1 Avaliação de Métodos de Produção de Mudas de Pimenta Malagueta (Capsicum frutescens). Cleide M. Ferreira Pinto1; Paulo R. Ribeiro. Rocha2 ; Fabiano R. Brunele Caliman3; Giovana do C. A. Pinto4 1Pesquisadora EMBRAPA/EPAMIG-Viçosa, MG; 2Bolsista ITI/ CNPq EPAMIG; Bolsista DTI/ CNPq EPAMIG; 4Eng. Agrônoma. 3 RESUMO Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar métodos de produção de mudas de pimenta malagueta, visando suprir a carência de informações, nesta etapa de condução da lavoura, para produtores da Zona da Mata Mineira. Os tratamentos consistiram dos recipientes: copos descartáveis de 200 ml e bandejas de isopor de 128 células com volume de 24,5 cm3; dos substratos formulação comercial Bioplant prata, mistura do Bioplant com vermiculita (2:1) e húmus e de mudas produzidas em canteiros. Aos 71 dias após a semeadura, avaliou-se o desenvolvimento das plântulas, anotando-se: altura da parte aérea; diâmetro do caule, número de folhas, comprimento das raízes e pesos da matéria seca da parte aérea e do sistema radicular. No sistema de produção de mudas em copos plásticos, e naquele em canteiros, as plântulas apresentaram-se mais desenvolvidas quando comparadas àquelas produzidas em bandejas. PALAVRAS-CHAVES: Capsicum frutescens, substratos, recipientes, qualidade de mudas ABSTRACT Evaluation of chile pepper seedlings production systems (Capsicum frutescens). Chile pepper ‘Malagueta’is an important crop for growers in Zona da Mata region of Minas Gerais Sate. However, little information is available on best chile pepper seedling production system. Thus, the objective of this work was to evaluate seedling production systems based on treatments that consisted of different containers: 200-ml plastic disposable cups and 128-cell styrofam trays with 24.5cm3 capacity; different substrates: commercial Bioplant prata, mixture of Bioplant and vermiculite (2:1), and humus. Seedling produced on regular sowing beds were considered as control. After 71 days from sowing date, plant height, stem diameter, number of leaves, root length and weight of dry matter of aerial part and dry weight of roots were 2 assessed. Plants from seedlings produced on plastic cups and regular beds had better development than those from styrofoam tray. KEYWORDS: Capsicum frutescens, substrates, recipients, seedling quality A formação de mudas de boa qualidade, etapa mais importante do sistema produtivo de hortaliças, permite melhor planejamento da produção e contribui para a profissionalização dos produtores frente a um mercado cada vez mais competitivo (Minami, 1995; Andriolo, 1999; Calvete & Santi, 2000). A produção de mudas é influenciada pelo tipo do recipiente e de substrato empregados. O primeiro afeta o volume disponível para o desenvolvimento das raízes e o segundo, exerce influência na arquitetura do sistema radicular e no estado nutricional das plantas (Latimer, 1991; Carneiro, 1983; Spurr & Barnes, 1982). A produção de mudas em bandejas de isopor, em casade-vegetação, é o principal método para produção de mudas de hortaliças, ficando a produção de mudas em canteiros (mudas de raiz nua), restrita a produtores com baixa tecnificação. As bandejas possuem um efeito isolante térmico mais eficiente, o que possibilita melhor desenvolvimento das plântulas, mesmo em condições adversas de temperaturas (Tessarolli Neto, 1994) e dentre os sistemas de produção de mudas tem se mostrado eficiente na economia de substrato e de espaço na casa-de-vegetação, facilidade na operação de transplantio, alto índice de pegamento após o transplante, além da vantagem de serem reutilizadas. A redução ou eliminação do estresse por ocasião do transplantio conferida pelo torrão de substrato que acompanha a muda, pode proporcionar precocidade de produção (Oliveira et al., 1993) . O substrato constitui num dos fatores complexos e que podem resultar na nulidade ou na irregularidade do processo germinativo, na má formação das mudas e no aparecimento de sintomas de deficiência ou excesso de nutrientes essenciais à planta e, por isso, deve apresentar características físicas, químicas e biológicas apropriadas para bom desenvolvimento das raízes e da parte aérea (Hoffmann at al., 1995; Menezes et al., 1999; Minami & Puchala, 2000; Andriolo, 2000). O substrato utilizado deve ser capaz de manter o teor adequado de umidade, oxigênio e de nutrientes, favorecendo assim a atividade fisiológica das raízes e evitando condições favoráveis ao aparecimento de doenças radiculares (Fernandes & Corá, 2001). Diversos tipos de substratos comerciais, para a produção de mudas, estão disponíveis aos produtores, porém são recomendados, indistintamente, a um grande número de espécies vegetais, cujas formulações e características são praticamente desconhecidas e, cujos 3 desempenhos como meio de cultivo têm se mostrado extremamente irregulares (Menezes Júnior et al., 1999), apontando a necessidade de verificar, cientificamente, para cada espécie vegetal, qual o substrato ou a combinação de substratos que possibilite obter mudas de melhor qualidade (Andriolo et al., 2002 ). Procurou-se, neste trabalho, avaliar métodos de produção de mudas de pimenta malagueta, visando suprir a carência de informações, nesta etapa de condução da lavoura, para produtores da Zona da Mata Mineira. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido no Centro Tecnológico da Zona da Mata, da EPAMIG em Viçosa, MG, no período de 02/07/03 a 24/09/03. Os tratamentos consistiram dos recipientes: copos descartáveis de 200 ml e bandejas de isopor de 128 células com volume de 24,5 cm3; dos substratos formulação comercial Bioplant prata, mistura do Bioplant com vermiculita (2:1) e húmus e de mudas produzidas em canteiros. A mistura dos canteiros constou de duas partes de terra com uma de esterco bovino, com adubação mineral recomendada para a cultura. A semeadura ocorreu em 02 de julho de 2003, colocando-se duas sementes de pimenta malagueta por copo plástico e duas por célula da bandeja. O desbaste foi realizado quando as plântulas apresentaram a primeira folha verdadeira desenvolvida, deixando-se uma por copo e uma por bandeja. No canteiro, efetuouse o desbaste deixando-se 5,0 cm entre plantas. Aos 71 dias após a semeadura (transplantio), avaliou-se o desenvolvimento de 10 plântulas por parcela experimental, anotando as seguintes características:altura da parte aérea (AP) medida com régua graduada; diâmetro do caule DC (medido com paquímetro em milímetro na região mediana da parte aérea) e o número de folhas (NF). Para a obtenção do comprimento da raiz principal (CRP), peso da matéria seca da parte aérea (PMSPA) e do sistema radicular (PMSSR), as plantas foram retiradas dos locais de semeadura, levadas ao laboratório e lavadas em água corrente para a retirada do substrato aderente. Após a determinação do CRP, por meio de uma régua graduada, as plantas foram seccionadas na altura do colo, colocadas separadamente, parte aérea e sistema radicular, em sacos de papel etiquetados e submetidas à secagem a 650C por 72 h, efetuando-se, na seqüência, ambas as pesagens. Utilizou-se o delineamento em blocos casualizados com sete tratamentos e cinco repetições. Os dados analisados foram submetidos ao teste de Duncan ao nível de 5%, de probabilidade. 4 RESULTADOS E DISCUSSÂO Na Tabela 1 são apresentados os resultados de altura da planta (AP), número de folhas (NF), diâmetro do caule (DC), comprimento da raiz principal (CRP), peso de matéria seca da parte aérea (PMSPA) e peso da matéria seca do sistema radicular (PMSSR) das mudas de pimenta malagueta. Verifica-se na Tabela 1 que no sistema de produção de mudas em copos plástico, independentemente do substrato e naquele em canteiros, as mudas de pimenta malagueta foram mais altas, apresentando também maiores número de folhas, diâmetro do caule, comprimento da raiz principal e peso da matéria seca da parte aérea, quando comparadas a mudas produzidas em bandejas também, independentemente, do substrato utilizado. Provavelmente, o maior volume de substrato nos copos e nos canteiros tenha sido responsável pelo melhor desenvolvimento das mudas de pimenta malagueta. Resultados semelhantes foram obtidos por Barros (1997), Leskovar & Stoffela (1995); Modolo e colaboradores (2001), Muniz et al. (2002) e Oliveira et al. (1993). Estes autores verificaram que mudas de tomate, pepino, quiabo e maracujá, produzidas em bandejas com maior volume de substrato apresentaram melhor desenvolvimento do que aquelas produzidas em bandejas com células de tamanho menor e atribuíram o melhor desenvolvimento de mudas em bandejas com células de maior volume, ao maior volume de substrato nas raízes. Em copos plástico, a adição de vermiculita ao substrato, proporcionou maior PMSSR em relação ao substrato puro. A utilização de vermiculita na mistura de substratos tem sido recomendada para a produção de mudas, por apresentar boa capacidade de drenagem, pH ligeiramente alcalino e também por ser rico em minerais, principalmente cálcio e potássio (Gonçalvez, 1995). Possivelmente, este componente possa ter alterado as características físicas da mistura, melhorando o desenvolvimento das raízes. TABELA 1. Altura da planta (AP), número de folhas (NF), diâmetro do caule (DC), comprimento da raiz principal (CRP), peso de materia seca da parte aérea (PMSPA) e peso da matéria seca do sistema radicular (PMSSR) das mudas de pimenta malagueta. AP (cm) NF Copo- substrato 7,8 AB 9,1 A Copo- substrato + vermiculita 7,5 AB 9,9 A Método de produção de mudas DC CRP (mm) (cm) 2,6 11,5 A AB 2,7 A 12,0 A PMSPA PMSSR (mg) (mg) 360,3 179,6 B AB 459,7 A 250,2 A 5 2,6 11,6 A 436,3 A 212,6 AB AB Bandeja- substrato 5,3 C 7,2 C 2,1 C 5,9 B 121,6 C 71,5 C 7,9 2,2 Bandeja- húmus 5,7 BC 6,3 B 170,1C 69,0 C BC BC Bandeja- substrato + vermiculita 6,7 ABC 7,6BC 2,1 C 5,7 B 170,3 C 83,3 C 8,8 2,2 Canteiro 8,3 A 12,6 A 289,6 B 83,3 C AB BC 28,8 20,9 9,8 14,1 9,9 28,0 C.V.(%) Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Duncan. Copo- húmus 7,7 AB 9,9 A Numa segunda etapa , as mudas foram levadas para o campo com o objetivo de avaliar a influência do tipo de muda no desenvolvimento das plantas e na produção de frutos de pimenta. Em intervalos semanais, por um período de 30 dias, foram avaliadas a altura, o número de folhas e o diâmetro do caule das mudas. As plantas estão em fase de colheita e a produtividade está sendo avaliada. Os resultados serão apresentados numa outra oportunidade. LITERATURA CITADA ANDRIOLO, J.L. Fisiologia da produção de hortaliças em ambiente protegido. Horticultura brasileira, Brasília, v.18, suplemento, p.26-32, 2000. ANDRIOLO, J. L., BONINI, J. V., BOEMO, M. P. ACUMULAÇÃO DE MATÉRIA SECA E RENDIMENTO DE FRUTOS DE MORANGUEIRO CULTIVADO EM SUBSTRATO COM DIFERENTES SOLUÇÕES NUTRITIVAS. Horticultura Brasileira. Brasília, DF: , v.20, n.1, p.24 - 27, 2002. BARROS, S.B.M. Avaliação de diferentes recipientes na produção de mudas de tomate (Lycopersicon esculentum Mill.) e pepino (Cucumis sativus L.). Piracicaba, 1997. 70p. Dissertação (Mestrado) - Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de São Paulo. CALVETE, E.O; SANTI, R. Produção de mudas de brócolis em diferentes substratos comerciais. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, p. 483-484, julho de 2000. Suplemento. 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