Cadernos de Ecologia Aquática 2 (2)

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ATIVIDADES PARA PRÉ-ESCOLA UTILIZANDO ALGUNS ANIMAIS
MARINHOS MAIS CONHECIDOS
Luciane Gomes FERREIRA1 & Marlise de Azevedo BEMVENUTI2
1
Acadêmica do Curso de Especialização em Ecologia Aquática Costeira, FURG,
e-mail [email protected]
2
Departamento de Oceanografia, Fundação Universidade Federal do Rio Grande - FURG,
e-mail [email protected]
RESUMO: Este trabalho propõe atividades para serem desenvolvidas com crianças da pré-escola.
Tem como objetivo estimular a percepção das crianças para os animais marinhos mais
conhecidos, além de desenvolver atividades lúdicas para se trabalhar o tema de forma
simplificada. Foram elaboradas atividades pedagógicas como: jogos didáticos de montar,
observando a forma dos animais escolhidos; confecção de um painel, com as suas distribuições
geográficas e jogo de trilha sobre onde vivem, o que comem e curiosidades. As atividades foram
aplicadas a um grupo de 16 alunos da Pré-Escola Municipal da Querência, Rio Grande, RS.
Palavras-chave: atividades lúdicas,
A Educação Infantil tem como uma de suas atribuições a função de aliar o cuidado à
educação das crianças. Além de questões relacionadas com higiene, alimentação, proteção é
fundamental garantir-se o espaço de convivências, de trocas e descobertas, de exploração de
diversos materiais e de diferentes elementos da natureza (Barbosa 2000). Este autor cita ainda,
que se deve oportunizar a expressão criativa das diferentes linguagens infantis, bem como
incentivar as brincadeiras com atividades, onde é possível unir o real ao imaginário e vivenciar
diferentes papéis que auxiliam na compreensão do mundo que cerca as crianças. Abordar
assuntos relacionados com o cotidiano das crianças ou com o que está próximo a elas possibilita
um melhor aprendizado.
O que na vida real é natural e passa despercebido, na brincadeira torna-se regra e
contribui para que a criança entenda o universo particular dos diversos papéis que desempenha. A
escola e, particularmente, a pré-escola poderiam utilizar estas situações para atuar no processo
de desenvolvimento das crianças (Oliveira 1993).
A cidade do Rio Grande possui recursos relacionados a assuntos do cotidiano, no que se
refere aos animais marinhos como a Universidade, o Museu Oceanográfico, a pesca artesanal
local, o comércio de pescados no Mercado Público Municipal e algumas indústrias com atividade
pesqueira. Embora disponha destes recursos, verificou-se que não há disponibilidade de material
lúdico pedagógico e bibliografia adequada para se trabalhar nas pré-escolas da cidade, mesmo
sendo este assunto tão interessante para as crianças que vivem numa cidade rodeada pelo mar e,
sendo este, muitas vezes o sustento das famílias.
Falar sobre animais marinhos nesta cidade é uma grande “vantagem” para desenvolver
nas crianças desde cedo a importância e o potencial que a cidade tem ao se trabalhar este
assunto nas pré-escolas locais.
O trabalho pedagógico quando tem como base o lúdico, é uma situação privilegiada para a
aprendizagem infantil, onde o desenvolvimento pode alcançar níveis mais complexos. Exatamente
pela possibilidade de interação em uma situação imaginária e pela negociação de regras e de
conteúdos temáticos, acreditou-se na viabilidade deste trabalho.
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Buscando melhorar essa situação, propõem-se a elaboração de atividades pedagógicas, a
fim de auxiliar os professores e mostrar às crianças a grande importância dos animais marinhos
para o meio ambiente, conscientizando-as sobre a preservação da natureza.
Metodologia no desenvolvimento das atividades
Este trabalho foi desenvolvido para estimular a percepção das crianças para os animais
marinhos mais conhecidos, além de desenvolver atividades lúdicas para se trabalhar o tema de
forma simplificada. Inicialmente foi feita uma pesquisa bibliográfica para a obtenção das
informações teóricas desejadas sobre os animais marinhos para a realização das diversas
atividades do trabalho com os alunos. As atividades propostas foram aplicadas nos alunos da préescola.
Este trabalho é constituído por 04 etapas e várias atividades:
1º ETAPA: apresentação dos animais, um de cada vez, sendo discutidas algumas
curiosidades como onde vivem, o que comem etc.; nesta etapa foi aplicado o recurso pedagógico
“roda”, muito utilizado na pré-escola, como forma de descobrir o interesse dos alunos por
determinados assuntos através da conversar;
- dependendo da quantidade de informações obtidas sobre cada animal, pode ser
necessário um número maior ou menor de aulas para se falar sobre cada animal;
- também podem ser mostradas figuras, fotos ou o próprio animal, quando possível. Este
material poderá ser encontrado na biblioteca da escola (quando tiver uma), em livros
utilizados pelo currículo, livrarias e na Internet;
2º ETAPA: após serem apresentados todos os animais, com suas características particulares,
foram confeccionados os “jogos de montar”, com a figura do animal, utilizando-se material de
sucata;
- os jogos podem ser confeccionados quando não são vendidos em lojas especializadas
ou, em virtude da carência de muitas escolas estaduais e municipais, a maioria não
dispõem de recursos para a aquisição dos mesmos. A confecção com sucata utiliza
material sem custo algum e de fácil acesso;
3º ETAPA: montagem do painel, onde as figuras dos animais deverão ser colocadas de acordo
com sua distribuição geográfica nos ambientes aquáticos, conforme estão sendo apresentados;
4º ETAPA: elaboração do “jogo de trilha”, onde estavam todas as informações “misturadas” dos
animais trabalhados;
- nesta atividade os alunos deverão reconhecer cada animal, utilizando o aprendizado
realizado anteriormente
- no jogo de “trilha” podem jogar cinco alunos de cada vez, cada um representando um
animal já estudado; percorrem uma trilha com cores que tem relação com a legenda;
também têm desenhos ou figuras de partes do corpo, informações sobre onde vivem,
sobre o que comem e outras curiosidades conforme o animal estudado;
- ao final, os alunos passam por importantes etapas que levam ao conhecimento:
observação, manuseio do objeto que simboliza o animal, memorização e aplicação do
conhecimento adquirido.
Roteiro de atividades na sala de aula
1 - conversar com os alunos e observar o interesse sobre os animais marinhos, estimular que
tragam curiosidades sobre eles. O professor poderá levar para a sala de aula alguns animais
preservados e armazenados em vidros ou figuras para os alunos verem. Apresentar os animais
aos poucos, um de cada vez.
2 - estimular os alunos a fazerem perguntas, falar sobre o animal em questão e o que encontraram
sobre ele;
- estimular os alunos a procurar em casa alguma coisa sobre cada animal para que, nas
próximas aulas, possam relatar o que encontraram. Desta maneira pode-se fazer com que os
alunos e as sua famílias participem e se envolvam no trabalho;
- na aula seguinte apresentar informações (veja no final texto para o professor).
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3 - montar um cartaz com as informações que eles registraram;
4 - solicitar que tragam de casa algum material sobre cada animal apresentado. Propor a
confecção de alguns jogos para estimular o aprendizado e também estabelecer um divertimento
com isso.
- caso a escola não possa fornecer material para confeccionar os jogos, estimular os
alunos a confeccioná-los com material de sucata que poderiam juntar em casa e trazer para a
escola, como por exemplo: caixinhas de chá, sabonete, pasta de dente ou qualquer outra caixinha
de pequeno tamanho para a confecção dos jogos. Também, fazer promoções para que as
atividades aconteçam e todos possam participar;
- outras atividades: fazer desenhos dos animais; a professora pode medir com fita métrica
e marcar em papel para ver quanto mede; relacionar seu peso com o de sacos de feijão. Por
exemplo corvina de 6 kg é igual a segurar 6 sacos de feijão.
5 - colocar a figura de cada animal no painel que apresenta o mapa dos oceanos, mostrando sua
distribuição;
6 - fazer os jogos de montar com as figuras de alguns dos animais de maior interesse dos alunos.
Aplicação das atividades na pré-escola
Com os alunos sentados na “roda” mostrar a figura do animal e perguntar o que eles
gostariam de saber sobre ele. Conforme as perguntas forem surgindo colocá-las em um cartaz.
1- corvina
Figura 1 – Corvina
(Micropogonias furnieri)
25 cm de comprimento
total (foto: Lab. Ictiologia,
Departamento
de
Oceanografia - DOc,
FURG)
- exemplo de perguntas mais comuns na “roda”:
- O que comem? Qual o maior tamanho? Como é que ela respira? Será que come
peixinhos? Por que tem um furinho na barriga? Onde encontramos, no mar ou no rio?
2 – peixe-cachimbo
- exemplo de perguntas mais comuns na “roda”:
- Como ele nada? Como e o que ele come?
Come peixinhos? Como respira? Por que a
cola é pretinha? Como ele vive? Será que ele
nada no fundo?
Figura 2 - Peixe-cachimbo (foto: Celso Paris)
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3 – linguado
Figura 3 - Linguado (foto:
Lab. Ictiologia, DOc -FURG)
- exemplo de perguntas mais comuns na “roda”:
- Como ele caça peixinhos? Qual seu tamanho? Como respira? Como nada? Por que ele
tem os dois olhos no mesmo lugar? Por que é branco aqui? Quantos filhotinhos nascem?
Será que este guarda os filhotinhos dentro da boca?
4- cavalo-marinho
Esse animal é muito parecido com o peixecachimbo.
- exemplo de perguntas mais comuns na “roda”:
- A gente come este peixe? O que ele
come? Como ele nada? Como são os
filhotes? Como pára no chão? Como abre a
barriga? (esta pergunta foi feita em função
de terem visto um desenho dos filhotes do
cavalo-marinho saindo da barriga do
mesmo).
Figura 4 – Cavalo Marinho Hippocampus reidi (foto:
Lab. Ictiologia, DOC - FURG)
5 – siri-azul
Na continuidade do trabalho, o próximo animal a ser apresentado pode ser o siri-azul, pois
quando se comenta que os cavalos-marinhos alimentam-se de pequenos crustáceos os alunos,
geralmente, querem saber o que é um crustáceo. Aproveita-se a oportunidade para falar sobre
este tipo de crustáceo, que pode ser encontrado com facilidade nas praias do RS. Explicar a
diferença entre siri e caranguejo
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Figura 5 – Siri Azul (foto: Lab. Ictiologia,
DOc - FURG)
- exemplo de perguntas mais comuns na “roda”:
- Este é fêmea ou macho? Como ele come? Como ele nada? Ele tem boca? Por que ficam
umas bolhas na boca? Siri dorme?
6 - camarão
Na apresentação do camarão, que
também é fácil de ser reconhecido pelos
alunos, as perguntas mais comuns na “roda”
são:
- Como nascem? Como nadam? O que
comem? Onde vivem? Qual o
tamanho?
Figura 6 – Camarão (foto: site www.dnr.state.sc.us)
7- golfinho
Depois de apresentado o camarão é interessante apresentar um animal maior.
Figura 7 – Golfinho
Manoel Novaes)
(foto:
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- exemplo de perguntas mais comuns na “roda”:
- Como o pequeno come? Como respiram? Como nadam? Como sai o bebê de dentro da
barriga? Como pulam?
8- baleia
Com a intenção de aproximar mais esta atividade com a realidade dos alunos, pode-se
apresentar a baleia-jubarte que é vista no litoral do Rio Grande do Sul.
- exemplo de perguntas mais comuns na “roda”:
- Como respiram? Têm
dentes, têm olhos? O
que comem? Como
nascem os filhotes?
Qual o tamanho? Que
tamanho
nasce
o
filhote?
Figura 8 – Baleia Jubarte (foto: site www.webshots.com)
9 – leão-marinho
Para saber mais sobre o grupo do leão-marinho é interessante a professora organizar uma
visita ao Museu Oceanográfico de Rio Grande “Prof. Eliézer Rios” (fone: 53- 3231-8460);
Figura 9 – Leão Marinho (foto: OLIVEIRA, 2000)
- exemplo de perguntas mais comuns na “roda”:
- Por que as patas são viradas? Como é que ele
caça? Como mexe as patas? Por que tem os dentes
assim? Será que vive só dentro da água?
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Finalização das atividades
1- Montagem do painel
Metodologia - utilizar papel, têmpera em vários tons de azul para fazer o mar, amarelo e marrom
para fazer a areia, pincéis, papel laminado para fazer a moldura do painel e figuras dos animais já
estudados. Pedir aos alunos que tragam figuras de peixes e do ambiente aquático (neste caso o
oceano).
Distribuir os alunos ao redor do painel, no chão para que todos participem da confecção
do mesmo. Depois que o painel secar, distribuir os animais conforme o seu lugar adequado.
Figura 10. Exemplo de um
painel confeccionado pelos
alunos nesse tipo de atividade
2 – Confecção do jogo de montar
Metodologia - a última etapa do trabalho será confeccionar o “jogo de trilha” utilizando com os
seguintes materiais: pedaço de papelão (70x70cm); cola colorida: azul, vermelha, verde, amarela,
branca e preta; durex colorido; papel color-set; uma folha de papel ofício; uma caixinha de chá
vazia; animais marinhos de plástico ou borracha; recortes de partes do corpo dos animais
estudados.
Pintar em papelão com cola colorida azul; fazer bolinhas de dois tamanhos com papel
color-set e colar no papelão formando uma trilha. Nas bolinhas maiores colar partes dos animais
estudados, as menores devem ser pintadas com cola colorida, da seguinte maneira:
- Vermelha: anda 2 casas; - Azul: anda 1 casa; - Amarelo: fica no mesmo lugar.
Como funciona: utilizar um dado
confeccionado com a caixinha de chá
para saber quantas bolinhas avança.
Quando cair em uma bolinha que
contenha a parte de um animal,
responder o que é: se acertar avança
uma bolinha; se errar permanece no
mesmo lugar. Através deste jogo
pode-se verificar o conhecimento
adquirido pelos alunos (Figura 11).
Figura 11. Exemplo de um jogo de
trilha confeccionado pelos alunos.
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Texto complementar para os professores:
CORVINA
É um peixe de escamas; corpo alto, ligeiramente comprido; boca voltada para baixo; préopérculo fortemente serrilhado. A coloração é prata clara com reflexos arroxeados; pode
apresentar listas longitudinais pretas ao longo do corpo, especialmente nos indivíduos jovens.
Possui alguns pares de pequenos barbilhões na mandíbula. Alcança cerca de 80 cm de
comprimento total e pode pesar até 6 kg. A nadadeira dorsal é contínua, profundamente
entalhada; as peitorais são grandes, maiores que as ventrais. Alimenta-se principalmente de
crustáceos e peixes pequenos.
Ocorre desde as Antilhas, na América Central, até à Argentina, na América do Sul. Sua
distribuição no Brasil ocorre principalmente nas regiões sudeste e sul. É uma espécie costeira que
vive em fundos arenosos ou de lama, de preferência em profundidades até 100 m. Os jovens e
alguns adultos freqüentam os estuários, onde também podem entrar na água doce. Formam
cardumes pequenos e é uma espécie comercial muito importante, também apreciada pelos
pescadores amadores.
Ref.: http://www.criareplantar.com.br/aquicultura
PEIXE- CACHIMBO
Estes peixes possuem formato curioso pois são alongados, medem até 25 cm de
comprimento. O seu corpo é tão alongado que em alguns lugares, chamam-no de peixe-agulha ou
agulha-do-mar, porém entre nós é conhecido por peixe cachimbo. Tem a cabeça parecida com a
do cavalo-marinho, porém sem o pescoço curvo. A nadadeira dorsal pequena fica no meio do
corpo e a caudal tem a forma de um pequeno leque.
Alimentam-se através do focinho tubular, sugando organismos planctônicos e crustáceos
encontrados em águas litorâneas rasas, junto a recifes de coral e regiões cobertas por algas.
Vivem em águas do Oceano Atlântico, junto a desembocadura de estuários ou rios.
Os machos dessa espécie possuem um saco ovígero na parte ventral do tronco, formado
por duas pregas cutâneas, que formam a bolsa incubadora. Nela se desenvolvem os ovos
resultantes da desova realizada pelas fêmeas. Os jovens são eliminados através de uma abertura
na bolsa.
Ref.: http://www.criareplantar.com.br/aquicultura
http://www.setorpesqueiro.com.br/ aquariodesantos
Santos 1982; Neto & Nunes 2003;
LINGUADO
O linguado é um peixe achatado que pode atingir até 60 cm de comprimento. Apresenta
uma nadadeira dorsal única, que lhe corre todo o corpo. O que chama a atenção deste peixe é a
posição dos olhos num só lado da cabeça. Fica imóvel a espera de algum peixe descuidado ou de
um cardume de sardinhas, para então dar rápidos botes no meio deles. Aprecia também pequenos
crustáceos. Passa a vida escondido na areia ou no cascalho, no fundo do mar. As larvas que
saem dos ovos da mãe linguado são parecidas com as dos outros peixes, mas acabam ficando
achatadas. Os linguados vivem deitados sobre o lado “cego”. Quando o linguado chega num certo
grau de crescimento, um dos olhos se desloca lateralmente, contorna a parte superior, anterior da
cabeça, e aí se instala definitivamente sobre o lado oposto. Quando já tem os dois olhos do
mesmo lado, o pequeno linguado abandona o local onde nasceu e vai para o fundo do mar.
Apresentam um quase perfeito mimetismo.
Ref.: Santos1982; Beaumont 2001.
CAVALO MARINHO
O cavalo-marinho não possui escamas, sendo revestido por uma carapaça dura composta
por placas córneas. A cabeça é separada do tronco por uma espécie de pescoço. Apresenta
nadadeiras dorsal, peitorais e uma cauda longa. Os únicos traços que o denunciam como um
peixe são as brânquias (responsáveis pela respiração embaixo d’água). O cavalo-marinho tem
uma importante característica, no que se refere a camuflagem, sendo em geral cinzento ou pretobronzeado. Seu tamanho varia de 2 a 60 cm.
Sua alimentação baseia-se sobretudo de plâncton e pulga-dágua, não servindo de
alimento para nenhum peixe e nem para o homem. Alimenta-se também de pequenos crustáceos.
Seu hábitat preferido são os campos de algas. Vive em fundos arenosos ou lodosos, em
profundidades que variam de 8 a 45 metros, na maioria dos mares de nosso planeta.
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Com relação ao acasalamento trata- se de um espetáculo sem igual, que chega a durar
até 48 horas: o macho e a fêmea nadam à volta um do outro, como uma espécie de dança. Após
algum tempo ocorre um abraço nupcial, e a fêmea transfere um ou vários ovos para o macho, que
os guarda numa bolsa de reprodução. Durante aproximadamente 45 dias, o macho alimenta os
filhotes que estão nesta bolsa (fonte de nutrientes para os embriões), que vai crescendo
continuamente, chegando a uma “saturação”, quando então os filhotes começam a abandonar a
bolsa um após o outro. Quando os ovos eclodem, o macho realiza violentas contorções para
expelir seus filhotes. Nascem aproximadamente 100 filhotes. Os filhotes são uma réplica quase
exata dos pais apresentando-se, inicialmente, como transparentes, onde é possível visualizar o
coração. Medem pouco mais que 1 centímetro. Após o nascimento precisam sobreviver sem a
ajuda dos pais, daí por diante é cada um por si.
A popularidade do cavalo-marinho não é surpresa quando consideramos alguns itens
especiais: é de fato um peixe, com cabeça de cavalo, habilidades de mudança de cor como um
camaleão, uma cauda que se prende como a de um macaco, um corpo duro como o de um tatu,
com uma bolsa de canguru e olhos como os de um lagarto. Julgando-se pela aparência, parece
que a natureza reuniu todos estes animais em um só, denominados cavalo-marinho.
Nadam vagarosamente com o corpo na posição vertical, com a cabeça para frente,
impulsionados por uma importante e minúscula nadadeira, a peitoral. Quando se vêem
ameaçados, mudam de cor, dificultando sua visualização. Os gregos na antiguidade apelidaram
esta extravagante criatura Hippocampus (cavalo-monstro-marinho), de monstro não tem nada,
trata-se de um lindo peixe.
Ref.: Neto & Nunes 2003;
http://www.animalnet.com.br
SIRI- AZUL
Chega a ter mais de 15 centímetros de envergadura. A fêmea é menor que o macho. O
último par de patas locomotoras é modificado, funcionando como “remos”; a quela pode pinçar
com muita rapidez, causando pequenos ferimentos. A fêmea apresenta abdome largo e
arredondado, cujos apêndices são usados para carregar os ovos, quando está ovígera, na época
da eclosão dos ovos, retorna ao mar, para que as larvas se desenvolvam. Vive nas praias lodosas,
tanto rasas como profundas, e pode subir pelos riachos que desembocam no mar, sendo
abundante sua ocorrência em água salobra. Este é um dos maiores siris do litoral brasileiro,
O siri possui um casco pontudo; o último par de patas tem a forma de dois “remos” por
isso pode nadar; o siri é encontrado dentro d’água, enquanto o caranguejo pode viver tanto na
água como fora dela; os siris se enterram na areia, os caranguejos cavam túneis.
Ref.: http://www.antares.com.
CAMARÃO
Tem o corpo longo e uma cauda em leque que serve para nadar. Possui antenas
compridas e cinco pares de patas. As duas primeiras acabam em pequenas “pinças”. São muito
importantes na cadeia alimentar, porque se alimentam de seres menores do que eles e são
devorados por animais maiores. Gostam de sair de seus esconderijos a noite, para comer restos
de animais e plantas. Vivem entre algas, debaixo de pedras ou enterrados na areia. São
devorados por animais marinhos maiores.
Ref.: Coutinho 1991.
GOLFINHO
O golfinho não é um peixe: ele possui pulmões que se enchem de ar através de uma
abertura situada no alto da cabeça, o respiradouro. Os golfinhos possuem dentes; alimentam-se
de peixes e camarões.
Depois de ter passado um ano na barriga da mãe, o bebê nasce. O que sai primeiro é a
cauda. Nasce um único filhote.
A mãe golfinho empurra o bebê para a superfície para que ele “respire”. A madrinha
afugenta a cabeçadas os tubarões que rondam por ali.
Os golfinhos talvez sejam os animais mais adorados pelos humanos, juntamente com os
cães e gatos. A relação entre homens e golfinhos vem de longa data, até hoje, muitas são as
histórias sobre golfinhos que salvam pessoas de afogamento. Eles têm um incrível senso de
direção, orientado por um sonar, uma espécie de radar que serve para guiá-los na água.
O comportamento das várias espécies de golfinhos é muito parecido. Eles nadam em
grupos, percorrem enormes distâncias no mar. Quando sentem a presença humana, podem dar
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L.G.Ferreira & M.A. Bemvenuti
saltos sincronizados, como numa dança ensaiada. O golfinho pode saltar mais de 6 metros acima
da água . Felizmente não estão ameaçados de extinção.
Os golfinhos têm sido amplamente estudados. O que mais chama a atenção dos cientistas
é até onde vai a inteligência desses animais. Se por um lado eles são bastante dóceis com o
homem, por outro podem ser bastante agressivos entre si. Em algumas espécies, os machos
apoderam-se das fêmeas como se fossem seus donos e as acompanham por onde quer que
sigam.
Ref.: Beaumont 2001; Oliveira 2000; Pinedo et al. 1992.
BALEIA
As barbatanas da baleia lembram os dentes de um pente e servem para filtrar a água do
mar e reter o plâncton. Atualmente a sua pesca é proibida, mas muitos gostariam de voltar a
pescá-las. A sua carne era muito apreciada pelo homem; com a gordura faziam sabão e
margarina. Os ossos serviam para fazer cola e adubos.
A baleia-jubarte apresenta o corpo robusto, escuro, com áreas brancas irregulares no
ventre. A cabeça é arredondada, com presença de saliências dérmicas, chamadas “nódulos”. O
sopro respiratório é em forma de “balão” e atinge cerca de 3 m de altura. Machos podem atingir 15
m e fêmeas 16 m de comprimento. Podem pesar em média de 24.100 a 29.800 Kg. Apresentam
de 250 a 400 pares de barbatanas de cor negra, com aproximadamente 60 cm de comprimento;
presença de franjas curtas, grossas e escuras na face interna. Vivem no mar Ártico, mas de julho
a novembro procuram águas mais quentes para o acasalamento e a reprodução. Nesta época,
migram para a Ilha de Abrolhos, no litoral da Bahia, Brasil. A reprodução ocorre no inverno. É uma
das mais sociáveis que existem e também é conhecida como baleia-corcunda. Ela adora se exibir,
dando saltos, mergulhando e mostrando a cauda. Apresenta grupos de 3 a 4 indivíduos. É
também conhecida como “baleia-cantora” pela emissão de sons semelhantes a canções, que
podem durar de 6 a 30 minutos e serem repetidos por horas.
Ref.: Pinedo et al. 1992; Almaça 1998; IBAMA 2001.
LEÃO-MARINHO
Ao contrário das focas, os leões-marinhos possuem orelhas aparentes e, por causa de
suas nadadeiras viradas para frente, podem andar com mais facilidade. Eles também gostam de
viver reunidos em grandes grupos no mar para procurar alimento ou na terra para descansar. O
leão-marinho-do-sul (Otaria flavescens), também conhecido como lobo-marinho de um pêlo,
apresenta um tamanho médio de 2,3 metros para machos (máximo de 2,66 m) e 1,8 metros para
fêmeas (máximo de 2,04 m). Com relação ao peso, os machos podem pesar em torno de 200 e
300 quilos e fêmeas até 144 quilos.
Apresentam corpo robusto, com focinho curto e largo. Nas fêmeas o pêlo é pardo amarelo
e nos machos varia de marrom escuro, quase negro até marrom claro. Machos adultos
apresentam focinho dorsalmente direcionado e uma farta juba, ausente nas fêmeas e nos jovens.
Presença de uma única camada de pêlos grossos.
No Rio Grande do Sul, a maioria dos exemplares observados são machos adultos e
costumam freqüentar a Ilha dos Lobos, em Torres e no Molhe Leste da Barra de Rio Grande.
Aproximadamente 150 indivíduos, especialmente machos adultos e sub-adultos, ocupam essas
áreas durante os meses de inverno e primavera. Sua presença tem sido ocasionalmente
registrada nas regiões sudeste e nordeste da costa brasileira. A espécie é caracteristicamente
costeira e de ampla distribuição ao longo da América do Sul, possuindo colônias para reprodução
no Peru, Chile, Argentina e Uruguai. Atualmente são desconhecidos locais de reprodução no
Brasil . A gestação de uma fêmea dura 12 meses.
Ref.: Pinedo et al. 1992; IBAMA 2001; Oliveira 2000.
AGRADECIMENTOS
À Pré-Escola Municipal da Querência, Rio Grande, RS e aos alunos que participaram das
atividades. Às professoras Dra. Paula Ribeiro Costa, MSc. Maria da Graça Z. Baumgarten e MSc.
Anette Kümmel Duarte pela revisão e sugestões ao texto.
Cadernos de Ecologia Aquática 2 (2):43-53, ago-dez 2007
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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