DUAS ABORDAGENS DE DESENVOLVIMENTO DE VACINAS PARA DENGUE Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) Bio-Manguinhos Missão Contribuir para a melhoria dos padrões de saúde pública brasileira, por meio de inovação, desenvolvimento tecnológico, produção de imunobiológicos e prestação de serviços para atender prioritariamente às demandas de saúde do país” Desenvolvimento Tecnológico e Inovação A busca por novos e melhores produtos em Bio-Manguinhos está estruturado por meio de programas tecnológicos. Bio-Manguinhos possui em sua carteira de projetos de desenvolvimento tecnológico duas abordagens para desenvolvimento de vacinas para dengue. A primeira abordagem de desenvolvimento de uma vacina tetravalente recombinante atenuada, baseia-se no uso do vírus da febre amarela vacinal 17D como vetor de expressão de antígenos de dengue. A segunda abordagem concentra-se no desenvolvimento de uma vacina tetravalente inativada e purificada. Ambas as abordagens estão em estágio de desenvolvimento experimental testando protótipos vacinais em testes pré-clínicos em modelos murinos e primatas não-humanos. Por que Bio-Manguinhos investe em duas abordagens para o desenvolvimento de vacinas para dengue? Consideramos que ambas as abordagens tem suas vantagens resumidas nos quadros abaixo: Pontos Forte de uma Vacina Atenuada Pontos Fortes de uma Vacina Inativada Viabilidade do controle da doença demonstrado através de outras vacinas vivas (febre amarela, encefalite japonesa, Varicela, MMR, etc.) Sucesso na prova de conceito em modelos animais de desafio em primatas não-humanos. Sem interferência viral (antígenos inativados) Cronograma de imunização mais curto/rápida de proteção Desenvolvimento considerado menos complexo do que para uma vacina viva atenuada A vacina inativada é considerada altamente viável: - Altamente imunogênica em indivíduos “naive” - Prova do princípio demonstrada pelo WRAIR Dois exemplos de vacinas inativadas altamente eficaz flavivírus: JE e TBE Considera-se o uso do Sistema de Adjuvantes da GSK: Sem problemas de segurança detectados até ao momento (bem tolerada) - Riscos ambientais aceitáveis, embora difíceis de quantificar - Utilização de sistema de adjuvante para melhorar a resposta imune e proporcionar uma proteção duradoura Perfil risco/benefício do adjuvante aceitável como demonstrado para as vacinas de HPV e da gripe DESENVOLVIMENTO DO VÍRUS DA FEBRE AMARELA VACINAL 17D COMO VETOR DE EXPRESSÃO PARA ANTÍGENOS DE DENGUE DESENVOLVIMENTO DE VACINA TETRAVALENTE INATIVADA E PURIFICADA PARA DENGUE Marcia C. V. Archer, Elena Caride, Luiz Gustavo A Mendes, Emanoelle Souza Barros, Idevaldo I. Ferreira, Marcos da Silva Freire e Ricardo Galler Vice-Diretoria de Desenvolvimento Tecnológico, Bio-Manguinhos/Fiocruz e-mail: [email protected] Maria Beatriz J. Borges, Sheila M. Barbosa de Lima, Elena Caride, Anna M. Y. Yamamura, Luiz Fernando C. Almeida, Luciane P. Gaspar, Marcos da Silva Freire e Ricardo Galler. Vice-Diretoria de Desenvolvimento Tecnológico, Bio-Manguinhos/Fiocruz e-mail: [email protected] Introdução: Introdução: A infecção pelo vírus da dengue é um problema de saúde pública mundial com epidemias recorrentes nas regiões tropicais da Ásia, África e Américas. Estima-se que, no mundo, ocorram em torno de 100 milhões de casos de febre de dengue e 250.000 casos de febre hemorrágica de dengue, provocando a morte de cerca de 20.000 pessoas anualmente. O desenvolvimento de vacinas contra esta doença é de suma importância, já que até o momento não existem vacinas licenciadas. Neste projeto, ênfase especial foi dada ao uso da tecnologia do clone infeccioso para o desenvolvimento de novos vírus para serem testados em nível pré-clínico como vacinas contra dengue. O vírus da febre amarela 17D foi usado como vetor de expressão por apresenta várias características desejáveis para o desenvolvimento de novas vacinas vivas e atenuadas. Foram construídos quatro vírus recombinantes 17D/Dengue através da substituição dos genes da proteína precursora da proteína de membrana (prM) e da proteína de envelope (E) do vírus FA17D pelos mesmos genes do vírus DEN sorotipos 1, 2, 3 e 4. O grande desafio do projeto é obter uma formulação tetravalente que provoque uma imunogenicidade balanceada para todos os sorotipos no indivíduo vacinado. Essa formulação já foi testada em primatas não-humanos demonstrando resultados muito positivos. O próximo passo será estabelecer as condições de produção e dos lotes sementes do vírus recombinantes que serão produzidos com BPF (Boas Práticas de Fabricação). Esses lotes serão avaliados em testes de neurovirulência em primatas não-humanos e novamente em testes de imunogenicidade em primatas não-humanos em formulações tetravalentes antes do início dos estudos clínicos de fase I. A infecção pelo vírus da dengue é um problema de saúde pública mundial com epidemias recorrentes nas regiões tropicais da Ásia, África e Américas. Estima-se que, no mundo, ocorram em torno de 100 milhões de casos de febre de dengue e 250.000 casos de febre hemorrágica de dengue, provocando a morte de cerca de 20.000 pessoas anualmente. A Organização Mundial da Saúde (OMS), desde 1984, colocou em sua pauta de prioridades o apoio às pesquisas direcionadas para a produção de imunobiológicos capazes de conferir proteção contra os quatro sorotipos dos vírus do dengue, como parte do seu programa para desenvolvimento de vacinas, mas, apesar de alguns avanços, ainda não se tem disponível nenhum imunoprotetor para uso em populações. Atualmente, a única estratégia disponível para reduzir a incidência da doença é o controle dos mosquitos vetores, iniciativa de difícil de implementação e manutenção. A dengue é uma doença infecciosa de grande impacto para a saúde pública e seu alto custo econômico e humano, bem como a ausência de medidas preventivas eficazes, reforça a necessidade do desenvolvimento de uma vacina segura que imunize para os quatro sorotipos. A OMS e a PAHO (Pan American Health Organization) convocaram todas as nações a reunir os esforços necessários de modo a ajudar a diminuir o peso e o impacto médico e socioeconômico que esta doença representa. Desta forma, espera-se reverter o avanço da doença e auxiliar no controle de sua disseminação através de uma resposta internacional que conte com as mais avançadas metodologias de desenvolvimento tecnológico. Recentemente, surgiu a oportunidade de uma colaboração técnica entre a Fiocruz e a GlaxoSmithKline (GSK). Esta negociação foi fomentada pelo Ministério da Saúde e resultou em dois contratos entre BioManguinhos e GSK no ano de 2009: a absorção da tecnologia de produção da vacina contra Streptococcus pneumoniae e o acordo de pesquisa e desenvolvimento colaborativo de uma vacina inativada tetravalente para dengue. O desenvolvimento colaborativo entre uma empresa multinacional da dimensão da GSK e uma instituição de saúde pública como a Fiocruz constitui uma oportunidade inédita de agregar conhecimento e de participar do desenvolvimento de uma vacina inovadora que poderá representar um importante marco para saúde pública brasileira e mundial. Os esforços no desenvolvimento deste produto serão concentrados em uma abordagem de vacina tetravalente de vírus inativado, purificado contra a dengue. A GSK está convencida de que o antígeno de vírus inativado, purificado e tetravalente em combinação com os Sistemas Adjuvantes de sua propriedade apresenta a máxima probabilidade de sucesso em comparação com outras abordagens. Objetivos: Desenvolvimento de vacinas vivas atenuadas recombinantes contra os diferentes sorotipos do vírus da dengue utilizando-se o vírus da febre amarela linhagem 17D como vetor de expressão. Objetivos específicos: • Construção de diferentes vírus da febre amarela 17D pela troca dos genes prM/E do vírus 17D pelos respectivos genes dos quatro sorotipos do vírus da Dengue; • Caracterização fenotípica (cinética de crescimento viral em diferentes tipos celulares e fenótipo de placa de lise), e genotípica (seqüenciamento completo do genoma dos vírus obtidos) dos vírus recombinantes; • Estabelecimento dos modelos animais para dengue; • Testes pré-clínicos de neurovirulência e imunogenicidade dos vírus recombinantes em modelos experimentais murino e primatas não-humanos; Genoma do vírus da febre amarela 17D clonado como cDNA • Estabelecer metodologias de produção; prM E E Non-structural genes não-estruturais genes • Produção de diferentes formulações vacinais 5’ C prM 3’ em condições BPF. Dengue Metodologia: Os vírus recombinantes 17D/Dengue foram construídos pela troca dos genes prM/E do vírus 17D pelo vírus dengue. Em seguida os vírus são regenerados através da transfecção de células Vero (figura). Resultados: Nossa intenção final é a de podermos desenvolver uma vacina mista recombinante contra dengue a partir do clone infeccioso do vírus da febre amarela, linhagem vacinal 17D. Para cumprirmos esse objetivo foram construídos quatro vírus recombinantes 17D/Dengue: 17D/Den1 (cepa BR42735), 17D/Den2 (cepa BR3808), 17D/Den3 (cepa H87) e 17D/Den4 (cepa Venezuela 88). Esses vírus foram caracterizados quanto à cinética de crescimento viral, estabilidade genética, fenótipo de placas de lise e seqüenciamento nucleotídico. Esses vírus já foram testados em uma formulação tetravalente em primatas não-humanos onde os animais demonstraram estar protegidos frente a um desafio com vírus selvagem dengue 1, 2 e 3. prM E 5’ prM Troca dos genes que codificam as proteínas do envelope viral de febre amarela pelas de dengue. E C genes não-estruturais C prM E genes não-estruturais Transfecção do RNA em célula Vero Regeneração viral na cultura celular Desenvolvimento de vacina inativada purificada tetravalente para Dengue, destinada ao uso e colaboração por ambas as partes, conforme descrito nas disposições do Acordo de Pesquisa e Desenvolvimento Colaborativo, celebrado entre Bio-Manguinhos/Fiocruz e GSK em 17 de agosto de 2009. 3’ cDNA quimérico → transcrição para RNA 5’ Objetivos: 3’ O vírus contém envelope heterólogo contendo os antígenos imunizantes enquanto a maquinaria replicativa pertence ao vírus 17D. Considerações finais: O projeto já terminou a sua prova de princípio demonstrando em modelos animais que os vírus recombinantes 17D/Dengue são imunogênicos e protetores frente a um desafio, quando formulados em uma apresentação tetravalente. Neste momento estão sendo estabelecidas as metodologias de produção desses vírus para que em breve possa ser iniciado um estudo clínico utilizando os vírus produzidos em condições de boas práticas de produção (BPF). Resultados alcançados/esperados: • Avaliação pré-clínica – 2009 – 2010 • Estudos epidemiológicos no Brasil: • A GSK/Fiocruz planeja iniciar os estudos epidemiológicos no Brasil em 2010. • Início dos estudos clínicos de fase I – 2011 • A GSK/Fiocruz está empenhada em desenvolver a vacina o mais rapidamente possível: • GSK/Fiocruz pretende iniciar os estudos clínicos de fase II em 2014. Considerações finais ou conclusões: Espera-se para o ano de 2012 obtermos um protótipo vacinal tetravalente de modo a iniciar os estudos clínicos de fase I. Esse projeto é de suma importância para Fiocruz já que é primeiro projeto de co-desenvolvimento de uma vacina entre uma multinacional e uma instituição pública brasileira.