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Levantamento qualitativo e reprodutivo...
MODEL, K. J.; REMOR, M.; NASCIMENTO, J. E. do.
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LEVANTAMENTO QUALITATIVO E REPRODUTIVO DA
ORNITOFAUNA DOS PARQUES TARQUÍNIO JOSLIN DOS SANTOS E
PARQUE ECOLÓGICO PAULO GORSKI, CASCAVEL - PR
Kathleen Jeniffer Model1
Marcelo Bevilacqua Remor2
Jéssica Engel do Nascimento3
MODEL, K. J.; REMOR, M. B.; NASCIMENTO, J. E. do. Levantamento qualitativo e reprodutivo da ornitofauna dos
parques Tarquínio Joslin dos Santos e parque ecológico Paulo Gorski, Cascavel - PR. Arq. Ciênc. Vet. Zool. UNIPAR,
Umuarama, v. 17, n. 2, p. 107-114, abr./jun. 2014.
RESUMO: O presente estudo tem como objetivo o levantamento qualitativo e caracterização do comportamento reprodutivo
da ornitofauna de hábitos diurnos no Parque Tarquínio Joslin dos Santos (P1) e no Parque Ecológico Paulo Gorski (P2), em
Cascavel – PR, a fim de identificar interferências antrópicas na conservação e na diversidade nos parques urbanos. A composição da ornitofauna e o comportamento reprodutivo foram realizados por observações diretas auxiliadas com um guia de
identificação de aves. Em P1 registrou-se 38 espécies, 20 famílias, destas destacam-se Basileuterus flaveolus e Sporophila
plumbea que se encontram ameaçadas de extinção, e Dendroica estriata, por ser uma ave migratória. No P2 registrou-se
37 espécies pertencentes a 21 famílias. A reprodução foi analisada em dois parâmetros, nidificação e comportamento. Além
disso obtidos dados morfométricos como altura em relação ao solo, topo\base, profundidade da câmara oológica, diâmetro
maior e menor, substrato de apoio e material de construção dos ninhos, se estes ninhos se encontravam ativos quantificava-se o número de ovos e o padrão de coloração. No P1 ocorreu nidificação de Zenaida auriculata, Furnarius rufus, Pitangus
sulphuratus e Machetornis rixosa, apenas da primeira foi possível coletar dados morfométricos e comportamentais. Já no P2
nidificaram Zenaida auriculata, Furnarius rufus, Machetornis rixosa, Megarhynchus pitangua, Turdus rufiventris, Crotophaga ani e Butorides striata, sendo também possível apenas a coleta de dados morfométricos em ninhos de Zenaida, desta e das
demais foram registrados comportamentos de defesa do ninho e incubação de ninhegos e ovos. Ressalta-se a importância da
conservação dos parques urbanos para manutenção da biodiversidade de aves local.
PALAVRAS-CHAVE: Ornitofauna. Nidificação. Morfometria. Comportamento reprodutivo.
QUALITATIVE AND REPRODUCTIVE SURVEY OF ORNITHOFAUNA AT PARQUE TARQUÍNIO JOSLIN
DOS SANTOS AND PARQUE ECOLÓGICO PAULO GORSKI, CASCAVEL - PR
ABSTRACT: This study aims to survey and qualitatively characterize the reproductive behavior of the diurnal ornithofauna
at Parque Tarquínio Joslin dos Santos (P1) and Parque Ecológico Paulo Gorski (P2) in the city of Cascavel – PR, in order to
identify anthropogenic interference in the conservation and diversity of urban parks. The bird composition and reproductive
behavior were assessed by direct observations with the aid of a guide for identifying birds. In P1, a total of 38 species were
recorded, from 20 families. Among these, it is important to highlight Basileuterus flaveolus and Sporophila plumbea, which
are endangered, and Dendroica estriata, a migratory bird. In P2, a total of 37 species were recorded, belonging to 21 families.
Reproduction was analyzed using two parameters - nesting and behavior. Morphometric data, such as height from the ground,
top/bottom, depth of oologic chamber, with larger and smaller diameter, supporting substrate and construction material of
nests. If these nests were considered active, the number and color pattern of eggs were quantified. In P1, nesting of Zenaida
auriculata, Furnarius rufus, Pitangus sulphuratus and Machetornis rixosa, were found only, but it was only possible to collect morphometric and behavioral data from the first species. However, in P2, nests of Zenaida auriculata, Furnarius rufus,
Machetornis rixosa, Megarhynchus pitangua, Turdus rufiventris, Crotophaga ani and Butorides striata were found, with
morphometric data being collected only from Zenaida nests. From this species and the other ones, it was possible to record
the behaviors of nest defense and incubation of eggs and hatchlings. It is important to emphasize the need to preserve urban
parks for the maintenance of the biodiversity of local birds.
KEY WORDS: Ornithofauna. Nesting. Morphology. Reproductive behavior.
ALZAMIENTO CUALITATIVO Y REPRODUCTIVO DE LA ORNITOFAUNA DE LOS PARQUES TARQUÍNIO
JOSLIN DOS SANTOS Y PARQUE ECOLÓGICO PAULO GORSKI, CASCAVEL - PR
RESUMEN: Esta investigación ha tenido como objetivo el alzamiento cualitativo y caracterización del comportamiento
reproductivo de la ornitofauna de hábitos diurnos en el Parque Tarquínio Joslin dos Santos (P1) y en el Parque Ecológico
1
Graduada em Ciências Biológicas Bacharelado, Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste, Bairro Universitário, Rua Agronomia, nº 1276,
CEP: 85.819-110, Cascavel, PR, Brasil. [email protected];
2
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, Pós-graduação em Engenharia Agrícola. Rua Universitária n. 2069, Jardim Universitário, Cascavel, PR. CEP: 85.819-110. remor_hotmail.com;
3
Graduanda de Ciências Biológicas Licenciatura, Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste, Bairro Universitário, Rua Agronomia, nº 1276, CEP
85.819-110, Cascavel, PR, Brasil. [email protected]
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Paulo Gorski (P2), en Cascavel – PR, a fin de identificar interferencias antrópicas en la conservación y en la diversidad de
bosques urbanos. La composición de la ornitofauna y el comportamiento reproductivo han sido realizados a través de observaciones directas, auxiliadas con un guía de identificación de aves. En P1 se registró 38 especies, 20 familias de estas se
destacan Basileuterus flaveolus y Sporophila plúmbea que se encuentran amenazadas de extinción, y Dendroica estriata, por
ser un ave migratoria. En el P2 se registró 37 especies pertenecientes a 21 familias. La reproducción ha sido analizada en
dos parámetros: nidificación y comportamiento. Además de eso, obtenidos datos morfo métricos como altura en relación al
suelo, topo, base, profundidad de la cámara, diámetro mayor y menor, substrato de apoyo y material de construcción de los
nidos, si estos nidos se encontraban activos se cuantificaba el número de huevos y el estándar de coloración. En el P1 ocurrió
nidificación de Zenaida auriculata, Furnarius rufus, Pitangus sulphuratus e Machetornis rixosa, solo de la primera ha sido
posible recoger datos morfo métricos y de comportamiento. Ya en el P2 nidificaron Zenaida auriculata, Furnarius rufus,
Machetornis rixosa, Megarhynchus pitangua, Turdus rufiventris, Crotophaga ani y Butorides striata, siendo posible recoger
datos morfo métricos en nidos de Zenaida, de esta y de las demás han sido registrados comportamientos de defensa del nido
e incubación de pichones y huevos. Se destaca la importancia de la conservación de los bosques urbanos para manutención
de la biodiversidad de aves local.
PALABRAS CLAVE: Ornitofauna. Nidificación. Morfometría. Comportamiento reproductivo.
Introdução
O crescimento de centros urbanos é um dos componentes de fragmentação de habitats, isolando os remanescentes de ambiente natural, que ficam inseridos no perímetro
urbano. Praças, parques e fundos de vale são exemplos de
áreas verdes inseridas na malha urbana. Elas apresentam diversidade de aves, mas esta, na grande maioria, é constituída por novas colonizações, pois geralmente estes locais são
reflorestados e com forte interferência humana na composição da estrutura vegetacional (LOPES; ANJOS, 2006). Estas
áreas servem de abrigo, área de alimentação e reprodução de
diversos grupos animais, bem como local de pouso para aves
migratórias (SCHERER et al., 2006).
Os levantamentos avifaunísticos são importantes
ferramentas para avaliação da integridade das áreas verdes
urbanas. Estudos descrevem a importância da manutenção
das áreas verdes para a conservação das espécies de aves,
entre eles destacam-se Lopes e Anjos (2006); De Carvalho
(2006); Conterno e Cândido(2001); Poletto (2002). Além
disso, segundo Bartholomew (1986), o verdadeiro conhecimento de um organismo baseia-se no estudo de sua história
natural, incluindo o conhecimento de aspectos reprodutivos
das espécies. Esse tipo de informação também é essencial
para a definição segura de estratégias para a conservação e
manejo de espécies, e para testar hipóteses a cerca da evolução destas características (ROBINSON; ROBINSON;
EDWARDS, 2000).
Um dos aspectos relevantes para que uma espécie se
estabeleça em novos locais é a nidificação. As aves têm, de
certo modo, exigências específicas para os locais dos ninhos,
como fatores abióticos, por exemplo, o microclima, e bióticos, como a estrutura da vegetação citado por Smith (1997),
a predação por Olmos (2003), nidoparasitismo por Larison et
al. (1998), ectoparasitismo por Oppliger, Richner e Christe
(1994), comportamento social por Rodrigues (1996) e aprendizado por Hatchwell et al. (1999).
Estudos da biologia reprodutiva são importantes
ferramentas para identificar estratégias de conservação das
espécies nas áreas verdes urbanas. No Estado do Paraná alguns estudos descrevem a biologia reprodutiva de algumas
espécies, dentre eles vale ressaltar os trabalhos realizados por
Loures-Ribeiro, Gimenes e Anjos (2003) com Ictinia plúmbea, Lopes e Anjos (2005) com comportamento de Nyctibius
griséus, Costa (2002) com Vanellus chilensis e Guaraldo e
Gussoni (2006) com a nidificação de Zenaida auriculata.
Nesse contexto, o presente estudo teve como objetivo o levantamento qualitativo avifaunístico e caracterização do comportamento reprodutivo das espécies de aves de
hábitos diurnos no Parque Tarquínio Joslin dos Santos e no
Parque Ecológico Paulo Gorski, em Cascavel – PR, a fim
de identificar interferências antrópicas na conservação e na
diversidade nos parques urbanos.
Material e Métodos
Área de Estudo
Parque Tarquínio Joslin dos Santos (P1):
Parque municipal batizado em homenagem ao primeiro farmacêutico da cidade, construído no bosque municipal do Parque São Paulo, localizado na Rua Carlos de
Carvalho, esquina com Hyeda Baggio Mayer (24º58’19”S
53º27’41”W) (Figura 1). Constituído por meio do decreto
municipal 3402/92, o parque possui 17.600m2 e é bastante
utilizado pela população como área de lazer. É composto de
vegetação caracterizado como floresta ombrófila mista, embora em muitos pontos tenha sido realizado plantio de espécies exóticas.
Parque Ecológico Paulo Gorski (P2):
Criado em 1988, e revitalizado em 1995, é uma
ampla área de lazer, das mais procuradas pela população local. Conhecido também como lago municipal de Cascavel,
o parque é composto por áreas florestadas e um lago artificial, criado pelo represamento do rio Cascavel e córregos
de pequeno porte. O parque abrange 93,35 ha, sendo 55,35
ha de mata e 38 ha de lâmina d’água. Está localizado em
área urbana do município de Cascavel (24º57’41.32”S e 56º
26’14.62”O) (TAVARES; VALENTE-MOREIRA, 2000)
(Figura 1). É composto de vegetação caracterizado como floresta ombrófila mista, embora em muitos pontos tenha sido
realizado plantio de espécies exóticas.
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Figura 1: Imagem de satélite dos Parques Tarquínio Joslin dos Santos (P1) e Parque Ecológico Paulo Gorski (P2). (Fonte
Google Earth, 2014).
Coleta de Dados
Resultados e Discussão
O estudo foi realizado entre dezembro de 2007 a
outubro de 2008, nos parques P1 e P2. O levantamento em
campo foi realizado semanalmente, nos períodos matutino e
vespertino.
O levantamento qualitativo das espécies de aves foi
realizado por observações diretas com auxílio de binóculo,
máquina fotográfica e guia de identificação de aves (NAROSKY; YZURIETA, 2003).
O comportamento reprodutivo foi analisado por
meio da avaliação da morfometria dos ninhos e estratégias
reprodutivas. Os ninhos ativos encontrados foram acompanhados durante o período de ocupação, para descrição do
comportamento reprodutivo da espécie.
A obtenção dos dados morfométricos dos ninhos foi
realizada mediante medições, da profundidade da câmara oológica, altura dos ninhos em relação ao solo, comprimento do
topo até a base, diâmetro maior e menor, descrição da forma,
substrato de apoio e material para a construção.
As estratégias de reprodução foram analisadas estimando-se o tamanho da espécie vegetal utilizada para nidificação; quantidade, coloração e forma dos ovos e cuidado
parental. Na análise do cuidado parental foi determinado,
quando possível, o tempo de permanência dos pais no ninho
alimentando os filhotes e/ou comportamentos de vigília e defesa do ninho, incluindo o número de vezes que o comportamento for executado pelos mesmos durante a observação.
Composição avifaunística
A tabela 01 descreve a composição avifaunística de
P1 e P2, totalizando 58 espécies pertencentes à 28 famílias,
representadas por 13 ordens, sendo Tyrannidae, a família
mais representativa em ambos os parques, com oito e seis
espécies, respectivamente. Em P1 foram registradas a presença de 38 espécies pertencentes à 20 famílias, representada por oito ordens, já em P2 foram registradas a presença
de 38 espécies pertencentes à 21 famílias e 12 ordens, com
destaque também a família Columbidae que representou cinco espécies. Segundo Marques e Pachaly (2010) o número
de espécies de aves é proporcional à área, além do
grau de antropização. As áreas estudadas recebem
influência humana, sendo utilizados como área de
lazer, assim a perda de hábitat e a fragmentação da
parte verde podem ter influenciado a estrutura das
comunidades de aves, o que está diretamente relacionado com o número de espécies encontradas
nos parques.
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Tabela 1: Lista das espécies encontradas nos Parques Tarquínio dos Santos (P1) e Ecológico Paulo Gorski (P2).
ORDEM
FAMÍLIA
ESPÉCIE
Anser anser
Anseriformes
Anotidae
Anas versicolor (Vieillot, 1816)
Cairina moschata (Linnaeus, 1758)
Anthracothorax nigricollis (Vieillot,
1817)
Apodiformes
Trochilidae
Chlorostilbon lucidus (Shaw, 1812)
Cathartiformes Cathartidae
Coragyps atratus (Bechstein, 1793)
Charadriiformes Charadriidae
Vanellus chilensis (Molina, 1782)
Jacanidae
Jacana jacana (Linnaeus, 1766)
Ciconiiformes
Ardeidae
Butorides striata (Linnaeus, 1758)
Columba livia (Gmelin, 1789)
Columbina talpacoti (Temminck, 1811)
Leptotila verreauxi (Bonaparte, 1855)
Columbiformes Columbidae
Patagioenas picazuro (Temminck,
1813)
Zenaida auriculata (Des Murs, 1847)
Coraciiformes
Alcedinidae
Megaceryle torquata (Linnaeus, 1766
Crotophaga ani Linnaeus, 1758)
Cuculiformes
Cuculidae
Guira guira (Gmelin, 1788)
Piaya cayana (Linnaeus, 1766)
Accipitridae
Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788)
Falconiformes
Falconidae
Caracara plancus (Miller, 1777)
Gruiformes
Rallidae
Gallinula chloropus (Linnaeus, 1758)
Sicalis flaveola (Linnaeus, 1766)
Sporophila lineola (Linnaeus, 1758)
Sporophila plumbea (Wied, 1830)
Emberizidae
Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766)
Zonotrichia capensis (Statius Muller,
1776)
Estrildidae
Estrilda astrild (Linnaeus, 1758)
Fringillidae
Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766)
Furnariidae
Furnarius rufus (Gmelin, 1788)
Pygochelidon cyanoleuca (Vieillot,
1817)
Hirundinidae
Riparia riparia (Linnaeus, 1758)
Gnorimopsar chopi (Vieillot, 1819)
Passeriformes
Icteridae
Molothrus bonariensis (Gmelin, 1789)
Molothrus rufoaxillaris (Cassin, 1866)
Mimidae
Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823)
Motacillidae
Anthus lutescens (Pucheran, 1855)
Basileuterus flaveolus (Baird, 1865)
Parulidae
Dendroica striata (Forster, 1772)
Passeridae
Passer domesticus (Linnaeus, 1758)
Thamnophilus caerulescens Vieillot,
Thamnophilidae
1816
Tersina viridis (Illiger, 1811)
Thraupidae
Thraupis sayaca (Linnaeus, 1766)
Turdidae
Turdus amaurochalinus (Cabanis, 1850)
NOME POPULAR
Ganso doméstico
Marreca cri-cri
Pato-do-mato
LOCAL
P2
P2
P2
Beija-flor-de-veste-preta
P1
Besourinho-de-bico-vemelho
Urubu-de-cabeça-preta
Quero-quero
Jaçanã
Socozinho
Pombo-doméstico
Rolinha-roxa
Juriti-pupu
Pombão
Pomba-de-bando
Martim-pescador-grande
Anu preto
Anu branco
Alma-de-gato
Gavião-carijó
Caracará
Frango-d'água-comum
Canário-da-terra-verdadeiro
Bigodinho
Patativa
Tizio
Tico-tico
Bico-de-lacre
Fim-fim
João-de-barro
Andorinha-pequena-de-casa
Andorinha-do-barranco
Graúna
Vira-bosta
Vira-bosta-picumã
Sabiá-do-campo
Caminheiro-zumbidor
Canário-do-mato
Mariquita-de-perna-clara
Pardal
Choca-da-mata
Saí-andorinha
Sonhaçu-cinzento
Sabiá-poca
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P1
P1/P2
P1/P2
P2
P2
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P1/P2
P2
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Tyrannidae
Turdus leucomelas (Vieillot, 1818)
Turdus rufiventris (Vieillot, 1818)
Capsiempis flaveola (Lichtenstein,
1823)
Empidonomus varius (Vieillot, 1818)
Griseotyrannus aurantioatrocristatus
(d'Orbigny & Lafresnaye, 1837)
Machetornis rixosa (Vieillot, 1819)
Megarynchus pitangua (Linnaeus,
1766)
Myiodynastes maculatus (Statius Muller, 1776)
Pelecaniformes
Phalacrocoradidae
Piciformes
Picidae
Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766)
Philohydor lictor (Lichtenstein, 1823)
Tyrannus melancholicus (Vieillot, 1819)
Tyrannus savana (Vieillot, 1808)
Phalacrocorax brasilianus (Gmelin,
1789)
Colaptes melanochloros (Gmelin, 1788)
Veniliornis spilogaster (Wagler, 1827)
É importante destacar em P1 a presença de Basileuterus flaveolus e Sporophila plumbea, por se tratarem de
espécies vulneráveis que correm risco de extinção. Segundo
o Instituto Ambiental do Paraná (2007), Basileuterus flaveolus é encontrada apenas no norte do estado do Paraná, onde
se encontra restrita a alguns poucos e pequenos fragmentos
de Floresta Estacional Semidecidual, fato este que corrobora
o encontrado neste trabalho, onde a espécie foi observada no
oeste do estado. Não bastasse a sua pequena e esporádica distribuição, a espécie é intensamente ameaçada por desastres
naturais e fatores antrópicos, já que esta é uma espécie dependente de micro-habitat ligado a cursos d’água. O Instituto
Ambiental do Paraná (2007) destaca ainda, a necessidade de
medidas efetivas de conservação que precisam ser tomadas
localmente, e a importância de se estabelecerem Unidades
de Conservação para esta espécie. Já Sporophila plumbea é
uma espécie muito capturada para manutenção em cativeiro
e comércio ilegal, o que tem diminuído intensamente o número de indivíduos da espécie, além disso, ela apresenta uma
distribuição regional restrita, ocorrendo em paisagens abertas, como os Campos Naturais e Cerrado. Além dos fatores
descritos anteriormente, a Sporophila plumbea ainda é ameaçada pela constante perda de hábitat, onde acaba perdendo
seus sítios de nidificação e alimentação. Devido à pequena
extensão paranaense desses hábitats ocupados pela espécie, a
necessidade de conservação da espécie se faz em nível de urgência, sugerindo-se ainda, estudos que vinculem a biologia
da espécie para que, se assim for necessário, possa-se efetuar
um manejo tanto da espécie quanto do hábitat ocupado pela
mesma.
Nos meses de abril e de maio de 2008, observou-se
a presença de Dendroica estriata, que é uma espécie migratória da América do Norte, alimentando-se no P1. Esta espécie
possui hábitos arbóreos e ocupa hábitats florestais, embora
durante a migração, é vista alimentando-se no chão. É registrada frequentemente na Venezuela, onde ocorre como ave
Sabiá-barranco
Sabiá-laranjeira
P1
P1/P2
Marianinha-amarela
P1
Peitica
P2
Peitica-de-chapéu-preto
P1
Suiriri-cavaleiro
P1/P2
Neinei
P1
Bem-te-vi-rajado
P2
Bem-te-vi
Bentevizinho-do-brejo
Suiriri
Tesourinha
P1/P2
P1
P1/P2
P1/P2
Biguá
Pica-pau-verde-barrado
Picapauzinho-verde-carijó
111
P2
P1/P2
P2
de passagem, sendo ocasionalmente visualizada nas Guianas,
Colômbia, Equador, Peru e na Amazônia Brasileira, além de
ser registrada no Rio de Janeiro e São Paulo (SICK, 1997),
não havendo nenhum registro no Paraná.
Poletto (2002) trabalhou com levantamento de aves
em P2, registrando a ocorrência de 77 espécies pertencentes
à 15 ordens e 34 famílias. A fim de confirmar a presença destas espécies, o levantamento foi novamente efetuado, pois
ele exerce profunda relação com a nidificação também estudada no Parque. O fato de terem sido registradas 38 espécies
pertencentes à 21 famílias e 12 ordens neste estudo é algo a
ser investigado, visto que inúmeros fatores podem colaborar
para tal situação. P2 é uma área muito antropizada, pessoas
circulam pelos arredores, e muitas vezes a ação causada pela
população não é vantajosa, a presença da população causa
muito barulho e pode prejudicar a permanência das espécies
no local, causando a fragmentação de habitat e perda da parte
verde. Possivelmente tal situação foi provocada em função
das condições climáticas que se alteram de um ano para outro, como precipitação, umidade, temperaturas mínima/média/máxima.
Dentre as espécies observadas em P2, nenhuma se
encontra em riscos de extinção (IAP, 2006).
2. Caracterização do comportamento reprodutivo
2.1 Parque Tarquínio Joslin dos Santos (P1)
O comportamento reprodutivo foi analisado de fevereiro a setembro de 2008. As nidificações de Zenaida auriculata, Furnarius rufus, Pitangus sulphuratus e Machetornis
rixosa foram registradas no parque. Em função de dificuldade de acesso foi realizado a morfometria dos ninhos apenas
para Zenaida auriculata. Os ninhos (oito) se apresentaram
na forma de plataforma, como diagnosticado no trabalho de
Guaraldo e Gussoni (2006), sendo que as médias morfomé-
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tricas foram: 1,90 m de altura em relação ao solo; 5,75 cm de
topo\base; 0,75 cm profundidade; 13,62 cm diâmetro maior e
10,62 cm diâmetro menor; em relação ao substrato de apoio,
predominam uma forquilha entre dois galhos, tronco seco e
apenas um galho como suporte. O material para construção
foi o parâmetro que mais variou, visto que os ninhos apresentavam, em sua grande maioria, gavinhas e gravetos, mas
ainda foram encontrados outros materiais como folhas, raízes, fios de nylon e frutos secos, como verificados no trabalho de Guaraldo e Gussoni (2006). Zenaida auriculata é uma
espécie que não apresenta especialidades em construção de
seus ninhos, assim sua estratégia de reprodução, durante a
nidificação, é permanecer todo tempo sobre o ninho ou próximo dele.
Os ninhos apresentaram dois ovos, com coloração
branca, também observado por Guaraldo e Gussoni (2006).
Na fase de incubação dos ovos foi verificada a presença de
um individuo adulto sobre o ninho. O individuo adulto não
saía do ninho, nem mesmo com a aproximação do coletor,
isto pode estar relacionado à falta de camuflagem dos ovos e
os ninhos ralos construídos pela espécie. Sick (1997) afirma
que esse comportamento está diretamente relacionado com o
cuidado parental, pois o fato do individuo permanecer sobre
o ninho, parece, para o predador, que ele está ferido, assim
despistaria uma ameaça. Em um dos ninhos, foi possível verificar a eclosão de apenas um dos ovos. É imprescindível
ressaltar, que o acompanhamento do desenvolvimento dos
ninhegos, foi interrompido devido ao vandalismo. O fato de
Zenaida auriculata ser abundante em relação à nidificação
em P1 pode estar ligada a fácil adaptação que as avoantes
apresentam em ambientes modificados. Sick(1997) menciona que a espécie modifica seus hábitos naturais para se adaptar a novas alterações ambientais.
O fato de ocorrerem 38 espécies e apenas quarto
destas nidificarem em P1 é algo a ser investigado, visto que
inúmeros fatores colaboram para essa situação. O Parque é
pequeno e uma área bastante antropizada, pessoas circulam
pelos arredores, e muitas vezes a ação causada pela população não é vantajosa, já que, como registrado no presente
trabalho, um ninho foi destruído devido ao vandalismo, além
disso, a presença da população causa muito barulho e prejudica a permanência das espécies no local. Ainda, existem espécies de aves que nidificam em substratos específicos, e P1
é pouco diversificado floristicamente, inclusive foram introduzidas algumas espécies vegetais no local, o que poderia estar afetando a nidificação de determinadas espécies. Algumas
espécies podem nidificar nos meses em que não foi realizado
o estudo (outubro a janeiro). Algumas espécies podem estar
usando a área apenas como pontos de alimentação, repouso e
ainda serem migrantes, como foi o caso de Dendroica srtiata.
Além disso, outro fato que contribui para o baixo número de
espécies nidificantes em P1 é a camuflagem de ninhos, a inacessibilidade e demais estratégias de reprodução de algumas
espécies.
Parque Ecológico Paulo Gorski (P2)
O comportamento reprodutivo foi analisado de
dezembro de 2007 à outubro de 2008. As espécies encontradas nidificando no período foram Zenaida auriculata (16
ninhos), Furnarius rufus (seis ninhos), Machetornis rixosa
MODEL, K. J.; REMOR, M.; NASCIMENTO, J. E. do.
(um ninho), Megarhynchus pitanguá (um ninho), Turdus rufiventris (um ninho), Crotophaga ani (um ninho) e Butorides
striata (um ninho). Dentre dos ninhos que passaram pela fase
de morfometria, dos identificados, apenas o ninho de Crotophaga ani, e 11 dos ninhos de Zenaida auriculata, puderam
ser descritos, os demais devido a altura em que se encontravam, impossibilitaram a coleta.
Em dezembro foi registrado um ninho ativo de
Crotophaga ani (anu preto), este se apresentava alargado e
arredondado, apoiado em uma forquilha com dois galhos,
possuía 20 cm de topo\base; oito centímetros de profundidade da câmara oológica; 25 cm de diâmetro maior; 20 cm de
diâmetro menor e 2,30 m de altura em relação ao solo. Além
disso, o ninho foi construído com pequenos galhos, gravetos
e gavinhas, nele foram encontrados sete ovos elípticos, azul-esverdeados. Sick (1997), afirma que ninhos de Crotophaga
ani são grandes, profundos e os ovos são azul-esverdeados,
podendo variar de quatro a sete por ninho, estes recebem cuidados de até 20 indivíduos (nidificação é coletiva). Observou-se a constante presença de um indivíduo adulto em uma
árvore próxima ao ninho que vocalizava intensamente em
alta frequência, conforme o coletor se aproximava do ninho,
maior era a vocalização e mais próximo o adulto chegava
do coletor, três minutos após a vocalização apareceram mais
quatro indivíduos, que vocalizavam intensamente, e então
começaram a sobrevoar o local até o término da coleta. Um
fato interessante em relação à nidificação da espécie é a presença de folhas verdes no interior do ninho, como verificado
por Sick (1997), o qual descreve que este comportamento é
efetuado pelos indivíduos que chocam o ninho, como forma
de camuflagem.
A Zenaida auriculata apresenta ninhos na forma
plataforma, onde as médias dos dados morfométricos são:
altura em relação ao solo 2,22 m; topo\base 4,45 cm; profundidade da câmara oológica 1,09 cm; diâmetro maior 9,90 cm
e diâmetro menor 7,0 cm. Em relação ao substrato de apoio
predominaram forquilha entre dois galhos, apenas um galho,
onde geralmente, os ninhos se encontravam mais na extremidade, sobre vários galhos finos e um deles estava na cavidade
de um tronco seco. Quanto ao material de construção, foram
observadas a presença de folhas, gavinhas, gravetos e raízes, dados estes que confirmam os verificados no trabalho de
Guaraldo e Gussoni (2006).
Cinco ninhos de Zenaida auriculata, estavam ativos,
destes foi possível verificar a construção ou reforma de um
ninho em um Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman (Jerivá), onde um indivíduo permanecia sobre o ninho e o outro
procurava o material de construção no solo, como verificado
por Guaraldo e Gussoni (2006). Observou-se dois ninhos em
período de incubação, nestes havia dois ovos brancos cada,
como afirmado por Sick (1997) e Guaraldo e Gussoni (2006).
Verificou-se também a incubação de dois ninhos contendo
dois ninhegos, em um desses ninhos o adulto incubou apenas
um dos filhotes. Um comportamento registrado e interessante
foi a presença de um filhote de tamanho médio, sobre um galho que recebeu cuidado do casal, enquanto um o alimentava
com sementes, o outro atacava indivíduos que se aproximassem do local. Sick (1997), afirma que o casal alimenta os
filhotes com sementes depois que estes saem do ninho.
A nidificação da espécie Turdus rulfiventris foi verificada pela presença de um ninho que se encontrava a apro-
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ximadamente seis metros de altura em relação ao solo, o que
impossibilitou a morfometria. Observou-se a incubação de
um ou mais filhotes, assim identificada pela vocalização do
mesmo(s). Com a aproximação do coletor à árvore em que
se encontrava o ninho, o adulto em prol de defesa, executou
vôos rasantes e próximos ao observador. Além disso, foi registrada a alimentação, na qual o adulto alimentava o filhote
a cada oito minutos, sendo que o adulto permanecia no ninho após a alimentação por três minutos. Segundo Almeida,
Evangelista e Silva (2012), a alimentação normalmente é feita pelo casal e mesmo após a saída do ninho como estratégia
de evitar a predação neste período.
Furnarius rufus apresentou seis ninhos ativos, encontrando-se em locais inacessíveis, sempre na extremidade dos galhos, em forma de forno e construídos com barro,
como verificado no trabalho de Pereira et al. (2006). Foi possível observar que o cuidado parental é feito pelo casal, alternadamente. Na alimentação, enquanto um indivíduo busca
alimento o outro ficava no ninho, assim que aquele chegava
com o alimento, vocalizava intensamente e mantinha uma
postura ereta na entrada no ninho, então o outro adulto saía
do ninho para que este entrasse e alimentasse o filhote. Este
comportamento alternado se repetiu por duas vezes, depois
das duas aves permaneceram dentro do ninho.
A nidificação de Machetornis rixosa, Megarhynchus pitangua foi verificada pela presença de incubação de
um indivíduo adulto sobre o ninho e Butorides striata pela
presença do adulto com dois filhotes.
O fato das demais espécies não nidificarem em P2
pode estar relacionada aos mesmos fatores citados para o P1
Conclusão
O Parque Tarquínio Joslin dos Santos e o Parque
Ecológico Paulo Gorski apresentam composição avifaunística relevante, e algumas espécies ocupam estes locais como
sítios de nidificação, repouso e alimentação. Vale ressaltar
também que foram encontradas duas espécies em risco de
extinção (Basileuterus flaveolus, Sporophila plúmbea) e
necessitam ser preservadas, assim como os locais que elas
ocorrem, sendo imprescindível destacar a importância da
manutenção de Parques em ambiente urbano.
Os parques urbanos sofrem muita influência antrópica, e grande parte da população que ocupa estas
áreas como lazer, acaba interferindo na nidificação das espécies, talvez por falta de incentivo e conhecimento sobre o
assunto, assim pode-se sugerir que mais trabalhos em âmbito
ambiental e educacional, para que as espécies encontradas
possam permanecer nos parques e assim também nidificarem.
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Recebido em: 14/07/2014
Aceito em: 14/08/2014
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