1 n Pró-Reitoria de Graduação Curso de Comunicação Social - Jornalismo Trabalho de Conclusão de Curso Ouça Brasília OUÇA BRASÍLIA: PRODUÇÃO DE PROGRAMA CULTURAL DE RÁDIO SOBRE MÚSICA EM BRASÍLIA Autor: Vanessa Silva Melo de Queiroz Orientador (a): Profa. Mª. Angélica Cordova Brasília - DF 2013 2 VANESSA SILVA MELO DE QUEIROZ OUÇA BRASÍLIA: PRODUÇÃO DE PROGRAMA CULTURAL DE RÁDIO SOBRE MÚSICA EM BRASÍLIA Trabalho de conclusão apresentado ao curso de Graduação em Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para a titulação de bacharel em Jornalismo. Orientadora: Profa. Mª. Angélica Cordova Brasília 2013 4 AGRADECIMENTO Primeiramente, agradeço a Deus, que esteve do meu lado a cada passo que dei neste projeto. Agradeço a minha família, pela paciência e confiança. Aos meus irmãos, Clayton e Ériston, que ajudaram com suas experiências, e ao meu namorado, pelo companheirismo, apoio e amizade. Agradeço imensamente à minha orientadora e professora, Angélica Cordova, por ter acreditado em mim neste trabalho, e pelos conselhos, incentivos e auxílios. Agradeço aos técnicos do estúdio de rádio da Universidade Católica, Bil Ranulfo Silva e Rener Lopes, que muito me ajudaram na produção e edição do produto. E também à minha amiga Mariana Santiago, por fazer parte deste projeto, gravando as locuções junto comigo e dando mais mobilidade aos programas. E, finalmente, agradeço também a todos os professores e amigos que de alguma forma contribuíram para as ideias deste trabalho. 5 RESUMO QUEIROZ, Vanessa Silva Melo de. Ouça Brasília: Produção de programa cultural de rádio sobre música em Brasília. 2013. Memorial (Curso de Comunicação Social) – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2013. Este memorial do trabalho de conclusão de curso consiste no acompanhamento teórico necessário para a produção de produto (programa de rádio) cultural com enfoque musical. Para essa finalidade, traz-se a definição de cultura em amplos segmentos, com discussão de conceitos e características. Também apresenta a história do jornalismo cultural, vertente do jornalismo a ser explorada na prática do programa. Levanta-se brevemente o histórico do cenário musical de Brasília. A história e características do rádio e, ainda, descrições de diferentes programas culturais musicais transmitidos atualmente em rádio local ou nacional. O motivo dessas descrições foi para fazer uma pesquisa exploratória, para servir de inspiração para as pautas e roteiros do programa. Foram produzidos quatro programas de programa de rádio à luz dessa fundamentação teórica, intitulado Ouça Brasília. Desenvolveu-se entrevistas e reportagens com artistas e bandas musicais de Brasília, trazendo um estilo de música diferente a cada piloto, com o intuito de apresentar e divulgar quem são os artistas da música em Brasília e como cada estilo abordado é divulgado na capital. O produto passou por processos de produção externos (gravador portátil) para a gravação de algumas entrevistas, e internos (estúdio de rádio) para a gravação de outras entrevistas, edição de entrevistas, gravação e edição de reportagens, gravação de offs, produção de vinhetas e montagem dos programas. O programa de gravação, edição e montagem utilizado foi o Adobe Audition. Palavras-chave: Rádio. Música. Cultura. Jornalismo Cultural. Brasília. 6 ABSTRACT This completion of course work consists at the theoretical accompaniment needed for the production of cultural radio program with the focus in music. For this finality, it brings the culture’s definition at large segments, with discussion of concepts and particulars. The text also provides the history of cultural journalism, journalism’s side to be explored at the practice of the program. It bring up some about the Brasília’s musical history. The history and attributes of the radio and, more, descriptions of different musical cultural programs transmitted currently at the local or national radio. The reason of this descriptions is for create ideas and inspiration for the guidelines and scripts of the program. Four programs of radio’s program, entitled Ouça Brasília, were produced based at this theoretical grounding. Interviews and reporters with Brasília’s musical artists and bands were developed, bringing a different music’s style at each pilot, featuring the intention of present and reveal who are the music’s artists of Brasília and how each style approached is spreaded at the capital. The product passed for external production’s processes (portable recorder) for the recording of some interviews, and internal (radio’s studio) for the recording of others interviews, edition of the interviews, recording and edition of the reporters, recording of offs, production of the vignettes and setting of the programs. The recording, edition and setting software used was the Adobe Audition. Keywords: Radio. Music. Culture. Cultural Journalism. Brasília. 7 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 8 2. OBJETIVO ............................................................................................................ 10 2.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................... 10 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................ 10 3. METODOLOGIA ................................................................................................... 11 4. CULTURA ............................................................................................................. 12 4.1 DEFINIÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA ........................................... 12 4.2 GLOBALIZAÇÃO DA CULTURA ..................................................................... 19 4.3 FORMAÇÃO DE IDENTIDADES ..................................................................... 23 5. JORNALISMO CULTURAL .................................................................................. 28 6. MÚSICA EM BRASÍLIA ........................................................................................ 32 7. RÁDIO ................................................................................................................... 34 7.1 HISTÓRIA DO RÁDIO ..................................................................................... 34 7.2 LINGUAGEM RADIOFÔNICA ......................................................................... 36 7.3 PROGRAMAS DE ENTRETENIMENTO E MUSICAIS .................................... 38 7.4 PROGRAMAS CULTURAIS EM EMISSORAS FM DE BRASÍLIA .................. 39 7.4.1 Minha história musical de Brasília......................................................... 39 7.4.2 Sala de Música......................................................................................... 41 7.4.3 Som Brasilis e demais programas de emissoras públicas ................. 42 7.5 ARGUMENTO DO PROGRAMA ..................................................................... 43 8. DIÁRIO DE BORDO.............................................................................................. 45 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 49 ANEXOS ................................................................................................................... 51 ANEXO 1 – Roteiro: Programa Ouça Brasília - nº 01 ............................................ 51 ANEXO 2 – Roteiro: Programa Ouça Brasília - nº 02 ............................................ 56 ANEXO 3 – Roteiro: Programa Ouça Brasília - nº 03 ............................................ 61 ANEXO 4 – Roteiro: Programa Ouça Brasília - nº 04 ............................................ 66 8 1. INTRODUÇÃO A cultura no Distrito Federal é diversificada. A música apresenta estilos para todos os gostos. Brasília, desde sua criação, recebeu migrantes de todas as partes do país, que trouxeram de seu estado a cultura e o estilo musical herdados. Assim, a capital do Brasil, cidade que cresceu 50 anos em cinco, possui um caldeirão eclético de diferentes gostos musicais, vindos de todos os lugares, por ser uma cidade que é fruto do pós-modernismo, já que nasceu durante esse período. Talvez, por isso, Brasília seja conhecida como uma cidade sem identidade. Ou, pelo contrário: a sua identidade é essa diversidade. Assim, ela é a capital do país, que tem um pouquinho de quase todas as suas regiões. Tida como a cidade do rock na década de 80, Brasília foi cenário de muitas bandas de rock que conquistaram admiração e sucesso nacionalmente. Foi uma década rica para a cidade, quando se fala de música. Já na década de 1990 em diante, pode-se enxergar Brasília como uma cidade para todos os gostos musicais: além do rock, o reggae, o rap, o axé, o sertanejo, o samba, o pagode, o funk, o forró, todos vindos de diferentes localidades, do sul ao norte do Brasil. Se os estilos musicais brasilienses podem ser de fora, os artistas, porém, não necessariamente. Dentro da cidade, há moradores que cantam e tocam esses múltiplos estilos. São pessoas que, assim como outros jovens da cidade, curtem as músicas dos outros estados. E aproveitaram o seu gosto e a fama local da música para se lançarem como artistas desses estilos. A proposta deste trabalho é apresentar, em uma série de programas de rádio (quatro pilotos), esses cantores e bandas: artistas que são de Brasília e tocam os gêneros musicais que vieram de outras partes. E, assim também, mostrar que na cidade há talentos musicais que merecem destaque. Para perceber a importância deste trabalho, é preciso levar em consideração como a cultura e a música são importantes para a sociedade. A cultura tira crianças e jovens das ruas e das drogas, revela talentos, melhora a qualidade de vida de quem o pratica, e causa emoção e prazer para quem o admira e assiste. Quando talentos não são descobertos ou não são valorizados, podem estar sendo desperdiçados por falta de espaço e oportunidade. Toda sociedade e qualquer cidadão merece ter acesso ao lazer, à música e a promoção cultural, como diz a Constituição Federal, no art. 215: “O Estado garantirá a todos o pleno exercício 9 dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”. E, como diz Piza (2009, p. 60), “não é porque uma obra não ‘viaja’ bem que seu valor artístico será necessariamente maior ou menor”. Este trabalho consiste em divulgar a cultura brasiliense, mais precisamente a musical, que já existe na capital. Para conseguir isso, artistas foram localizados e apresentados, sem a pretensão de julgar se o estilo do músico apresentado é ou não de bom gosto. 10 2. OBJETIVO 2.1 OBJETIVO GERAL Fazer um programa de rádio no formato musical que trate das manifestações culturais de (e em) Brasília no cenário musical. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Produzir quatro programas. Divulgar a cultura musical brasiliense. Fazer cada programa sobre um estilo diferente: reggae, samba e pagode, sertanejo e rock. Apresentar artistas de Brasília. Falar sobre suas histórias, carreiras, o que os influenciaram a entrar no meio musical. Mostrar como cada um dos quatro estilos são difundidos em Brasília. 11 3. METODOLOGIA O presente trabalho de conclusão de curso consiste na elaboração de um programa cultural de rádio. Utiliza-se como referência a definição de Barbosa (2003) para programa musical. O autor conta que um programa musical abrange não só a transmissão de música, mas também dados sobre os artistas, curiosidades, entrevistas e reportagens. Esses formatos fazem parte do programa proposto, a respeito de artistas musicais, mais especificamente, do músico profissional em Brasília: os talentos de diferentes gêneros pertencentes à capital. Para tanto, foi preciso fazer uso de um estúdio de rádio, para a gravação, edição e montagem dos programas, e um gravador, para gravar as entrevistas externas usadas. O trabalho tem funções exploratória e descritiva, pois as entrevistas exploram as atividades feitas pelos artistas, para conhecê-los. E o programa ainda descreve, por meio de reportagens, como é difundido na cidade cada estilo abordado. Etapas: Pesquisa sobre músicos de Brasília em cada gênero estudado e, consequentemente, contato com os mesmos. Contato e entrevista com pessoas influentes de Brasília na área musical, como gerentes de casas de shows e produtores de eventos. Elaboração de pautas para as reportagens do programa com base na pesquisa feita previamente. Planejamento do pré-roteiro do programa. Visita aos locais onde os artistas ensaiam e/ou se apresentam para fazer a pesquisa in loco. Entrevista com os artistas no estúdio de rádio ou através do uso de um gravador portátil. Gravação das reportagens no estúdio com base nas pesquisas e entrevistas feitas. Planejamento do roteiro definitivo. Gravação do programa. Edição. 12 4. CULTURA 4.1 DEFINIÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA Primeiramente, para entender a cultura, devem-se traçar caminhos que a definem nos embasamentos teóricos. Dentro das teorias de comunicação, por exemplo, pondera-se que os meios de comunicação, ou a mídia, são um dos principais responsáveis por fazer a ligação entre a cultura e o público. Mauro Wolf (2009), em Teorias da Comunicação, aborda a teoria crítica, que se refere à crítica em relação aos meios de comunicação. Ou seja, trata a respeito do modo como a mídia e os veículos transmitem a cultura. Nesse sentido, a teoria crítica alerta para a manipulação feita, pela mídia, à massa. Essa é a ideia defendida por Max Horkheimer e Theodor Adorno, da escola de Frankfurt. Eles buscavam, por seus estudos e pesquisas, “fundir o comportamento crítico nos confrontos com a ciência e a cultura”. (WOLF, 2009, p. 82). A teoria crítica, diferente de outras pesquisas feitas anteriormente sobre o assunto, leva em consideração as intervenções sociais, e não apenas dados estatísticos. Wolf (2009) conta que o termo cultura de massa foi substituído pelo termo indústria cultural. Logo, a indústria cultural é a responsável pela “manipulação e alienação das massas”. É a responsável pelo comodismo da população, pois não apresenta novidades culturais, e sim mais do mesmo: oferece, em formas diferentes, algo que ocultamente é sempre igual. O que já é de gosto da massa, é continuamente ofertado para a manutenção da audiência. E isso produz indivíduos sem perspectiva de crítica social. “Na era da indústria cultural, o indivíduo deixa de decidir autonomamente; o conflito entre impulsos e consciência soluciona-se com a adesão acrítica aos valores impostos.” (WOLF, 2009, p. 86). Um exemplo cultural que Wolf (2009) cita a respeito do que é ofertado como novidade, mas na verdade, é mais do mesmo, é a música ligeira. A nominação lembra músicas populares, que caem no gosto do povo, viram sucesso, e depois desaparecem rapidamente. A música ligeira é a que atrai as massas. Trazendo sempre algo que parece novo, a indústria cultural, na verdade, apresenta músicas que faz o público reconhecer aquilo que já gosta, que já conhece. O público, ao 13 reconhecer aquilo que já é de seu gosto, reconhece a música ligeira como parte de sua identificação: é o comodismo da massa em querer sempre o mesmo, o que já conhece. Para a indústria cultural, a massa deve ser bombardeada com aquilo que já garante antecipadamente a audiência e o lucro. Assim, a indústria cultural modifica a individualidade do seu consumidor. A teoria crítica traz reflexões acerca do tema abordado mais adiante, que é a formação de identidade por meio da cultura: ela alega que o sujeito, ao pensar que está definindo sua identidade, está, ao contrário, perdendo sua individualidade, ao passo que toda a massa passa a agir da mesma forma. Em um próximo tópico serão trazidos argumentos contrários, que definem a cultura como papel importante na formação de identidades. Segundo Veras (2013), Horkheimer e Adorno citam diferentes níveis de cultura, como a alta – representada pela produção intelectual e artística ligada às universidades e academias – e a baixa – que é a popular, criada por um povo sem instrução formal, porém providos igualmente de criatividade. Na indústria cultural, contudo, tanto a alta cultura quanto a baixa, se tornam um produto a ser apenas consumido para geração de lucros, que é a cultura de massa, com padrões e fórmulas repetitivas, velhas, jamais novas. Chauí (1984) é outra autora que trata a respeito de cultura alta e baixa. Ela destaca a importância de se valorizar igualmente todos os tipos de cultura, de todos os tipos de sociedade, mantendo a pluralidade para que possa permanecer em aberto a possibilidade para a criação de algo que é sempre múltiplo, de modo a atingir uma proposta democrática na cultura (como na política). A autora não discute somente as culturas populares, mas ainda as da elite: Elite significaria precisamente elitismo e segregação, mas, ao mesmo tempo, afirmação de um padrão cultural único e tido como o melhor para todos os membros da sociedade. Salta aos olhos, então, o caráter paradoxal do autoritarismo das elites, visto que a ideia de padrão cultural único e melhor implica, por um lado, a imposição da mesma cultura para todos e, por outro lado, simultaneamente, a interdição do acesso a essa cultura ‘melhor’ por parte de pelo menos uma das classes da sociedade. (CHAUÍ, 1984, p. 40). Essa interdição do acesso à cultura tida como "melhor" para o povo é o que faz o senso comum dizer que o povo não tem cultura, já que sua cultura própria é considerada "menor", "atrasada", ou até mesmo "tradicional", o que a difere de "moderna". Com isso, Chauí (1984) define os intelectuais das elites como miseráveis, no sentido de não conhecer as culturas do povo, que são tão vastas e 14 variadas. Além disso, a autora acredita que o termo "cultura do povo" é a forma correta de se referir a essas culturas, e não, como ela pensa, erroneamente, "cultura popular", pois o termo "cultura do povo" define que a cultura não é só para o povo, como também produzida por ele. Enquanto a noção de "popular" se estabelece ambígua, já que "não é porque algo está no povo que é do povo" (CHAUÍ, 1984, p. 43, grifo do autor). A autora declara, assim, como é a visão da comparação entre cultura popular e cultura dominante: Nessas condições pode-se compreender o prestígio da ciência e por que serve como critério da diferença entre a cultura dominante e a dominada: a primeira se oferece como saber de si e do real, a segunda como não-saber. Forma nova e sutil de reafirmar que a barbárie se encontra no povo na dimensão da ‘incultura’ e da ‘ignorância’, imagem preciosa para o dominante sob dois aspectos: de um lado, a suposta universalidade do saber dá-lhe neutralidade e disfarça seu caráter opressor; de outro lado, a ‘ignorância’ do povo serve para justificar a necessidade de dirigi-lo do alto e, sobretudo, para identificar a possível consciência da dominação com o irracional. (CHAUÍ, 1984, p. 51). Coutinho (in PAIVA; BARBALHO, 2009) também aborda o tema de cultura popular (ou do povo) e de cultura dominante (das elites). Para ele, entre a popular e a dominante há diferenças fundamentais. Enquanto a cultura dominante, das elites, é a “melhor” - a coerente, a inteligente, a científica – a do povo passa por definições contraditórias. Entre a cultura popular, que constitui a concepção do mundo e da vida de determinados estratos da sociedade, e a cultura dominante há uma diferença fundamental no que diz respeito à elaboração e à sistematização do conhecimento. Esta última tende à unidade, à organicidade e à coerência, ao passo que aquela é desagregada, contraditória, anacrônica, ideologicamente servil e caoticamente estratificada. (COUTINHO in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 96). O que o autor diz, volta à origem de cada cultura. Na cultura do povo, por exemplo, que ele cita como “cultura popular”, remete à origem do povo, que está acostumado a servir o outro, o dominante. Conforme Coutinho (in PAIVA; BARBALHO, 2009), pela tradição, o povo já nasce com o “dom” para servir, já se sente inferior, o que vem desde a época da escravidão. Quem é do povo não sabe mandar, sabe apenas obedecer. Isso se reflete na cultura popular. Como o próprio autor citou, um exemplo é o caso dos europeus, que criaram a cultura dos africanos para os africanos. Escondendo, assim, o imperialismo das relações entre ambos, usando de comportamentos respeitados e conhecidos pelos nativos. 15 Devido a essa observação, Coutinho (in PAIVA; BARBALHO, 2009) defende a luta das classes menos favorecidas por uma nova cultura, assim elevando a cultura popular. Não só superando o seu “folclore”, como ele chama a vida cultural inorgânica e servil das massas populares, porém que conserve a sua dimensão, não negando, então, a sua tradição. Ou seja, “não uma simples negação ou substituição da cultura popular, mas uma superação dialética do folclore enquanto forma de conhecimento”. (COUTINHO in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 96, grifo do autor). Portanto, não se trata de negação ou total ruptura do “senso comum” popular. Mas uma organização cultural, que o supere dialeticamente, negando a generalização errônea e mistificada da realidade feita por ele, mas conservando os seus valores. A “organização da cultura” é, assim, um trabalho que se desenvolve sobre as formas de consciência presentes na cultura popular. Trabalho de seleção, interpretação e recuperação de aspectos positivos e de desmistificação e rejeição do conteúdo fossilizado e reacionário do “senso comum”. Trata-se, em suma, de se elaborar uma visão crítica do mundo como base no próprio conhecimento das massas. A tradição é precisamente esse processo de superação dialética do patrimônio histórico-cultural. Processo de desenvolvimento que elimina, conserva e eleva a nível superior a sabedoria popular. (COUTINHO in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 97). Como Barbalho (2004) diz, “[...] é a mídia que nos dias de hoje detém o maior poder de dar a voz, de fazer existir socialmente os discursos. Então, ocupa-la torna-se uma tarefa primordial das políticas das diferenças dando vazão à luta das minorias no que ela tem de mais radical (no sentido de raiz): poder falar e ser escutada.” (BARBALHO, 2004, p. 4). Por isso, a mídia pode e deve dar oportunidade para que as minorias tenham voz, e assim fazer parte da luta das classes menos favorecidas pelo seu reconhecimento e pela manifestação dos seus direitos. Isso se dá não só no fator político, como no cultural também, dada a importância que a cultura popular tem para a manifestação de seus medos, seus anseios pelos seus direitos e pela sua liberdade, por diferentes formas, principalmente a música, como vai ser discutido no presente trabalho mais posteriormente. Lazarsfeld (1940) desenvolveu uma pesquisa administrativa sobre processos comunicativos distinta da teoria crítica. Entretanto, em métodos e resultados, é possível perceber, em algumas partes, lastros da teoria crítica. Como por exemplo, na abordagem ao rádio, como forte meio de manipulação das massas. [...] a rádio pode favorecer muitas tendências para a centralização, a estandardização e a formação das massas, tendências que parecem predominar na nossa sociedade. [...] É certo que as inovações tecnológicas 16 têm uma tendência intrínseca para provocarem mudanças sociais. Contudo, no que respeita à rádio, todos os elementos revelam ser inverossímil que ela venha a ter, por si própria, profundas consequências sociais, num futuro próximo. Na América, atualmente, a comunicação radiofônica é feita para vender mercadorias e grande parte dos outros possíveis efeitos da rádio está submergida num mecanismo social que destaca ao máximo o efeito comercial. [...] Um programa deve divertir o público e, por isso, evita tudo o que seja tão polêmico que provoque críticas sociais; [...] evita o especialismo para que seja garantida uma audiência o mais vasta possível; no sentido de agradar a todos, tenta evitar temas controversos. (LAZARSFELD, 1940, p. 332 apud WOLF, 2009, p. 97-98). Lazarsfeld (1940), bem como os outros autores que pensam a indústria cultural (Horkheimer e Adorno), tem uma opinião pessimista a respeito do rádio, que era uma inovação tecnológica e comunicacional para a época. Para entender melhor essa definição pessimista de indústria cultural do século XX, Horkheimer e Adorno (in LIMA, 1990) são dois autores que defenderam bastante essa posição. De acordo com eles, a indústria cultural não tem limites no quesito de como age sobre os indivíduos que consomem a cultura, no sentido de produzir, guiar e até mesmo disciplinar as necessidades dos consumidores. Isso ocorre pelos veículos de comunicação e ainda pelos produtos culturais da indústria, que são vendidos e divulgados através da propaganda. Os autores dão exemplos de como a indústria cultural pode influenciar na personalidade de cada um. A violência da sociedade industrial opera nos homens de uma vez por todas. Os produtos da indústria cultural podem estar certos de serem jovialmente consumidos, mesmo em estado de distração. Mas cada um destes é um modelo do gigantesco mecanismo econômico que desde o início mantém tudo sob pressão tanto no trabalho, quanto no lazer que lhe é semelhante. (HORKHEIMER; ADORNO in LIMA, 1990, p. 165). Assim se reflete a cultura pela indústria cultural: opera nos indivíduos de forma marcante ao ponto de formar suas identidades, o que, consequentemente, faz com que cada sujeito, mesmo em distração, insira essa cultura “imposta” em sua personalidade e em sua vida cotidiana. A partir do momento que ela é inserida, ela afeta suas relações sociais, e ainda, seu modo de agir e atuar no lazer, em casa, e até mesmo no ambiente de trabalho. Logo, a indústria cultural é capaz de formar na cabeça das pessoas necessidades que até então elas não tinham, controlando o que elas devem usar, vestir, calçar, escutar, assistir. E, como os produtos culturais vendem uma ideologia por trás, de como deve ser e se comportar quem usa cada produto, eles ainda acabam por definir como seus consumidores devem ser ou agir. 17 Para Max e Theodor, a indústria cultural “reduzida a puro estilo, trai o seu segredo: a obediência à hierarquia social." (HORKHEIMER; ADORNO in LIMA, 1990, p. 169). O que a indústria cultural passa com seus produtos e divulgações é a possibilidade de adquirir prazer e diversão através deles. O consumo cultural é uma forma de fugir da sua vida real. Através da música, da dança, do cinema, do rádio. Divertir-se significa que não devemos pensar, que devemos esquecer a dor, mesmo onde ela se mostra. Na sua base do divertimento planta-se a impotência. É, de fato, fuga, mas não, como pretende, fuga da realidade perversa, mas sim do último grão de resistência que a realidade ainda pode haver deixado. (HORKHEIMER; ADORNO in LIMA, 1990, p. 182). E é a partir dessa fuga, desse “não pensar”, que a população é manipulada e se esquece de se informar sobre o que está acontecendo a sua volta, no desenrolar político e social. Essa é, para os autores, a função da indústria cultural. Anne Cauquelin (2005), em Teorias da Arte, divide as teorias das artes em teorias de fundação e teorias de acompanhamento. Teorias de fundação seriam as que estão inseridas na arte em si, enquanto as de acompanhamento são as exteriores, as que vêm não juntamente com os fundadores ou autores das obras, mas com os espectadores e analisadores dessas obras. No livro, a autora faz referência às teorias de acordo com artes como teatro, pintura ou literatura. Mas elas podem ser empregadas (e são muito bem atribuídas) com qualquer tipo de produto cultural, como também a música. A autora divide ainda as teorias fundadoras em mais duas partes: as teorias ambientais e as injuntivas. As ambientais são as mais internas possíveis da arte. Entende-se que é o que mostra o mais espontâneo da obra, o que leva o público para o mais profundo de tal arte. Para a espiritualidade que o criador se encontrava ao produzi-la. A harmonia (ou “não harmonia”), o belo (ou o diferente, o exótico), é o que chama a atenção. E são essas as peças chaves para se compreender e sentir o que o autor da obra sentiu. A arte como forma de espiritualização e elevação do espírito é o que fundador passa para o espectador de forma espontânea. As teorias injuntivas apresentam aquilo que o fundador, propositalmente, quis passar pela sua obra: sua pintura, seu drama, sua música, enfim. Ocorre, por exemplo, quando o criador da obra quer passar seu pensamento, sua convicção, sua crítica a algo. Para Cauquelin (2005), a arte é obrigada a ser crítica. Há críticas e manifestações sociais e políticas em filmes, pinturas, livros, e também em músicas, como será abordado especificamente mais adiante. 18 Se nas teorias de fundação, que tratam da arte por si, é mostrada a crítica dentro da arte (ou da cultura), nas teorias de acompanhamento, que se fala da arte por fora, expõe também a crítica da arte do lado de fora dela. É o ato, ou a análise, por exemplo, dos jornalistas especialistas em crítica cultural. Cauquelin (2005) conta que a crítica contemporânea, ou nova crítica, se preocupa menos em questionar especificamente a obra e apresenta uma tendência cada vez mais a filosofar sobre ela. Porém, a avaliação questionável da cultura é importante e ela não deve se dirigir apenas a própria obra e seu autor, mas também a outras questões que a teoria da crítica da arte defende: “[...] ela atinge também o gênero, a forma, o estilo, privilegia certos movimentos em detrimento de outros, dá suas razões, cria de alguma maneira a ‘moda teórica’”. (CAUQUELIN, 2005, p. 134). O crítico é um “conhecedor de causa” do que está analisando. Por isso, ele tem o desejo de querer modificar as partes que não o agrada. É a chamada “teoria prática” da obra. Cauquelin (2005) faz uso do termo “teoria prática” ao atribuir essa função a Denis Diderot, segundo ela, o primeiro dos críticos de arte modernos. Ele é, para a autora, o que artistas e público espera de um crítico: além do julgamento de gosto, faz uma reflexão da obra e dá lições de coisas e costumes. Crítica de arte é descrição, mas é mais do que isso. É reflexão, análise, filosofia da arte. Enquanto dura a possibilidade de uma descrição endereçada, ou seja, moralizada, porque o sujeito a ela se presta com a figuração, depois com o lento movimento de abstração que também pode ser descrito, o modelo de Diderot desempenha seu papel: ele mantém o balanço exato entre subjetividade do crítico (entusiasmo, emoção, moral do belo) e objetividade (informação precisa, ensaio de classificação, proposições teóricas). (CAUQUELIN, 2005, p. 147). Entende-se, portanto, pelas teorias da arte (ou da cultura), que o trabalho de crítico cultural exige bastante conhecimento teórico e boa percepção. O trabalho de crítica se tornou um ofício, lembrando que é realizado por jornalistas críticos, que são papeis importantes na ligação entre artista e público. Não existe uma definição exata para o que é cultura: ela é subjetiva. Portanto, pode-se dizer que cultura é o campo onde os encontros acontecem. É um dos componentes que definem os costumes, valores e hábitos de uma sociedade. O presente trabalho abre caminhos para a discussão a respeito de qual são os costumes e valores da sociedade de Brasília. Ou seja, qual a cultura presente em Brasília, ou, quais as culturas, levando em consideração e tendo como base o âmbito musical. 19 4.2 GLOBALIZAÇÃO DA CULTURA Quando se fala em indústria cultural, também se fala em globalização da cultura. Este tópico traz algumas reflexões de como a indústria cultural opera com e pela globalização. À medida que novas práticas culturais surgem, essas culturas também vão se expandindo por diferentes localidades. Mesmo que ela nasça num lugar onde é o seu local e ponto principal, a cultura tem a característica de se expandir para diferentes territórios, se tornando conhecida em vários locais diferentes, podendo chegar até em lugares ainda mais longínquos, e atraindo novos seguidores. Trata-se da globalização da cultura. O espaço físico onde se dá uma criação pode não ser conhecido por outras pessoas, mas as outras pessoas conhecerão e se identificarão com a cultura produzida nesse espaço. Se não se partilha o território físico, continua-se a partilhar imagens, vestuários, posicionamentos corporais, valorações presentes nos objetos culturais que fundam esses territórios simbólicos, possibilitando aos membros das comunidades, reconhecerem-se dentro desse território, independentemente das fronteiras geográficas tradicionais. (JANOTTI JR. in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 120). É o que acontece mundialmente no mercado de diferentes produções culturais, tais como música, cinema, moda, programas de televisão, entre outras coisas. A cultura pode se expandir para fora de seu território geográfico. Hall diz que, as culturas nacionais “são atravessadas por profundas divisões e diferenças internas” (HALL, 2006, p. 62). É conhecida a proposta de David Harvey (1993) de uma equação que possibilite o cálculo do grau de “encolhimento” de planeta de acordo com a velocidade tecnicamente possível para cobri-lo, o que significa que as distâncias “vividas” entre diferentes pontos do espaço físico são inversamente proporcionais ao tempo necessário para atravessá-las, tornando, assim, virtualmente possível a utopia do mundo como “um lugar só" [...] (ELHAJJI in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 193). Não poderia deixar de ser mencionada a internet, e de forma mais ampla, a tecnologia, como grande responsável desse fenômeno. A tecnologia é o canal para a desterritorialização da comunicação e da cultura. Derruba as fronteiras de espaço e tempo, globaliza a cultura, sendo responsável pela sua mundialização, como lembrado por Schaun (in PAIVA; BARBALHO, 2009). Janotti Jr. (in PAIVA; BARBALHO, 2009), porém, além de destacar o grande fenômeno da globalização e expansão cultural, também relata a importância de se dar valor à produção local. Ao que vem de seu próprio habitat, não somente ao que 20 vem de fora. Pois, é a partir da apropriação das produções culturais locais, que os membros de uma comunidade fazem a sua “pré-identidade”. “Daí a valorização do território urbano, local de manifestação última das produções de sentido” (JANOTTI JR. in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 122). Falando em produção cultural local, é importante definir a localidade dessa produção, em primeira instância: a cidade. Na cidade, podem surgir novas produções locais, assim como podem ser inseridas nela novas produções vindas de fora. A partir daí, a cidade torna-se posição de diferentes culturas de diferentes localidades, com várias diversidades dentro de um só lugar. E há espaço para todos, como forma de democratização cultural. Segue a definição de uma autora sobre essa diversidade e debate cultural dentro da cidade: O que antes era quase um sistema de oposições – campo/cidade; provinciano/cosmopolita; bárbarie/civilização [sic]; caos/ordem – torna-se uma rede de múltiplas interdependências, confluências e novos parâmetros. É curioso atentar que é justamente a cidade que se torna o território intersticial onde se encadeiam, intercalam-se e confrontam tais oposições. Em vez de ser apenas mais um elemento do binarismo oposicional, a cidade passa a ser, em sua essência, um processo dialético dos embates pós-modernos. (PRYSTHON in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 101). Esse aspecto não significa, esclarece a autora, de que os grandes centros de onde nascem as tendências culturais deixaram de existir. Prysthon (in PAIVA; BARBALHO, 2009) conta que, na verdade, além das tendências já produzidas no local, também aparecem tendências de muitos outros lugares, e assim, elas se difundem de forma mais rápida. Ou seja, ocorre uma superação desses esquemas de oposições e cresce a descentralização da cultura contemporânea, que acabam por modificar a própria estrutura de teorização sobre a cidade. A autora explica, então, a definição de world cities: “não são necessariamente as maiores cidades, mas lugares onde a diversidade multiplica-se a cada instante, ora num movimento integrativo, ora na dissolução em partes isoladas” (PRYSTHON in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 101). Ou seja, são cidades que vivem em processo constante de mutação. No Brasil, podem-se definir como world cities, cidades famosas mundialmente, como São Paulo, por ser uma cidade que agrega um pouco de cada cultura do mundo dentro de si, devido aos vários migrantes que recebeu de todas as partes do mundo afora, e de cada região do próprio país. Porém, Brasília também tem essa característica, já que recebe, desde sua construção, culturas de todas as partes do país, juntamente com as pessoas que vieram para cá, do norte ao sul, e 21 também de fora. Agrega culturas (sotaques, comidas, músicas...) de todos os lugares do Brasil, e, ainda, do mundo, assim como em todos os centros brasileiros. Brasília é uma cidade pós-moderna, de onde chega, a cada dia, novas culturas. A cidade pós-moderna como um núcleo urbano já não se configura o fetiche mais recorrente para o cosmopolita contemporâneo, já não é a instância principal do seu roteiro de vícios e virtudes, já não é lugar do ‘choque’ e a sua ‘aura’ já foi perdida há muito tempo (PRYSTHON in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 103). No caso de Brasília, é importante contestar essa “aura” perdida, já que não se sabe ao certo dizer se a cidade já teve, em algum momento, uma “aura” própria, pois desde sua construção, todas as culturas inseridas na cidade vieram de fora, exatamente por ela já ser fruto dessa pós-modernidade. Sendo assim, parece certo dizer que a cidade, talvez, não possua uma identidade cultural. Não uma própria, produzida nela mesma, mas uma identidade que se baseia na fusão de todas essas culturas que recebe de outras localidades. Ao discutir a ideia de cidades mundiais, Prysthon (in PAIVA; BARBALHO, 2009) define, como principais atores do cosmopolitismo pós-moderno da cultura urbana, os jovens. Ela considera a juventude como uma estimada parcela, se não a maior, de produtores e consumidores da cultura, já que “grande parte dos eventos e produtos culturais de uma cidade atualmente está voltada para o jovem” (PRYSTHON in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 104). Classes minoritárias já usaram muito da cultura para manifestar seus medos, seus direitos e seus anseios por liberdade. Jovens das classes menos favorecidas usam a cultura nesse sentido, participando, dessa forma, de uma manifestação política. Um estilo de música lembrado por Prysthon (in PAIVA; BARBALHO, 2009) que oferece isso em suas letras é o hip hop. “Dessa forma, a cultura já não pode ser reduzida a categorias estéticas e passa a ser um canal de expressão política e social” (PRYSTHON in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 106). Como a juventude faz parte de uma grande parcela de produtores e consumidores da cultura, as produções feitas para jovens são as mais diversificadas possíveis. Com isso, vê-se a diversidade de grupos juvenis existentes, até mesmo dentro da mesma localidade, ou da própria cidade. Se for definir somente as culturas juvenis, já tem-se aí um estudo bastante intenso e amplo. Segundo Janotti Jr. (in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 122), “os traços da diversidade são marcantes na 22 tentativa de compreensão dos inúmeros grupos juvenis que compõem a paisagem urbana contemporânea”. E isso é visto em Brasília. O próprio autor, ao descrever as características dos movimentos juvenis, dá exemplo da influência dos jovens na cultura: Abordar os movimentos juvenis contemporâneos com base em seus dispositivos midiáticos permite entender esses fenômenos como processos partilhados de maneira global por meio de lançamentos mundiais de discos, vídeos, sites, enfim, mediante atividades midiáticas de caráter global. Esses aspectos são filtrados pelas revistas, distribuidoras, apropriações de entrevistas e críticas presentes nos veículos nacionais. Nas apropriações locais estão envolvidos os locais de shows, a tensão com as realidades regionais, a diferenciação entre grandes cadeias de distribuição e lojas especializadas, enfim, as especificidades produzidas nos encontros dos aspectos globais com os modos de consumo e produção regionais. (JANOTTI JR. in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 115, grifo do autor). Um grupo que marcou sua cultura em diferentes partes do mundo, inclusive no Brasil, não só em Brasília, são os negros. Schaun (in PAIVA; BARBALHO, 2009) exemplifica isso, com uma das culturas afrodescendentes, no caso, o black power, que conseguiu, com uma linguagem própria, usufruir de um espaço midiático. No Brasil, a cultura afrodescendente foi tão inserida, desde a escravidão, que se tornou praticamente enraizada dentro da cultura brasileira, como lembra a autora. “Fala-se em Brasil e fala-se de samba, de samba-de-roda, de ritmos e de tambores como rufares que pedem passagem para comunicar uma forma de ser eminentemente brasileira.” (SCHAUN in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 185). Os exemplos dados pela autora refletem especificamente a musicalidade afrodescendente, como maneira de ser brasileiro. Logo, a música brasileira é herdeira da africana. Ainda se falando em música, essa parte da cultura talvez seja a mais acessível a todos os tipos de classes sociais. Todos ouvem música e todos gostam de algum estilo de música. Há, ainda, especialmente na atualidade (na contemporaneidade), muitos que, devido ao grande acesso a qualquer tipo de música, são ecléticos e gostam de vários estilos diferentes. Brasília, pode-se dizer, é uma cidade eclética, já que agrega os estilos musicais vindos de todo o país: samba, funk, pagode (ambos do Rio), rap (com origem em São Paulo, Rio de Janeiro e demais localidades periféricas), forró (muito influente no Norte e Nordeste), axé (Bahia), reggae (vindo de fora, mas também com forte influência no Maranhão), sertanejo (fortemente marcado nos estados de Goiás e Minas Gerais), e ainda 23 estilos com mais produções internacionais, como pop, músicas eletrônicas, jazz, música clássica, entre vários outros. 4.3 FORMAÇÃO DE IDENTIDADES Voltando à questão levantada anteriormente, de que a cultura do povo é uma reflexão da origem desse povo (dado os exemplos dos escravos e dos africanos), podemos dizer, então, que a cultura forja a identidade. A identidade de cada indivíduo em si, não apenas socialmente, para se sentir inserido em uma sociedade, mas também a identidade particular. Forma, ainda, a identidade de uma sociedade. Como podemos observar, a luta pelo reconhecimento de nossas identidades tem dois níveis. Um, de esfera privada, íntima, que diz respeito à forma como elaboramos nosso encontro com os outros. O segundo, justamente por esse diálogo com o externo, é o da esfera pública, onde atua a política da diferença. O que não implica desconhecer a dificuldade com a qual essa política é tratada, pois requer o reconhecimento de algo que não é universalmente comum. Na realidade, ela expõe o conflito inerente à política de dignidade e respeito igual: ao mesmo tempo ignora a diferença cultural (pois valoriza o que há em comum entre os homens) e encoraja a particularidade (pelo menos a do indivíduo). (BARBALHO in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 32). Com isso, compreende-se que a cultura elabora a identidade de cada pessoa, tanto em sociedade como em sua própria individualidade. Se falarmos na identidade dos jovens, isso é o que se pode observar nos atuais comportamentos culturais: as pessoas pertencentes a um mesmo grupo, as chamadas “tribos”, ouvem os mesmos estilos de música, veem os mesmos tipos de filme, leem os mesmos livros, consomem os mesmos produtos, sendo estes roupas, calçados, acessórios. Possuem, uma parte, alguma ideologia, uma base filosófica que segue um pensamento em comum. Isso causa consequências tanto na esfera social, para fazer parte de um grupo, e ainda ter a mesma classe social do grupo ou “tribo” em questão para ter a possibilidade de consumir tais produtos, como no individual, com suas ideologias e filosofias adquiridas, aprendidas, e aceitas como suas. Isso envolve forma de se relacionar, valores e características de personalidade. Ou como quando alguém ouve uma música e sente que aquela letra foi feita para si. “Penso, logo sou; sou, logo conheço; quero, logo sou: três momentos de uma longa tradição de compreensão do sujeito dentro da cultura ocidental” (GONÇALVEZ 24 in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 75). Essa frase que exprime a ideia de René Descartes, “Penso, logo existo”, é abordada no tema da cultura como forma de identificação. É compreensível então, entender como as minorias, em sua tão vasta cultura, se tornam não mais inferiores, mas se sentem “alguém”, com identidade (e identificação) a partir de seu histórico cultural, da cultura das massas. A adaptação da frase de Descartes à cultura também traz a reflexão de que por mais abrangente que cada cultura seja, a identidade formada a partir dela é única. Cada sujeito absorve a cultura de uma forma. E é com base nessa absorção da cultura, somando com suas experiências de vida, memórias da infância, preferências individuais, que se forma a identidade de cada um. Portanto, a cultura não é o todo, mas uma grande e importante ferramenta na busca pela identidade, pelo “quem sou?”, pela reflexão “penso, logo sou”. Ou seja, “quero isso, gosto daquilo, tenho minhas preferências, meus gostos, meu talento; logo existo”. Para Stuart Hall (2006), cada sujeito é capaz de adquirir, com base nas culturas absorvidas, várias identidades, não apenas uma. E essa, não é mantida para sempre: com o passar do tempo, com o crescimento, amadurecimento, as pessoas mudam. E mudam também suas identidades. Para ele, o sujeito contemporâneo não tem “uma identidade fixa, essencial e permanente” (HALL, 2006, p. 12). O autor defende isso como algo comprovado historicamente, e não biologicamente: O sujeito assume identidades diferentes em diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um “eu” coerente. Dentro de nós há identidades contraditórias, empurrando em diferentes direções, de tal modo que nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas. (HALL, 2006, p. 13). O argumento de Stuart (2006) é baseado na sociedade, que também não é algo delimitado, unificado e acabado, como pensavam os filósofos. Pelo contrário, a sociedade é produzida através de constantes movimentos, que a levam à evolução. “Ela está constantemente sendo ‘descentrada’ ou deslocada por forças fora de si mesma” (HALL, 2006, p. 17). Ou seja, essa mudança na sociedade gera também mudanças nos indivíduos dessa sociedade, que mudam suas culturas, conforme as culturas à sua volta vão mudando e se transformando. Para o autor, essa constante mudança de identidade interior e exterior (no próprio sujeito e na sociedade que ele está inserido), pode ainda causar crises de identidade. 25 A assim chamada “crise de identidade” é vista como parte de um processo mais amplo de mudança, que está deslocando as estruturas e processos centrais das sociedades modernas e abalando os quadros de referência que davam aos indivíduos uma ancoragem estável no mundo social. (HALL, 2006, p. 7). Para Stuart Hall (2006), essa mudança estrutural na sociedade, que apareceu no final do século XX, transformou as sociedades modernas. Além disso, ela “abalou” não somente a identidade social do indivíduo, como sua identidade pessoal. “Esta perda de um ‘sentido de si’ estável é chamada, algumas vezes, de deslocamento ou descentração do sujeito” (HALL, 2006, p. 9). Este duplo deslocamento, tanto do lugar do sujeito na sociedade, como para e dentro de si mesmo, segundo o autor, constitui uma “crise de identidade” (HALL, 2006, p. 9). Nota-se que com a tecnologia atual e o rápido processo de troca de informação, se constrói um grande número de informações e conhecimento no cérebro de cada pessoa. Portanto, com isso, é observada e entendida a possibilidade real de haver crises de identidade em cada um, em algum momento. Para explicar melhor a questão importante da formação da identidade, com base na formação cultural: O escritor Maalouf aborda lindamente essa compreensão da identidade: A identidade não é dada de uma vez por todas, ela se constrói e se transforma durante toda a nossa existência. [...] Meu objetivo não é [...] encontrar em mim mesmo alguma pertença ‘essencial’ na qual possa me reconhecer, é a atitude inversa que adoto: reviro minha memória para revelar o maior número de elementos de minha identidade, eu os agrupo, os alinho, não nego nenhum. [...] Eu insisti constantemente até aqui sobre o fato de que a identidade é feita de múltiplas pertenças; mas é indispensável insistir do mesmo modo sobre o fato de que ela é uma, e que nós a vivemos como um todo. [...] Quando me perguntam o que sou “no fundo de mim mesmo”, isso supõe que haja, “no fundo” de cada um, uma só pertença que conta, de algum modo, sua “verdade profunda”, sua “essência”, determinada de uma vez por todas no nascimento e que não mudará mais; como se o resto, todo o resto – sua trajetória de homem livre, suas convicções adquiridas, suas preferências, sua sensibilidade própria, suas afinidades, sua vida, em suma – não tivessem nenhuma importância. [...] Qualquer um que reivindique uma identidade mais complexa se encontra marginalizado. [...] É justamente isso que caracteriza a identidade de todos: complexa, única, insubstituível, não se confundindo com nenhuma outra. (GONÇALVEZ in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 78, grifo nosso). Se a cultura ajuda na formação da identidade, ela, mais do que tudo, estabelece as relações de cada indivíduo com o outro. E ainda, consigo mesmo. Ela é grande responsável no processo de se inserir socialmente e se manifestar como cidadão em cada parte, definindo a personalidade de cada pessoa. 26 Afinal, dentro da cultura está também outros aspectos responsáveis pelas formações dessas relações e personalidades. Exemplos desses aspectos são a religião e a tradição. Se as relações são constituídas em práticas culturais, então nosso senso de identidade e diferença é estabelecido no processo de discriminação. E isso é tão importante para o popular massivo como para as atividades culturais burguesas, importante igualmente para os níveis mais íntimos da sociabilidade (um aspecto do modo como as redes de amizade e namoro são organizadas) e os mais anônimos níveis de escolhas mercadológicas (o modo como as indústrias da moda e da propaganda procuram nos posicionar socialmente traduzindo julgamentos individuais do que gostamos e desgostamos em padrões de venda). Essas relações entre julgamentos estéticos são claramente cruciais para as práticas da cultura popular massiva, para os gêneros, cultos e subculturas (FRITH, 1998, p. 18 apud JANOTTI JR. in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 118). Após toda a reflexão feita e abordada anteriormente, sobre como a cultura tem uma grande, forte e importante ligação com as identidades e as tradições, podese compreender o argumento de Coutinho (in PAIVA; BARBALHO, 2009), quando se refere à tradição. Como observado, as tradições (ou seja, identidades) de cada povo, ajuda a formar a cultura de seu povo. E a cultura auxilia na formação da identidade de cada indivíduo. O caminho, então, é: tradições - cultura - identidade. É uma roda que dá voltas e não tem fim. Portanto, a tradição, para ele, não é apenas o antigo, o conservador. Porém também o que serve como base para o novo, as criações. Logo, a tradição ajuda a formar novas culturas, e consequentemente novas identidades. A tradição não é apenas a mantenedora, mais do que isso, é o que influencia para a criação de novas coisas. Nos programas de rádio elaborados durante este trabalho, houve contato com culturas novas que vieram de culturas velhas: as músicas dos artistas de Brasília apresentados e entrevistados tem como base músicas de artistas e estilos de outras localidades do Brasil. Esses estilos e músicas, ao chegarem em Brasília, se tornaram inspiração para que artistas brasilienses criassem músicas novas dos mesmos estilos, sem saírem da capital. E assim, conquistam admiradores dentro e até mesmo fora do Distrito Federal. Essa perspectiva, segundo Coutinho (in PAIVA; BARBALHO, 2009, p. 87), "envolve a consideração de que o processo de transmissão das formas do passado, é uma atividade humana criadora, e de que o patrimônio transmitido, é uma objetivação da ação humana". Ou seja, sem a tradição, as criações novas de cultura não existem. Não há sentido em criar o novo, se não existe o velho. E é baseado 27 nas tradições e experiências do passado, que se constroem novas criações. A mídia e o jornalismo cultural são disseminadores das novas criações. 28 5. JORNALISMO CULTURAL O jornalismo é dividido em muitas editorias (ou setores). Algumas editorias tendem a levar ao público um conhecimento não só para aumento de informação, como também de entretenimento. É o caso dos setores de esportes, moda e cultura (neste, está inserido a música, entre outras coisas). O jornalismo cultural brasileiro começou a crescer no final do século XIX. Adeptos dele foram o maior escritor nacional, Machado de Assis (1839-1908), que além de escritor era crítico de teatro, e José Veríssimo (1857-1916), crítico, ensaísta e historiador da literatura. O jornalismo cultural é o que exige mais especialização e preparação por parte dos jornalistas, de acordo com Beltrão (2012). Por falta de especialistas, artistas acabam se tornando comentaristas de cultura. Falta aos jornalistas maior formação cultural e profissional, para serem agentes da informação. Esses agentes são reclamados, não apenas pelos jornais e revistas mas pelo rádio, pela televisão e pelo cinema, onde se continua a improvisar jornalistas, transformando-se muitas vezes atores e cantores de nomeada em repórteres e entrevistadores. (BELTRÃO, 2012, p. 78). Essa formação do jornalista cultural em agente da informação se dá também pela criatividade, característica importante para o repórter de qualquer setor, principalmente o de cultura. Sem que o jornalista aprimore os seus conhecimentos e as suas técnicas, sem que afirme suas convicções na realidade e não em idealismos românticos, sem que saiba, efetivamente, o que quer e como atingir sua meta – fatalmente estará oferecendo um produto incolor, inodoro e insípido, sem qualquer influência válida no processo do desenvolvimento nacional. (BELTRÃO, 2012, p. 80). Em 1928 surgiu a revista O Cruzeiro, que, de acordo com Daniel Piza (2009), deu início ao conceito de reportagem investigativa e contribuiu com a cultura brasileira ao publicar contos e artigos de vários autores, como José Lins do Rego, Marques Rebelo, Manuel Bandeira, entre outros. Nos anos 40, o jornalismo do Brasil começou a ter contato com a reportagem literária. Foi nesse período também que começou a grande época da crítica, segundo Piza (2009). Vários jornais passaram a criar seus cadernos culturais. Nos anos 50, surgiu o Quarto Caderno, caderno de cultura dominical do Correio da Manhã (RJ), e o Suplemento Literário, de O Estado de S. Paulo. Na Folha de S. Paulo, houve o Folhetim e o Letras. 29 Na década de 1980, a Folha de S. Paulo criou a Ilustrada e O Estado de S. Paulo, o Caderno 2. A Ilustrada ficou famosa por seu gosto pela polêmica – como a que Francis e Caetano Veloso travaram em 1983 – e por sua atenção à cultura jovem internacional, então em plena ebulição. [...] O auge do Caderno 2 foi no final dos anos 80. [...] Enquanto a Ilustrada dava mais atenção ao cinema americano e à música pop, o Caderno 2 fazia uma dosagem maior com literatura, arte e teatro – distinção que permanece até hoje, sem a mesma qualidade de texto e a mesma força de opinião. (PIZA, 2009, p. 40-41, grifo do autor). O jornalismo interpretativo, como conta Beltrão (2012), se iniciou devido ao surgimento do rádio e da televisão. A partir de então, o jornalismo impresso precisou inovar para não ser apenas mais um repetidor de informação, desdobrando a notícia no mais íntimo de seus fatos. O autor dá exemplos de veículos que exploraram o gênero no Brasil. Com a fundação do Departamento de Pesquisa e Documentação do Jornal do Brasil (1964) e a ampliação do mesmo departamento pela organização O Estado de São Paulo, de que irá resultar o Jornal da Tarde, típico exemplo de jornalismo interpretativo, tanto em sua diagramação como na seleção das matérias e no conteúdo exaustivo de algumas delas, e com o lançamento da revista Veja, está implantada a receita brasileira do gênero. (BELTRÃO, 2012, p. 88-89, grifo do autor). Piza (2009) conta que, na década de 1990, começou a aumentar, no jornalismo cultural, temas ligados a assuntos que não estão inseridos dentro das chamadas “sete artes” (literatura, teatro, pintura, escultura, música, arquitetura e cinema), que são os de moda, gastronomia e design. Em seu livro, Luiz Beltrão (2012) conta sobre a falta de gêneros do jornalismo cultural (crônicas, comentários, interpretação) no veículo rádio. Durante muito tempo, o radiojornalismo foi, apenas, a leitura de notícias publicadas nos jornais, sem qualquer preocupação com o estilo radiofônico. Até mesmo as crônicas e comentários obedeciam às mesmas normas utilizadas para a redação destinada aos veículos impressos. Raras eram as reportagens externas; dificilmente se encontravam autênticos radiojornalistas, capazes de improvisar frente ao microfone. (BELTRÃO, 2012, p. 87-88) Daniel Piza (2009) é outro autor que concorda que há escassez de cultura, propriamente dita, nas emissoras de rádio. Para ele, isso permanece ainda nos dias atuais. As rádios noticiosas têm segmentos para os mais diversos assuntos – ecologia, Terceiro Setor, futebol.-, mas raramente para os culturais, salvo uma dica ou outra às sextas-feiras. As rádios musicais, com exceção das segmentadas (Nova FM, de MPB, e Cultura FM, de “erudita”), se concentram em tocar os sucessos ou aquilo que as gravadoras vendem como novos hits e, digamos, não fazem nem sequer um programete 30 semanal com análise do momento musical. (PIZA, 2009, p. 66, grifo do autor). O autor diz que o jornalismo cultural, em todos os veículos (rádio, TV, impresso), se concentra mais em divulgar a agenda, com notícias nada diferentes dos press-releases e em assuntos relacionados à vida das celebridades, do que em crônicas, críticas bem elaboradas ou reportagens. A proposta do trabalho de conclusão de curso é produzir exatamente um programa de rádio cultural diferente. Que mostre o cenário musical de Brasília, por meio de reportagens. Que apresente os talentos pouco divulgados, principalmente nacionalmente, e divulgue suas carreiras, por meio de entrevistas. Neste programa, procurou-se exatamente trazer o jornalismo cultural para o rádio. “Não é porque uma obra não ‘viaja’ bem que seu valor artístico será necessariamente maior ou menor”, (PIZA, 2009, p. 60). Com essa frase, encontra-se sustentação para o que pretende-se com este programa de rádio. A maior parte dos artistas apresentados não são muito conhecidos nacionalmente, e talvez, nem mesmo dentro da própria capital. Entretanto, acredita-se que isso não significa falta de talento, mas falta de divulgação. Há, de acordo com Piza (2009), artistas que até fazem mais sucesso em outros locais do que em seu eixo de produção. O autor dá o exemplo de Ivan Lins, compositor que rende mais em sua carreira internacional do que brasileira, e o músico João Donato, que faz mais sucesso no Japão do que no Brasil. O programa desenvolvido encontra fundamentação em um capítulo sobre os tipos de reportagens culturais de Daniel Piza (2009). São os tipos de matérias de apresentação, ou seja, que apresentam algo novo ao leitor, algo que ele desconhece. No caso, são os artistas entrevistados, que são mostrados ao público que não os conhece. E ainda, as reportagens que falam sobre os estilos de música no DF, com histórias que podem ou não ser do conhecimento de moradores, além de dicas culturais de eventos e casas de shows. São assuntos que não fazem parte do hard news, ou seja, não são notícias factuais, mas que pretendem informar o leitor, familiarizá-lo, com talentos que, para ele, serão novidades. O autor do livro dá dicas preciosas, especialmente para jornalistas culturais de início de carreira: como se relacionar com as fontes. É preciso que o jornalista não deixe que o bom relacionamento com um artista o impeça de fazer críticas ao seu trabalho. Piza (2009) declara que ainda há artistas que se aproveitam disso: 31 tratam muito bem os jornalistas, para que estes façam sempre matérias positivas ao seu respeito. É importante destacar a importância e relevância do jornalismo cultural para o cidadão que não se basta de informações e notícias. O jornalismo cultural também tem a função de informar, noticiar. E, além disso, de entreter. Ele deve ter algo que o faça e o leve a pensar. A reagir. A desenvolver suas opiniões e emiti-las. Somente em uma sociedade pensante e informada, cada indivíduo conhece seus direitos e é capaz de exercer seu papel dentro dela. O cidadão atual é cada vez mais pressionado a fazer opções, a dizer o que pensa sobre os mais diversos tipos de assunto – dos transgênicos ao Oriente Médio, das estreias de cinema às desmedidas da política – e assim exercer sua cidadania. O jornalismo cultural tem esse papel simultâneo de orientar e incomodar, de trazer novos ângulos para a mentalidade do leitorcidadão. (PIZA, 2009, p. 117). Este trabalho de conclusão de curso consiste num programa de rádio cultural, intitulado Ouça Brasília, sobre as bandas e artistas musicais de Brasília, de diferentes estilos musicais. Por ser uma cidade nova, com pouca história e poucos anos de vida, Brasília parece não possuir uma identificação musical ou cultural absolutamente própria. Todos os estilos de música vieram de outros estados, assim como as culturas foram trazidas por outras pessoas de diferentes lugares do Brasil. Entretanto, em Brasília há grandes talentos musicais, que produzem músicas nos diferentes estilos vindos de fora, porém são talentos e músicas brasilienses. 32 6. MÚSICA EM BRASÍLIA Nos anos 1980, Brasília começou a ser conhecida como capital do rock, devido a várias bandas que, nessa década, iniciaram na cidade sua carreira e fizeram sucesso pelo país afora, como Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude. Foi uma época bastante efervescente na cultura local. A Turma da Colina, como chamavam o condomínio de quatro prédios de três andares que serviam de moradia para alunos, professores e funcionários da Universidade de Brasília (UnB), foi o local onde Philippe Seabra (vocalista da Plebe Rude), Renato Russo (vocalista da Legião Urbana), Fê Lemos (baterista da Capital Inicial), e outros nomes do rock brasiliense se conheceram, de acordo com André Bernardo (2011). Depois da década de 1980 até a década de 2010, Brasília se tornou local dos mais diferentes gêneros musicais de todo o Brasil. Brasília é a absorção da cultura de cada canto do país. É a música que traduz diversos estilos de vida e que passa o seu recado se compondo nos mais variados ritmos. Por ser a capital do país, a cidade abriga pessoas de diferentes costumes e tribos musicais formando uma rica diversidade cultural. Assim, oferta ao mercado músicos formados na faculdade de música da UnB, Escola de Choro Raphael Rabello, Escola de Música de Brasília- EMB, além de escolas que formam excelentes profissionais. (BRASÍLIA MUSICAL1, 2013) Na década de 2010, há diferentes artistas e bandas de Brasília que tocam estilos vindos de outros lugares. Caffe Roots é uma banda de reggae, nascida na capital, que costuma se apresentar em festas, eventos e barzinhos. De acordo com release da própria banda, eles estão no cenário musical de Brasília desde 2005 e contam com integrantes que já haviam passado por esse cenário em outras bandas, cada um em estilos musicais diferentes. Suas influências são artistas nacionais e internacionais de vários estilos, como rock, surf music, MPB, o próprio reggae, entre outros. Este é um exemplo de banda originalmente brasiliense que se destaca em um estilo vindo de fora, o reggae, que é muito destacado em outro estado do país (o Maranhão) e também internacionalmente. Brasília tem exemplos em outros estilos também: grupos como Samba Destilado e Di Propósito, no samba e pagode (estilo 1 BRASÍLIA MUSICAL. Brasília é Mistura. Disponível em: <http://www.brasiliamusical.blogspot.com.br/2009/11/brasilia-e-mistura.html>. Acesso em: 10 mai. 2013. 33 que tem bastante influência nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia), a cantora MC Jenny, que já é destaque nacional por se apresentar em todo o país, no funk (também do Rio de Janeiro e São Paulo), a cantora Thalita Rangel, o cantor Gustavo Lima (conhecido nacionalmente) entre outras duplas brasilienses, no sertanejo (estilo forte dos estados de Goiás e Minas Gerais). Esses artistas e bandas são exemplos de brasilienses que tocam diferentes estilos musicais que estão presentes em todos os locais do país. No programa, trazemos mais (e diferentes) exemplos. 34 7. RÁDIO 7.1 HISTÓRIA DO RÁDIO Os suportes jornalísticos midiáticos, como revistas, jornais, programas de televisão e de rádio, possuem colunas e editorias a respeito de muitas áreas diferentes, como cidades, economia, política, esportes, moda, ciências, educação e cultura. Neste trabalho de conclusão de curso a ideia foi elaborar um programa de rádio com enfoque cultural. No Brasil, a primeira transmissão radiofônica ocorreu, oficialmente, na comemoração do centenário da Independência, no dia 7 de setembro de 1922, na então capital do país, Rio de Janeiro, por meio de equipamentos cedidos pelas empresas americanas Westinghouse e Western Eletric. Elas pretendiam fazer uma demonstração pública da radiodifusão. O público presente à inauguração do evento escutou as transmissões por meio de alto-falantes. Além disso, a Westinghouse distribuiu 80 receptores às autoridades civis e militares. Assim, o som das emissões foi captado em diversos pontos da então capital federal, como o Palácio do Catete e alguns prédios públicos. Foram transmitidos discursos do presidente da República, Epitácio Pessoa, além de trechos do O guarani, de Carlos Gomes, apresentado no Teatro Municipal, que chegaram a ser ouvidos mesmo em outros estados, como registrou a imprensa da época. (FERRARETTO, 2001, p. 94, grifo do autor). Após essa demonstração, Edgard Roquette Pinto, conhecido como o pai do rádio brasileiro, criou a primeira emissora de rádio regular do Brasil, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, em 1923. Sua intenção era de que o rádio fosse marcado como um veículo altamente educacional. Tanto que o slogan da primeira emissora era “Trabalhar pela cultura dos que vivem em nossa terra e pelo progresso do Brasil”. De acordo com Ferraretto (2001), Roquette Pinto definia o novo veículo como o jornal de quem não sabe ler, o mestre de quem não pode ir à escola, o divertimento gratuito do pobre, o consolador do enfermo, e ainda, o guia dos sãos. Entretanto, esses ideais não foram possíveis na prática, no começo da radiodifusão. Uma vez que os equipamentos eram caros, a popularidade na rádio não constituiu um elemento que o acompanhou desde a sua implantação no Brasil. Como qualquer meio tecnológico em sua fase inicial, foi um “meio de elite”. Os aparelhos receptores eram importados, o que dificultava ainda mais o seu barateamento. (BARBOSA, 2003, p. 39). A programação da rádio também não agradava a população. Segundo Ferraretto (2001), nas palavras de Renato Murce, a programação se baseava em 35 música erudita, que ninguém gostava, e ainda em conferências maçantes e palestras nem um pouco interessantes, o que não atraía a grande massa. Não havia publicidade ou música popular. Durante a década de 20, com o surgimento de outras emissoras de rádio e com a mudança da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, a rádio começa a se popularizar. De fato, logo o rádio iria tornar-se um meio com feições populares. Foi nessa época que começou a se propagar pelo território brasileiro. As primeiras emissoras tinham sempre em sua denominação os termos “clube” ou “sociedade”, já que assim eram definidas em seu estatuto fundador. Muitos apreciadores que apostam na potencialidade do novo meio se associavam e pegavam assinaturas. (BARBOSA, 2003, p. 40). Na década de 30, o rádio passa por mais transformações. Em 1º de março de 1932, o decreto nº 21.111 autorizou a inserção publicitária nas emissoras, regulamentando o decreto nº 20.047, de maio do ano anterior, primeiro documento legal sobre a radiodifusão. A partir de então, a indústria e o comércio passam a ser influentes fortes da programação do rádio. Como diz Barbosa (2003, p. 41), “é a publicidade que forja as rádios a se organizarem como empresas, na disputa que vai, gradativamente, acirrando-se. [...] A preocupação educativa foi preterida em face dos interesses comerciais”. No entanto, Roquette Pinto, apesar da popularização do rádio, mantém seu foco na difusão educativa e cultural. E não permite que sua emissora tenha publicidade comercial ou propaganda política. De 1923 a 1936, ele tenta manter a sua ideia inicial de um veículo voltado à difusão cultural. É importante observar que a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, nos anos 30, populariza um pouco sua programação. Chega a transmitir uma famosa atração da época, o Programa Casé. Roquette Pinto, no entanto, não abdica de suas intenções iniciais. (FERRARETTO, 2001, p. 103, grifo do autor). Em 1932, o Programa Casé passou a ser transmitido na Rádio Philips, no Rio de Janeiro, e se popularizou cada vez mais, se tornando uma das principais atrações do rádio brasileiro. Ferraretto (2001) destaca que o programa valorizava a publicidade. Foi nele que surgiu o primeiro jingle do Brasil, criado pelo compositor, radialista e desenhista Antônio Gabriel Nássara, para a Padaria Bragança. De acordo com Barbosa (2003, p. 42), “o impacto da rádio sobre a sociedade brasileira a partir de meados da década de 1930 foi muito mais profundo do que aquele que a televisão viria a produzir trinta anos mais tarde”. A fase de ouro do rádio brasileiro veio em seguida, na década de 1940. Foi nesse momento, inclusive, 36 que o jornalismo no rádio começou a se definir. Não havia mais a improvisação dos profissionais, houve a definição de cargos e funções de cada um nas redações. Foi durante essa fase, precisamente em 1941, que nasceu o Repórter Esso, principal noticiário da época, e também a primeira radionovela, Em busca da felicidade. Ambos eram transmitidos pela Rádio Nacional, emissora de rádio criada em 1936, no Rio de Janeiro. A época de ouro do rádio enfrentou sua crise com o surgimento da televisão, a começar pelos profissionais perdidos para o novo meio. Nesse momento, o rádio teve que pensar em uma maneira de mudar sua forma e estrutura para não perder público. O transistor tornou-se uma importante saída para que o potencial do rádio fosse explorado em suas várias possibilidades, com a vantagem de serem mais baratas, ágeis e noticiosas, inaugurando uma nova fase para o meio. Com o transistor tornou-se possível ouvir rádio a qualquer hora e em qualquer lugar, sem precisar mais liga-lo a tomadas. Sua dinâmica cresceu enormemente. (BARBOSA, 2003, p. 43). Em 2013, o rádio passa por desafios para manter-se como meio, devido à existência de emissoras na internet, e ainda, de meios digitais, que fortalecem e facilitam a disponibilidade de arquivos de áudio. Porém, o rádio mantém, desde a década de 1970, o mesmo número de ouvintes e os grandes investimentos em publicidade. De acordo com dados do IBGE de 2008, 88,91% dos domicílios particulares possuem pelo menos um aparelho de rádio. E há ainda, além do aparelho de rádio, outras plataformas que possuem rádio, como celular, a própria televisão e a internet. 7.2 LINGUAGEM RADIOFÔNICA Em seu livro, Barbosa (2003) fala a respeito das características do rádio, inspirado por Mcleish (2001). Características estas exclusivas a este meio. Algumas delas são: sensorialidade, intimidade, imediatismo, simplicidade, mobilidade, baixo custo e função social. A sensorialidade do rádio significa que ele é capaz de formar imagens. Diferente da televisão, que apresenta imagens, no rádio os únicos recursos são a voz, a fala e o som. Portanto, o rádio aguça a imaginação dos ouvintes, que têm a 37 liberdade de criar em sua mente a visualização do fato que está sendo dito ou a imagem do locutor. O rádio alcança milhões de pessoas, no entanto, sua linguagem é voltada para o indivíduo em particular, o que cria intimidade entre o locutor e o ouvinte. "O tom íntimo das transmissões, representado pelas expressões 'amigo ouvinte', 'caro ouvinte', 'querido ouvinte', proporciona uma aproximação e uma intimidade únicas, fazendo do rádio um veículo companheiro." (BARBOSA, 2003, p. 47). O caráter do rádio é instantâneo, o que o faz um veículo imediato, pois permite que o ouvinte saiba e conheça os fatos exatamente no momento em que acontecem. Esse caráter imediato é consequência de outra característica do rádio, a sua simplicidade. O rádio não necessita de tantos equipamentos, como é o caso, por exemplo, da televisão. Para se produzir para televisão, ainda precisa de no mínimo duas pessoas, enquanto o rádio é mais simples, sendo possível sua produção com somente uma pessoa. Com apenas um pequeno aparelho pode-se elaborar transmissões, o que também permite que a programação seja flexível. Isso, como diz Barbosa (2003, p. 47), “abre precedentes para que pessoas não especializadas se aventurem na arte de ‘fazer’ rádio”. O rádio pode ser levado a qualquer lugar e ouvido de qualquer lugar, a isso se deve sua mobilidade. As pessoas ouvem o rádio enquanto realizam outras tarefas, em diferentes lugares: no carro, na rua, enquanto limpam a casa, entre outros. O baixo custo do rádio é outra vantagem. O rádio é barato, tanto em investimento como em manutenção. É importante destacar ainda que o meio é barato não apenas para quem o mantém, mas também para quem o consome. Um aparelho de rádio é muito acessível aos cidadãos. O rádio possui também função social: “atua como agente de informação e formação do coletivo”, comenta Barbosa (2003, p. 49). É um serviço de utilidade pública. Um exemplo de utilidade pública bastante característica do rádio é a informação transmitida, principalmente no início da manhã e final da tarde (horários de pico), sobre como está o trânsito das cidades, quais as melhores rodovias para transitar no momento e quais estão congestionadas. Isso ajuda o ouvinte, que está ouvindo o rádio do seu carro ou do seu aparelho portátil, a decidir qual caminho percorrer e por onde ir, antecipando informações e evitando situações de 38 congestionamentos. Em seu livro, Barbosa (2003) relata mais funções do rádio para a sociedade, de acordo com Mcleish (2001). Algumas delas são: Fornecer informações sobre empregos, produtos e serviços, ajudando assim a criar mercados com o incentivo à renda e ao consumo; [...] ajudar a desenvolver objetivos comuns e opções políticas, possibilitando o debate social e político e expondo temas e soluções práticas; contribuir para a cultura artística e intelectual, dando oportunidades para artistas novos e consagrados de todos os gêneros; [...] facilitar o diálogo entre indivíduos e grupos, promovendo a noção de comunidade [...]. (BARBOSA, 2003, p. 49, grifo nosso). A terceira função social apresentada neste trecho relata uma das ideias do programa cultural elaborado neste trabalho de conclusão de curso, que propõe apresentar artistas de Brasília, talvez desconhecidos pela grande população do Distrito Federal, de diferentes estilos musicais. Eles foram apresentados por meio de entrevistas, reportagens, e de suas músicas. 7.3 PROGRAMAS DE ENTRETENIMENTO E MUSICAIS O programa musical radiofônico está inserido entre os gêneros de entretenimento. De acordo com Barbosa (2003), este gênero de programa de rádio por muito tempo foi considerado menos importante pelo seu caráter de entretenimento, e na atualidade desperta bastante o interesse de profissionais e de pesquisadores. As características deste gênero ligam-no ao universo do imaginário, cujos limites são inatingíveis e causam proximidade e empatia entre a mensagem e o receptor que não podem ser desprezadas, sob o preço cruel da perda de contundência na transmissão dos significados de uma determinada informação para o público (BARBOSA, 2003, p. 113). O programa musical, mais especificamente, assim como a programação musical se consolidou a partir do surgimento da frequência modulada (FM). Barbosa (2003), que trabalhou como produtor de programas musicais na rádio Excelsior AM, no fim da década de 1970 e início da de 1980, conta que durante seu trabalho registrou vários depoimentos de muitos nomes de expressão da música popular. Ele relata um pouco sobre a estrutura deste tipo de programa: 39 As entrevistas gravadas são, em processo de continuidade, editadas, montadas de acordo com as “cabeças”, as falas dos apresentadores, os outros depoimentos (se houver), as músicas e até onde a criatividade alcançar. (BARBOSA, 2003, p. 116). Os programas de entretenimento, e também os musicais, tão comuns nas emissoras de rádio atuais, podem valer de vários formatos inseridos dentro da programação: notícias, entrevistas, mesa-redonda, comentários, jingles, entre outros. Dentro deste trabalho de conclusão de curso, são abordados os mais variados formatos, em especial as entrevistas2, reportagens e as próprias músicas em si. O intuito, nas entrevistas, é de tirar o máximo de informações sobre a vida profissional do artista no Distrito Federal. E, nas reportagens, é de informar a respeito de como cada gênero musical nasceu e criou raízes em Brasília. 7.4 PROGRAMAS CULTURAIS EM EMISSORAS FM DE BRASÍLIA Nesta parte do memorial dedica-se a descrever programas voltados ao cenário cultural, em especial, ao musical, que são transmitidos em Brasília. A intenção foi de ligar esses programas ao produto produzido no presente trabalho, trazendo ideias e conhecimento para sua produção e edição. Como a proposta se tratou de um programa com caráter informativo, além do entretenimento, optou-se por identificar similaridades de programas e formatos nas emissoras públicas e allnews que tocam na FM em Brasília. Para descrições mais minuciosas, foram ouvidos programas da Rádio CBN e da Rádio Senado. São mencionados ainda, porém brevemente, outros programas de emissoras públicas (Rádio Senado, Rádio Cultura, Rádio Câmara e Rádio Verde Oliva). 7.4.1 Minha história musical de Brasília “A entrevista é formalmente um diálogo que representa uma das fórmulas mais atraentes da comunicação humana. Produz-se uma interação mútua entre entrevistado e entrevistador, fruto do diálogo.” (PRADO, 1985, p. 47 apud BARBOSA FILHO, 2003, p. 94). 2 40 O Minha história musical de Brasília3 foi um especial feito pelo programa CBN Brasília, da Rádio CBN, para comemorar o aniversário da capital. O especial foi apresentado diariamente durante a semana do aniversário, em abril de 2013, com 20 minutos de duração, e discutiu diferentes características do Distrito Federal, culturais, políticas e econômicas. Destacamos três edições para descrição. O formato do especial é uma entrevista em tom de bate-papo informal. A cada edição, o especial recebe um convidado que viveu em Brasília. Este fala sobre músicas que marcaram sua trajetória em Brasília, e contam por que marcaram. Assim, acabam relembrando sobre como era a cidade tempos atrás. O âncora do programa, que também apresenta o especial, Estevão Damázio, morador de Brasília, discute com o convidado as coisas que relembram juntos. As músicas relatadas pelos convidados são tocadas no programa, durante a entrevista e a narrativa do convidado. Ouvintes interagem mandando comentários via twitter. Na segunda edição do programete (primeira utilizada para esta descrição), o convidado foi o jornalista Alexandre Ribondi, que fez sua participação no estúdio do programa. Natural do Espírito Santo, ele se mudou para Brasília em 1968. Alexandre também é escritor, dramaturgo, diretor e ator teatral, tendo apresentado várias peças em Brasília. Uma música que marcou sua vida em Brasília foi Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores, de Geraldo Vandré: “Caminhando e cantando, e seguindo a canção. Somos todos iguais, braços dados ou não. Nas escolas, nas ruas, campos, construções. Caminhando e cantando, e seguindo a canção. Então vem, vamos embora, que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer...” Alexandre Ribondi conta que, para ele, a música lembra a Ditadura de 1960, em que a Universidade de Brasília (UnB) foi palco de protestos. Na segunda edição ouvida (quarta edição do programete), o convidado foi o jornalista Alexandre Garcia, que participou por telefone, direto da Itália. Alexandre chegou em Brasília em 1976, depois de ter sido correspondente em Buenos Aires. Para ele, sua vinda para Brasília foi um recomeço em sua vida, e por isso destaca, para contar essa história, a música Começaria Tudo Outra Vez, de Gonzaguinha. “Esta época foi um recomeço para todos que chegaram em Brasília, deixando sua família, sua cidade raiz”, conta. 3 Fazemos a opção formal de grafar os nomes dos programas radiofônicos aqui descritos com o itálico. 41 A terceira edição ouvida para descrição (quinta da série) recebeu o jornalista Tadeu Schmidt, que participou também por telefone. Ele chegou em Brasília em 1975. Uma banda que marcou sua vivência na capital foi a Legião Urbana. Tadeu estava presente no fatídico show no Estádio do Mané Garrincha, em 1988, em que Renato Russo brigou com a plateia, que lhe atirou latas. Com essa história, Estevão Damázio e Tadeu Schmidt aproveitaram para comentar a respeito da situação do estádio (agora Estádio Nacional Mané Garrincha), que, no dia da transmissão do programa, estava em reforma. Com esses exemplos e histórias contadas nas três edições do especial Minha história musical de Brasília, se vê que o especial tem uma vertente bastante cultural, por fazer os convidados contarem suas histórias através de músicas, e ainda apresenta e discute as características de Brasília, nos dias de ontem e de hoje. 7.4.2 Sala de Música O Sala de Música é um programa que vai ao ar pela CBN há oito anos, aos sábados à noite. Tem duração de uma hora, é um programa de entrevistas, e, como o nome diz, é especificamente sobre música. É apresentado por João Carlos Santana, e a vinheta fala o nome do programa e do apresentador. Ele é composto por conversas com músicos. Os artistas cedem entrevista no estúdio do programa, onde também tocam suas músicas. As músicas dos artistas, além de serem apresentadas ao vivo no estúdio, também são transmitidas pelas versões gravadas. No programa a ser descrito neste trabalho, apresentado em maio de 2013, os cantores entrevistados foram Vinícius Calderoni e Karla Sabah. Vinícius Calderoni, entrevistado na primeira meia hora do programa, tem seu trabalho solo e também faz parte de um grupo chamado 5aSeco. Ele falou na entrevista sobre seu novo CD solo, chamado Para abrir os paladares. Seu estilo musical é o MPB. Karla Sabah, entrevistada na segunda meia hora do programa, também falou sobre seu novo disco, chamado Amor canalha. Ela conta que esse trabalho foi inspirado em um “pé na bunda” que levou e a produção é feita de mulher para mulheres, para que elas se valorizem mais. Seu estilo tem toques de MPB, samba, bossa nova e música eletrônica. 42 7.4.3 Som Brasilis e demais programas de emissoras públicas Som Brasilis vai ao ar pela Rádio Senado, dentro do programa O Senado é mais Brasil, de segunda a sexta. Este quadro trata somente de músicas brasileiras. Ele conta a história de músicas, discos ou artistas que fizeram sucesso e história no país. Na edição ouvida para a descrição deste trabalho, que foi ao ar também em maio de 2013, ele conta a história da música A Tonga da Mironga do Kabuletê, de Toquinho e Vinicius de Moraes. A música, de 1970, época da Ditadura Militar no Brasil, foi um protesto ao Regime e, quando ele diz na letra “vou mandar você para a tonga da mironga do kabuletê”, ele quer dizer que vai “mandar a pessoa para aquele lugar”. Ao final, eles tocam as músicas da qual falaram sobre. Ainda na Rádio Senado, há outros programas culturais com enfoque musical. O Brasil Regional trata de músicas regionais, como a vinheta diz, de “músicas dos cantos de nossa terra”. O Curta Musical apresenta “músicas brasileiras em notas jornalísticas”, ou seja, conta a história de músicas nacionais. Assim, ele lembra o Som Brasilis. O Escala Brasileira possui formato parecido com o Sala de Música da CBN, pois é formado por entrevistas com músicos. Eu quero um samba e Música Erudita tratam de seleções de estilos musicais específicos, como o nome diz. O Plateia Vip transmite shows. Na Rádio Cultura, dentro do programa Esquina 100,9 há um bloco chamado Papo de Esquina, que traz entrevistas com músicos e bandas locais. O Rock DF é um radiodocumentário com músicos do segmento do rock na capital, falando sobre suas carreiras. O Cultura no Mundo traz tendências musicais mundiais, fazendo uma ligação de Brasília com o mundo. O Radar Brasil tem uma programação musical destinada totalmente a artistas e bandas nacionais, em sua maioria, independentes. O Fino do Samba é dedicado aos sambistas brasileiros. Ainda há outros que tratam de estilos específicos, como Viola e Violeiros (moda de viola e sertanejo), Cult 22 (rock), Hip Hop com DJ Chocolate, Nu Beat (ambos de música eletrônica), Nas Cordas do Choro (chorinho) e Canta Nordeste (músicas nordestinas). Na Rádio Câmara, há o programa Aplauso, que recebe algum artista, grupo ou banda pra contar sua história e apresentar suas músicas. Na Rádio Justiça, o Pauta Musical traz uma seleção de MPB, bossa nova e jazz. Há ainda o Pauta Musical Especial – Estilos Musicais, que são programas que tratam, a cada dia da 43 semana, de um estilo unicamente. Há Pauta Musical Especial para música latina, choro, jazz, samba e blues. A Rádio Verde Oliva traz o Perfil, que conta a história de grandes nomes da música nacional e internacional; o Sabor Brasileiro, que toca músicas populares (samba e pagode); o Ritmos da Noite, que apresenta músicas românticas nacionais e internacionais, e conta com a participação do ouvinte por telefone ou e-mail; o Estilo Blues, que conta a história do blues e da soul music; A Volta, com canções da Jovem Guarda; e Alvorada Regional, com músicas regionais e tradicionais do Brasil. 7.5 ARGUMENTO DO PROGRAMA Produção de programas radiofônicos culturais com bandas e artistas musicais de Brasília, de diferentes estilos musicais. O tema é focado em cultura, mais especificamente em música, e mostra os artistas musicais de Brasília, de diferentes estilos musicais, além de informar o que os influenciaram em cada estilo, a história da carreira deles, como começaram, como pretendem seguir. O programa mostra também como é difundido no Distrito Federal cada um dos quatro estilos abordados, no passado e atualmente, trazendo opiniões de pessoas que trabalham em áreas que lidam com música, como produtores de eventos e gerentes de casas de shows. O público alvo são os jovens de Brasília, e a ideia é de fazê-los conhecer e valorizar a cultura residente, no caso, os artistas residentes. A linguagem é jovial e informal. O programa pode ser transmitido como um áudio blog, e publicado em forma de podcast. Com isso terá uma viabilidade mais independente, além de ser economicamente mais viável. Seu formato é de um programa musical (de entretenimento) com foco em informações, ou seja, como um programa de rádio revista. São transmitidas reportagens sobre diferentes estilos musicais que se ouve no DF. São transmitidas também entrevistas com bandas e artistas musicais locais. Para as entrevistas, estudou-se a respeito dos artistas, e foram feitos acompanhamentos em seus locais de apresentação, com o intuito de conhecer 44 melhor o artista. São apresentadas também, nessas entrevistas, partes das músicas dos artistas e bandas em questão. A ideia do produto produzido neste trabalho de conclusão de curso foi fazer uma série de quatro programas, cada um sobre um estilo musical diferente presente no DF: reggae, samba e pagode, sertanejo e rock. Sendo assim, os artistas entrevistados foram: a banda Levitas Reggae, do reggae; o cantor Milsinho, do samba e pagode; a dupla Robson e Thiago, do sertanejo e a banda Móveis Coloniais de Acaju, do rock. É um programa de rádio cultural altamente musical. Sua proposta é apresentar aos brasilienses os talentos da capital. Trata-se de programas semanais com duração de 15 a 20 minutos. Possíveis apoiadores são instituições ligadas à cultura, como o Ministério da Cultura, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e a Rafael Reisman Produções, empresa de Brasília que trabalha na produção de shows musicais. 45 8. DIÁRIO DE BORDO Ao começar o processo prático do trabalho, decidi dividir cada um dos programas em dois quadros. Sendo um intitulado “Música na Cidade”, com uma reportagem sobre o impacto em Brasília sobre o estilo abordado, e o outro um bate papo com um artista do DF do estilo discutido no programa, com o nome de “Papo Musical”. A intenção inicial era duas reportagens. Mas conversando com a orientadora decidi que assim o programa ficaria mais dinâmico, espontâneo, com mais cara de entretenimento e com tom menos jornalístico. Para isso, e para abordar os temas em questão com mais intimidade e propriedade, frequentei lugares onde tocam os quatro estilos em Brasília. Para sentir o clima e observar o público. Fui às apresentações dos artistas convidados do programa, para conhecê-los e verificar como era a interação deles com o público. Estudei bastante sobre a história de cada estilo, principalmente sobre suas histórias em Brasília. Assim surgiam as ideias para pautas e eram descobertos possíveis nomes de artistas para entrevistas. Descobri coisas que não sabia. Fã de reggae, não sabia que aqui havia um Sindicato para defender e divulgar a música. Nem que ele é responsável pelo nascimento das bandas de reggae que aqui nasceram, como Natiruts. Fui até lá para entrevistar o fundador por duas vezes. Na primeira, estava ansiosa para ir logo. Não liguei antes e nem confirmei os horários de funcionamento, e então, estava fechado. Na segunda deu certo. Foi a primeira entrevista que fiz para o trabalho. Os fundadores do Sindicato aparentam pais de família normais. Nem parece que um dia passaram por tudo o que disseram que passaram, para divulgar o reggae. Porém, eles me contaram que quando mais novos usavam dreadlocks nos cabelos. Segundo eles, eles também não fumam maconha. Segundo eles. Mas todas as pessoas com quem comentei não acreditaram. Eu até acredito que eles não fumam atualmente, mas no passado já devem ter curtido a erva. A entrevista com o produtor do Porão do Rock foi marcada numa praça no Setor Comercial Sul, na Asa Sul. Consegui o contato dele através de um ex-chefe de estágio, de uma empresa de comunicação que presta assessoria à eventos. Fiquei apreensiva de fazer o contato, pois lembro que na época que estagiava nessa empresa, esse meu ex-chefe comentava que o produtor do Porão era meio antipático e arrogante. Entretanto, ele foi bastante simpático comigo. Foi muito 46 solícito a dar a entrevista, e falou que qualquer coisa que precisasse novamente, poderia entrar em contato de novo. À medida que conseguia entrar em contato com os artistas para entrevistas, checava a agenda deles, para assistir aos seus shows. Eu já conhecia e já tinha ido à apresentação do Milsinho, em um bar que fica no Pistão Sul, em Taguatinga. Dessa vez, não foi diferente. Quando ele começa a tocar, todos estão sentados. Depois, aos poucos ele anima a galera, que começa a levantar, sambar e cantar junto. Entre as músicas do repertório, há canções dele e canções de samba de sucesso. Sua filha pequena o acompanha nos shows, e já está crescendo no ambiente do samba. Ele também toca músicas de outros estilos no ritmo de samba, o que também alegra o público. A banda Levitas Reggae também anima bastante o público. Jacob, o vocalista, sempre fala com o público entre as músicas, passa mensagens positivas para as pessoas. Eles procuram realmente transmitir muita paz e positividade através dos shows. Quem conhece as músicas, canta junto. Mas quem não conhece, porém gosta do estilo, também acaba se contaminando por esse clima, que é o que toda banda de reggae tenta passar. Assistir a dupla Robson e Thiago foi o mais difícil pra mim, já que dos quatro estilos abordados no programa, é o único de que eu não gosto. Pagar cinquenta reais para entrar numa casa de show que também não me agrada, foi igualmente difícil. A Anna Raquel, prima do meu namorado e quem estava me acompanhando naquela noite, adorou. A casa estava lotada. Tocava house music quando entrei, e mais tarde a dupla subiu ao palco. Quando anunciaram a entrada deles, as mulheres já começaram a gritar. Muitas delas ficam perto do palco, enlouquecidas, querendo tocar nos cantores, e até nos músicos. Daí veio minha curiosidade, se eles tinham namorada ou não. As meninas tocam na mão, no corpo, na perna, em alguns momentos quase não os deixam cantar. Principalmente o Thiago, que é mais simpático e interage mais com elas. Ou talvez, o Robson só não tinha muita paciência com elas mesmo. Já no lugar onde eu estava, lá em cima no camarote, onde o gerente da casa me colocou para que pudesse me achar na hora que desse pra eu falar com a dupla, havia muitos homens. Alguns me irritaram tentando conversar comigo quando eu só queria observar o show. O engraçado é que eu já havia ido a essa casa quando não estava namorando (e também estava mais 47 arrumada, pois havia ido para curtir, não para uma pesquisa de campo), e naquela vez nenhum homem tentou conversar comigo. Mesmo assim, consegui observar atentamente o show. A dupla tocou durante duas horas (achei que não ia acabar nunca) e animou o público com músicas famosas do sertanejo. O show que assisti da banda Móveis Coloniais de Acaju já foi curto, pois se tratava de um pocket show, uma apresentação pequena, dentro da loja Fnac, do Park Shopping. Mesmo assim, eles atraíram muita gente. Lotaram a loja de fãs, que cantavam junto suas músicas. Me surpreendi com a quantidade de integrantes na banda, pois dez pessoas, para mim, é muita coisa. Meu namorado, que me acompanhou, achou o estilo do vocalista, André Gonzáles, parecido com o de Renato Russo, pelo jeito e pelas dancinhas. Eu diria que ele é um pouco mais sorridente do que Renato Russo, que tinha um jeito mais sério. Depois, veio o momento de marcar e fazer as entrevistas. Procurei faze-las de forma que fluíssem como uma conversa espontânea, interativa. Um bate papo. E não como algo já definido e roteirizado. A inspiração para esse tipo de entrevista veio de Cremilda Medina (2008). A entrevista, nas suas diferentes aplicações, é uma técnica de interação social, de interpenetração informativa, quebrando assim isolamentos grupais, individuais, sociais; pode também servir à pluralização de vozes e à distribuição democrática da informação. Em todos estes ou outros usos das Ciências Humanas, constitui sempre um meio cujo fim é o interrelacionamento humano. Para além da troca de experiências, informações, juízos de valor, há uma ambição ousada que filósofos como Martin Buber já dimensionaram: o diálogo que atinge a dimensão humana criadora, ou seja, ambos os partícipes do jogo da entrevista interagem, se modificam, se revelam, crescem no conhecimento do mundo e deles próprios. (MEDINA, 2008, p. 8) A autora critica as entrevistas com perguntas preestabelecidas, que não avançam de forma natural e cortam o pensamento do entrevistado. Para ela, a entrevista é uma conversa em que entrevistador e entrevistado criam uma intimidade naquele momento, atingindo um diálogo possível, como um bate papo do dia a dia. Foi exatamente assim que procurei desenvolver as conversas. Descobri coisas interessantes em todas elas. Eu não sabia, por exemplo, que o Milsinho, que eu já havia visto tocar algumas vezes em barzinhos por aqui, chegou a fazer parte do famoso Fundo de Quintal, grupo carioca de samba e pagode. Ele foi até o estúdio de rádio da Universidade Católica para conceder a entrevista. Custou achar. “Me perdi nessa cidade”, ele disse. A dupla Robson e Thiago também foi entrevistada em 48 estúdio. Eles foram os artistas mais fáceis de entrevistar. Parecem ser os mais acostumados a cederem entrevistas, pois suas respostas são curtas, objetivas, não são repetitivas. Assim, a entrevista já ficou naturalmente curta, e não precisou de muita edição. A banda Móveis Coloniais de Acaju entrevistei no escritório deles, na Asa Norte. Dessa vez foi eu quem me perdi. A impressão que deram foi que eles meio que tinham o nariz em pé. Não foram muito simpáticos comigo, nem me deram muita atenção, com exceção do Gabriel Coaracy, um dos que eu entrevistei. O outro que entrevistei, Esdras Nogueira, passou a entrevista mexendo no celular. O Jacob Bruno, do Levitas Reggae, entrevistei na casa dele, na Asa Sul. Me perdi novamente. Porém ele e a esposa me receberam muito bem. Só tive que tomar cuidado durante a entrevista, pois havia muitas pessoas, inclusive crianças, na casa, o que podia prejudicar o áudio. Pela sua forma de falar, ele mostra que é exatamente como é no show: um verdadeiro regueiro. Até nas entrevistas procura passar mensagens de paz, de otimismo. Ele, entretanto, é bem repetitivo nas palavras, muitas vezes fugia um pouco do assunto, e começava a contar coisas que não tinham muito a ver com o foco da conversa. Mas todas as conversam foram gostosas de fazer, principalmente essa e a do Milsinho, que foram os mais simpáticos e que mais se mostraram interessados em bater papo comigo. Para as vinhetas, Angélica me sugeriu melodias de jazz, que achei interessantes, mas também deu a ideia de que poderia ser usada uma música eletrônica. Achei que eletrônico teria mais a minha cara, além de passar uma imagem mais jovem para o programa. Então selecionei algumas músicas de deep house e tech house. A escolhida foi a de Nytron JPhilipps, I Don’t Care. Depois de todas as reportagens e entrevistas prontas, chegou a hora de gravar os offs e ir para a montagem dos programas. Inicialmente, eu queria fazer tudo sozinha. Cheguei a gravar o primeiro programa somente com a minha voz. Entretanto, senti a necessidade de uma segunda voz para dar mais mobilidade ao programa, e segui o conselho da orientadora de chamar mais uma pessoa para ser locutora junto comigo. Mariana Santiago, também estudante de Jornalismo da Universidade Católica, foi a segunda voz da locução dos programas. Assim, gravei novamente o primeiro programa, e todos os outros. Para finalizar, o técnico Rener Lopes me ajudou nas montagens. 49 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBALHO, Alexandre. Cidadania, Minorias e Mídia: Ou Algumas questões postas ao Liberalismo. In: PAIVA, Raquel; BARBALHO, Alexandre (Org.). Comunicação e Cultura das minorias. São Paulo: Comunicação, 2009. BARBALHO, Alexandre. Minorias, Biopolítica e Mídia. Porto Alegre, 2004. 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Lisboa: Editorial Presença, 2009. 51 ANEXOS ANEXO 1 – Roteiro: Programa Ouça Brasília - nº 01 Ficha técnica: Tema: Reggae em Brasília Apresentação: Vanessa Melo e Mariana Santiago Tempo: 16 minutos Reportagem: Vanessa Melo Entrevista: Vanessa Melo Entrevistado: Jacob Bruno Trabalhos técnicos: Vanessa Melo, Rener Lopes, Bil Ranulfo Silva Direção: Vanessa Melo Orientação: Angélica Cordova Descrição do roteiro: RÁDIO: UCB PROGRAMA: Ouça Brasília FICHA TÉCNICA - Abertura do programa DATA: 22/10/2013 DURAÇÃO: 16’ ÁUDIO TEC//LOC 1: Olá, meu nome é Vanessa Melo. - TEC//VINHETA DE ABERTURA EM BG (desce som) TEC//LOC 2: E o meu Mariana Santiago. TEC//LOC 1: E esse é o primeiro programa Ouça Brasília. Aqui você vai conhecer os artistas musicais da capital, dos estilos que você e a galera da cidade curtem. TEC//LOC 2: A cada programa, vamos falar de músicos e bandas de estilos diferentes, com presença forte aqui em Brasília. - Manchetes do dia TEC//LOC 1: No programa de estreia, o reggae em Brasília, no quadro “Música - TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG na Cidade”. (desce som) TEC//LOC 2: No quadro “Papo Musical” você vai conhecer uma banda que manda bem no cenário regueiro da capital. 52 - TEC//VINHETA DE ABERTURA EM BG - TEC//MÚSICA BOB MARLEY – IS TEC//LOC 1: No Brasil o reggae chegou THIS LOVE EM BG (desce som) nos anos 70, mesma década em que ele foi levado ao mundo todo, por Bob Marley. TEC//LOC 2: Antes de tudo isso, ele se originou na Jamaica. A música é uma mistura de ritmos africanos, ska e calipso. TEC//LOC 1: Ela tem também um ritmo suave, e os instrumentos mais utilizados são a guitarra, o contrabaixo e a bateria. TEC//LOC 2: Vanessa, e em Brasília, o reggae criou raízes no Guará 2, que há décadas é um reduto do estilo. Vamos agora para o quadro “Música na Cidade” com a sua reportagem sobre o Sindicato do Reggae. Um dos grandes responsáveis pela disseminação do reggae em Brasília. (sobe som) TEC//VINHETA DO QUADRO “MÚSICA NA CIDADE” EM BG - Quadro “Música na Cidade” SONORA REPORTAGEM: - TEC//SONORA REPORTAGEM TEC//MÚSICA NATIRUTS FLOR EM BG (desce som) – BEIJA Na capital do país, o reggae chegou primeiro no Guará 2. Isso porque é lá que fica o Sindicato do Reggae, responsável pelo início do movimento regueiro na capital. O lugar, que é point dos amantes do reggae de Brasília, conta com um acervo de discos, livros, fotos e instrumentos musicais. Nardelli Gifone, presidente e um dos fundadores do Sindicato, explica como o movimento começou. TEC//SON 1 – NARDELLI GIFONE: “O Sindicato foi fundado em 1980, fixamos aqui no Guará mesmo, onde é o berço do reggae. E aí foi aquela ideia de expandir, espalhar o reggae, a mensagem, o que estava por trás da música do Bob Marley e do reggae. Que 53 era a mensagem de paz, de união, de igualdade, as pessoas lutarem pelos seus direitos. Aí começamos a gravar fitas cassete e a divulgar. Através de uma fita aqui, outra fita ali, para as pessoas terem mais contato, conhecerem aquela música que até então era desconhecida aqui em Brasília.” Nardelli e seus companheiros, hoje pais, avós, e não mais com os dreads que usavam quando iniciaram o movimento em 1980, ainda arrecadam, através dos shows que organizam, alimentos para distribuir em creches carentes do Guará. E demonstram em seus shows também o apoio deles no combate às drogas. Com tudo isso, o Sindicato mostra que o reggae em Brasília é mais que apenas música, e que a cidade possui uma ligação especial com o estilo de vida Rastafári. Inspirado por essa cultura jamaicana, o Sindicato conseguiu atrair seguidores por todo o DF, e sua luta pela divulgação do reggae é reconhecida por todo o país e pelo mundo. TEC//SON 2 – NARDELLI GIFONE: “Ah, o Sindicato foi o abre alas, né? Se hoje existem essas bandas aí foi o grande trabalho, o trabalho árduo do Sindicato. E a gente bateu o pé e mostrou que aquela música... que os músicos, que Bob Marley, usava ela como um mecanismo pra levar a mensagem do gueto, a mensagem para o povo, que até então não tinha o conhecimento.” Prova dessa grande disseminação do reggae em Brasília, são as bandas que aqui nasceram e hoje atingiram nível nacional, como Natiruts, Maskavo e Jah Live. (sobe som) - TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG TEC//LOC 2: Legal, Vanessa. Eu não (desce som) sabia que havia um Sindicato do Reggae em Brasília. 54 TEC//LOC 1: Pois é, Mariana. E graças a divulgação deles, várias bandas mantém vivo o reggae no Cerrado. TEC//LOC 2: E no próximo bloco, vamos apresentar um exemplo delas. Não saiam daí. - TEC//VINHETA DE PASSAGEM EM ENTRA BREAK BG - TEC//BREAK - TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG TEC//LOC 2: Já voltamos! Neste bloco, (desce som) você vai ouvir um bate papo que a Vanessa teve com o Jacob Bruno, o vocalista de uma banda de reggae daqui de Brasília, a Levitas Reggae. Essa banda participou de um projeto do DFTV, que se chamava “Brasília Independente”, em que as bandas independentes do DF tinham a oportunidade de mostrar o seu som no telejornal. TEC//LOC 1: Exatamente, Mariana. E no final do projeto, foi aberta uma votação para os telespectadores escolherem a banda que mais gostaram. E a Levitas foi a vencedora. Fiquem agora com a entrevista no “Papo Musical”. Você vai saber mais sobre esse projeto e outras histórias da carreira da banda. - TEC//VINHETA DO QUADRO “PAPO MUSICAL” EM BG - Quadro “Papo Musical” SONORA ENTREVISTA: - TEC//SONORA ENTREVISTA TEC//MÚSICA LEVITAS – EU QUERO FALAR EM BG (desce som) Deixa inicial: “Agora que você já conhece um pouquinho da história do reggae em Brasília, vai conhecer também uma das bandas que divulgam esse estilo na capital. E a música que você está ouvindo é Eu Quero Falar, de uma dessas bandas. O Levitas Reggae, do Guará. E hoje, eu vou conversar com o vocalista da banda, o Jacob. Oi, Jacob, tudo bem?” 55 (...) TEC//MÚSICA LEVITAS – GRATIDÃO EM BG (...) Deixa final: “Então vamos ouvir Gratidão, do Levitas. E em seguida, vamos pra um breve intervalo. Eu volto já já.” (sobe som) - TEC//VINHETA DE PASSAGEM EM ENTRA BREAK BG - TEC//BREAK - TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG TEC//LOC 2: Voltamos! E aí, gostaram (desce som) da entrevista com o Jacob do Levitas? TEC//LOC 1: Se gostaram e querem saber da agenda deles, basta entrar no perfil da banda no facebook, que é Levitas Reggae. TEC//LOC 2: Essa foi a estreia do programa Ouça Brasília. No próximo programa passaremos para um estilo totalmente diferente. O bate-papo será com um sambista de Brasília. Eu sou Mariana Santiago. TEC//LOC 1: E eu sou Vanessa Melo. A gente vai ficando por aqui. TEC//LOC 2: Até a próxima! (sobe som) TEC//LOC 1: Tchau, tchau! - TEC//VINHETA DE ABERTURA EM BG 56 ANEXO 2 – Roteiro: Programa Ouça Brasília - nº 02 Ficha técnica: Tema: Samba & Pagode em Brasília Apresentação: Vanessa Melo e Mariana Santiago Tempo: 16 minutos Reportagem: Vanessa Melo Entrevista: Vanessa Melo Entrevistado: Milsinho Trabalhos técnicos: Vanessa Melo, Rener Lopes, Bil Ranulfo Silva Direção: Vanessa Melo Orientação: Angélica Cordova Descrição do roteiro: RÁDIO: UCB PROGRAMA: Ouça Brasília FICHA TÉCNICA - Abertura do programa DATA: 24/10/2013 DURAÇÃO: 16’ ÁUDIO TEC//LOC 1: Olá, eu sou Vanessa Melo. - TEC//VINHETA DE ABERTURA EM TEC//LOC 2: E eu, Marina Santiago. BG (desce som) TEC//LOC 1: E está começando mais um programa Ouça Brasília. O programa que apresenta artistas musicais da capital, dos estilos que você e a galera da cidade curtem. TEC//LOC 2: Aqui falamos de músicos e bandas dos estilos de música que chegaram e criaram raízes em Brasília. - Manchetes do dia TEC//LOC 1: No quadro “Música na Cidade”, vamos falar sobre o samba e o - TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG pagode em Brasília. (desce som) TEC//LOC 2: E hoje você vai conhecer o Milsinho, um músico que anima as rodas de samba na cidade, no quadro “Papo Musical”. - TEC//VINHETA DE ABERTURA EM BG - TEC//MÚSICA JORGE ARAGÃO – TEC//LOC 1: O samba, tocado por CONSELHO EM BG (desce som) instrumentos de percussão, violão e cavaquinho, surgiu da mistura de estilos 57 musicais africanos. Foi em 1917 que o primeiro samba foi gravado no Brasil, e a música foi Pelo Telefone, do cantor Bahiano. As raízes do samba estão na Bahia, no Rio de Janeiro e em São Paulo. TEC//LOC 2: E há vários tipos de samba. O samba carnavalesco, que são as marchinhas que eram usadas nos bailes de carnaval; o samba-enredo, que são as usadas nas escolas de samba para desfiles; o samba-canção, que tem ritmo lento e letras mais sentimentais e românticas... TEC//LOC 1: O samba de gafieira, que já tem uma parte instrumental mais rápida e forte e é a mais usada nas danças de salão; o pagode, que tem um ritmo repetitivo, com sons eletrônicos e se espalhou pelo Brasil por causa das letras simples e românticas; entre outros. Hoje, o samba representa a identidade musical do Brasil. TEC//LOC 2: É Vanessa, e por ser a identidade do povo brasileiro, o samba não está mais apenas na Bahia, no Rio de Janeiro ou em São Paulo. Em Brasília, a gente também encontra samba de qualidade! Onde? Você fica sabendo agora, no quadro “Música na Cidade”, com a reportagem de Vanessa Melo. (sobe som) TEC//VINHETA DO QUADRO “MÚSICA NA CIDADE” EM BG - Quadro “Música na Cidade” SONORA REPORTAGEM: - TEC//SONORA REPORTAGEM TEC//MÚSICA DORIVAL CAYMMI – SAMBA DA MINHA TERRA EM BG (desce som) Humm... samba e feijoada... Uma mistura tipicamente brasileira. E, por que não, de Brasília? Sim! Você pode encontrar essa gostosa combinação em muitos bares e clubes pelo DF. Alguns exemplos são o Feitiço Mineiro, na Asa Norte; o Calaf, na Asa Sul, o Harém Bar, 58 em Águas Claras, a Aruc, no Cruzeiro e o Mania Carioca, em Taguatinga. O samba dá um o tom e parece dar mais sabor à iguaria. Karen Aguiar, estudante de vinte e dois anos, de Brasília, é fã dessa mistura. TEC//SON 1 – KAREN AGUIAR: “Eu adoro! Sempre que tenho a oportunidade de ir em algum barzinho comer uma feijoada, ouvir um samba, eu vou. Feijoada é aquele prato que todo brasileiro gosta. E samba é muito bom, é alto astral, tira todo mundo da cadeira pra dançar... Gosto muito.” Além dos barzinhos, o ritmo por aqui é prestigiado também no evento Samba Brasília, que há dois anos recebe vários artistas de sucesso nacional de samba e pagode, além de grupos do próprio Distrito Federal. O Batucada.com é um dos grupos de Brasília que tocou na edição 2013. Lucas Gomes, o vocalista, acredita que o estilo está conquistando cada vez mais o público brasiliense. TEC//SON 2 – LUCAS GOMES: “Acho que tem espaço pra todos os estilos musicais, né? Só que o pagode cresceu bastante aqui em Brasília. A prova é o Samba Brasília, deu cem mil pessoas. Então, com certeza tem muita gente nova que não é fã de pagode, mas tá conhecendo. E vai indo assim, vai crescendo... Mas espaço tem, tem muita gente que curte samba e pagode em Brasília também.” O Samba Brasília 2013 ocorreu no estacionamento do Estádio Nacional Mané Garrincha e contou com um público de cem mil pessoas, o equivalente a toda a população de Brazlândia e Sudoeste juntas. O samba da capital está presente ainda nas escolas de samba das regiões administrativas, que sempre se apresentam em desfiles de carnaval. 59 (sobe som) - TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG TEC//LOC 2: Opa. Boa dica, Vanessa. (desce som) Ano que vem eu não perco essa festa. E com tantos lugares para curtir o samba na capital, é claro que a cidade possui um grande número de sambistas e grupos de samba. TEC//LOC 1: Verdade, Mariana. E no próximo bloco, você vai conhecer um desses sambistas. TEC//LOC 2: Não saiam daí, a gente volta já! - TEC//VINHETA DE PASSAGEM EM ENTRA BREAK BG - TEC//BREAK - TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG TEC//LOC 2: Estamos de volta. Nesse (desce som) bloco, você vai acompanhar uma conversa que a Vanessa teve com o sambista Milsinho, de Taguatinga. O Milsinho já fez parte do grupo de samba Amor Maior, também de Brasília. Junto com o grupo, teve a oportunidade de participar de um festival de samba nacional, apresentado por Netinho de Paula, no SBT. E ganhou! TEC//LOC 1: Isso mesmo, e o Milsinho já passou até pelo grupo Fundo de Quintal, do Rio de Janeiro. Hoje, em carreira solo, ele relembra esses momentos e comenta sobre a carreira, nessa entrevista, que vocês vão conferir agora no “Papo Musical”. - TEC//VINHETA DO QUADRO “PAPO MUSICAL” EM BG - Quadro “Papo Musical” SONORA ENTREVISTA: - TEC//SONORA ENTREVISTA TEC//MÚSICA MILSINHO – É DEUS POR NÓS EM BG (desce som) Deixa inicial: “Agora que você já sabe onde ir quando quiser ouvir um samba em Brasília, vai conhecer também um dos músicos que você pode ouvir nesses lugares. Ele é o Milsinho, de Taguatinga, e a música que você ouve ao fundo é É Deus Por Nós, dele. Hoje é ele que vai 60 bater um papo comigo. Olá, Milsinho, tudo bem?” (...) TEC//MÚSICA MILSINHO – VOLTO JÁ EM BG (...) Deixa final: “Então vamos ouvir agora Volto já, do Milsinho, e depois vamos pra um breve intervalo.” (sobe som) - TEC//VINHETA DE PASSAGEM EM ENTRA BREAK BG - TEC//BREAK - TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG TEC//LOC 2: Voltamos! Espero que (desce som) vocês tenham gostado do programa de hoje. TEC//LOC 1: Se ficaram interessados em ouvir mais do samba brasiliense, é só seguir as dicas de barzinhos que você ouviu aqui no programa. Neles, você pode encontrar o Milsinho, e ainda muitos outros sambistas e grupos de samba da capital. E o Milsinho também está no facebook. Sua página se chama Milsinho Mil. TEC//LOC 2: Esse foi mais um programa Ouça Brasília. No próximo programa o estilo abordado será o sertanejo, e a conversa, com uma dupla sertaneja de Brasília. Eu sou Mariana Santiago. TEC//LOC 1: Eu sou Vanessa Melo e me despeço por aqui. TEC//LOC 2: Até a próxima. (sobe som) TEC//LOC 1: Beijos, e tchau tchau! - TEC//VINHETA DE ABERTURA EM BG 61 ANEXO 3 – Roteiro: Programa Ouça Brasília - nº 03 Ficha técnica: Tema: Sertanejo em Brasília Apresentação: Vanessa Melo e Mariana Santiago Tempo: 16 minutos Reportagem: Vanessa Melo Entrevista: Vanessa Melo Entrevistados: Robson & Thiago Trabalhos técnicos: Vanessa Melo, Rener Lopes, Bil Direção: Vanessa Melo Orientação: Angélica Cordova Descrição do roteiro: RÁDIO: UCB PROGRAMA: Ouça Brasília FICHA TÉCNICA - Abertura do programa DATA: 30/10/2013 DURAÇÃO: 16’ ÁUDIO TEC//LOC 1: Olá, eu sou Vanessa Melo. - TEC//VINHETA DE ABERTURA EM TEC//LOC 2: Oi, oi! Mariana Santiago BG (desce som) falando. TEC//LOC 1: E está no ar o Ouça Brasília. O programa que respira a boa música brasiliense e ainda te conta um pouco sobre ela. TEC//LOC 2: Aqui, você fica por dentro de quem são os músicos e as bandas dos estilos de música mais tocados no Distrito Federal. - Manchetes do dia TEC//LOC 1: No quadro “Música na Cidade”, vamos falar sobre o sertanejo - TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG em Brasília. (desce som) TEC//LOC 2: No quadro “Papo Musical” você vai conhecer Robson e Thiago, uma dupla sertaneja que faz sucesso nas noites brasilienses. - TEC//VINHETA DE ABERTURA EM BG - TEC//MÚSICA JORGE & MATHEUS – TEC//LOC 1: O sertanejo, muito popular ENQUANTO HOUVER RAZÕES EM BG no estado de Goiás, passou por 62 (desce som) diferentes fases ao longo dos anos. O sertanejo de raiz, surgido na década de 1910 nas zonas rurais, tratava de assuntos cotidianos, da vida no campo. Cornélio Pires e Tonico e Tinoco foram alguns dos que marcaram essa tendência. TEC//LOC 2: A partir do final dos anos 60, o sertanejo invadiu também as zonas urbanas. Logo depois disso veio, na década de 70, o sertanejo romântico, com letras que abordavam amor e traição. Exemplos de expoentes desse ritmo são Xitãozinho & Xororó e Leandro & Leonardo. TEC//LOC 1: Já na década de 2000, apareceu o sertanejo universitário, que inovou o ritmo, por trazer instrumentos mais modernos e eletrônicos. Algumas duplas adeptas desse estilo são João Bosco & Vinícius, Cesar Menotti & Fabiano, Vitor & Leo, e Jorge & Mateus. Desde que foi para as cidades, nos anos 70, o sertanejo se tornou bastante conhecido e famoso por todo o país. Por isso, o sertanejo romântico e o universitário fazem tanto sucesso. (sobe som) TEC//LOC 2: Em Brasília não é diferente, né Vanessa? O sertanejo por aqui é febre entre a galera que vai pra night. Por isso, é muito fácil encontrar lugares que tocam esse estilo pelo DF. É sobre isso que a Vanessa fala na reportagem que você vai ouvir agora, no quadro “Música na Cidade”. TEC//VINHETA DO QUADRO “MÚSICA NA CIDADE” EM BG - Quadro “Música na Cidade” SONORA REPORTAGEM: - TEC//SONORA REPORTAGEM TEC//MÚSICA RICK & RENNER – ELA É DEMAIS EM BG (desce som) O sertanejo é um dos estilos musicais que mais se ouve atualmente no DF. A procura é tão grande, que várias casas noturnas apresentam o ritmo não só nos finais de semana, como também em dias 63 úteis. O ritmo é o que mais faz os bares e boates lucrarem e lotarem. O promoter da Villa Boêmia, Felipe Lobão, conta que o sertanejo é o estilo que faz a casa chegar a sua superlotação, que é de mil pessoas. TEC//SON 1 – FELIPE LOBÃO: “Querendo ou não, no Centro Oeste, a moda agora é o sertanejo. Já foi o tempo do rock, inicialmente em Brasília. A moda agora é sertanejo. Seja modão, seja um arrocha, o pessoal gosta do sertanejo. Eles curtem mais o sertanejo do que qualquer outro estilo de música atualmente.” Além do Villa Boêmia, em Taguatinga, as casas que também são point dos fãs de sertanejo são Barril 66, em Águas Claras; Empório Sertanejo, no Núcleo Bandeirante; Villa Mix, na Vila Planalto; Mercado Sertanejo, no Gama; entre outras. Uma boa parte do público que o sertanejo está atraindo em Brasília são de jovens. Para Felipe, o motivo é o grande número de talentos que a cidade está revelando nesse estilo. TEC//SON 2 – FELIPE LOBÃO: “Os nossos artistas, eles são muito bons, são os melhores que tá tendo no país. Tanto é que nós temos várias duplas. As quatro melhores duplas são de Brasília atualmente. Então assim, o jovem de hoje em dia tá curtindo muito mais o sertanejo.” Uma referência de dupla sertaneja nascida em Brasília foi Rick e Renner, que esteve no cenário musical por vinte e três anos, entre 1987 e 2010. Nesse período fez sucesso em todo o Brasil. Hoje, várias duplas brasilienses estão conseguindo seu espaço no DF e se tornando conhecidas, como Pedro Paulo e Matheus, Bonni e Belluco e Roni e Ricardo. (sobe som) 64 - TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG TEC//LOC 2: É, tem muitas duplas (desce som) mesmo no cenário musical em Brasília, hein? TEC//LOC 1: Claro, Mariana. E no próximo bloco, você vai conhecer uma dessas muitas duplas que agitam as noites sertanejas pelos bares e boates da capital. TEC//LOC 2: Isso mesmo, a Vanessa está falando de Robson e Thiago. Já voltamos. - TEC//VINHETA DE PASSAGEM EM ENTRA BREAK BG - TEC//BREAK - TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG TEC//LOC 2: Voltamos. Agora, você vai (desce som) ouvir a entrevista da Vanessa com a dupla brasiliense Robson e Thiago. Uma dupla que já teve até a oportunidade de tocar com Milionário e José Rico. E atenção, meninas: eles estão solteiros. TEC//LOC 1: Verdade, Mariana. É bom deixar isso claro, viu. Porque esses meninos são muito assediados! O bate papo com eles foi bem bacana. E eles até tocaram pra mim ao vivo no estúdio. Ouça tudo isso agora no “Papo Musical”. - TEC//VINHETA DO QUADRO “PAPO MUSICAL” EM BG - Quadro “Papo Musical” SONORA ENTREVISTA: - TEC//SONORA ENTREVISTA TEC//MÚSICA ROBSON & THIAGO – DECISÃO EM BG (desce som) Deixa inicial: “A música que você ouve ao fundo é Decisão, da dupla sertaneja de Brasília Robson e Thiago. Eles estão aqui pra bater um papo comigo. Olá, Robson. Olá. Thiago. Tudo bem com vocês?” (...) Deixa final: “Então vamos ouvir, depois vamos para um breve intervalo.” [A dupla toca ao vivo a música deles 65 Marquinha no Pescoço] - TEC//VINHETA DE PASSAGEM EM ENTRA BREAK BG - TEC//BREAK - TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG TEC//LOC 2: E já estamos de volta. (desce som) Gostei muito da sua entrevista, Vanessa. E dos meninos tocando ao vivo também! TEC//LOC 1: Espero que você de casa também tenha gostado. Se ficou interessado na dupla e quer ouvi-la tocar, ou ainda, quiser conhecer outras duplas também de Brasília, basta seguir as dicas de bares que você acabou de ouvir no programa! TEC//LOC 2: Esse foi mais um Ouça Brasília. No próximo programa, vamos mudar totalmente o estilo e falar sobre o rock. E o papo, será com uma banda de rock de Brasília. Eu sou Mariana Santiago. TEC//LOC 1: E eu sou Vanessa Melo e vamos ficando por aqui. TEC//LOC 2: Até a próxima! TEC//LOC 1: Até o próximo programa. (sobe som) Tchau, tchau. - TEC//VINHETA DE ABERTURA EM BG 66 ANEXO 4 – Roteiro: Programa Ouça Brasília - nº 04 Ficha técnica: Tema: Rock em Brasília Apresentação: Vanessa Melo e Mariana Santiago Tempo: 16 minutos Reportagem: Vanessa Melo Entrevista: Vanessa Melo Entrevistados: Esdras Nogueira e Gabriel Coaracy Trabalhos técnicos: Vanessa Melo, Rener Lopes, Bil Direção: Vanessa Melo Orientação: Angélica Cordova Descrição do roteiro: RÁDIO: UCB PROGRAMA: Ouça Brasília FICHA TÉCNICA - Abertura do programa DATA: 31/10/2013 DURAÇÃO: 16’ ÁUDIO TEC//LOC 1: Olá, aqui quem fala é Vanessa Melo. - TEC//VINHETA DE ABERTURA EM BG (desce som) TEC//LOC 2: E aqui é Mariana Santiago. TEC//LOC 1: Esse é o Ouça Brasília. Aqui com a gente, você fica sabendo quem são os músicos e as bandas de diferentes estilos que você pode encontrar por Brasília afora. TEC//LOC 2: E aqui você ainda tem música, entrevista, informação musical e dicas de onde se divertir no Distrito Federal. - Manchetes do dia TEC//LOC 1: No quadro “Música na Cidade”, vamos falar sobre o rock em - TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG Brasília. (desce som) TEC//LOC 2: E hoje você vai conhecer uma banda que preza pelo rock na capital, no quadro “Papo Musical”. É a Móveis Coloniais de Acaju! - TEC//VINHETA DE ABERTURA EM BG - TEC//MÚSICA ROLLING STONES – I TEC//LOC 1: No rock, as características 67 CAN’T GET NO (SATISFACTION) EM mais importantes são a guitarra elétrica, BG (desce som) a bateria e o baixo. O estilo surgiu nos Estados Unidos, na década de 50, e foi a partir daí que apareceram artistas consagrados, como Bill Haley e Elvis Presley. TEC//LOC 2: Nos anos sessenta, vieram os Beatles e os Rolling Stones. Enquanto isso, quem iniciava o rock no Brasil era Celly Campello, com sucessos como Banho de Lua e Estúpido Cupido. Nesse período também surgiu no Brasil a Jovem Guarda, com grandes influências americanas. O grande Raul Seixas também apareceu no final dos anos sessenta. TEC//LOC 1: E nos anos 80, eu nem preciso falar que o estilo veio com força em Brasília, né? Com o nascimento de bandas como Legião Urbana, Plebe Rude, Capital Inicial, Paralamas do Sucesso, Raimundos, a cidade se tornou até capital do rock. TEC//LOC 2: É verdade, Vanessa. Mas, isso foi anos 80. E hoje? Como é o rock na capital? TEC//LOC 1: Essa resposta eu dou na reportagem que apresentamos agora. Acompanhe também você de casa, no quadro “Música na Cidade”. (sobe som) TEC//VINHETA DO QUADRO “MÚSICA NA CIDADE” EM BG - Quadro “Música na Cidade” SONORA REPORTAGEM: - TEC//SONORA REPORTAGEM TEC//MÚSICA LEGIÃO URBANA SERÁ EM BG (desce som) – Brasília, a capital do rock! Será? Bom, uns concordam, outros não... A cidade ganhou esse título nos anos oitenta, quando várias bandas começaram aqui e ganharam fama por todo o Brasil. Entre elas estão Legião Urbana, Capital Inicial, Plebe Rude... Mas, ainda hoje, Brasília continua sendo um celeiro do rock. Uma das provas é o Porão do 68 Rock, que já ocorre na capital há 15 anos. O organizador do Porão, Marcos Pinheiro, destaca a importância do evento para a revelação de bandas independentes de Brasília. TEC//SON 1 – MARCOS PINHEIRO: “Pela magnitude dele, pela estrutura dele, acabou se tornando uma grande vitrine, né? Acabou sendo meio que um objeto de desejo, tanto pras bandas locais, principalmente, que tem muitas que sonham em tocar e quando conquistam uma vaga, ou são convidados, elas ficam muito felizes e tal; como até muito com bandas nacionais, bandas nacionais, independentes, que sonham e falam isso, em depoimento e tudo mais. Da mesma forma que a gente consegue trazer bandas nacionais de porte, como Paralamas do Sucesso, como Capital Inicial, como Lobão esse ano, Matanza, que estiveram outros anos, Krisiun, eles curtem tocar aqui.” Quem pensa que o Rock’n Roll morreu na capital está enganado. O Porão do Rock já é uma tradição para a tribo roqueira da cidade e é um dos maiores festivais independentes do Brasil. Em todas suas edições, já reuniu várias bandas e artistas, sendo cento e oitenta e nove só do DF, e já recebeu mais de oitocentos e trinta mil pessoas, como lembra Marcos. TEC//SON 2 – MARCOS PINHEIRO: “Pelo fato de ser o Porão, pelo fato também de trazer atrações nacionais e internacionais acaba mobilizando uma galera, né? É importante ter o Porão do Rock e outros festivais desse porte na cidade pra tá fortalecendo esse conceito de rock em Brasília e estar juntando as atrações independentes de Brasília com nomes nacionais e internacionais.” O Porão do Rock ocorre anualmente, mas no resto do ano você pode sair pra 69 ouvir um rock nos pub’s de Brasília, como o Gate’s Pub, na Asa Sul; o Velvet Pub, na Asa Norte, o América Rock Club, em Taguatinga, e o Eighties Pub, em Águas Claras. (sobe som) - TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG TEC//LOC 2: Muito legal! Eu mesma sou frequentadora dos pub’s de Brasília. (desce som) Curto muito o rock da cidade. TEC//LOC 1: Pois é, Mariana. São muitas as bandas de rock que existem no DF. TEC//LOC 2: E no próximo bloco, você vai conhecer uma delas, a Móveis Coloniais de Acaju. Não perca! Eu volto já. - TEC//VINHETA DE PASSAGEM EM ENTRA BREAK BG - TEC//BREAK - TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG TEC//LOC 2: Estamos de volta. E nesse (desce som) bloco você vai ouvir o bate papo da Vanessa com dois integrantes da banda Móveis Coloniais de Acaju. Essa banda é uma referência do rock atual de Brasília e já é conhecida nacionalmente. TEC//LOC 1: Com certeza, Mariana. E eles me receberam no próprio estúdio onde eles ensaiam. O papo foi com dois deles, mas tive a oportunidade de conhecer a banda inteira e eles são muito simpáticos. Fiquem agora com a entrevista no “Papo Musical”. - TEC//VINHETA DO QUADRO “PAPO MUSICAL” EM BG - Quadro “Papo Musical” SONORA ENTREVISTA: - TEC//SONORA ENTREVISTA TEC//MÚSICA MÓVEIS COLONIAIS DE ACAJU – SEDE DE CHUVA EM BG (desce som) Deixa inicial: “A música que você ouve ao fundo, se chama Sede de Chuva e faz parte do repertório da banda Móveis Coloniais de Acaju. Uma das bandas de rock que nasceu em Brasília. Hoje eu 70 vou conversar com dois integrantes da banda. O Esdras Nogueira, que toca saxofone barítono, e o Gabriel Coaracy, que é baterista da banda. Olá, tudo bem com vocês?” (...) TEC//MÚSICA MÓVEIS COLONIAIS DE ACAJU – NOVA SUINGUERA EM BG (...) Deixa final: “Então vamos ouvir Nova Suinguera. Em seguida, vamos pra um breve intervalo e eu volto já.” (sobe som) - TEC//VINHETA DE PASSAGEM EM ENTRA BREAK BG - TEC//BREAK - TEC//TRILHA DE LOCUÇÃO EM BG TEC//LOC 2: Estamos de volta! Eu (desce som) gostei muito da entrevista com o Móveis, e vocês? Espero que tenham gostado. TEC//LOC 1: Eu também, Mariana. E pra quem quiser conferir os shows do Móveis Coloniais de Acaju é só ficar atento a agenda deles, que fica no site da banda: www.moveiscoloniaisdeacaju.com.br. TEC//LOC 2: Esse foi mais um programa Ouça Brasília. Eu sou Mariana Santiago. TEC//LOC 1: Eu sou Vanessa Melo e vou ficando por aqui. TEC//LOC 2: Eu também! Até a próxima. TEC//LOC 1: Tchau, tchau. (sobe som) - TEC//VINHETA DE ABERTURA EM BG