EDUCAÇÃO A NÃ0 BASTA SABER, É PRECISO SABER FAZER TEORI EDIÇÃO 4. ANO 2.JULHO/2010 www.iergs.com.br & ÇÃO EDITORIAL EDITORIAL Não há como negar ou esconder esta realidade: pesquisas revelam que de cada quatro famílias, uma tem um filho ou parente homossexual. Portanto, professores, familiares, educadores e profissionais da saúde necessitam ter em mente que nem todos os jovens e adultos com que convivem são “naturalmente” heterossexuais. Diante da realidade que nos cerca, precisamos estar preparados para lidar com as situações homofóbicas que podem surgir no nosso cotidiano. Esse é o tema de capa dessa edição de T&A. Também estaremos abordando alguns problemas de aprendizagem que surgem logo nos primeiros anos: o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade e os desafios de alfabetizar usando a letra cursiva. Como os professores vêm lidando com estes problemas e o que funciona para suprir estas necessidades especiais. Esta edição da Teoria & Ação mostra também o que está sendo feito no Instituto Ronaldinho Gaúcho. A coordenadora Magela Libner Formiga fala sobre o trabalho desenvolvido, ressaltando a importância de dar oportunidade para crianças e jovens menos favorecidos pela sociedade, com o objetivo de melhora sua qualidade de vida. Na seção Educação temos um exemplo de vida. Os pais que viram no bom trabalho realizado com o filho um motivo para lutar e ajudar outras pessoas: os deficientes intelectuais. O atual diretor da APAE de Porto Alegre, Unírio Bernardi, dedica seu tempo para auxiliar no trabalho da associação que tanto ajudou sem filho. A matéria aborda a inclusão dos deficientes intelectuais em escolas comuns, ressaltando a importância de ter escolas que prestem um atendimento mais especializado para estas crianças. EXPEDIENTE REVISTA TEORIA & AÇÃO Uma publicação do IERGS - Instituto Educacional do Rio Grande do Sul. Diretor Geral: Saul Hoegen Diretora de Pós-graduação: Silvana da Silva Hoegen Diretor Executivo: Luiz Vinhola Contatos, artigos e comentários: [email protected] Download da revista online: www.iergs.com.br Edição: Age! Comunicação. Editor: Mauricio Pinzkoski - CONRERP RS/SC 2755 Jornalista: Daniela Machado - Reg. 14.726 Revisora: Aline Hart Diagramação: Guilherme Jardim Contato: [email protected] Direção Geral DESTAQUE DESTAQUE Professor Marco Antônio da Silva D esde que o IERGS chegou à Porto Alegre, um professor vêm se destacando cada vez mais no Instituto: Marco Antônio Medeiros da Silva , atual Coordenador de Licenciaturas. A caminhada do professor de História no magistério é relativamente recente, com especialização em História Contemporânea e mestrando em Ciências Sociais, atua na área há dez anos. “Além de atuar como professor do ensino médio na rede privada de ensino, também trabalhei como diretor administrativo de uma escola”, relata ele, ressaltando que considera fundamental para os educadores fazerem uma conexão entre a teoria e a prática. “O trabalho do professor deve ter significado para o aluno”, afirma. Marco Antônio foi um dos fundadores da cooperativa dos professores do colégio Mauá, a COOPEM, que presidiu durante alguns anos. E foi através da entidade que conheceu Saul Hoegen, diretor geral do IERGS. “Tenho um vínculo muito direto com o instituto, pois foi através da cooperativa que conseguimos as primeiras salas de aula pro IERGS em Porto Alegre”, conta o coordenador. Fazendo parte da coordenação da 02 graduação do IERGS, Marco Antônio se diz satisfeito com os rumos que o trabalho vêm proporcionando. “Leciono aqui desde 2007 e minha primeira turma está se formando neste mês. Percebo a evolução destes alunos e os bons resultados do nosso trabalho”, diz ele, que garante que o ensino à distância está se mostrando tão eficiente quanto o ensino presencial. Quando fala do futuro profissional, o professor diz que não consegue desvincular suas perspectivas do IERGS. “Me incluo dentro de todo esse processo realizado aqui e quero alcançar as metas junto com a gestão do instituto”, diz ele. Marco Antônio conta também que, em uma conversa com o diretor do NEAD da Uniasselvi, Hermínio Kloch, recebeu a afirmação de que a Uniasselvi, em parceria com o IERGS, tem o melhor curso de ensino a distância do país. “Hermínio me disse sem hesitar que temos um dos melhores cursos, correspondendo à todas as reivindicações do Ministério da Educação”, relata. De fato, o relacionamento com o MEC tem sido de respeito, ética e profissionalismo. “Me sinto orgulhoso de fazer parte deste grupo”, diz o coordenador. Sentindo-se mais inteirado com os bastidores do IERGS desde que assumiu a Coordenadoria de licenciaturas, Marco Antônio conta que continua buscando aprimorar cada vez mais seu trabalho. “Quero me especializar ainda mais nesta modalidade de ensino e poder transmitir estes conhecimentos, ajudando na formação de nossos alunos”, finaliza. Professor Marco Antônio ENTREVISTA ENTREVISTA Instituto Ronaldinho Gaúcho H á três anos, crianças e jovens carentes gaúchas vêm sendo beneficiadas pelo Instituto Ronaldinho Gaúcho, presidido por Roberto de Assis Moreira e que tem Ronaldinho como Patrono. Localizado no bairro Restinga, a instituição atende 700 crianças de todas as idades. São realizadas várias atividades para auxiliar na formação dos pequenos gaúchos. Financiado pela família de um dos maiores ídolos do Rio Grande do Sul, o projeto Letras e Gols visa a inclusão destes jovens na sociedade. A coordenadora geral do Insituto Ronaldinho Gaúcho, Magela Libner Formiga, falou sobre o trabalho desenvolvido com estas crianças. Como nasceu o Instituto Ronaldinho Gaúcho? A estrutura do IRG foi inaugurada em dezembro 2006, mas só começou a funcionar em 2007. No local funcionava a Sede dos Securitários, o Ronaldinho, quando criança, jogava bola lá. Mais tarde a família de Ronaldinho adquiriu a Sede e fez um investimento de cinco milhões de reais para transformar a estrutura no que vemos hoje. Qual a missão do Instituto? É dar oportunidade para crianças e jovens menos favorecidos pela sociedade de terem uma melhoria na qualidade de vida. O grande objetivo é a inclusão social. O foco do instituto não é ser uma escolinha de futebol. Eles não vêm aqui para aprender a jogar, mas sim para participar de diversas atividades e desenvolver-se. Não trabalhamos formando atletas. Apesar de ter gente que pensa assim e procura o instituto com essa finalidade, precisamos deixar claro que não é isso. Quantas crianças são atendidas atualmente? O Instituto atende hoje cerca de 700 crianças através do projeto Letras e Gols, que é um convênio com a Prefeitura Municipal, através da Secretaria de Educação. É um projeto de educação integral que acontece no turno inverso da escola. São cerca de 350 crianças em cada turno. Temos 650 alunos de escolas municipais de Porto Alegre e 50 crianças são do programa Ação Rua, da FASC. Buscamos essas crianças na porta da escola com um transporte próprio do instituto e os trazemos para cá e aqui eles realizam uma série de atividades. Eles fazem todas as modalidades esportivas como ginástica rítmica, tênis, capoeira, futebol, basquete, futsal, atletismo. Tem ainda dança, teatro, laboratório de informática, música, biblioteca, educação ambiental e cidadania. Quais os critérios para definição de quais crianças participarão do projeto? As crianças são selecionadas pelas escolas e o critério é a sua vulnerabilidade social. As escolas encaminham para cá. O jogador Ronaldinho Gaúcho participa ativamente do instituto? O Ronaldinho vem todo ano, ao menos uma vez. Em 2009, veio nas férias e outra vez para um evento. Quando ele chega aqui, é uma loucura. É difícil conter as crianças, eles saem correndo das salas e não tem jeito de segurar. Ano passado ele pediu para não ter eventos para poder estar aqui com as crianças sem mídia. Então visitou as oficinas, circulou pelos espaços. Claro que não é tranqüilo, porque tem muita comoção. Ele é um ídolo para essas crianças e até os profissionais precisam ser contidos. Todos dão muito valor a ele. Quando vem o Assis ou dona Miguelina (mãe de Ronaldinho), eles também ficam alvoroçados. É uma coisa de idealização deles, a projeção de uma possibilidade. Quanto tempo as crianças participam do projeto? Cada escola tem um limite de vagas anual pré-estabelecido. São cerca de 80 vagas por escola. As crianças são cadastradas no instituto para ficar por um ano. A cada ano esse cadastro é atualizado. Fazemos uma avaliação e acompanhamento com as escolas, até para poder avaliar o quanto eles estão se beneficiando ou não por estarem aqui. É bastante cobrada a freqüência deles, sendo um pré-requisito para continuar. A princípio as crianças ficam um ano, mas algumas já estão aqui desde o início do projeto. Essa renovação acontece em função da sua condição de vulnerabilidade, o trabalho precisa ser mantido com essas crianças. Há perspectiva de aumentar o número de crianças atendidas? Não pretendemos aumentar o número de atendimentos para que possamos manter a qualidade dos serviços prestados. É muito complexo desenvolver um trabalho com 700 crianças com tantas necessidades que não são só educacionais. Elas têm dificuldades de saúde, emocionais, fragilidades cognitivas, alguns com necessidades especiais como deficientes mentais, cadeirantes, entre outros. Então não dá pra trabalhar na perspectiva de aumentar o atendimento, mas sim o espaço para qualificar ainda mais o trabalho. Estamos mais preocupados com a qualidade daquilo que se faz do que a quantidade. Queremos que eles melhorem nos estudos, nas suas condições de vida, para que possam conviver de forma mais harmoniosa. As mazelas sociais são muitas para serem lidadas aqui. A que você credita o sucesso do projeto? Nosso projeto é de educação integral. Letras e Gols é educação não formal. Então por isso temos esse foco educacional tão grande. A idéia é que possamos, através do trabalho feito por profissionais da educação, contribuir para que sejam crianças mais felizes, com identidade própria, que se reconhecem em suas diferenças. A gente vem ao longo do tempo fazendo uma reflexão de que lugar é esse, quais os nossos objetivos e nossas dificuldades. O nosso compromisso é executar um trabalho com a melhor qualidade possível, construindo valores como solidariedade e amizade. Buscamos profissionais que possam auxiliar nosso trabalho. Agregamos no espaço profissionais de psicopedagogia, pois entendemos que isso contribui no desenvolvimento do trabalho. A reestruturação interna da equipe e a inserção de algumas áreas para colaborar nesse trabalho foram a grande mudança no último ano. É um trabalho que está sendo construído e que está sendo importante na qualificação do atendimento. Palavra da psicopedagoga Fabiani Ortiz Portella A demanda é muito grande, pois a maioria das crianças necessita de atendimento individualizado. As situações que nós acompanhamos precisam de um olhar diferente. Temos que ajudá-los a conviver uns com os outros, muitas vezes eles não têm regras de convivência, e partem logo para agressão. Alguns casos que acompanhamos estão dando um excelente retorno, demos autonomia e eles respondem positivamente de alguma forma. A psicopedagogia neste trabalho é muito importante pois apresenta novas possibilidades. Estamos estreitando a relação com os familiares e a escola, para melhor entender as situações pontuais que estão passando estas crianças e assim auxiliá-las em seu desenvolvimento. 03 EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO A inclusão social de deficientes intelectuais M uito se discute sobre a inclusão de deficientes em escolas comuns. O desafio de colocar esses jovens em escolas que não são específicas para tratar de deficientes intelectuais é enfrentado diariamente pelas Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAEs) do Brasil inteiro. A APAE é uma entidade filantrópica que auxilia no tratamento e desenvolvimento desses jovens que sofrem deste tipo de deficiência. Cada cidade pode ter uma instituição, mas pode manter várias escolas de ensino especial. No caso de Porto Alegre, a APAE local é mantenedora de três escolas: Escola Especial Doutor João Alfredo de Azevedo (bairro Vila Nova), Escola de Educação Especial Nazareth (bairro Glória) e Escola Especial Cadi (bairro Santanta). “ A escola sozinha não dá conta, é preciso que os pais assumam seu papel e acreditem no filho, concedendo-lhes o direito de um tratamento adequado e incluindo-o socialmente ” Na capital gaúcha, a APAE atende desde a primeira infância até os idosos excepcionais. Não há limite de idade nem para ingresso nem para encerramento do atendimento. Segundo Neusa Salaberry, assessora pedagógica da instituição, todo o tratamento é feito conforme a idade. Até os três anos de idade, há estimulação precoce, que é realizada individualmente junto com a família, com o auxílio de neurologistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e assistentes sociais. Quando a criança completa quatro anos, começa o processo de inclusão na educação infantil. A socialização dessas crianças conta com o atendimento de Psicopedagoga Inicial, que avalia o desenvolvimento delas. Ao completar os seis anos, elas são analisadas e encaminhadas ao ensino fundamental. E, mesmo na escola comum, as crianças continuam vinculadas à APAE para atendimentos médicos. Neusa afirma que, segundo a lei, a educação dever ser individual de acordo com o desenvolvimento humano. É necessário que o professor dê atendimento individual para os alunos. “Essa é a função da escola inclusiva: atender as necessidades de cada um”, diz a assessora educacional. Dessa forma, mesmo as escolas comuns e que prestam atendimento coletivo, devem também atender as necessidades individuais de cada aluno, seja excepcional ou não. Esse trabalho deve potencializar as habilidades das crianças. “ Tivemos um trabalho de muitos anos e que nos trouxe muitas glórias com nosso filho e decidi ajudar os outros nesse desenvolvimento ” Um dos problemas enfrentados por muitos pais é a impossibilidade de escolher a escola que o filho deficiente irá frequentar. Segundo Neusa, o MEC defende que todas as crianças deveriam freqüentar as escolas comuns, enquanto entidades como a APAE serviriam de suporte para educação especial. Enquanto isso, o movimento apaeano defende que deve ter escolas que prestem um atendimento mais especializado para estas crianças. No início a APAE era um espaço para deficientes ficarem e receber apoio médico. Hoje já se percebeu que é possível Juliano, Elcira e Unírio 04 ensinar para estes deficientes, foram então criadas as oficinas educacionais. A associação tornou-se ainda um direito de defesa para os deficientes. “Fazemos nosso trabalho e articulamos com setores públicos e o MEC para modificar o atendimento a esses excepcionais”, afirma Neusa. Atualmente, a APAE de Porto Alegre atende cerca de 400 deficientes intelectuais. Grande parte dessas pessoas é atendida no turno inverso ao das escolas, até para que se organize e tenha um desenvolvimento ainda melhor. A evolução nestes casos não para nunca. Os alunos que, após o ensino fundamental tem dificuldades ainda de aprendizagem, são encaminhados ao EJA (Educação para Jovens e Adultos). Também são encaminhados para o trabalho, com acompanhamento e apoio da APAE. O presidente da APAE de Porto Alegre, Unírio Bernardi, se envolveu com a APAE quando o filho, Juliano, apresentou deficiência intelectual. Mudou-se para a capital em busca de melhor tratamento para o filho. Hoje, o administrador aposentado dedica seu tempo para auxiliar no trabalho da associação. “Tivemos um trabalho de muitos anos e que nos trouxe muitas glórias com nosso filho e decidi ajudar os outros nesse desenvolvimento”, afirma Unírio, ressaltando que cuida da parte administrativa, não da pedagogia da APAE. A esposa de Unírio, Elcira Bernardi, faz coro com o marido ressaltando a melhora na qualidade de vida de seu filho por causa dos atendimentos prestados pela APAE. “O Juliano nunca conseguiu aprender a ler e escrever, mas descobriu seu talento como artista plástico e já foi premiado e convidado para muitas exposições”, conta ela. Juliano ainda sonha em ter o processo de alfabetização bem sucedido. Engajado com a APAE tanto quanto os pais, ele fundou e preside até hoje o primeiro Grêmio Estudantil das APAEs de todo o Brasil. Para Elcira, um dos grandes problemas enfrentado pelos deficientes é a falta de compreensão dos próprios pais sobre suas limitações. “A escola sozinha não dá conta, é preciso que os pais assumam seu papel e acreditem no filho, concedendolhes o direito de um tratamento adequado e incluindo-o socialmente”, afirma ela. O processo de inclusão social destes jovens continua acontecendo diariamente em todo o mundo. Talentos descobertos, habilidades potencializadas e um mundo cheio de oportunidades é a missão a ser vencida diariamente. Os deficientes intelectuais seguem enfrentando suas necessidades e conquistando cada vez mais espaço. NOTAS NOTAS Parceria IERGS e UNIASSELVI O Instituto Educacional do Rio Grande do Sul, que já é Pólo credenciado pelo MEC pra realizar os cursos de graduação a distância da Uniasselvi (Centro Universitário Leonardo da Vinci) em Porto Alegre, firmou parceria de bandeira única com a Uniasselvi. Tendo como objetivo levar para todo o Rio Grande do Sul, os cursos de pós-graduação da Instituição. O IERGS passa a oferecer nesta parceria, cursos de Graduação EaD, Pósgraduação Presencial, Pós-graduação Semipresencial e Pós-graduação Online. “Contamos hoje com uma equipe de profissionais que irão realizar um trabalho de divulgação das Pós-graduações em todo o território do Rio Grande do Sul, com a possibilidade de levar os cursos para grandes centros ou pequenas cidades. Assim, levaremos o conhecimento para quem deseja se especializar” diz Silvana Hoegen diretora de Pós-graduação do IERGS. A Uniasselvi contratará para cada turma formada, um professor Tutor que irá dar acompanhamento aos alunos. O professor especialista que tiver interesse em estar ajudando a organizar os cursos em sua cidade e se tornar um professor/tutor deverá encaminhar seu currículo para o email: [email protected], com o Título: PROFESSOR PÓS EAD. Pós-graduação presencial Encontros semanais ou quinzenais com professores doutores, mestres e especialistas. O aluno recebe o material didático em cada início de disciplina. Pós-graduação Semipresencial Encontros mensais com professores doutores, mestres e especialistas. O aluno recebe o material didático em cada início de disciplina. Pós-graduação online Aulas realizadas pelo computador, via online. Com acompanhamento de professores. O aluno recebe o material didático impresso e um CD em cada início de disciplina. Maiores informações: www.iergs.com.br Evasão Escolar Censurado O livro “Mamãe, como eu nasci?” foi censurado em toda a rede pública da cidade de Recife. O motivo, segundo a administração municipal, o livro escrito em 1988, pelo sexólogo Marcos Ribeiro, é considerado sexual demais. O compêndio, rico em ilustrações, foi criado para auxiliar pais e educadores na discussão sobre a sexualidade sem tabus, com uma linguagem clara e destinada para a faixa etária de sete a dez anos. Conheça as modalidades dos cursos: PROUNI O Programa Universidade para Todos (ProUni) já possui mais de quatro mil comissões de acompanhamento social espalhadas em universidades de todo o país. Com o objetivo de fiscalizar e aprimorar o programa, as comissões tem como meta aumentar a participação de estudantes, professores, coordenadores e representantes do programa nas instituições e sociedade civil. Famílias de 40 mil alunos que são favorecidas pelo Bolsa Família deverão receber punição ou perder o benefício. Isso porque estes estudantes, que tem entre 6 e 17 anos, não vem frequentando a escola normalmente. O MEC, afirma que a maioria dos casos de evasão escolar se deve ao desinteresse do próprio aluno em ir para a escola. Cerca de 18% do abandono tem o descaso com o ensino como motivo principal, e quase 10% dos alunos deixaram de frequentar a escola por causa do descaso dos pais. São mais de 6.540 famílias propensas a perder o Bolsa Família por descumprirem normas como a frequência mínima. No total, mais de 170 famílias já perderam o auxílio por esse motivo. 05 AMBIENTAL AMBIENTAL Cuidando do meio-ambiente D evido às catástrofes naturais que acontecem mundo a fora por culpa da falta de cuidado com o planeta, as escolas vêm dedicando mais tempo para aulas de educação ambiental e projetos que envolvam a sustentabilidade. A importância de encontrar soluções para os problemas ambientais que assolam o mundo atual é apresentada para as crianças ainda em fase escolar, com o objetivo de torná-los adultos mais conscientes. Várias escolas de Porto Alegre já possuem programas voltados ao incentivo dos jovens em cuidar do planeta. A própria SMAM (Secretaria Municipal do Meio Ambiente) desenvolve projetos de capacitação de monitores ambientais tanto para alunos quanto professores. O Ceai (Centro de Educação e Formação Ambiental) coordena as ações de educação ambiental da SMAM. Entre elas, está o projeto “Porto Alegre, Cidade da Educação Ambiental”, lançado em junho de 2005 durante a 21ª Semana do Meio Ambiente, realizada na capital gaúcha. A campanha permanente envolve toda a sociedade. A escola municipal de educação infantil Jardim de Praça Pica-Pau Amarelo promoveu no mês de maio uma ação ecológica para plantar sementes de Crotalária, 06 que dentre outros mosquitos, espanta também o causador da dengue. Periodicamente a escola promove trabalhos com o objetivo de desenvolver a consciência ecológica das crianças. Porto Alegre também já tem o projeto de criação da sua primeira creche sustentável. Criada pela Companhia Carris Porto-Alegrense, em convênio com a SMED, a creche de 800 metros quadrados deverá atender 120 crianças. Esta deverá ser a primeira da série de obras com indicadores sustentáveis, além de adaptar prédios mais antigos para que valorizem mais o meio ambiente. O trabalho de preservação do planeta é contínuo. Escolas do mundo inteiro vêm investindo cada vez mais na consciência ecológica de seus alunos para que, no futuro, continuem a gozar da qualidade de vida que têm hoje! APRENDIZAGEM APRENDIZAGEM Alfabetização: letra de forma ou letra cursiva? D eve-se ou não exigir que as crianças escrevam com letra cursiva? A letra cursiva que era obrigatória e incentivada com o uso dos já raros cadernos de caligrafia, hoje divide opiniões de especialistas e professores em debate sobre o uso da letra de fôrma na alfabetização dos pequenos. O assunto ainda é bastante controverso. Enquanto alguns educadores defendem o uso do estilo de escrito que seja de mais fácil adaptação dos alunos, outros reafirmam a importância da letra cursiva. O debate sobre a alfabetização ganha também a atenção de neurocientistas como Norman Doidge, que defende que a escrita cursiva, por exigir mais esforço, ajuda as crianças a adquirir fluência. Ao mesmo tempo, pesquisadores afirmam que, a partir do momento que a letra cursiva cair em desuso por parte dos educadores, outras habilidades cognitivas substituirão esta. A letra de fôrma, chamada popularmente de “bastão”, dá maior liberdade para as crianças. O fato de não ter que reunir as letras facilita o processo de alfabetização. A palavra “emendada” acaba sendo rejeitada pelas crianças que ainda estão reconhecendo cada letra e o som que elas produzem. Para a Psicopedagoga Leila Bambino, a escola deve sempre ter em mente a inclusão dos alunos com dificuldades para escrever cursivamente. “O objetivo da linguagem escrita é a comunicação de idéias”, afirma ela, ressaltando que não importa de que forma esta idéia seja transmitida. Se a letra cursiva é tão difícil e já caiu em desuso nos últimos anos, porque dedicar tanto esforço? Muitas vezes as próprias crianças despertam o desejo de aprender a escrever deste modo, pois querem fazer como os adultos. Para se auto-afirmar, preocupam-se em compreender como a escrita cursiva funciona. Leila afirma que os próprios alunos solicitam escrever com a letra “pegada”. “Eu particularmente não exijo a letra cursiva, pois acho que o objetivo de alfabetizar se perde no esforço de uma letra redondinha!”, relata. Para a professora Raquel Lujan especialista no assunto, é importante não impedir esse avanço que parte dos próprios alunos. “A escrita cursiva destes alunos pode incentivar os demais educandos a buscarem este conhecimento”, diz ela. Criados em uma geração com televisão, computador e livros, a letra impressa acaba sendo presente na vida das crianças mesmo antes do processo de alfabetização. Por isso mesmo, reconhecê-las se torna mais fácil e o trabalho dos educadores mais tranqüilo. Entendendo as necessidades de cada criança, a comunicação entre professor e aluno fica mais fácil. A finalidade da escrita deve ser alcançada no período dedicado à ela, não importa de que forma ela seja colocada no papel pelos pequenos, sem inibir o processo de aprendizado das crianças. Respeitar seu desenvolvimento motor e visual é que deve ser o objetivo dos educadores. Para Vera Fon- seca criar grupos para incentivar as habilidades de cada um é imprescindível. “Divido a turma entre os que aprenderam apenas as letras e os que já aprenderam a trabalhar com sílabas e crio jogos para que cada um se desenvolva a seu tempo, respeitando o limite de cada um”, conta a educadora. À partir do momento que o infante domina a escrita de fôrma, o desafio de aprender a letra cursiva parte dele mesmo. Ávidos por conhecimento, os próprios alunos desejam entender este tipo de escrita. E é neste momento que a alfabetização se dará por completo. 07 ESPECIAL ESPECIAL Homossexualidade na escola C om o passar dos anos, os adolescentes vêm explorando cada vez mais sua sexualidade e, consequentemente, descobrindo mais cedo sobre suas preferências sexuais. Jovens vêm assumindo sua homossexualidade cada vez mais cedo e isso tem repercutido também nas escolas. Segundo Ângela Cardoso, mestre em educação, as escolas ainda são muito homofóbicas. Tanto os alunos quanto os professores ainda não aprenderam a lidar com esta situação. “A escola ainda é o local que não aceita que certos assuntos sejam trabalhados”, afirma. O diálogo, fundamental no ambien- te escolar, acaba sendo deixado de lado quando o assunto é o homossexualismo. Apesar de alguns professores já tomarem a iniciativa de falar a respeito e esclarecer as dúvidas dos alunos sobre a opção sexual de cada um, ainda não é possível que isso seja feito de maneira que os estudantes aceitem os colegas homossexuais assumidos. Gays e lésbicas adolescentes enfrentam diariamente a hostilidade dos colegas. Andressa Andrade, estudante de jornalismo, passou por isso na escola. Aos 15 anos seus pais descobriram que ela era homossexual e não aceitaram. Após a estudante trocar de escola para ser afastada dos amigos que aceitavam sua opção se- xual, ela se viu sendo hostilizada pela nova turma. “Alguns até aceitaram, mas muita gente me ignorava ou fazia piadas a meu respeito”, afirma. Quando começou a se entrosar, foi trocada de escola novamente pelos pais. Foi então que teve acompanhamento psicológico. “Minha mãe falou com a diretoria e me encaminharam para uma psicóloga”, diz Andressa. A recusa dos pais em aceitar a homossexualidade dos filhos é um grande problema enfrentado pelos jovens. E, quando hostilizados pela própria família, o convívio com os amigos acaba sendo a válvula de escape que precisam. Foi o que aconteceu com Laís Mendonça. A estudante descobriu que estava apaixonada por uma amiga aos 14 anos. Foi repreendida pela então melhor amiga heterossexual, que cortou os laços de amizade por um bom tempo. Mas ela tinha um amigo também homossexual que foi em quem se apoiou antes e depois de assumir para sua mãe sua opção sexual. Quando decidiu contar para a mãe, Laís acabou ficando de castigo e teve os horários controlados. Muito tempo depois, as duas conversaram e decidiram não contar ao pai dela, que até hoje, mais de cinco anos, ainda não sabe da homossexualidade da filha. “ Mas na escola ainda há um tabu e os próprios professores acreditam que não devem focar no assunto, porque é responsabilidade da família ” Daniela Villar e Andressa Andrade 08 Para Ângela Cardoso, grande parte dos pais ainda colocam essa responsabilidade de lidar com o tema na escola. “Mas na escola ainda há um tabu e os próprios professores acreditam que não devem focar no assunto, porque é responsabilidade da família”, afirma. ESPECIAL ESPECIAL Já a fotógrafa Daniela Villar, namorada de Andressa e que tem uma filha de nove anos, afirma que os pais são os principais responsáveis pela sensação de desamparo destas crianças. Daniela diz que antes a escola e a família faziam um trabalho conjunto para auxiliar as crianças, mas as instituições estão, cada vez mais, passando a responsabilidade para a família. “A escola também tem que educar e dar apoio aos alunos, que muitas vezes nem querem mais ir à escola por medo das agressões!”, conclui. Lésbica assumida também para a filha, ela diz que a menina assume para os colegas que a mãe é homossexual, mas que não sofre represálias por conta disso. “ A escola sem preconceitos é algo que vêm se construindo, e os jovens muitas vezes aceitam a homossexualidade muita mais do que os professores ” Ângela Cardoso afirma que os alunos já estão ficando mais aptos a debater sobre o homossexualismo do que os próprios educadores. “A escola sem preconceitos é algo que vêm se construindo, e os jovens muitas vezes aceitam a homossexualidade muito mais do que os professores”, diz ela, afirmando que os professores homossexuais também sofrem represálias por parte dos colegas. Tanto Andressa quanto Laís, acabaram sendo transferidas de escola por conta da homossexualidade. Andressa na terceira escola, encontrou o apoio da psicóloga. Laís trocou da escola com os colegas que a aceitavam (mas não tinha apoio psicológico) por outra, onde então se viu hostilizada pelos estudantes e apoiada pela instituição. “O psicólogo sempre questionava como eu estava me sentindo e oferecia ajuda”, diz ela. A transferência de escola, desta forma, pode ser tanto negativa quando positiva para os jovens que sofrem pelo preconceito. Isso porque, apesar do afastamento dos amigos, alguns jovens acabam encontrando na nova escola um apoio para lidar com sua homossexualidade perante a sociedade. Ainda é necessário evoluir muito na luta contra o preconceito no ambiente escolar. E, apesar da homofobia nas escolas, os homossexuais vêm conquistando cada vez mais a compreensão dos pais, colegas e professores. Como agir com um aluno homossexual Muitos professores têm dúvida de como agir com um aluno homossexual na sala de aula. De acordo com a Psicóloga Silvana Hoegen, a primeira atitude é entender que o homossexualismo sempre existiu, sobretudo entre adolescentes. A partir disso, procurar ganhar a confiança do aluno ou aluna para que sinta no professor um aliado com quem pode conversar. A segunda medida é oferecer apoio no caso de perceber que o aluno ou a aluna demonstram necessitar deste tipo de atenção. Esses jovens geralmente vivenciam profundos conflitos pessoais e sociais, por muitas vezes serem rejeitados e não aceitos pela família e pelos colegas. A escola deve proteger este jovem homossexual contra agressões físicas e verbais que possa acontecer no ambiente escolar. Outra medida interessante é discutir em sala de aula questões referentes ao preconceito e a discriminação, numa perspectiva crítica e histórica, com vistas a uma postura contrária ao preconceito e a discriminação de qualquer espécie, para que assim, sejam solidários com seus colegas, ditos “diferentes” – sejam membros de minorias étnicas, sexuais ou ostentem deficiência física. Visualizando sempre que é no contexto escolar que se aprende a respeitar o outro, é onde se constroem os valores; onde se desenvolvem os hábitos e as crenças que são transmitidas de membro a membro aponta a Psicóloga. 09 APRENDIZAGEM APRENDIZAGEM Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) U m dos grandes desafios para os professores é lidar com os problemas de aprendizagem causados por transtornos neurológicos. O TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) é um desses problemas que acabam aparecendo principalmente quando a criança ingressa na escola. O TDAH é um transtorno causado por um comprometimento neurológico. Por mais que os sintomas já apareçam antes da sala de aula, em grande parte dos casos são os professores que percebem as dificuldades desses alunos, vendo que eles não conseguem se concentrar nas atividades propostas. “ Quando a gente fala de hiperatividade, que é essa agitação toda, devemos lembrar também que temos casos de hiperativos que conseguem ter atenção e produzir em uma determinada tarefa ” Segundo Dr. Gilson de Almeida Pereira, psicopedagogo e professor de Pós-graduação do IERGS, é importante ressaltar que o TDAH trata de duas coisas distintas: a hiperatividade e o déficit de atenção, que não vêm necessariamente acompanhados. Alguns hiperativos conseguem ter atenção em determinadas atividades desde que tenha acompanhamento para isso. “Quando a gente fala de hiperatividade, que é essa agitação toda, devemos lembrar também que tem casos de hiperativos que conseguem ter atenção e produzir em uma determinada tarefa”, afirma Dr. Gilson. Já o déficit de atenção é caracterizado pelas crianças que se distraem facilmente com detalhes do ambiente em que está ficando em um universo paralelo à sala de aula. “Ela não consegue estabelecer uma relação de memória com o universo escolar, de ambiente, de espaço, de motricidade”, diz o especialista. Por conta disso, ela necessita de um acompanhamento neurológico bem como um trabalho triangulado com os pais e o psicopedagogo, que é quem vai auxiliar os professores nas atividades que esse sujeito deve desempenhar na escola. Vale ressaltar que quando falamos de hiperatividade, destacamos pessoas que tem dificuldade com limites. Por conta disso, muitas vezes essa criança já tem a auto-estima baixa, porque são considerados indisciplinados pela família, por não tolerar determinados compor- 10 tamentos. Os próprios colegas e professores já perderam a paciência com esse sujeito que também está em sofrimento por conta dos transtornos neurológicos que sofre. Após o diagnóstico do neurologista, para um melhor desenvolvimento desses alunos, os professores são orientados a realizar atividades mais curtas para que a criança consiga desenvolvêlas até o final. Trabalham também com premiações afetivas, para que eles recuperem a auto-estima. Essas premiações são uma bandeira de um jogo, uma pontuação especial, um cartão com mensagem de incentivo ou um carinho dos colegas e professores. “Desta forma, ele são estimulados a ir até o fim e saem da sensação de incapacidade diante das atividades propostas”, relata Dr.Gilson. Para o psicopedagogo, é importante entender que, quando estes dois transtornos caminham juntos, é como um motor de carro que não pára nunca, nem ao dormir. Estas pessoas não conseguem entrar em repouso e descansar. Por isso a importância de se compreender que, mais do que um inconveniente em sala de aula, esses alunos sofrem com um transtorno que não conseguem controlar. “ Tenho medo quando alguns colegas professores vêm me dizer que metade da sua turma é hiperativa. Alguns ainda têm como ideal de aluno como aquele aluno múmia, que não se mexe! ” Com crianças e adolescentes cada vez mais agitados, um dos grandes problemas é que professores rotulam seus alunos de hiperativos sem um diagnóstico correto. “Tenho medo quando alguns colegas vêm me dizer que metade da sua turma é hiperativa. Alguns ainda têm como ideal de aluno aquele que não se mexe!”, diz o psicopedagogo, ressaltando mais uma vez que aluno agitado não é aluno hiperativo e aluno que não presta atenção não têm necessariamente déficit de atenção. Porém, os professores não são culpados disso. Para o psicopedagogo, os educadores saem despreparados dos seus cursos de formação para lidar com tais dificuldades de aprendizagem. A educação continuada é o que ajuda, alguns a lidar e aprender a trabalhar com tais problemas. Dr. Gilson de Ameida Pereira O grande conselho para os professores, por parte dos psicopedagogos, acaba sendo o diálogo com os pais, fundamental para o bom encaminhamento do trabalho. Além disso, falta aprender que não adianta falar mal ou punir o sujeito, que tanto já sofre com suas limitações. O professor como educador, deve ser também um incentivador. “ O próprio professor pode contornar esses problemas com as atividades em sala de aula, já que não é necessário tratamento médico para esse caso ” Gilson Pereira afirma que existe mais uma modalidade de aprendizagem: a hiperassimilação, que tem características parecidas com a hiperatividade, mas que não é detectado por neurologistas. Nesta modalidade, apesar da agitação, percebese que os sujeitos conseguem aprender, fazendo muita coisa ao mesmo tempo, mas assimilando tudo. “O próprio professor pode contornar esses problemas com as atividades em sala de aula, já que não é necessário tratamento médico para esse caso”, afirma ele. Ter modalidades de ensino que abrangem estes vários tipos de inteligência seria o modo mais fácil de contemplar todos os alunos em uma mesma aula. “A escolha didática e pedagógica deve ser voltada para todos os tipos de aluno”, finaliza o especialista. APRENDIZAGEM APRENDIZAGEM P ara auxiliar no ensino, muitos professores utilizam jogos e brincadeira como uma das principais metodologias. Muito além da diversão, usar o lúdico em sala de aula auxilia no desenvolvimento das crianças e na sua total interação com o ambiente de ensino. Desde seu magistério, a professora de pós-graduação e mestre em educação Denise Severo passou a se interessar por essa metodologia de ensino. “Sempre gostei de brincar, e utilizei esse método por entender que desta forma os alunos também participariam mais das aulas”. Segundo ela, a grande preocupação era então entender como as crianças brincam, do que elas brincam e que importância essa atividade tem em suas vidas, para assim compreender melhor a importância do lúdico na criação do sujeito psíquico e social das crianças e adolescentes. A interação social é o grande trunfo das brincadeiras em sala de aula. Os alunos passam a prestar mais atenção na matéria para que possam ter melhores resultados nos jogos. Além disso, o convívio com os colegas também melhora. Para Denise, por ser uma atividade livre e permeada pela busca do prazer, os jogos fazem com que as crianças aprendam sem notar. Esse processo facilita a aproximação de alunos que, por vezes, parecem distantes. “Aquele aluno que às vezes tem um distanciamento do conteúdo da sala de aula, das próprias regras dentro do ambiente escolar, começa a ter vontade de aprender através do jogo”, afirma a especialista. Porém, nem tudo é diversão. É necessário que exista equilíbrio dentro de sala de aula entre os momentos de brincar e de estudar. Apesar de o jogo ser uma das maneiras mais fáceis de conquistar a atenção dos alunos, há momentos em que a aula deve seguir o padrão didático. “Usamos os jogos para mostrar as regras e trabalhar a questão da importância dos momentos de prestar atenção, momentos que é necessário ficar quieto, e os momentos em que pode brincar e interagir com os colega”, diz Denise. Saber pontuar com as crianças este equilíbrio é imprescindível para o bom andamento das aulas e um melhor processo de aprendizado. Mas não só as crianças são beneficiadas pelos jogos educativos. Todas as faixas etárias devem receber essa forma de estímulo de aprendizagem. “O jogo é bem vindo tanto na educação infantil quanto na pós-graduação”, avisa Denise. Obviamente conforme o passar dos anos, os momentos lúdicos vão sendo deixados de lado, mas é preciso que momentos de descontração aconteçam. Vale ressaltar também que cada faixa etária tem seus jogos mais indicados, de acordo com o período do aluno. Nos primeiros anos de vida, no período sensório- motor, os jogos mais indicados são os que envolvam o desenvolvimento da descoberta através do toque e manuseio dos objetos. Entre os dois e sete anos de idade, período pré-operacional, são os jogos simbólicos os mais indicados. Neles, as crianças brincam de faz-de-conta. Quando entram na préadolescência, passam então a praticar os jogos de regras. A psicopedagoga reafirma a importância dos jogos em sala de aula, enfatizando o auxílio dessa modalidade de ensino para que as crianças consigam reverter suas dificuldades. “Usamos o jogo para que ela consiga vencer os problemas de aprendizagem que tem!”, finaliza Denise, concluindo assim a importância deste recurso pedagógico. 11 APRENDIZAGEM APRENDIZAGEM Novos horizontes a partir da socialização PÓS-GRADUAÇÃO: Gestão Pública e Planejamento* Auditoria Contábil e Controladoria Engenharia da Produção Psicologia Organizacional e do Trabalho MBA A formação de grupos no ensino médio já é conhecida e debatida há muitos anos. As famosas “panelinhas” acabam reunindo jovens com interesses em comum e que se identificam em meio ao ambiente escolar. Construir relações de amizades e companheirismo é uma situação que fica ainda mais evidente durante o ensino médio, quando os alunos deixam de ser amigos pela “brincadeira” e passam a procurar por pessoas capazes de entender seus sentimentos e dar apoio nas horas de crises juvenis. Um dos grandes desafios para os educadores é socializar os alunos, para que possam então conviver e aprender com os demais colegas, também ricos de histórias e conhecimentos a serem transmitidos. É natural que o ser humano busque no outro alguém parecido com ele, mas restringir à estas pessoas o seu convívio no ambiente escolar é perder a oportunidade de evoluir ainda mais. Formadas por estereótipos, as panelinhas na escola acabam prejudicando também alguns alunos que sofrem com a timidez e tem dificuldades para interagir socialmente, atrapalhando inclusive o processo de aprendizagem para estes sujeitos. Trabalhar o entrosamento do grupo é um grande desafio para os educadores. Trazer o aluno para dentro da sala de aula e colocá-lo frente à frente com outras visões e perspectivas é a missão destes professores que buscam um desenvolvimento melhor destes alunos. Vale lembrar que quanto mais tarde esse trabalho é iniciado, mais difícil se torna. Isso porque com o passar dos anos, os 12 grupos vão ficando cada vez mais fechados dificultando para que novos membros se aproximem. A liderança pedagógica da escola deve cuidar para que estes jovens tenham uma maior abertura para os alunos que buscam incluir-se nos grupos já formados anteriormente. A harmonia na convivência escolar, a ser buscada incessantemente, gera bons resultados. A interação de alunos com visões opostas e anseios diferentes enriquece o ambiente escolar ao qual estão inseridos. A formação de grupos sociais deve continuar a ser o apoio dos adolescentes, mas eles precisam também conviver com outros perfis para quem possam então desenvolver-se por completo. Gestão Ambiental Marketing e Vendas Gestão de Pessoas Gestão em Logística Empresarial Gestão Estratégica Empresarial Gestão Financeira e de Custos Investimento 18 x R$ 258 ,00 * 18 X R$ 280,00 Módulos Internacionais Chile, Argentina e Equador PÓS-GRADUAÇÃO INFORMAÇÕES 51 3061.7040 www.iergs.com.br [email protected] CENTRO - PORTO ALEGRE SAÚDE SAÚDE OBESIDADE INFANTIL: Encarando o problema Fonte: www.obesidadeinfantil.org U m dos grandes problemas da nova geração, criada à base de pizzas, hambúrgueres e guloseimas em geral, é a obesidade infantil. Com o aumento preocupante do número de crianças que apresentam o problema, a escola vem se tornando um ambiente ideal para o auxílio na reeducação alimentar dos pequenos. Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, 15% das crianças brasileiras sofrem desse mal. Caracterizada pelo excesso de gordura corporal, a obesidade infantil pode acarretar problemas muito mais graves no futuro. Isso porque crianças fofinhas tendem a tornar-sem adultos obesos. E com isso, muito além da estética, problemas como diabetes e hipertensão acabam aparecendo precocemente. O sedentarismo, um dos maiores culpados pela obesidade, é um dos principais inimigos combatidos no ambiente escolar. As aulas de educação física, somadas às brincadeiras, vem para promover a qualidade de vida e incentivar à movimentação do corpo. Os bons hábitos alimentares estão sendo estimulados nas escolas. Lanches saudáveis são estimulados pelos educadores, que percebem em seus alunos a cultura do refrigerante, frituras e tantos outros alimentos que induzem ao ganho de peso de forma excessiva. Algumas escolas já restringem à suas cantinas apenas alimentos saudáveis. Mas, e quando a criança traz o lanche gorduroso de casa? Algumas escolas proíbem determinados tipos de alimentos, mas nem sempre há um consenso sobre isso entre pais e educadores. Segundo a nutricionista Maria Luiza Camargo, apesar de representar apenas 15% da alimentação diária da criança, o lanche na escola deve sim ser analisado e consumido de forma saudável e sem exageros. Maria Luiza alerta que nem sempre é preciso fazer a criança perder peso. “Uma alimentação rica e controlada que faça com que a criança apenas mantenha o peso enquanto aumenta sua altura já é uma grande vitória, visto que, desta forma, ela em breve irá se enquadrar no peso ideal para sua idade e estatura”, afirma a especialista. Enquanto isso, os trabalhos nas escolas não param. Professores e pais se unem para que as crianças animadas do presente continuem a ter toda essa energia e qualidade de vida no futuro. 13 EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO Q uando pensamos em universidade, sempre vem a mente um ambiente onde será possível aprender ou aprimorar nossos conhecimentos. Para que isso aconteça, é necessário que exista bons professores lecionando por lá. Os professores universitários são cada vez mais exigidos dos alunos e da sociedade, por ser a peça chave de interação entre o aluno e o conhecimento. O MEC exige que o candidato a professor de ensino Superior tenha no mínimo uma especialização Lato Sensu, na área de conhecimento que vai lecionar. Por conta disto, a educação continuada deve ser sempre um mandamento para os professores, para que possam aprender e aprimorar sua metodologia pedagógica. Os professores universitários necessitam estar comprometidos com seus alunos. Por mais que um professor domine um assunto, é necessário que esteja engajado com as questões pedagógicas que a docência superior impõe. O professor precisa chegar à sala de aula com domínio e profundidade dos conhecimentos teóricos e conhecimentos práticos a respeito de métodos de ensino e do campo de atuação profissional na área e matéria que irá ensinar. Segundo Raquel Engelman, coordenadora de MBA do IERGS/UNIASSELVI, a prática pedagógica no ensino superior deve 14 ser encarada com seriedade. “É necessário que o professor adquira posturas e comprometimentos com um processo que ensine para a autonomia do acadêmico, que precisará se desenvolver para encarar a realidade prática por sua própria conta”, afirma ela. Na seleção de profissionais que atuarão na instituição de ensino onde Raquel coordena, além da titulação do profissional as qualificações acadêmicas são avaliadas baseadas em três princípios fundamentais: 1. Conhecimento disciplinar: domínio do conteúdo teórico e científico, humanístico ou tecnológico das disciplinas da área curricular de docência. 2. Prática profissional: ter exercido na prática, em empresas ou outras organizações e instituições, a atividade da área em que irá ministrar. 3. Habilidades pedagógicas: importância das relações interpessoais entre professores e alunos no processo ensinoaprendizagem, ressaltando o contexto afetivo e emocional na interação em sala de aula; prática em sala de aula. O debate sobre o tema é complexo. Enquanto a lei permite que professores sem experiência ingressem em universidades, o mercado já exige conhecimentos em metodologias de ensino. Desta forma, o profissional que pretende de fato seguir a carreira de docência superior precisa buscar a especializações constantemente. O professor universitário é ainda mais exigido no que diz respeito a conteúdos e experiências teóricas e práticas. E, por isso, deve ser um eterno estudante, em busca de conhecimentos para levar seus alunos.