Vanessa Silva Melo de Queiroz

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n
Pró-Reitoria de Graduação
Curso de Comunicação Social - Jornalismo
Trabalho de Conclusão de Curso
Ouça Brasília
OUÇA BRASÍLIA:
PRODUÇÃO DE PROGRAMA CULTURAL DE RÁDIO SOBRE MÚSICA
EM BRASÍLIA
Autor: Vanessa Silva Melo de Queiroz
Orientador (a): Profa. Mª. Angélica Cordova
Brasília - DF
2013
2
VANESSA SILVA MELO DE QUEIROZ
OUÇA BRASÍLIA:
PRODUÇÃO DE PROGRAMA CULTURAL DE RÁDIO SOBRE MÚSICA EM
BRASÍLIA
Trabalho de conclusão apresentado ao
curso de Graduação em Comunicação
Social da Universidade Católica de
Brasília, como requisito parcial para a
titulação de bacharel em Jornalismo.
Orientadora: Profa. Mª. Angélica Cordova
Brasília
2013
4
AGRADECIMENTO
Primeiramente, agradeço a Deus, que esteve do meu lado a cada passo que
dei neste projeto.
Agradeço a minha família, pela paciência e confiança. Aos meus irmãos,
Clayton e Ériston, que ajudaram com suas experiências, e ao meu namorado, pelo
companheirismo, apoio e amizade.
Agradeço imensamente à minha orientadora e professora, Angélica Cordova,
por ter acreditado em mim neste trabalho, e pelos conselhos, incentivos e auxílios.
Agradeço aos técnicos do estúdio de rádio da Universidade Católica, Bil
Ranulfo Silva e Rener Lopes, que muito me ajudaram na produção e edição do
produto. E também à minha amiga Mariana Santiago, por fazer parte deste projeto,
gravando as locuções junto comigo e dando mais mobilidade aos programas.
E, finalmente, agradeço também a todos os professores e amigos que de
alguma forma contribuíram para as ideias deste trabalho.
5
RESUMO
QUEIROZ, Vanessa Silva Melo de. Ouça Brasília: Produção de programa cultural
de rádio sobre música em Brasília. 2013. Memorial (Curso de Comunicação
Social) – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2013.
Este memorial do trabalho de conclusão de curso consiste no
acompanhamento teórico necessário para a produção de produto (programa de
rádio) cultural com enfoque musical. Para essa finalidade, traz-se a definição de
cultura em amplos segmentos, com discussão de conceitos e características.
Também apresenta a história do jornalismo cultural, vertente do jornalismo a
ser explorada na prática do programa. Levanta-se brevemente o histórico do cenário
musical de Brasília. A história e características do rádio e, ainda, descrições de
diferentes programas culturais musicais transmitidos atualmente em rádio local ou
nacional. O motivo dessas descrições foi para fazer uma pesquisa exploratória, para
servir de inspiração para as pautas e roteiros do programa.
Foram produzidos quatro programas de programa de rádio à luz dessa
fundamentação teórica, intitulado Ouça Brasília. Desenvolveu-se entrevistas e
reportagens com artistas e bandas musicais de Brasília, trazendo um estilo de
música diferente a cada piloto, com o intuito de apresentar e divulgar quem são os
artistas da música em Brasília e como cada estilo abordado é divulgado na capital.
O produto passou por processos de produção externos (gravador portátil)
para a gravação de algumas entrevistas, e internos (estúdio de rádio) para a
gravação de outras entrevistas, edição de entrevistas, gravação e edição de
reportagens, gravação de offs, produção de vinhetas e montagem dos programas.
O programa de gravação, edição e montagem utilizado foi o Adobe Audition.
Palavras-chave: Rádio. Música. Cultura. Jornalismo Cultural. Brasília.
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ABSTRACT
This completion of course work consists at the theoretical accompaniment
needed for the production of cultural radio program with the focus in music. For this
finality, it brings the culture’s definition at large segments, with discussion of concepts
and particulars.
The text also provides the history of cultural journalism, journalism’s side to be
explored at the practice of the program. It bring up some about the Brasília’s musical
history. The history and attributes of the radio and, more, descriptions of different
musical cultural programs transmitted currently at the local or national radio. The
reason of this descriptions is for create ideas and inspiration for the guidelines and
scripts of the program.
Four programs of radio’s program, entitled Ouça Brasília, were produced
based at this theoretical grounding. Interviews and reporters with Brasília’s musical
artists and bands were developed, bringing a different music’s style at each pilot,
featuring the intention of present and reveal who are the music’s artists of Brasília
and how each style approached is spreaded at the capital.
The product passed for external production’s processes (portable recorder) for
the recording of some interviews, and internal (radio’s studio) for the recording of
others interviews, edition of the interviews, recording and edition of the reporters,
recording of offs, production of the vignettes and setting of the programs.
The recording, edition and setting software used was the Adobe Audition.
Keywords: Radio. Music. Culture. Cultural Journalism. Brasília.
7
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 8
2. OBJETIVO ............................................................................................................ 10
2.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................... 10
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................ 10
3. METODOLOGIA ................................................................................................... 11
4. CULTURA ............................................................................................................. 12
4.1 DEFINIÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA ........................................... 12
4.2 GLOBALIZAÇÃO DA CULTURA ..................................................................... 19
4.3 FORMAÇÃO DE IDENTIDADES ..................................................................... 23
5. JORNALISMO CULTURAL .................................................................................. 28
6. MÚSICA EM BRASÍLIA ........................................................................................ 32
7. RÁDIO ................................................................................................................... 34
7.1 HISTÓRIA DO RÁDIO ..................................................................................... 34
7.2 LINGUAGEM RADIOFÔNICA ......................................................................... 36
7.3 PROGRAMAS DE ENTRETENIMENTO E MUSICAIS .................................... 38
7.4 PROGRAMAS CULTURAIS EM EMISSORAS FM DE BRASÍLIA .................. 39
7.4.1 Minha história musical de Brasília......................................................... 39
7.4.2 Sala de Música......................................................................................... 41
7.4.3 Som Brasilis e demais programas de emissoras públicas ................. 42
7.5 ARGUMENTO DO PROGRAMA ..................................................................... 43
8. DIÁRIO DE BORDO.............................................................................................. 45
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 49
ANEXOS ................................................................................................................... 51
ANEXO 1 – Roteiro: Programa Ouça Brasília - nº 01 ............................................ 51
ANEXO 2 – Roteiro: Programa Ouça Brasília - nº 02 ............................................ 56
ANEXO 3 – Roteiro: Programa Ouça Brasília - nº 03 ............................................ 61
ANEXO 4 – Roteiro: Programa Ouça Brasília - nº 04 ............................................ 66
8
1. INTRODUÇÃO
A cultura no Distrito Federal é diversificada. A música apresenta estilos para
todos os gostos. Brasília, desde sua criação, recebeu migrantes de todas as partes
do país, que trouxeram de seu estado a cultura e o estilo musical herdados. Assim, a
capital do Brasil, cidade que cresceu 50 anos em cinco, possui um caldeirão eclético
de diferentes gostos musicais, vindos de todos os lugares, por ser uma cidade que é
fruto do pós-modernismo, já que nasceu durante esse período. Talvez, por isso,
Brasília seja conhecida como uma cidade sem identidade. Ou, pelo contrário: a sua
identidade é essa diversidade. Assim, ela é a capital do país, que tem um pouquinho
de quase todas as suas regiões.
Tida como a cidade do rock na década de 80, Brasília foi cenário de muitas
bandas de rock que conquistaram admiração e sucesso nacionalmente. Foi uma
década rica para a cidade, quando se fala de música. Já na década de 1990 em
diante, pode-se enxergar Brasília como uma cidade para todos os gostos musicais:
além do rock, o reggae, o rap, o axé, o sertanejo, o samba, o pagode, o funk, o forró,
todos vindos de diferentes localidades, do sul ao norte do Brasil.
Se os estilos musicais brasilienses podem ser de fora, os artistas, porém, não
necessariamente. Dentro da cidade, há moradores que cantam e tocam esses
múltiplos estilos. São pessoas que, assim como outros jovens da cidade, curtem as
músicas dos outros estados. E aproveitaram o seu gosto e a fama local da música
para se lançarem como artistas desses estilos. A proposta deste trabalho é
apresentar, em uma série de programas de rádio (quatro pilotos), esses cantores e
bandas: artistas que são de Brasília e tocam os gêneros musicais que vieram de
outras partes. E, assim também, mostrar que na cidade há talentos musicais que
merecem destaque.
Para perceber a importância deste trabalho, é preciso levar em consideração
como a cultura e a música são importantes para a sociedade. A cultura tira crianças
e jovens das ruas e das drogas, revela talentos, melhora a qualidade de vida de
quem o pratica, e causa emoção e prazer para quem o admira e assiste.
Quando talentos não são descobertos ou não são valorizados, podem estar
sendo desperdiçados por falta de espaço e oportunidade. Toda sociedade e
qualquer cidadão merece ter acesso ao lazer, à música e a promoção cultural, como
diz a Constituição Federal, no art. 215: “O Estado garantirá a todos o pleno exercício
9
dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará
a valorização e a difusão das manifestações culturais”. E, como diz Piza (2009, p.
60), “não é porque uma obra não ‘viaja’ bem que seu valor artístico será
necessariamente maior ou menor”.
Este trabalho consiste em divulgar a cultura brasiliense, mais precisamente a
musical, que já existe na capital. Para conseguir isso, artistas foram localizados e
apresentados, sem a pretensão de julgar se o estilo do músico apresentado é ou
não de bom gosto.
10
2. OBJETIVO
2.1 OBJETIVO GERAL
Fazer um programa de rádio no formato musical que trate das manifestações
culturais de (e em) Brasília no cenário musical.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Produzir quatro programas.

Divulgar a cultura musical brasiliense.

Fazer cada programa sobre um estilo diferente: reggae, samba e
pagode, sertanejo e rock.

Apresentar artistas de Brasília.

Falar sobre suas histórias, carreiras, o que os influenciaram a entrar no
meio musical.

Mostrar como cada um dos quatro estilos são difundidos em Brasília.
11
3. METODOLOGIA
O presente trabalho de conclusão de curso consiste na elaboração de um
programa cultural de rádio. Utiliza-se como referência a definição de Barbosa (2003)
para programa musical. O autor conta que um programa musical abrange não só a
transmissão de música, mas também dados sobre os artistas, curiosidades,
entrevistas e reportagens. Esses formatos fazem parte do programa proposto, a
respeito de artistas musicais, mais especificamente, do músico profissional em
Brasília: os talentos de diferentes gêneros pertencentes à capital. Para tanto, foi
preciso fazer uso de um estúdio de rádio, para a gravação, edição e montagem dos
programas, e um gravador, para gravar as entrevistas externas usadas.
O trabalho tem funções exploratória e descritiva, pois as entrevistas exploram
as atividades feitas pelos artistas, para conhecê-los. E o programa ainda descreve,
por meio de reportagens, como é difundido na cidade cada estilo abordado.
Etapas:
Pesquisa sobre músicos de Brasília em cada gênero estudado e,
consequentemente, contato com os mesmos.
Contato e entrevista com pessoas influentes de Brasília na área
musical, como gerentes de casas de shows e produtores de eventos.
Elaboração de pautas para as reportagens do programa com base na
pesquisa feita previamente.
Planejamento do pré-roteiro do programa.
Visita aos locais onde os artistas ensaiam e/ou se apresentam para
fazer a pesquisa in loco.
Entrevista com os artistas no estúdio de rádio ou através do uso de um
gravador portátil.
Gravação das reportagens no estúdio com base nas pesquisas e
entrevistas feitas.
Planejamento do roteiro definitivo.
Gravação do programa.
Edição.
12
4. CULTURA
4.1 DEFINIÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA
Primeiramente, para entender a cultura, devem-se traçar caminhos que a
definem nos embasamentos teóricos. Dentro das teorias de comunicação, por
exemplo, pondera-se que os meios de comunicação, ou a mídia, são um dos
principais responsáveis por fazer a ligação entre a cultura e o público. Mauro Wolf
(2009), em Teorias da Comunicação, aborda a teoria crítica, que se refere à crítica
em relação aos meios de comunicação. Ou seja, trata a respeito do modo como a
mídia e os veículos transmitem a cultura.
Nesse sentido, a teoria crítica alerta para a manipulação feita, pela mídia, à
massa. Essa é a ideia defendida por Max Horkheimer e Theodor Adorno, da escola
de Frankfurt. Eles buscavam, por seus estudos e pesquisas, “fundir o
comportamento crítico nos confrontos com a ciência e a cultura”. (WOLF, 2009, p.
82). A teoria crítica, diferente de outras pesquisas feitas anteriormente sobre o
assunto, leva em consideração as intervenções sociais, e não apenas dados
estatísticos.
Wolf (2009) conta que o termo cultura de massa foi substituído pelo termo
indústria cultural. Logo, a indústria cultural é a responsável pela “manipulação e
alienação das massas”. É a responsável pelo comodismo da população, pois não
apresenta novidades culturais, e sim mais do mesmo: oferece, em formas diferentes,
algo que ocultamente é sempre igual. O que já é de gosto da massa, é
continuamente ofertado para a manutenção da audiência. E isso produz indivíduos
sem perspectiva de crítica social.
“Na era da indústria cultural, o indivíduo deixa de decidir autonomamente; o
conflito entre impulsos e consciência soluciona-se com a adesão acrítica aos valores
impostos.” (WOLF, 2009, p. 86).
Um exemplo cultural que Wolf (2009) cita a respeito do que é ofertado como
novidade, mas na verdade, é mais do mesmo, é a música ligeira. A nominação
lembra músicas populares, que caem no gosto do povo, viram sucesso, e depois
desaparecem rapidamente. A música ligeira é a que atrai as massas. Trazendo
sempre algo que parece novo, a indústria cultural, na verdade, apresenta músicas
que faz o público reconhecer aquilo que já gosta, que já conhece. O público, ao
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reconhecer aquilo que já é de seu gosto, reconhece a música ligeira como parte de
sua identificação: é o comodismo da massa em querer sempre o mesmo, o que já
conhece. Para a indústria cultural, a massa deve ser bombardeada com aquilo que
já garante antecipadamente a audiência e o lucro.
Assim, a indústria cultural modifica a individualidade do seu consumidor. A
teoria crítica traz reflexões acerca do tema abordado mais adiante, que é a formação
de identidade por meio da cultura: ela alega que o sujeito, ao pensar que está
definindo sua identidade, está, ao contrário, perdendo sua individualidade, ao passo
que toda a massa passa a agir da mesma forma. Em um próximo tópico serão
trazidos argumentos contrários, que definem a cultura como papel importante na
formação de identidades.
Segundo Veras (2013), Horkheimer e Adorno citam diferentes níveis de
cultura, como a alta – representada pela produção intelectual e artística ligada às
universidades e academias – e a baixa – que é a popular, criada por um povo sem
instrução formal, porém providos igualmente de criatividade. Na indústria cultural,
contudo, tanto a alta cultura quanto a baixa, se tornam um produto a ser apenas
consumido para geração de lucros, que é a cultura de massa, com padrões e
fórmulas repetitivas, velhas, jamais novas.
Chauí (1984) é outra autora que trata a respeito de cultura alta e baixa. Ela
destaca a importância de se valorizar igualmente todos os tipos de cultura, de todos
os tipos de sociedade, mantendo a pluralidade para que possa permanecer em
aberto a possibilidade para a criação de algo que é sempre múltiplo, de modo a
atingir uma proposta democrática na cultura (como na política). A autora não discute
somente as culturas populares, mas ainda as da elite:
Elite significaria precisamente elitismo e segregação, mas, ao mesmo
tempo, afirmação de um padrão cultural único e tido como o melhor para
todos os membros da sociedade. Salta aos olhos, então, o caráter
paradoxal do autoritarismo das elites, visto que a ideia de padrão cultural
único e melhor implica, por um lado, a imposição da mesma cultura para
todos e, por outro lado, simultaneamente, a interdição do acesso a essa
cultura ‘melhor’ por parte de pelo menos uma das classes da sociedade.
(CHAUÍ, 1984, p. 40).
Essa interdição do acesso à cultura tida como "melhor" para o povo é o que
faz o senso comum dizer que o povo não tem cultura, já que sua cultura própria é
considerada "menor", "atrasada", ou até mesmo "tradicional", o que a difere de
"moderna". Com isso, Chauí (1984) define os intelectuais das elites como
miseráveis, no sentido de não conhecer as culturas do povo, que são tão vastas e
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variadas. Além disso, a autora acredita que o termo "cultura do povo" é a forma
correta de se referir a essas culturas, e não, como ela pensa, erroneamente, "cultura
popular", pois o termo "cultura do povo" define que a cultura não é só para o povo,
como também produzida por ele. Enquanto a noção de "popular" se estabelece
ambígua, já que "não é porque algo está no povo que é do povo" (CHAUÍ, 1984, p.
43, grifo do autor).
A autora declara, assim, como é a visão da comparação entre cultura popular
e cultura dominante:
Nessas condições pode-se compreender o prestígio da ciência e por que
serve como critério da diferença entre a cultura dominante e a dominada: a
primeira se oferece como saber de si e do real, a segunda como não-saber.
Forma nova e sutil de reafirmar que a barbárie se encontra no povo na
dimensão da ‘incultura’ e da ‘ignorância’, imagem preciosa para o
dominante sob dois aspectos: de um lado, a suposta universalidade do
saber dá-lhe neutralidade e disfarça seu caráter opressor; de outro lado, a
‘ignorância’ do povo serve para justificar a necessidade de dirigi-lo do alto e,
sobretudo, para identificar a possível consciência da dominação com o
irracional. (CHAUÍ, 1984, p. 51).
Coutinho (in PAIVA; BARBALHO, 2009) também aborda o tema de cultura
popular (ou do povo) e de cultura dominante (das elites). Para ele, entre a popular e
a dominante há diferenças fundamentais. Enquanto a cultura dominante, das elites,
é a “melhor” - a coerente, a inteligente, a científica – a do povo passa por definições
contraditórias.
Entre a cultura popular, que constitui a concepção do mundo e da vida de
determinados estratos da sociedade, e a cultura dominante há uma
diferença fundamental no que diz respeito à elaboração e à sistematização
do conhecimento. Esta última tende à unidade, à organicidade e à
coerência, ao passo que aquela é desagregada, contraditória, anacrônica,
ideologicamente servil e caoticamente estratificada. (COUTINHO in PAIVA;
BARBALHO, 2009, p. 96).
O que o autor diz, volta à origem de cada cultura. Na cultura do povo, por
exemplo, que ele cita como “cultura popular”, remete à origem do povo, que está
acostumado a servir o outro, o dominante. Conforme Coutinho (in PAIVA;
BARBALHO, 2009), pela tradição, o povo já nasce com o “dom” para servir, já se
sente inferior, o que vem desde a época da escravidão. Quem é do povo não sabe
mandar, sabe apenas obedecer. Isso se reflete na cultura popular. Como o próprio
autor citou, um exemplo é o caso dos europeus, que criaram a cultura dos africanos
para os africanos. Escondendo, assim, o imperialismo das relações entre ambos,
usando de comportamentos respeitados e conhecidos pelos nativos.
15
Devido a essa observação, Coutinho (in PAIVA; BARBALHO, 2009) defende a
luta das classes menos favorecidas por uma nova cultura, assim elevando a cultura
popular. Não só superando o seu “folclore”, como ele chama a vida cultural
inorgânica e servil das massas populares, porém que conserve a sua dimensão, não
negando, então, a sua tradição. Ou seja, “não uma simples negação ou substituição
da cultura popular, mas uma superação dialética do folclore enquanto forma de
conhecimento”. (COUTINHO in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 96, grifo do autor).
Portanto, não se trata de negação ou total ruptura do “senso comum” popular.
Mas uma organização cultural, que o supere dialeticamente, negando a
generalização errônea e mistificada da realidade feita por ele, mas conservando os
seus valores.
A “organização da cultura” é, assim, um trabalho que se desenvolve sobre
as formas de consciência presentes na cultura popular. Trabalho de
seleção, interpretação e recuperação de aspectos positivos e de
desmistificação e rejeição do conteúdo fossilizado e reacionário do “senso
comum”. Trata-se, em suma, de se elaborar uma visão crítica do mundo
como base no próprio conhecimento das massas. A tradição é precisamente
esse processo de superação dialética do patrimônio histórico-cultural.
Processo de desenvolvimento que elimina, conserva e eleva a nível superior
a sabedoria popular. (COUTINHO in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 97).
Como Barbalho (2004) diz,
“[...] é a mídia que nos dias de hoje detém o maior poder de dar a voz, de
fazer existir socialmente os discursos. Então, ocupa-la torna-se uma tarefa
primordial das políticas das diferenças dando vazão à luta das minorias no
que ela tem de mais radical (no sentido de raiz): poder falar e ser escutada.”
(BARBALHO, 2004, p. 4).
Por isso, a mídia pode e deve dar oportunidade para que as minorias tenham
voz, e assim fazer parte da luta das classes menos favorecidas pelo seu
reconhecimento e pela manifestação dos seus direitos. Isso se dá não só no fator
político, como no cultural também, dada a importância que a cultura popular tem
para a manifestação de seus medos, seus anseios pelos seus direitos e pela sua
liberdade, por diferentes formas, principalmente a música, como vai ser discutido no
presente trabalho mais posteriormente.
Lazarsfeld (1940) desenvolveu uma pesquisa administrativa sobre processos
comunicativos distinta da teoria crítica. Entretanto, em métodos e resultados, é
possível perceber, em algumas partes, lastros da teoria crítica. Como por exemplo,
na abordagem ao rádio, como forte meio de manipulação das massas.
[...] a rádio pode favorecer muitas tendências para a centralização, a
estandardização e a formação das massas, tendências que parecem
predominar na nossa sociedade. [...] É certo que as inovações tecnológicas
16
têm uma tendência intrínseca para provocarem mudanças sociais. Contudo,
no que respeita à rádio, todos os elementos revelam ser inverossímil que
ela venha a ter, por si própria, profundas consequências sociais, num futuro
próximo. Na América, atualmente, a comunicação radiofônica é feita para
vender mercadorias e grande parte dos outros possíveis efeitos da rádio
está submergida num mecanismo social que destaca ao máximo o efeito
comercial. [...] Um programa deve divertir o público e, por isso, evita tudo o
que seja tão polêmico que provoque críticas sociais; [...] evita o
especialismo para que seja garantida uma audiência o mais vasta possível;
no sentido de agradar a todos, tenta evitar temas controversos.
(LAZARSFELD, 1940, p. 332 apud WOLF, 2009, p. 97-98).
Lazarsfeld (1940), bem como os outros autores que pensam a indústria
cultural (Horkheimer e Adorno), tem uma opinião pessimista a respeito do rádio, que
era uma inovação tecnológica e comunicacional para a época.
Para entender melhor essa definição pessimista de indústria cultural do
século XX, Horkheimer e Adorno (in LIMA, 1990) são dois autores que defenderam
bastante essa posição. De acordo com eles, a indústria cultural não tem limites no
quesito de como age sobre os indivíduos que consomem a cultura, no sentido de
produzir, guiar e até mesmo disciplinar as necessidades dos consumidores. Isso
ocorre pelos veículos de comunicação e ainda pelos produtos culturais da indústria,
que são vendidos e divulgados através da propaganda.
Os autores dão exemplos de como a indústria cultural pode influenciar na
personalidade de cada um.
A violência da sociedade industrial opera nos homens de uma vez por
todas. Os produtos da indústria cultural podem estar certos de serem
jovialmente consumidos, mesmo em estado de distração. Mas cada um
destes é um modelo do gigantesco mecanismo econômico que desde o
início mantém tudo sob pressão tanto no trabalho, quanto no lazer que lhe é
semelhante. (HORKHEIMER; ADORNO in LIMA, 1990, p. 165).
Assim se reflete a cultura pela indústria cultural: opera nos indivíduos de
forma marcante ao ponto de formar suas identidades, o que, consequentemente, faz
com que cada sujeito, mesmo em distração, insira essa cultura “imposta” em sua
personalidade e em sua vida cotidiana. A partir do momento que ela é inserida, ela
afeta suas relações sociais, e ainda, seu modo de agir e atuar no lazer, em casa, e
até mesmo no ambiente de trabalho. Logo, a indústria cultural é capaz de formar na
cabeça das pessoas necessidades que até então elas não tinham, controlando o
que elas devem usar, vestir, calçar, escutar, assistir. E, como os produtos culturais
vendem uma ideologia por trás, de como deve ser e se comportar quem usa cada
produto, eles ainda acabam por definir como seus consumidores devem ser ou agir.
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Para Max e Theodor, a indústria cultural “reduzida a puro estilo, trai o seu segredo: a
obediência à hierarquia social." (HORKHEIMER; ADORNO in LIMA, 1990, p. 169).
O que a indústria cultural passa com seus produtos e divulgações é a
possibilidade de adquirir prazer e diversão através deles. O consumo cultural é uma
forma de fugir da sua vida real. Através da música, da dança, do cinema, do rádio.
Divertir-se significa que não devemos pensar, que devemos esquecer a dor,
mesmo onde ela se mostra. Na sua base do divertimento planta-se a
impotência. É, de fato, fuga, mas não, como pretende, fuga da realidade
perversa, mas sim do último grão de resistência que a realidade ainda pode
haver deixado. (HORKHEIMER; ADORNO in LIMA, 1990, p. 182).
E é a partir dessa fuga, desse “não pensar”, que a população é manipulada e
se esquece de se informar sobre o que está acontecendo a sua volta, no desenrolar
político e social. Essa é, para os autores, a função da indústria cultural.
Anne Cauquelin (2005), em Teorias da Arte, divide as teorias das artes em
teorias de fundação e teorias de acompanhamento. Teorias de fundação seriam as
que estão inseridas na arte em si, enquanto as de acompanhamento são as
exteriores, as que vêm não juntamente com os fundadores ou autores das obras,
mas com os espectadores e analisadores dessas obras. No livro, a autora faz
referência às teorias de acordo com artes como teatro, pintura ou literatura. Mas elas
podem ser empregadas (e são muito bem atribuídas) com qualquer tipo de produto
cultural, como também a música.
A autora divide ainda as teorias fundadoras em mais duas partes: as teorias
ambientais e as injuntivas. As ambientais são as mais internas possíveis da arte.
Entende-se que é o que mostra o mais espontâneo da obra, o que leva o público
para o mais profundo de tal arte. Para a espiritualidade que o criador se encontrava
ao produzi-la. A harmonia (ou “não harmonia”), o belo (ou o diferente, o exótico), é o
que chama a atenção. E são essas as peças chaves para se compreender e sentir o
que o autor da obra sentiu. A arte como forma de espiritualização e elevação do
espírito é o que fundador passa para o espectador de forma espontânea.
As teorias injuntivas apresentam aquilo que o fundador, propositalmente, quis
passar pela sua obra: sua pintura, seu drama, sua música, enfim. Ocorre, por
exemplo, quando o criador da obra quer passar seu pensamento, sua convicção,
sua crítica a algo. Para Cauquelin (2005), a arte é obrigada a ser crítica. Há críticas
e manifestações sociais e políticas em filmes, pinturas, livros, e também em
músicas, como será abordado especificamente mais adiante.
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Se nas teorias de fundação, que tratam da arte por si, é mostrada a crítica
dentro da arte (ou da cultura), nas teorias de acompanhamento, que se fala da arte
por fora, expõe também a crítica da arte do lado de fora dela. É o ato, ou a análise,
por exemplo, dos jornalistas especialistas em crítica cultural. Cauquelin (2005) conta
que a crítica contemporânea, ou nova crítica, se preocupa menos em questionar
especificamente a obra e apresenta uma tendência cada vez mais a filosofar sobre
ela. Porém, a avaliação questionável da cultura é importante e ela não deve se dirigir
apenas a própria obra e seu autor, mas também a outras questões que a teoria da
crítica da arte defende: “[...] ela atinge também o gênero, a forma, o estilo, privilegia
certos movimentos em detrimento de outros, dá suas razões, cria de alguma
maneira a ‘moda teórica’”. (CAUQUELIN, 2005, p. 134).
O crítico é um “conhecedor de causa” do que está analisando. Por isso, ele
tem o desejo de querer modificar as partes que não o agrada. É a chamada “teoria
prática” da obra. Cauquelin (2005) faz uso do termo “teoria prática” ao atribuir essa
função a Denis Diderot, segundo ela, o primeiro dos críticos de arte modernos. Ele é,
para a autora, o que artistas e público espera de um crítico: além do julgamento de
gosto, faz uma reflexão da obra e dá lições de coisas e costumes. Crítica de arte é
descrição, mas é mais do que isso. É reflexão, análise, filosofia da arte.
Enquanto dura a possibilidade de uma descrição endereçada, ou seja,
moralizada, porque o sujeito a ela se presta com a figuração, depois com o
lento movimento de abstração que também pode ser descrito, o modelo de
Diderot desempenha seu papel: ele mantém o balanço exato entre
subjetividade do crítico (entusiasmo, emoção, moral do belo) e objetividade
(informação precisa, ensaio de classificação, proposições teóricas).
(CAUQUELIN, 2005, p. 147).
Entende-se, portanto, pelas teorias da arte (ou da cultura), que o trabalho de
crítico cultural exige bastante conhecimento teórico e boa percepção. O trabalho de
crítica se tornou um ofício, lembrando que é realizado por jornalistas críticos, que
são papeis importantes na ligação entre artista e público.
Não existe uma definição exata para o que é cultura: ela é subjetiva. Portanto,
pode-se dizer que cultura é o campo onde os encontros acontecem. É um dos
componentes que definem os costumes, valores e hábitos de uma sociedade.
O presente trabalho abre caminhos para a discussão a respeito de qual são
os costumes e valores da sociedade de Brasília. Ou seja, qual a cultura presente em
Brasília, ou, quais as culturas, levando em consideração e tendo como base o
âmbito musical.
19
4.2 GLOBALIZAÇÃO DA CULTURA
Quando se fala em indústria cultural, também se fala em globalização da
cultura. Este tópico traz algumas reflexões de como a indústria cultural opera com e
pela globalização. À medida que novas práticas culturais surgem, essas culturas
também vão se expandindo por diferentes localidades. Mesmo que ela nasça num
lugar onde é o seu local e ponto principal, a cultura tem a característica de se
expandir para diferentes territórios, se tornando conhecida em vários locais
diferentes, podendo chegar até em lugares ainda mais longínquos, e atraindo novos
seguidores. Trata-se da globalização da cultura. O espaço físico onde se dá uma
criação pode não ser conhecido por outras pessoas, mas as outras pessoas
conhecerão e se identificarão com a cultura produzida nesse espaço.
Se não se partilha o território físico, continua-se a partilhar imagens,
vestuários, posicionamentos corporais, valorações presentes nos objetos
culturais que fundam esses territórios simbólicos, possibilitando aos
membros das comunidades, reconhecerem-se dentro desse território,
independentemente das fronteiras geográficas tradicionais. (JANOTTI JR. in
PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 120).
É o que acontece mundialmente no mercado de diferentes produções
culturais, tais como música, cinema, moda, programas de televisão, entre outras
coisas. A cultura pode se expandir para fora de seu território geográfico. Hall diz
que, as culturas nacionais “são atravessadas por profundas divisões e diferenças
internas” (HALL, 2006, p. 62).
É conhecida a proposta de David Harvey (1993) de uma equação que
possibilite o cálculo do grau de “encolhimento” de planeta de acordo com a
velocidade tecnicamente possível para cobri-lo, o que significa que as
distâncias “vividas” entre diferentes pontos do espaço físico são
inversamente proporcionais ao tempo necessário para atravessá-las,
tornando, assim, virtualmente possível a utopia do mundo como “um lugar
só" [...] (ELHAJJI in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 193).
Não poderia deixar de ser mencionada a internet, e de forma mais ampla, a
tecnologia, como grande responsável desse fenômeno. A tecnologia é o canal para
a desterritorialização da comunicação e da cultura. Derruba as fronteiras de espaço
e tempo, globaliza a cultura, sendo responsável pela sua mundialização, como
lembrado por Schaun (in PAIVA; BARBALHO, 2009).
Janotti Jr. (in PAIVA; BARBALHO, 2009), porém, além de destacar o grande
fenômeno da globalização e expansão cultural, também relata a importância de se
dar valor à produção local. Ao que vem de seu próprio habitat, não somente ao que
20
vem de fora. Pois, é a partir da apropriação das produções culturais locais, que os
membros de uma comunidade fazem a sua “pré-identidade”. “Daí a valorização do
território urbano, local de manifestação última das produções de sentido” (JANOTTI
JR. in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 122).
Falando em produção cultural local, é importante definir a localidade dessa
produção, em primeira instância: a cidade. Na cidade, podem surgir novas
produções locais, assim como podem ser inseridas nela novas produções vindas de
fora. A partir daí, a cidade torna-se posição de diferentes culturas de diferentes
localidades, com várias diversidades dentro de um só lugar. E há espaço para todos,
como forma de democratização cultural. Segue a definição de uma autora sobre
essa diversidade e debate cultural dentro da cidade:
O que antes era quase um sistema de oposições – campo/cidade;
provinciano/cosmopolita; bárbarie/civilização [sic]; caos/ordem – torna-se
uma rede de múltiplas interdependências, confluências e novos parâmetros.
É curioso atentar que é justamente a cidade que se torna o território
intersticial onde se encadeiam, intercalam-se e confrontam tais oposições.
Em vez de ser apenas mais um elemento do binarismo oposicional, a
cidade passa a ser, em sua essência, um processo dialético dos embates
pós-modernos. (PRYSTHON in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 101).
Esse aspecto não significa, esclarece a autora, de que os grandes centros de
onde nascem as tendências culturais deixaram de existir. Prysthon (in PAIVA;
BARBALHO, 2009) conta que, na verdade, além das tendências já produzidas no
local, também aparecem tendências de muitos outros lugares, e assim, elas se
difundem de forma mais rápida. Ou seja, ocorre uma superação desses esquemas
de oposições e cresce a descentralização da cultura contemporânea, que acabam
por modificar a própria estrutura de teorização sobre a cidade.
A autora explica, então, a definição de world cities: “não são necessariamente
as maiores cidades, mas lugares onde a diversidade multiplica-se a cada instante,
ora num movimento integrativo, ora na dissolução em partes isoladas” (PRYSTHON
in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 101). Ou seja, são cidades que vivem em processo
constante de mutação.
No
Brasil,
podem-se
definir
como
world
cities,
cidades
famosas
mundialmente, como São Paulo, por ser uma cidade que agrega um pouco de cada
cultura do mundo dentro de si, devido aos vários migrantes que recebeu de todas as
partes do mundo afora, e de cada região do próprio país. Porém, Brasília também
tem essa característica, já que recebe, desde sua construção, culturas de todas as
partes do país, juntamente com as pessoas que vieram para cá, do norte ao sul, e
21
também de fora. Agrega culturas (sotaques, comidas, músicas...) de todos os
lugares do Brasil, e, ainda, do mundo, assim como em todos os centros brasileiros.
Brasília é uma cidade pós-moderna, de onde chega, a cada dia, novas
culturas.
A cidade pós-moderna como um núcleo urbano já não se configura o fetiche
mais recorrente para o cosmopolita contemporâneo, já não é a instância
principal do seu roteiro de vícios e virtudes, já não é lugar do ‘choque’ e a
sua ‘aura’ já foi perdida há muito tempo (PRYSTHON in PAIVA;
BARBALHO, 2009, p. 103).
No caso de Brasília, é importante contestar essa “aura” perdida, já que não se
sabe ao certo dizer se a cidade já teve, em algum momento, uma “aura” própria, pois
desde sua construção, todas as culturas inseridas na cidade vieram de fora,
exatamente por ela já ser fruto dessa pós-modernidade. Sendo assim, parece certo
dizer que a cidade, talvez, não possua uma identidade cultural. Não uma própria,
produzida nela mesma, mas uma identidade que se baseia na fusão de todas essas
culturas que recebe de outras localidades.
Ao discutir a ideia de cidades mundiais, Prysthon (in PAIVA; BARBALHO,
2009) define, como principais atores do cosmopolitismo pós-moderno da cultura
urbana, os jovens. Ela considera a juventude como uma estimada parcela, se não a
maior, de produtores e consumidores da cultura, já que “grande parte dos eventos e
produtos culturais de uma cidade atualmente está voltada para o jovem”
(PRYSTHON in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 104). Classes minoritárias já usaram
muito da cultura para manifestar seus medos, seus direitos e seus anseios por
liberdade. Jovens das classes menos favorecidas usam a cultura nesse sentido,
participando, dessa forma, de uma manifestação política. Um estilo de música
lembrado por Prysthon (in PAIVA; BARBALHO, 2009) que oferece isso em suas
letras é o hip hop. “Dessa forma, a cultura já não pode ser reduzida a categorias
estéticas e passa a ser um canal de expressão política e social” (PRYSTHON in
PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 106).
Como a juventude faz parte de uma grande parcela de produtores e
consumidores da cultura, as produções feitas para jovens são as mais diversificadas
possíveis. Com isso, vê-se a diversidade de grupos juvenis existentes, até mesmo
dentro da mesma localidade, ou da própria cidade. Se for definir somente as culturas
juvenis, já tem-se aí um estudo bastante intenso e amplo. Segundo Janotti Jr. (in
PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 122), “os traços da diversidade são marcantes na
22
tentativa de compreensão dos inúmeros grupos juvenis que compõem a paisagem
urbana contemporânea”. E isso é visto em Brasília. O próprio autor, ao descrever as
características dos movimentos juvenis, dá exemplo da influência dos jovens na
cultura:
Abordar os movimentos juvenis contemporâneos com base em seus
dispositivos midiáticos permite entender esses fenômenos como processos
partilhados de maneira global por meio de lançamentos mundiais de discos,
vídeos, sites, enfim, mediante atividades midiáticas de caráter global. Esses
aspectos são filtrados pelas revistas, distribuidoras, apropriações de
entrevistas e críticas presentes nos veículos nacionais. Nas apropriações
locais estão envolvidos os locais de shows, a tensão com as realidades
regionais, a diferenciação entre grandes cadeias de distribuição e lojas
especializadas, enfim, as especificidades produzidas nos encontros dos
aspectos globais com os modos de consumo e produção regionais.
(JANOTTI JR. in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 115, grifo do autor).
Um grupo que marcou sua cultura em diferentes partes do mundo, inclusive
no Brasil, não só em Brasília, são os negros. Schaun (in PAIVA; BARBALHO, 2009)
exemplifica isso, com uma das culturas afrodescendentes, no caso, o black power,
que conseguiu, com uma linguagem própria, usufruir de um espaço midiático.
No Brasil, a cultura afrodescendente foi tão inserida, desde a escravidão, que
se tornou praticamente enraizada dentro da cultura brasileira, como lembra a autora.
“Fala-se em Brasil e fala-se de samba, de samba-de-roda, de ritmos e de tambores
como rufares que pedem passagem para comunicar uma forma de ser
eminentemente brasileira.” (SCHAUN in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 185). Os
exemplos
dados
pela
autora
refletem
especificamente
a
musicalidade
afrodescendente, como maneira de ser brasileiro. Logo, a música brasileira é
herdeira da africana.
Ainda se falando em música, essa parte da cultura talvez seja a mais
acessível a todos os tipos de classes sociais. Todos ouvem música e todos gostam
de algum estilo de música. Há, ainda, especialmente na atualidade (na
contemporaneidade), muitos que, devido ao grande acesso a qualquer tipo de
música, são ecléticos e gostam de vários estilos diferentes. Brasília, pode-se dizer, é
uma cidade eclética, já que agrega os estilos musicais vindos de todo o país: samba,
funk, pagode (ambos do Rio), rap (com origem em São Paulo, Rio de Janeiro e
demais localidades periféricas), forró (muito influente no Norte e Nordeste), axé
(Bahia), reggae (vindo de fora, mas também com forte influência no Maranhão),
sertanejo (fortemente marcado nos estados de Goiás e Minas Gerais), e ainda
23
estilos com mais produções internacionais, como pop, músicas eletrônicas, jazz,
música clássica, entre vários outros.
4.3 FORMAÇÃO DE IDENTIDADES
Voltando à questão levantada anteriormente, de que a cultura do povo é uma
reflexão da origem desse povo (dado os exemplos dos escravos e dos africanos),
podemos dizer, então, que a cultura forja a identidade. A identidade de cada
indivíduo em si, não apenas socialmente, para se sentir inserido em uma sociedade,
mas também a identidade particular. Forma, ainda, a identidade de uma sociedade.
Como podemos observar, a luta pelo reconhecimento de nossas
identidades tem dois níveis. Um, de esfera privada, íntima, que diz respeito
à forma como elaboramos nosso encontro com os outros. O segundo,
justamente por esse diálogo com o externo, é o da esfera pública, onde atua
a política da diferença. O que não implica desconhecer a dificuldade com a
qual essa política é tratada, pois requer o reconhecimento de algo que não
é universalmente comum. Na realidade, ela expõe o conflito inerente à
política de dignidade e respeito igual: ao mesmo tempo ignora a diferença
cultural (pois valoriza o que há em comum entre os homens) e encoraja a
particularidade (pelo menos a do indivíduo). (BARBALHO in PAIVA;
BARBALHO, 2009, p. 32).
Com isso, compreende-se que a cultura elabora a identidade de cada pessoa,
tanto em sociedade como em sua própria individualidade. Se falarmos na identidade
dos jovens, isso é o que se pode observar nos atuais comportamentos culturais: as
pessoas pertencentes a um mesmo grupo, as chamadas “tribos”, ouvem os mesmos
estilos de música, veem os mesmos tipos de filme, leem os mesmos livros,
consomem os mesmos produtos, sendo estes roupas, calçados, acessórios.
Possuem, uma parte, alguma ideologia, uma base filosófica que segue um
pensamento em comum.
Isso causa consequências tanto na esfera social, para fazer parte de um
grupo, e ainda ter a mesma classe social do grupo ou “tribo” em questão para ter a
possibilidade de consumir tais produtos, como no individual, com suas ideologias e
filosofias adquiridas, aprendidas, e aceitas como suas. Isso envolve forma de se
relacionar, valores e características de personalidade. Ou como quando alguém
ouve uma música e sente que aquela letra foi feita para si.
“Penso, logo sou; sou, logo conheço; quero, logo sou: três momentos de uma
longa tradição de compreensão do sujeito dentro da cultura ocidental” (GONÇALVEZ
24
in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 75). Essa frase que exprime a ideia de René
Descartes, “Penso, logo existo”, é abordada no tema da cultura como forma de
identificação. É compreensível então, entender como as minorias, em sua tão vasta
cultura, se tornam não mais inferiores, mas se sentem “alguém”, com identidade (e
identificação) a partir de seu histórico cultural, da cultura das massas.
A adaptação da frase de Descartes à cultura também traz a reflexão de que
por mais abrangente que cada cultura seja, a identidade formada a partir dela é
única. Cada sujeito absorve a cultura de uma forma. E é com base nessa absorção
da cultura, somando com suas experiências de vida, memórias da infância,
preferências individuais, que se forma a identidade de cada um. Portanto, a cultura
não é o todo, mas uma grande e importante ferramenta na busca pela identidade,
pelo “quem sou?”, pela reflexão “penso, logo sou”. Ou seja, “quero isso, gosto
daquilo, tenho minhas preferências, meus gostos, meu talento; logo existo”.
Para Stuart Hall (2006), cada sujeito é capaz de adquirir, com base nas
culturas absorvidas, várias identidades, não apenas uma. E essa, não é mantida
para sempre: com o passar do tempo, com o crescimento, amadurecimento, as
pessoas mudam. E mudam também suas identidades. Para ele, o sujeito
contemporâneo não tem “uma identidade fixa, essencial e permanente” (HALL,
2006, p. 12). O autor defende isso como algo comprovado historicamente, e não
biologicamente:
O sujeito assume identidades diferentes em diferentes momentos,
identidades que não são unificadas ao redor de um “eu” coerente. Dentro de
nós há identidades contraditórias, empurrando em diferentes direções, de
tal modo que nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas.
(HALL, 2006, p. 13).
O argumento de Stuart (2006) é baseado na sociedade, que também não é
algo delimitado, unificado e acabado, como pensavam os filósofos. Pelo contrário, a
sociedade é produzida através de constantes movimentos, que a levam à evolução.
“Ela está constantemente sendo ‘descentrada’ ou deslocada por forças fora de si
mesma” (HALL, 2006, p. 17). Ou seja, essa mudança na sociedade gera também
mudanças nos indivíduos dessa sociedade, que mudam suas culturas, conforme as
culturas à sua volta vão mudando e se transformando.
Para o autor, essa constante mudança de identidade interior e exterior (no
próprio sujeito e na sociedade que ele está inserido), pode ainda causar crises de
identidade.
25
A assim chamada “crise de identidade” é vista como parte de um processo
mais amplo de mudança, que está deslocando as estruturas e processos
centrais das sociedades modernas e abalando os quadros de referência que
davam aos indivíduos uma ancoragem estável no mundo social. (HALL,
2006, p. 7).
Para Stuart Hall (2006), essa mudança estrutural na sociedade, que apareceu
no final do século XX, transformou as sociedades modernas. Além disso, ela
“abalou” não somente a identidade social do indivíduo, como sua identidade pessoal.
“Esta perda de um ‘sentido de si’ estável é chamada, algumas vezes, de
deslocamento ou descentração do sujeito” (HALL, 2006, p. 9). Este duplo
deslocamento, tanto do lugar do sujeito na sociedade, como para e dentro de si
mesmo, segundo o autor, constitui uma “crise de identidade” (HALL, 2006, p. 9).
Nota-se que com a tecnologia atual e o rápido processo de troca de informação, se
constrói um grande número de informações e conhecimento no cérebro de cada
pessoa. Portanto, com isso, é observada e entendida a possibilidade real de haver
crises de identidade em cada um, em algum momento.
Para explicar melhor a questão importante da formação da identidade, com
base na formação cultural:
O escritor Maalouf aborda lindamente essa compreensão da identidade:
A identidade não é dada de uma vez por todas, ela se constrói e se
transforma durante toda a nossa existência. [...] Meu objetivo não é [...]
encontrar em mim mesmo alguma pertença ‘essencial’ na qual possa me
reconhecer, é a atitude inversa que adoto: reviro minha memória para
revelar o maior número de elementos de minha identidade, eu os agrupo, os
alinho, não nego nenhum. [...] Eu insisti constantemente até aqui sobre o
fato de que a identidade é feita de múltiplas pertenças; mas é indispensável
insistir do mesmo modo sobre o fato de que ela é uma, e que nós a vivemos
como um todo. [...] Quando me perguntam o que sou “no fundo de mim
mesmo”, isso supõe que haja, “no fundo” de cada um, uma só pertença que
conta, de algum modo, sua “verdade profunda”, sua “essência”,
determinada de uma vez por todas no nascimento e que não mudará mais;
como se o resto, todo o resto – sua trajetória de homem livre, suas
convicções adquiridas, suas preferências, sua sensibilidade própria, suas
afinidades, sua vida, em suma – não tivessem nenhuma importância. [...]
Qualquer um que reivindique uma identidade mais complexa se encontra
marginalizado. [...] É justamente isso que caracteriza a identidade de
todos: complexa, única, insubstituível, não se confundindo com
nenhuma outra. (GONÇALVEZ in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 78, grifo
nosso).
Se a cultura ajuda na formação da identidade, ela, mais do que tudo,
estabelece as relações de cada indivíduo com o outro. E ainda, consigo mesmo. Ela
é grande responsável no processo de se inserir socialmente e se manifestar como
cidadão em cada parte, definindo a personalidade de cada pessoa.
26
Afinal, dentro da cultura está também outros aspectos responsáveis pelas
formações dessas relações e personalidades. Exemplos desses aspectos são a
religião e a tradição.
Se as relações são constituídas em práticas culturais, então nosso senso de
identidade e diferença é estabelecido no processo de discriminação. E isso
é tão importante para o popular massivo como para as atividades culturais
burguesas, importante igualmente para os níveis mais íntimos da
sociabilidade (um aspecto do modo como as redes de amizade e namoro
são organizadas) e os mais anônimos níveis de escolhas mercadológicas (o
modo como as indústrias da moda e da propaganda procuram nos
posicionar socialmente traduzindo julgamentos individuais do que gostamos
e desgostamos em padrões de venda). Essas relações entre julgamentos
estéticos são claramente cruciais para as práticas da cultura popular
massiva, para os gêneros, cultos e subculturas (FRITH, 1998, p. 18 apud
JANOTTI JR. in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 118).
Após toda a reflexão feita e abordada anteriormente, sobre como a cultura
tem uma grande, forte e importante ligação com as identidades e as tradições, podese compreender o argumento de Coutinho (in PAIVA; BARBALHO, 2009), quando se
refere à tradição. Como observado, as tradições (ou seja, identidades) de cada
povo, ajuda a formar a cultura de seu povo. E a cultura auxilia na formação da
identidade de cada indivíduo. O caminho, então, é: tradições - cultura - identidade. É
uma roda que dá voltas e não tem fim. Portanto, a tradição, para ele, não é apenas o
antigo, o conservador. Porém também o que serve como base para o novo, as
criações. Logo, a tradição ajuda a formar novas culturas, e consequentemente novas
identidades. A tradição não é apenas a mantenedora, mais do que isso, é o que
influencia para a criação de novas coisas. Nos programas de rádio elaborados
durante este trabalho, houve contato com culturas novas que vieram de culturas
velhas: as músicas dos artistas de Brasília apresentados e entrevistados tem como
base músicas de artistas e estilos de outras localidades do Brasil. Esses estilos e
músicas, ao chegarem em Brasília, se tornaram inspiração para que artistas
brasilienses criassem músicas novas dos mesmos estilos, sem saírem da capital. E
assim, conquistam admiradores dentro e até mesmo fora do Distrito Federal.
Essa perspectiva, segundo Coutinho (in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 87),
"envolve a consideração de que o processo de transmissão das formas do passado,
é uma atividade humana criadora, e de que o patrimônio transmitido, é uma
objetivação da ação humana". Ou seja, sem a tradição, as criações novas de cultura
não existem. Não há sentido em criar o novo, se não existe o velho. E é baseado
27
nas tradições e experiências do passado, que se constroem novas criações. A mídia
e o jornalismo cultural são disseminadores das novas criações.
28
5. JORNALISMO CULTURAL
O jornalismo é dividido em muitas editorias (ou setores). Algumas editorias
tendem a levar ao público um conhecimento não só para aumento de informação,
como também de entretenimento. É o caso dos setores de esportes, moda e cultura
(neste, está inserido a música, entre outras coisas).
O jornalismo cultural brasileiro começou a crescer no final do século XIX.
Adeptos dele foram o maior escritor nacional, Machado de Assis (1839-1908), que
além de escritor era crítico de teatro, e José Veríssimo (1857-1916), crítico, ensaísta
e historiador da literatura.
O jornalismo cultural é o que exige mais especialização e preparação por
parte dos jornalistas, de acordo com Beltrão (2012). Por falta de especialistas,
artistas acabam se tornando comentaristas de cultura. Falta aos jornalistas maior
formação cultural e profissional, para serem agentes da informação.
Esses agentes são reclamados, não apenas pelos jornais e revistas mas
pelo rádio, pela televisão e pelo cinema, onde se continua a improvisar
jornalistas, transformando-se muitas vezes atores e cantores de nomeada
em repórteres e entrevistadores. (BELTRÃO, 2012, p. 78).
Essa formação do jornalista cultural em agente da informação se dá também
pela criatividade, característica importante para o repórter de qualquer setor,
principalmente o de cultura.
Sem que o jornalista aprimore os seus conhecimentos e as suas técnicas,
sem que afirme suas convicções na realidade e não em idealismos
românticos, sem que saiba, efetivamente, o que quer e como atingir sua
meta – fatalmente estará oferecendo um produto incolor, inodoro e insípido,
sem qualquer influência válida no processo do desenvolvimento nacional.
(BELTRÃO, 2012, p. 80).
Em 1928 surgiu a revista O Cruzeiro, que, de acordo com Daniel Piza (2009),
deu início ao conceito de reportagem investigativa e contribuiu com a cultura
brasileira ao publicar contos e artigos de vários autores, como José Lins do Rego,
Marques Rebelo, Manuel Bandeira, entre outros. Nos anos 40, o jornalismo do Brasil
começou a ter contato com a reportagem literária. Foi nesse período também que
começou a grande época da crítica, segundo Piza (2009).
Vários jornais passaram a criar seus cadernos culturais. Nos anos 50, surgiu
o Quarto Caderno, caderno de cultura dominical do Correio da Manhã (RJ), e o
Suplemento Literário, de O Estado de S. Paulo. Na Folha de S. Paulo, houve o
Folhetim e o Letras.
29
Na década de 1980, a Folha de S. Paulo criou a Ilustrada e O Estado de S.
Paulo, o Caderno 2.
A Ilustrada ficou famosa por seu gosto pela polêmica – como a que Francis
e Caetano Veloso travaram em 1983 – e por sua atenção à cultura jovem
internacional, então em plena ebulição. [...] O auge do Caderno 2 foi no final
dos anos 80. [...] Enquanto a Ilustrada dava mais atenção ao cinema
americano e à música pop, o Caderno 2 fazia uma dosagem maior com
literatura, arte e teatro – distinção que permanece até hoje, sem a mesma
qualidade de texto e a mesma força de opinião. (PIZA, 2009, p. 40-41, grifo
do autor).
O jornalismo interpretativo, como conta Beltrão (2012), se iniciou devido ao
surgimento do rádio e da televisão. A partir de então, o jornalismo impresso precisou
inovar para não ser apenas mais um repetidor de informação, desdobrando a notícia
no mais íntimo de seus fatos. O autor dá exemplos de veículos que exploraram o
gênero no Brasil.
Com a fundação do Departamento de Pesquisa e Documentação do Jornal
do Brasil (1964) e a ampliação do mesmo departamento pela organização
O Estado de São Paulo, de que irá resultar o Jornal da Tarde, típico
exemplo de jornalismo interpretativo, tanto em sua diagramação como na
seleção das matérias e no conteúdo exaustivo de algumas delas, e com o
lançamento da revista Veja, está implantada a receita brasileira do gênero.
(BELTRÃO, 2012, p. 88-89, grifo do autor).
Piza (2009) conta que, na década de 1990, começou a aumentar, no
jornalismo cultural, temas ligados a assuntos que não estão inseridos dentro das
chamadas “sete artes” (literatura, teatro, pintura, escultura, música, arquitetura e
cinema), que são os de moda, gastronomia e design.
Em seu livro, Luiz Beltrão (2012) conta sobre a falta de gêneros do jornalismo
cultural (crônicas, comentários, interpretação) no veículo rádio.
Durante muito tempo, o radiojornalismo foi, apenas, a leitura de notícias
publicadas nos jornais, sem qualquer preocupação com o estilo radiofônico.
Até mesmo as crônicas e comentários obedeciam às mesmas normas
utilizadas para a redação destinada aos veículos impressos. Raras eram as
reportagens
externas;
dificilmente
se
encontravam
autênticos
radiojornalistas, capazes de improvisar frente ao microfone. (BELTRÃO,
2012, p. 87-88)
Daniel Piza (2009) é outro autor que concorda que há escassez de cultura,
propriamente dita, nas emissoras de rádio. Para ele, isso permanece ainda nos dias
atuais.
As rádios noticiosas têm segmentos para os mais diversos assuntos –
ecologia, Terceiro Setor, futebol.-, mas raramente para os culturais, salvo
uma dica ou outra às sextas-feiras. As rádios musicais, com exceção das
segmentadas (Nova FM, de MPB, e Cultura FM, de “erudita”), se
concentram em tocar os sucessos ou aquilo que as gravadoras vendem
como novos hits e, digamos, não fazem nem sequer um programete
30
semanal com análise do momento musical. (PIZA, 2009, p. 66, grifo do
autor).
O autor diz que o jornalismo cultural, em todos os veículos (rádio, TV,
impresso), se concentra mais em divulgar a agenda, com notícias nada diferentes
dos press-releases e em assuntos relacionados à vida das celebridades, do que em
crônicas, críticas bem elaboradas ou reportagens. A proposta do trabalho de
conclusão de curso é produzir exatamente um programa de rádio cultural diferente.
Que mostre o cenário musical de Brasília, por meio de reportagens. Que apresente
os talentos pouco divulgados, principalmente nacionalmente, e divulgue suas
carreiras, por meio de entrevistas. Neste programa, procurou-se exatamente trazer o
jornalismo cultural para o rádio.
“Não é porque uma obra não ‘viaja’ bem que seu valor artístico será
necessariamente maior ou menor”, (PIZA, 2009, p. 60). Com essa frase, encontra-se
sustentação para o que pretende-se com este programa de rádio. A maior parte dos
artistas apresentados não são muito conhecidos nacionalmente, e talvez, nem
mesmo dentro da própria capital. Entretanto, acredita-se que isso não significa falta
de talento, mas falta de divulgação.
Há, de acordo com Piza (2009), artistas que até fazem mais sucesso em
outros locais do que em seu eixo de produção. O autor dá o exemplo de Ivan Lins,
compositor que rende mais em sua carreira internacional do que brasileira, e o
músico João Donato, que faz mais sucesso no Japão do que no Brasil.
O programa desenvolvido encontra fundamentação em um capítulo sobre os
tipos de reportagens culturais de Daniel Piza (2009). São os tipos de matérias de
apresentação, ou seja, que apresentam algo novo ao leitor, algo que ele
desconhece. No caso, são os artistas entrevistados, que são mostrados ao público
que não os conhece. E ainda, as reportagens que falam sobre os estilos de música
no DF, com histórias que podem ou não ser do conhecimento de moradores, além
de dicas culturais de eventos e casas de shows. São assuntos que não fazem parte
do hard news, ou seja, não são notícias factuais, mas que pretendem informar o
leitor, familiarizá-lo, com talentos que, para ele, serão novidades.
O autor do livro dá dicas preciosas, especialmente para jornalistas culturais
de início de carreira: como se relacionar com as fontes. É preciso que o jornalista
não deixe que o bom relacionamento com um artista o impeça de fazer críticas ao
seu trabalho. Piza (2009) declara que ainda há artistas que se aproveitam disso:
31
tratam muito bem os jornalistas, para que estes façam sempre matérias positivas ao
seu respeito.
É importante destacar a importância e relevância do jornalismo cultural para o
cidadão que não se basta de informações e notícias. O jornalismo cultural também
tem a função de informar, noticiar. E, além disso, de entreter. Ele deve ter algo que o
faça e o leve a pensar. A reagir. A desenvolver suas opiniões e emiti-las. Somente
em uma sociedade pensante e informada, cada indivíduo conhece seus direitos e é
capaz de exercer seu papel dentro dela.
O cidadão atual é cada vez mais pressionado a fazer opções, a dizer o que
pensa sobre os mais diversos tipos de assunto – dos transgênicos ao
Oriente Médio, das estreias de cinema às desmedidas da política – e assim
exercer sua cidadania. O jornalismo cultural tem esse papel simultâneo de
orientar e incomodar, de trazer novos ângulos para a mentalidade do leitorcidadão. (PIZA, 2009, p. 117).
Este trabalho de conclusão de curso consiste num programa de rádio cultural,
intitulado Ouça Brasília, sobre as bandas e artistas musicais de Brasília, de
diferentes estilos musicais. Por ser uma cidade nova, com pouca história e poucos
anos de vida, Brasília parece não possuir uma identificação musical ou cultural
absolutamente própria. Todos os estilos de música vieram de outros estados, assim
como as culturas foram trazidas por outras pessoas de diferentes lugares do Brasil.
Entretanto, em Brasília há grandes talentos musicais, que produzem músicas nos
diferentes estilos vindos de fora, porém são talentos e músicas brasilienses.
32
6. MÚSICA EM BRASÍLIA
Nos anos 1980, Brasília começou a ser conhecida como capital do rock,
devido a várias bandas que, nessa década, iniciaram na cidade sua carreira e
fizeram sucesso pelo país afora, como Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude.
Foi uma época bastante efervescente na cultura local.
A Turma da Colina, como chamavam o condomínio de quatro prédios de três
andares que serviam de moradia para alunos, professores e funcionários da
Universidade de Brasília (UnB), foi o local onde Philippe Seabra (vocalista da Plebe
Rude), Renato Russo (vocalista da Legião Urbana), Fê Lemos (baterista da Capital
Inicial), e outros nomes do rock brasiliense se conheceram, de acordo com André
Bernardo (2011).
Depois da década de 1980 até a década de 2010, Brasília se tornou local dos
mais diferentes gêneros musicais de todo o Brasil.
Brasília é a absorção da cultura de cada canto do país. É a música que
traduz diversos estilos de vida e que passa o seu recado se compondo nos
mais variados ritmos. Por ser a capital do país, a cidade abriga pessoas de
diferentes costumes e tribos musicais formando uma rica diversidade
cultural. Assim, oferta ao mercado músicos formados na faculdade de
música da UnB, Escola de Choro Raphael Rabello, Escola de Música de
Brasília- EMB, além de escolas que formam excelentes profissionais.
(BRASÍLIA MUSICAL1, 2013)
Na década de 2010, há diferentes artistas e bandas de Brasília que tocam
estilos vindos de outros lugares. Caffe Roots é uma banda de reggae, nascida na
capital, que costuma se apresentar em festas, eventos e barzinhos. De acordo com
release da própria banda, eles estão no cenário musical de Brasília desde 2005 e
contam com integrantes que já haviam passado por esse cenário em outras bandas,
cada um em estilos musicais diferentes. Suas influências são artistas nacionais e
internacionais de vários estilos, como rock, surf music, MPB, o próprio reggae, entre
outros.
Este é um exemplo de banda originalmente brasiliense que se destaca em um
estilo vindo de fora, o reggae, que é muito destacado em outro estado do país (o
Maranhão) e também internacionalmente. Brasília tem exemplos em outros estilos
também: grupos como Samba Destilado e Di Propósito, no samba e pagode (estilo
1
BRASÍLIA
MUSICAL.
Brasília
é
Mistura.
Disponível
em:
<http://www.brasiliamusical.blogspot.com.br/2009/11/brasilia-e-mistura.html>. Acesso em: 10 mai.
2013.
33
que tem bastante influência nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia), a
cantora MC Jenny, que já é destaque nacional por se apresentar em todo o país, no
funk (também do Rio de Janeiro e São Paulo), a cantora Thalita Rangel, o cantor
Gustavo Lima (conhecido nacionalmente) entre outras duplas brasilienses, no
sertanejo (estilo forte dos estados de Goiás e Minas Gerais).
Esses artistas e bandas são exemplos de brasilienses que tocam diferentes
estilos musicais que estão presentes em todos os locais do país. No programa,
trazemos mais (e diferentes) exemplos.
34
7. RÁDIO
7.1 HISTÓRIA DO RÁDIO
Os suportes jornalísticos midiáticos, como revistas, jornais, programas de
televisão e de rádio, possuem colunas e editorias a respeito de muitas áreas
diferentes, como cidades, economia, política, esportes, moda, ciências, educação e
cultura. Neste trabalho de conclusão de curso a ideia foi elaborar um programa de
rádio com enfoque cultural. No Brasil, a primeira transmissão radiofônica ocorreu,
oficialmente, na comemoração do centenário da Independência, no dia 7 de
setembro de 1922, na então capital do país, Rio de Janeiro, por meio de
equipamentos cedidos pelas empresas americanas Westinghouse e Western Eletric.
Elas pretendiam fazer uma demonstração pública da radiodifusão.
O público presente à inauguração do evento escutou as transmissões por
meio de alto-falantes. Além disso, a Westinghouse distribuiu 80 receptores
às autoridades civis e militares. Assim, o som das emissões foi captado em
diversos pontos da então capital federal, como o Palácio do Catete e alguns
prédios públicos. Foram transmitidos discursos do presidente da República,
Epitácio Pessoa, além de trechos do O guarani, de Carlos Gomes,
apresentado no Teatro Municipal, que chegaram a ser ouvidos mesmo em
outros estados, como registrou a imprensa da época. (FERRARETTO,
2001, p. 94, grifo do autor).
Após essa demonstração, Edgard Roquette Pinto, conhecido como o pai do
rádio brasileiro, criou a primeira emissora de rádio regular do Brasil, a Rádio
Sociedade do Rio de Janeiro, em 1923. Sua intenção era de que o rádio fosse
marcado como um veículo altamente educacional. Tanto que o slogan da primeira
emissora era “Trabalhar pela cultura dos que vivem em nossa terra e pelo progresso
do Brasil”. De acordo com Ferraretto (2001), Roquette Pinto definia o novo veículo
como o jornal de quem não sabe ler, o mestre de quem não pode ir à escola, o
divertimento gratuito do pobre, o consolador do enfermo, e ainda, o guia dos sãos.
Entretanto, esses ideais não foram possíveis na prática, no começo da
radiodifusão.
Uma vez que os equipamentos eram caros, a popularidade na rádio não
constituiu um elemento que o acompanhou desde a sua implantação no
Brasil. Como qualquer meio tecnológico em sua fase inicial, foi um “meio de
elite”. Os aparelhos receptores eram importados, o que dificultava ainda
mais o seu barateamento. (BARBOSA, 2003, p. 39).
A programação da rádio também não agradava a população. Segundo
Ferraretto (2001), nas palavras de Renato Murce, a programação se baseava em
35
música erudita, que ninguém gostava, e ainda em conferências maçantes e
palestras nem um pouco interessantes, o que não atraía a grande massa. Não havia
publicidade ou música popular. Durante a década de 20, com o surgimento de outras
emissoras de rádio e com a mudança da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, a rádio
começa a se popularizar.
De fato, logo o rádio iria tornar-se um meio com feições populares. Foi
nessa época que começou a se propagar pelo território brasileiro. As
primeiras emissoras tinham sempre em sua denominação os termos “clube”
ou “sociedade”, já que assim eram definidas em seu estatuto fundador.
Muitos apreciadores que apostam na potencialidade do novo meio se
associavam e pegavam assinaturas. (BARBOSA, 2003, p. 40).
Na década de 30, o rádio passa por mais transformações. Em 1º de março de
1932, o decreto nº 21.111 autorizou a inserção publicitária nas emissoras,
regulamentando o decreto nº 20.047, de maio do ano anterior, primeiro documento
legal sobre a radiodifusão. A partir de então, a indústria e o comércio passam a ser
influentes fortes da programação do rádio.
Como diz Barbosa (2003, p. 41), “é a publicidade que forja as rádios a se
organizarem como empresas, na disputa que vai, gradativamente, acirrando-se. [...]
A preocupação educativa foi preterida em face dos interesses comerciais”.
No entanto, Roquette Pinto, apesar da popularização do rádio, mantém seu
foco na difusão educativa e cultural. E não permite que sua emissora tenha
publicidade comercial ou propaganda política.
De 1923 a 1936, ele tenta manter a sua ideia inicial de um veículo voltado à
difusão cultural. É importante observar que a Rádio Sociedade do Rio de
Janeiro, nos anos 30, populariza um pouco sua programação. Chega a
transmitir uma famosa atração da época, o Programa Casé. Roquette Pinto,
no entanto, não abdica de suas intenções iniciais. (FERRARETTO, 2001, p.
103, grifo do autor).
Em 1932, o Programa Casé passou a ser transmitido na Rádio Philips, no Rio
de Janeiro, e se popularizou cada vez mais, se tornando uma das principais
atrações do rádio brasileiro. Ferraretto (2001) destaca que o programa valorizava a
publicidade. Foi nele que surgiu o primeiro jingle do Brasil, criado pelo compositor,
radialista e desenhista Antônio Gabriel Nássara, para a Padaria Bragança.
De acordo com Barbosa (2003, p. 42), “o impacto da rádio sobre a sociedade
brasileira a partir de meados da década de 1930 foi muito mais profundo do que
aquele que a televisão viria a produzir trinta anos mais tarde”. A fase de ouro do
rádio brasileiro veio em seguida, na década de 1940. Foi nesse momento, inclusive,
36
que o jornalismo no rádio começou a se definir. Não havia mais a improvisação dos
profissionais, houve a definição de cargos e funções de cada um nas redações. Foi
durante essa fase, precisamente em 1941, que nasceu o Repórter Esso, principal
noticiário da época, e também a primeira radionovela, Em busca da felicidade.
Ambos eram transmitidos pela Rádio Nacional, emissora de rádio criada em 1936,
no Rio de Janeiro.
A época de ouro do rádio enfrentou sua crise com o surgimento da televisão,
a começar pelos profissionais perdidos para o novo meio. Nesse momento, o rádio
teve que pensar em uma maneira de mudar sua forma e estrutura para não perder
público.
O transistor tornou-se uma importante saída para que o potencial do rádio
fosse explorado em suas várias possibilidades, com a vantagem de serem
mais baratas, ágeis e noticiosas, inaugurando uma nova fase para o meio.
Com o transistor tornou-se possível ouvir rádio a qualquer hora e em
qualquer lugar, sem precisar mais liga-lo a tomadas. Sua dinâmica cresceu
enormemente. (BARBOSA, 2003, p. 43).
Em 2013, o rádio passa por desafios para manter-se como meio, devido à
existência de emissoras na internet, e ainda, de meios digitais, que fortalecem e
facilitam a disponibilidade de arquivos de áudio. Porém, o rádio mantém, desde a
década de 1970, o mesmo número de ouvintes e os grandes investimentos em
publicidade. De acordo com dados do IBGE de 2008, 88,91% dos domicílios
particulares possuem pelo menos um aparelho de rádio. E há ainda, além do
aparelho de rádio, outras plataformas que possuem rádio, como celular, a própria
televisão e a internet.
7.2 LINGUAGEM RADIOFÔNICA
Em seu livro, Barbosa (2003) fala a respeito das características do rádio,
inspirado por Mcleish (2001). Características estas exclusivas a este meio. Algumas
delas são: sensorialidade, intimidade, imediatismo, simplicidade, mobilidade, baixo
custo e função social.
A sensorialidade do rádio significa que ele é capaz de formar imagens.
Diferente da televisão, que apresenta imagens, no rádio os únicos recursos são a
voz, a fala e o som. Portanto, o rádio aguça a imaginação dos ouvintes, que têm a
37
liberdade de criar em sua mente a visualização do fato que está sendo dito ou a
imagem do locutor.
O rádio alcança milhões de pessoas, no entanto, sua linguagem é voltada
para o indivíduo em particular, o que cria intimidade entre o locutor e o ouvinte.
"O tom íntimo das transmissões, representado pelas expressões 'amigo
ouvinte', 'caro ouvinte', 'querido ouvinte', proporciona uma aproximação e uma
intimidade únicas, fazendo do rádio um veículo companheiro." (BARBOSA, 2003, p.
47).
O caráter do rádio é instantâneo, o que o faz um veículo imediato, pois
permite que o ouvinte saiba e conheça os fatos exatamente no momento em que
acontecem.
Esse caráter imediato é consequência de outra característica do rádio, a sua
simplicidade. O rádio não necessita de tantos equipamentos, como é o caso, por
exemplo, da televisão. Para se produzir para televisão, ainda precisa de no mínimo
duas pessoas, enquanto o rádio é mais simples, sendo possível sua produção com
somente uma pessoa. Com apenas um pequeno aparelho pode-se elaborar
transmissões, o que também permite que a programação seja flexível. Isso, como
diz Barbosa (2003, p. 47), “abre precedentes para que pessoas não especializadas
se aventurem na arte de ‘fazer’ rádio”.
O rádio pode ser levado a qualquer lugar e ouvido de qualquer lugar, a isso se
deve sua mobilidade. As pessoas ouvem o rádio enquanto realizam outras tarefas,
em diferentes lugares: no carro, na rua, enquanto limpam a casa, entre outros.
O baixo custo do rádio é outra vantagem. O rádio é barato, tanto em
investimento como em manutenção. É importante destacar ainda que o meio é
barato não apenas para quem o mantém, mas também para quem o consome. Um
aparelho de rádio é muito acessível aos cidadãos.
O rádio possui também função social: “atua como agente de informação e
formação do coletivo”, comenta Barbosa (2003, p. 49). É um serviço de utilidade
pública. Um exemplo de utilidade pública bastante característica do rádio é a
informação transmitida, principalmente no início da manhã e final da tarde (horários
de pico), sobre como está o trânsito das cidades, quais as melhores rodovias para
transitar no momento e quais estão congestionadas. Isso ajuda o ouvinte, que está
ouvindo o rádio do seu carro ou do seu aparelho portátil, a decidir qual caminho
percorrer e por onde ir, antecipando informações e evitando situações de
38
congestionamentos. Em seu livro, Barbosa (2003) relata mais funções do rádio para
a sociedade, de acordo com Mcleish (2001). Algumas delas são:
Fornecer informações sobre empregos, produtos e serviços, ajudando
assim a criar mercados com o incentivo à renda e ao consumo; [...] ajudar a
desenvolver objetivos comuns e opções políticas, possibilitando o debate
social e político e expondo temas e soluções práticas; contribuir para a
cultura artística e intelectual, dando oportunidades para artistas novos
e consagrados de todos os gêneros; [...] facilitar o diálogo entre
indivíduos e grupos, promovendo a noção de comunidade [...]. (BARBOSA,
2003, p. 49, grifo nosso).
A terceira função social apresentada neste trecho relata uma das ideias do
programa cultural elaborado neste trabalho de conclusão de curso, que propõe
apresentar artistas de Brasília, talvez desconhecidos pela grande população do
Distrito Federal, de diferentes estilos musicais. Eles foram apresentados por meio de
entrevistas, reportagens, e de suas músicas.
7.3 PROGRAMAS DE ENTRETENIMENTO E MUSICAIS
O programa musical radiofônico está inserido entre os gêneros de
entretenimento. De acordo com Barbosa (2003), este gênero de programa de rádio
por muito tempo foi considerado menos importante pelo seu caráter de
entretenimento, e na atualidade desperta bastante o interesse de profissionais e de
pesquisadores.
As características deste gênero ligam-no ao universo do imaginário, cujos
limites são inatingíveis e causam proximidade e empatia entre a mensagem
e o receptor que não podem ser desprezadas, sob o preço cruel da perda
de contundência na transmissão dos significados de uma determinada
informação para o público (BARBOSA, 2003, p. 113).
O programa musical, mais especificamente, assim como a programação
musical se consolidou a partir do surgimento da frequência modulada (FM). Barbosa
(2003), que trabalhou como produtor de programas musicais na rádio Excelsior AM,
no fim da década de 1970 e início da de 1980, conta que durante seu trabalho
registrou vários depoimentos de muitos nomes de expressão da música popular. Ele
relata um pouco sobre a estrutura deste tipo de programa:
39
As entrevistas gravadas são, em processo de continuidade, editadas,
montadas de acordo com as “cabeças”, as falas dos apresentadores, os
outros depoimentos (se houver), as músicas e até onde a criatividade
alcançar. (BARBOSA, 2003, p. 116).
Os programas de entretenimento, e também os musicais, tão comuns nas
emissoras de rádio atuais, podem valer de vários formatos inseridos dentro da
programação: notícias, entrevistas, mesa-redonda, comentários, jingles, entre
outros.
Dentro deste trabalho de conclusão de curso, são abordados os mais
variados formatos, em especial as entrevistas2, reportagens e as próprias músicas
em si. O intuito, nas entrevistas, é de tirar o máximo de informações sobre a vida
profissional do artista no Distrito Federal. E, nas reportagens, é de informar a
respeito de como cada gênero musical nasceu e criou raízes em Brasília.
7.4 PROGRAMAS CULTURAIS EM EMISSORAS FM DE BRASÍLIA
Nesta parte do memorial dedica-se a descrever programas voltados ao
cenário cultural, em especial, ao musical, que são transmitidos em Brasília. A
intenção foi de ligar esses programas ao produto produzido no presente trabalho,
trazendo ideias e conhecimento para sua produção e edição. Como a proposta se
tratou de um programa com caráter informativo, além do entretenimento, optou-se
por identificar similaridades de programas e formatos nas emissoras públicas e
allnews que tocam na FM em Brasília.
Para descrições mais minuciosas, foram ouvidos programas da Rádio CBN e
da Rádio Senado. São mencionados ainda, porém brevemente, outros programas de
emissoras públicas (Rádio Senado, Rádio Cultura, Rádio Câmara e Rádio Verde
Oliva).
7.4.1 Minha história musical de Brasília
“A entrevista é formalmente um diálogo que representa uma das fórmulas mais atraentes da
comunicação humana. Produz-se uma interação mútua entre entrevistado e entrevistador, fruto do
diálogo.” (PRADO, 1985, p. 47 apud BARBOSA FILHO, 2003, p. 94).
2
40
O Minha história musical de Brasília3 foi um especial feito pelo programa CBN
Brasília, da Rádio CBN, para comemorar o aniversário da capital. O especial foi
apresentado diariamente durante a semana do aniversário, em abril de 2013, com
20 minutos de duração, e discutiu diferentes características do Distrito Federal,
culturais, políticas e econômicas. Destacamos três edições para descrição. O
formato do especial é uma entrevista em tom de bate-papo informal. A cada edição,
o especial recebe um convidado que viveu em Brasília. Este fala sobre músicas que
marcaram sua trajetória em Brasília, e contam por que marcaram. Assim, acabam
relembrando sobre como era a cidade tempos atrás. O âncora do programa, que
também apresenta o especial, Estevão Damázio, morador de Brasília, discute com o
convidado as coisas que relembram juntos. As músicas relatadas pelos convidados
são tocadas no programa, durante a entrevista e a narrativa do convidado. Ouvintes
interagem mandando comentários via twitter.
Na segunda edição do programete (primeira utilizada para esta descrição), o
convidado foi o jornalista Alexandre Ribondi, que fez sua participação no estúdio do
programa. Natural do Espírito Santo, ele se mudou para Brasília em 1968. Alexandre
também é escritor, dramaturgo, diretor e ator teatral, tendo apresentado várias peças
em Brasília. Uma música que marcou sua vida em Brasília foi Pra Não Dizer Que
Não Falei das Flores, de Geraldo Vandré:
“Caminhando e cantando, e seguindo a canção. Somos todos iguais, braços
dados ou não. Nas escolas, nas ruas, campos, construções. Caminhando e
cantando, e seguindo a canção. Então vem, vamos embora, que esperar não é
saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer...”
Alexandre Ribondi conta que, para ele, a música lembra a Ditadura de 1960,
em que a Universidade de Brasília (UnB) foi palco de protestos.
Na segunda edição ouvida (quarta edição do programete), o convidado foi o
jornalista Alexandre Garcia, que participou por telefone, direto da Itália. Alexandre
chegou em Brasília em 1976, depois de ter sido correspondente em Buenos Aires.
Para ele, sua vinda para Brasília foi um recomeço em sua vida, e por isso destaca,
para contar essa história, a música Começaria Tudo Outra Vez, de Gonzaguinha.
“Esta época foi um recomeço para todos que chegaram em Brasília, deixando sua
família, sua cidade raiz”, conta.
3
Fazemos a opção formal de grafar os nomes dos programas radiofônicos aqui descritos com o
itálico.
41
A terceira edição ouvida para descrição (quinta da série) recebeu o jornalista
Tadeu Schmidt, que participou também por telefone. Ele chegou em Brasília em
1975. Uma banda que marcou sua vivência na capital foi a Legião Urbana. Tadeu
estava presente no fatídico show no Estádio do Mané Garrincha, em 1988, em que
Renato Russo brigou com a plateia, que lhe atirou latas. Com essa história, Estevão
Damázio e Tadeu Schmidt aproveitaram para comentar a respeito da situação do
estádio (agora Estádio Nacional Mané Garrincha), que, no dia da transmissão do
programa, estava em reforma.
Com esses exemplos e histórias contadas nas três edições do especial Minha
história musical de Brasília, se vê que o especial tem uma vertente bastante cultural,
por fazer os convidados contarem suas histórias através de músicas, e ainda
apresenta e discute as características de Brasília, nos dias de ontem e de hoje.
7.4.2 Sala de Música
O Sala de Música é um programa que vai ao ar pela CBN há oito anos, aos
sábados à noite. Tem duração de uma hora, é um programa de entrevistas, e, como
o nome diz, é especificamente sobre música. É apresentado por João Carlos
Santana, e a vinheta fala o nome do programa e do apresentador. Ele é composto
por conversas com músicos. Os artistas cedem entrevista no estúdio do programa,
onde também tocam suas músicas. As músicas dos artistas, além de serem
apresentadas ao vivo no estúdio, também são transmitidas pelas versões gravadas.
No programa a ser descrito neste trabalho, apresentado em maio de 2013, os
cantores entrevistados foram Vinícius Calderoni e Karla Sabah. Vinícius Calderoni,
entrevistado na primeira meia hora do programa, tem seu trabalho solo e também
faz parte de um grupo chamado 5aSeco. Ele falou na entrevista sobre seu novo CD
solo, chamado Para abrir os paladares. Seu estilo musical é o MPB.
Karla Sabah, entrevistada na segunda meia hora do programa, também falou
sobre seu novo disco, chamado Amor canalha. Ela conta que esse trabalho foi
inspirado em um “pé na bunda” que levou e a produção é feita de mulher para
mulheres, para que elas se valorizem mais. Seu estilo tem toques de MPB, samba,
bossa nova e música eletrônica.
42
7.4.3 Som Brasilis e demais programas de emissoras públicas
Som Brasilis vai ao ar pela Rádio Senado, dentro do programa O Senado é
mais Brasil, de segunda a sexta. Este quadro trata somente de músicas brasileiras.
Ele conta a história de músicas, discos ou artistas que fizeram sucesso e história no
país. Na edição ouvida para a descrição deste trabalho, que foi ao ar também em
maio de 2013, ele conta a história da música A Tonga da Mironga do Kabuletê, de
Toquinho e Vinicius de Moraes. A música, de 1970, época da Ditadura Militar no
Brasil, foi um protesto ao Regime e, quando ele diz na letra “vou mandar você para a
tonga da mironga do kabuletê”, ele quer dizer que vai “mandar a pessoa para aquele
lugar”. Ao final, eles tocam as músicas da qual falaram sobre.
Ainda na Rádio Senado, há outros programas culturais com enfoque musical.
O Brasil Regional trata de músicas regionais, como a vinheta diz, de “músicas dos
cantos de nossa terra”. O Curta Musical apresenta “músicas brasileiras em notas
jornalísticas”, ou seja, conta a história de músicas nacionais. Assim, ele lembra o
Som Brasilis. O Escala Brasileira possui formato parecido com o Sala de Música da
CBN, pois é formado por entrevistas com músicos. Eu quero um samba e Música
Erudita tratam de seleções de estilos musicais específicos, como o nome diz. O
Plateia Vip transmite shows.
Na Rádio Cultura, dentro do programa Esquina 100,9 há um bloco chamado
Papo de Esquina, que traz entrevistas com músicos e bandas locais. O Rock DF é
um radiodocumentário com músicos do segmento do rock na capital, falando sobre
suas carreiras. O Cultura no Mundo traz tendências musicais mundiais, fazendo uma
ligação de Brasília com o mundo. O Radar Brasil tem uma programação musical
destinada totalmente a artistas e bandas nacionais, em sua maioria, independentes.
O Fino do Samba é dedicado aos sambistas brasileiros. Ainda há outros que tratam
de estilos específicos, como Viola e Violeiros (moda de viola e sertanejo), Cult 22
(rock), Hip Hop com DJ Chocolate, Nu Beat (ambos de música eletrônica), Nas
Cordas do Choro (chorinho) e Canta Nordeste (músicas nordestinas).
Na Rádio Câmara, há o programa Aplauso, que recebe algum artista, grupo
ou banda pra contar sua história e apresentar suas músicas. Na Rádio Justiça, o
Pauta Musical traz uma seleção de MPB, bossa nova e jazz. Há ainda o Pauta
Musical Especial – Estilos Musicais, que são programas que tratam, a cada dia da
43
semana, de um estilo unicamente. Há Pauta Musical Especial para música latina,
choro, jazz, samba e blues.
A Rádio Verde Oliva traz o Perfil, que conta a história de grandes nomes da
música nacional e internacional; o Sabor Brasileiro, que toca músicas populares
(samba e pagode); o Ritmos da Noite, que apresenta músicas românticas nacionais
e internacionais, e conta com a participação do ouvinte por telefone ou e-mail; o
Estilo Blues, que conta a história do blues e da soul music; A Volta, com canções da
Jovem Guarda; e Alvorada Regional, com músicas regionais e tradicionais do Brasil.
7.5 ARGUMENTO DO PROGRAMA
Produção de programas radiofônicos culturais com bandas e artistas musicais
de Brasília, de diferentes estilos musicais. O tema é focado em cultura, mais
especificamente em música, e mostra os artistas musicais de Brasília, de diferentes
estilos musicais, além de informar o que os influenciaram em cada estilo, a história
da carreira deles, como começaram, como pretendem seguir.
O programa mostra também como é difundido no Distrito Federal cada um
dos quatro estilos abordados, no passado e atualmente, trazendo opiniões de
pessoas que trabalham em áreas que lidam com música, como produtores de
eventos e gerentes de casas de shows.
O público alvo são os jovens de Brasília, e a ideia é de fazê-los conhecer e
valorizar a cultura residente, no caso, os artistas residentes. A linguagem é jovial e
informal.
O programa pode ser transmitido como um áudio blog, e publicado em forma
de podcast. Com isso terá uma viabilidade mais independente, além de ser
economicamente mais viável. Seu formato é de um programa musical (de
entretenimento) com foco em informações, ou seja, como um programa de rádio
revista. São transmitidas reportagens sobre diferentes estilos musicais que se ouve
no DF. São transmitidas também entrevistas com bandas e artistas musicais locais.
Para as entrevistas, estudou-se a respeito dos artistas, e foram feitos
acompanhamentos em seus locais de apresentação, com o intuito de conhecer
44
melhor o artista. São apresentadas também, nessas entrevistas, partes das músicas
dos artistas e bandas em questão.
A ideia do produto produzido neste trabalho de conclusão de curso foi fazer
uma série de quatro programas, cada um sobre um estilo musical diferente presente
no DF: reggae, samba e pagode, sertanejo e rock. Sendo assim, os artistas
entrevistados foram: a banda Levitas Reggae, do reggae; o cantor Milsinho, do
samba e pagode; a dupla Robson e Thiago, do sertanejo e a banda Móveis
Coloniais de Acaju, do rock. É um programa de rádio cultural altamente musical. Sua
proposta é apresentar aos brasilienses os talentos da capital.
Trata-se de programas semanais com duração de 15 a 20 minutos. Possíveis
apoiadores são instituições ligadas à cultura, como o Ministério da Cultura, o Centro
Cultural Banco do Brasil (CCBB) e a Rafael Reisman Produções, empresa de
Brasília que trabalha na produção de shows musicais.
45
8. DIÁRIO DE BORDO
Ao começar o processo prático do trabalho, decidi dividir cada um dos
programas em dois quadros. Sendo um intitulado “Música na Cidade”, com uma
reportagem sobre o impacto em Brasília sobre o estilo abordado, e o outro um bate
papo com um artista do DF do estilo discutido no programa, com o nome de “Papo
Musical”. A intenção inicial era duas reportagens. Mas conversando com a
orientadora decidi que assim o programa ficaria mais dinâmico, espontâneo, com
mais cara de entretenimento e com tom menos jornalístico. Para isso, e para
abordar os temas em questão com mais intimidade e propriedade, frequentei lugares
onde tocam os quatro estilos em Brasília. Para sentir o clima e observar o público.
Fui às apresentações dos artistas convidados do programa, para conhecê-los e
verificar como era a interação deles com o público.
Estudei bastante sobre a história de cada estilo, principalmente sobre suas
histórias em Brasília. Assim surgiam as ideias para pautas e eram descobertos
possíveis nomes de artistas para entrevistas. Descobri coisas que não sabia. Fã de
reggae, não sabia que aqui havia um Sindicato para defender e divulgar a música.
Nem que ele é responsável pelo nascimento das bandas de reggae que aqui
nasceram, como Natiruts. Fui até lá para entrevistar o fundador por duas vezes. Na
primeira, estava ansiosa para ir logo. Não liguei antes e nem confirmei os horários
de funcionamento, e então, estava fechado. Na segunda deu certo. Foi a primeira
entrevista que fiz para o trabalho.
Os fundadores do Sindicato aparentam pais de família normais. Nem parece
que um dia passaram por tudo o que disseram que passaram, para divulgar o
reggae. Porém, eles me contaram que quando mais novos usavam dreadlocks nos
cabelos. Segundo eles, eles também não fumam maconha. Segundo eles. Mas
todas as pessoas com quem comentei não acreditaram. Eu até acredito que eles
não fumam atualmente, mas no passado já devem ter curtido a erva.
A entrevista com o produtor do Porão do Rock foi marcada numa praça no
Setor Comercial Sul, na Asa Sul. Consegui o contato dele através de um ex-chefe de
estágio, de uma empresa de comunicação que presta assessoria à eventos. Fiquei
apreensiva de fazer o contato, pois lembro que na época que estagiava nessa
empresa, esse meu ex-chefe comentava que o produtor do Porão era meio
antipático e arrogante. Entretanto, ele foi bastante simpático comigo. Foi muito
46
solícito a dar a entrevista, e falou que qualquer coisa que precisasse novamente,
poderia entrar em contato de novo.
À medida que conseguia entrar em contato com os artistas para entrevistas,
checava a agenda deles, para assistir aos seus shows. Eu já conhecia e já tinha ido
à apresentação do Milsinho, em um bar que fica no Pistão Sul, em Taguatinga.
Dessa vez, não foi diferente. Quando ele começa a tocar, todos estão sentados.
Depois, aos poucos ele anima a galera, que começa a levantar, sambar e cantar
junto. Entre as músicas do repertório, há canções dele e canções de samba de
sucesso. Sua filha pequena o acompanha nos shows, e já está crescendo no
ambiente do samba. Ele também toca músicas de outros estilos no ritmo de samba,
o que também alegra o público.
A banda Levitas Reggae também anima bastante o público. Jacob, o
vocalista, sempre fala com o público entre as músicas, passa mensagens positivas
para as pessoas. Eles procuram realmente transmitir muita paz e positividade
através dos shows. Quem conhece as músicas, canta junto. Mas quem não
conhece, porém gosta do estilo, também acaba se contaminando por esse clima,
que é o que toda banda de reggae tenta passar.
Assistir a dupla Robson e Thiago foi o mais difícil pra mim, já que dos quatro
estilos abordados no programa, é o único de que eu não gosto. Pagar cinquenta
reais para entrar numa casa de show que também não me agrada, foi igualmente
difícil. A Anna Raquel, prima do meu namorado e quem estava me acompanhando
naquela noite, adorou. A casa estava lotada. Tocava house music quando entrei, e
mais tarde a dupla subiu ao palco. Quando anunciaram a entrada deles, as mulheres
já começaram a gritar. Muitas delas ficam perto do palco, enlouquecidas, querendo
tocar nos cantores, e até nos músicos. Daí veio minha curiosidade, se eles tinham
namorada ou não. As meninas tocam na mão, no corpo, na perna, em alguns
momentos quase não os deixam cantar. Principalmente o Thiago, que é mais
simpático e interage mais com elas. Ou talvez, o Robson só não tinha muita
paciência com elas mesmo. Já no lugar onde eu estava, lá em cima no camarote,
onde o gerente da casa me colocou para que pudesse me achar na hora que desse
pra eu falar com a dupla, havia muitos homens. Alguns me irritaram tentando
conversar comigo quando eu só queria observar o show. O engraçado é que eu já
havia ido a essa casa quando não estava namorando (e também estava mais
47
arrumada, pois havia ido para curtir, não para uma pesquisa de campo), e naquela
vez nenhum homem tentou conversar comigo.
Mesmo assim, consegui observar atentamente o show. A dupla tocou durante
duas horas (achei que não ia acabar nunca) e animou o público com músicas
famosas do sertanejo.
O show que assisti da banda Móveis Coloniais de Acaju já foi curto, pois se
tratava de um pocket show, uma apresentação pequena, dentro da loja Fnac, do
Park Shopping. Mesmo assim, eles atraíram muita gente. Lotaram a loja de fãs, que
cantavam junto suas músicas. Me surpreendi com a quantidade de integrantes na
banda, pois dez pessoas, para mim, é muita coisa. Meu namorado, que me
acompanhou, achou o estilo do vocalista, André Gonzáles, parecido com o de
Renato Russo, pelo jeito e pelas dancinhas. Eu diria que ele é um pouco mais
sorridente do que Renato Russo, que tinha um jeito mais sério.
Depois, veio o momento de marcar e fazer as entrevistas. Procurei faze-las de
forma que fluíssem como uma conversa espontânea, interativa. Um bate papo. E
não como algo já definido e roteirizado. A inspiração para esse tipo de entrevista
veio de Cremilda Medina (2008).
A entrevista, nas suas diferentes aplicações, é uma técnica de interação
social, de interpenetração informativa, quebrando assim isolamentos
grupais, individuais, sociais; pode também servir à pluralização de vozes e à
distribuição democrática da informação. Em todos estes ou outros usos das
Ciências Humanas, constitui sempre um meio cujo fim é o interrelacionamento humano. Para além da troca de experiências, informações,
juízos de valor, há uma ambição ousada que filósofos como Martin Buber já
dimensionaram: o diálogo que atinge a dimensão humana criadora, ou seja,
ambos os partícipes do jogo da entrevista interagem, se modificam, se
revelam, crescem no conhecimento do mundo e deles próprios. (MEDINA,
2008, p. 8)
A autora critica as entrevistas com perguntas preestabelecidas, que não
avançam de forma natural e cortam o pensamento do entrevistado. Para ela, a
entrevista é uma conversa em que entrevistador e entrevistado criam uma intimidade
naquele momento, atingindo um diálogo possível, como um bate papo do dia a dia.
Foi exatamente assim que procurei desenvolver as conversas. Descobri
coisas interessantes em todas elas. Eu não sabia, por exemplo, que o Milsinho, que
eu já havia visto tocar algumas vezes em barzinhos por aqui, chegou a fazer parte
do famoso Fundo de Quintal, grupo carioca de samba e pagode. Ele foi até o estúdio
de rádio da Universidade Católica para conceder a entrevista. Custou achar. “Me
perdi nessa cidade”, ele disse. A dupla Robson e Thiago também foi entrevistada em
48
estúdio. Eles foram os artistas mais fáceis de entrevistar. Parecem ser os mais
acostumados a cederem entrevistas, pois suas respostas são curtas, objetivas, não
são repetitivas. Assim, a entrevista já ficou naturalmente curta, e não precisou de
muita edição.
A banda Móveis Coloniais de Acaju entrevistei no escritório deles, na Asa
Norte. Dessa vez foi eu quem me perdi. A impressão que deram foi que eles meio
que tinham o nariz em pé. Não foram muito simpáticos comigo, nem me deram muita
atenção, com exceção do Gabriel Coaracy, um dos que eu entrevistei. O outro que
entrevistei, Esdras Nogueira, passou a entrevista mexendo no celular.
O Jacob Bruno, do Levitas Reggae, entrevistei na casa dele, na Asa Sul. Me
perdi novamente. Porém ele e a esposa me receberam muito bem. Só tive que
tomar cuidado durante a entrevista, pois havia muitas pessoas, inclusive crianças,
na casa, o que podia prejudicar o áudio. Pela sua forma de falar, ele mostra que é
exatamente como é no show: um verdadeiro regueiro. Até nas entrevistas procura
passar mensagens de paz, de otimismo. Ele, entretanto, é bem repetitivo nas
palavras, muitas vezes fugia um pouco do assunto, e começava a contar coisas que
não tinham muito a ver com o foco da conversa. Mas todas as conversam foram
gostosas de fazer, principalmente essa e a do Milsinho, que foram os mais
simpáticos e que mais se mostraram interessados em bater papo comigo.
Para as vinhetas, Angélica me sugeriu melodias de jazz, que achei
interessantes, mas também deu a ideia de que poderia ser usada uma música
eletrônica. Achei que eletrônico teria mais a minha cara, além de passar uma
imagem mais jovem para o programa. Então selecionei algumas músicas de deep
house e tech house. A escolhida foi a de Nytron JPhilipps, I Don’t Care.
Depois de todas as reportagens e entrevistas prontas, chegou a hora de
gravar os offs e ir para a montagem dos programas. Inicialmente, eu queria fazer
tudo sozinha. Cheguei a gravar o primeiro programa somente com a minha voz.
Entretanto, senti a necessidade de uma segunda voz para dar mais mobilidade ao
programa, e segui o conselho da orientadora de chamar mais uma pessoa para ser
locutora junto comigo. Mariana Santiago, também estudante de Jornalismo da
Universidade Católica, foi a segunda voz da locução dos programas. Assim, gravei
novamente o primeiro programa, e todos os outros. Para finalizar, o técnico Rener
Lopes me ajudou nas montagens.
49
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ao Liberalismo. In: PAIVA, Raquel; BARBALHO, Alexandre (Org.). Comunicação e
Cultura das minorias. São Paulo: Comunicação, 2009.
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rádio. São Paulo: Paulinas, 2003.
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Acesso em: 10 mai. 2013.
em:
BELTRÃO, Luiz; HOHLFELDT, Antonio (Org.). Jornalismo Cultural: Temas de
Comunicação. São Paulo: Intercom, 2012.
BERNARDO, André. ‘Rock Brasília – Era de Ouro’ narra a trajetória da Legião
Urbana,
Capital
Inicial
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Disponível
em:
<http://www.saraivaconteudo.com.br/Materias/Post/41794>. Acesso em: 10 mai.
2013.
CAUQUELIN, Anne. Teorias da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
CHAUÍ, Marilena. Cultura e Democracia: o discurso competente e outras falas. 3.
ed. São Paulo: Moderna, 1984.
COUTINHO, Eduardo Granja. Os Sentidos da Tradição. In: PAIVA, Raquel;
BARBALHO, Alexandre (Org.). Comunicação e Cultura das minorias. São Paulo:
Comunicação, 2009.
ELHAJJI, Mohammed. Comunicação, cultura e conflitos: uma abordagem conceitual.
In: PAIVA, Raquel; BARBALHO, Alexandre (Org.). Comunicação e Cultura das
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FERRARETTO, Luiz Artur. Rádio: o veículo, a história e a técnica. 2. ed. Saga Luzzatto, 2001.
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PAIVA, Raquel; BARBALHO, Alexandre (Org.). Comunicação e Cultura das
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HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 11. ed. Rio de Janeiro:
DP&A editora, 2006.
50
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Mistificação de Massa. In: LIMA, Luiz Costa, Teoria da Cultura de Massa. 4. ed. Rio
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dados.
Disponível
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<http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?no=6&op=0&vcodigo=PD281&t=do
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Federal. Disponível em: <http://observatoriodadiversidade.org.br/site/o-direito-deacesso-a-cultura-e-a-constituicao-federal/>. Acesso em: 10 mai. 2013.
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PRYSTHON, Ângela. Negociações na Periferia: Mídia e jovens no Recife. In: PAIVA,
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SCHAUN, Ângela. Inclusão cultural e mídia: um olhar. In: PAIVA, Raquel;
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VERAS,
Márcio.
Escola
de
Frankfurt.
Disponível
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Acesso
em: 2 jul. 2013.
WOLF, Mauro. Teorias da Comunicação. 10. ed. Lisboa: Editorial Presença, 2009.
51
ANEXOS
ANEXO 1 – Roteiro: Programa Ouça Brasília - nº 01
Ficha técnica:
Tema: Reggae em Brasília
Apresentação: Vanessa Melo e Mariana Santiago
Tempo: 16 minutos
Reportagem: Vanessa Melo
Entrevista: Vanessa Melo
Entrevistado: Jacob Bruno
Trabalhos técnicos: Vanessa Melo, Rener Lopes, Bil Ranulfo Silva
Direção: Vanessa Melo
Orientação: Angélica Cordova
Descrição do roteiro:
RÁDIO: UCB
PROGRAMA: Ouça Brasília
FICHA TÉCNICA
- Abertura do programa
DATA: 22/10/2013
DURAÇÃO: 16’
ÁUDIO
TEC//LOC 1: Olá, meu nome é Vanessa
Melo.
- TEC//VINHETA DE ABERTURA EM
BG (desce som)
TEC//LOC 2: E o meu Mariana Santiago.
TEC//LOC 1: E esse é o primeiro
programa Ouça Brasília. Aqui você vai
conhecer os artistas musicais da capital,
dos estilos que você e a galera da
cidade curtem.
TEC//LOC 2: A cada programa, vamos
falar de músicos e bandas de estilos
diferentes, com presença forte aqui em
Brasília.
- Manchetes do dia
TEC//LOC 1: No programa de estreia, o
reggae em Brasília, no quadro “Música
- TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG na Cidade”.
(desce som)
TEC//LOC 2: No quadro “Papo Musical”
você vai conhecer uma banda que
manda bem no cenário regueiro da
capital.
52
- TEC//VINHETA DE ABERTURA EM
BG
- TEC//MÚSICA BOB MARLEY – IS TEC//LOC 1: No Brasil o reggae chegou
THIS LOVE EM BG (desce som)
nos anos 70, mesma década em que ele
foi levado ao mundo todo, por Bob
Marley.
TEC//LOC 2: Antes de tudo isso, ele se
originou na Jamaica. A música é uma
mistura de ritmos africanos, ska e
calipso.
TEC//LOC 1: Ela tem também um ritmo
suave, e os instrumentos mais utilizados
são a guitarra, o contrabaixo e a bateria.
TEC//LOC 2: Vanessa, e em Brasília, o
reggae criou raízes no Guará 2, que há
décadas é um reduto do estilo. Vamos
agora para o quadro “Música na Cidade”
com a sua reportagem sobre o Sindicato
do
Reggae.
Um
dos
grandes
responsáveis pela disseminação do
reggae em Brasília.
(sobe som)
TEC//VINHETA
DO
QUADRO
“MÚSICA NA CIDADE” EM BG
- Quadro “Música na Cidade”
SONORA REPORTAGEM:
- TEC//SONORA REPORTAGEM
TEC//MÚSICA NATIRUTS
FLOR EM BG (desce som)
–
BEIJA
Na capital do país, o reggae chegou
primeiro no Guará 2. Isso porque é lá
que fica o Sindicato do Reggae,
responsável pelo início do movimento
regueiro na capital. O lugar, que é point
dos amantes do reggae de Brasília,
conta com um acervo de discos, livros,
fotos e instrumentos musicais. Nardelli
Gifone, presidente e um dos fundadores
do Sindicato, explica como o movimento
começou.
TEC//SON 1 – NARDELLI GIFONE: “O
Sindicato foi fundado em 1980, fixamos
aqui no Guará mesmo, onde é o berço
do reggae. E aí foi aquela ideia de
expandir, espalhar o reggae, a
mensagem, o que estava por trás da
música do Bob Marley e do reggae. Que
53
era a mensagem de paz, de união, de
igualdade, as pessoas lutarem pelos
seus direitos. Aí começamos a gravar
fitas cassete e a divulgar. Através de
uma fita aqui, outra fita ali, para as
pessoas
terem
mais
contato,
conhecerem aquela música que até
então era desconhecida aqui em
Brasília.”
Nardelli e seus companheiros, hoje pais,
avós, e não mais com os dreads que
usavam quando iniciaram o movimento
em 1980, ainda arrecadam, através dos
shows que organizam, alimentos para
distribuir em creches carentes do Guará.
E demonstram em seus shows também
o apoio deles no combate às drogas.
Com tudo isso, o Sindicato mostra que o
reggae em Brasília é mais que apenas
música, e que a cidade possui uma
ligação especial com o estilo de vida
Rastafári. Inspirado por essa cultura
jamaicana, o Sindicato conseguiu atrair
seguidores por todo o DF, e sua luta
pela divulgação do reggae é reconhecida
por todo o país e pelo mundo.
TEC//SON 2 – NARDELLI GIFONE: “Ah,
o Sindicato foi o abre alas, né? Se hoje
existem essas bandas aí foi o grande
trabalho, o trabalho árduo do Sindicato.
E a gente bateu o pé e mostrou que
aquela música... que os músicos, que
Bob Marley, usava ela como um
mecanismo pra levar a mensagem do
gueto, a mensagem para o povo, que até
então não tinha o conhecimento.”
Prova dessa grande disseminação do
reggae em Brasília, são as bandas que
aqui nasceram e hoje atingiram nível
nacional, como Natiruts, Maskavo e Jah
Live.
(sobe som)
- TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG TEC//LOC 2: Legal, Vanessa. Eu não
(desce som)
sabia que havia um Sindicato do Reggae
em Brasília.
54
TEC//LOC 1: Pois é, Mariana. E graças
a divulgação deles, várias bandas
mantém vivo o reggae no Cerrado.
TEC//LOC 2: E no próximo bloco, vamos
apresentar um exemplo delas. Não
saiam daí.
- TEC//VINHETA DE PASSAGEM EM ENTRA BREAK
BG
- TEC//BREAK
- TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG TEC//LOC 2: Já voltamos! Neste bloco,
(desce som)
você vai ouvir um bate papo que a
Vanessa teve com o Jacob Bruno, o
vocalista de uma banda de reggae daqui
de Brasília, a Levitas Reggae. Essa
banda participou de um projeto do
DFTV, que se chamava “Brasília
Independente”, em que as bandas
independentes do DF tinham a
oportunidade de mostrar o seu som no
telejornal.
TEC//LOC 1: Exatamente, Mariana. E no
final do projeto, foi aberta uma votação
para os telespectadores escolherem a
banda que mais gostaram. E a Levitas
foi a vencedora. Fiquem agora com a
entrevista no “Papo Musical”. Você vai
saber mais sobre esse projeto e outras
histórias da carreira da banda.
- TEC//VINHETA DO QUADRO “PAPO
MUSICAL” EM BG
- Quadro “Papo Musical”
SONORA ENTREVISTA:
- TEC//SONORA ENTREVISTA
TEC//MÚSICA LEVITAS – EU QUERO
FALAR EM BG (desce som)
Deixa inicial: “Agora que você já
conhece um pouquinho da história do
reggae em Brasília, vai conhecer
também uma das bandas que divulgam
esse estilo na capital. E a música que
você está ouvindo é Eu Quero Falar, de
uma dessas bandas. O Levitas Reggae,
do Guará. E hoje, eu vou conversar com
o vocalista da banda, o Jacob. Oi, Jacob,
tudo bem?”
55
(...)
TEC//MÚSICA LEVITAS – GRATIDÃO
EM BG
(...)
Deixa final: “Então vamos ouvir Gratidão,
do Levitas. E em seguida, vamos pra um
breve intervalo. Eu volto já já.”
(sobe som)
- TEC//VINHETA DE PASSAGEM EM ENTRA BREAK
BG
- TEC//BREAK
- TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG TEC//LOC 2: Voltamos! E aí, gostaram
(desce som)
da entrevista com o Jacob do Levitas?
TEC//LOC 1: Se gostaram e querem
saber da agenda deles, basta entrar no
perfil da banda no facebook, que é
Levitas Reggae.
TEC//LOC 2: Essa foi a estreia do
programa Ouça Brasília. No próximo
programa passaremos para um estilo
totalmente diferente. O bate-papo será
com um sambista de Brasília. Eu sou
Mariana Santiago.
TEC//LOC 1: E eu sou Vanessa Melo. A
gente vai ficando por aqui.
TEC//LOC 2: Até a próxima!
(sobe som)
TEC//LOC 1: Tchau, tchau!
- TEC//VINHETA DE ABERTURA EM
BG
56
ANEXO 2 – Roteiro: Programa Ouça Brasília - nº 02
Ficha técnica:
Tema: Samba & Pagode em Brasília
Apresentação: Vanessa Melo e Mariana Santiago
Tempo: 16 minutos
Reportagem: Vanessa Melo
Entrevista: Vanessa Melo
Entrevistado: Milsinho
Trabalhos técnicos: Vanessa Melo, Rener Lopes, Bil Ranulfo Silva
Direção: Vanessa Melo
Orientação: Angélica Cordova
Descrição do roteiro:
RÁDIO: UCB
PROGRAMA: Ouça Brasília
FICHA TÉCNICA
- Abertura do programa
DATA: 24/10/2013
DURAÇÃO: 16’
ÁUDIO
TEC//LOC 1: Olá, eu sou Vanessa Melo.
- TEC//VINHETA DE ABERTURA EM TEC//LOC 2: E eu, Marina Santiago.
BG (desce som)
TEC//LOC 1: E está começando mais
um programa Ouça Brasília. O programa
que apresenta artistas musicais da
capital, dos estilos que você e a galera
da cidade curtem.
TEC//LOC 2: Aqui falamos de músicos e
bandas dos estilos de música que
chegaram e criaram raízes em Brasília.
- Manchetes do dia
TEC//LOC 1: No quadro “Música na
Cidade”, vamos falar sobre o samba e o
- TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG pagode em Brasília.
(desce som)
TEC//LOC 2: E hoje você vai conhecer o
Milsinho, um músico que anima as rodas
de samba na cidade, no quadro “Papo
Musical”.
- TEC//VINHETA DE ABERTURA EM
BG
- TEC//MÚSICA JORGE ARAGÃO – TEC//LOC 1: O samba, tocado por
CONSELHO EM BG (desce som)
instrumentos de percussão, violão e
cavaquinho, surgiu da mistura de estilos
57
musicais africanos. Foi em 1917 que o
primeiro samba foi gravado no Brasil, e a
música foi Pelo Telefone, do cantor
Bahiano. As raízes do samba estão na
Bahia, no Rio de Janeiro e em São
Paulo.
TEC//LOC 2: E há vários tipos de
samba. O samba carnavalesco, que são
as marchinhas que eram usadas nos
bailes de carnaval; o samba-enredo, que
são as usadas nas escolas de samba
para desfiles; o samba-canção, que tem
ritmo lento e letras mais sentimentais e
românticas...
TEC//LOC 1: O samba de gafieira, que
já tem uma parte instrumental mais
rápida e forte e é a mais usada nas
danças de salão; o pagode, que tem um
ritmo repetitivo, com sons eletrônicos e
se espalhou pelo Brasil por causa das
letras simples e românticas; entre outros.
Hoje, o samba representa a identidade
musical do Brasil.
TEC//LOC 2: É Vanessa, e por ser a
identidade do povo brasileiro, o samba
não está mais apenas na Bahia, no Rio
de Janeiro ou em São Paulo. Em
Brasília, a gente também encontra
samba de qualidade! Onde? Você fica
sabendo agora, no quadro “Música na
Cidade”, com a reportagem de Vanessa
Melo.
(sobe som)
TEC//VINHETA
DO
QUADRO
“MÚSICA NA CIDADE” EM BG
- Quadro “Música na Cidade”
SONORA REPORTAGEM:
- TEC//SONORA REPORTAGEM
TEC//MÚSICA DORIVAL CAYMMI –
SAMBA DA MINHA TERRA EM BG
(desce som)
Humm... samba e feijoada... Uma
mistura tipicamente brasileira. E, por que
não, de Brasília? Sim! Você pode
encontrar essa gostosa combinação em
muitos bares e clubes pelo DF. Alguns
exemplos são o Feitiço Mineiro, na Asa
Norte; o Calaf, na Asa Sul, o Harém Bar,
58
em Águas Claras, a Aruc, no Cruzeiro e
o Mania Carioca, em Taguatinga. O
samba dá um o tom e parece dar mais
sabor à iguaria. Karen Aguiar, estudante
de vinte e dois anos, de Brasília, é fã
dessa mistura.
TEC//SON 1 – KAREN AGUIAR: “Eu
adoro! Sempre que tenho a oportunidade
de ir em algum barzinho comer uma
feijoada, ouvir um samba, eu vou.
Feijoada é aquele prato que todo
brasileiro gosta. E samba é muito bom, é
alto astral, tira todo mundo da cadeira
pra dançar... Gosto muito.”
Além dos barzinhos, o ritmo por aqui é
prestigiado também no evento Samba
Brasília, que há dois anos recebe vários
artistas de sucesso nacional de samba e
pagode, além de grupos do próprio
Distrito Federal. O Batucada.com é um
dos grupos de Brasília que tocou na
edição 2013. Lucas Gomes, o vocalista,
acredita que o estilo está conquistando
cada vez mais o público brasiliense.
TEC//SON 2 – LUCAS GOMES: “Acho
que tem espaço pra todos os estilos
musicais, né? Só que o pagode cresceu
bastante aqui em Brasília. A prova é o
Samba Brasília, deu cem mil pessoas.
Então, com certeza tem muita gente
nova que não é fã de pagode, mas tá
conhecendo. E vai indo assim, vai
crescendo... Mas espaço tem, tem muita
gente que curte samba e pagode em
Brasília também.”
O Samba Brasília 2013 ocorreu no
estacionamento do Estádio Nacional
Mané Garrincha e contou com um
público de cem mil pessoas, o
equivalente a toda a população de
Brazlândia e Sudoeste juntas. O samba
da capital está presente ainda nas
escolas de samba das regiões
administrativas,
que
sempre
se
apresentam em desfiles de carnaval.
59
(sobe som)
- TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG TEC//LOC 2: Opa. Boa dica, Vanessa.
(desce som)
Ano que vem eu não perco essa festa. E
com tantos lugares para curtir o samba
na capital, é claro que a cidade possui
um grande número de sambistas e
grupos de samba.
TEC//LOC 1: Verdade, Mariana. E no
próximo bloco, você vai conhecer um
desses sambistas.
TEC//LOC 2: Não saiam daí, a gente
volta já!
- TEC//VINHETA DE PASSAGEM EM ENTRA BREAK
BG
- TEC//BREAK
- TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG TEC//LOC 2: Estamos de volta. Nesse
(desce som)
bloco, você vai acompanhar uma
conversa que a Vanessa teve com o
sambista Milsinho, de Taguatinga. O
Milsinho já fez parte do grupo de samba
Amor Maior, também de Brasília. Junto
com o grupo, teve a oportunidade de
participar de um festival de samba
nacional, apresentado por Netinho de
Paula, no SBT. E ganhou!
TEC//LOC 1: Isso mesmo, e o Milsinho
já passou até pelo grupo Fundo de
Quintal, do Rio de Janeiro. Hoje, em
carreira solo, ele relembra esses
momentos e comenta sobre a carreira,
nessa entrevista, que vocês vão conferir
agora no “Papo Musical”.
- TEC//VINHETA DO QUADRO “PAPO
MUSICAL” EM BG
- Quadro “Papo Musical”
SONORA ENTREVISTA:
- TEC//SONORA ENTREVISTA
TEC//MÚSICA MILSINHO – É DEUS
POR NÓS EM BG (desce som)
Deixa inicial: “Agora que você já sabe
onde ir quando quiser ouvir um samba
em Brasília, vai conhecer também um
dos músicos que você pode ouvir nesses
lugares. Ele é o Milsinho, de Taguatinga,
e a música que você ouve ao fundo é É
Deus Por Nós, dele. Hoje é ele que vai
60
bater um papo comigo. Olá, Milsinho,
tudo bem?”
(...)
TEC//MÚSICA MILSINHO – VOLTO JÁ
EM BG
(...)
Deixa final: “Então vamos ouvir agora
Volto já, do Milsinho, e depois vamos pra
um breve intervalo.”
(sobe som)
- TEC//VINHETA DE PASSAGEM EM ENTRA BREAK
BG
- TEC//BREAK
- TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG TEC//LOC 2: Voltamos! Espero que
(desce som)
vocês tenham gostado do programa de
hoje.
TEC//LOC 1: Se ficaram interessados
em ouvir mais do samba brasiliense, é
só seguir as dicas de barzinhos que
você ouviu aqui no programa. Neles,
você pode encontrar o Milsinho, e ainda
muitos outros sambistas e grupos de
samba da capital. E o Milsinho também
está no facebook. Sua página se chama
Milsinho Mil.
TEC//LOC 2: Esse foi mais um programa
Ouça Brasília. No próximo programa o
estilo abordado será o sertanejo, e a
conversa, com uma dupla sertaneja de
Brasília. Eu sou Mariana Santiago.
TEC//LOC 1: Eu sou Vanessa Melo e
me despeço por aqui.
TEC//LOC 2: Até a próxima.
(sobe som)
TEC//LOC 1: Beijos, e tchau tchau!
- TEC//VINHETA DE ABERTURA EM
BG
61
ANEXO 3 – Roteiro: Programa Ouça Brasília - nº 03
Ficha técnica:
Tema: Sertanejo em Brasília
Apresentação: Vanessa Melo e Mariana Santiago
Tempo: 16 minutos
Reportagem: Vanessa Melo
Entrevista: Vanessa Melo
Entrevistados: Robson & Thiago
Trabalhos técnicos: Vanessa Melo, Rener Lopes, Bil
Direção: Vanessa Melo
Orientação: Angélica Cordova
Descrição do roteiro:
RÁDIO: UCB
PROGRAMA: Ouça Brasília
FICHA TÉCNICA
- Abertura do programa
DATA: 30/10/2013
DURAÇÃO: 16’
ÁUDIO
TEC//LOC 1: Olá, eu sou Vanessa Melo.
- TEC//VINHETA DE ABERTURA EM TEC//LOC 2: Oi, oi! Mariana Santiago
BG (desce som)
falando.
TEC//LOC 1: E está no ar o Ouça
Brasília. O programa que respira a boa
música brasiliense e ainda te conta um
pouco sobre ela.
TEC//LOC 2: Aqui, você fica por dentro
de quem são os músicos e as bandas
dos estilos de música mais tocados no
Distrito Federal.
- Manchetes do dia
TEC//LOC 1: No quadro “Música na
Cidade”, vamos falar sobre o sertanejo
- TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG em Brasília.
(desce som)
TEC//LOC 2: No quadro “Papo Musical”
você vai conhecer Robson e Thiago,
uma dupla sertaneja que faz sucesso
nas noites brasilienses.
- TEC//VINHETA DE ABERTURA EM
BG
- TEC//MÚSICA JORGE & MATHEUS – TEC//LOC 1: O sertanejo, muito popular
ENQUANTO HOUVER RAZÕES EM BG no estado de Goiás, passou por
62
(desce som)
diferentes fases ao longo dos anos. O
sertanejo de raiz, surgido na década de
1910 nas zonas rurais, tratava de
assuntos cotidianos, da vida no campo.
Cornélio Pires e Tonico e Tinoco foram
alguns dos que marcaram essa
tendência.
TEC//LOC 2: A partir do final dos anos
60, o sertanejo invadiu também as zonas
urbanas. Logo depois disso veio, na
década de 70, o sertanejo romântico,
com letras que abordavam amor e
traição. Exemplos de expoentes desse
ritmo são Xitãozinho & Xororó e Leandro
& Leonardo.
TEC//LOC 1: Já na década de 2000,
apareceu o sertanejo universitário, que
inovou o ritmo, por trazer instrumentos
mais modernos e eletrônicos. Algumas
duplas adeptas desse estilo são João
Bosco & Vinícius, Cesar Menotti &
Fabiano, Vitor & Leo, e Jorge & Mateus.
Desde que foi para as cidades, nos anos
70, o sertanejo se tornou bastante
conhecido e famoso por todo o país. Por
isso, o sertanejo romântico e o
universitário fazem tanto sucesso.
(sobe som)
TEC//LOC 2: Em Brasília não é
diferente, né Vanessa? O sertanejo por
aqui é febre entre a galera que vai pra
night. Por isso, é muito fácil encontrar
lugares que tocam esse estilo pelo DF. É
sobre isso que a Vanessa fala na
reportagem que você vai ouvir agora, no
quadro “Música na Cidade”.
TEC//VINHETA
DO
QUADRO
“MÚSICA NA CIDADE” EM BG
- Quadro “Música na Cidade”
SONORA REPORTAGEM:
- TEC//SONORA REPORTAGEM
TEC//MÚSICA RICK & RENNER – ELA
É DEMAIS EM BG (desce som)
O sertanejo é um dos estilos musicais
que mais se ouve atualmente no DF. A
procura é tão grande, que várias casas
noturnas apresentam o ritmo não só nos
finais de semana, como também em dias
63
úteis. O ritmo é o que mais faz os bares
e boates lucrarem e lotarem. O promoter
da Villa Boêmia, Felipe Lobão, conta que
o sertanejo é o estilo que faz a casa
chegar a sua superlotação, que é de mil
pessoas.
TEC//SON 1 – FELIPE LOBÃO:
“Querendo ou não, no Centro Oeste, a
moda agora é o sertanejo. Já foi o tempo
do rock, inicialmente em Brasília. A
moda agora é sertanejo. Seja modão,
seja um arrocha, o pessoal gosta do
sertanejo. Eles curtem mais o sertanejo
do que qualquer outro estilo de música
atualmente.”
Além do Villa Boêmia, em Taguatinga,
as casas que também são point dos fãs
de sertanejo são Barril 66, em Águas
Claras; Empório Sertanejo, no Núcleo
Bandeirante; Villa Mix, na Vila Planalto;
Mercado Sertanejo, no Gama; entre
outras. Uma boa parte do público que o
sertanejo está atraindo em Brasília são
de jovens. Para Felipe, o motivo é o
grande número de talentos que a cidade
está revelando nesse estilo.
TEC//SON 2 – FELIPE LOBÃO: “Os
nossos artistas, eles são muito bons, são
os melhores que tá tendo no país. Tanto
é que nós temos várias duplas. As
quatro melhores duplas são de Brasília
atualmente. Então assim, o jovem de
hoje em dia tá curtindo muito mais o
sertanejo.”
Uma referência de dupla sertaneja
nascida em Brasília foi Rick e Renner,
que esteve no cenário musical por vinte
e três anos, entre 1987 e 2010. Nesse
período fez sucesso em todo o Brasil.
Hoje, várias duplas brasilienses estão
conseguindo seu espaço no DF e se
tornando conhecidas, como Pedro Paulo
e Matheus, Bonni e Belluco e Roni e
Ricardo.
(sobe som)
64
- TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG TEC//LOC 2: É, tem muitas duplas
(desce som)
mesmo no cenário musical em Brasília,
hein?
TEC//LOC 1: Claro, Mariana. E no
próximo bloco, você vai conhecer uma
dessas muitas duplas que agitam as
noites sertanejas pelos bares e boates
da capital.
TEC//LOC 2: Isso mesmo, a Vanessa
está falando de Robson e Thiago. Já
voltamos.
- TEC//VINHETA DE PASSAGEM EM ENTRA BREAK
BG
- TEC//BREAK
- TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG TEC//LOC 2: Voltamos. Agora, você vai
(desce som)
ouvir a entrevista da Vanessa com a
dupla brasiliense Robson e Thiago. Uma
dupla que já teve até a oportunidade de
tocar com Milionário e José Rico. E
atenção, meninas: eles estão solteiros.
TEC//LOC 1: Verdade, Mariana. É bom
deixar isso claro, viu. Porque esses
meninos são muito assediados! O bate
papo com eles foi bem bacana. E eles
até tocaram pra mim ao vivo no estúdio.
Ouça tudo isso agora no “Papo Musical”.
- TEC//VINHETA DO QUADRO “PAPO
MUSICAL” EM BG
- Quadro “Papo Musical”
SONORA ENTREVISTA:
- TEC//SONORA ENTREVISTA
TEC//MÚSICA ROBSON & THIAGO –
DECISÃO EM BG (desce som)
Deixa inicial: “A música que você ouve
ao fundo é Decisão, da dupla sertaneja
de Brasília Robson e Thiago. Eles estão
aqui pra bater um papo comigo. Olá,
Robson. Olá. Thiago. Tudo bem com
vocês?”
(...)
Deixa final: “Então vamos ouvir, depois
vamos para um breve intervalo.”
[A dupla toca ao vivo a música deles
65
Marquinha no Pescoço]
- TEC//VINHETA DE PASSAGEM EM ENTRA BREAK
BG
- TEC//BREAK
- TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG TEC//LOC 2: E já estamos de volta.
(desce som)
Gostei muito da sua entrevista, Vanessa.
E dos meninos tocando ao vivo também!
TEC//LOC 1: Espero que você de casa
também tenha gostado. Se ficou
interessado na dupla e quer ouvi-la
tocar, ou ainda, quiser conhecer outras
duplas também de Brasília, basta seguir
as dicas de bares que você acabou de
ouvir no programa!
TEC//LOC 2: Esse foi mais um Ouça
Brasília. No próximo programa, vamos
mudar totalmente o estilo e falar sobre o
rock. E o papo, será com uma banda de
rock de Brasília. Eu sou Mariana
Santiago.
TEC//LOC 1: E eu sou Vanessa Melo e
vamos ficando por aqui.
TEC//LOC 2: Até a próxima!
TEC//LOC 1: Até o próximo programa.
(sobe som)
Tchau, tchau.
- TEC//VINHETA DE ABERTURA EM
BG
66
ANEXO 4 – Roteiro: Programa Ouça Brasília - nº 04
Ficha técnica:
Tema: Rock em Brasília
Apresentação: Vanessa Melo e Mariana Santiago
Tempo: 16 minutos
Reportagem: Vanessa Melo
Entrevista: Vanessa Melo
Entrevistados: Esdras Nogueira e Gabriel Coaracy
Trabalhos técnicos: Vanessa Melo, Rener Lopes, Bil
Direção: Vanessa Melo
Orientação: Angélica Cordova
Descrição do roteiro:
RÁDIO: UCB
PROGRAMA: Ouça Brasília
FICHA TÉCNICA
- Abertura do programa
DATA: 31/10/2013
DURAÇÃO: 16’
ÁUDIO
TEC//LOC 1: Olá, aqui quem fala é
Vanessa Melo.
- TEC//VINHETA DE ABERTURA EM
BG (desce som)
TEC//LOC 2: E aqui é Mariana Santiago.
TEC//LOC 1: Esse é o Ouça Brasília.
Aqui com a gente, você fica sabendo
quem são os músicos e as bandas de
diferentes estilos que você pode
encontrar por Brasília afora.
TEC//LOC 2: E aqui você ainda tem
música, entrevista, informação musical e
dicas de onde se divertir no Distrito
Federal.
- Manchetes do dia
TEC//LOC 1: No quadro “Música na
Cidade”, vamos falar sobre o rock em
- TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG Brasília.
(desce som)
TEC//LOC 2: E hoje você vai conhecer
uma banda que preza pelo rock na
capital, no quadro “Papo Musical”. É a
Móveis Coloniais de Acaju!
- TEC//VINHETA DE ABERTURA EM
BG
- TEC//MÚSICA ROLLING STONES – I TEC//LOC 1: No rock, as características
67
CAN’T GET NO (SATISFACTION) EM mais importantes são a guitarra elétrica,
BG (desce som)
a bateria e o baixo. O estilo surgiu nos
Estados Unidos, na década de 50, e foi a
partir daí que apareceram artistas
consagrados, como Bill Haley e Elvis
Presley.
TEC//LOC 2: Nos anos sessenta, vieram
os Beatles e os Rolling Stones.
Enquanto isso, quem iniciava o rock no
Brasil era Celly Campello, com sucessos
como Banho de Lua e Estúpido Cupido.
Nesse período também surgiu no Brasil
a Jovem Guarda, com grandes
influências americanas. O grande Raul
Seixas também apareceu no final dos
anos sessenta.
TEC//LOC 1: E nos anos 80, eu nem
preciso falar que o estilo veio com força
em Brasília, né? Com o nascimento de
bandas como Legião Urbana, Plebe
Rude, Capital Inicial, Paralamas do
Sucesso, Raimundos, a cidade se tornou
até capital do rock.
TEC//LOC 2: É verdade, Vanessa. Mas,
isso foi anos 80. E hoje? Como é o rock
na capital?
TEC//LOC 1: Essa resposta eu dou na
reportagem que apresentamos agora.
Acompanhe também você de casa, no
quadro “Música na Cidade”.
(sobe som)
TEC//VINHETA
DO
QUADRO
“MÚSICA NA CIDADE” EM BG
- Quadro “Música na Cidade”
SONORA REPORTAGEM:
- TEC//SONORA REPORTAGEM
TEC//MÚSICA LEGIÃO URBANA
SERÁ EM BG (desce som)
–
Brasília, a capital do rock! Será? Bom,
uns concordam, outros não... A cidade
ganhou esse título nos anos oitenta,
quando várias bandas começaram aqui
e ganharam fama por todo o Brasil.
Entre elas estão Legião Urbana, Capital
Inicial, Plebe Rude... Mas, ainda hoje,
Brasília continua sendo um celeiro do
rock. Uma das provas é o Porão do
68
Rock, que já ocorre na capital há 15
anos. O organizador do Porão, Marcos
Pinheiro, destaca a importância do
evento para a revelação de bandas
independentes de Brasília.
TEC//SON 1 – MARCOS PINHEIRO:
“Pela magnitude dele, pela estrutura
dele, acabou se tornando uma grande
vitrine, né? Acabou sendo meio que um
objeto de desejo, tanto pras bandas
locais, principalmente, que tem muitas
que sonham em tocar e quando
conquistam
uma
vaga,
ou
são
convidados, elas ficam muito felizes e
tal; como até muito com bandas
nacionais,
bandas
nacionais,
independentes, que sonham e falam
isso, em depoimento e tudo mais. Da
mesma forma que a gente consegue
trazer bandas nacionais de porte, como
Paralamas do Sucesso, como Capital
Inicial, como Lobão esse ano, Matanza,
que estiveram outros anos, Krisiun, eles
curtem tocar aqui.”
Quem pensa que o Rock’n Roll morreu
na capital está enganado. O Porão do
Rock já é uma tradição para a tribo
roqueira da cidade e é um dos maiores
festivais independentes do Brasil. Em
todas suas edições, já reuniu várias
bandas e artistas, sendo cento e oitenta
e nove só do DF, e já recebeu mais de
oitocentos e trinta mil pessoas, como
lembra Marcos.
TEC//SON 2 – MARCOS PINHEIRO:
“Pelo fato de ser o Porão, pelo fato
também de trazer atrações nacionais e
internacionais acaba mobilizando uma
galera, né? É importante ter o Porão do
Rock e outros festivais desse porte na
cidade pra tá fortalecendo esse conceito
de rock em Brasília e estar juntando as
atrações independentes de Brasília com
nomes nacionais e internacionais.”
O Porão do Rock ocorre anualmente,
mas no resto do ano você pode sair pra
69
ouvir um rock nos pub’s de Brasília,
como o Gate’s Pub, na Asa Sul; o Velvet
Pub, na Asa Norte, o América Rock
Club, em Taguatinga, e o Eighties Pub,
em Águas Claras.
(sobe som)
- TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG TEC//LOC 2: Muito legal! Eu mesma sou
frequentadora dos pub’s de Brasília.
(desce som)
Curto muito o rock da cidade.
TEC//LOC 1: Pois é, Mariana. São
muitas as bandas de rock que existem
no DF.
TEC//LOC 2: E no próximo bloco, você
vai conhecer uma delas, a Móveis
Coloniais de Acaju. Não perca! Eu volto
já.
- TEC//VINHETA DE PASSAGEM EM ENTRA BREAK
BG
- TEC//BREAK
- TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG TEC//LOC 2: Estamos de volta. E nesse
(desce som)
bloco você vai ouvir o bate papo da
Vanessa com dois integrantes da banda
Móveis Coloniais de Acaju. Essa banda
é uma referência do rock atual de
Brasília e já é conhecida nacionalmente.
TEC//LOC 1: Com certeza, Mariana. E
eles me receberam no próprio estúdio
onde eles ensaiam. O papo foi com dois
deles, mas tive a oportunidade de
conhecer a banda inteira e eles são
muito simpáticos. Fiquem agora com a
entrevista no “Papo Musical”.
- TEC//VINHETA DO QUADRO “PAPO
MUSICAL” EM BG
- Quadro “Papo Musical”
SONORA ENTREVISTA:
- TEC//SONORA ENTREVISTA
TEC//MÚSICA MÓVEIS COLONIAIS DE
ACAJU – SEDE DE CHUVA EM BG
(desce som)
Deixa inicial: “A música que você ouve
ao fundo, se chama Sede de Chuva e
faz parte do repertório da banda Móveis
Coloniais de Acaju. Uma das bandas de
rock que nasceu em Brasília. Hoje eu
70
vou conversar com dois integrantes da
banda. O Esdras Nogueira, que toca
saxofone barítono, e o Gabriel Coaracy,
que é baterista da banda. Olá, tudo bem
com vocês?”
(...)
TEC//MÚSICA MÓVEIS COLONIAIS DE
ACAJU – NOVA SUINGUERA EM BG
(...)
Deixa final: “Então vamos ouvir Nova
Suinguera. Em seguida, vamos pra um
breve intervalo e eu volto já.”
(sobe som)
- TEC//VINHETA DE PASSAGEM EM ENTRA BREAK
BG
- TEC//BREAK
- TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG TEC//LOC 2: Estamos de volta! Eu
(desce som)
gostei muito da entrevista com o Móveis,
e vocês? Espero que tenham gostado.
TEC//LOC 1: Eu também, Mariana. E
pra quem quiser conferir os shows do
Móveis Coloniais de Acaju é só ficar
atento a agenda deles, que fica no site
da
banda:
www.moveiscoloniaisdeacaju.com.br.
TEC//LOC 2: Esse foi mais um programa
Ouça Brasília. Eu sou Mariana Santiago.
TEC//LOC 1: Eu sou Vanessa Melo e
vou ficando por aqui.
TEC//LOC 2: Eu também! Até a próxima.
TEC//LOC 1: Tchau, tchau.
(sobe som)
- TEC//VINHETA DE ABERTURA EM
BG
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