FaSCi-Tech Business Model Canvas: novos olhares para uma empresa inovadora Ana Kátia Benito1 Marcelo Carvalho2 Resumo: A elaboração do Business Model Canvas possibilita um melhor entendimento de como a empresa gera e entrega valor. Este artigo tem como objetivo desenvolver um modelo de negócios, oferecendo uma visão rápida e prática da empresa. Metodologicamente, foi realizada uma pesquisa exploratória e uma pesquisa de campo de cunho qualitativo. Como conclusão percebeu-se a importância do modelo de negócio, que alinha o produto ao público alvo, e auxilia nas estratégias e correções na condução aos objetivos. Palavras chave: Inovação, Bussines Model Canvas; Modelo de Negócios. Abstract: The Business Model Canvas enables a better understanding of how the company generates and delivers value. This article aims at developing a business model offering a fast and practical vision of the company. Methodologically, it was held exploratory research and field research of qualitative nature. As a conclusion it was realized the importance of the business model, which aligns the product to the target audience, and assists in the strategies and adjustments in the process of pursuing the objectives. Keywords: Innovation, Business Model Canvas; Business Model. Introdução Muito se fala sobre o desenvolvimento de inovações tendo em vista a sobrevivência e evolução das empresas no mercado. É por meio de produtos e serviços inovadores que as empresas se diferenciam dos concorrentes e agregam valor para os clientes, de forma a se manterem competitivas no atual mercado globalizado e dinâmico. Inovação é a introdução, com êxito, no mercado, de produtos, serviços, processos, métodos e sistemas que não existiam anteriormente, ou que contenham alguma característica nova e diferente da até então em vigor. A inovação pode resultar de novos desenvolvimentos, de novas combinações de tecnologias existentes ou da utilização de outros conhecimentos adquiridos pela empresa. (BNDES, 2016) Todavia, o processo de inovação é um caminho árduo, em especial para empresas de pequeno porte que lutam para se estabelecer no mercado. A primeira dificuldade reside na própria complexidade da inovação, que é um processo que em geral apresenta inúmeros fatores desconhecidos. Ao levantar tais fatores, inerentes ao processo de inovação, é imprescindível analisá-los com base em metodologias formais. 1 2 Graduando em Gestão Comercial pela Faculdade de Tecnologia do Ipiranga - 6° semestre, Arquiteta. Graduando em Gestão Comercial pela Faculdade de Tecnologia do Ipiranga - 6° semestre, Gestor Comercial. 42 FaSCi-Tech – Periódico Eletrônico da Fatec São Caetano do Sul, São Caetano do Sul, v.1, n. 11, Out. 2016, p. 42 a 54. FaSCi-Tech Um Modelo de Negócio é uma forma simplificada de descrever a lógica por trás de um empreendimento, procurando entender, esclarecer e definir fatores que envolverão sua criação, funcionamento, entrega e obtenção de valor. A entrega de valor é um dos pontos que mais geram dúvidas no processo de concepção de um novo produto, pois está diretamente ligada ao senso de utilidade, benefício e satisfação de desejos (nem sempre explícitos) que a compra de um produto trará. A percepção de valor pelo cliente é difícil de ser mensurada, pois trata de aspectos pessoais e emocionais como crenças, paradigmas internos, ambições, expectativas, entre outros. No desenvolvimento de um novo produto, uma empresa pode se beneficiar da aplicação da metodologia denominada Business Model Canvas, proporcionando um produto sólido, sustentável, e de crescimento ordenado, pois terá nascido e se desenvolvido em um ambiente em que vários processos, dentre os quais a opinião dos possíveis clientes, foi considerada. A ideia deste projeto nasceu a partir da experiência vivenciada por uma das sócias da empresa que, ao conceber seu segundo filho, portador de Refluxo Gastroesofágico3, não conseguiu encontrar no mercado brasileiro um produto efetivo no auxílio contra a doença. Diante das dificuldades enfrentadas, associou-se a uma amiga e iniciaram um processo de pesquisa sobre tratamentos auxiliares, resultando na criação de um colchão, cujo formato permite a criança permanecer em uma postura confortável, evitando o retorno do conteúdo gástrico ao esôfago. Figura 1- Colchão antirrefluxo Fonte: Empresa alfa (2015) 3 Refluxo Gastroesofágico é uma das doenças digestivas que mais atingem as crianças e aproximadamente 70% dos bebês são acometidos por algum nível da doença no início da vida, normalmente apresentando sintomas de vômitos e/ou regurgitações. Com o passar dos meses, o índice tende a diminuir e, entre o primeiro e segundo ano, a doença tende a desaparecer (LARANJEIRA, 2014). 43 FaSCi-Tech – Periódico Eletrônico da Fatec São Caetano do Sul, São Caetano do Sul, v.1, n. 11, Out. 2016, p. 42 a 54. FaSCi-Tech O elevado número de casos com o distúrbio evidencia a necessidade, no Brasil, da criação de um produto eficaz no auxílio ao tratamento da doença. A relevância do desenvolvimento deste trabalho se dá pela possibilidade de hospitais, médicos e pais de bebês com sintomas da doença, ter um produto eficaz à disposição para a utilização no auxílio ao tratamento do Refluxo Gastroesofágico. Este estudo explora os conceitos existentes na literatura acerca do termo modelo de negócios, e descreve a ferramenta business model canvas, com a intenção de compreender como ela poderá colaborar para o processo de construção de um modelo de negócio e, nesse sentido, objetiva descrever a aplicação da ferramenta em uma empresa que comercializa produtos infantis diferenciados, tendo como principal produto o colchão antirrefluxo gastresofágico, de modo a auxiliar as empresárias no melhor entendimento de seu negócio e elaboração de um modelo de negócios, fornecendo informações que apoiem as tomadas de decisão. Modelo de Negócios O termo modelo de negócio é um fenômeno relativamente recente. O termo começou a ganhar evidência a partir de década de 90 com o advento da internet, possibilitando às empresas novas formas de criar valores. Um modelo de negócio pode ser descrito como um conjunto de dados que apresentam a proposta de valor aos clientes, a estrutura viável de receitas e os custos para entregar esse valor. Os fatores que devem ser definidos na concepção do modelo de negócio englobam a definição das tecnologias e as características a serem incorporadas ao produto/serviço, os benefícios que o produto/serviço entregará ao cliente, os mercados-alvo, as fontes de receita disponíveis e os mecanismos para converter parte dos pagamentos recebidos em lucro. Em outras palavras, um modelo de negócio evidencia o que os clientes querem, como querem e o quanto estão dispostos a pagar, descreve como uma empresa deve se organizar para atender às necessidades do público-alvo, e obter os lucros provenientes das vendas. (TEECE, 2010) Um modelo de negócio define a forma como a empresa irá ganhar dinheiro especificando sua posição na cadeia de valor, e deve cumprir as seguintes funções: 1) articular a proposição de valor aos usuários; 2) identificar os mercados-alvo; 3) determinar as formas de obtenção de receitas; 4) definir a estrutura da cadeia de valores necessária à criação de distribuição do valor; 5) descrever os recursos necessários para a criação da cadeia de valor; 6) demonstrar a estrutura de custos e o lucro potencial; 7) posicionar a empresa no mercado 44 FaSCi-Tech – Periódico Eletrônico da Fatec São Caetano do Sul, São Caetano do Sul, v.1, n. 11, Out. 2016, p. 42 a 54. FaSCi-Tech conectando a empresa aos fornecedores e clientes, e 8) orientar a organização na formulação de estratégias competitivas para obter vantagens frente aos concorrentes. (CHESBROUGH, 2010). Resumindo, o modelo de negócio caracteriza-se como uma representação abstrata dos elementos-chave de um empreendimento: o que será vendido (proposta de valor), a quem será comercializado, quais são os processos essenciais para o desenvolvimento do produto/serviço (incluindo a estrutura de custos) e como ocorrerá a interação mercadológica entre empresa e clientes. O modelo de negócio é um esquema que guiará a empresa na definição e implementação da estratégia, por meio das estruturas, processos e sistemas organizacionais. (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011). Componentes de um Modelo de Negócio O modelo de negócio CANVAS é uma ferramenta que proporciona ao empreendedor ter uma visão geral de uma empresa em nove blocos, descritos em uma só folha de papel ou cartaz, mostrando assim com facilidade e concisão a lógica de como uma organização pretende gerar valor. Esses blocos cobrem as quatro áreas principais de um negócio: clientes, oferta, infraestrutura e viabilidade financeira, conforme a Figura 2. Figura 2 - Canvas Fonte: SEBRAE MINAS GERAIS (2015). De acordo com Dorf e Blank (2011), uma vantagem da utilização do modelo Canvas é que ele é apresentado, de modo simples a diversos outros atores que participarão, direta ou indiretamente, do empreendimento, tais como especialistas, clientes em potencial, pessoas de formação de opinião e interesse diversos, etc. Este processo, denominado “pivô”, permite o acréscimo de ideias e sugestões, permite críticas e modificações, de modo que o negócio 45 FaSCi-Tech – Periódico Eletrônico da Fatec São Caetano do Sul, São Caetano do Sul, v.1, n. 11, Out. 2016, p. 42 a 54. FaSCi-Tech representado pelo Canvas permite aumentar sua possibilidade de sucesso e seja, assim, otimizado. Dessa forma, diminui-se a possibilidade da visão do empreendedor sobre ele estar muito carregada de suas opiniões, muitas vezes “contaminadas” pelo seu desejo de realizar algo que ele “acha” que deve ser de uma determinada forma. Este “achismo” é bom, mas apenas na concepção inicial do negócio, na sua “Visão Emergente”, mas pode levar ao desastre uma boa ideia que não venha atender aos reais valores desejados pelo cliente. Cada componente do modelo de negócio traz uma série de perguntas que auxiliam a testar as hipóteses levantadas. O objetivo principal na elaboração de um Canvas é clarificar e ampliar as propostas de valor que atendam e potencializem os principais objetivos desejados, antes de partir de fato para a formatação do produto ou serviço. Abaixo são descritos, os nove blocos que constituem o Canvas, segundo Osterwalder (2010). 1) Proposta de Valor: são criadas de modo a determinar desejos e necessidades dos potenciais clientes, sempre tendo os objetivos de negócio norteando a dinâmica. Exemplos de propostas de valor: design, personalização, apoio à decisão, rapidez, redução de custos e riscos, desempenho, conveniência e acessibilidade. 2) Segmento de Clientes: Clientes devem ser o foco do negócio, pois sem eles, a empresa não sobreviverá por muito tempo. Composto por diferentes grupos de pessoas físicas ou jurídicas que o empreendimento pretende atingir; 3) Canais: as propostas de valor são entregues ao cliente por canais de comunicação e vendas. É o modo como a empresa se relaciona e chega ao cliente; 4) Relacionamento com Clientes: objetiva fortalecer o envolvimento do cliente com o negócio; 5) Fontes de Receita: como as propostas de valores oferecidas gerarão receitas. Neste bloco serão descritas as políticas comerciais da empresa; 6) Recursos Chave: definem os ativos necessários para entregar os produtos/ serviços descritos na proposta de valor; 7) Atividades Chave: atividades necessárias para o funcionamento do negócio. São as atividades mais importantes que a empresa deve realizar para gerar os resultados esperados; 8) Parceiros principais: fornecedores e parceiros necessários para o perfeito funcionamento do modelo de negócios; 46 FaSCi-Tech – Periódico Eletrônico da Fatec São Caetano do Sul, São Caetano do Sul, v.1, n. 11, Out. 2016, p. 42 a 54. FaSCi-Tech 9) Estrutura de custos: todos os custos que incidem sobre o negócio. São melhores determinados após a definição dos recursos chave, atividades chave e relações de parceria (OSTERWALDER, 2010). Quadro de Modelagem de Negócios - Canvas A metodologia também sugere um processo para o desenho do modelo de negócio. De forma breve, recomenda-se um processo de brainstorming (tempestade de ideias) inicial para geração de possibilidades, após uma fase de discussão e consolidação. O objetivo é completar o Canvas com as principais definições de cada componente (PIRES; QUEIROZ, 2012). Com o Canvas, o negócio é sempre representado por inteiro, porque a realidade acontece dessa forma (Hulme, 2010). Apesar de não se tratar de uma regra, todos os componentes devem ser analisados e descritos um por um, participando de todas as etapas de aprendizado da empresa. Na figura 3 pode-se ver o Canvas utilizado por muitas empresas para criar um modelo de negócio inovador ou gerar inovação em negócios já existentes, enquadrando os nove blocos de modelagem de negócios, proposto por Osterwalder (2011), acoplando as regiões de importância para cada uma delas. Figura 3- Quadro de Modelagem de Negócios Fonte: Osterwalder (2011) 47 FaSCi-Tech – Periódico Eletrônico da Fatec São Caetano do Sul, São Caetano do Sul, v.1, n. 11, Out. 2016, p. 42 a 54. FaSCi-Tech Conforme afirma Jacoski et al (2015), utilizar a modelagem Canvas ajuda o empreendedor em vários aspectos. O primeiro concerne à necessidade de comunicar e descrever o modelo de negócio. Tanto clientes, quanto funcionários, executivos e até mesmo empreendedores concorrentes precisam ter conhecimento sobre o seu modelo de negócio. A ferramenta facilita a comunicação com os demais stakeholders (partes interessadas) sobre como é a articulação dos diferentes componentes do negócio, para gerar discussões criativas sobre novas oportunidades de negócio, bem como alinhar os pensamentos para identificação de riscos e falhas do modelo. Outro benefício está em o empreendedor pensar em todos os detalhes do seu modelo de negócio, durante todo o tempo. Empreendedores frequentemente tendem a considerar mais uma parte do seu negócio, como marketing ou fonte de receitas, ignorando outros componentes fundamentais, como a estrutura de custos do negócio. Metodologia Abordamos o problema por meio de pesquisa de cunho qualitativo, na qual: [...] A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. A pesquisa qualitativa é descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem. [...] (SILVA; MENEZES, 2005, pg.20). O método de pesquisa teve três fases, sendo inicialmente a fase exploratória, caracterizada pela definição das questões a serem levantadas, pelas reuniões com as empresárias e pela escolha das fontes que referenciaram o artigo. No segundo momento foi definida a delimitação do estudo e a coleta de dados, e na terceira fase, a análise sistemática desses dados, culminando na realização do relatório final da pesquisa. Aplicação do Business Model Canvas na Empresa Alfa Esta seção tem por objetivo apresentar o estudo de caso da empresa Alfa (nome fictício), que comercializa produtos infantis diferenciados, tendo como principal produto um colchão antirrefluxo gastresofágico, por meio da descrição da construção do Business Model Canvas no empreendimento. 48 FaSCi-Tech – Periódico Eletrônico da Fatec São Caetano do Sul, São Caetano do Sul, v.1, n. 11, Out. 2016, p. 42 a 54. FaSCi-Tech A empresa, criada em 2010 para atender a demanda do mercado brasileiro por um produto auxiliar no tratamento da doença, tem utilizado soluções empíricas em sua Administração, pautadas apenas no feeling das sócias, sem o conhecimento necessário para a estruturação de um modelo organizacional e econômico que permita à empresa obter um lugar de destaque no setor. Porém, com a possibilidade de crescimento nos próximos anos, as empresárias reconhecem a necessidade de estabelecer um plano de gestão mais profissional que possibilite alicerçar o crescimento da empresa, permitindo a previsão de lucros, mas também manter os padrões de qualidade defendidos para o produto. O nível de exigência dos consumidores aumentou, e entender seus desejos é essencial para que as empresas obtenham posição de destaque. A empresa precisa de flexibilidade para se adaptar as novas realidades, tornando-se mais eficaz ao atender às expectativas de seus clientes. A globalização trouxe o capital global e a facilidade de obtenção de insumos similares, acirrando a concorrência e, assim, o maior desafio atual é desenvolver capacidades adicionais, como uma equipe bem treinada, um produto inovador e parcerias duradouras, podendo então, gerar vantagem competitiva. Nesse cenário, um perfeito entendimento dos desejos dos clientes, e o alcance da superação desses anseios, devem ser os indicadores dos rumos a serem adotados pela empresa. Proposta da Modelagem de Negócios - Business Model Canvas Com base nos dados obtidos, foi possível apoiar a construção da modelagem de negócio da empresa baseada no Bussines Model Canvas. Este modelo segmenta a empresa em quatro grandes áreas, subdivididas em nove blocos chaves, demonstrando como a empresa pretende gerar valor. A ferramenta permite uma melhor visualização da empresa e agilidade na correção dos rumos tomados, além de facilitar a comunicação com os stakeholders. A modelagem Canvas da empresa está ilustrada na figura 4. 49 FaSCi-Tech – Periódico Eletrônico da Fatec São Caetano do Sul, São Caetano do Sul, v.1, n. 11, Out. 2016, p. 42 a 54. FaSCi-Tech Figura 4- Modelagem de Negócios Empresa Alfa Fonte: Autores, 2016 Os detalhes da modelagem podem ser assim observados, a) Clientes: Sobre a segmentação do mercado consumidor, a empresa tem como público alvo pais de crianças com refluxo gastroesofágico, das classes A/B, com grande poder de compra. São pessoas que gostam de decoração, mas que buscam, principalmente, inovação e segurança. b) Relacionamentos com Clientes: Outro meio de relacionamento da empresa com o segmento alvo é sua página profissional na rede social facebook, onde interage com os clientes postando informações relevantes ao público. A exposição dos produtos em feiras de móveis destinadas ao consumidor final também é uma maneira de ter contato direto com o público, expor o produto e explicar sobre todas as características dos mesmos, além de sanar possíveis dúvidas. O trabalho de pósvenda, também é um importante fator considerado pela empresa, via mídias sociais, site institucional, atendimento telefônico. É importante ressaltar a necessidade de que a equipe de funcionários esteja sempre informada sobre as novas possibilidades tecnológicas que possam surgir e melhorar o relacionamento com o cliente. 50 FaSCi-Tech – Periódico Eletrônico da Fatec São Caetano do Sul, São Caetano do Sul, v.1, n. 11, Out. 2016, p. 42 a 54. FaSCi-Tech c) Proposta de Valor: Há diversos fatores que podem influenciar no processo de compra, dentre eles, o aspecto de novidade do produto, qualidade percebida, a aparência do produto, entre outros. Assim, as propostas de valor que a empresa apresenta ao seu segmento de clientes são do tipo qualitativo, onde o foco está nas características diferenciadas do produto. O colchão antirrefluxo diferencia-se pelo seu design exclusivo, com nível de inclinação ideal para o tratamento, apoio e cinto de segurança para evitar que o bebê escorregue e saia do ângulo de inclinação, e bordas de proteção lateral, mantendo a criança em uma postura adequada. O conforto é priorizado com a utilização de espuma auto moldável, que se adapta ao contorno e temperatura do corpo, exercendo menos pressão nas áreas mais quentes e salientes, facilitando a circulação sanguínea e a absorção do peso com distribuição equalizada, além de possuir um tratamento antimicrobial que protege o produto contra a proliferação de ácaros, fungos e bactérias, prevenindo problemas alérgicos e respiratórios. O design diferenciado do colchão permite um excelente resultado no auxílio do tratamento à doença, garantindo um melhor atendimento às expectativas depositadas no produto. Dois dos mais conceituados Hospitais de São Paulo, o Sabará e o São Luiz, testaram com sucesso o produto em suas unidades. d) Canais de Distribuição Loja virtual própria e loja física parceira em São Paulo. Para o envio dos produtos, utiliza-se da logística de entregas da empresa e dos serviços de Correios. e) Fonte de Receitas: Os fluxos de rendimento do empreendimento são oriundos das vendas do colchão antirrefluxo, vendas do lençol para o colchão antirrefluxo e vendas de Kits compostos por colchão e lençóis. f) Parcerias Principais: Injetor do colchão em visco elástico, oficina de costura, escritório de contabilidade, loja física em São Paulo e profissionais que permitem que a empresa seja divulgada ao público, como assessoria de imprensa e desenvolvedores web (para atualização do site) g) Atividade Chave: O valor entregue aos clientes é um produto de alta qualidade, durabilidade e design exclusivo. Sendo assim, as atividades de desenvolvimento e comercialização são primordiais. As ações de promoção da marca e de vendas também são atividades de suma importância para que o empresa obtenha sucesso. 51 FaSCi-Tech – Periódico Eletrônico da Fatec São Caetano do Sul, São Caetano do Sul, v.1, n. 11, Out. 2016, p. 42 a 54. FaSCi-Tech h) Recursos Principais: Os recursos chave são utilizados no cumprimento das atividades chave da organização. A empresa utiliza-se de serviços e ferramentas baseados na internet para divulgação e comercialização de seus produtos. Para a fabricação do colchão, um ferramental para a injeção da espuma, e dos recursos humanos utilizados na embalagem e expedição dos produtos. i) Estrutura de Custos: Os custos a serem considerados são os custos fixos com funcionários, custos variáveis com insumos e parceiros, despesas fixas de aluguel, telefone, internet, manutenção de automóvel, luz, água, publicidade, contabilidade e despesas variáveis com matéria prima. Considerações Finais Desenvolver um modelo de negócio para alinhar o produto ou serviço que está sendo oferecido conforme o perfil do público alvo, e de acordo com as capacidades da organização é imprescindível para o sucesso de um empreendimento. Um grande desafio dos empreendedores é conseguir combinar em um mesmo modelo de negócio um valor diferenciado a seus clientes e a obtenção de lucro. Todo processo de desenvolvimento de um modelo de negócio é único para cada empresa, onde cada empreendedor encontrará seus próprios desafios, obstáculos e fatores críticos de sucesso. Cada empresa iniciará a construção do seu modelo a partir de lógica, contexto e objetivos próprios. (OSTERWALDER: PIGNEUR, 2011). Neste sentido, para se obter sucesso na construção de um modelo de negócio é fundamental o envolvimento no processo, pesquisa, análise e monitoramento do modelo de negócio. A pesquisa de campo descrita neste artigo demonstrou de forma prática o funcionamento do Modelo Canvas e como o mesmo auxilia os empreendedores nesta jornada. Através da construção dos nove blocos as sócias puderam observar com maior clareza a empresa, aprofundando o detalhamento do negócio e percebendo as necessidades futuras e os pontos de atenção a serem corrigidos para que os objetivos propostos sejam obtidos. Dessa forma, um modelo de negócio representa a lógica de como a organização irá gerar valor e ganhar dinheiro. Trata-se de um esquema simplificado do funcionamento do negócio de dentro para fora através da definição do valor a ser ofertado ao público e a maneira como ocorrerá a interação com os clientes; além disso, o Canvas também expõe o processo do 52 FaSCi-Tech – Periódico Eletrônico da Fatec São Caetano do Sul, São Caetano do Sul, v.1, n. 11, Out. 2016, p. 42 a 54. FaSCi-Tech negócio internamente, através da especificação das atividades, recursos e parceiros-chave, além da descrição dos custos e a forma como a empresa irá obter lucro. Como sugestão para um trabalho futuro, recomenda-se a elaboração de um plano de marketing, de modo a orientar uma expansão, elevando a participação da empresa para que esta consiga uma parcela mais significativa do mercado potencial. Referências BNDES. Definições de termos relacionados a inovação. Disponível em: http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Areas_de_Atuacao/Inovacao/Politica_a poio_inovacao/definicoes_inovacao.html. Acesso em: 23/03/2016. CHESBROUGH, H. Business Model Innovation: Opportunities and Barriers. Long Range Planning, v. 43, n. 2- 3, p. 354-363, Apr-Jun 2010. CHESBROUGH, H.; ROSENBLOOM, R. S. The role of the business model in capturing value from innovation: evidence from Xerox Corporation's technology spin‐off companies. Industrial and Corporate Change, v. 11, n. 3, p. 529-555, 2002. 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