Revista Mackenzie - Portal SME Mackenzie

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Revista SME | 1
Em foco
A missão da escola
e educador cristãos
Instituto Presbiteriano Mackenzie
Diretor Presidente
José Inácio Ramos
Diretor de Operações da Educação Básica
Francisco Solano Portela Neto
Diretora dos Sistemas Mackenzie de Ensino e da Escola
de Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos - AEJA
Débora Bueno Muniz Oliveira
Coordenadora do Sistema Mackenzie de Ensino
Mônica Cotrin Huertas
Coordenadora de Desenvolvimento de Projetos Especiais
Arlene Goulart
Sistema Mackenzie em Revista
ISSN 2358-9353
Produção Gráfica - Marketing e Relacionamento
Déspina Nogueira
Revisão
Alessandra Ribeiro Faria
Apoio Operacional
Edson Yukio Nakashima
Projeto Gráfico e Diagramação
Imagem Um
Impressão
Duograf Gráfica e Editora Ltda.
Capa
Imagem Um
Imagem da Capa
Denis Kuvaev/shutterstock
Produção
Instituto Presbiteriano Mackenzie
Rua da Consolação, 896 – Consolação - São Paulo/SP - CEP 01302-907
Portal: sme.mackenzie.br
E-mail: [email protected]
Os textos das Escrituras Sagradas foram
extraídos de diversas versões da Bíblia Sagrada
Todos os direitos reservados ao Mackenzie.
Proibida a venda, distribuição, reprodução
parcial ou total, inclusive de ilustrações e fotos.
2 | Revista SME
Se somos líderes e educadores cristãos ou fazemos parte de uma instituição
cristã de ensino, por certo temos convicção dos nossos caminhos. Seguramente
não desconhecemos a nobreza do chamado para sermos líderes ou educadores
em uma escola confessional, cujo alinhamento pessoal e a aceitação tácita da
confessionalidade da instituição é essencial para desempenharmos coerente­
mente, a missão de apresentar um conjunto de valores e práticas cristãs, ou até
viabilizarmos a inclusão dos necessitados e diferenciados, como a expressão final
da confessionalidade na instituição. Para que, na formação de mentes, possamos
associar à prática pedagógica, a verdade maior que é a existência do Criador e da
percepção dele como fonte de toda a sabedoria que é possibilitada as pessoas, é
mister relacionar a fé cristã com o que é ensinado e deixar que a realidade de Deus,
e os registros de como Ele age na história, permeie todas as áreas do conhecimento.
As escolas cristãs, designadas de instituições de ensino confessionais, têm algo
em comum: uma Confessionalidade Evangélica - que reflete os princípios, valo­res,
diretrizes e verdades contidas nas Escrituras Sagradas do Antigo e do Novo Testa­
mento. E isso faz toda a diferença! Não somente temos uma missão maior, mas
espera-se que acreditemos nessa missão e que estejamos envolvidos na promoção
de uma educação diferenciada, alinhada com nossa fé. Cuja luz da identidade maior
da Confessionalidade é evidenciada na prática diária, nos procedimentos, conteúdos,
atitudes, qualidade, disciplina, princípios e valores universais em nossa postura e em
nossa administração; e muito, mas muito amor mesmo, catalisando nossas atividades
em um contexto de justiça que norteie nossas interações. Que apresente, às mentes em
formação, as verdades do universo a ser descoberto sem sonegar as verdades divinas.
Nossa missão é, portanto, como escolas e educadores confessionais, transmitir
uma visão de mundo e de vida com honestidade intelectual - em todas as áreas de
conhecimento - centrada em Deus. Temos que abraçar uma cosmovisão confessional,
bíblica da realidade. Qualquer instituição confessional, sistema ou instrução que fique
aquém dessa visão unificada do universo, centrada em Deus, estará induzindo a uma
compreensão irreal da vida.
Nossas instituições e seus educadores nunca poderão se escudar da confes­sio­
nalidade, para se esquivar da excelência e da competência. Temos um ensinamento
na Palavra de Deus que diz: “Tudo que te vier a mão para fazer; faze-a conforme as
tuas forças”.1 Certamente, ao aplicarmos este principio em nossas escolas, estaremos
igualmente transmitindo e ensinando a todos aqueles que fazem parte da nossa
comunidade - alunos, pais, professores e auxiliares - que excelência e competência é
algo profundamente enraizado na fé cristã que professamos.
Os líderes e educadores de uma Escola Confessional, desempenhando adequa­
damente e competentemente o seu papel, gerarão um povo que será reconhecido
como sábio e entendido, e que por isto é grande!
Esse é o nosso desafio, essa é a nossa Missão gloriosa: como Escolas e Educadores!
Que Deus sustente a nossa mão e nos leve, em nossa jornada, até o porto seguro,
com nossas luzes continuadamente a brilhar, na escuridão deste mundo!
Prof. Solano
Portela é Diretor
de Operações da
Educação Básica do
Instituto Presbiteriano
Mackenzie, formado
na área de Ciências
Exatas, fez seu
mestrado no Biblical
Theological Seminary,
nos Estados Unidos.
Eclesiastes 9.10
1
Revista SME | 3
Leitura e neurociências:
reflexões sobre a alfabetização
Alessandra Gotuzo Seabra Psicóloga e
Pós-Doutora em Psicologia Experimental
pela USP. É docente e pesquisadora
da Pós-graduação em Distúrbios do
Desenvolvimento da Universidade
Presbiteriana Mackenzie. Bolsista
de produtividade do CNPq.
Autora de diversos artigos, livros
e capítulos de livros sobre neuropsicologia
e problemas de aprendizagem.
E-mail: [email protected]
O presente artigo tem por objetivo
analisar algumas descobertas recentes das
neurociências e sua relação com a lei­­tura
e a alfabetização. Em termos de mapea­
mento neurofuncional do encéfalo, evidências têm revelado que três áreas do
cérebro, especificamente, estão envolvidas
na leitura: regiões occipito-temporal, têmporo-parietal e frontal, todas no hemisfério dominante para linguagem, usualmente o esquerdo (ver revisão de SHAYWITZ,
2003).
A primeira região, a occipito-temporal esquerda, tem sido denominada de
área “da forma da palavra” ou “da forma
da letra” (DEHAENE, COHEN, SIGMAN,
& VINCKIER, 2005). É fundamental para
a percepção das diferenças entre letras,
por exemplo, que “b” e “d” são distintas.
Observa-se que toda a percepção anterior à aprendizagem de letras e números
não faz distinção de orientação espacial,
afinal um gato continua sendo ele mesmo
independentemente de estar voltado para
a esquerda ou para a direita. Porém, ao
4 | Revista SME
adentrar no universo das letras e números,
o indivíduo precisa desenvolver uma nova
forma de percepção da realidade em que
a orientação espacial ocorre de maneira
qualitativamente diferente. Para tanto, essa
região occipito-temporal esquerda passa a
ser ativada para embasar tal percepção.
A partir dessa discriminação, são ativadas regiões têmporo-parietais do hemisfério dominante, relacionadas à conversão das letras em sons. É interessante
que, mesmo para leitura silenciosa ou em
tarefas de compreensão de textos em que
não há necessidade de verbalizar o que
está sendo lido, há ativação dessa região,
ou seja, é um processo natural, durante a
leitura, a transformação de sinais gráficos
em sinais fonológicos. Tal processo reflete
o uso da linguagem oral, que é primária,
como base para o processamento da linguagem escrita, secundária.
A terceira região consistentemente relacionada à leitura é a região frontal, que pode
ser associada à ativação dos planos motores
para produção de fala ou produção de escri-
ta. Além dessas três regiões especificamente
envolvidas no processo de leitura, muitas
outras podem ser ativadas dependendo da
tarefa requerida. Por exemplo, redes com
ampla distribuição são ativadas em função
da demanda de compreensão que possa
estar envolvida; redes parietais podem ser
ativadas em função da necessidade de selecionar informação visual.
De modo conjunto, tais evidências sugerem que: a) a leitura não é um processo
unitário, mas envolve distintas habilidades;
e b) algumas dessas habilidades são mais
específicas a esse processo, outras são
mais gerais, como a compreensão, pois
tanto a compreensão auditiva quanto a de
leitura ativam regiões semelhantes. Logo,
alfabetizar envolve conhecer todas essas
habilidades e fomentar cada uma delas de
maneira adequada e equilibrada.
Outra evidência consistente a partir
de estudos de neuroimagem relaciona-se
aos padrões de ativação apresentados por
pessoas com dificuldades de leitura. Mais
especificamente, disléxicos têm apresentado hipofuncionamento das duas regiões
posteriores (regiões temporo-occipito-parietais), além de um hiperfuncionamento frontal que aumenta com o passar da
idade. Tais dados sugerem que as regiões
de percepção das formas das letras e, especialmente, de conversão entre letras e
sons estão funcionando de forma menos
ativa em tais sujeitos. A hiperativação frontal tem sido relacionada ao aumento da
necessidade de controlar os processos de
leitura - visto que os processos típicos não
estão sendo realizados, é preciso maior
controle consciente e voluntário para dar
conta da tarefa. Ou seja, na dislexia há um
funcionamento neurológico diferente, com
déficits relacionados principalmente à relação letra-som (SHAYWITZ, 2003).
Estudos com grande número de par-
Foto: VLADGRIN/Shutterstock
Ponto de vista
ticipantes confirmam que, em crianças e
adolescentes disléxicos, o déficit fonológico é o marcador mais robusto e específico
(RAMUS et al., 2003). Em relação à intervenção, estudos de neuroimagem com
disléxicos, antes e após atividades fônicas,
têm mostrado que os mesmos melhoram
em termos comportamentais (isto é, em
termos de desempenhos em leitura e
escrita) e também têm seus padrões de
ativação encefálica modificados com a
intervenção, promovendo a ativação das
regiões que estavam hipoativas (ex.: SIMOS et al., 2002; TEMPLE et al., 2003).
Com base nesses achados, diversos
países têm recomendado o uso de instruções fônicas não apenas para a intervenção em transtornos de leitura, mas
também para a alfabetização regular, incluindo, por exemplo, a Finlândia, em que
instruções fônicas foram introduzidas já na
década de 1970 (KORKEAMÄKI; DREHER,
1993) e, mais recentemente, diversos outros o como Estados Unidos (NATIONAL
READING PANEL, 2000) e França (OBSERVATOIRE NATIONAL DE LA LECTURE,
1998). Esperamos que tais achados também ajudem a nortear políticas públicas
brasileiras relacionadas à educação.
Para referências bibliográficas, acesse es­­­te link: http://sme.mackenzie.br/mackenzie/Home/Conhecao-Sistema/Noticias/Leitura-e-neurociencias-reflexoes-so­bre-a-alfabetizacao#article_line_12811
Revista SME | 5
Panorama
A fotografia como recurso
motivador para a aprendizagem
Acredito que a fotografia possa ser um
grande recurso motivador para a apren­
dizagem quando ela apresenta um cunho
social. Essa conclusão veio quando elaborei
um projeto acadêmico para um curso de
Design que tratou da inclusão social.
O projeto se iniciou graças a uma
pa­lestra que ocorreu em uma feira de
fotografia em São Paulo, na qual o fotó­
grafo e palestrante Rubens Viei­ra impactou
a todos os fotógrafos presentes através
de sua apresentação. Os fotógrafos, que
procuravam novas técnicas, novos equipa­
mentos, efeitos etc., foram desafiados a
lutar a favor das minorias. O palestrante
mostrou o seu trabalho com crianças com
diversas patologias de deficiência chama­
do Special Kids. Assim, ele nos contou so­bre
como essa forma de fotografia influ­en­­ciou
a ele mesmo e sobre o retorno que ele
obtinha dessas crianças: um sorri­so.
A partir desse workshop, compreendi
que a fotografia deveria e poderia ser algo
6 | Revista SME
diferente: um motivador para a so­
cie­­
dade. Então, criei um projeto que incen­­­­­
tivasse a reflexão acerca do modo como a
sociedade enxerga as minorias, por exem­
plo, as crianças que possuem defi­ciên­­­cias,
como a intelectual.
Muitas vezes, tratamos esses indivíduos
como pessoas débeis, contribuindo para
que fiquem à margem da sociedade ao
invés de incluí-los. É nesse cenário que
entra o design editorial e social, como
uma luz no cotidiano desses indivíduos
por meio das lentes fotográficas, ou seja,
tra­zendo à visibilidade o outro lado dessa
mar­gem - crianças que lutam com muito
esfor­ço, e que vencem o dia a dia, o que
pode muito proporcionar ânimo aos que
estão quase desistindo.
A sociedade, ao ver isso, poderá de­
sen­­volver uma sensibilização coletiva, ao
enxergar a realidade de uma pessoa com
deficiência e, ao invés de discriminá-la,
mesmo que inconscientemente, pensar
Foto: Denis Kuvaev
Nando Brasil é
Graduado em Design
Gráfico pela Universidade
Presbiteriana Mackenzie,
Pós-Graduado em
Comunicação, Foto, Áudio
e Vídeo pela Universidade
Presbiteriana Mackenzie.
Foto: Denis Kuvaev
Foto: Dubova
Fotografia: palavra composta pelos radicais foto (= luz) e grafia (= escrita)
em meios e atitudes de incluí-la. Sabemos
que chegaremos a essa condição quando
houver um tratamento inclusivo por diversas
partes, como, por exemplo, quando uma
criança for protagonista de uma campanha
de um fast food famoso, quando as agências
recrutarem tais pessoas para serem capas
de revista, ou ainda quando usarem suas
fotos em banners, cartazes, propagandas,
sites e todo tipo de mídia.
Para construir esse projeto foi neces­
sário procurar pessoas com capacitação
especializada. O processo foi aprimorado
por meio de workshops, conversas pes­
soais e palestras para solução de muitas
dúvidas, como, por exemplo: como lidar
com essas crianças com deficiência inte­­
le­­c­tual; quais os passos para uma abor­
dagem a essas crianças; como agir em
momentos delicados; como abordar os
pais que, muitas vezes, querendo proteger
seus filhos, não querem que eles fiquem
expostos, entre outras.
Junto a tudo isso, fui pesquisar refe­
rências em livros, sites e fotógrafos que
abordassem o tema. Pude concluir nessa
pesquisa que existem pouquíssimos livros
de fotografia com essa temática como
parte principal, e poucos fotógrafos com
capacitação para fazê-lo.
Foi, também, muito difícil encontrar fa­
mílias que aceitassem a ideia de trabalho
proposta, porém encontrei três famílias
ado­­­­­ráveis que compreenderam o projeto e
se dispuseram a participar. Foi um grande
apren­dizado ter fotografado essas famílias,
pois com elas aprendi na prática que o
amor vence preconceitos.
E vocês, professores, têm incentivado
seus alunos a serem úteis à sociedade da
qual fazem parte? Faça uma reflexão e veja
com o que você pode contribuir.
Revista SME | 7
José Carlos Piacente Junior
é pastor presbiteriano e capelão da
Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Doutor e Mestre pelo Centro Presbiteriano
de Pós Graduação Andrew Jumper. Também
é Bacharel em Teologia pelo Seminário
Presbiteriano Rev. José Manoel da
Conceição e pela Universidade Presbiteriana
Mackenzie e possui Licenciatura em Filosofia
pelo Centro Universitário Claretiano.
8 | Revista SME
bem-estar social, e ao mesmo tempo sugere
desimpedir e eliminar tudo que se interpõe
como barreira e obstáculo para o convívio
interpessoal.
Foto: riopatuca/Shutterstock.com
Em nossos dias, há um crescente e
deliberado esforço para garantir os direitos
fundamentais do ser humano. Diversas or­
ga­­­nizações governamentais e não gover­
namentais têm buscado condições mais
favoráveis para a vida humana. Desse mo­­
do, o conceito de acessibilidade surge
como uma das alternativas para otimizar a
qualidade de vida. O conceito, pois, indi­­
ca a facilitação de acessos, oferecida a to­
das as pessoas, segundo a necessidade
de cada um. Por isso, requer que pessoas
com alguma necessidade física ou com
mo­bi­­­­lidade reduzida sejam efetivamente
incluí­das nas atividades cotidianas; ou seja,
disponibilizando acesso a serviços, pro­du­tos,
informações, recursos e benefícios a todos
da população, indistintamente.
Ampliando o significado do termo,
des­­cortinamos que acessibilidade também
promove a aproximação e o trato inter­
pessoal. Com efeito, podemos afirmar que
pressupõe estender, ampliar, incluir e gerar o
Nesse afã, é adequado pensar em co­
mo o processo educacional, e espe­cial­­mente
a relação professor aluno, tem li­dado com a
acessibilidade. Os prédios esco­lares precisam
tomar provisões para re­ceber pessoas com
limitações físicas ou mobilidade atenuada.
Certa vez, o Mestre Jesus, educador
por excelência, se deparou com uma situa­­
ção em que crianças encontravam dificul­
dades de acesso a ele. Jesus agiu rápida e
efetivamente: “Jesus, porém, disse: Deixai
os pequeninos, não os embaraceis de vir a
mim, porque dos tais é o reino dos céus”
(Mateus 19. 14). Podemos encontrar nas
palavras do Senhor Jesus dois importantes
ensinos que, quando observados, imple­
men­tam a acessibilidade, e aplicam-se ao
relacionamento professor aluno.
Primeiramente, Jesus Cristo tomou a
iniciativa de facilitar o relacionamento en­
tre ele e as crianças. Ele já havia revelado
um interesse muito especial para com os
pequeninos em outras ocasiões. Assim,
conhecendo a pessoa de Cristo, alguns de­
se­javam que as crianças se aproximassem
dele. No entanto, os discípulos que o
acom­panhavam entendiam que ele esta­
va ocupado demais para dar atenção às
crianças. Nesse momento, Jesus os re­prende
e, ao contrário do que pensavam, as recebe
e oferece-lhes verdadeira atenção e cuidado.
Foto: wavebreakmedia/Shutterstock.com
Relação aluno professor: promovendo
caminhos mais acessíveis
As propostas peda­
gógicas necessitam
considerar que, além das questões físicas, os
alunos enfrentam sofrimentos psíquicos, bem
como amar­gu­ras emocionais e espirituais.
Sendo as­sim, a aplicação da acessibilidade
no am­­­biente escolar, incluindo a sala de aula,
tam­bém deve superar as barreiras do trato
inter­pessoal. Sem extrapolar os limites de
atuação da escola, bem como as funções
que cabem ao educador, é preciso fazer
do ambiente escolar um instrumento de
cooperação para promover a qualidade de
vida de nossos alunos. Para tanto, a con­
fessionalidade cristã, presente na pro­pos­­
ta educacional mackenzista, oferece uma
contribuição concreta e viável.
Foto: wavebreakmedia/Shutterstock.com
Vida sábia, Vida Saudável!
Foto: wavebreakmedia/Shutterstock.com
Para refletir
Qual é o papel das crianças na vida
de um adulto muito ocupado? A aces­
sibilidade não alcança eficácia caso não seja
acompanhada de uma correta com­preensão
da fonte de valor do ser humano. As crianças
precisam de atenção adequada, necessitam
saber que o caminho é aces­sível, porque
Deus não faz acepção de pessoas, uma
vez que todos os seres hu­manos, crianças
Revista SME | 9
Para refletir
Olhares
Foto: wavebreakmedia/Shutterstock.com
e adultos, foram criados segundo a imagem
de Deus. Desse modo, o valor da pessoa não
está em seus méritos pessoais e individuais.
Não está em suas conquistas ou posição
socioeconômica. Não está no fato de ser
um adulto ou uma criança. Antes, está no
ato criacional em Deus. A confessionalidade
cristã compre­­ende com clareza o valor do ser
huma­no segundo Deus e, por conseguinte,
pro­move a acessibilidade nos relacionamos
inter­pessoais à semelhança de Cristo Jesus.
Em um segundo momento, nota-se
que além de facilitar o acesso às crianças,
Jesus vislumbrou um propósito muito maior
para todos que dele se aproximam com
fé. A resposta de Jesus é extraordinária,
pois aponta para o acesso ao Rei dos céus.
Nesse ponto, certo comentarista bíbli­
co
assevera que: “No presente caso, o ver­
sículo significa que, em princípio, todas as
bênçãos da salvação pertencem, mesmo
agora, a esses pequeninos, fato este que
seria realizado progressivamente aqui na
Terra e perfeitamente na vida do porvir”.1
Em outras palavras, Cristo estendeu a
essas crianças o acesso às benesses de um
Reino sem igual e eterno. Não cabe aqui
uma discussão sobre salvação e eleição
de infantes. Há outros fóruns para essas
discussões. Todavia, o que sabemos é que
1
10 | Revista SME
foram ofertadas as dádivas de um Reino
celestial aos pequeninos, um Reino que
des­­toa em valor quando comparado ao
reino deste mundo. Enfim, não lhes foi ne­
ga­­do o que há de mais precioso na obra
de Cristo Jesus.
Mais uma vez, a confessionalidade cristã
nos auxilia. Além da criação, que garante
o real valor dos seres humanos segundo
o seu Criador, entendemos que a Queda
obstruiu o verdadeiro acesso ao Reino eter­
no, pois maculou a imagem de Deus atri­
buída na criação, por isso, carecemos da
redenção em Cristo. A confessionalidade
cristã destaca que, pela fé em Cristo Jesus,
há um novo e vivo caminho de acesso ao
Reino eterno e perfeito.
Portanto, quando o professor, em sua
tarefa em sala de aula, é acessível, mos­­
trando que as pessoas são mais impor­
tantes, ele também está ensinando con­
teúdo aos seus alunos. O ensino valorativo
é parte integrante do projeto educacional
cristão. Ao ensinar com ações e valores,
o professor, à semelhança de Cristo, asse­
gura a importância da criação humana
segundo Deus. Com efeito, ele está opor­
tu­nizando aos alunos que aprendam com
a confessionalidade cristã pautada em cria­
ção-queda-redenção. Ademais, de mo­­do
algum a atitude de facilitar a acessi­bili­dade
na relação aluno e professor pres­cinde do
decoro e da respeitabilidade, bem como da
ética e da moral profissionais. Em segundo
lugar, a confessionalidade é reafirmada na
tarefa do professor quando ele tornar seus
alunos participantes de valores eternos.
Quando a acessibilidade aponta também
para um Reino dos céus. Em outras palavras,
aprendemos com a confessionalidade cristã
que todos, ainda que pequeninos, são sin­
ce­­ramente estimulados a conhecer a vida
eterna e livrar-se dos efeitos da Queda, por
meio de uma fé submissa a Cristo Jesus e
sua Palavra.
HENDRIKSEN, W. Comentário do Novo Testamento: Mateus – Vol 2. São Paulo: Cultura Cristã
A importância dos estudos
lusófonos na Educação Básica
Regina Pires de Brito - Pós-Doutora pela
Universidade do Minho (Portugal), Doutora e
Mestre em Linguística pela USP. Docente do
Programa de Pós-Graduação em Letras da
UPM. Pesquisadora Associada do Centro de
Estudos das Literaturas de Expressão em
Língua Portuguesa da USP, Membro da
Comissão para a Promoção do Conteúdo em
Língua Portuguesa da CPLP (Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa), Conselheira do
Instituto Nacional de Linguística de Timor-Leste.
A partir da publicação dos Parâmetros
Curriculares Nacionais (1997), a variação
linguística passou a figurar com vigor nos
planos curriculares da Educação Básica,
procurando tornar o aluno um indivíduo
mais consciente da riqueza linguística do
Português. Tratar desse patrimônio supõe,
contudo, ir além do registro das formas
diferentes para se nomear uma mesma
realidade (como, jerimum e abóbora) ou
do conhecimento de pronúncias diversas
(méninu, ménin ou menino). Significa mos­
Crianças com traje típico timorense na Escola Duque de Caxias, em Díli, Capital de Timor-Leste
Revista SME | 11
Olhares
Crianças timorenses
com bandeira do
Mackenzie, na
Escola Duque
de Caxias, em
Díli, Capital de
Timor-Leste
12 | Revista SME
trar, em sala de aula, que uma língua não
é uma realidade monolítica e homogênea,
posto que está sujeita a variações de mui­
tas naturezas (tempo, espaço, grupo so­
cial, escolaridade, faixa etária, sexo etc.).
Assim, adotar a perspectiva dos Estudos
Lu­sófonos pode ser uma maneira eficaz de
inserir o aluno no espaço maior dos luso­
falantes e ainda de sensibilizá-lo para o (re)
conhecimento das outras variedades dia­
tópicas da língua portuguesa espalhadas
pelo mundo.
O sentido de lusofonia reside no fato de
se trabalhar com elementos de identidade
cultural que, pela língua que nos é comum,
se manifestam. Além disso, em uma visão
moderna de lusofonia, despregada de
qual­quer sentido eurocêntrico (em que se
podia imaginar, por parte de alguns, Por­­
tugal como centro da lusofonia), a luso­
fonia se espalha pelos espaços em que
“também” se fala português e tem por seu
“dono” cada usuário que dela se vale co­
tidianamente.
De maneira geral, esse espaço lusó­
fono compreende, além de Portugal (lugar
de origem e de onde partiu a língua), os
países de colonização portuguesa e que
hoje trazem o português como língua ofi­
cial (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bis­­
sau, Moçambique, São Tomé e Príncipe)
ou co-oficial, como acontece em TimorLeste, em que o português compartilha
a oficialidade com a língua nacional, a
té­­tum. Incluímos nesses espaços em que
“tam­bém se fala o português”, localidades
como Macau e Galiza e as inúmeras colô­
nias de lusofalantes esparsas pelo globo,
como as comunidades brasileiras no Ja­
pão, ou as comunidades portuguesas em
Luxemburgo ou na África do Sul.
Para nossa realidade de Educação Bá­
si­ca, esse conhecimento da dimensão geo­
gráfica e da representatividade da espa­
cialidade lusófona faz sentido na me­dida
em que o professor o associe à pre­sença
marcante de indivíduos dessas nacio­
nalidades no Brasil ou, especialmente,
re­meta à importância da presença dos
dife­rentes povos na constituição da mo­
dalidade do português brasileiro e na
cons­trução da nossa identidade cultural,
de modo geral. Por exemplo, pode o do­
cente explicar ao aluno que a gíria “vazar”,
que significa “ir embora, cair fora”, do
nosso português surgiu da forma angolana
“bazar”, que carrega o mesmo significado;
ou que, em Portugal e Moçambique, “ca­
mi­­­sola” equivale à nossa “camiseta”.
A temática lusófona possibilita, ainda,
interfaces no plano sócio-histórico-literá­
rio, fazendo o educando transitar, com­­pa­
rativamente, com textos produzidos nos
demais países de língua portuguesa. Des­­
sa maneira, valores culturais, experiên­cias
específicas, coincidências históricas e formas
de representação da realidade, por exemplo,
podem ser levantados e ser­vir como ponto
de partida para o co­nhe­­cimento da mistura
étnica que faz da realidade brasileira ser o
que é, em atenção à Lei nº 10.639 | 2003,
que intro­duziu a obrigatoriedade do estudo
da história e cultura afrobrasileira e africana
no currículo escolar da Educação Básica.
Sendo a quarta língua mais falada no
mundo e a terceira mais usada na inter­
net, o Português merece ser visto nas es­
colas sob outras perspectivas, além do
ne­cessário ensino da gramática normativa.
Ensi­nar Português é, além de tornar o aluno
“poliglota” na sua própria língua (apro­
priando-nos da ideia de Evanildo Be­chara),
revelar-lhe outros mundos que, pela nossa
língua, também se constroem.
Baía de Maputo
- Capital de
Moçambique
Revista SME | 13
Em destaque
Dr. Benedito Guimarães Aguiar Neto - Reitor
da Universidade Presbiteriana Mackenzie,
Presidente da Associação Brasileira de
Instituições Educacionais Evangélicas (ABBIE)
e Presidente do Conselho de Reitores
das Universidades Brasileiras (CRUB).
Graduação e mestrado em Engenharia
Elétrica pela Universidade Federal da Paraíba
respectivamente em 1977 e 1982, doutorado em
Engenharia Elétrica pela Technische Universität
Berlin, Alemanha 1987 e pós-doutorado pela
University of Washington, EUA 2008. Professor
titular aposentado da Universidade Federal de
Campina Grande. Presidente da Associação
Brasileira das Instituições Educacionais
Evangélicas - ABIEE, Presidente do Conselho de
Reitores das Universidades Brasileiras – CRUB,
Diretor da Associação Brasileira de Educação de
Engenharia – ABENGE e membro do Conselho
da Cidade de São Paulo, membro do Conselho
Curador da Fundação Padre Anchieta e Membro
da Comissão de Indicadores de Qualidade da
Educação do INEP/MEC.
A tarefa de educar é a maior e mais
sublime tarefa em todos os tempos. Contudo, educar na perspectiva de conectar
gerações dentro de princípios consistentes
e duradouros, considerando valores cristãos, além da imprescindível formação téc­­­
nica, científica e cultural, é um grande de­
safio nos dias atuais. Vencer esses desa­fios
exige hoje cuidados que extrapolam uma
boa formação acadêmica, que só podem
ser alcançados com um compromisso que
transcenda a ideia corrente da necessidade
de neutralidade no processo de ensino e
aprendizagem. Mas não existe neutralidade em nenhum processo educacional. A
filosofia levada a efeito não é dissociada
da concepção de vida do educador e das
suas perspectivas para o educando.
Assim, mais do que nunca, é fundamental que a identidade confessional de
14 | Revista SME
um educador cristão seja explicitada, clara e
naturalmente, sem o exercício de qualquer
proselitismo religioso, deixando nítida a sua
concepção de mundo diante de situações
que exigem posicionamento. O relativismo
que tem caracterizado a sociedade nos
dias atuais é preocupante por permear sutilmente o processo educacional, criando
tolerâncias e proporcionando uma permissividade ética e moral que impactarão as
futuras gerações. Portanto, o educador cristão precisa, em primeiro lugar, ter con­vicção
da sua missão e estar convicto do seu papel
no processo educacional, fazendo diferença frente às tentativas vigentes de doutrinação ideológica, sutilmente introduzidas
em diretrizes curriculares e orientações
pedagógicas justificadas co­mo “respeito à
individualidade”, ou à “di­ver­­sidade”, em um
contexto puramente hu­­manista e relativista.
Foto: Take Photo/Shutterstock.com
A formação pessoal e
acadêmica do educador cristão
Certamente, o educador cristão não pode
desprezar os padrões absolutos estabelecidos na escritura sagrada de respeito ao
próximo. Mas, por outro lado, precisa exprimir claramente o discernimento quanto ao
certo e errado no comportamento humano, quando estes extrapolam princípios éticos e morais. O caráter do educando, principalmente da criança e do adolescente, é
moldado em função dos conceitos que são
introduzidos no processo de ensino e aprendizagem. Essa vertente do processo educacional pre­cisa ser considerada. Contudo,
o educa­dor cristão tem que ter a visão de
que uma transformação interior não é um
processo humanista. As metodologias utilizadas, devem ser o meio de disciplinar a
forma como os conteúdos são transmitidos,
ou compartilhados no processo educacional. O método errado pode comprometer
negativamente, mesmo quando o conteúdo
é correto. Dessa forma, é grande a responsabilidade do educador cristão, porque sem
compromisso com os princípios e valores
cristãos poderiam criar no educando uma
dependência, de­­corrente de circunstâncias
ideológicas pre­­dominantes. Nesse contexto, uma forma­ção acadêmica calcada
em princípios cris­tãos é fundamental para
a formação de educadores comprometidos e aptos ao de­safio de ensinar não
simplesmente co­mo transmissores de conhecimento, mas conscientes do desafio de
serem os prin­cipais atores de um processo
que deve deixar legados para as próximas
gerações.
A formação acadêmica do educador
cristão, portanto, não pode ser negligenciada. Afinal, de quem mais pode ser essa
responsabilidade, se não daqueles que têm
consciência do impacto da transmissão do
conhecimento sadio, isento de influências
ideológicas e calcado em princípios e valores cristãos?
Os conteúdos e metodologias devem
ser vistos como resultado do conjunto de
concepções pedagógicas e da filosofia que
nortearão uma formação acadêmica condizente com os propósitos aqui colocados.
Os currículos estabelecidos não podem ser
vistos como peças estáticas mas dinâmicas, pois são mediados por pessoas e, portanto, sempre passíveis de interpretações.
Portanto, a formação pessoal e acadêmica
do professor é fundamental, pois a implementação do currículo não é uma simples
repetição de conteúdos compartimentados em componentes curriculares.
Revista SME | 15
Ideias e Inovações
O uso da formação continuada
do professor para promover
a iniciação científica no
Ensino Médio
De uma forma geral, a profissão de
professor exige daqueles que a escolhem,
o desafio de estar continuamente apren­
dendo. Esta prática é muito comum ao
professor universitário e, também, muito
desejável para o professor do Ensino Mé­dio.
O retorno à Universidade, muitas ve­zes, para
a realização de cursos de pós-graduação
pode ser gratificante não só para o professor,
como também, para seus alunos.
No ensino de Ciências, por exemplo,
o conhecimento científico adquirido pelo
professor pode ser compartilhado com
a classe e/ou grupos de alunos com a
finalidade tanto de despertar o interesse
pela Ciência quanto de desenvolver
novas competências e habilidades por
meio do contato com um conhecimento
mais complexo.
16 | Revista SME
Uma estratégia utilizada por alguns
professores é o uso do tema de sua tese
de doutorado ou dissertação de mestrado
para que, por exemplo, um grupo de alu­
nos desenvolva projetos para feiras de
ciências, ou ainda, projetos de iniciação
cien­tifica ao nível de Ensino Médio (PIBICEM). Essa prática permite que o aluno,
ainda no Ensino Médio, tenha contato
com textos acadêmicos, artigos científicos
e, quando possível, realizem experimentos
cien­tíficos.
Além disso, quando projetos cientí­
fi­cos desenvolvidos por esses alunos
são selecionados para participar de fei­
ras científicas nacionais e, até mesmo,
internacionais, aumentam as possibilidades
de aprendizado dos alunos envolvidos no
projeto, uma vez que, em tais eventos, o
Foto: Goodluzshutterstock
Mônica Huguenin de Araujo Faria
Doutoranda do Departamento
de Físico Química do Instituto de
Química da UNICAMP (2014).
Possui mestrado em Engenharia
de Materiais (UNIFEI) e graduação
em Química (UFRJ). Desenvolve
pesquisas de desenvolvimento
de partículas poliméricas para o
carreamento de fármacos. Faz
parte do corpo de autores e
revisores do Sistema Mackenzie
de Ensino. Atuou como professora
de Química no Ensino Médio
e Técnico Profissionalizante,
onde desenvolveu projetos
interdisciplinares de feiras de Ciências.
aluno tem a possibilidade de realizar trocas
científicas com outros alunos e professores
universitários.
Entre as feiras científicas nacionais
que recebem projetos de alunos de Ensi­
no Médio, destaca-se a FEBRACE (Fei­ra
Brasileira de Ciência e Engenharia) reali­
zada pela Universidade de São Paulo
(USP). Essa feira recebe, todos os anos,
alunos de Ensino Médio de todo o Brasil.
Sua relevância nacional tem atraído a
atenção de organizações interessadas em
premiar projetos de destaque.
A fim de motivá-lo a desenvolver
atividades científicas com seus alunos, o
convidamos a assistir uma entrevista com
alunos de Ensino Médio que apresentaram
na FEBRACE do ano de 2014, um trabalho
inspirado na dissertação de mestrado de
sua orientadora.
Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=Dv6DpcQ_0Ug>. Acesso
em out. 2010.
Referências Bibliográficas
BIANCHETTI, L.; DE OLIVEIRA, A.; DA
SILVA, E. L. et al. A iniciação à pesquisa
no Brasil: políticas de formação de jovens
pesquisadores. Educação, Santa Maria. 37,
569-584, 2012.
LIMA, K.R. et al. Percepções da inicia­
ção científica júnior sob o ponto de vista
de estudantes do ensino médio. In: Anais
de Salão Internacional de Ensino, Pesquisa
e Extensão. v. 7, n. 2, 2015. Disponível em:
<http://seer.unipampa.edu.br/index.
php/siepe/article/view/16603/5651>.
Acesso em out 2010.
Revista SME | 17
Percepção
Educação escolar inclusiva: uma
questão de agir com sabedoria
“Ambientes humanos de convivência e de aprendizagem são plurais pela
própria natureza e, assim sendo, a educação escolar não pode ser pensada
nem realizada senão a partir da idéia de uma formação integral do aluno
– segundo suas capacidades e seus talentos – e de um ensino participativo,
solidário, acolhedor”. (Maria Teresa Eglér Mantoan)
Débora Muniz Oliveira
possui licenciatura em
Letras e Pedagogia;
pós-graduação em
Educação. É Diretora
dos Sistemas Mackenzie
de Ensino e AEJA Alfabetização e Educação
de Jovens e Adultos.
A escola básica tem a responsabilidade de formar crianças e jovens, preparando-os para a complexidade e para a solidariedade como fundamento da democracia, entendendo que a solidariedade, a tolerância o respeito são componentes da
cidadania e que aquele que não se sente tocado pelo que acontece com os outros,
não tem motivos para desenvolver saberes e competências cívicas.1
Nesse sentido, deve ser entendida como sendo o espaço que proporcionará
a todos o acesso ao conhecimento e a possibilidade de desenvolvimento das
capacidades cognitivas, tendo, para isso, o olhar diferenciado às necessidades
e peculiaridades de cada aluno. A escola não pode estar alheia à realidade social, cultural e tecnológica; pelo contrário, é preciso saber aproveitar todas as
possibilidades e recursos, integrando-os à sua prática pedagógica, explorando o
potencial educativo que se apresenta disponível.
Por sua vez, os currículos escolares devem ser pensados e estruturados de
maneira a atender às necessidades, sendo para tanto flexíveis e dinâmicos.
Porém convém lembrar que as mudanças e flexibilizações exigem novas posturas do professor, cuja formação ainda se orienta segundo o norte da prática e
da reflexão vigentes. Enfim, a escola precisa acolher a todos os alunos, reconhecer
e valorizar as diferentes capacidades, mudando, se necessário, suas práticas usuais para que cada aluno encontre nela um ambiente adequado, sem discriminações e que proporcione o melhor aprendizado possível.
Não podemos ignorar, nem tampouco esquecer que os alunos têm interesses
próprios, ritmos diferentes e necessidades educacionais específicas; necessitando, por
isso, de atenção individualizada e trabalho pedagógico, muitas vezes, especializado.
Dentro dessa perspectiva e diante desse grande desafio, uma escola confessional deve ter como parâmetro de suas ações e proposta, não apenas o que estabelece a lei. Precisa ir além, observando o que diz a Palavra de Deus. E são claras as
orientações bíblicas, nesse sentido: Amarás o teu próximo como a ti mesmo (Lucas
10.27b) e ainda: Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a
dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus” (Mateus 5.20).
Uma escola confessional cristã deve entender que a formação integral do
aluno cidadão abrange sua realidade pessoal e social, mediante a utilização de
conhecimentos espirituais, éticos e científicos para transformar a realidade, com
vistas à glória de Deus e à prática do bem.
PERRENOUD, Philippe. Escola e cidadania: o papel da escola na formação
para a democracia. Tradução de Fátima Murad. Porto Alegre: Artmed, 2005.
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