Prof, Silvio R. Penteado (Eng. Agr. Ms Dr) Email: [email protected] ANEXO 8.3: CORREÇÃO DO SOLO COM CALCÁRIO NESTA LIÇÃO SERÁ ESTUDADO • • • Analise de solo para corrigir o solo Quando fazer a correção do solo Tipos de calcários e como fazer a sua incorporação Por ocasião da implantação do sistema orgânico, além de fazer as correções das limitações físicas no preparo do solo, é o momento de fazer em profundidade a correção da acidez e das deficiências de cálcio, magnésio, fósforo e micronutrientes. A quantidade e os tipos de corretivos a serem utilizados na correção, dependem do tipo de solo, cultura, produtividade, etc, devendo ser baseados na análise de solo e na recomendação agronômica, sem deixar de levar em conta os preceitos da agricultura orgânica. 1. ANÁLISE DO SOLO: VEJA COMO AVALIAR OS RESULTADOS A análise deve ser feita com bastante antecedência para conhecer a necessidade de correção química na fase de preparo do solo e da adubação de plantio.Em culturas perenes a análise de solo pode ser realizada a cada 2 a 3 anos, porém nas demais anualmente. Os dados mais importantes correspondem ao pH do solo, a presença de alumínio (tóxico para as plantas) e a saturação por bases (V%). Em culturas já instaladas a análise foliar permite melhor visualização do estado nutritivo da planta e suas deficiências. Relações Adequadas:A seguir apresentamos as relações e condições adequadas do solo para a agroecologia, cujas informações devem obtidas na análise do solo:pH do Solo: Os resultados do pH do solo pode vir do laboratório em duas formas: pH em água e pH em cloreto de cálcio (CaCl2) • O pH em água em torno de 6,0 e de preferência na faixa de 6,0 a 6,5. O pH em cloreto de cálcio (CaCl2) em torno de 5,5 ou na faixa de 5,5 a 6,0. Motivo: A determinação analítica do pH em CaCl2 é mais precisa que o pH em água, em diversos casos. • A faixa de pH em torno de 6,0, permite a máxima disponibilidade de nutrientes pelas raízes, melhores condições para o desenvolvimento e atividades dos microorganismos úteis e aumento da resistência das plantas contra pragas e doenças. • É conhecido o fato que o pH alto (acima de 7,0) diminui a disponibilidade de muitos micronutrientes, como o zinco, ferro, boro e manganês. Teor de Cálcio e Magnésio: • O cálcio na análise do solo deve estar entre 15 a 40mmol c/dm³, dependendo do tipo de solo (argiloso ou arenoso) e da exigência da cultura por este nutriente. • Na saturação de bases da CTC, o teor de cálcio deve ser igual ou maior que 65 por cento. • O magnésio na análise de solo deve ser igual ou maior que 9 mmol c/dm³. Caso seja menor, o solo precisa de correção de magnésio, que pode ser feita através do calcário dolomítico ou outras fontes mais ricas de magnésio. • Esta adição deve ser adequada, uma vez que na saturação de bases da CTC, o magnésio deve ter no máximo até 10 por cento. PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL – TODOS OS DIREITOS RESERVADOS PELA LEI 9.610/98 Prof, Silvio R. Penteado (Eng. Agr. Ms Dr) Email: [email protected] Relação entre os Nutrientes (Ca/Mg/K) É de fundamental importância manter as relações equilibradas entre cálcio, magnésio e potássio, não somente para obter boa produtividade, como maior resistência da planta e dos frutos.São consideradas adequadas a relações: 3 a 4 partes de cálcio para 1 parte de magnésio (Ca/Mg= 3-4:1); 9 a 12 partes de cálcio para 1 parte de potássio (Ca/K= 9-12:1) e 3 partes de magnésio para 1 parte de potássio (Mg/K= 3:1). Empregar as formas de calcário (dolomítico, calcítico ou magnesiano) que possam ajudar a estabelecer estas relações. Saturação em Bases (V%): O ideal é a faixa em torno de 55 a 70%. • Os níveis de saturação para o cultivo orgânico devem ser os mesmos recomendados para o sistema convencional em cada região. • Apesar da recomendação acima, no cultivo orgânico como no sistema de plantio direto, aparentemente o efeito tóxico do alumínio para as plantas é menos acentuado do que no sistema convencional, não sendo por isso necessário V% elevado como no sistema convencional. • Vários estudos, como de Sá (1995) mostram elevada produtividade para o milho e soja no plantio direto, em solos com saturação de bases muito baixos, como de 40 por cento. • Isto parece indicar que em sistemas orgânicos o efeito tóxico do alumínio é menos acentuado do que no sistema convencional, porque ocorre introdução de grande quantidade de matéria orgânica no sistema (Manah,1999). • Os efeitos da matéria orgânica, pode ser a razão de permitir obter elevada produtividade em solos com % de saturação menores que o sistema convencional. 2. NECESSIDADE DE CALCÁRIO Para a implantação e manutenção do sistema orgânico deve ser feita previamente (90 a 120 dias) a análise do solo, para a deter-minação da quantidade e forma de calcário a aplicar. Na agricultura orgânica não são aceitas aplicações elevadas de calcário de uma vez. Há certificadoras que recomendam o seu parcelamento, aplicando o máximo de 2,0 toneladas de calcário por hectare/vez. Isto não deve significar a fixação de uma dose anual máxima para o calcário ou outro corretivo de acidez, uma vez que ficará a critério da análise do solo e da determinação técnica da Certificadora, podendo ser maior ou menor (Figueiredo,1999). A utilização de adubos orgânicos, a rotação de culturas e o emprego de adubos verdes, permitem no cultivo orgânico a redução gradual da necessidade de correção do solo. Além da agricultura orgânica, no sistema de plantio direto, que também utiliza elevado aporte de matéria orgânica, são feitas recomendações de baixas dosagens de calcário (Manah,1999), que são: • Em solos argilosos, deve-se aplicar de um terço a metade da necessidade de calagem calculada pelo método de saturação de bases, para a profundidade de amostragem de 0 a 20 cm, até o limite de 2,5 toneladas/ha. • Nos solos argilo-arenosos e arenosos se deve aplicar metade da necessidade de calagem, até o limite de 2,0 toneladas por hectare. Segundo Claro e Conte (1997), pelas seguintes razões são justificadas as doses baixas de calcário no cultivo orgânico: • As concentrações elevadas dos ions de cálcio (Ca) e magnésio (Mg), abaixam o potencial osmótico da solução do solo em relação ao da raiz, afetando a absorção de água e nutrientes pelas raízes. PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL – TODOS OS DIREITOS RESERVADOS PELA LEI 9.610/98 Prof, Silvio R. Penteado (Eng. Agr. Ms Dr) Email: [email protected] • A elevada concentração dos ions Ca e Mg na solução do solo pode afetar o desenvolvimento da flora e fauna benéficas, presentes no solo. Da mesma forma, afeta a absorção de nutrientes, como o potássio e micronutrientes. • Caso o solo tenha baixo teor de argila e matéria orgânica (CTC), haverá perdas por livixiação (lavagem) dos ions Ca e Mg em exces-so, por não existir número suficientes de cargas negativas para serem absorvidos. 3. ÉPOCA DE APLICAÇÃO DO CALCÁRIO: A aplicação do calcário deve preferencialmente anteceder o período das chuvas, para a região central do Brasil. Na região sul, que possui um inverno chuvoso, recomendase aplicar logo após a colheita das culturas de verão (Manah,1999). 4. LOCAL DE APLICAÇÃO DO CALCÁRIO Incorporação em Profundidade: A aplicação do calcário em profundidade é recomendada na fase de implantação do sistema orgânico ou plantio direto, isto é, no preparo do solo. A incorporação do calcário ou outro corretivo da acidez ao solo deve ser uniforme, atingindo desde a superfície até a profundidade recomendada (20, 30 ou 40cm), visando obter uma melhor distribuição das raízes, que não conseguem desenvolver-se em solos ácidos (Trani,1999).A decisão da qual profundidade de incorporação do calcário dependerá do tipo de solo e a característica da planta quanto a ana-tomia de suas raízes. Para melhor uniformidade da distribuição do calcário nas camadas do solo, são distribuídos no terreno 50% do calcário antes do preparo em profundidade (aração) e 50% antes da gradeação. Aplicação Superficial: Quando o sistema estiver instalado, sendo o solo de textura arenosa ou média, com boa infiltração de água e rico em matéria orgânica, tem sido verificado tanto na agricultura orgânica, como no plantio direto que a incorporação é praticamente dispensável, podendo ser aplicado superficialmente (Manah,1999). Neste caso, as perdas do calcário aplicado na superfície do solo, coberto com palhas e restolhos ou com plantas em desen-volvimento são pequenas ou nulas, com a vantagem de não mobilizar o solo e afetar sua estrutura. Mistura Calcário + Gesso:A mistura do calcário com gesso pode ser benéfica quando há necessidade de introduzir cálcio e enxofre nas camadas inferiores do solo, principalmente nos argilosos. O gesso não corrige a acidez, fornece nutrientes.A quantidade de gesso é calculada em relação ao teor de argila no solo. Sua quantidade em peso (kg/ha) será igual a cinquenta vezes o valor porcentual de argila no solo. Existem recomendações de 10 a 30% em relação ao calcário, dependendo da análise do solo e espécie cultivada. Primavesi (1992), recomendam 25% de gesso em relação ao calcário. 5. TIPOS DE CALCÁRIO AGRÍCOLA Podem ser empregados na agricultura orgânica os calcários magnesianos, calcíticos e dolomíticos. Outras fontes secundárias de cálcio e magnésio são: como farinha de ossos, termofosfatos, algas calcificadas, etc.Existem calcários com diferentes PRNT, de 70 a 90%. Eles podem ser ricos em cálcio (calcíticos ou magnesianos) ou em cálcio e magnésio (dolomítico). O calcário magnesiano tem geralmente 58% de CaO e 9% de MgO e o calcítico acima de 58% de CaO e 0,5% de MgO. Estes calcários são indicados para solos com teores elevados de magnésio em função ao cálcio, isto é, com a relação abaixo de 3:1 na análise do solo. O calcário dolomitico, com geralmente 30 - 32% de CaO e 12 - 16% MgO, deve ser aplicado em solos com a relação de cálcio e magnésio equilibrada, isto é, igual ou maior 3:1. PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL – TODOS OS DIREITOS RESERVADOS PELA LEI 9.610/98