CARTOGRAFIA SOCIAL NO ENSINO DA GEOGRAFIA: EXEMPLO DO PROJETO GEOGRAFIA PIBID - UFPR Renata Ferrari Pegoretti (Bolsista PIBID/ UFPR), Rosana Arlete de Oliveira (Bolsista PIBID/UFPR), Francisléa Ishikiriyama (Professora Supervisora PIBID/UFPR e orientadora), Elaine de Cacia de Lima Frick (Professora Coordenadora PIBID/UFPR e orientadora) e-mail: [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] Universidade Federal do Paraná/Departamento de Geografia/Curitiba, PR. EIXO TEMÁTICO: Cartografia escolar e o Ensino de Geografia Palavras-chave: Cartografia Social, Cartografia Escolar, Ensino, Geografia. Resumo A cartografia social surge como uma nova forma de abordar a cartografia, sendo essa um instrumento que tem a finalidade de incluir na mesma, elementos capazes de demonstrar fenômenos sociais a partir da percepção do espaço pela própria comunidade, fator que nunca tinha feito parte do objeto da cartografia anteriormente. Paulston (1996) conceitua a cartografia social como “a arte e a ciência de mapear formas de ver” e partindo dessa ideia de cartografia, foi elaborada essa atividade pelos bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) de Geografia, financiado pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), e aplicada no Colégio Estadual Hasdrubal Bellegard, situado no bairro Sítio Cercado de Curitiba. Sua finalidade consiste em transmitir aos alunos do primeiro ano do ensino médio o conhecimento sobre como utilizar a cartografia como instrumento em favor da sua comunidade, com a possibilidade de fazer do mapa um meio capaz de expressar as visões daqueles que vivem o espaço a ser representado graficamente, considerando que a maioria dos alunos residem no bairro Sítio Cercado. A metodologia da atividade consiste em, através de algumas etapas teóricas e práticas em sala de aula, e na elaboração de um mapa final do bairro em que todos os alunos tenham participado de sua construção, destacando nele os elementos por eles escolhidos através de suas próprias observações e critérios, seguida de uma discussão a respeito do que foi incluído no mapa e seus motivos. Introdução A Cartografia Social é uma proposta diferente e revolucionária de cartografia na qual os mapas são desenvolvidos através da vivência e das opiniões das pessoas que ocupam o espaço a ser representado. Segundo Acselrad e Coli (2008) “a cartografia social busca refletir o processo de territorialização servindo como ferramenta de luta, porque no momento de sua Anais do I EPPG – I ENCONTRO PARANAENSE DO PIBID GEOGRAFIA: “O ESTADO DA ARTE DA PESQUISA EM ENSINO DE GEOGRAFIA E PRÁTICA PEDAGÓGICA ESCOLAR” 20 a 21 de novembro de 2015, UNICENTRO, ISSN – XXX produção é possível organizar a comunidade para sua autoafirmação social, por meio de denúncias dos conflitos socioambientais vividos pela comunidade”. Um dos objetivos dessa forma de cartografia é elaborar um mapa com os próprios alunos da comunidade, e que este sirva como instrumento de auxílio para que possam se autogerir, reforçando assim o vínculo das pessoas com o local onde vivem. Desta forma essa abordagem procura trazer sensibilidade aos instrumentos cartográficos, humanizando-os, possibilitando aos indivíduos sua auto identificação no mapa, inserindo neste, informações adquiridas da vivência do local da comunidade. Procedimentos Metodológicos O trabalho foi realizado junto à turma do primeiro ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Hasdrubal Bellegard, localizado no bairro do Sítio Cercado, em Curitiba - PR, relacionado à temática da Cartografia Social. No início, a professora pediu aos alunos uma pesquisa sobre quando e porque seus pais ou responsáveis vieram morar no bairro Sitio Cercado, após um diálogo sobre esses dados, realizouse uma aula onde foi trabalhado o significado e aplicação da cartografia social e dos tipos de cartografias que se apresentam como representativas. Aos alunos foi pedido que elaborassem individualmente um croqui de localização de suas respectivas casas até o colégio. A partir desses croquis e dos endereços dos alunos, setorizamos os mesmos em grupos compostos por cinco integrantes cada, seguindo critérios relacionados à proximidade das moradias. Ocorreu com isso, um trabalho de mudança de escala, passando de uma com maior detalhamento, para imagens de satélites retiradas do Google Earth, sendo essas separadas pelos setores definidos. Instigou-se então os alunos, a fazerem nesses grupos (de no máximo 05 alunos) reflexões a respeito dos pontos positivos e negativos de suas respectivas regiões, indicando nas imagens através de legendas quais seriam esses pontos e como se caracterizam. Os alunos apresentaram dificuldades ao elaborarem tais legendas, tendo desenhado alguns pontos de características opostas de uma mesma cor. Foram utilizadas duas aulas para a elaboração de um relatório pelos alunos de tais setores analisados, além da apresentação para a turma dos pontos elencados pelo grupo como sendo principais. As apresentações foram marcadas pela exposição, questionamento e debate entre a turma, referentes a realidade que os cercam o que gostariam que fosse diferente e como eles poderiam atuar nesse sentido, interligando então com o conteúdo explicado sobre o plano diretor, particularmente o de Curitiba e seu histórico. Foi feita a associação entre esse plano que aponta as diretrizes do município com o órgão principal relacionado à função em Curitiba, o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC) e também da importância da participação da comunidade, nas assembleias de bairro promovidas pela prefeitura, quando do novo estudo para o Plano Diretor de Curitiba de 2015. Anais do I EPPG – I ENCONTRO PARANAENSE DO PIBID GEOGRAFIA: “O ESTADO DA ARTE DA PESQUISA EM ENSINO DE GEOGRAFIA E PRÁTICA PEDAGÓGICA ESCOLAR” 20 a 21 de novembro de 2015, UNICENTRO, ISSN – XXX Resultados e Discussão Como resultado obteve-se os mapas produzidos pelos grupos, relatórios coletivamente feitos pelos alunos que produziram cada mapa, a associação entre os conceitos de cartografia social, elaboração de produtos cartográficos e conhecimento do plano diretor. Percebemos o interesse dos alunos quanto à possibilidade de expressarem os conhecimentos que os mesmos tinham a respeito da região de moradia. Constatamos também que como foi deixado para os alunos elaborarem as legendas dos seus pontos ressaltados na imagem de satélite, os mesmos apresentaram dificuldades já que representaram elementos totalmente diferentes conceitualmente, com a mesma forma e cor. Ressaltamos a importância da Cartografia Social enquanto ferramenta de luta para observação dos conflitos e positivos do bairro e assim na possibilidade de gerar mudanças. Além disso, a atividade contou com uma ótima participação dos alunos. Consideramos que esse tipo de método diferenciado de prática pedagógica instiga a participação e crítica dos alunos, além de buscar uma conscientização dos mesmos quanto a sua responsabilidade enquanto morador do bairro e de um determinado. Junto a isso vimos o quanto trabalhos como esse potencializam o conhecimentos e entendimento de nós, professores, quando a realidade dos alunos (Figuras 1 a 4) Figura 1 - Aula teórica. Fonte: Autores. Figura 2 - Alunos elaborando o mapa do bairro Sítio Cercado. Fonte: Autores. Figuras 3 e 4 - Apresentação dos trabalhos pelos alunos. Fonte: Autores. Anais do I EPPG – I ENCONTRO PARANAENSE DO PIBID GEOGRAFIA: “O ESTADO DA ARTE DA PESQUISA EM ENSINO DE GEOGRAFIA E PRÁTICA PEDAGÓGICA ESCOLAR” 20 a 21 de novembro de 2015, UNICENTRO, ISSN – XXX Conclusões A cartografia social surge como uma perspectiva de mapeamento diferenciada do mapeamento convencional, destinado apenas à delimitação de espaços e territórios políticos e administrativos. No contexto social da cartografia, aparecem as inquietudes, perspectivas e percepções do indivíduo sobre seu espaço habitado e suas relações com o meio. Deste modo a cartografia social busca aproximar o aluno de suas realidades e transformá-lo em protagonista atuante do planejamento deste espaço. Trabalhar com essa temática em sala de aula possibilita mostrar a parte prática da Geografia nas vidas dos alunos, instigá-los a participar do planejamento desse espaço para os próximos anos e também a entender essa região na qual eles estão inseridos. Pode-se concluir, portanto, que práticas de ensino que exaltem a identidade dos alunos se mostram diferenciadas e eficazes na medida em que se expõem a aplicabilidade dos conteúdos da disciplina. Agradecimentos Agradecemos inicialmente ao PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência), o qual somos bolsistas e por isso tivemos a oportunidade de executar esse trabalho, além da experiência no espaço escolar que o mesmo nos proporciona. Em seguida, às professoras Francisléa e Elaine, pela condução e grande auxílio nesse trabalho especificamente, e em todo o projeto. Agradecemos também à coordenação do Colégio Estadual Hasdrubal Bellegard a qual autoriza nossa participação na escola. Por fim, nossa gratidão aos alunos, que nos recebem imensamente bem, além de se envolverem nos trabalhos os quais lhes propomos. Referências ACSELRAD, Henri. Introdução. In: ____. (Org.). Cartografias Sociais Território. Rio de Janeiro: IPPUR/UFRJ, 2008 (Coleção Território, Ambiente e Conflitos Sociais, 1). PAULSTON, R. G. Preface: four principles for a non-innocent social cartography. In: PAULSTON, R. G. (Comp.) Social cartography: mapping ways of seeing social and educational change. New York: Garland, 1996. p. xv-xxiv. Anais do I EPPG – I ENCONTRO PARANAENSE DO PIBID GEOGRAFIA: “O ESTADO DA ARTE DA PESQUISA EM ENSINO DE GEOGRAFIA E PRÁTICA PEDAGÓGICA ESCOLAR” 20 a 21 de novembro de 2015, UNICENTRO, ISSN – XXX