Reabilitação de uma cúpula do século XVI sujeita a sério risco de ruína DAMSTRUC 2000 Thomaz Ripper José Paulo Costa Carlos Mesquita Historial • O edifício do Teatro Lethes, situado ao centro da cidade de Faro, no Algarve, ao sul de Portugal, começou por ser um colégio de Jesuítas. A sua construção iniciou-se em 1605; • Em 1773, com a extinção da Companhia de Jesus, o imóvel do velho colégio de Faro ficou à mercê dos desígnios da Coroa; • Em 1845 o imóvel foi adquirido pelo Dr. Lázaro Doglioni, médico de origem veneziana, com a declarada intenção de construir em Faro um teatro orientado para o “bel canto”, um templo profano ao qual deu o nome de Teatro Lethes. • Em 1951 os herdeiros do Dr. Doglioni venderam o teatro à Cruz Vermelha Portuguesa, em cuja posse ainda hoje se mantém, se bem que alugado à Secretaria de Estado da Cultura. O teatro ficou desactivado por mais de 50 anos, sendo hoje uma construção classificada pelo Estado Português. A arquitectura é religiosa – civil, maneirista e ecléctica. As Anomalias Estruturais • A abóbada de berço, constituída por alvenaria de tijolo cerâmico argamassado, apresenta deformações e fendas importantes na zona do palco; • De uma forma geral, as argamassas revelam alguma falta de coesão e contém elevada quantidade de nódulos de cal não dissolvidos, indiciando alguma falta de qualidade na confecção das argamassas . A estrutura deformada - a parede esquerda tem um desaprumo (10 cm), que levou ao abatimento significativo da abóbada (30 cm). A Modelização da Estrutura • a análise estrutural desenvolvida concentrou-se na caracterização do comportamento abóbada de berço e das paredes mestras que lhe conferem apoio; • efectuou-se uma análise fisica e geometricamente não-linear; • a obtenção das propriedades não-lineares dos materiais foi efectuada por tentativas; • prosseguiu-se a análise até obter-se a carga de colapso; • o factor de segurança 1,03 resultou da razão entre a carga de colapso e a carga a que a estrutura está permanentemente submetida. • • mecanismo de rotura com três rótulas; • a abóbada, cuja sensibilidade é ainda mais excitada pela diferença de rigidez entre as duas paredes – mestras que lhe conferem apoio, ressentiu-se da actuação conjunta da carga permanente e esforços horizontais; • a degradação, no tempo, dos materiais constituintes funciona como factor de amplificação do processo. Os trabalhos de reforço da estrutura da abóbada Soluções de reforço estudadas: Demolição e reconstrução de nova abóbada - destruiria o património Reforço com betão armado - demasiado intrusivo e irreversível Reforço exterior de suspensão e contraventamento - medianamente intrusivo e reversível (200.000 USD em cinco meses) Pregagens nas paredes - execução de furação à rotação com coroas diamantadas arrefecidas a ar, colocação de barras inoxidáveis Cintec. Vigas de distribuição - U350, por forma a distribuir as cargas horizontais. Vigas de travamento - HEB 300, por forma a estabilizar o afastamento horizontal das paredes de apoio da abóbada. Bielas de reforço –para reduzir a concentração de tensões nos cantos Pendurais - varões roscados em aço inoxidável, furação à rotação com coroa diamantada arrefecida a ar. Mini estacas de suspensão - transmissão das cargas ao topo das paredes resistentes. Linteis de apoio - com placas de neoprene para apoio das vigas de suspensão. Vigas de suspensão - suporte da abóbada. Grelha de suspensão - apoio do intradorsso da abóbada. Aspecto final do reforço