História do teatro - Agrupamento de Escolas de Fajões

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27 de março – Dia Mundial do Teatro
História do teatro
O Teatro até à Idade Média
O teatro é uma das mais
antigas expressões artísticas do
Homem, que sempre lhe dedicou
espaços arquitetónicos notáveis,
principalmente na Época Clássica e,
depois, no Renascimento, até aos
nossos dias. Pode ter nascido já no
III milénio a. C., no Antigo Egito,
com as celebrações em torno dos
momentos marcantes da figura do
faraó, principalmente naquilo que o
divinizava ou fazia dele senhor das
suas terras e súbditos. Esta
sacralidade vigorará na Antiguidade
Clássica, quando se representavam
as façanhas dos deuses, como
Teatro grego (Atenas)
Dioniso, ou tragédias e episódios da
criação do Homem e do mundo.
Recorde-se que o termo teatro para os Gregos, como para os Romanos, designava o espaço cénico
e o espaço da assistência, o conjunto arquitetónico onde se desenrolariam géneros como o drama
ou tragédia, a comédia, os enredos, etc.
A tragédia foi o género que mais cedo ganhou notoriedade, porque era considerado também
o único representável, como renovação do indivíduo através da morte ou do sofrimento. Os maiores
autores de tragédias foram os atenieneses do século V a. C. Ésquilo, Sófocles e Eurípides. Fatalista,
heroico, musical também, convidativo à meditação e à filosofia, para Ésquilo era o coro o principal
elemento cénico na obra teatral. Sófocles surgiu já como um tragediógrafo mais próximo do ideal do
cidadão, conciliando poesia, política, ideais de cidadania e espírito atlético, numa versão mais
humanizada da tragédia. Ambos os autores se mantiveram sempre dentro do cânone da tragédia, o
que já não fez Eurípides, mais revolucionário e vanguardista, pois pretendia, por exemplo,
desagrilhoar o indivíduo da religião e das instituições. Veio depois a comédia, com Aristófanes, por
exemplo, mas como instrumento de sátira e crítica do mundo, de idealismo político e vivencial.
Depois do século IV, surgiria a "nova comédia", com Filémon e Menandro, mais trivial e divertida,
como fariam os Romanos com o grande Plauto, um criador de géneros cómicos, mas sempre crítico
e reflexivo.
Na Índia, onde o teatro engloba também a dança, a expressão corporal e o canto, a
representação servia principalmente para relatar epopeias e histórias das origens, num esplendor
de expressões e sentimentos. A canção e a dança eram também importantes no teatro da China
antiga. O argumento tinha pouca importância, valendo mais as cenas em si, com o seu movimento.
No Japão, é de realçar o teatro de marionetas, frequente a partir do século XVIII.
No Ocidente, entretanto, com a queda do Império Romano, também o teatro desapareceu até
perto do ano mil, altura em que surgiram os jograis itinerantes com as suas canções e enredos
cómicos e satíricos. Mas o teatro religioso foi aquele que mais marcou a Idade Média, tendo tido a
sua origem nos dramas litúrgicos em Latim, que eram talvez representados nas escolas
catedralícias ou monásticas por mestres e estudantes. Os clérigos, nas grandes festas religiosas,
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representavam estes dramas nos santuários, o que é assinalado desde o século XI na Alemanha,
França e Inglaterra. O século XI trará as línguas vulgares e o profano ao teatro medieval, nos adros
das igrejas com atores laicos a representar. Estamos no tempo dos mistérios (temas do Antigo ou
Novo Testamentos), dos milagres (das vidas de santos), dos autos, das
moralidades (os temas mais recorrentes eram a morte, o desejo e a fé),
dramas onde muitas vezes surgiram temas escatológicos e milenaristas (por
exemplo, o Jogo do Anticristo, da Baviera do século XI, ou Esposo, drama
francês do século XII). Recordem-se nomes como os do francês do século XV,
Arnoul Gréban (o seu Mistério da Paixão demorava quatro dias a representar
e tinha mais 35 000 versos!), ou de Duzentos, o também francês Rutebeuf,
com o seu Milagre de Teófilo. A Idade Média também tinha "teatro" cómico,
com as farsas. Em Portugal, surgiu, em finais do século XV e meados da
Gil Vicente
centúria seguinte, o teatro de Gil Vicente, de gosto medieval mas, de certa
forma, de temática profana já renascentista.
O Teatro do Renascimento às Luzes
O Renascimento, de facto, foi a idade de ouro do teatro europeu.
Apesar das limitações ao profano que o Concílio de Trento logo em 1548
tentou impor, o teatro perdeu a sua quase exclusiva componente sacra
da Idade Média. Assumiu-se cada vez mais como "teatro popular", mas
já mais "profissionalizado", com a comédia separada da tragédia e com
os autores a ganharem importância e independência criativa. O carácter
sacro não se perdeu, porém, principalmente em Espanha (com os seus
autos sacramentales). A comédia ganhou novo alento na Itália, graças à
Shakespeare
influência do folclore, assistindo-se ao apogeu da commedia dell´arte,
com a Pulcinella ou o Pantalone, que influenciaria imenso vários autores,
como, por exemplo, Molière. O teatro "nacional" desenvolveu-se, principalmente em Inglaterra e
Espanha, evocando as memórias antigas e os feitos e grandezas do passado, misturando o mundo
da cavalaria com os clássicos redescobertos. Isso mesmo pode ver-se em Shakespeare, um autor
do seu tempo e dos tempos antigos, com o seu Falstaff, por exemplo.
Os adros das igrejas eram entretanto substituídos por novos "palcos", mais profanos, mais
concorridos e com públicos mais diversificados: da estalagem às praças, das feiras aos salões reais.
Aparecem as companhias, os géneros, os guarda-roupas e cenários, e até lucro com os bilhetes das
peças, por via de investimentos importantes, mecenato ou atores particulares (reis, famílias...). Os
grandes autores deste teatro renascentista foram, para além de Shakespeare, Lope de Vega e
Marlowe, Beaumont, Fletcher ou Ben Jonson, entre outros.
O teatro não mais deixou de ganhar em fulgor e redescoberta, apurando-se géneros como a
comédia, principalmente, graças a autores como Marivaux e Beaumarchais, em França, ou Goldoni,
em Itália. A ópera, uma das grandes paixões do século XVIII, conferiu ainda mais força ao teatro. A
tragédia, que evoluiu mais para o drama e para o melodrama, declinou nos séculos XVII e XVIII, pois
mantinha ainda um profundo sentimento social e religioso. A tragédia heroica, de Corneille ou
Racine, será uma exceção a esse declínio.
Na segunda metade do século XVIII, com Voltaire, o teatro adapta-se à
sua época, simplificando-se cenicamente, em relação à ópera, principalmente.
Se o repertório é ainda o do século XVII, de Racine, Shakespeare, Molière, dos
espanhóis, os espaços são já diferentes, mais apropriados e dignificados
cenicamente, tanto em teatros como em palácios ou abadias imperiais (como
Einsiedeln, dos Esterházy). Entretanto, o século XVIII verá nascer dois novos
géneros, a comédia sentimental, com o irlandês Steele, e a tragédia doméstica,
com o inglês Lillo.
Molière
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O Teatro do Romantismo à atualidade
Almeida Garrett
O Romantismo irá, no entanto, pôr de lado os cânones barrocos e
rococós, conformistas e desadaptados aos novos tempos. O teatro romântico
ganhou notoriedade com figuras como Victor Hugo (Hernâni), Zorrilla (D.
Juan) ou Rostand (Cyrano), para além dos alemães Goethe e Schiller. Se os
primeiros revisitam valores antigos, figuras alegóricas e folclóricas, sob uma
nova roupagem nacionalista ou exemplaridade, os segundos partem para a
procura do Homem em se conhecer a si próprio. O teatro romântico chegou
também à Rússia, com Pushkin e o seu Boris Godunov. Em Portugal, destacase o mais notável exemplo de teatro romântico: Frei Luís de Sousa, de
Almeida Garrett (1843).
Surgirão, depois, o Realismo e o Naturalismo, em finais do século XIX,
com Ibsen, Tchekov ou Strindberg, Galsworthy e O´Casey. O indivíduo
libertava-se de amarras morais e éticas desadequadas aos novos tempos e à
condição humana, rompendo com determinismos estáticos e inertes,
valorizando-se como ser social. O Expressionismo, de certo modo
antirrealista em termos de teatro, surge no primeiro quartel do século XX,
baseado na valorização cénica como modo de reprodução de ideias, na
mecanização da sociedade e no repensar da importância do subconsciente e
da interioridade psíquica do indivíduo. A Alemanha foi o país onde o
Expressionismo teve maior força, com autores como Werfel, Kaiser ou Toller.
Tchekov
No Teatro Contemporâneo, cujo início pode coincidir com a Primeira Guerra Mundial, há que
recordar a comédia social, criticamente mordaz mas divertida, como se vê em Somerset Maugham,
Molnar e o magistral Bernard Shaw, com as suas figuras-tipo em confronto com as velhas e
deturpadas ideias românticas da sociedade. Depois virá Elliot, com valores renovados como o
heroísmo, a confiança e até a religião, ou até Miller e Tennessee Williams, nos EUA, e Garcia Lorca,
em Espanha, que valorizavam a realidade social e histórica nas suas obras. Em França, surgirão
Anouilh, Camus e Sartre, depois do "teatro psicológico e experimental" de Jean Cocteau ou Mauriac.
Os primeiros, autores existencialistas, privilegiavam a procura da personagem como sujeito de
decisões morais. Pirandello, em Itália, era uma referência nesta altura,
como os existencialistas Favri e Buzzati. Todavia, a maior figura do teatro do
século XX foi o alemão Brecht, que procurava a "desintoxicação do Homem".
Em Portugal, destaquemos, depois da Segunda Guerra Mundial, Alves Redol,
Jorge de Sena ou Bernardo Santareno, entre tantos outros autores da
questão social do Existencialismo. Entretanto, surgiu a Vanguarda, nos anos
50, com os ingleses Pinter, Osborne e Behan, com o seu teatro do realismo
social, que teve nos franceses Beckett (irlandês, mas escrevendo em
francês), Adamov e principalmente Ionesco (com o seu "teatro do absurdo")
Brecht
os seus maiores expoentes, que valorizaram a situação em detrimento do
carácter. Tardieu, Genet e Arrabal manterão vivo este teatro de Vanguarda em finais do século XX.
Entretanto, há que referir o teatro infantil, que desde sempre existiu, da China Antiga à
Inglaterra de finais do século XVI, mas que ganhará relevo com a importância que a criança
adquiriu no século XIX, principalmente nos regimes comunistas, como sucedeu na ex-URSS com o
célebre Teatro Infantil de Moscovo, dirigido por Natalie Satz na primeira metade do século XX.
Muitas outras companhias surgiram nesse século em todo o mundo, recriando velhos clássicos
como Peter Pan, Alice no País das Maravilhas e Branca de Neve, como não deixou de suceder em
Portugal, onde, como no resto do mundo, surgiram autores especializados em teatro infantil.
História do teatro. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. [Consult. 2014-03-27].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$historia-do-teatro>.
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