Brasil terá uma nova fronteira no mar para explorar minérios

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Brasil
terá
uma
fronteira
no
mar
explorar minérios
nova
para
Trabalhador observa peças retiradas do mar - ANDRE
COELHO / Agência O Globo
Por Danilo Fariello
Assim como já ocorre com o pré-sal, o Estado do Rio
poderá se tornar o coração da exploração de uma
nova fronteira marítima. Na segunda-feira, o Serviço Geológico
do Brasil (CPRM) e a Autoridade Internacional dos Fundos
Marinhos (Isba) – órgão ligado à ONU que regulamenta a
exploração na área internacional dos oceanos – assinam
contrato para o Brasil explorar uma área de três mil
quilômetros quadrados além da zona costeira, no meio do
Atlântico Sul, em águas internacionais. No Elevado do Rio
Grande, como se chama a formação rochosa no fundo do oceano a
1.500 quilômetros do Rio, o governo planeja, inicialmente,
conhecer a biodiversidade local e, futuramente, explorar
minérios raros e valiosos no fundo do mar.
O CPRM espera que a iniciativa estimule a criação de um parque
inovador com novas tecnologias e equipamentos de ponta para
auxiliar nas pesquisas, com empresas privadas, universidades e
cooperação com outros países. As expedições partirão das
instalações do CPRM no município do Rio.
– Há aqui a possibilidade de criação de um polo tecnológico,
não só de geologia marinha, mas de ecologia – disse Roberto
Ventura, diretor de geologia e recursos minerais do CPRM,
estatal ligada ao Ministério de Minas e Energia.
R$ 60 milhões do pac
Pela concessão, o Brasil vai se comprometer a investir pelo
menos US$ 11 milhões no período de cinco anos no conhecimento
da região. Com recursos do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC), o CPRM já investiu R$ 60 milhões para
mapear a região e encontrar os blocos mais promissores, em uma
área quase 50 vezes maior do que a que foi inicialmente
analisada.
Segundo Ventura, com o acordo, o Brasil passa a incorporar um
seleto grupo de países que detêm apenas 24 contratos com a
Isba atualmente para explorar áreas internacionais nos mares
do mundo, entre eles China, Noruega, Alemanha, Japão e Coreia.
O Brasil também será o primeiro país a ter direito de
pesquisar uma área do Atlântico Sul. Atualmente, apenas Rússia
e França têm áreas de pesquisa no Atlântico, mas na faixa
equatorial.
– Melhorar a infraestrutura brasileira não é só construir
estradas, usinas, ferrovias, mas encontrar conhecimento que
possa viabilizar o desenvolvimento econômico e a atração de
investimentos. A pesquisa em meio ambiente e geologia marinha
é um avanço nessa linha – disse Ventura.
A exploração de minérios no mar ainda tem custos elevados –
como o pré-sal, na origem – e gera uma grande preocupação
ambiental. As primeiras expedições do Brasil dentro do acordo
com o Isba vão justamente fazer um levantamento da
biodiversidade dos 150 blocos concedidos, para identificar as
áreas ambientalmente sensíveis. A ideia, segundo Ventura, é
estabelecer uma linha de base ambiental para o monitoramento
da região.
Mapa da região a ser explorada - ANDRE COELHO / fotos de
DIVULGAÇÃO
PRESENÇA ESTRATÉGICA
De acordo com os levantamentos iniciais, a área pode conter
novas formas de vida até agora desconhecidas e, abaixo do
solo, minérios de alto valor, como ferro, manganês, cobalto e
terras-raras (fundamentais para aparelhos de alta tecnologia,
como smartphones e tablets). Mas só a última etapa dos estudos
indicará a viabilidade econômica, ambiental e técnica da
exploração dos minérios. Ventura lembra, porém, que o petróleo
do pré-sal está muito mais profundo do que o local onde
ocorreria, inicialmente, a atividade de exploração mineral.
– A presença no Atlântico Sul é importante em termos políticos
e estratégicos, porque por ali passa a maior parte do nosso
comércio exterior, tem o pré-sal e muita atividade de pesca –
disse o capitão de mar e guerra Carlos Leite, representante do
Brasil na comissão técnica e jurídica da Isba.
MERGULHO DE 4 MIL METROS
Pelo compromisso, o Brasil também será obrigado a levar
pesquisadores internacionais à região, assim como técnicos do
CPRM já participaram de expedições em águas internacionais
capitaneadas por outros países. Segundo Ventura, a ideia do
Brasil é levar especialistas de países da África e de vizinhos
da América Latina, como forma de liderar essas pesquisas na
região meridional do planeta.
Depois de promover esse levantamento geológico pela CPRM, o
governo poderá conceder parte dos 150 blocos de 20 quilômetros
quadrados cada, para que uma empresa privada venha a exercer a
atividade mineral no Atlântico Sul. Há companhias brasileiras
que já se interessam pelo fundo do oceano. O Brasil recebeu em
julho deste ano, por exemplo, em Niterói (RJ), o navio
hidroceanográfico de pesquisa Vital de Oliveira, em um
investimento de R$ 162 milhões dividido por Petrobras, Vale,
ministérios de Ciência e Tecnologia e da Defesa e pela
Marinha. A Vale pagou R$ 70 milhões desse total.
O navio, de 3,5 mil toneladas, possui um robô que,
remotamente, pode mergulhar a até 4 mil metros de profundidade
para buscar objetos no fundo do oceano e detectar recursos
minerais em águas profundas. As profundidades do Alto do Rio
Grande variam entre 800 e quatro mil metros.
FONTE: O Globo
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