O poder da Palavra para a vida!

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O Caminho da Graça
O poder da Palavra para a vida!
Caio Fábio
Vamos ler em João 20. 30 – 31...
“Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram
registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.”
dificuldade de registro apenas alguns
poucos foram selecionados.
E no caso deste evangelho que nós lemos,
João diz que conquanto ele estivesse
presente desde os primeiros dias e que
tivesse visto praticamente tudo e não
perdido nada, ele foi absolutamente
seletivo e criterioso na escolha dos sinais
em razão dos quais ele construiria a
arquitetura da sua mensagem (mensagem
que nós chamamos de evangelho de João
porque é a boa nova de Jesus segundo a
pregação de João, mas que poderíamos
perfeitamente chamar de mensagem de
João sobre o Evangelho). João não está
nem um pouco preocupado em fazer uma
narrativa sequencial nem de acurácia
histórica
nos
seus
detalhes
e
sequencialidades. João está como eu estou
diante de vocês hoje aqui: pregando. Só
que ele está pregando de modo escrito. E
pregando sem aquela preocupação de
iniciar com um determinado fato histórico
numa linha do tempo e seguir essa linha do
tempo até o último fato histórico
importante de Jesus entre nós neste
Planeta. João é o último de todos a
escrever. Já tinha vindo o evangelho de
Marcos, já surgira o de Mateus com
acréscimos ao de Marcos, já surgira o de
Lucas. E agora é João, o idoso, o velho,
escrevendo; quando Pedro já tinha
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João nos dá conta de que os sinais que
Jesus fez foram absolutamente para além
da
possibilidade
de
registro
–
especialmente numa época em que todo e
qualquer registro significava um trabalho
penoso. Dois mil anos atrás não havia esses
iPhones que nós usamos, as pessoas não
ficavam como nós, lendo a bíblia num
“iPhonezinho”, escrevendo mensagens de
texto; para se mandar um bilhete era uma
mão de obra, era quase como comprar um
tablet, escrever uma mensagem e mandar.
Pergaminhos de literatura eram difíceis,
grandes, pesados, inadequados. Então,
qualquer que fosse o trabalho literário,
tinha que ser objetivo, não se podia dar-se
ao luxo de escrever por escrever; o que se
escrevia
tinha
de
ser
pensado,
premeditado, repensado e escrito, porque
a tecnologia das escritas era complexa –
não o ato de escrever, mas os materiais
para se escrever, para se registrar, os
registros eram difíceis. E essa é uma
realidade que não cabe na nossa mente,
nesta época em que temos nanochips com
capacidade de bilhões de registros, e cada
dia eles ficam menores, com a capacidade
de registro maior. Dois mil anos atrás seria
magia do inferno, pensar-se em tal
possibilidade. Então, muitos foram os sinais
que Jesus fez, mas por essas razões de
O Caminho da Graça
subdiretórios dessas amarrações, desses
sete pilares principais do evangelho de
João, a saber:
O milagre da transformação de água em
vinho no casamento em Caná da Galileia.
Esse é o primeiro sinal, é o primeiro milagre
que João descreve. E por trás desse milagre
tem uma quantidade enorme de
implicações, de subimplicações, de
aplicativos diversos, a respeito dos quais eu
poderia passar a noite inteira falando e não
chegaria sequer a arranhá-los, de tantos
que são. E eu quero ser apenas tópico,
como tópico me insinuou João que fosse,
ao dizer: são sete, e em torno desses sete
eu construí tudo o que disse a vocês com
uma intenção objetiva: “para que creiais
que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para
que, crendo, tenhais vida em seu nome”. E
esse também é, absolutamente, o meu
objetivo aqui. O primeiro milagre, então,
acontece no casamento em Caná da
Galileia. É Jesus entrando na natureza, na
estrutura
atômica
da
criação,
e
transformando, a partir da dimensão
subatômica, moléculas de água em
moléculas de vinho; e de um vinho da
maior qualidade possível, como se tivesse
sido envelhecido durante anos para ganhar
aquele tempero do melhor vinho, que
deixou o mestre-sala estupefato, deixou
estupefatos os convidados, o noivo e todos
os que dele provaram. E as mensagens
implicadas, como eu disse, são diversas e
muitas.
A primeira é óbvia: tem a ver com a
declaração
dessa
capacidade
de
intervenção de Jesus na natureza essencial
da matéria, na construção essencial dos
pilares, dos nanoplilares do Universo; de
mexer nisso, transformar a natureza
essencial da natureza, mexer nessas
realidades caracterizadoras do que se
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morrido, Paulo já tinha morrido,
provavelmente Lucas e Mateus já tivessem
morrido,
a
maioria
dos
seus
contemporâneos já se tinham ido – todos
os apóstolos, à exceção dele, João, haviam
morrido mortes de martírio. E ele estava aí
entre os oitenta e os noventa anos de idade
quando escreveu este evangelho que nós
temos nas mãos. Estava idoso e vivendo
uma vida totalmente carregada das
memórias
de
tudo
o
que
ele
experimentara. E como todo homem idoso,
extremamente econômico no que ele
queria dizer e extremamente consciente de
que precisava dizer o que os outros não
tinham dito. Por isso ele jamais escreveria
um evangelho sinótico, um evangelho
como o de Marcos, que depois serve de
base para Mateus, o qual, depois, serve de
estruturação para Lucas. João, ao contrário,
olha para trás com a objetividade de um
ancião e diz: o que tinha que ser dito sobre
essas sequências já está bem dito; agora eu
tenho a dizer coisas que não foram ditas
ainda. E ele diz milhões de coisas,
literalmente: o texto é pequeno – o
evangelho de João tem 21 capítulos – mas
cada frase desse evangelho abre um
mundo de compreensões. Só que ele
estrutura tudo isso à volta de sete sinais.
Por isso, a ênfase dele no texto que lemos,
foi: Na verdade, Jesus fez muitos outros
sinais, que não estão registrados nesse
livro; mas esses que aqui eu registrei, eu o
fiz para que creiais que Jesus Cristo é o filho
de Deus, e para que, crendo, tenhais vida
em seu nome. Esse é o objetivo de João. E
entre esses sete sinais ele entremeia uma
quantidade enorme de afirmações de
Jesus, de frases de Jesus, de diálogos de
Jesus, de confrontos de Jesus, de
declarações
de
Jesus;
algumas
completamente conectadas com esses
sinais descritos; outras vão sendo
O Caminho da Graça
Sobre esta, acrescente-se uma segunda: ele
altera não apenas a natureza essencial das
coisas, mas altera também a designação
das coisas. Aquilo que antes era uma coisa,
nas mãos dele, pela palavra dele, se
transforma numa outra. Aquilo que
carregava um significado – que era água –,
diante da palavra e da vontade dele se
transforma em outra coisa, se transforma
em vinho. Aquilo que era para matar a sede
se transforma em algo para gerar a euforia
da alegria.
A terceira implicação também é óbvia.
Aquilo que deveria produzir a euforia da
alegria em uma festa humana havia se
esgotado, acabado, mas pela intercessão
que a Jesus fizeram houve, da parte dele, o
desejo, a volição de fazer com que a alegria
humana não fosse interrompida por
nenhuma contingência de escassez. De
modo que em transformando água em
vinho, em solidarizando-se com a situação
do noivo e da noiva no casamento, e em
produzindo um milagre dessa natureza,
fazendo com que o vinho que acabara
surgisse de uma natureza dissimilar à sua e
aparecesse nas muitas talhas (que ficaram
lotadas do vinho bom e maravilhoso que
pela palavra do seu poder se criara), vem a
afirmação de Jesus sobre a solidariedade
dele para com as simplicidades da alegria
humana, vem a declaração dele do
empenho da sua vontade para que aquilo
que faça parte dos nossos sonhos de
alegria não seja estancado por nenhuma
escassez desnecessária. Ou seja, Jesus
declara que não é um capricho exagerado
do ser humano desejar alegria, felicidade,
gosto, sabor, beijo, bodas, encontro,
fraternidade. Essas coisas fazem parte da
constituição de todos nós, e existe uma
solidariedade divina nessa direção. Não em
relação a gerar uma tirania da
conjugalidade, mas, com certeza, a
possibilidade
de
que
todos
nós
experimentemos
felicidade,
bemaventuranças. Não necessariamente pela
via da conjugalidade, mas necessariamente
pela via da fraternidade, da amizade, do
encontro humano, de vínculos novos. Tudo
isso faz parte dessas bodas da existência
segundo Jesus, segundo o Evangelho. É
vontade de Deus, em Cristo Jesus, que esse
milagre aconteça na vida humana. E eu
paro aqui, para não dizer mais tantas outras
coisas a esse respeito.
O segundo milagre aparece em João 3,
naquela afirmação de Jesus de que o
homem pode nascer de novo. É um milagre
de natureza subjetiva: não é voltar ao
ventre materno e nascer segunda vez, é um
sinal que só pode ser verificado na
subjetividade, por quem o experimentou. É
possível a um homem velho nascer de
novo. É possível a um ser humano que já
tenha um arcabouço mental, intelectual,
acadêmico, religioso, formal – como
Nicodemos – pela fé nascer por um
processo de entrega a Deus, de abandono
em Deus, de abertura para Deus, de ser
invadido por Deus, de sofrer uma
metanoia, uma mudança de mente, uma
reviravolta nos pensamentos, um refazer
de todo o seu processo mental, uma
recriação supracerebral, uma regeneração
de mente, de pensamento, de estrutura de
interpretação, de entendimento, de
sentimento; nascendo, assim, do selo da
água, significando com isso, uma marca
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expresse aos nossos sentidos como tendo a
fisionomia disto ou daquilo: ou de água ou
de vinho. Jesus mexe na natureza
molecular dessas estruturas, mostrando
esse poder que visita os elementos
indisponíveis aos nossos sentidos e altera a
natureza essencial de todas as coisas nesta
vida. Esta é a primeira realidade.
O Caminho da Graça
O terceiro milagre é aquele que aparece no
capítulo 4 de João, descrito no cenário de
Jesus com sede, ao meio dia, à beira de um
poço, e uma mulher que vem da cidade de
Siquém, hoje na Cisjordânia, pegar água.
Jesus pede a ela de beber e inicia-se um
diálogo. Como muitos já ouviram essa
história inúmeras vezes, vou sintetizá-la:
quando Jesus pede água, a mulher diz:
Como é que tu, sendo um judeu, me pedes
de beber? (pois os judeus não se dão com
os samaritanos, odeiam-nos). E Jesus
respondeu: Ó, mulher, se tu souberas quem
é que te pede de beber, tu lhe pedirias e ele
te daria água viva. E a mulher diz: Como é
que pode? Porventura tu és maior do que o
nosso pai Jacó, que cavou esse poço, para
que tu tenhas contigo a água viva? E Jesus,
olhando para o fundo do poço, respondeu
à mulher: Em verdade eu te digo que quem
beber desta água voltará a ter sede; aquele,
porém, que beber da água que eu lhe der
nunca mais terá sede. Aí, a mulher disse:
Senhor, me dá sempre dessa água, porque
eu não aguento mais vir aqui a esse poço,
desde pequenininha, pegar dessa água; eu
pego e eu bebo, e eu pego, e eu pego, e eu
bebo, e eu bebo, e a sede não vai embora
nunca, nem sede de água, nem sede de
amor, nem sede de afeto, nem sede de
homem, nem sede de abraço, nem sede de
religião; é uma sede enorme, me dá dessa
água viva para acabar com essa jornada na
minha vida! E Jesus disse: Vai, chama teu
marido e vem cá novamente. Respondeu a
mulher: Eu não tenho marido. E Jesus
replicou: Bem disseste: eu não tenho
marido; porque cinco marido já tiveste, e
este que agora tens não é teu marido; isso
tu disseste com verdade. Mas eu não sou
dono de cartório, então, não tem um
homem vivendo contigo, vocês não
dormem juntos, não partem o pão juntos,
não comem o pão juntos? Então: teu
marido; vai, chama-o e vem cá. Porque eu
não estou entrando nessas minúcias da lei,
eu estou tratando apenas da condição
humana em que tu vives. Chama o homem
com quem tu compartilhas a existência e
vem aqui. E ela foi e o chamou.
Esse mesmo tema da água vai ser
retomado por João no capítulo 7, lá no
templo de Jerusalém, no último dia da
Festa dos Tabernáculos, quando Jesus se
colocou em pé na esquina do altar depois
que o sumo sacerdote derramou ali, do
interior de um vaso de ouro, a água que
colhera num poço de Siloé. Jesus ficou em
pé na esquina molhada do altar e disse: “Se
alguém tem sede, venha a mim e beba.
Quem crer em mim, como diz a Escritura,
do seu interior fluirão rios de água viva”. De
modo que o terceiro sinal que João marca e
usa, a terceira analogia que haverá de
pervadir o significado de tudo o que ele diz
no seu evangelho é essa da água viva, que
trata dessa necessidade essencial do
homem de só encontrar satisfação, sentido,
significação, plenificação, realização, de só
encontrar a sua própria individuação
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simbólica do arrependimento; e nascendo
do Espírito, significando, com isso, um
nascimento supracarnal, um nascimento
ultramaterial, um nascimento que acontece
pela via de que não o nosso corpo, não a
nossa carne, não os nossos cromossomos,
mas o DNA da nossa essência de
individuação, o nosso espírito, a nossa
singularidade total seja alterada por uma
intervenção de Deus, pela palavra de Deus,
pela emulação da fé, pelo tremular do
Espírito Santo em nós, por essa gestação
que a divina semente da palavra da vida
plantada em nós produz fazendo eclodir o
novo homem; por essa metamorfose divina
que o Evangelho diz que precisa acontecer
em todos nós. “Necessário vos é nascer de
novo”.
O Caminho da Graça
O quarto sinal que João nos apresenta está
no capítulo 5 e acontece lá no poço de
Betesda. É o caso daquele homem que
havia trinta e oito anos estava esperando
que, conforme a expectativa religiosa do
judaísmo, a água do tanque fosse movida
por um anjo que lá descia uma vez ao ano,
quando o primeiro a conseguir se jogar
para
dentro
do
tanque
seria
imediatamente curado de toda e qualquer
doença ou enfermidade que tivesse.
Aquele homem estava ali havia trinta e oito
anos (talvez mais do que o tempo que você
tem de vida) esperando que mexessem a
água. O lugar estava cheio, e Jesus vai
direto em cima dele, e lhe pergunta: Tu
queres ser curado? O homem diz: Ah,
Senhor, eu não tenho quem me tire daqui e
me ponha nesse poço.
O que esse homem expressa, o que ele
caracteriza, o que ele define, o que ele
simboliza para nós é o ser viciado na sua
própria condição adoecida, é o ser humano
viciado na sua própria doença, é a doença
como duplamente enfermiça, não só
naquilo que ela produz como enfermidade,
mas também fazendo o indivíduo ficar
enfermo da condição mental da
enfermidade, fazendo o enfermo da
enfermidade
ir
aprofundando
e
desenvolvendo um vício da doença no
próprio ser. Por isso Jesus lhe faz a
pergunta óbvia: Tu queres ser curado?
Porque àquela altura, o que um dia fora um
horroroso desconforto e conquanto
continuasse a ser o álibi dos discursos
daquele homem, inconscientemente já se
transformara, já se incrustara, já se
enraizara nele como a sua condição, como
o seu carma. É quando o Evangelho chega
para quebrar o nosso condicionamento
cármico, é quando o Evangelho chega para
desestruturar as nossas doenças viciosas,
os nossos vícios adoecidos, os nossos
condicionamentos e os nossos ciclos de
retroalimentação da morte, seja isso
emocional, seja isso afetivo, seja isso
mental, seja isso comportamental, seja isso
nos ciclos que haja em nós, seja isso
orgânico, seja nas dependências mais
variadas que a gente crie. É quando a vida
se fecha num ciclo de morte e Jesus
intervém para quebrar esse ciclo. E para
que aquele que crê tenha vida em seu
nome.
Outro sinal é aquele que aparece em João
6, quando Jesus está pregando e, depois de
dias anunciando a Palavra, ele vê que as
multidões diante dele estão com fome,
muita fome. E ele diz: Dai-lhes vós mesmos
de comer. E os discípulos perguntaram:
Mas onde é que a gente vai arranjar comida
para essa multidão tão grande?! Até que
aparece ali um menino que tinha no seu
farnelzinho cinco pães e dois peixinhos.
Cinco pães e dois peixinhos! E Jesus manda
que tragam o menino até ele. Imagine só:
havia ali uma multidão de cinco mil
homens, fora as mulheres e crianças, e aí
chega
um
carinha
absolutamente
perturbado – graças a Deus – e diz: olha,
tem aí um menino com cinco pães e dois
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satisfatória, só encontrar descanso, só
encontrar o seu dessedentamento, só
encontrar
saciedade,
só
encontrar
plenitude de alegria, só encontrar a si
mesmo e a Deus, só beber dessa água da
vida se beber da fonte eterna de Jesus, pela
fé. E fora isso, e antes disso, e sem isso a
vida humana é uma existência de busca, de
sede e de insatisfação, diz João. Por isso ele
afirma: Eu tenho dito a vocês estas coisas
para que qualquer que creia tenha
saciedade em seu nome, tenha satisfação
em seu nome, seja dessedentado em seu
nome; e do seu interior fluam rios de água
viva.
O Caminho da Graça
E a implicação disso é óbvia. Jesus está
dizendo, e vai dizer depois: Eu sou o pão
vivo que desceu do céu; aquele que comer
desse pão nunca mais terá fome, o que
beber dessa água nunca mais terá sede;
quem come desse pão experimenta essa
realidade de provimento interior constante,
essa multiplicação, essa saciedade eterna. E
mais do que isso, ele também está dizendo:
Creiam na minha provisão, creiam que
qualquer pouco, para mim é mais do que
suficiente; eu sou aquele que chamou do
nada a existência – todas as coisas ex nihilo
–, quanto mais a partir da própria matéria
prima que eu mesmo criei? Eu posso fazer
de cinco pães e dois peixinhos trilhões de
outros cosmos, quanto mais comida para
vocês! Creiam na minha graça, creiam na
minha provisão interior e exterior, creiam
na minha providência. Organizem a vida e
creiam na minha providência. Ofereçam a
mim o que vocês tenham e creiam na graça
da minha intervenção. E não haverá jamais
saciedade interior, não haverá jamais o
provimento exterior; tão somente tragam o
que vocês possuam, e ofereçam a mim,
com gratidão, o que quer que vocês já
tenham nas mãos, e creiam que o
provimento interior é incessante, que a
provisão exterior jamais faltará.
E essas coisas – João afirmou – eu vos disse
para que, crendo, tenhais vida interior, vida
exterior, descanso em todos os níveis, em
seu nome.
O outro sinal é aquele que acontece em
João 9, o caso do cego de nascença, do
homem que nunca vira. E Jesus chega e vai
ao encontro dele. O homem não pede
ajuda, não faz oração, não demanda nada,
o homem nem sabia que Jesus estava
passando. O homem não está fazendo
coisa alguma, ele simplesmente é – é cego.
E como cego, é alienado, não tem
percepção, não tem conexões. E diante
dessa desconexão do homem há uma
intervenção, um certo estupro do amor de
Deus, porque é Jesus que chega lá sem
pedir licença, abusivamente. Onde quer
que a consciência humana perceba, a
consciência humana tem que interagir com
Deus. Somente onde a consciência humana
não percebe é que Deus se permite fazer
intervenções de graça estuprante na
existência. Aquele que tem ouvidos para
ouvir, ouça; quem tem olhos para ver, veja;
quem tem como se manifestar, manifestese; mas aqui no caso desse homem, ele é
alienado, se ele não fosse visto ele não
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peixinhos. Eu queria saber o nome desse
cara! Quem era esse Raul Seixas, na
assembleia?! Uma das minhas curiosidades
na eternidade é conhecer esse cara, eu
gosto de gente assim. Vou dizer a ele: Meu
mano, valeu, que bom que você existiu!
Que maravilha, esse sujeito! Tem que ter
um maluco que olhe para cinco mil pessoas
e diga: tá faltando comida, é? Tem um
garoto aqui que tem cinco pães e dois
peixinhos. E Jesus diz: Oba! Melhor do que
cinco pães e dois peixinhos é um maluco
que acredita nisso; trazei-me o menino. Aí,
trouxeram o garotinho. E Jesus mandou
que os discípulos organizassem o povo em
grupos, fazendo-os assentarem-se na relva.
Depois pegou os cinco pães e dois
peixinhos e deu graças a Deus. Então a
matéria começou a se multiplicar a partir
da dimensão subatômica, quântica.
Ninguém via peixe pulando, era um
milagre em que simplesmente as coisas
iam aparecendo sem serem notadas:
quanto mais se pegava, mais havia para se
tirar, mais havia para se tirar, mais havia
para se tirar... E houve tanto para se tirar e
se retirar, que depois de comerem foram
muitos os cestos usados para recolherem
as sobras, para que nada se perdesse.
O Caminho da Graça
E é acerca desse episódio que Jesus virá a
dizer: Eu sou a luz do mundo. E eu vim a
este mundo para que aqueles que dizem
que veem tornem-se cegos, e para que
aqueles que não veem passem a ver. Para
que aqueles que têm a presunção da visão
fiquem cego, e para que aqueles que dizem
que não veem recebam a graça da
percepção e se enxerguem, se percebam; e
não somente percebam a vida, mas se
percebam na vida. Eu sou a luz do mundo.
E João disse: E ele fez isso para que todo
aquele que crer, crendo, tenha vida em seu
nome.
E, por último, nós chegamos ao capítulo 11,
onde é narrada a ressurreição do amigo
Lázaro. Lázaro morre, está há quatro dias
putrefato, malcheiroso, já sepultado, com
uma pedra à frente do túmulo, com todas
as situações rituais do sepultamento
consumadas. Jesus chega, intervém, tira a
pedra, chama o morto. E, de repente, nesse
corpo já apodrecido, já cheirando mal,
inchado, com o cérebro liquefeito, com o
sangue que era só salmoura, com os
pulmões em estado de liquefação, gases
para todos os lados, tudo nele em processo
de morte, vermes proliferando, bactérias
crescendo, micróbios de toda ordem
dentro dele, de repente, nesse corpo
apodrecido como um cavalo de quatro dias
na beira da estrada, penetra a voz do
Eterno: “Lázaro, vem para fora!”. E sai
aquele que estava morto.
E com isso Jesus estava ensinando uma
outra coisa: Eu sou a ressurreição e a vida.
Quem crê em mim, ainda que morra
fisicamente, viverá; e todo aquele que,
vivendo, creia em mim, nunca conhecerá a
realidade da morte, porque já carrega
dentro de si a projeção da eternidade;
jamais conhecerá nenhuma morte como
morte, a morte morreu para ele, porque eu
sou a ressurreição e a vida; quem crê em
mim carrega esse espírito da ressurreição. E
para ilustrar o poder dessa ressurreição,
para caracterizar definitivamente ante os
sentidos de vocês o poder da minha
palavra para realizar a vitória sobre a morte,
eu chamo de volta à vida esse ser
absolutamente apodrecido. E eu faço isso
ilustrando a partir da putrefação e da
condição da morte física, para iluminar os
sentidos de vocês sobre a reversão da
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veria. E porque ele não veria mas apenas
podia ser visto, o texto diz que Jesus,
vendo-o, foi diante dele e fez o que não fez
em mais ninguém: cospe no chão (que
coisa maravilhosa, Jesus dando aquela
cusparada no chão. Se eu fizesse isso aqui,
teria gente fazendo cara de nojo, todo
mundo politicamente correto), se abaixa,
pega terra, faz aquele emplastro, junta, e
emplastra tudo, enlameia a cara do sujeito
– a cena descrita é abusiva. Então Jesus diz
ao cego: Vai ao tanque de Siloé e te lava. E
o homem: É claro que eu vou! Iria eu ficar
melado o dia inteiro?! Me levem, por favor,
ao tanque de Siloé! E lá vai ele, do templo
até o tanque de Siloé, distância que dá uns
dois quilômetros de ladeira. Não era uma
decida fácil, não, mas lá chega o homem:
cadê a água, pelo amor de Deus? E ele se
abaixa, joga água no rosto, começa a se
lavar. Aí ele olha e a luz vai entrando...
Aquele que fez o olho começa a criar nele
um globo ocular, e todo o processo físico
de fótons vai penetrando por esse novo
órgão, por toda a estrutura ótica que vai
sendo criada, até que chega ao cérebro do
homem. E o cérebro, que nunca tinha feito
uma leitura sequer do ambiente exterior,
começa a ler: luz, silhuetas, formas,
definições, contornos, densidades, cores. E
o homem grita. E enxerga-se a si mesmo
pela primeira vez, identifica sua face no
reflexo da água, se percebe.
O Caminho da Graça
E João diz: Esses sinais foram registrados
para que creiais que Jesus é o Cristo, é o
Filho de Deus; e para que, crendo, tenhais
vida em seu nome. Vida afetiva, gosto,
sabor, alegria, relacionalidade, como num
casamento.
E também vida pela Palavra, conforme
outro sinal que está lá no capítulo 4 desse
evangelho de João: o caso do filho do
oficial do rei, que estava doente e Jesus o
curou à distância mandando uma palavra.
Mostrando, assim, que a vida que Deus
quer colocar e implantar dentro de nós é
essa vida que não depende de nada, a não
ser da ordem da palavra de Deus em nosso
favor e a nosso respeito. E essa palavra foi
ordenada e é ordenada em nosso favor e a
nosso respeito. E ela de si mesmo frutifica e
realiza em nós o bem para o qual ela foi
designada, pois a palavra de Deus não
volta para ele vazia; antes, cumpre tudo o
que lhe apraz. E a semente dessa palavra dá
o fruto do seu próprio plantio na nossa
vida.
É como a expressão da vontade de Deus,
da vida de Deus querendo operar em nós a
mutação e a regeneração de uma
existência que não importa a idade que
tenha, nem os condicionamentos que
possua, nem as barreiras acadêmicas, ou
intelectuais, ou morais, ou espirituais. A
qualquer momento, por um sopro do
Espírito, por um lampejo de Deus, por uma
metamorfose interior, todo homem,
qualquer um, qualquer pessoa pode nascer
de novo, basta não se fechar para esse
soprar da brisa da graça de Deus que lhe
chega ao coração.
Qualquer um pode experimentar na vida a
saciedade, a significação de ser, como
quem bebe da água da vida.
Qualquer um pode provar nesta vida a
multiplicação de provimento interior, de
recursos interiores, numa desproporção
extraordinária. Como cinco pães e dois
peixinhos que brotam de um para
alimentar milhares, ensinando Jesus que a
nossa vida pode ser potencializada a
milhões, a milhares. Hoje, quando eu
pensava nessa imagem de um garoto,
cinco pães e dois peixinhos, e comida para
milhares, eu fiz a inevitável viagem de me
sentir um menino de dezoito anos crendo
no Evangelho, em Julho de 1973, sem ter
nem cinco pães e dois peixinhos a oferecer,
sem ter nada. E, de repente, me passaram
os flashes desses quarenta anos e de como,
a partir daquele nada do meu ser, sem
sequer cinco pães e dois peixinhos a
oferecer, tantos milhões de seres humanos
comeram do pão da vida e beberam da
água da vida porque a graça de Deus é
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morte espiritual, para que vocês entendam
que todo aquele que não crê em mim está
nesse estado de putrefação espiritual,
morto, inchado em delitos e pecados. Todo
aquele que for iluminado e crer em mim
receberá a reversão da própria morte na
dimensão espiritual, não importa quão
morto estivesse e quão caracterizada fosse
a morte instalada nele. Se pela graça eterna
ele ouvir a minha voz e se, ouvindo a minha
voz, crer na minha palavra, a vida eterna
reverterá a morte, reverterá a putrefação
dentro dele; e ele se levantará para ouvir a
garantia eterna de que eu sou a
ressurreição e a vida, e que todo aquele
que vive e crê em mim, morrendo
fisicamente não morrerá espiritualmente, e
todo aquele que, vivendo, vive crendo em
mim jamais conhecerá sequer a morte
como referência espiritual, porque já
passou da morte para a vida. Porque eu sou
a ressurreição plantada nele para sempre.
Eu sou a reversão absoluta da morte
instalada nele.
infinda, e a partir da minha vaziez, ou da
minha nulidade, ou da minha pequenez, ou
da minha escassez, pode produzir o
potencial que venha a atingir aqueles que
estão infinitamente para além de todo e
qualquer recurso pessoal que nós
tenhamos para beneficiar, alcançar ou
atingir. Pois a graça de Deus assim declara:
De você vai surgir provimento, não só para
a sua vida, mas para assistir a terra inteira,
se for o caso; basta você crer no meu nome.
Há um potencial de vida para brotar de
você, apenas traga quem você é para mim.
E para quem está alienado, para quem não
vê, para quem não enxerga, para quem não
percebe, para quem não discerne, para
quem está entupido, ele faz esse sinal da
invasão de amor. Ele cria circunstâncias,
pega pelo laço, emplastra a graça dele na
gente, sem pedir licença. Quem pode ver,
vê; quem não pode ver e é visto por ele,
frequentemente é invadido por ele, é
praticamente obrigado por ele a ficar
curado. E louvado seja o nome dele por
essa intervenção soberana na vida de
quem não pode, de quem não sabe, de
quem não enxerga, de quem não percebe.
E a quem está para além de toda
recuperação, a quem está todo apodrecido
vem essa palavra que chama o podre de
dentro da podridão, reverte o processo
inteiro de apodrecimento e coloca o
homem sentado com ele num banquete, à
noite, comendo pão e bebendo vinho. O
podre está saudável, processando o pão e
bebendo o vinho, assentado com Jesus
num banquete de vida.
Essas coisas eu vos tenho dito – escreveu
João –, com todas as metáforas, com todas
as imagens, para que, crendo, tenhais vida
em seu nome.
Só você sabe qual é a sua metáfora hoje. Só
você sabe se carrega dentro de si a
metáfora de uma boda que perdeu o sabor,
o vinho, se carrega a metáfora de
relacionamentos que morreram, de festas
que acabaram, de significados humanos
que feneceram, que faleceram, que faliram.
Ou se você é aquele que hoje está com
uma angústia em relação a quem está
distante, a um filho que não está aqui, a um
marido que não está aqui, a alguém
querido que não está aqui. Jesus realiza
esse sinal de atender à oração daquele que
intercedia por um filho que estava distante,
a vinte e quatro horas de caminhada,
dizendo: “vai, o teu filho vive”. Para que,
crendo, tenhais vida em seu nome. Como
João veio a dizer também: Se alguém vir a
seu irmão pecar um pecado que não seja
para morte e orar por ele, Deus lhe dará
vida, dará vida àqueles que não pecam
para morte. Para que, crendo, vocês
tenham a confiança de orar, de interceder,
de clamar, de designar com esperança a
palavra da fé em favor daqueles a quem
vocês amem, para que eles tenham vida
em nome de Jesus. Para que vocês creiam
na possibilidade de a vida se regenerar,
recomeçar a qualquer tempo, a qualquer
hora, em qualquer fase, em qualquer idade.
Para que a carência humana emocional,
afetiva experimente a saciedade da água
da vida. Para que o potencial de quem
julga que não tem nada ou quase nada, ou
que não é nada, colocado na mão de Deus
transforme-se em graça para atingir
milhares, milhões. Para que aquele que
nasceu
numa
situação
totalmente
contrária, em prejuízo mental, em prejuízo
psicológico, em prejuízo físico, em prejuízo
social, em prejuízo familiar, com doenças
que são quase carmas de nascença,
recebam essa invasão da graça de Deus.
Para que aqueles que estão viciados na sua
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O Caminho da Graça
O Caminho da Graça
Essas coisas vos escrevi (e neste caso, hoje
à noite, essas coisas eu vos relembrei) para
que creiais que Jesus é o Cristo, e para que,
crendo, tenhais todo tipo de vida que o
coração precise ter e abraçar, em seu nome.
Em nome de Jesus.
Ele quer que você tenha vida – vida afetiva,
vida fraterna, relacionamentos. Ele se
importa se o vinho, se a alegria acabou ou
não. Ele se importa com aqueles a quem
você ama e que estão distantes, pelos quais
você intercede pedindo: manda uma
palavra e meu servo, ou meu filho, será
curado. Ele quer que você tenha certeza de
que outros podem ter vida pela sua fé nele.
Ele quer realizar o milagre da mitigação da
sua sede de afeto, das suas carências, da
sua falta de significado, do seu
esburacamento existencial, do seu cansaço
existencial. Ele quer dar a você a certeza de
que você pode se transformar numa
riqueza de graça divina, de milagre de dons
atingindo a milhares, a milhões. A sua vida
pode ganhar um significado para além de
tudo o que você pediu, pensou, imaginou,
assim como dois peixinhos e cinco pães
podem significar um milagre indizível nas
mãos dele, para uma multidão impensável.
Ele quer que você saiba que a sua
desvantagem física, mental, emocional,
social, econômica, que esse quase carma da
sua vida pode sofrer uma intervenção dele.
E não esperneie. Tenha certeza: ele vai criar
as circunstâncias para entrar na sua vida; e
você vai espernear, mas eu rogo que o
amor de Deus violente você – se você é
daqueles que não conseguem ver, nem
perceber, nem discernir, que Deus arrombe
você para o louvor da glória dele. E se você
é aquele que está podre, que diz: a minha
vida está para além de toda reversão, ah,
meu querido, Lázaro era como um cavalo
podre na estrada, quando a voz de Jesus
penetrou nele e ele veio para fora, redivivo.
Se você é daqueles viciados na própria
doença, trinta e oito anos no ciclo dos
vícios mentais, psicológicos, afetivos, ou
dos aleijões da sua vida, ou das doenças de
autointerpretação que não permitem você
jamais enxergar a vida de outra forma,
Jesus vem hoje e quer saber –
diferentemente do que fez ao cego de
nascença – se você, que enxerga e percebe,
quer ser curado; e ele demanda de você
uma decisão, pois se você expressar o
desejo de o ser, ele lhe diz hoje: Levanta,
toma o teu leito e anda, acabaram os dias
da tua paralisia, chega.
E eu digo essas coisas para que cada um se
identifique com o que quer que seja. E para
que, crendo, tenham vida em seu nome.
Mensagem ministrada em 24/06/2012
Estação do Caminho - DF
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própria doença, no seu vício por causa de
anos e anos de repetição das mesmas
coisas, tenham esse ciclo quebrado pela
infusão da cura divina na existência da
gente. E para que aqueles que estão para
além
de
recuperação
provem
a
reversibilidade de tudo.
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