Raízes, retorno, novos caminhos, outras músicas, outros mundos, novos repertórios… alguns conceitos que caracterizam esta 6ª edição dos Sons de Almada Velha, Música nas Igrejas. Roots, a return, new paths, other kinds of music, other worlds, Propomos, pois, um pequeno desvio aos repertórios mais canónicos daquela que hoje vulgarmente apelidamos de música antiga, e, assim, uma incursão por outros repertórios, por outras músicas, por outras formas de fazer e estar na música, um desvio que, desde a última década do século passado, tem despertado o interesse em alguns dos mais reputados músicos e ensembles que se dedicam aos instrumentos históricos e à Interpretação Histórica Informada. We are thus proposing a short detour from the more canonical repertoires of what we commonly now call early music and, therefore, to start out on other repertoires, other kinds of music, other ways of making and experiencing music, a move away which, since the last decade of the last century, has aroused interest in some of the most renowned musicians and ensembles who are involved in playing historical instruments and in Informed Historical Interpretation. Para eles, este é um caminho que mais não é que o retorno à verdadeira essência e às raízes da música pré-clássica, um círculo que se fecha entre as origens e o futuro, apesar da imensa distância no tempo, um circuito que ao mesmo tempo que se completa, se expande para novos horizontes absorvendo novas culturas, novas formas de estar na música e até mesmo novos e surpreendentes instrumentos musicais… Andaremos assim por novos e velhos caminhos, com novas linguagens, fusões de estilos, formas e géneros, deambularemos por repertórios de Trás-os-Montes às Caraíbas, do fado ao flamenco, por três continentes descobriremos novos repertórios, quer aqueles que resultam de novas investigações musicológicas, quer aqueles que, mais recentemente compostos, evocam, homenageiam e recebem influências de outras épocas, outras culturas, outras linguagens. 03 new repertoires... these are some of the concepts that describe the 6th edition of the music festival Os Sons de AlmadaVelha, Música nas Igrejas. As far as they are concerned, this is a path that is simply the return to the true essence of pre-classical music, a circle uniting the origins and the future, despite the vast space of time, a circuit which, whilst being completed, expands to new horizons, absorbing new cultures, new ways of experiencing music and even new and surprising musical instruments... Therefore we shall follow new and old paths, with new languages, fusions of styles, forms and genres, we shall wander through repertoires from Trás-os-Montes to the Caribbean, from Fado to Flamenco, through three continents, where we shall discover new repertoires, both those resulting from new musicological research, and those composed more recently, which evoke, pay homage and are influenced by other eras, other cultures and other languages. 26 de setembro september 26th 19h | 7pm Igreja do Seminário de São Paulo SEMINARY of SÃO PAULO – CHURCH 06 “A nova música sacra portuguesa” Grupo Vocal Olisipo 27 de setembro september 27th 19h | 7pm Cine-teatro Academia Almadense Academia Almadense’s New Auditorium 08 “Las idas y las vueltas” A música barroca colonial em diálogo com o Flamenco Accademia del Piacere e Arcángel 3 de outubro october 3rd 21h | 9pm Igreja da Nossa Senhora do Bom Sucesso CHURCH OF NOSSA SENHORA DO BOM SUCESSO 10 “Acção - Joana Bagulho em cravo a partir de Carlos Paredes” 10 de outubro october 10th 19h | 7pm Ermida de São Sebastião CHAPEL OF SÃO SEBASTIÃO 12 “Alvorada” Cardo-Roxo e Rui Silva 04 17 de outubro october 17th 19h | 7pm Igreja da Misericórdia de Almada CHURCH OF MISERICÓRDIA 14 “Língua” Noa Noa e João Hasselberg 24 de outubro october 24th 19h | 7pm Igreja de Santiago CHURCH OF SANTIAGO 16 “Rabbia, furor, dispetto” Aberturas e arias de Jerónimo Francisco de Lima em primeira audição contemporânea Concentus Paeninsulae e Monika Mauch 31 de outubro october 31st 19h | 7pm Seminário de São Paulo - Adega dos Frades SEMINARY of SÃO PAULO - Old Wine Cellar “Banchetto Musicale” Flanders Recorder Quartet 05 18 26 de setembro september 26th 19h | 7pm “A nova música sacra portuguesa” Armando Possante (Direção/Direction) Grupo Vocal Olisipo Igreja do Seminário de São Paulo SEMINARY of SÃO PAULO – CHURCH A Igreja de uma só nave, coberta com uma abóbada de berço, é parcialmente revestida a azulejos azuis e brancos do século XVIII, que representam cenas da história sagrada da Ordem de S. Domingos. O altar-mor e os colaterais apresentam retábulos de talha barroca do século XVIII. A sacristia, revestida a azulejos do tipo padrão, azuis e amarelos, do Séc. XVII é uma das mais bonitas zonas de clausura. The Church of a sigle nave, covered with a cradle vault, is partly covered with blue and white glazed tiles of the 18th century depicting religious scenes of the Order of St. Dominic. The High Altar and the collaterals present alterpieces in baroque woodwork from the 18th century.TheVestry, covered with blue and yellow glazed 17th century tiles, is one of the most beautiful of the enclosure areas. 06 Após a chamada idade de ouro da Música Portuguesa, liderada pelos compositores da Escola de Música da Sé de Évora, no Séc. XVII e da opulência da música de influência italiana do Séc. XVIII, alimentada pelo ouro do Brasil, a produção musical decaiu drasticamente. A destruição de Lisboa no terramoto de 1755, a instabilidade política no Séc. XIX criada pelas invasões napoleónicas e a subsequente partida da corte para o Brasil e, mais tarde, pela guerra civil entre liberais e absolutistas foram alguns dos fatores que levaram a esta alteração considerável no panorama da composição musical. Se esta mudança se deu a nível da música instrumental e da ópera, os seus efeitos foram muito mais evidentes na música sacra, na qual os compositores portugueses tinham no Séc. XVII uma produção que liderava em quantidade e qualidade a cena mundial. Foi apenas no século passado que a música portuguesa voltou a elevar-se ao nível dessa primeira idade de O ressurgimento da tradição coral e da composição estarão porventura ligados ao que alguns autores consideram o “segundo renascimento da composição portuguesa”. Seria quase impossível falar da música portuguesa da atualidade sem mencionar Eurico Carrapatoso. Compositor tão ou mais presente no repertório coral dos grupos atuais como Lopes Graça. A obra de Ivan Moody, outro compositor de origem britânica residente em Portugal, é fortemente influenciada pela tradição Ortodoxa Grega. Nas duas obras que interpretaremos hoje, ambas dedicadas ao Grupo Vocal Olisipo, temos secções cantadas em grego que sublinham a história contada em inglês e a mensagem da obra. O conjunto das duas obras faz-nos acompanhar toda a vida de Cristo, desde a profecia que anuncia a vinda do Messias em The Prophecy of Symeon até à sua ressurreição, testemunhada por Maria no sepulcro em The Meeting in the Garden. Armando Possante 07 Following the so-called golden era of Portuguese Music, led by the composers of the Escola de Música da Sé de Évora (Music School of Évora Cathedral), in the 17th century, and the opulence of the music of Italian influence in the 18th century, fuelled by the gold from Brazil, musical production declined drastically. If that change took place in instrumental music and opera, it had a much more obvious effect on sacred music, where Portuguese composers in the 17th century were worldwide leaders of production in quantity and quality. It was only in the last century that Portuguese music once again rose to the level of that first golden era. Fernando Lopes Graça, Eurico Carrapatoso and Ivan Moody are the composers of the musical works that are part of this concert dedicated to the new Portuguese sacred music. Armando Possante Igreja do Seminário de São Paulo SEMINARY of SÃO PAULO – CHURCH ouro. Numa primeira fase através de compositores como Fernando Lopes Graça que, juntando à sua obra como compositor, levou a cabo um trabalho importantíssimo como musicólogo, investigando e catalogando centenas de melodias tradicionais do folclore nacional, ajudando a preservar esse património para as gerações futuras. 27 de setembro september 27th Cine-teatro Academia Almadense 19h | 7pm Concerto com entrada livre, sujeita ao levantamento de bilhete, a partir das 18h Academia Almadense’s New Auditorium Concert with free entrance, subject to tickets being collected as from 6 pm “Las idas y las vueltas” O edifício do Cine Teatro da Academia Almadense foi construído em 1942 e nele funcionou até aos anos 80, para além da Sede Social da associação, a Biblioteca e a Sala de Espetáculos, acolhendo atividades de teatro amador desenvolvidas pela própria coletividade. Mais tarde foi sede da Companhia de Teatro de Almada. O edifício, recentemente reabilitado, mantém a função de auditório com cerca de 200 lugares, e alberga ainda a Escola de Música e a Banda Filarmónica da Academia e a Companhia de Dança de Almada. A música barroca colonial em diálogo com o Flamenco Academia Almadense’s new auditorium was built in 1942 and up to the 1980s, apart from being the headquarters of the Recreational Association Academia Almadense, it also housed a Library and an Auditorium, hosting amateur dramatic activities carried out by members of the Association. Later on it was the headquarters of Companhia de Teatro de Almada (Almada’s leading Theatre Company). The building has been recently refurbished, maintaining in operation the auditorium, which seats around 200 people, and it is home to the Escola de Música (Music School), the Banda Filarmónica da Academia (Brass Band) and Companhia de Dança de Almada (Almada’s Dance Company). Se a miscigenação e o intercâmbio de culturas são de facto fatores impulsionadores de inovação musical, a colonização espanhola das Américas, com consequente encontro de civilizações europeias, americanas e africanas, veio revolucionar ao máximo a arte musical, transformando-a e proporcionando o nascimento de novos estilos musicais: a permuta de ritmos, melodias e cadências, que mais tarde dariam origem ao jazz, esteve séculos antes na origem do flamenco. Fahmi Alqhai (Direção/Direction) Accademia del Piacere [Espanha/Spain]: , Miguel Angel Cortés (Guitarra Flamenca/Flamenco Guitar), Agustín Diassera (Percussões/ Percussion), Fahmi Alqhai, Rami Alqhai, Johanna Rose (Violas da Gamba) Arcángel (Cantaor/Flamenco Singer) Pelas cidades andaluzas e latino-americanas circula- 08 As Guarachas de Juan García de Zéspedes (1619 – 1678) fazem-nos lembrar os tanguillos de Cádiz, romances medievais transmitidos de boca em boca, fandangos de antes e de agora, Siguiriyas com acordes de passacaglia…,músicas que sobreviveram aos tempos e que hoje estão à nossa inteira disposição e à espera de uma nova vida, neste caso à espera de uma nova intuição espontânea, trazida por excelentes músicos e pelo bom flamenco. Dois espíritos criativos como Fahmi Alqhai e Arcángel enveredam por caminhos inexplorados, através do cruzamento do flamenco com a música barroca, sem dúvida dois dos mais férteis estilos musicais; Fahmi Alqhai e Arcángel dialogam, em busca de um passado e de um presente comum na música, a via de comunicação mais universal de povos e de culturas. Artistas de personalidade inclassificável, de uma formação rigorosa, mas embebidos de um espírito experimental e arrojado, levam aqui a cabo um puro exercício de liberdade, conduzidos apenas pelo seu instinto musical. Quem sabe se de uma forma inesperada, natural e intuitiva não nos possam trazer os aromas primordiais do paraíso perdido, aquele que até à data nenhum musicólogo conseguiu, os sons do flamenco primitivo. Juan Ramón Lara 09 If the cross-over and exchange of cultures are really factors for driving musical innovation, the Spanish colonisation of the Americas and the subsequent merge of European, American and African civilization absolutely revolutionised musical art, transforming it and enabling the birth of new musical styles: the inter-change of rhythms, melodies and cadences, which would later give rise to jazz, was at the origin of Flamenco, centuries earlier. Around Andalusian and Latin-American cities, in fusion and confusion, songs and dances from three continents, from the Gulf of Guinea to the Caribbean, from Triana to the Gulf of Cadiz, a truly relocated and bubbling melting pot, where jácaras, folias and chaconnes were the common heritage of popular and classical music. Two creative spirits such as Fahmi Alqhai and Arcángel travel along unexplored paths, by blending Flamenco with Baroque music, undoubtedly two of the most fertile musical styles; Fahmi Alqhai and Arcángel interact, in search of a common past and present in the music, the most universal means of communication of peoples and cultures. Juan Ramón Lara Accademia del Piacere tem o apoio de: Cine-teatro Academia Almadense Academia Almadense’s New Auditorium vam, em fusão e confusão, canções e danças dos três continentes, do Golfo da Guiné às Caraíbas, de Triana ao Golfo de Cádiz, um verdadeiro, deslocalizado e fervente caldeirão, onde as jácaras, as folias e as chaconnes eram património comum da música popular e erudita. 3 de outubro october 3rd 21h | 9pm “Acção - Joana Bagulho em cravo a partir de Carlos Paredes” Igreja Nossa Senhora do Bom Sucesso Joana Bagulho [Portugal] (Cravo/Harpsichord) ACÇÃO é um concerto de Joana Bagulho, a partir de transcrições (realizadas pela própria) para cravo, de peças de Carlos Paredes. Neste programa serão incluídas algumas peças para cravo dos séculos XVII e XVIII que estiveram na base da inspiração da realização daquelas transcrições. Cacilhas CHURCH OF NOSSA SENHORA DO BOM SUCESSO A Igreja, de estilo pombalino, foi reconstruída em 1756-1759, no local da antiga Gafaria de Cacilhas. É composta por uma só nave, capela-mor e sacristia, com a frontaria a possuir duas torres de sino e dois relógios de sol. No interior, as paredes são revestidas a azulejos (branco e azul) datados de 1758/60. A guitarra portuguesa e o cravo partilham a mesma função, a de instrumentos acompanhadores, sendo muito interessante observar-se a semelhança das malhas de acompanhamento do fado na guitarra, com os protótipos de acompanhamento do baixo contínuo no cravo. A música de Carlos Paredes tem muitas referências ao que parece ser a linguagem idiomática do cravo: O cromatismo dos baixos, as harmonias ricas e repetidas exaustivamente, as notas repetidas... Rebuilt in the 18th century, the church, in the “Pombalino” style, consists of a single nave, chancel and sacristy and the façade presents two bell towers and two sundials. Inside, the walls are covered with glazed tiles (white and blue), dating from 1758/60. 10 Carlos Paredes conhecia e tocava as obras barrocas para guitarra, era fascinado pelo repertório ibérico para cravo, tendo chegado a propor a Rui Veira Nery um programa para guitarra portuguesa e cravo. A incorporação de peças barrocas neste concerto comentado permite a realização de uma associação direta dos elementos que tornam estas composições tão próximas. ACÇÃO é o título da primeira peça do recital. Esta peça integra o segundo disco de Carlos Paredes em 1963 com o nome de Acção – Prelúdio, sendo mais tarde transformada em Canto do Rio, a peça que irá encerrar o recital. Acção é também uma palavra-chave na vida e obra de Paredes, na sua atitude em relação à música e à sociedade. De certo modo também posso dizer que Acção representa para mim o ato de pôr em prática as transcrições da música de Carlos Paredes para cravo, uma vontade que me acompanha desde há muito tempo. Joana Bagulho 11 ACÇÃO is a concert by Joana Bagulho, using transcriptions (of her own) for the harpsichord, of pieces by Carlos Paredes. This programme will include some of the pieces for harpsichord from the 17th and 18th centuries, which were the founding inspiration for carrying out those transcriptions. The music of Carlos Paredes has many references to what seems to be the idiomatic language of the harpsichord. The chromatics of the bass, the rich harmonies that are extensively repeated, the repeated notes... Carlos Paredes knew and played Baroque works for the guitar and was fascinated by the Iberian repertoire for the harpsichord. Incorporating Baroque pieces in this commented concert enables a direct association to be made of the elements that bring these compositions so closely together. Joana Bagulho Igreja Nossa Senhora do Bom Sucesso CHURCH OF NOSSA SENHORA DO BOM SUCESSO É incrível a facilidade com que encontramos semelhantes dissonâncias na música de Paredes, de François Couperin ou de Domenico Scarlatti. Na verdade, tanto a música de Paredes como a de Couperin, descendem do mesmo instrumento – O Alaúde. Ermida de São Sebastião CHAPEL OF SÃO SEBASTIÃO A Ermida foi construída no decurso do século XVI. No século XIX, serviu para usos vários (habitação, abegoaria e até taberna), tendo a propriedade sido vendida em 1903. Em 1993 foi adquirida pela Câmara Municipal de Almada e em 2009, após uma obra de reabilitação, foi devolvida ao culto e à população de Almada. The Chapel of St. Sebastian was built during the 16th century. In the 19th century, the building served several uses – housing, a barn and even a tavern. After a profound restoration work, it finally returned to being a building of worship and to the people of Almada. 12 The music we’re offering you is the result of two years’ research and reflection on our oldest musical traditions and the way they have survived to the present day, both by collecting audio and video works or transcriptions, and through living traditions. As such, this concert reflects our first conscious contact with the huge diversity and complexity of our traditional music; from instrumental to vocal music, from festive music to work music, from Madeira to Trás-os-Montes, we thus endeavour to understand and display our musical identity. 19h | 7pm “Alvorada” Cardo-Roxo [Portugal]: Antony Fernandes (Barítono/ Baritone, Säckpipa/Swedish Bagpipes, Flauta de Harmónicos/Overtone Flute), Carmina Repas Gonçalves (Soprano, Viola da Gamba) Músico convidado/Guest musician: Rui Silva (Percussão Histórica/ Historical Percussion) A música que vos oferecemos é o resultado de dois anos de pesquisa e reflexão sobre as nossas tradições musicais mais antigas e a forma como sobrevivem até hoje, quer através de recolhas áudio, vídeo ou transcrições, quer através de tradições vivas. Assim, este concerto reflete o nosso primeiro contacto consciente com a enorme diversidade e complexidade da nossa música tradicional; da música instrumental à vocal, da música de festa à música de trabalho, da Madeira a Trás-os-Montes, procuramos assim entender e evidenciar a nossa identidade musical. Conscientes da enorme responsabilidade que é utilizar e modificar este repertório à nossa imagem, esforçámo-nos por não deturpar as características essenciais do mesmo, uma vez que para nós é fundamental divulgá-lo de forma cuidada, informada e adequada à nossa instrumentação. Esperamos que seja do vosso agrado e que vos desperte a curiosidade para procurar e conhecer a nossa tradição musical que tem tanto de bela como de surpreendente. 13 Ermida de São Sebastião CHAPEL OF SÃO SEBASTIÃO 10 de outubro october 10th Igreja da Misericórdia de Almada CHURCH OF MISERICÓRDIA A Santa Casa da Misericórdia de Almada foi fundada em 1555 e em 1564 deu-se início aos trabalhos de remodelação da antiga capela, que sofreu obras de ampliação. O edifício foi seriamente danificado com o terramoto de 1755, remanescendo apenas o altar-mor e o retábulo maneirista, tendo-se concluído a sua reconstrução em 1758. A Igreja, recentemente restaurada, tem um interior de nave única e altar-mor elevado e apresenta paredes decoradas com silhar de azulejos azuis e amarelos do séc. XVII, esculturas sacras em madeira, destacando-se o retábulo que preenche a totalidade da parede fundeira e que corresponde à disposição original. The Santa Casa da Misericórdia of Almada was founded in 1555 and, in 1564, the work of renovation and expansion of the old chapel began.The building was badly damaged in the earthquake of 1755 and only the altar and the Mannerist altarpiece remained. Its reconstruction was concluded in 1758. The church, recently restored, has a single-nave interior and a raised main altar. Its walls are decorated with an ashlar of blue and yellow tiles of the XVII century and sacred sculptures in wood. Of note is the retable that fills the entire back wall and corresponds to the original arrangement. 14 Língua é o título do novo projecto Noa Noa dedicado à memória coletiva definida pelas diversas culturas e línguas ibéricas, uma manta de sons “para além do Ebro” que resulta no português, castelhano, mirandês, galego, asturiano, basco ou catalão. Este projeto viaja entre o que há de mais comum e mais diferente na História da cultura ibérica explorando as fronteiras geográficas, culturais e conceptuais da tradição e da ancestralidade com a contemporaneidade ou a interculturalidade. 19h | 7pm Concerto com entrada livre, sujeita ao levantamento de bilhete, a partir das 18h Concert with free entrance, subject to tickets being collected as from 6 pm “Língua” All languages change over time.They evolve and adapt to innovative uses in the communities, to their idiosyncrasies and habits. Language cannot be understood to be an unchangeable, stagnant, unmoving item, or one designed in a time or by a time. On the contrary, it is the result of vast dynamics, in the same way and with the same momentum as the community or the humanity that changes...sluggish but unstoppable. Noa Noa [Portugal]: Filipe Faria (Voz/Vocals, Percussão/Percussion, Gaita/Harmonica, Flauta/Flute, Assobio/Whistle, Colascione, Melódica/ Melodica e Guitarra Barroca/Baroque Guitar), Tiago Matias (Vihuela, Guitarra Barroca/Baroque Guitar, Guitarra Romântica/Romantic Guitar, Colascione, Melódica/Melodica, Percussão/Percussion e Voz/Vocals) Língua (Language) is the title of Noa Noa’s new project dedicated to the collective memory defined by the various Iberian cultures and languages, a blanket of sounds “beyond the Ebro”, leading to Portuguese, Castellano, Mirandese, Galizian, Asturian, Basque or Catalan. Concerto integrado na digressão de lançamento do disco Língua, vol.2 de Noa Noa (MU0114/2015 por Arte das Musas) Concert included in the tour to launch the record Língua, vol.2 by Noa Noa (MU0114/2015 by Arte das Musas) Músico convidado/Guest musician: João Hasselberg (Contrabaixo/Double Bass e Percussão/Percussion) Todas as línguas mudam com o tempo. Evoluem e adaptam-se aos usos inovadores das comunidades, às suas idiossincrasias e hábitos. A língua não pode ser entendida como uma entidade imutável, estanque, parada ou desenhada no tempo e pelo tempo. Ela é, pelo contrário, resultado de uma dinâmica imensa da mesma forma e com o mesmo fulgor da comunidade ou da humanidade que muda… vagarosa mas imparável. 15 Estrutura apoiada por: Igreja da Misericórdia de Almada CHURCH OF MISERICÓRDIA 17 de outubro october 17th 24 de outubro october 24th 19h | 7pm “Rabbia, furor, dispetto” Aberturas e arias de Jerónimo Francisco de Lima em primeira audição contemporânea Concerto integrado nas atividades de lançamento do CD “Rabbia, furor, dispetto” Concert included in the activities for launching the CD “Rabbia, furor, dispetto” Igreja de Santiago Vasco Negreiros (Direção/Direction) CHURCH OF SANTIAGO Edificada no séc. XIII, reedificada em 1724 e restaurada a seguir ao terramoto de 1755. Concentus Paeninsulae [Portugal|Espanha/Spain]: Sergio Franco (Concertino/Concertmaster), Juan Bautista Bernués, Idoia Abad, Usúa Martín Domínguez, Daniel Francés Martínez, Beatriz Fanlo e Raquel Sobrino (Violinos/Violins), Juan Luis Arcos e Miguel Zarazaga (Violas), Laura Lafuente (Violoncelo/Cello), Duncan Fox (Contrabaixo/ Double Bass), Pedro Castro e LuísMarques (Oboés/Oboes), José Gomes (Fagote/Bassoon), Stephen Mason e David Burt (Trompetes/Trumpets), Paulo Guerreiro (Solista/Soloist) e Laurent Rossi (Trompas/Horns), Fernando Miguel Jalôto (Cravo/Harpsichord) Monika Mauch [Alemanha/Germany] (Soprano) O interior do edifício, de uma só nave, encontra-se integralmente revestido a azulejos oitocentistas relacionados com o santo que lhe dá o nome e a fachada ostenta a Cruz de Santiago de Espada, ordem à qual pertencia. Originally built in the 13th century, rebuilt in 1724 and restored after the 1755 earthquake, the church has undergone major changes over time. The single nave interior of the building is fully coated in nineteenthcentury tiles related to the saint whose name it bears.The façade still bears the Cross of Santiago de Espada, the order to which it belonged. 16 Por ordem de D. José I, Jerónimo Francisco de Lima estudou em Nápoles, aos cuidados dos professores Carlo Cotumacci e Gioseppe Dol, no Conservatório de Sant’Onofrio a Capuana, entre 1760 e 1767. Nápoles era então um dos maiores centros de formação de compositores em todo o mundo. A composição operática não foi para Lima uma pequena atividade paralela mas sim uma área de franca dedicação e domínio. Além disso, para Lima a escrita instrumental não se limitava a oferecer apoio harmónico à melodia do cantor, conhecendo um papel preponderante, característica que certamente terá relação com a sua formação em Nápoles. Para que melhor a possamos apreciar dispomos de um conjunto com instrumentos réplica dos do passado, tocados por alguns dos melhores especialista em Música Antiga de Portugal e Espanha, assim como com a maravilhosa voz de Monika Mauch, cuja vinda foi patrocinada pela Embaixada Alemã em Lisboa. Vasco Negreiros Jerónimo Lima studied in Naples, at the Conservatório de Sant’Onofrio in Capuana, between 1760 and 1767. At that time, Naples was one of the greatest centres in the entire world for forming composers. On returning from Italy, he was nominated Organist of the Patriarchal seat and Composer and Master of the Seminary. 17 As from October 1770, together with Souza Carvalho and José Joaquim dos Santos, he became responsible for composing everything that was required by that Holy Church, which was why he always received one of the highest salaries among the Patriarchal organists, in addition to his position as Master of the Seminary. Lima clearly dedicated his time to dominating operatic composition and he was not of the opinion that instrumental writing should be limited to offering harmonic support to the singer’s melody, allowing it instead to take on a very prominent role. For us to admire it better, we have a series of replica instruments from the past, played by some of the best experts in Early Music of Portugal and Spain, as well the marvellous voice of Monika Mauch, whose presence here was sponsored by the German Embassy in Lisbon. Vasco Negreiros Este trabalho é financiado por Fundos FEDER através do Programa COMPETE 2020 e por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e aTecnologia no âmbito do projeto «UID/ EAT/00472/2013, INET-MD» Igreja de Santiago CHURCH OF SANTIAGO Regressado de Itália, foi nomeado Organista e Compositor da Patriarcal e Mestre do Seminário. A partir de Outubro de 1770, junto a Souza Carvalho e José Joaquim dos Santos, ficou responsável por compor tudo o que fosse necessário para essa Santa Igreja, motivo porque manteve sempre um dos salários mais elevados dentre os organistas da Patriarcal, em acumulação com a função de Mestre do Seminário. Seminário de São Paulo Adega dos Frades SEMINARY of SÃO PAULO Old Wine Cellar O atual Seminário da Diocese de Setúbal, conjunto com elementos arquitetónicos e decorativos maneirista e barroco na talha e azulejos, foi fundado em 1569, para ser casa de oração e estudo. O terramoto de 1755 provocou danos consideráveis e apenas a Igreja foi alvo de restauro. A propriedade foi vendida a particulares (e sucessivamente a diversos proprietários) até à sua aquisição em 1934 pelo Patriarcado de Lisboa e à instalação de um Seminário, inaugurado em 1935. The current Seminary of the Diocese of Setúbal, a cluster of buildings that demonstrates Mannerist and Baroque architectural and decorative elements in the carvings and tiles, was constructed in 1569, to be a sanctuary of prayer and study. The earthquake of 1755 caused considerable damage and only the church has undergone subsequent restoration. The property was sold to individuals (and subsequently sold to different owners) until its acquisition in 1934 by the Patriarchate of Lisbon and the installation of a seminary, opened in 1935. 18 19h | 7pm “Banchetto Musicale” Flanders Recorder Quartet [Bélgica/Belgium]: Bart Spanhove, Tom Beets, Paul Van Loey e Joris Van Goethem (Flautas de Bisel/ Recorders) Data de 1733 uma das mais famosas coleções de G. P. Telemann, Tafelmusik ou Musique de Table, de 1670, o manuscrito, pertencente ao arcebispo de Olomouc, sob o nome de Sonata Pro Tabula. Henry VIII disfrutava diariamente do som de flautas doces durante as suas refeições. Johann Hermann Schein reuniu a sua produção de música para dança numa coleção que chamou de Banchetto Musicale. Comprova-se pois, que a ideia de banquete musical foi extremamente popular durante os séculos XVI, XVII e XVIII. Christoforo di Messisbugo, um chef de renome na corte da condessa de Ferrara, por volta de 1550, compilou um livro com 315 receitas acompanhadas de instruções cuidadosas sobre como, onde e quando a música, dança e teatro deveriam ocorrer durante os diferentes pratos. Com este programa, Banchetto Musicale, esperamos aguçar o seu apetite, com um verdadeiro banquete musical, no qual colocamos à vossa disposição o nosso o melhor serviço de prata, flautas doces de alta qualidade, de todas as formas e tamanhos, e usá-las de 1001 maneiras diferentes. Mais, para fazer jus ao título proposto, estamos dispostos ainda, a tocar em garrafas de 19 cerveja e vinho e até mesmo fazer uso dos nossos telemóveis! O nosso menu, Symphonie des 7 Dégustations, é constituído por hors d´oeuvres franceses, antipasti italianos, por majestosos pratos do dia, e para terminar, por uma deliciosa variedade de sobremesas. Terá pois à sua disposição um pouco de tudo, pratos antigos e novos, do norte, sul, este e oeste. Abra por isso uma garrafa de espumante, sente-se e desfrute das nossas especialidades da casa. Saúde! Flanders Recorder Quartet The idea of a musical banquet was extremely popular during the 16th, 17th and 18th centuries.With this programme, Banchetto Musicale, we hope to whet your appetite with a real musical banquet, for which we are providing you with our best silver service, high quality sweet flutes, of all shapes and sizes, and using them in 1001 different ways. Furthermore, to do justice to the proposed title, we are even willing to play beer and wine bottles and even use our mobile phones! Our menu, Symphonie des 7 Dégustations, is made up of French hors d’oeuvres, Italian antipasti, majestic dishes of the day, and to finish, a delicious variety of desserts. So there will be a little of everything for you, old and new dishes, from the north, south, east and west. So, open a bottle of sparkling wine, sit down and enjoy our specialities of the house. Cheers! Flanders Recorder Quartet Seminário de São Paulo SEMINARY of SÃO PAULO 31 de outubro october 31st 20 biografias Biographies 21 Grupo Vocal Olisipo O Grupo Vocal Olisipo foi fundado em 1988, tendo sido desde então dirigido por Armando Possante. O seu repertório é vasto e eclético, abrangendo obras do período medieval aos dias de hoje. Tem colaborado frequentemente com compositores, tendo apresentado em primeira audição obras de Bob Chilcott (Irish Blessing), Ivan Moody (The Meeting in the Garden, The Prophecy of Symeon), Christopher Bochmann (Maria Matos Medley, Morning e a ópera Corpo e Alma), Eurico Carrapatoso (Magnificat em Talha Dourada, Horto Sereníssimo, Stabat Mater),Vasco Mendonça (Era um Redondo Vocábulo), Luís Tinoco (Os Viajantes da Noite) e Manuel Pedro Ferreira (Delirium), entre outros. Trabalhou com dois dos mais prestigiados ensembles mundiais da atualidade – Hilliard Ensemble e The King’s Singers e participou também na interpretação de ópera barroca com Jill Feldman. Conquistou já diversos prémios em concursos, nomeadamente uma menção honrosa no Concurso da Juventude Musical Portuguesa e o 1º Prémio nos concursos International May Choir Competition em Varna, Bulgária, Tampere Choir Festival na Finlândia, 36º Concorso Internazionale C. A. Seghizzi em Gorizia, Itália e o 5º Concorso Internazionale di Riva del Garda, em Itália, e vários prémios de interpretação. 22 Efetuou inúmeras atuações por todo o país, tendo-se já apresentado nos principais Festivais de Música em palcos como os do Centro de Arte Moderna, Centro Cultural de Belém, Teatro Nacional de S. Carlos, Casa da Música e Teatro Rivoli, entre muitos outros. Tem colaborado com vários ensembles instrumentais e orquestras, como o Quarteto Lacerda, Quarteto Arabesco, Capella Real, Músicos do Tejo, Academia de Música Antiga, Orquestra de Cascais e Oeiras, OrchestrUtopica, Orquestra Sinfónica Juvenil, Orquestra do Algarve, Orquestra Filarmonia das Beiras e Orquestra Metropolitana de Lisboa. Internacionalmente tem-se apresentado em concertos por toda a Europa. Participou como convidado em Sunderland, Inglaterra e no Festival 500, em St. John’s, Canadá e mais recentemente em Singapura, onde apresentou 3 concertos de música portuguesa com especial enfoque nos compositores Francisco Martins, Estêvão de Brito, Eurico Carrapatoso e Fernando Lopes-Graça. Em todos os festivais o grupo orientou diversos workshops para coros e maestros de todo o mundo. Em cinema participou no filme As Variações de Giacomo onde contracenou com os atores John Malkovich e Veronica Ferres e com os cantores Miah Persson, Florian Bösch e Topi Lehtipuu. Gravou o Officium Defunctorum de Estêvão de Brito e as Matinas de Natal de Estêvão Lopes Morago para a editora Movieplay, Cantatas Maçónicas de Mozart para a EMI, e, para a Diálogos, Tenebrae com música de Francisco Martins e Manuel Cardoso e o Magnificat de Eurico Carrapatoso. (Direção) Armando Possante fez os seus estudos musicais no Instituto Gregoriano de Lisboa e na Escola Superior de Música de Lisboa onde concluiu os Cursos Superiores de Direção Coral, com o Professor Christopher Bochmann, Canto Gregoriano, com a Professora Maria Helena Pires de Matos, e Canto, com o Professor Luís Madureira. Estudou Canto em Viena com a Professora Hilde Zadek e frequentou masterclasses de canto com os professores Christianne Eda-Pierre, Christoph Prégardien, Siegfried Jerusalem e Jill Feldman. Frequentou também cursos de Canto Gregoriano em Itália e Portugal com os professores Nino Albarosa, Johannes Göschl, Alberto Turco e Luigi Agustoni. É professor no Instituto Gregoriano de Lisboa e na Escola Superior de Música de Lisboa. Orientou workshops de Canto e música coral no Canadá, Inglaterra, Singapura e Portugal, destacando-se as Jornadas Internacionais de Música da Sé de Évora, onde trabalhou frequentemente ao lado de Owen Rees e Peter Phillips. É diretor musical e solista do Grupo Vocal Olisipo e do Coro Gregoriano de Lisboa e foi membro convidado do Nederlands Kamerkoor, tendo-se apresentado em concertos na Alemanha, Bélgica, Bulgária, Canadá, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Inglaterra, Itália, Japão, Luxemburgo, Marrocos, Polónia, Singapura e Suíça. Conquistou o 3º prémio e o prémio para a melhor interpretação de Bach no 1º Concurso Vozes Ibéricas, o 3º prémio 23 tuguesa no Concurso Luisa Todi de 2003 e o 1º prémio no 7º Concurso de Interpretação do Estoril. Foi-lhe atribuído como maestro o prémio Bärenreiter para a melhor interpretação de uma obra renascentista no concurso C. A. Seghizzi em Itália e, com o Grupo Vocal Olisipo, quatro primeiros prémios e vários prémios de interpretação em concursos internacionais na Bulgária, Finlândia e Itália. Gravou cerca de duas dezenas de discos com grande reconhecimento crítico, pelos quais recebeu, entre outras distinções, o Choc du Monde de la Musique e o Diapason d’Or. Apresenta-se regularmente com a pianista Luiza da Gama Santos em recitais de Lied, tendo já interpretado obras como os ciclos Winterreise de Schubert, Dichterliebe de Schumann e Lieder Eines Fahrendes Gesellen de Mahler. Como solista de oratória interpretou com as principais orquestras do país obras como Missa em Si m, Oratória de Natal e Magnificat de Bach, Messias de Handel, A Criação de Haydn, Nona Sinfonia de Beethoven, Petite Messe Solennelle de Rossini, L’Enfance du Christ de Berlioz, Carmina Burana de Orff e as missas de Requiem de Mozart, Bomtempo, Fauré, Duruflé, Lopes Graça e Eurico Carrapatoso. Estreou-se em ópera no papel de Guglielmo em Così fan Tutte de Mozart, tendo posteriormente participado em produções das óperas L’Amore Industrioso, As Variedades de Proteu, Dido and Aeneas, The Fairy Queen, Venus and Adonis, La Déscente d’Orphée aux Enfers, La Donna di Génio Volubile, La Dirindina, A Floresta, Corpo e Alma, Jeremias Fisher, O Sonho e L’Elisir d’Amore. biografias Biographies Armando Possante e o prémio para a melhor interpretação de uma obra por- Arcángel, desafio distinguido pela crítica na Bienal de Flamenco de Sevilha, em 2012, para além de ter alcançado um grande sucesso europeu a nível discográfico. Accademia del Piacere A ousadia dos seus projetos, a qualidade técnica dos seus músicos e a forte personalidade artística do seu diretor fizeram da Accademia del Piacere um dos mais reputados agrupamentos espanhóis na área da interpretação histórica informada. Desde o seu início, em 2002, tem aprofundado e revelado os mais diversificados repertórios da música pré-clássica como a música do seicento italiano, ao qual dedicaram os seus discos Le Lacrime di Eros (Prémio Prelude Classical Music, 2009), Amori di Marte, centrado na obra Il Combatimento di Tancredi e Clorinda, do compositor italiano Claudio Monteverdi (Disco Excepcional Scherzo 2011 e CD Tipp da Toccata Magazine, Alemanha) e Les Violes du Ciel et de l’Enfer, dedicado à música de câmara da corte do Rei Sol (nomeado para os International Classical Music Awards, 2011). Em todos eles a crítica tem destacado o fascinante e direto poder de comunicação para com o público e a interpretação viva e emocionada dos instrumentistas. Em 2011, a Accademia del Piacere revolucionou o mundo da interpretação histórica informada com o lançamento do seu quarto CD, sob o selo Alqhai & Alqhai, Las Idas y las Vueltas, uma incursão ao mundo do flamenco e suas conexões com música barroca, em colaboração com o cantaor 24 Nessa mesma linha revolucionária surge o seu mais recente projeto discográfico, que faz reviver o apaixonante mundo da improvisação da Espanha do século XVII, Rediscovering Spain (2013), onde de novo arriscam e oferecem novas interpretações ao público de hoje. O reconhecimento nacional e internacional levou a Accademia del Piaccere aos palcos mais prestigiados do mundo, sendo os seus concertos frequentemente transmitidos em direto pelas mais importantes rádios e canais televisivos europeus. Fahmi Alqhai (Viola da Gamba/Direção musical) Fahmi Alqhai é considerado como um dos mais prestigiosos e virtuosos intérpretes de viola da gamba da sua geração. Nascido em Sevilha, em 1976, filho de pai sírio e de mãe palestiniana, passou os primeiros onze anos de sua vida na Síria, onde deu início à sua formação musical. Mais tarde, em 1994, ingressa no Conservatório Superior de Sevilha Manuel Castillo, tendo estudado viola de gamba, com Ventura Rico. Prosseguiu a sua formação na Schola Cantorum Basiliensis (Basel) e no Conservatorio della Svizzera Italiana (Lugano) sob a orientação de Vittorio Paolo e Pandolfo Ghielmi, respetivamente. Em 2002 fundou, juntamente com a soprano Mariví Blasco, a Accademia del Piacere, da qual é hoje o seu diretor artístico. Fundou também juntamente como seu irmão Rami Alqhai a editora Alqhai & Alqhai, com a qual produziu e gravou os quatro CDs da Accademia del Piacere. Desde muito jovem tem sido solicitado pelas melhores formações da cena musical internacional na área da interpretação histórica informada, integrando regularmente grupos como Hesperion XXI (Jordi Savall) ou o Il Suonar Speaker (Vittorio Ghielmi). É também membro fundador da More Hispano (Vicente Parrilla). Como solista, tem atuado com inúmeras orquestras, das quais se destacam a Orquestra Nacional de Espanha, a Filarmônica da Galiza, a Orquestra Barroca de Sevilha, o Ensemble Vocal de Lausanne (Michael Corboz), o Al Ayre Espanhol, entre outros. Tem feito também diversas incursões no campo da música contemporânea e do jazz. Fez inúmeras gravações para as mais diversas etiquetas como Alia Vox, Glossa, Winter & Winter, Tactus, Arsis, Enchiriadis, e ainda para televisões e rádios na Europa, Ásia e América. Em 2014, lançou o seu primeiro trabalho discográfico a solo, o A Piacere, que recebeu uma calorosa receção em Espanha e por toda a Europa. É desde 2009 diretor artístico da FeMAS, Festival de Música Antiga de Sevilha. 25 Arcángel (cantaor) A forte vontade de restabelecer a verdade histórica e uma grande capacidade criativa são duas das características mais marcantes de Arcángel, uma das vozes mais otimistas e esperançosas da nova geração do flamenco, expressão máxima dos nossos tempos, na qual, os mais aficionados têm vindo a depositar todas as suas esperanças. É reconhecido por todos que no canto um dos primeiros aspetos a considerar é o sentido do texto. Em primeiro lugar há que ter em conta as questões-chave que lhe estão subjacentes, e depois, nunca negligenciar o rigor e a imaginação, duas das mais inquestionáveis virtudes dos grandes modelos. É este portanto o cartão-de-visita de Francisco José Arcanjo Ramos, nascido em Huelva em 1977, filho de pais originários de Alosno. Estreou-se muito jovem, tendo recebido o seu primeiro prémio em Peña la Orden em 1987, no Concurso Infantil de Fandango de Huelva, êxito que repetiu nas duas edições seguintes. No ano seguinte foi convidado a trabalhar com Niño de Pura e seu irmão, o bailaor Jose Joaquin, com quem trabalhou e desenvolveu a sua arte até ser convidado a trabalhar com figuras como Jesus Cayuela e José Roca em La Parrala (1996), Mario Maya em Os Flamencos que Dançam e Cantam Lorca (1997) e Manuel Soler na obra cénica Por Aqui te Quiero Ver (1998). A sua rampa de lançamento foi no entanto em 1998 no Ciclo de El Monte e sobretudo na X Bienal de Sevilha, onde foi alvo dos mais inflamados elogios por parte do público e biografias Biographies Iniciou a sua carreira a solo em 1998, especializando-se no repertório alemão para viola da gamba; as suas versões das Sonatas para viola da gamba e cravo oblligatto de Johann Sebastian Bach, gravadas em 2004 com Alberto Martínez Molina, obtiveram junto ao público e à imprensa especializada uma excelente receção. da crítica, graças à sua participação em programas como De Cádiz a Cuba, de Mario Maya, Abanaó, de Juan Carlos Romero, Seis Movimientos de Dança Flamenca, de Pepa Montes e Ricardo Miño, Sansueña, de Joseph Joachim, e Compadres, de Manolo Franco e Niño de Pura. Desde então Arcángel tem vindo a cantar para as mais reconhecidas figuras da dança flamenca como Javier Baron e La Yerbabuena, e a acompanhar guitarras, como a de Vicente Amigo, com particular destaque para a Bienal de 2000 com os espetáculos, 5 mujeres 5 da La Yerbabuena, e Inventário de Henry Bengoa, de Pepa Gamboa, e posteriormente, com os espetáculos, Cus-Cus Flamenco (2001), de Segundo Falcón, e Galvánicas, de Israel Galván (2002). Embora a sua voz tenha ficado registada na Solo Compás (1998), na Historia Antológica del Fandango de Huelva (1999) e no Território Flamenco (2003), foi a partir do momento em que lançou a sua primeira obra discográfica, Arcángel (2001), que se deu o início da sua carreira a solo, tendo sido reconhecido posteriormente com os prémios Andalucía Joven 2002 e Nacional Flamenco Activo, de Úbeda, para além do Prémio Giraldillo, melhor intérprete de canto flamenco, pela sua atuação em Palenque, na Bienal de 2002, e pouco tempo depois, a Venencia Flamenca, em Los Palacios. A sua colaboração em Cantes Antiguos, de Mauricio Sotelo, estreada em Amsterdão (2003), obteve o VIII Trofeo de la Peña El Taranto e foi nomeado para o Onubense del Ano, prenunciando o que estava por vir, em 2004, o lançamento da sua segunda obra discográfica a solo, La Calle Perdía, em colaboração com o compositor e guitarrista Juan Carlos Romero, tendo recebido um caloroso acolhimento por parte do público e da crítica. 26 Em 2006 é lançada a sua terceira produção discográfica com o título de Ropavieja, e em 2008 leva à cena Zambra 5.1, uma produção cénica de homenagem a Manolo Caracol. Em 2012 recebe, juntamente com Fahmi Alqhai, o Prémio Giraldillo, para a melhor música na Bienal de Flamenco de Sevilla, com o espetáculo e produção discográfica, Las Idas y las Vueltas. Joana Bagulho (Cravo) Nasceu em Lisboa em 1968. Estudou piano na Academia de Amadores de Música de Lisboa e no Conservatório Nacional na classe dos professores Miguel Henriques e Tânia Achot. Iniciou os estudos de cravo em 1994, na classe da Professora Cremilde Rosado Fernandes, tendo completado a licenciatura neste instrumentos, na Escola Superior de Música de Lisboa. Frequentou diversas masterclasses de cravo com Ketil Hausgang, Rinaldo Alessandrini, Kenneth Weiss, Elisabeth Joyé e Yves Rechsteiner entre outros. Em 2006 concluiu o mestrado em Performance na Universidade de Aveiro tendo como professores de cravo Jacques Ogg e Elisabeth Joyé com quem trabalha regularmente. Participou em espetáculos de teatro, dança e em recitais de música de câmara e a solo tanto na área da Música Antiga como na Música Contemporânea. Desenvolveu um programa de transcrições de música de Carlos Paredes para cravo nimo possível a fonte musical e, por outro o renovam à sua imagem. Para este concerto em concreto, contamos com a colaboração de Rui Silva, um grande músico e amigo. Carmina Repas Gonçalves (soprano, viola da gamba) Cardo-Roxo Cardo-Roxo é um duo constituído por Antony Fernandes e Carmina Repas Gonçalves, um casal de músicos residente no Porto. Este projeto nasce em 2012 da vontade de reproduzir e fazer chegar ao público a música tradicional portuguesa com uma nova perspetiva. Cardo-Roxo propõe uma abordagem baseada na escuta, no gosto pelo silêncio e pelo volume natural dos instrumentos utilizados sem amplificação ou outros efeitos artificiais. O objetivo é convidar o público a desfrutar de um concerto intimista e agradável, explorando ao máximo os recursos dos instrumentos e o espaço em que se encontram. A par da dimensão contemplativa e sempre com o objetivo de reestabelecer a ligação entre o público e as suas próprias raízes, fazem uma escolha muito cuidada das melodias que lhes chegam através de recolhas áudio, vídeo e escritas sobre as quais constroem arranjos que respeitam as características sonoras e emotivas das mesmas. As suas músicas são assim simultaneamente originais/modernas e familiares/antigas no sentido em que, por um lado se esforçam por alterar o mí- 27 Iniciou os seus estudos musicais em pequena, tendo estudado piano, violino, canto e viola da gamba na escola de música Concertino e mais tarde no Conservatório de Música de Lisboa. Cantou em vários coros e dirigiu o coro de alunas da Escola de Dança Ana Mangericão durante dois anos, tendo mais tarde feito um curso intensivo de direção coral no Instituto Piaget. A par do seu interesse e gosto pela música e pelo ensino da mesma, desenvolveu outras competências artísticas como a dança, (estudando durante vários anos na Escola de Dança Ana Mangericão, na qual viria a desenvolver-se em vários tipos de dança) e o teatro, terminando a licenciatura em Produção Teatral na Escola Superior de Teatro e Cinema em 2009. Apesar de ter tido algumas experiências profissionais e académicas interessantes em teatro e dança, acabou por decidir que o seu caminho artístico seria dedicado sobretudo à música utilizando no entanto atualmente muitas das ferramentas adquiridas nesse processo de aprendizagem. O início do estudo da viola da gamba (2004) coincidiu com a descoberta da música antiga e da música tradicional, temas sobre os quais se tem debruçado desde então. No que diz respeito ao estudo da música antiga, licenciou-se em 2013 biografias Biographies do qual resultou a edição do CD Acção com o qual tem efetuado diversos recitais. É professora assistente da escola Superior de Música de Lisboa desde 1999. na Escola Superior de Música, Artes e Espetáculo através da qual teve a hipótese de fazer 1 ano de Erasmus na Kungliga Musikhögskola i Stockholm (Suécia). A par do estudo da mesma, tem tocado com alguns músicos e grupos de renome como Concerto Atlântico (dir. Pedro Caldeira Cabral), Sete Lágrimas (dir. Filipe Faria e Sérgio Peixoto) e Arte Mínima (dir. Pedro Sousa Silva). No que diz respeito à música tradicional teve a possibilidade de estudar um ano na Sjövik Folkhögskolan na Suécia e tem feito algum trabalho de investigação como autodidata. O seu trabalho nesse âmbito passa sobretudo pela pesquisa e divulgação da música tradicional portuguesa, trabalho esse que pode ser visto principalmente através do seu duo Cardo-Roxo (com o qual tem feito concertos por todo o país e lançou já o disco Alvorada) e do projeto educativo Cardo-Amarelo. A par da sua atividade artística, trabalhou como assistente do Curso de Música Antiga da ESMAE no qual organizou concertos, cursos e masterclasses. Até Setembro de 2015 trabalhou, através do Projecto Cardo (divulgação e ensino de música tradicional portuguesa), no projeto Há Festa na Aldeia, no qual fez concertos em colaboração com as comunidades de seis aldeias da região Norte. Antony Fernandes (Barítono, säckpipa, flauta de harmónicos) Antony Fernandes nasceu a 31 de Março de 1984 em Paris, França. Mudou-se para Portugal ainda 28 em criança e desde cedo demonstrou grande aptidão para a música e para o teatro. Estudou teatro na Academia Contemporânea do Espectáculo que terminou em 2007 com média de 16 valores. Ao longo da sua formação e vida profissional teve a oportunidade de trabalhar com grandes profissionais do teatro portugueses e estrangeiros tais como António Capelo, João Paulo Costa, Kuniaki Ida, no Teatro do Bolhão, Giorgio Barberio Corsetti no Teatro Nacional São João, Moncho Rodriguez, Lígia Falcão, Pedro Giestas, no Centro de Criatividade da Póvoa de Lanhoso… Trabalhou também com grandes companhias de teatro de rua tais como os Les Plasticiens Volants, França e com Titanic Theatre, Alemanha. Conta também com uma participação na série juvenil Morangos com Açúcar. Em 2009 é convidado pela Lérias, Associação Cultural, Miranda do Douro, a desenvolver uma companhia de teatro comunitário onde cria vários espetáculos incluindo sempre a população local na criação dos mesmos. Enquanto músico aprendeu a tocar gaita de fole em 2006 com Ricardo Coelho e estudou música tradicional na escola Sjöviks Folkhögskola, Suécia. Foi fundador do grupo Míscaros e tocou em vários grupos de animação de rua. Musicou um espetáculo de teatro do TeatroEnsaio e um do Teatro do Bolhão. Lecionou gaita de fole em Miranda do Douro e em Cabeceiras de Basto. Tem também experiência na produção e logística de grandes eventos tais como o Festival de Música Tradicional de Quintandona (atual Festa do Caldo de Quintandona) da qual fez parte do grupo de fundadores, Diç que hai Fiesta nel Pobo, Il Burro i l Gueiteiro e Feira de Instrumentos Musicais Ibéricos. Para terminar, é juntamente com Carmina Repas Gonçalves membro do duo Cardo-Roxo, um grupo em crescimento com o primeiro álbum editado, “Alvorada” e que conta com o apoio da Antena 2, Antena 1 e RTP 2. Até Setembro de 2015 trabalhou, através do Projecto Cardo (divulgação e ensino de música tradicional portuguesa), no projeto Há Festa na Aldeia, no qual fez concertos em colaboração com as comunidades de seis aldeias da região Norte. Rui Silva (percussões históricas) Rui Silva é percussionista e artesão de adufes. Em 2012, especializou-se em Percussão Histórica, tendo sido aluno de Pedro Estevan no Master en Interpretación de Música Antigua da ESMUC/UAB. A sua linguagem musical é profundamente marcada pela Tradição do toque do adufe da Beira Baixa, instrumento que projeta e potencia através de novas técnicas de execução, linguagens, contextos musicais e métodos de ensino. Baseado no trabalho de investigação (projeto AL-DUFF, 2010-2014), criou a sua marca enquanto artesão: Rui Silva – Adufes. Desenvolveu um sistema de afinação inédito, re- 29 volucionando a performance e as potencialidades do instrumento no séc. XXI. Os seus adufes são tocados no Japão, Dinamarca, França, Brasil, Espanha, Holanda, Estados Unidos, Israel, Alemanha, Suíça, etc. Desde 2013 que participa como artesão, performer e formador no festival Tamburi Mundi, em Freiburg, na Alemanha. É codirector e cofundador, com Dave Boyd e Baltazar Molina, da Frame Drums Atlantic. É membro da Comissão da Candidatura de Idanha-a-Nova a Cidade da Música da UNESCO. Colaborou com o realizador Tiago Pereira (A Música Portuguesa a Gostar a Dela Própria) na gravação de um documentário sobre o Adufe para a RTP. É músico dos Sete Lágrimas, com quem gravou Terra, Península e Cantiga e com quem tem tocado nos mais importantes festivais de música antiga da Europa. É músico da Capella Sanctae Crucis, dirigido por Tiago Simas Freire, que se dedica à investigação e performance das obras da escola da Capela de Santa Cruz de Coimbra. Participou na gravação do CD Alvorada do Cardo-Roxo, com quem partilha cumplicidades artísticas e pessoais. Paralelamente, é product manager da agência Fonte Travel e vive na Ilha do Pico, Açores. biografias Biographies Faz parte do Coletivo Identidades, um grupo que realiza conferências, uma revista e uma página na internet com foco na música tradicional portuguesa; é músico no grupo Gaiteiros da Ponte Velha; é fundador e formador em Cardo-Amarelo que se dedica ao ensino da música tradicional portuguesa. Noa Noa Fundado por Filipe Faria e Tiago Matias em 2012 – antecipando o 110º aniversário da morte do pintor pós-impressionista Paul Gauguin (1848-1903) – Noa Noa procura explorar em música as fronteiras da liberdade criativa que os artistas da viragem do século XIX para o XX se propunham alcançar. A liberdade criativa que se vivia na Europa de então encontra paralelo na História da Música Ocidental do século XVIII em que o músico era formado para saber cantar, tocar um ou mais instrumentos, improvisar, compor e dirigir. A tradição de resposta sem fronteiras ao apelo criativo é tão antiga como o Homem e volta a ter eco nas tendências recentes da moderna prática da Música Antiga com a constatação de que o músico no passado tinha uma formação multifacetada que contrasta com a super-especialização a que se chegou no século XX e XXI. A própria redescoberta dos instrumentos históricos e das suas técnicas de execução tem vindo a iluminar o passado, mas ao mesmo tempo tem servido de inspiração a compositores contemporâneos para novas obras, linguagens e estéticas. Em Noa Noa, Filipe Faria e Tiago Matias assumem o papel antigo do músico multifacetado e multi-instrumentista bebendo tanto duma intensa experiência profissional de mais 30 de uma década na área da Música Antiga como do gosto comum pelo risco e pela capacidade íntima da música. De uma visão descomplexada e informal dos repertórios europeus para voz e alaúde, dos séculos XVI a XVIII, às músicas populares da Ibéria e da Europa com os cheiros e travos inevitáveis do torna viagem – marca de água da Europa pós aventura marítima – a música de Noa Noa assume uma construção moderna tendo como ponto de partida o diálogo essencial da voz com a multiplicidade de instrumentos antigos de corda pulsada. Desde a sua fundação o grupo apresentou-se em concerto em Idanha-a-Velha, Idanha-a-Nova e Monsanto (Festival Fora do Lugar de Músicas Antigas; Centro Cultural Raiano), Aveiro (Teatro Aveirense e Museu de Aveiro), Águeda (Fundação Dionísio Pinheiro), Braga (Auditório Vita), Cascais (Centro Cultural de Cascais), Coimbra (Grande Auditório Conservatório de Coimbra), Lisboa (ISA; FNAC Chiado), Oliveira do Bairro (Quartel das Artes) e Almada (Teatro Azul) entre outros com os convidados especiais Artur Fernandes (Danças Ocultas), Cardo-Roxo, Adufeiras de Idanha-aNova, Rancho Folclórico Vindimadeiras da Mamarrosa, Joana Espadinha (voz), João Hasselberg (contrabaixo) e João Pedro Leitão e Ana Bacalhau (Deolinda). Desde 2013 que desenvolve uma parceria com a artista Cristina Rodrigues que resultou na instalação A Manta, peça icónica do Museu Rural para o Século XXI/21st Century Rural Museum do projecto Design for Desertification DfD (Manchester Metropolitan University, MIRIAD e Oralities Project/UE) que esteve patente na Sé Catedral de Idanha-a-Velha, no MUDE Museu do Design (Lisboa), no Museu Nacional de Arqueologia/Mosteiro dos Jerónimos (Lisboa), na Manchester Cathedral (Inglaterra). E em 2015, estará patente no Mosteiro de Alcobaça com a produção Everything is New. Este disco atingiu o primeiro lugar do TOP de vendas FNAC na área da Música Clássica/Música do Mundo/Jazz, e durante quatro meses foi um dos discos mais vendidos em Portugal (de julho a novembro de 2014). A primeira edição esgotou ao fim de quatro meses estando, neste momento, a ser preparada uma segunda edição. Em 2015/2016 Noa Noa lança o seu segundo disco, o segundo volume do projeto Língua, tendo agendada – entre outros concertos - uma digressão integrada no projeto europeu Big Bang da Zonzo Compagnie (Bélgica) /CCB/Fábrica das Artes (Portugal) que se inicia no Centro Cultural de Belém e que irá passar por diversos países europeus, tais como a Bélgica, França ou Noruega. Em parceria com a Câmara Municipal de Idanha-a-Nova e a Arte das Musas, Noa Noa assume, no início de 2013, o estatuto de Artists-in-Residence neste concelho – com base na Aldeia Histórica de Idanha-a-Velha. Esta parceria concretiza-se na promoção de residências artísticas regulares que permitem olhar para o universo musical muito particular desta região raiana a partir de dentro, junto da população, dos músicos e artistas locais e dos seus espaços e hábitos. No mesmo ano Noa Noa assume ainda o estatuto de proje- 31 to parceiro do Festival Fora do Lugar, Festival Internacional de Músicas Antigas. O nome do ensemble é inspirado no inovador livro de Paul Gauguin de 1901 no qual o artista descreve os tempos passados em retiro criativo na Polinésia Francesa, em especial no Tahiti. Envolto em polémica, tanto Gauguin como o seu Noa Noa são ainda hoje sinónimos de liberdade criativa. Noa Noa é apoiado pela Secretaria de Estado da Cultura/ Direção Geral das Artes e é representado pela produtora Arte das Musas. Filipe Faria Lisboa, Portugal, 1976. Músico, produtor cultural, project designer, fotógrafo, videógrafo, criativo. Fundador e diretor da produtora cultural Arte das Musas (2002-). Fundador e diretor da label MU Records (2006-): 11 discos, 2 livros. Músico freelancer (1998-2008). Fundador, produtor e codiretor artístico do consort de música antiga e contemporânea Sete Lágrimas (2000-): 9 discos,> 200 concertos em Portugal, Espanha, França, Itália, Malta, Bulgária, Bélgica, Noruega, Suécia, China, etc. (Ensemble Associado Temporada 2012/13 CCB/Lisboa). Fundador e codirector artístico de Noa Noa (2012-). Fundador, produtor e diretor do projeto artístico-etnográfico Olha para mim (2013-). Fundador, produtor e diretor artístico do Festival Terras sem biografias Biographies Em 2014, Noa Noa lança o seu primeiro trabalho discográfico - com o apoio DGARTES e CMIN - dedicado à memória coletiva definida pelas diversas culturas e línguas ibéricas, uma manta de sons para além do Ebro que resultou no português, castelhano, mirandês, galego, asturiano, basco ou catalão. Este projeto, intitulado Língua (vol.1), viaja entre o que há de mais comum e mais diferente na História da cultura ibérica explorando as fronteiras geográficas, culturais e conceptuais da tradição e da ancestralidade com a contemporaneidade ou a interculturalidade. João Hasselberg Sombra (2003-2010) no Alentejo (Portugal). Fundador, produtor e diretor artístico do Festival Fora do Lugar, Festival Internacional de Músicas Antigas (2012-), em Idanha-a-Nova (Portugal). Horticultor amador. Pai. Tiago Matias Aveiro, Portugal, 1978. Músico, produtor, professor, diretor musical. Guitarrista (-2005). 1º Prémio no concurso Música en Compostela (2004). Desde 2005 dedica-se aos instrumentos antepassados da guitarra: alaúde, tiorba, vihuela, guitarra barroca, guitarra romântica e colascione. Produtor e diretor do Coro e Orquestra de Câmara da Bairrada (2005-). Fundador e codirector artístico de La Farsa (2006-). Fundador e codirector artístico de Noa Noa (2012). Músico do consort de música antiga e contemporânea Sete Lágrimas (2008-), entre outros. 7 Discos:Vocal Ensemble, Sete Lágrimas, etc. Produtor cultural na Arte das Musas (2013-). Monitor de montanhismo do Grupo de Espeleologia e Montanha de Aveiro (2005-) 32 (Contrabaixo) O contrabaixista João Hasselberg é já um dos rostos do panorama musical nacional e internacional. Estreou-se como compositor e líder do seu próprio projeto com o lançamento do disco Whatever it is you’re seeking, won’t come in the form you’re expecting (Sintoma Records, 2013) e Truth has to be given in riddles (2014). Estudou na Escola de Jazz do Hot Clube entre 2004 e 2006 e graduou-se pelo conservatório de Amsterdão em 2010. Em 2007 foi 3º classificado na Competição Internacional de Jazz de Bucareste (Roménia) e em 2009 foi finalista da competição Keep an Eye Jazz Award (Amesterdão), tendo gravado duas faixas para o CD da mesma. Toca/grava com Luisa Sobral, Filipe Melo, Júlio Resende, Afonso Pais, Sara Serpa, Spyros Manesis, Gerard Presencer, João Firmino, Desidério Lázaro, Gianni Gagliardi, Mariana Norton, David Murray, Gilles Estoppey, Simone de Oliveira, Paula Sousa, Noa Noa entre outros. Toca em festivais como London Jazz Festival (Reino Unido), Cully Jazz (Suíça), Den Hague Jazz Festival, Jazz Ahead (Alemanha) IJ Jazz Festival, Breda Jazz Festival, Meer Jazz festival, Trytone Jazz Festival, (Holanda), Festival Internacional de Jazz de Barcelona, Festival de Jazz de Cartagena (Espanha), Europa Fest (Romania), Sudoeste TMN, CoolJazzFest, Festa de Jazz do S.Luis, Festival de Valado dos Frades, Jazz no Castelo, Festival de Jazz de Verão de Setúbal, Seixal Jazz (Portugal), entre outros. E em salas como Barbican Center (Londres), Half-Note (Atenas), Hot Clube (Lisboa),Tempo- Nota: Este trabalho é financiado por Fundos FEDER através do Programa COMPETE 2020 e por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia no âmbito do projeto «UID/EAT/00472/2013, INET-MD»’ Monika Mauch (soprano) Monika Mauch é natural de Baden-Württemberg, na Alemanha. Estudou Canto no Instituto de Música Antiga da Musikhochschule de Trossingen com Richard Wisreich, seguindo o seu percurso académico em Paris, orientada por Jill Feldman. Concentus Paeninsulae O Concentus Paeninsulae insere-se na tradição de colaboração entre músicos portugueses e espanhóis que nem durante os mais duros períodos de guerra entre ambos os países foi interrompida. Dentre os seus integrantes encontra-se grande parte dos melhores intérpretes de Música Antiga da Península Ibérica, particularmente versados na interpretação de repertório do período clássico em réplicas de instrumentos de época como Sérgio Franco (violino) e Pedro Castro (oboé). Os seus componentes tocam em alguns dos melhores ensembles ibéricos, como Concerto Campestre, Ludovice Ensemble e Divino Sospiro, portugueses, ou El Trovar de los Afectos, Al Ayre Español e Los Músicos de Su Alteza, espanhóis, assim como em muitos grupos de outros países, como Ricercar Consort ou Les Talens Liryques, por exemplo. 33 Iniciou a sua carreira com Ricercar Ensemble de Philipp Pierlot, La Fenice, Ensemble Ordo Virtutum e Taverner Consort. Entretanto tem sido uma figura essencial nos programas de diversos agrupamentos como Concerto Paladino, Ensemble CordArt, Ensemble Caprice, Cornets Noirs, La Capella Ducale, Musica Fiata, Weser Renaissance, Collegium Vocale Gent, entre outros. Gravou para Harmonia Mundi France, com Cantus Coelln a Missa em Si menor de J. S. Bach. Dentre vários outros registos fonográficos destacam-se as colaborações com Hilliard Ensemble, Ensemble Daedalus, Ensemble Private Musik, e L’Arpa Festante, assim como com o alaudista Nigel North. biografias Biographies drom (Berlim), Alte Oper (Frankfurt), Kolner Philarmonie (Colónia), LaeiszHalle (Hamburgo), Casa da Música, CCB e na maioria das grandes salas Nacionais. É professor de contrabaixo da Escola Luis Villas-Boas do Hot Clube de Portugal desde 2011. Em 2011 vence o Prémio Jovens Músicos na categoria de Jazz Combo. Vasco Negreiros (direção musical) Vasco Negreiros, para além da sua formação académica, concluída com o grau de Kappell-Meister obtido na Escola Superior de Música de Mannheim-Heidelberg, tem vasta experiência como maestro na área específica da Música Antiga, fundamentalmente em Portugal, Espanha, Inglaterra, Alemanha e Brasil. Como musicólogo, vem-se dedicando nos últimos anos com afinco ao estudo da obra de Jerónimo Francisco de Lima, sobre a qual escreveu dois ensaios no livro Música instrumental portuguesa no Antigo Regime, assim como transcreveu todas as suas aberturas, publicadas pela AvA musical-editions, e a íntegra do drama musical Teséo, que pretende estrear em breve. Para além de diversos livros e partituras, é também prolífico compositor, tem publicados os CDs Brasil Barroco, com primeira audição contemporânea de diversas obras brasileiras para solistas, coro e orquestra do período colonial, 1989, e o CD triplo Livro de vários motetes, com Vocal Ensemble, 2005, tanto na sua versão discográfica normal, pela editora Althum, como acompanhando a edição facsimilada da obra de Frei Manuel Cardoso, pela Imprensa Nacional – Casa da Moeda de Portugal. Flanders Recorder Quartet - The Ambassadors of the Recorder... Desde a sua fundação, em 1987, o Flandres Recorder Quartet evoluiu para um dos principais ensembles do mundo. O sucesso do conjunto, em 1990, na prestigiada Musica Antiqua Competition, em Brugge, patrocinada pelo Festival da Flanders, deu início a uma carreira concertística de enorme sucesso. Depois de mais de 1800 concertos nos cinco continentes incluindo alguns em salas de concerto mundialmente famosas em Tóquio, Nova Iorque e Salzburg, o ensemble atingiu uma posição de destaque no mundo da música antiga. Ao longo dos anos, o FRQ tem participado regularment como convidado nos principais festivais de música, como os de Helsínquia, Paris, Genebra, Boston, Vancouver, Singapura, Taipé e Cidade do México. Efetuou numerosas gravações para as editoras Harmonia Mundi, Archiv / Deutsche Grammophon, Ricercar, e OPUS 111. Em 2003 o quarteto iniciou uma longa e intensa colaboração com a gravadora alemã AEOLUS. O Flanders Recorder Quartet apresenta um instrumento que foi subestimado por quase dois séculos. A sua extraordinária coleção é composta por reproduções de instrumentos, tendo como base as ilustrações de Virdung (1511) e os originais da coleção de Henry VIII, um grande-baixo barro- 34 A extensa coleção de instrumentos, o desempenho virtuoso dos seus intérpretes, um leque variado de programas, fazem de cada concerto uma experiência inesquecível, para além de promover e dignificar a flauta doce, um dos instrumentos mais importantes dos períodos renascentista e barroco, recuperando todo o brilho e esplendor do seu passado. Os membros da Flandres Recorder Quartet construíram também impressionantes carreiras docentes, sendo capazes de transmitir suas ideias pedagógicas de forma inspiradora, tanto enquanto professores e como nas inúmeras masterclasses que realizam. Ao fazê-lo não evitam o confronto entre a música contemporânea e a antiga. Um dos resultados mais palpável deste trabalho foi a edição do livro sobre a arte de se tocar em ensemble, The Finishing Touch of Ensemble Playing (Alamire, 2000), já traduzido para diversas línguas. O Flandres Recorder Quartet tem sido também aclamado pelos seus interessantes arranjos e pelas mais de quarenta composições que lhes foram dedicadas. Algumas destas peças foram colocadas à disposição do grande público através da publicação da edição de uma coleção do próprio ensemble, The Flanders Recorder Quartet Series, publicados pela editora alemã Heinrichshofen. A imprensa, o público e os diversos júris internacionais têm elogiado a forma clara e precisa do seu som conjunto, a perfeição técnica, a homogeneidade sonora e o rigor estilístico das suas interpretações: “um efeito sedutor e suave, que mais parece ser uma fusão do timbre soprado de um órgão portativo com a precisão expressiva de um bom quarteto de cordas.” (S. Smith, New York Times). 35 biografias Biographies co, com cerca de 2,3 metros de comprimento (construido por Friedrich von Huene, Boston), e flautas doces modernas construídas por Hans Coolsma (Utrecht). INFORMAÇÕES ÚTEIS useful Information Academia de Música de Almada telefones: 21 294 58 07, 21 294 58 06, 960 175 767 Câmara Municipal de Almada telefone: 21 272 40 08 Recomendações ao Público recommendations Os Concertos têm entrada livre, limitada no entanto à capacidade das salas. Os Concertos a realizar no Cine-Teatro da Academia Almadense (27 Set.) e na Igreja da Mesericórdia de Almada (17 Out.) são também de entrada livre mas, sujeita ao levantamento de bilhete, a partir das 18h. Desligue o telemóvel e o alarme do seu relógio antes do início do Concerto. 38 FICHA TÉCNICA Credits Apoios, Patrocínio Sponsors Florista Pé de Flor Direção Artística Artistic direction Academia de Música de Almada Agradecimentos Special Thanks To Edição, revisão e tradução de texto Editing, Proofreading and Text Translation Academia de Música de Almada Câmara Municipal de Almada FIT - Found in Translation Rev. Pe. Fernando Paiva, Vice-Reitor do Seminário Maior de S. Paulo Rev. Pe. Fernando Belo, Pároco Emérito de Almada Rev. Pe. Marco Luís, Pároco de Almada Rev. Pe. Horácio Noronha, Pároco Emérito do Pragal Produção Production Academia de Música de Almada Câmara Municipal de Almada Rev. Pe. José Maria Furtado, Pároco do Pragal Rev. Pe. Quintino Trinchete, Pároco de Cacilhas Santa Casa da Misericórdia de Almada Academia de Instrução e Recreio Familiar Almadense 39 Setembro & outubro september &october 2015 Cine-teatro academia almadense ermida de são sebastião igreja da mesericórdia de almada igreja de santiago Igreja da Nossa Senhora do Bom Sucesso Seminário de São Paulo www.m-almada.pt