94 862,65 932,43 542,72 590,39 630,69 501,66 46,05 275,32 807,66 163,78 94,48 278,67 283,05 703,75 502,94 391,39 289,89 927,26 322,05 391,95 557,35 665,96 343,39 397,27 387,30 541,82 418,38 436,76 297,58 470,54 459,34 459,93 447,72 390,90 239,36 200,56 428,07 386,64 297,55 358,32 424,80 455,07 272,60 271,13 567,41 186,87 311,16 337,25 571,93 683,69 352,59 409,37 442,39 316,92 180,41 213,58 12 13 14 15 346,34 0,00 993,90 699,62 0,00 296,96 595,43 1127,02 452,15 112,33 592,51 0,00 681,82 782,95 744,68 147,03 239,86 990,41 854,28 317,90 344,85 16 17 18 19 20 332,16 0,00 408,76 340,00 0,00 364,84 682,30 605,72 353,09 646,78 530,43 0,00 94,32 0,00 21 22 23 995,26 219,43 486,75 810,87 735,58 132,99 208,24 0,00 373,59 758,35 285,41 308,29 128,23 490,01 422,23 622,00 0,00 382,17 1062,24 390,43 86,14 420,99 750,05 720,72 875,89 394,43 0,00 0,00 610,53 1017,74 768,79 602,88 720,94 652,94 892,36 587,51 794,25 678,19 223,51 338,95 221,85 539,35 88,71 289,50 375,68 162,08 594,68 182,95 0,00 443,15 496,61 278,63 291,64 407,32 518,31 571,77 371,73 392,49 411,37 282,31 227,38 261,68 590,05 103,94 85,17 389,56 539,32 423,18 359,46 265,73 326,97 557,09 524,89 793,60 503,50 675,18 557,81 624,55 368,86 591,80 419,43 333,52 520,35 484,82 604,85 658,77 1087,79 848,17 609,68 782,36 842,23 497,28 343,77 275,60 862,87 795,45 0,00