Cézar Augusto Reis da Fonseca Borges, George Costa Marim, José

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VI Seminário Latino Americano de Geografia Física
II Seminário Ibero Americano de Geografia Física
Universidade de Coimbra, Maio de 2010
Análise da cobertura vegetal como indicador de qualidade ambiental em
áreas urbanas: Um estudo de caso do bairro da Pedreira – Belém/PA
Cézar Augusto Reis da F. Borges Graduado em Geografia (IFPA) – MPEG (Bolsista IC
– CNPQ). [email protected]
George Costa Marim Graduado em Geografia (IFPA) – MPEG (Bolsista IC – CNPQ).
[email protected]
José Edílson Cardoso Rodrigues Prof. Msc. Geografia do IFCH/FGC/UFPA.
[email protected]
1. INTRODUÇÃO
A vegetação possui infinitas funções que constituem o espaço urbano, uma vez que,
esta representa uma das variáveis responsáveis pela amenização do microclima das
cidades, servindo de delimitador de espaços, absorvendo os ruídos, purificando o ar
com a absorção das partículas tóxicas e de poeiras, diminuindo o albedo dos objetos,
ou seja, a reflectância da energia solar, promovendo um ambiente adequado à
moradia (Mascaró 2002). Isto tem impacto direto no cotidiano das pessoas, pois
interfere desde o estado de ânimo do indivíduo até ocasionar problemas
cardiovasculares, respiratórios e até psíquicos. Os espaços verdes devem ser
analisados, entendidos, estudados de acordo com a função que exercem para que
sejam implementados em praças, corredores viários, bosques, parques, canteiros,
calçadas, proporcionando um ambiente favorável a um bom modo de vida, que
também é fundamental para o equilíbrio do ecossistema urbano, pois a cidade é um
local de abrigo de diversas espécies que se interagem para sobreviverem e oferecerem
vida.
A qualidade da vida humana está diretamente relacionada com a interferência da
obra do homem no meio natural urbano. A natureza humanizada, através das
modificações no ambiente alcança maior expressão nos espaços ocupados pelas
cidades, criando um ambiente artificial (Lombardo 1985). O bem-estar do ambiente é
necessário para o bem-estar humano, haja visto que estes dois componentes se
integram em uma escala mais abrangente definida de ecossistema. Portanto a
manutenção ecológica, a permeabilidade e as propriedades do solo, a regulação da
temperatura, o abrigo e produção de alimento para determinadas espécies, devem ser
levados em consideração no ordenamento das cidades, no plano diretor, tentando
1
Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socio-ambientais
ultrapassar a fronteira do paisagístico, do estético, no qual os responsáveis pelas
secretarias de meio ambiente são padronizados.
Isto deve ser completado com a preferência de espécies arbóreas e arbustivas, que
para este ambiente possuem uma maior representatividade nos benefícios gerados
pela vegetação, visto que, tais espécies por serem caracterizadas por um porte maior
conseguem proporcionar uma melhor atividade natural no recinto urbano, oferecendo
sombra, uma melhor configuração espacial do meio e outras funções citadas
anteriormente.
No que concerne ao município de Belém, a retração da vegetação pode ter impacto
significativo na vida dos habitantes e ecossistemas em geral, uma vez que as baixas
latitudes equatoriais recebem uma grande quantidade de insolação o ano todo, com a
perda da cobertura vegetal o processo de evapotranspiração diminui
consideravelmente, elevando a temperatura da cidade. As áreas de alta densidade
ocupacional das baixas latitudes são as que mais necessitam dos benefícios
proporcionados pela cobertura vegetal para a melhoria da qualidade de vida e
adequado balanço térmico. A distribuição espacial, a quantidade e as características da
cobertura vegetal oferecem importantes parâmetros para a avaliação da qualidade
ambiental urbana (Luz & Rodrigues 2007).
Pensando nessa questão realizou-se um estudo sobre a analise da cobertura vegetal
como indicador de qualidade ambiental em áreas urbanas, destacando o bairro da
Pedreira no município de Belém, Estado do Pará, Brasil, com o principal objetivo de
compreender a distribuição espacial da cobertura vegetal bairro da Pedreira utilizando
a escala de análise a nível de bairro. Este exercício nos proporciona maior clareza da
perda de áreas verdes por bairro, nos levando a entender melhor os principais fatores
significativos a perda e até mesmo da falta destes espaços verdes.
A metodologia utilizada na realização do trabalho consistiu de um levantamento do
arcabouço teórico baseado na revisão da literatura, que serviu de suporte ao
referencial teórico e prático, possibilitando desenvolver um sistema de classificação
vegetal mais adequado para análise da área de estudo. Utilizou-se como referência
autores especialistas nesta abordagem, tais como, Nucci (2008), Lombardo (1985),
Cavalheiro (1999), Guzzo (1997), Pivetta et. al. (2005), estes na abordagem de estudos
mais gerais, já em uma análise local, Luz e Rodrigues (2007) além do levantamento
histórico do bairro.
Os matérias utilizados partiu de trabalho de campo, levantamento cartográfico, e
imagens de satélite do sensor IKONOS ano 2006 cedida pelo Sistema de Proteção da
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Amazônia (SIPAM). Assim realizou-se a verdade terrestre do local de estudo, a partir
de visitas de campo pelo bairro, analisando locais que apresentavam áreas verdes na
imagem para verificar a veracidade da mesma que utilizamos como referência, bem
como realizou-se a identificação das espécies predominantes, sendo abordadas apenas
espécies de porte arbóreo e arbustivo, de acordo com a classificação de Furlam (2005),
onde estes estratos são mais representativos no espaço urbano.
O mapeamento, quantificação da vegetação do bairro e os outros itens da
cobertura da terra e seus layouts, foram realizados com utilização do SIG software
(Sistema de Informação Geográfica) ARCGIS 9.3, bem como a elaboração de uma
cartografia temática apresentando o uso do solo e a cobertura vegetal. Calculou-se
também o índice de cobertura vegetal por habitante, baseado no mapa de vegetação e
no censo demográfico do IBGE1 do ano 2000, utilizando a seguinte equação
matemática:
ICVH
=
TAVBr
N°THBr
ICVH – Índice de Cobertura Vegetal por Habitante; TAVBr – Total de Áreas Verdes por Bairro (m²);
N°THBr - Número Total de Habitantes do Bairro
Por fim utilizou-se o mapa de cobertura vegetal do bairro da Pedreira com a
finalidade de uma melhor analise a da espacialização das áreas verdes, tendo como
referência os parâmetros determinados pela ONU (Organização das Nações Unidas)
que sugere o índice de 30 % de cobertura vegetal nas áreas urbanas, e caso esse valor
seja inferior a 5%, então caracteriza-se como área semelhante a regiões desérticas
(Nucci 2008), comprometendo a qualidade ambiental (Quadro 1).
QUALIDADE AMBIENTAL
BAIXA
MÉDIA
ALTA
até 5%
10 - 25%
acima de 30%
Quadro 1 – Classes de qualidade ambiental no parâmetro da cobertura vegetal.
Fonte: Elaborado e organizado pelos autores.
1
Utilizou-se os dados do censo demográfico do ano de 2000 (IBGE 2009), em virtude de ser a contagem
mais atual, porém sabe-se de um acréscimo da população em função do tempo, constatando-se uma
margem de erro no cálculo, que será corrigido a partir da divulgação do novo censo de 2010.
3
Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socio-ambientais
2. CARACTERIZAÇÃO E HISTÓRICO DO BAIRRO DA PEDREIRA
O bairro da Pedreira possui uma população estimada em 69.152 habitantes,
baseado no censo demográfico do IBGE de 2000, com uma extensão territorial de
aproximadamente 3.683.443,68 m², fazendo parte da Primeira Légua Patrimonial2
sendo limítrofe aos seguintes bairros: Sacramenta (Noroeste), Telégrafo (Oeste),
Marco (Leste), Souza (Nordeste), Fátima – Antiga Matinha (Sul) e Umarizal (Sudoeste)
e fazendo parte da micro-bacia do Una, juntamente com os bairros de São Braz,
-48,542240
-48,445056
-48,347872
®
-48,250688
-48,153504
1°16’8”S
-0,987808
Fátima, Umarizal, Marco, Telégrafo, Sacramente, Marambaia, Souza e Benguí (IBGE
2009) (Figura 1). Possui uma hidrografia composta pelo canal3 da Pirajá e canal do
Galo. Suas principais vias de circulação são as Avenidas Pedro Miranda e Marques de
Herval
se encontram
as DE
porções
mais verticalizadas do bairro, com residências de
MAPA
DEonde
LOCALIZAÇÃO
DA ÁREA
ESTUDO
variados padrões sociais e boa infra-estrutura de equipamentos urbanos.
PARÁ
BRASIL
48°22’8”W
-1,114332
BRASIL
DAMOS
COTIJUBA E
ILHAS
-1,240856
SANTA BÁRBARA
Legenda
DAOUT
Bairro da Pedreira
®
0
2,5
5
Km
-1,367380
Fonte: Base Cartográfica
Imagem IKONOS (2006)
do município de BelémPA., cedido pelo SIPAM
Org.: Borges; Marim;
Rodrigues (2010)
LAGOS
BAÍA DO
GUAJARÁ
Figura 1 – Mapa de localização do bairro da Pedreira.
-1,493904
RIO GUAMÁ
2
-48,542240
egenda
A Primeira Légua Patrimonial foi demarcada oficialmente em 1703, obedecendo um traço de uma
légua em arco de quadrante das margens do Rio Pará em direção ao sul, e Rio Guamá em direção ao
norte.(CODEM 2005).
3
Curso de água natural ou artificial, claramente diferenciado, que contém água em movimento, de
-48,445056
-48,347872
-48,250688
-48,153504
maneira contínua ou periódica, ou então que estabelece uma interconexão entre dois corpos de água
(IBGE 2004).
RMB - Região Metropolitana de Belém
Bairro da Marambaia
Bairro da Pedreira
0
2,5
5
10
15
20
Km
4
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Para um melhor entendimento sobre a perda de áreas verdes em áreas urbanas se
faz necessário conhecer um pouco do histórico do bairro onde no final do século XIX,
Belém experimentou um intenso processo de crescimento populacional e urbano em
decorrência principalmente da atividade de extração da borracha que gerou muitos
lucros para a cidade em um período conhecido como Belle Époque. Neste contexto,
começam a aparecer novos bairros na cidade, como é o caso da Pedreira, que surge
em decorrência do prolongamento do bairro do Marco, criado a partir da prévia
aprovação na sessão da Câmara Municipal em 13 de setembro de 1983 (Silva 2005)
A ocupação do bairro da Pedreira foi iniciada no século XIX pelas populações de
baixa renda que foram perdendo espaços nas áreas centrais da cidade de Belém e
acabaram sendo manejadas para espaços periféricas, onde esses espaços de certa
maneira não apresentavam as mínimas condições de moradia, sem falar dos espaços
alagadiços que também foram sendo ocupados. Essa ocupação foi iniciada no final do
século XIX onde segundo Valente (1994) (apud Ribeiro 2005), “por volta de 1890,
começaram a surgir os primeiros caminhos em uma área de muitos igarapés e outros
cursos d’água que a tornava um ponto quase que permanentemente alagado”. Uma
das primeiras intervenções na área foi com o médico Pedro Miranda, que era muito
popular em Belém, onde passou a sanear os espaços alagados que apresentavam
nenhuma infra-estrutura.
É importante destacar que o bairro surge a partir do projeto urbanístico de Belém
no governo do intendente Antônio Lemos (1905), onde foram demarcadas as quadras
e as ruas do bairro da Pedreira. Este bairro foi um exemplo claro da reestruturação
desorganizada do seu espaço, onde este local serviu de refúgio para as populações
discriminadas.
O crescimento do bairro é acompanhado com o crescimento populacional da cidade
de Belém, principalmente nas décadas de 50, 60 e 70 do século XX, onde o bairro foi
sendo ocupado ainda por uma população de baixa renda, principalmente nas áreas
mais alagadas próximas ao canal do Galo e o canal da Pirajá.
Segundo Penteado (1968) (apud Silva 2005) o aspecto físico e social da Pedreira se
prolongou até meados das décadas de 1960 e 1970 do século passado, quando uma
nova configuração sócio – espacial passara a fazer parte da realidade do bairro, em
conseqüência principalmente da intervenção pública para a melhoria de sua infra
estrutura urbana, pois se destaca que o espaço urbano possui como características o
dinamismo, que leva a produção e reprodução de áreas na cidade de acordo com os
interesses das forçais sociais que nelas atuam.
5
Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socio-ambientais
Nos anos 1990 a Pedreira voltou a ser alvo de outro projeto de estruturação do
espaço urbano em decorrência do modelo de ocupação presente no bairro. Essa
intervenção pública estava baseada no projeto de Macrodrenagem da Bacia do Una
(recuperação das áreas de baixadas). Este projeto objetivou principalmente resolver os
problemas de inundação nas áreas de baixada de Belém, através da implantação de
sistema de drenagem, alem de promover a urbanização das mesmas, com a
pavimentação das vias, saneamento básico e arborização beneficiando aos bairros da
Pedreira, Marambaia, Telégrafo, Benguí, Marco, Umarizal, Sacramenta, Souza e Fátima
(Silva 2005).
Portanto, o bairro da Pedreira na década de 1980 era um dos mais procurados pela
especulação imobiliária, já que estava possuindo uma infra-estrutura de comercio e
serviços, sem falar no processo de verticalização em expansão na área, principalmente
após o projeto CURA.
3. CLASSIFICAÇÃO DA COBERTURA VEGETAL DO BAIRRO DA PEDREIRA
Após ao conhecimento histórico do bairro pode-se então realizar o mapeamento da
cobertura vegetal do bairro onde as espécies pertencentes ao estrato arbóreo e
arbustivo, em razão destas serem mais perceptíveis a avaliação da qualidade
ambiental nas cidades foram destacadas. A estimativa encontrada sobre o valor de
cobertura vegetal existente no bairro da Pedreira revelou uma situação problemática,
pois o dado obtido foi de 4,65 % de vegetação pela área do bairro. Isto vem configurarse em um ambiente totalmente inaceitável para um bom padrão de qualidade
ambiental, haja vista, que conforme Nucci (2008), “áreas totalmente vazias sem
nenhuma ou com menos do que 5 % cobertos com vegetação, são áreas nomeadas de
“deserto florístico”. Sendo potencializado pela quantia encontrada quando calculado o
volume de áreas verdes por habitante, correspondendo a 2,48 m² para cada indivíduo.
Contrapondo-se com os índices difundidos e arraigados pela ONU, OMS (Organização
Mundial da Saúde) e FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e
Alimentação) no Brasil, que consideram ideal que cada habitante disponha de 12 m² de
área verde (Guzzo 1997).
Este deserto florístico representa a ausência de planejamento adequado para uma
boa qualidade de vida, pois ambientes que possuem taxas de áreas verdes tão
insignificantes estão mais susceptíveis a danos ambientais que irão atingir diretamente
a população residente. O resultado também possibilitou a visualização da
espacialidade das áreas verdes no bairro, onde através da construção da carta de
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vegetação pode-se perceber que a maior porção de espaço verde adéqua-se a
classificação sugerida por Jim (1989), em uma distribuição isolada e dispersa. Em
virtude das disposições das árvores dá-se, na sua grande parte, em quintais e
pequenos pontos de calçadas, quando estes não são retirados dos quintais para dar
lugar à impermeabilização.
Porém constatou-se a existência de dois corredores arborizados e adequados para o
espaço urbano. Sendo estes classificados como uma vegetação conectada e contínua,
segundo Jim (op cit), localizando-se em quase a totalidade da Avenida Marquês de
Herval e em alguns quarteirões da Avenida Pedro Miranda, com a predominância de
espécies exóticas, tais como Mangueiras (Mangífera indica L.), Castanholas (Terminalia
catappa), Ficus (Ficus sp. 1e Ficus sp. 2) e Cássia (Cassia siamea), e pequeno número
de indivíduos nativos como a Sumaúma (Ceiba pentandra) (Figura 2). Já a Avenida
Pedro Miranda é formada por uma mancha verde que se centraliza no perímetro
correspondente a Travessa Humaitá até a Lomas Valentinas, havendo indivíduos
solitários nos demais quarteirões ou nenhum tipo de vegetação (Figura 3).
Estes dois espaços de cobertura vegetal podem ser denominados de áreas verdes,
em função de estarem exercendo as funções ecológicas e estéticas na paisagem,
segundo Guzzo (1997). Há também três pequenos trechos arborizados no bairro que
pode ser caracterizados como conectados e contínuos, Avenida Dr. Freitas e Travessa
Barão do Triunfo (Figure 4) porém não são tão expressivos, pelo fato de localizarem
em porções pouco utilizadas pelas pessoas, pelo seu porte, por não apresentarem
manutenção e pelo seu próprio tamanho.
Figura 2 – Avenida Marquês de Herval (Vegetação Conectada e linear).
Fonte: BORGES & MARIM, trabalho de campo. (2010).
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Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socio-ambientais
Figura 3 – Avenida Pedro Miranda
Figura 4 – Travessa Barão do Triunfo
(conectada e linear).
(conectada e linear).
Fonte: BORGES & MARIM, trabalho de campo. (2010).
A ausência de praças, parques, clubes, etc., foi outro fator negativo verificado no
bairro, revelando uma total carência deste espaço que é fundamental para realização
de atividades recreativas, culturais, de educação ambiental, ocasionando uma
melhoria na qualidade de vida, desempenhando seu papel socioambiental a
população. Constatou-se apenas a Praça Eduardo Angelim (Figura 5), que se encontra
parcialmente impermeabilizada, com a presença de algumas árvores e vegetação
herbácea, realizando de fato, sua função como área verde as pessoas residentes a
proximidade da mesma, porém sendo insuficiente, logicamente, para atender as
necessidades da totalidade do bairro.
Figura 5 – Praça Eduardo Angelim
Fonte: BORGES & MARIM, trabalho de campo. (2010).
O bairro possui 2,02 % de áreas livres, que são compostos pelos corredores
arborizados de caráter público e por um espaço de manifestações culturais, recreativas
e sociais chamado de Aldeia Amazônica Davi Miguel, sendo local de entretenimento e
lazer, principalmente dos que moram as proximidades. Tal lugar consisti em uma
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espaço aberto de pleno uso e realização de atividades artísticas, folclóricas, tendo
como maior expressão o desfile anual das Escolas de Samba de Belém, no período do
carnaval. Este espaço classifica-se por área livre, em virtude de ser utilizado pela
população, porém não se considera como área verde pela ausência total do verde
urbano, onde seria o local ideal para a construção de um complexo de praças ou
parque bem arborizados que promoveriam melhor qualidade de vida e possibilitariam
uma maior abrangência e ocorrência de atividades recreativas e de educação
ambiental, contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência ecológica na
população residente e habitantes de outros bairros que seriam atraídos em busca de
um lugar apropriado para o bem-estar, tendo como público alvo os jovens e crianças,
desempenhando sua função social.
Posteriormente visualiza-se a taxa de vegetação por habitante no quadro a seguir
(Quadro 2), percebendo o insignificante resultado encontrado, a partir do cálculo
realizado pela razão da população total com o índice de vegetação do bairro,
juntamente com a espacialização das áreas verdes, apresentado no mapa de cobertura
vegetal (Figura 6).
ÍNDICE DE COBERTURA VEGETAL POR HABITANTE
Vegetação e População do bairro da Pedreira
Índice de vegetação por hab
Cobertura vegetal (m²) População Total (hab)
(m²)
171.458,94
69.152
2,48
Quadro 2 – Índice de cobertura vegetal por habitante do bairro da Pedreira.
(2009); BORGES & MARIM, trabalho de campo. (2010).
Fonte: IBGE
9
Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socio-ambientais
-48,477116
-48,467942
-48,458768
-48,449594
-48,486290
-48,477116
-48,467942
-48,458768
-48,449594
-1,422792
±
-1,416518
-48,486290
-1,435340
-1,435340
-1,429066
-1,429066
-1,422792
-1,416518
MAPA DA COBERTURA VEGETAL DO BAIRRO DA PEDREIRA
Legenda
Cobertura Vegetal
Limite do bairro
0
200
400
800
1.200
1.600
m
Figura 6- Mapa da cobertura vegetal do bairro da Pedreira.
Fonte: Base Cartográfica Imagem IKONOS (2006) do município de Belém- PA, cedida pelo SIPAM.
Projeção UTM, DATUM SAD 69, Escala: 1:20.000
Elaborado e organizado por BORGES, C.A.R.F.; MARIM, G. C.; RODRIGUES, J.E.C. (2010).
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Conclusão
Definitivamente conclui-se que a presença da cobertura vegetal nos centros
urbanos é vital para a melhoria ambiental, onde segundo o bairro pesquisado,
percebe-se que a qualidade de vida está inadequada, havendo a constatação que a
Pedreira possuem níveis inapropriados para a qualidade de vida, devido à baixa
qualidade ambiental, nos parâmetros da cobertura vegetal. A Pedreira encontra-se em
um cenário mais grave em razão de apresentar-se com um valor abaixo de 5 % de
vegetação.
Este resultado estar relacionado diretamente com a forma de ocupação do bairro
como podemos constatar através do seu histórico de ocupação e pela falta de
percepção das entidades competentes para a manutenção do bairro, não introduzindo
nem estimulando a conservação de áreas arborizadas, havendo apenas uma
valorização estética deste e, o paradigma de almejar somente os instrumentos
urbanos. Há necessidade de melhorar a estrutura arbórea, preservando o meio
ambiente para as gerações futuras, haver investimentos na equipagem dos bairros,
buscando redefinir um novo padrão de ocupação, mudando o paradigma urbano, que
na sua maioria vem produzir perdas irreversíveis ao ser humano.
Portanto, verificamos a necessidade da existência de mais áreas verdes em
oposição à configuração espacial edificada atual, proporcionando um melhor conforto
térmico, minimização de ruídos, purificação do ar, entre outros. Concomitantemente,
os espaços verdes nas cidades podem ser utilizados como instrumentos de educação
ambiental e/ou conscientização ambiental, sendo locais que promovam uma maior
interação entre a população e o meio natural, servindo de subsídio para aplicação de
políticas públicas de ordenamento territorial, buscando inter-relacionar a maior
existência de espaços verdes com os citadinos, proporcionando uma melhor qualidade
de vida as pessoas.
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Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socio-ambientais
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Abstraído do Site: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1. Acessado
em16/12/2009.
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