VI Seminário Latino Americano de Geografia Física II Seminário Ibero Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 Análise da cobertura vegetal como indicador de qualidade ambiental em áreas urbanas: Um estudo de caso do bairro da Pedreira – Belém/PA Cézar Augusto Reis da F. Borges Graduado em Geografia (IFPA) – MPEG (Bolsista IC – CNPQ). [email protected] George Costa Marim Graduado em Geografia (IFPA) – MPEG (Bolsista IC – CNPQ). [email protected] José Edílson Cardoso Rodrigues Prof. Msc. Geografia do IFCH/FGC/UFPA. [email protected] 1. INTRODUÇÃO A vegetação possui infinitas funções que constituem o espaço urbano, uma vez que, esta representa uma das variáveis responsáveis pela amenização do microclima das cidades, servindo de delimitador de espaços, absorvendo os ruídos, purificando o ar com a absorção das partículas tóxicas e de poeiras, diminuindo o albedo dos objetos, ou seja, a reflectância da energia solar, promovendo um ambiente adequado à moradia (Mascaró 2002). Isto tem impacto direto no cotidiano das pessoas, pois interfere desde o estado de ânimo do indivíduo até ocasionar problemas cardiovasculares, respiratórios e até psíquicos. Os espaços verdes devem ser analisados, entendidos, estudados de acordo com a função que exercem para que sejam implementados em praças, corredores viários, bosques, parques, canteiros, calçadas, proporcionando um ambiente favorável a um bom modo de vida, que também é fundamental para o equilíbrio do ecossistema urbano, pois a cidade é um local de abrigo de diversas espécies que se interagem para sobreviverem e oferecerem vida. A qualidade da vida humana está diretamente relacionada com a interferência da obra do homem no meio natural urbano. A natureza humanizada, através das modificações no ambiente alcança maior expressão nos espaços ocupados pelas cidades, criando um ambiente artificial (Lombardo 1985). O bem-estar do ambiente é necessário para o bem-estar humano, haja visto que estes dois componentes se integram em uma escala mais abrangente definida de ecossistema. Portanto a manutenção ecológica, a permeabilidade e as propriedades do solo, a regulação da temperatura, o abrigo e produção de alimento para determinadas espécies, devem ser levados em consideração no ordenamento das cidades, no plano diretor, tentando 1 Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socio-ambientais ultrapassar a fronteira do paisagístico, do estético, no qual os responsáveis pelas secretarias de meio ambiente são padronizados. Isto deve ser completado com a preferência de espécies arbóreas e arbustivas, que para este ambiente possuem uma maior representatividade nos benefícios gerados pela vegetação, visto que, tais espécies por serem caracterizadas por um porte maior conseguem proporcionar uma melhor atividade natural no recinto urbano, oferecendo sombra, uma melhor configuração espacial do meio e outras funções citadas anteriormente. No que concerne ao município de Belém, a retração da vegetação pode ter impacto significativo na vida dos habitantes e ecossistemas em geral, uma vez que as baixas latitudes equatoriais recebem uma grande quantidade de insolação o ano todo, com a perda da cobertura vegetal o processo de evapotranspiração diminui consideravelmente, elevando a temperatura da cidade. As áreas de alta densidade ocupacional das baixas latitudes são as que mais necessitam dos benefícios proporcionados pela cobertura vegetal para a melhoria da qualidade de vida e adequado balanço térmico. A distribuição espacial, a quantidade e as características da cobertura vegetal oferecem importantes parâmetros para a avaliação da qualidade ambiental urbana (Luz & Rodrigues 2007). Pensando nessa questão realizou-se um estudo sobre a analise da cobertura vegetal como indicador de qualidade ambiental em áreas urbanas, destacando o bairro da Pedreira no município de Belém, Estado do Pará, Brasil, com o principal objetivo de compreender a distribuição espacial da cobertura vegetal bairro da Pedreira utilizando a escala de análise a nível de bairro. Este exercício nos proporciona maior clareza da perda de áreas verdes por bairro, nos levando a entender melhor os principais fatores significativos a perda e até mesmo da falta destes espaços verdes. A metodologia utilizada na realização do trabalho consistiu de um levantamento do arcabouço teórico baseado na revisão da literatura, que serviu de suporte ao referencial teórico e prático, possibilitando desenvolver um sistema de classificação vegetal mais adequado para análise da área de estudo. Utilizou-se como referência autores especialistas nesta abordagem, tais como, Nucci (2008), Lombardo (1985), Cavalheiro (1999), Guzzo (1997), Pivetta et. al. (2005), estes na abordagem de estudos mais gerais, já em uma análise local, Luz e Rodrigues (2007) além do levantamento histórico do bairro. Os matérias utilizados partiu de trabalho de campo, levantamento cartográfico, e imagens de satélite do sensor IKONOS ano 2006 cedida pelo Sistema de Proteção da 2 VI Seminário Latino Americano de Geografia Física II Seminário Ibero Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 Amazônia (SIPAM). Assim realizou-se a verdade terrestre do local de estudo, a partir de visitas de campo pelo bairro, analisando locais que apresentavam áreas verdes na imagem para verificar a veracidade da mesma que utilizamos como referência, bem como realizou-se a identificação das espécies predominantes, sendo abordadas apenas espécies de porte arbóreo e arbustivo, de acordo com a classificação de Furlam (2005), onde estes estratos são mais representativos no espaço urbano. O mapeamento, quantificação da vegetação do bairro e os outros itens da cobertura da terra e seus layouts, foram realizados com utilização do SIG software (Sistema de Informação Geográfica) ARCGIS 9.3, bem como a elaboração de uma cartografia temática apresentando o uso do solo e a cobertura vegetal. Calculou-se também o índice de cobertura vegetal por habitante, baseado no mapa de vegetação e no censo demográfico do IBGE1 do ano 2000, utilizando a seguinte equação matemática: ICVH = TAVBr N°THBr ICVH – Índice de Cobertura Vegetal por Habitante; TAVBr – Total de Áreas Verdes por Bairro (m²); N°THBr - Número Total de Habitantes do Bairro Por fim utilizou-se o mapa de cobertura vegetal do bairro da Pedreira com a finalidade de uma melhor analise a da espacialização das áreas verdes, tendo como referência os parâmetros determinados pela ONU (Organização das Nações Unidas) que sugere o índice de 30 % de cobertura vegetal nas áreas urbanas, e caso esse valor seja inferior a 5%, então caracteriza-se como área semelhante a regiões desérticas (Nucci 2008), comprometendo a qualidade ambiental (Quadro 1). QUALIDADE AMBIENTAL BAIXA MÉDIA ALTA até 5% 10 - 25% acima de 30% Quadro 1 – Classes de qualidade ambiental no parâmetro da cobertura vegetal. Fonte: Elaborado e organizado pelos autores. 1 Utilizou-se os dados do censo demográfico do ano de 2000 (IBGE 2009), em virtude de ser a contagem mais atual, porém sabe-se de um acréscimo da população em função do tempo, constatando-se uma margem de erro no cálculo, que será corrigido a partir da divulgação do novo censo de 2010. 3 Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socio-ambientais 2. CARACTERIZAÇÃO E HISTÓRICO DO BAIRRO DA PEDREIRA O bairro da Pedreira possui uma população estimada em 69.152 habitantes, baseado no censo demográfico do IBGE de 2000, com uma extensão territorial de aproximadamente 3.683.443,68 m², fazendo parte da Primeira Légua Patrimonial2 sendo limítrofe aos seguintes bairros: Sacramenta (Noroeste), Telégrafo (Oeste), Marco (Leste), Souza (Nordeste), Fátima – Antiga Matinha (Sul) e Umarizal (Sudoeste) e fazendo parte da micro-bacia do Una, juntamente com os bairros de São Braz, -48,542240 -48,445056 -48,347872 ® -48,250688 -48,153504 1°16’8”S -0,987808 Fátima, Umarizal, Marco, Telégrafo, Sacramente, Marambaia, Souza e Benguí (IBGE 2009) (Figura 1). Possui uma hidrografia composta pelo canal3 da Pirajá e canal do Galo. Suas principais vias de circulação são as Avenidas Pedro Miranda e Marques de Herval se encontram as DE porções mais verticalizadas do bairro, com residências de MAPA DEonde LOCALIZAÇÃO DA ÁREA ESTUDO variados padrões sociais e boa infra-estrutura de equipamentos urbanos. PARÁ BRASIL 48°22’8”W -1,114332 BRASIL DAMOS COTIJUBA E ILHAS -1,240856 SANTA BÁRBARA Legenda DAOUT Bairro da Pedreira ® 0 2,5 5 Km -1,367380 Fonte: Base Cartográfica Imagem IKONOS (2006) do município de BelémPA., cedido pelo SIPAM Org.: Borges; Marim; Rodrigues (2010) LAGOS BAÍA DO GUAJARÁ Figura 1 – Mapa de localização do bairro da Pedreira. -1,493904 RIO GUAMÁ 2 -48,542240 egenda A Primeira Légua Patrimonial foi demarcada oficialmente em 1703, obedecendo um traço de uma légua em arco de quadrante das margens do Rio Pará em direção ao sul, e Rio Guamá em direção ao norte.(CODEM 2005). 3 Curso de água natural ou artificial, claramente diferenciado, que contém água em movimento, de -48,445056 -48,347872 -48,250688 -48,153504 maneira contínua ou periódica, ou então que estabelece uma interconexão entre dois corpos de água (IBGE 2004). RMB - Região Metropolitana de Belém Bairro da Marambaia Bairro da Pedreira 0 2,5 5 10 15 20 Km 4 VI Seminário Latino Americano de Geografia Física II Seminário Ibero Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 Para um melhor entendimento sobre a perda de áreas verdes em áreas urbanas se faz necessário conhecer um pouco do histórico do bairro onde no final do século XIX, Belém experimentou um intenso processo de crescimento populacional e urbano em decorrência principalmente da atividade de extração da borracha que gerou muitos lucros para a cidade em um período conhecido como Belle Époque. Neste contexto, começam a aparecer novos bairros na cidade, como é o caso da Pedreira, que surge em decorrência do prolongamento do bairro do Marco, criado a partir da prévia aprovação na sessão da Câmara Municipal em 13 de setembro de 1983 (Silva 2005) A ocupação do bairro da Pedreira foi iniciada no século XIX pelas populações de baixa renda que foram perdendo espaços nas áreas centrais da cidade de Belém e acabaram sendo manejadas para espaços periféricas, onde esses espaços de certa maneira não apresentavam as mínimas condições de moradia, sem falar dos espaços alagadiços que também foram sendo ocupados. Essa ocupação foi iniciada no final do século XIX onde segundo Valente (1994) (apud Ribeiro 2005), “por volta de 1890, começaram a surgir os primeiros caminhos em uma área de muitos igarapés e outros cursos d’água que a tornava um ponto quase que permanentemente alagado”. Uma das primeiras intervenções na área foi com o médico Pedro Miranda, que era muito popular em Belém, onde passou a sanear os espaços alagados que apresentavam nenhuma infra-estrutura. É importante destacar que o bairro surge a partir do projeto urbanístico de Belém no governo do intendente Antônio Lemos (1905), onde foram demarcadas as quadras e as ruas do bairro da Pedreira. Este bairro foi um exemplo claro da reestruturação desorganizada do seu espaço, onde este local serviu de refúgio para as populações discriminadas. O crescimento do bairro é acompanhado com o crescimento populacional da cidade de Belém, principalmente nas décadas de 50, 60 e 70 do século XX, onde o bairro foi sendo ocupado ainda por uma população de baixa renda, principalmente nas áreas mais alagadas próximas ao canal do Galo e o canal da Pirajá. Segundo Penteado (1968) (apud Silva 2005) o aspecto físico e social da Pedreira se prolongou até meados das décadas de 1960 e 1970 do século passado, quando uma nova configuração sócio – espacial passara a fazer parte da realidade do bairro, em conseqüência principalmente da intervenção pública para a melhoria de sua infra estrutura urbana, pois se destaca que o espaço urbano possui como características o dinamismo, que leva a produção e reprodução de áreas na cidade de acordo com os interesses das forçais sociais que nelas atuam. 5 Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socio-ambientais Nos anos 1990 a Pedreira voltou a ser alvo de outro projeto de estruturação do espaço urbano em decorrência do modelo de ocupação presente no bairro. Essa intervenção pública estava baseada no projeto de Macrodrenagem da Bacia do Una (recuperação das áreas de baixadas). Este projeto objetivou principalmente resolver os problemas de inundação nas áreas de baixada de Belém, através da implantação de sistema de drenagem, alem de promover a urbanização das mesmas, com a pavimentação das vias, saneamento básico e arborização beneficiando aos bairros da Pedreira, Marambaia, Telégrafo, Benguí, Marco, Umarizal, Sacramenta, Souza e Fátima (Silva 2005). Portanto, o bairro da Pedreira na década de 1980 era um dos mais procurados pela especulação imobiliária, já que estava possuindo uma infra-estrutura de comercio e serviços, sem falar no processo de verticalização em expansão na área, principalmente após o projeto CURA. 3. CLASSIFICAÇÃO DA COBERTURA VEGETAL DO BAIRRO DA PEDREIRA Após ao conhecimento histórico do bairro pode-se então realizar o mapeamento da cobertura vegetal do bairro onde as espécies pertencentes ao estrato arbóreo e arbustivo, em razão destas serem mais perceptíveis a avaliação da qualidade ambiental nas cidades foram destacadas. A estimativa encontrada sobre o valor de cobertura vegetal existente no bairro da Pedreira revelou uma situação problemática, pois o dado obtido foi de 4,65 % de vegetação pela área do bairro. Isto vem configurarse em um ambiente totalmente inaceitável para um bom padrão de qualidade ambiental, haja vista, que conforme Nucci (2008), “áreas totalmente vazias sem nenhuma ou com menos do que 5 % cobertos com vegetação, são áreas nomeadas de “deserto florístico”. Sendo potencializado pela quantia encontrada quando calculado o volume de áreas verdes por habitante, correspondendo a 2,48 m² para cada indivíduo. Contrapondo-se com os índices difundidos e arraigados pela ONU, OMS (Organização Mundial da Saúde) e FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) no Brasil, que consideram ideal que cada habitante disponha de 12 m² de área verde (Guzzo 1997). Este deserto florístico representa a ausência de planejamento adequado para uma boa qualidade de vida, pois ambientes que possuem taxas de áreas verdes tão insignificantes estão mais susceptíveis a danos ambientais que irão atingir diretamente a população residente. O resultado também possibilitou a visualização da espacialidade das áreas verdes no bairro, onde através da construção da carta de 6 VI Seminário Latino Americano de Geografia Física II Seminário Ibero Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 vegetação pode-se perceber que a maior porção de espaço verde adéqua-se a classificação sugerida por Jim (1989), em uma distribuição isolada e dispersa. Em virtude das disposições das árvores dá-se, na sua grande parte, em quintais e pequenos pontos de calçadas, quando estes não são retirados dos quintais para dar lugar à impermeabilização. Porém constatou-se a existência de dois corredores arborizados e adequados para o espaço urbano. Sendo estes classificados como uma vegetação conectada e contínua, segundo Jim (op cit), localizando-se em quase a totalidade da Avenida Marquês de Herval e em alguns quarteirões da Avenida Pedro Miranda, com a predominância de espécies exóticas, tais como Mangueiras (Mangífera indica L.), Castanholas (Terminalia catappa), Ficus (Ficus sp. 1e Ficus sp. 2) e Cássia (Cassia siamea), e pequeno número de indivíduos nativos como a Sumaúma (Ceiba pentandra) (Figura 2). Já a Avenida Pedro Miranda é formada por uma mancha verde que se centraliza no perímetro correspondente a Travessa Humaitá até a Lomas Valentinas, havendo indivíduos solitários nos demais quarteirões ou nenhum tipo de vegetação (Figura 3). Estes dois espaços de cobertura vegetal podem ser denominados de áreas verdes, em função de estarem exercendo as funções ecológicas e estéticas na paisagem, segundo Guzzo (1997). Há também três pequenos trechos arborizados no bairro que pode ser caracterizados como conectados e contínuos, Avenida Dr. Freitas e Travessa Barão do Triunfo (Figure 4) porém não são tão expressivos, pelo fato de localizarem em porções pouco utilizadas pelas pessoas, pelo seu porte, por não apresentarem manutenção e pelo seu próprio tamanho. Figura 2 – Avenida Marquês de Herval (Vegetação Conectada e linear). Fonte: BORGES & MARIM, trabalho de campo. (2010). 7 Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socio-ambientais Figura 3 – Avenida Pedro Miranda Figura 4 – Travessa Barão do Triunfo (conectada e linear). (conectada e linear). Fonte: BORGES & MARIM, trabalho de campo. (2010). A ausência de praças, parques, clubes, etc., foi outro fator negativo verificado no bairro, revelando uma total carência deste espaço que é fundamental para realização de atividades recreativas, culturais, de educação ambiental, ocasionando uma melhoria na qualidade de vida, desempenhando seu papel socioambiental a população. Constatou-se apenas a Praça Eduardo Angelim (Figura 5), que se encontra parcialmente impermeabilizada, com a presença de algumas árvores e vegetação herbácea, realizando de fato, sua função como área verde as pessoas residentes a proximidade da mesma, porém sendo insuficiente, logicamente, para atender as necessidades da totalidade do bairro. Figura 5 – Praça Eduardo Angelim Fonte: BORGES & MARIM, trabalho de campo. (2010). O bairro possui 2,02 % de áreas livres, que são compostos pelos corredores arborizados de caráter público e por um espaço de manifestações culturais, recreativas e sociais chamado de Aldeia Amazônica Davi Miguel, sendo local de entretenimento e lazer, principalmente dos que moram as proximidades. Tal lugar consisti em uma 8 VI Seminário Latino Americano de Geografia Física II Seminário Ibero Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 espaço aberto de pleno uso e realização de atividades artísticas, folclóricas, tendo como maior expressão o desfile anual das Escolas de Samba de Belém, no período do carnaval. Este espaço classifica-se por área livre, em virtude de ser utilizado pela população, porém não se considera como área verde pela ausência total do verde urbano, onde seria o local ideal para a construção de um complexo de praças ou parque bem arborizados que promoveriam melhor qualidade de vida e possibilitariam uma maior abrangência e ocorrência de atividades recreativas e de educação ambiental, contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência ecológica na população residente e habitantes de outros bairros que seriam atraídos em busca de um lugar apropriado para o bem-estar, tendo como público alvo os jovens e crianças, desempenhando sua função social. Posteriormente visualiza-se a taxa de vegetação por habitante no quadro a seguir (Quadro 2), percebendo o insignificante resultado encontrado, a partir do cálculo realizado pela razão da população total com o índice de vegetação do bairro, juntamente com a espacialização das áreas verdes, apresentado no mapa de cobertura vegetal (Figura 6). ÍNDICE DE COBERTURA VEGETAL POR HABITANTE Vegetação e População do bairro da Pedreira Índice de vegetação por hab Cobertura vegetal (m²) População Total (hab) (m²) 171.458,94 69.152 2,48 Quadro 2 – Índice de cobertura vegetal por habitante do bairro da Pedreira. (2009); BORGES & MARIM, trabalho de campo. (2010). Fonte: IBGE 9 Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socio-ambientais -48,477116 -48,467942 -48,458768 -48,449594 -48,486290 -48,477116 -48,467942 -48,458768 -48,449594 -1,422792 ± -1,416518 -48,486290 -1,435340 -1,435340 -1,429066 -1,429066 -1,422792 -1,416518 MAPA DA COBERTURA VEGETAL DO BAIRRO DA PEDREIRA Legenda Cobertura Vegetal Limite do bairro 0 200 400 800 1.200 1.600 m Figura 6- Mapa da cobertura vegetal do bairro da Pedreira. Fonte: Base Cartográfica Imagem IKONOS (2006) do município de Belém- PA, cedida pelo SIPAM. Projeção UTM, DATUM SAD 69, Escala: 1:20.000 Elaborado e organizado por BORGES, C.A.R.F.; MARIM, G. C.; RODRIGUES, J.E.C. (2010). 10 VI Seminário Latino Americano de Geografia Física II Seminário Ibero Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 Conclusão Definitivamente conclui-se que a presença da cobertura vegetal nos centros urbanos é vital para a melhoria ambiental, onde segundo o bairro pesquisado, percebe-se que a qualidade de vida está inadequada, havendo a constatação que a Pedreira possuem níveis inapropriados para a qualidade de vida, devido à baixa qualidade ambiental, nos parâmetros da cobertura vegetal. A Pedreira encontra-se em um cenário mais grave em razão de apresentar-se com um valor abaixo de 5 % de vegetação. Este resultado estar relacionado diretamente com a forma de ocupação do bairro como podemos constatar através do seu histórico de ocupação e pela falta de percepção das entidades competentes para a manutenção do bairro, não introduzindo nem estimulando a conservação de áreas arborizadas, havendo apenas uma valorização estética deste e, o paradigma de almejar somente os instrumentos urbanos. Há necessidade de melhorar a estrutura arbórea, preservando o meio ambiente para as gerações futuras, haver investimentos na equipagem dos bairros, buscando redefinir um novo padrão de ocupação, mudando o paradigma urbano, que na sua maioria vem produzir perdas irreversíveis ao ser humano. Portanto, verificamos a necessidade da existência de mais áreas verdes em oposição à configuração espacial edificada atual, proporcionando um melhor conforto térmico, minimização de ruídos, purificação do ar, entre outros. Concomitantemente, os espaços verdes nas cidades podem ser utilizados como instrumentos de educação ambiental e/ou conscientização ambiental, sendo locais que promovam uma maior interação entre a população e o meio natural, servindo de subsídio para aplicação de políticas públicas de ordenamento territorial, buscando inter-relacionar a maior existência de espaços verdes com os citadinos, proporcionando uma melhor qualidade de vida as pessoas. 11 Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socio-ambientais REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana de Belém 2005, Anuário Estatístico do Município de Belém. Ed. – CODEM, Belém. FURLAN, S. A. 2005, Técnicas de biogeografia. In: Técnicas de campo e laboratório em geografia e análise ambiental. L. A. B. VENTURI (org.), Oficina texto, São Paulo. GUZZO, P. 1997, `Áreas verdes urbanas: Conceitos e definições´, (sem referência). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 2004, Vocabulário básico de recursos naturais e meio ambiente. 2° ed. – IBGE, Rio de Janeiro. JIM, C. Y. 1989, `Tree-canopy characteristics and urban developmente in Hong Kong´, The Geographical Review, p. 210. LOMBARDO, M. A. 1985, Ilha de calor nas metrópoles: O exemplo de São Paulo, Hucitec, São Paulo. LUZ, L. M. & RODRIGUES, J. E. C. 2007, `Mapeamento da cobertura vegetal da área central do município de Belém – PA, através de sensores remotos de base orbital (sensor TM, LANDSAT 5 e sensor CCD, CBERS 2)´, Anais do XIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Florianópolis, INPE, pp. 1063-1070. MASCARÓ, L. & MASCARÓ, J. L. 2002, Vegetação urbana, Ed. UFRGS – 2° ed, Rio Grande do Sul. NUCCI. J. C. & CAVALHEIRO, F. 1999, `Cobertura vegetal em áreas urbanas – conceito e método´, Revista GEOUSP n° 6. p. 29. NUCCI, J. C. 2008, Qualidade ambiental e adensamento urbano: Um estudo de ecologia e planejamento da paisagem aplicado ao distrito de Santa Cecília (MSP). Ed. 2°: O Autor, Curitiba. PIVETTA, A.; CARVALHO, J. A.; DALBEM, R. P.; MOURA, A. R.; NUCCI, J. C. 2005, `Sistema de classificação da cobertura do solo para fins de comparação entre cidades e bairros´, 12 VI Seminário Latino Americano de Geografia Física II Seminário Ibero Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 Anais do XI Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada, São Paulo, USP, pp. 381392. RIBEIRO, M. A. A. 2002, O espaço do lazer na cidade de Belém: Um estudo de caso do bairro da Pedreira, UFPA (Universidade Federal do Pará), (Trabalho de conclusão de curso, apresentado ao curso de Geografia da UFPA), Belém. SILVA, V. M. 2005, Valorização espacial de Belém: O caso do bairro da Pedreira, UFPA (Universidade Federal do Pará), (Trabalho de conclusão de curso, apresentado ao curso de Geografia da UFPA), Belém. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 2009, ´Metadata: Dados estatísticos da população, extensão territorial e coordenada do município de Belém´, [Online] Abstraído do Site: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1. Acessado em16/12/2009. 13