1 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTU SENSU MESTRADO EM AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO ÁCAROS ASSOCIADOS A NINHOS ABANDONADOS POR PÁSSAROS E A AVES DE POSTURA DE OVOS COMERCIAIS, NO VALE DO TAQUARI, RIO GRANDE DO SUL Daiâni Cristina Cardoso Faleiro Lajeado, abril de 2012 2 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Daiâni Cristina Cardoso Faleiro ÁCAROS ASSOCIADOS A NINHOS ABANDONADOS POR PÁSSAROS E A AVES DE POSTURA DE OVOS COMERCIAIS, NO VALE DO TAQUARI, RIO GRANDE DO SUL Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Ambiente e Desenvolvimento, do Centro Universitário Univates, como parte da exigência para a obtenção do grau de Mestre em Ambiente e Desenvolvimento, na linha de pesquisa Ecologia. Orientador: Dr. Noeli Juarez Ferla Co-orientador: Dr. Eduardo Miranda Ethur Lajeado, abril de 2012 3 AGRADECIMENTOS BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Agradeço a Deus pela saúde e força que me possibilitaram concluir mais esta etapa de meus estudos. Agradeço ao meu esposo, Sandro N. Faleiro pela compreensão, dedicação, incentivo e auxílio em todos os momentos dessa trajetória. Agradeço a tolerância e apoio de meus pais e irmão. Agradeço ao proprietário da granja de Teutônia e em especial ao colega, médico veterinário, Luís Fernando Sartori que facilitou a abertura das porteiras dessa granja. Agradeço ao meu orientador, professor Dr. Noeli Juarez Ferla e a todos os bolsistas do laboratório de artrópodes, em especial ao Maicon Toldi e Guilherme L. da Silva pelas longas horas despendias durante o experimento e mesmo após a conclusão dele. E finalmente, agradeço aos professores e amigos que fiz durante essa caminhada, pois cada um teve uma contribuição singular e positiva para a conclusão desse trabalho. 4 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) RESUMO O controle de ácaros praga é fundamental para a manutenção da biossegurança de uma granja avícola, a ausência desse controle potencializa o risco de problemas sanitários e prejuízos econômicos. Dermanyssus gallinae (De Geer, 1778) é um ácaro hematófago associado às aves reprodutoras e poedeiras. Cheyletus malaccensis (Oudemans, 1903) comumente controla ácaros praga em grãos armazenados. O presente estudo buscou conhecer a acarofauna associada a ninhos abandonados por pássaros e aos diversos ambientes de aviários de postura de ovos comerciais, no Vale do Taquari, Rio Grande do Sul, avaliar a bioecologia da acarofauna associada a granja e avaliar as características biológicas de Cheyletus malaccensis alimentando-se de Dermanyssus gallinae, em laboratório, nas temperaturas de 20°C, 25°C e 30°C. As coletas de ácaros foram realizadas entre os meses de dezembro de 2010 e julho de 2011. Junto à granja de postura, foram amostrados dois aviários convencionais (Gaiola) e dois onde as aves ficam livres e tem ninhos a disposição (Livre). Foram dispostas 5 armadilhas de papelão/ galpão, substituídas quinzenalmente, foram coletadas três penas de nove aves/ galpão/ mês e em cada galpão Livre, foi coletado substrato de cinco ninhos/ mês. Ninhos abandonados por pássaros foram coletados aleatoriamente no Vale do Taquari e, assim como o substrato dos ninhos da granja, foram expostos em funil de Berlese. Um total de 11.757 ácaros pertencentes a 21 famílias e 31 espécies foram encontrados no estudo. Cerca de 99% dos espécimes foram coletados na granja. A família Cheyletidae mostrou maior riqueza de espécies, com quatro espécies, seguida da família Blattisocidade com três espécies. Dermanyssidae apresentou maior abundância, com 5.689 espécimes, seguido por Analgidae, com 2.175 espécimes. Maiores índices ecológicos de diversidade foram observados em ninhos do sistema Livre, seguido das armadilhas de papelão e por último, penas. A diversidade total e Variância Jackknife de 1º ordem (S2) foram significativos em armadilhas nos dois sistemas de alojamento. Nas armadilhas, a diversidade foi maior no sistema Gaiola, mas no sistema Livre foi observada maior abundância. Nas armadilhas, Dermanyssus gallinae foi a única espécie constante e eudominante. Nos ninhos da granja, Cheyletus malaccensis, Chortoglyphus arcuatus (Troupeau, 1879) e Tyrophagus putrescentiae (Schrank, 1781) foram constante e eudominante. Nas penas, Megninia ginglymura (Mégnin, 1877) foi constante, eudominante e a mais abundante. Em laboratório, Cheyletus malaccensis alimentou-se de diferentes estádios de Dermanyssus gallinae e completou seu desenvolvimento. Iniciou-se o estudo com 30 ovos individualizados em arenas para cada temperatura testada. Ovos, formas imaturas e adultas de Dermanyssus gallinae foram predadas, além disso, Cheyletus malaccensis demonstrou canibalismo, principalmente em suas fases imaturas. A temperatura influenciou de forma negativa no desenvolvimento de Cheyletus malaccensis. A maior viabilidade das fases imaturas foi a 25°C, com 70%, foi ainda nessa temperatura que ocorreu a maior fecundidade com 415,62 ±24,78 ovos/ fêmea. A duração média de cada geração em dias (T) foi maior a 20°C, com 78,41 dias. A capacidade inata em aumentar em número (rm) foi maior a 30°C com 0,12. Dermanyssus gallinae demonstrou ser uma presa adequada à Cheyletus malaccensis. Palavras-chave: Ácaro praga. Controle biológico. Sanidade avícola. Manejo sanitário. 5 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) ABSTRACT The control of mite pests is critical to maintaining the biosecurity of a poultry farm, the lack of control increases the risk of health problems and economic losses. Dermanyssus gallinae (De Geer, 1778) is hematophagous acarian associated with poultry breeding and laying hens. Cheyletus malaccensis (Oudemans, 1903) commonly control mite pests in stored grains. This study investigated the mites associated with birds nests abandoned and by the different environment of poultry egg-laying, in Taquari Valley, Rio Grande do Sul, to evaluate the bioecology of the mite fauna associated with the farm and to evaluate the biological characteristics of Cheyletus malaccensis feeding on Dermanyssus gallinae, in laboratory, at temperatures of 20°C, 25°C and 30°C. The samples were collected between the months of December 2010 and July 2011. Within the laying hen farm, were sampled two battery farms (Cage) and two aviaries where birds are free with nests and have the perch the provision (Free). Five traps were placed cardboard/ house, replaced biweekly, three feathers were collected from nine bird/ house/ month and in each house free, substrate was collected from five nests/ month. Abandoned nests of birds were collected randomly in Taquari Valley and as the substrate of the nests of the farm, were exposed in a Berlese funnel. A total of 11.757 mites belonging to 21 families and 31 species were found in the study. About 99% of specimens were collected at the farm. The Cheyletidae showed greater species richness, with four species, then the family Blattisocidade with three species. Dermanyssidae showed the highest number, with 5.689 specimens, followed by Analgidae, with 2.175 specimens. Major ecological indices of diversity were observed in nests of the Free system, followed by cardboard traps and last feathers. The total diversity and Jackknife Variance of first order (S2) were significant in traps in two housing systems. In the traps, diversity was greater in the cage, but free system was observed abundance. In the traps, Dermanyssus gallinae was the only species eudominante constant. In the nests of the farm, Cheyletus malaccensis, Chortoglyphus arcuatus (Troupeau, 1879) and Tyrophagus putrescentiae (Schrank, 1781) were constant and eudominante. In feathers, Megninia ginglymura (Mégnin, 1877) was constant eudominante and more abundant. In the laboratory, Cheyletus malaccensis fed on different stages of Dermanyssus gallinae and completed its development. He began the study with 30 eggs individually in arenas for each temperature tested. Eggs, immature and adult Dermanyssus gallinae were preyed also Cheyletus malaccensis showed cannibalism, especially in their immature stages. The temperature negatively influence the development of Cheyletus malaccensis. The higher viability of the immature stages was 25°C, 70%, this temperature was further increased fecundity occurred with 415.62 ± 24.78 eggs/ female. The mean generation time duration in days (T) was observed at 20°C with 78.41 days. The innate ability to increase (rm) was observed at 30°C and 0.12. Dermanyssus gallinae proved to be a suitable prey for Cheyletus malaccensis. Keywords: Pest mite. Biological control. Poultry health. Sanitary management. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 6 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – A - Ácaro com as diferentes regiões e estruturas do corpo, B - Quelícera ............. 16 Figura 2 – Funil de Berlese....................................................................................................... 26 Figura 3 – Aviário convencional (Gaiola) com armadilha de papelão exposta........................ 27 Figura 4 – Aviário livre de gaiola (Livre) com armadilha de papelão exposta ........................ 28 Figura 5 – Ácaros encontrados em penas, armadilhas, substrato de cama para postura e ninhos abandonados por pássaros ........................................................................................................ 31 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 7 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Ácaros encontrados em ninhos abandonados por pássaros ................................... 32 Gráfico 2 – Dados meteorológicos da região de Lajeado, Vale do Taquari (RS) durante o período compreendido entre dezembro de 2010 e julho de 2011 ............................................. 56 Gráfico 3 – Distribuição de Dermanyssus gallinae em armadilhas dispostas em aviários de postura de ovos comerciais com gaiolas e livre delas .............................................................. 57 Gráfico 4 – População acarina coletada junto ao substrato de cama de aviários de postura de ovos comerciais livre de gaiolas ............................................................................................... 58 Gráfico 5 – Distribuição de Megninia ginglymura em penas de aves de postura de ovos comerciais em aviários com sistema de alojamento convencional (Gaiola) e sistema livre de gaiolas (Livre)........................................................................................................................... 59 Gráfico 6 – Oviposição de uma fêmea de Cheyletus malaccensis em laboratório alimentada com diversos estádios de Dermanyssus gallinae a temperatura de 20±1°C e umidade relativa do ar de 80±5% ......................................................................................................................... 69 Gráfico 7 – Fertilidade específica (mx) e sobrevivência (lx) de Cheyletus malaccensis alimentando-se de Dermanyssus gallinae em laboratório, a temperatura de 20±1°C e umidade relativa do ar de 80±5% ............................................................................................................ 72 Gráfico 8 – Fertilidade específica (mx) e sobrevivência (lx) de Cheyletus malaccensis alimentando-se de Dermanyssus gallinae em laboratório, a temperatura de 25±1°C e umidade relativa do ar de 80±5% ............................................................................................................ 72 8 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Gráfico 9 – Fertilidade específica (mx) e sobrevivência (lx) de Cheyletus malaccensis alimentando-se de Dermanyssus gallinae em laboratório, a temperatua de 30±1°C e umidade relativa do ar de 80±5% ............................................................................................................ 73 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 9 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Duas regiões brasileiras que se destacam na produção de ovos no país ................. 16 Tabela 2 – Índices ecológicos em diferentes ambientes de aviário de poedeiras comerciais mantidas em gaiolas e em galpão livre delas, no período de dezembro de 2010 a julho de 2011, no município de Teutônia, estado do Rio Grande do Sul, Brasil ................................... 49 Tabela 3 – Acarofauna associada a armadilhas de papelão dispostas em aviários de postura comercial sob sistema Gaiola e sistema Livre, no período de dezembro de 2010 a julho de 2011, no município de Teutônia, Rio Grande do Sul, Brasil.................................................... 51 Tabela 4 – Acarofauna associada a substrato de cama coletado em aviários de postura de ovos comerciais livre de gaiolas (Livre), no período de janeiro a julho de 2011, no município de Teutônia, estado do Rio Grande do Sul, Brasil ........................................................................ 53 Tabela 5 – Acarofauna associada a penas coletadas de aves de postura de ovos comerciais alojadas em sistema convencional (Gaiola) e sob sistema livre de gaiolas (Livre), no período de janeiro a julho de 2011, no município de Teutônia, Rio Grande do Sul, Brasil .................. 55 Tabela 6 – Duração média, em dias (± EP) e viabilidade (%) dos estádios imaturos de Cheyletus malaccensis alimentando-se de Dermanyssus gallinae em laboratório, em diferentes temperaturas e umidade relativa do ar a 80±5% ...................................................... 70 Tabela 7 – Longevidade, duração dos períodos de pré-oviposição, oviposição e pósoviposição (em dias) e fecundidade (número total de ovos por fêmea) de Cheyletus malaccensis alimentando-se de Dermanyssus gallinae em laboratório, em diferentes temperaturas e umidade relativa do ar de 80±5% ..................................................................... 70 Tabela 8 – Duração média de cada geração (T), taxa líquida de reprodução (Ro), capacidade inata de aumentar em número (rm) e razão finita de aumento (λ) de Cheyletus malaccensis alimentando-se de Dermanyssus gallinae em laboratório, em diferentes temperaturas e umidade relativa do ar de 80±5% ............................................................................................. 71 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12 2 REVISÃO DA LITERATURA........................................................................................... 15 2.1 Aves de postura de ovos comerciais no Brasil ................................................................ 15 2.2 Subclasse Acari ................................................................................................................. 16 2.3 Ácaros de importância para a avicultura de postura comercial .................................. 17 2.4 Danos causados por ácaros relacionados à avicultura de postura comercial ............. 20 3 ÁCAROS ASSOCIADOS A NINHOS DE PÁSSAROS E AVES DE POSTURA DE OVOS COMERCIAIS, NO VALE DO TAQUARI, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL 23 3.1 Introdução ......................................................................................................................... 24 3.2 Materiais e métodos .......................................................................................................... 26 3.3. Resultados e discussão ..................................................................................................... 29 3.4 Conclusão .......................................................................................................................... 43 4 BIOECOLOGIA DE ÁCAROS ASSOCIADOS A AVES DE POSTURA DE OVOS COMERCIAIS, NO VALE DO TAQUARI, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL ............ 44 4.1 Introdução ......................................................................................................................... 45 4.2 Materiais e métodos .......................................................................................................... 47 4.2.1 Índices ecológicos e análise de correlação ................................................................... 48 4.3 Resultados.......................................................................................................................... 49 4.3.1. Acarofauna associada ................................................................................................... 49 4.3.2 Dinâmica populacional .................................................................................................. 56 4.3.3 Análise de correlação..................................................................................................... 59 4.4. Discussão........................................................................................................................... 60 4.5. Conclusão ......................................................................................................................... 63 11 5 BIOLOGIA DE Cheyletus malaccensis (CHEYLETIDAE) ALIMENTANDO-SE DE Dermanyssus gallinae (DERMANYSSIDAE) EM LABORATÓRIO, EM DIFERENTES TEMPERATURAS ................................................................................................................. 64 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 5.1 Introdução ......................................................................................................................... 65 5.2 Materiais e métodos .......................................................................................................... 67 5.3 Resultados.......................................................................................................................... 68 5.4 Discussão............................................................................................................................ 73 5.5 Conclusão .......................................................................................................................... 75 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 76 REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 78 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 12 1 INTRODUÇÃO Na avicultura moderna é muito importante a geração de alimentos livres de resíduos e também é necessário tomar os devidos cuidados com substâncias que possam agredir o meio ambiente. Além da preocupação com a segurança alimentar, deve-se estar atento à saúde do trabalhador rural, assim como à proteção ao ambiente (SOARES et al., 2008). Segundo a União Brasileira de Avicultura (UBA) (2008), a cadeia produtiva de ovos no Brasil caracteriza-se pela produção de ovos para consumo in natura e industrializados. A produção inicia-se com a cria e recria das pintainhas. Posteriormente, as aves são transferidas para galpões especializados, destinados a produção de ovos. Conforme Sparagano et al. (2009) alguns países europeus já utilizam o sistema de produção ao ar livre, com pastagem e celeiro anexo, ou sistema de produção orgânico. Porém, os mesmos autores afirmam que o principal sistema de alojamento para fêmeas de postura ainda é a gaiola convencional. As exportações brasileiras de ovos somaram 27.721 toneladas no ano de 2010, com um faturamento aproximado de 41 milhões de dólares. Os maiores compradores foram Angola e Emirados Árabes Unidos. Naquele ano, o estado do Rio Grande do Sul e Minas Gerais foram os dois maiores exportadores, com pouco mais de 12,5 mil toneladas para cada estado, sendo que 90% dos ovos exportados eram in natura (UBA, 2011). A produção intensiva, dentro de um sistema de produção animal, aumenta o risco de epidemias, de problemas com baixa produtividade e de diminuição da qualidade do produto. Medidas sanitárias preventivas limitam a propagação de vetores e, a ausência destas medidas facilita a introdução e disseminação de enfermidades em um plantel de aves. É preciso, portanto, encontrar os meios mais eficientes e econômicos para controlar a saúde animal, a 13 fim de obter produtos saudáveis, a serem oferecidos ao consumidor final (BORNE; COMTE, BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 2003). Embora o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) procure, através do Programa Nacional de Sanidade Avícola, minimizar a presença de pássaros e outros animais nas adjacências das granjas avícolas, parece pouco provável que se consiga erradicar aves silvestres das proximidades das granjas. Essas aves podem carrear microorganismos e ectoparasitas para as poedeiras comerciais (BORNE; COMTE, 2003). O controle de fluxo, caminhões, funcionários, visitantes, insetos, ração e objetos é fundamental para a manutenção da biossegurança de um estabelecimento avícola e a ausência desse controle também potencializará o risco de enfermidades (BORNE; COMTE, 2003). Sob esse aspecto, entende-se a importância de pesquisas com o intuito de auxiliar no controle sanitário do plantel de aves do Rio Grande do Sul, especialmente no Vale do Taquari, região fortemente vinculada à avicultura comercial. No Brasil, três espécies de ácaros hematófagos associados a aves de postura são conhecidas: Ornithonyssus sylviarum (Canestrini; Fanzango, 1877) (Macronyssidae), Ornithonyssus bursa (Berlese, 1888) (Macronyssidae) e Dermanyssus gallinae (De Geer, 1778) (Dermanyssidae) (TUCCI, 2004). Ornithonyssus sylviarum (ácaro da pena) foi recentemente introduzido no Brasil, permanece continuamente sobre o corpo das aves (TUCCI, 2004), forma colônias no ventre e nas penas da região da cloaca (BACK, 2004). Infesta aves domésticas, silvestres, ratos e o homem. Ornithonyssus bursa (ácaro tropical ou piolho de galinha) parasita aves domésticas e silvestres (MASCARENHAS et al., 2009), não ocorrendo na avicultura industrial (SOARES et al., 2008). Dermanyssus gallinae (ácaro vermelho das aves) representa um problema sanitário e econômico na avicultura de postura comercial, sendo um dos mais importantes ácaros praga da avicultura de postura comercial no Brasil. As lesões provocadas durante o seu repasto sanguíneo podem ser identificadas no peito e nas pernas das aves (TUCCI; GUIMARÃES, 1998). Esta espécie cosmopolita é encontrada em granjas de aves poedeiras provocando estresse, espoliação, devido à hematofagia, anemia, queda na produção de ovos e pode ainda ser vetor de microorganismos patogênicos (BACK, 2004). 14 Atualmente, diversos métodos alternativos de controle são testados em granjas avícolas, porém, acaricidas a base de piretróide ainda são os mais utilizados (MARANGI et BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) al., 2009), embora os ectoparasitas apresentem resistência (WRIGHT et al., 2009). A utilização de métodos de controle alternativo, como o uso de um predador natural, para o controle de Dermanyssus gallinae possibilita o emprego de práticas mais limpas e menos impactantes ambientalmente (LESNA et al., 2009; GUIMARÃES, 2000). Desta forma, evitase o uso de acaricidas (CHIRICO; TAUSAN, 2002) e a manipulação de produtos tóxicos por parte do produtor rural (GUIMARÃES, 2000), que muitas vezes utiliza produtos inadequados em situações diversas (SPARAGANO et al., 2009). Estudos sobre dinâmica populacional e técnicas eficientes para o controle de ácaros hematófagos são escassos na avicultura brasileira. Assim, há necessidade de aprimorar determinados métodos de controle de ectoparasitas dentro do sistema produtivo de postura de ovos comerciais. O objetivo geral deste estudo foi avaliar a dinâmica populacional de Dermanyssus gallinae e ácaros associados, em granja de postura de ovos comerciais, localizada no município de Teutônia, no Vale do Taquari, Rio Grande do Sul (RS) e em ninhos abandonados por pássaros da mesma região. Além disso, estudar a capacidade de controle de Dermanyssus gallinae, exercida por Cheyletus mallaccencis em diferentes temperaturas, em laboratório. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 15 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Aves de postura de ovos comerciais no Brasil A cadeia produtiva de ovos no Brasil caracteriza-se pela produção de ovos para consumo in natura e industrializados. A produção inicia-se com a cria e recria das pintainhas em granjas separadas daquelas destinadas a produção. Comumente, a produção é independente, os criadores produzem a ração na propriedade rural e criam as aves em galpões convencionais (UBA, 2008). As aves em produção geralmente são alojadas nesses galpões convencionais, em gaiolas ou baterias, que devem fornecer proteção contra predadores, parasitas internos e externos, oferecer conforto térmico e evitar a transmissão de patógenos. O bem estar das aves poedeiras alojadas sob sistema de gaiolas preocupa o consumidor de ovos e isso tem influenciado nas mudanças na legislação (MAZZUCO et al., 2006). Segundo a Comissão Internacional do Ovo (IEC) (2009), a partir de janeiro 2012, na União Européia, somente poderiam ser comercializados ovos produzidos ao ar livre (GEORGE et al., 2009; SPARAGANO et al., 2009) ou em gaiolas enriquecidas por métodos orgânicos. Alguns países europeus já utilizam o sistema de produção ao ar livre, com pastagem e celeiro anexo, ou sistema de produção orgânico. Porém, o principal sistema de alojamento para fêmeas de postura ainda é a gaiola convencional (SPARAGANO et al., 2009). A introdução de instalações modificadas, com ninhos, poderá agravar alguns problemas sanitários (CHIRICO; TAUSAN, 2002) embora otimize o bem estar animal. Em janeiro de 2012, iniciou-se a instalação de processos de infração contra 13 Estados membros da União Européia que não atenderam integralmente a proibição de criação de aves poedeiras em gaiolas. A Holanda, que supostamente se encontrava com 100% de suas aves sendo criadas em gaiolas enriquecidas está na lista dos 13 Estados que apresentam inconformidades (EMBARGO às gaiolas..., 2012). 16 A Tabela 1 destaca as regiões Sudeste e Sul como as maiores produtoras de ovos do Brasil. São Paulo e Paraná são os estados que merecem destaque. A região Sul apresentou um BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) aumento na produção no 2° trimestre de 2011, se comparado ao mesmo período do ano de 2010. Tabela 1 – Duas regiões brasileiras que se destacam na produção de ovos no país Região 2° trimestre 2010 2° trimestre 2011 Variação Sudeste 302.330 mil dúzias 298.764 mil dúzias -1,2% Sul 137.979 mil dúzias 150.944 mil dúzias 9,4% Nota: Dados de 2011 são preliminares. Fonte: IBGE – Estatística de Produção Pecuária, set. 2011 O Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul (RS), é uma região potencialmente vinculada à avicultura comercial. A produção de ovos na região, no ano de 2009, foi de 50.000.000 de dúzias, correspondendo a 17,36% do total produzido no RS no mesmo ano 2.2 Subclasse Acari Os ácaros pertencem ao filo Arthropoda, subfilo Chelicerata, classe Arachnida, Subclasse Acari. São o segundo maior grupo de artrópodes, depois dos insetos. Diferem dos demais aracnídeos por não haver segmentação do corpo. As pernas estão implantadas na região latero-ventral do idiossoma e as quelíceras e pedipalpos formam o gnatossoma. Os dois pares anteriores de pernas estão inseridos no propodossoma e os dois últimos pares inseremse no metapodossoma. A região posterior ao último par de pernas é chamada opistossoma (FIGURA 1). As pernas são formadas por coxa, trocânter, fêmur, gênu, tíbia e tarso, cuja extremidade distal geralmente abriga o pré-tarso, formado por unhas laterais. Muitos ácaros apresentam, na região ventral do corpo, atrás do gnatossoma, uma estrutura chamada tritosterno. No idiossoma, assim como nos apêndices, há um número variado de setas, órgãos sensoriais dos ácaros (MORAES; FLECHTMANN, 2008). Figura 1 – A - Ácaro com as diferentes regiões e estruturas do corpo, B - Quelícera BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 17 Fonte: Moraes e Flechtmann (2008). 2.3 Ácaros de importância para a avicultura de postura comercial Segundo Tucci (2004), no Brasil, três espécies de ácaros hematófagos associados a aves de postura são conhecidas: Ornithonyssus sylviarum (Canestrini; Fanzango, 1877) (Macronyssidae), Ornithonyssus bursa (Berlese, 1888) (Macronyssidae) e Dermanyssus gallinae (De Geer, 1778) (Dermanyssidae). Ornithonyssus sylviarum (ácaro da pena) permanece continuamente sobre o corpo das aves (SOARES et al., 2008), formando colônias no ventre e nas penas da região da cloaca (BACK, 2004). Ele infesta aves domésticas, silvestres, ratos e o homem. Ornithonyssus bursa (ácaro tropical ou piolho de galinha) parasita aves domésticas e silvestres (MASCARENHAS et al., 2009) e não ocorre na avicultura industrial (SOARES et al., 2008). Dermanyssus gallinae é uma espécie hematófaga cosmopolita muito importante para a avicultura brasileira, traz sérios prejuízos econômicos e sanitários. Pode ser encontrado em granjas de aves poedeiras e reprodutoras, mas também parasita outras espécies de aves domésticas e silvestres (TUCCI; GUIMARÃES, 1998). Apresenta coloração cinzaavermelhada, mede de 0,6 a 0,8 mm de comprimento e alimenta-se de sangue, principalmente à noite, sendo que, durante o dia, dificilmente é encontrado no corpo das aves (BACK, 2004). Altas infestações são vistas durante todo o ano, possivelmente devido à expansão da 18 avicultura e pelo uso exagerado e indevido de acaricidas, resultando no desenvolvimento de resistência (LESNA et al., 2009). Além disso, a alta taxa reprodutiva é outro fator importante, BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) pois em oito semanas uma fêmea é capaz de produzir uma prole de cerca de 2.500 descendentes (MUL; KOENRAADT, 2009). Dermanyssus gallinae apresenta cinco estádios de vida: ovo, larva, protoninfa, deutoninfa e adulto, sendo nos três últimos hematófago (ROY et al., 2009). As larvas têm três pares de pernas e as ninfas têm quatro pares (JACOBS, 2010). Segundo Tucci (2004), a postura dos ovos se dá em esconderijos e em dois ou três dias eclodem as larvas. A protoninfa e a deutoninfa precisam alimentar-se de sangue para realizar a muda e as fêmeas adultas alimentam-se de sangue para maturar seus ovos (ROY et al., 2009). O ácaro geralmente visita o hospedeiro para alimentar-se a cada três dias. Sob condições ótimas, pode completar seu ciclo alimentação-oviposição dentro de uma semana em um sistema de produção avícola, o que possibilita um rápido incremento no grau de infestação (MARANGI et al., 2009). Adultos podem permanecer 34 semanas sem realizar repasto sanguíneo (CUNHA et al., 2009). A prevalência de Dermanyssus gallinae pode chegar a 80-90% dentro da criação de aves, conforme observado no Reino Unido, na Itália, na Sérvia, em Marrocos, no Japão e em Montenegro (SPARAGANO et al., 2009). Contudo, no sistema de produção menos intensivo, como àquele ao ar livre, pode-se aumentar a prevalência por haver mais esconderijos, fendas, rachaduras e haver um menor controle químico, já que neste sistema este controle normalmente é evitado (SPARAGANO et al., 2009). Conforme Lesna et al. (2009), Hypoaspis miles (Berlese, 1892) (Hypoaspidae) e Hypoaspis aculeifer (Canestrini, 1883) (Laelapidae) são predadores naturais em potencial de Dermanyssus gallinae. Entretanto, Hypoaspis aculeifer não sobrevive a temperaturas acima de 34°C e Hypoaspis miles somente foi testado no controle de Dermanyssus gallinae em animais de estimação. Para os mesmos autores, Androlaelaps casalis (Berlese, 1887) (Laelapidae), embora já tenha sido visto alimentando-se de gotas de sangue humano, não apresenta evidência de hematofagia, é um predador natural de Dermanyssus gallinae. Lesna et al. (2009) avaliando aviários na Holanda, encontraram de forma muito abundante Dermanyssus gallinae; de forma comum e às vezes abundante Blattisocius keegani (Fox, 1947) (Blattisocidae) e, de forma comum, nunca abundante Androlaelaps casalis, Cheyletus eruditus (Schrank, 1781) (Cheyletidae) e Tyrophagus putrescentiae (Schrank, 1781) 19 (Acaridae). Tyrophagus putrescentiae está comumente associado a alimentos armazenados, com alto teor de gordura e proteína como farinha, trigo, soja, queijo, pão centeio, leite em pó BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) e diversas sementes. Altas infestações provocam piora na qualidade de higiene do produto, podendo alterar o gosto e acelerar a deterioração (DUEK et al., 2001). Blattisocius keegani é um ácaro predador utilizado no controle de coleópteros em produtos armazenados. Há evidências de que esta espécie preda ovos de lepidópteros, além de apresentar capacidade de controle biológico de larvas de moscas em frutas (THOMAS; ZALOM; NICOLA, 2011). Blattisocius tarsalis (Berlese, 1918) (Blattisocidae) também é ácaro predador que pode ser empregado de forma eficaz no controle da traça da farinha, Ephestia kuehniella (Zeller) (Pyralidae) (NIELSEN, 1998), em moinhos de trigo. Fêmeas desta espécie são conhecidas como predadoras de larvas de insetos em grãos armazenados (TREAT, 1969). Blattisocius dentriticus (Berlese, 1918) (Blattisocidae) também é um ácaro predador que se alimenta de ovos de artrópodes e de Tyrophagus putrescentiae (FENILLI; FLECHTMANN, 1990). Chortoglyphus arcuatus (Troupeau, 1879) (Chortoglyphidae), segundo Schulz et al. (2004), é um ácaro identificado em amostras de poeira de colchão e comumente é encontrado na zona rural da Europa Central, sendo responsável por alergias em agricultores. Solarz, Szilman e Szilman (1997) avaliaram a presença de ácaros no meio rural do sul da Polônia coletando amostras de aviários, pó orgânico, resíduos de ambientes agrícolas, estábulos e celeiros. Dos 890 ácaros coletados, 25,3% pertenciam a ordem Astigmata, incluindo nesse caso, espécies causadoras de alergias, como Lepidoglyphus destructor (Schrank, 1781) (Glycyphagidae) e Glycyphagus domesticus (De Geer, 1778) (Glycyphagidae). Ácaros Cheyletidae tem grande importância na avicultura, pois são predadores de outros artrópodes (EZEQUIEL et al., 2008). Espécies do gênero Cheyletus ocorrem em grãos armazenados e estão relacionados a diversas presas, sendo já encontrados alimentando-se inclusive de Dermanyssus gallinae (CEBOLLA; PEKAR; HUBERT, 2009). Cheyletus malaccensis (Oudemans, 1903) (Cheyletidae) é um importante agente de controle biológico de Lepidoglyphus destructor e Tyrophagus putrescentiae. Entretanto, não há estudos sobre a preferência alimentar de Cheyletus malaccensis, assim como sua sobrevivência, fecundidade e taxa de desenvolvimento (CEBOLLA; PEKAR; HUBERT, 2009). Cheyletus malaccensis e Cheyletus eruditus podem manifestar canibalismo tão logo o alimento disponível esteja 20 escasso, ou apresente baixo valor nutricional. Há relatos de grãos armazenados contendo somente Cheyletus eruditus, sem presa alguma (CEBOLLA; PEKAR; HUBERT, 2009). BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Cheletomorpha lepidopterorum (Shaw, 1794) também é um ácaro predador, se alimenta de outros ácaros (PASCUAL-VILLALOBOS; BAZ; DEL ESTAL, 2005). Megninia ginglymura (Mégnin, 1877) (Analgidae) é um ectoparasita encontrado em penas de aves, sendo já descrito parasitando pombos, perus e periquitos (FLECHTMANN, 1985). Raramente é citado relacionado à avicultura industrial, pois geralmente parasita aves silvestres e de fundo de quintal (TUCCI et al., 2005). Em levantamento realizado em 43 granjas de postura comercial, em São Paulo, Tucci et al. (1998) não encontraram ácaros desta espécie. Adultos e formas jovens vivem nas penas e delas se alimentam. A saliva do ácaro provoca reação alérgica na ave, estresse e prurido intenso, que leva a formação de crostas, facilitando infecções bacterianas secundárias e piodermites. O prurido pode causar petéquias hemorrágicas e vesículas na pele da ave parasitada. No Brasil, não há relatos de controle eficiente desta espécie (TUCCI et al., 2005). Os Uropodidae são ácaros do solo, comumente encontrados em matéria orgânica, resíduos de florestas em decomposição, estercos, lodo de esgoto, mas dificilmente encontrados em solos de uso agrícola (KOEHLER, 1997). Há relatos de Uropodidae sendo utilizados no controle biológico de lesmas. Entretanto, seu alimento preferencial são nematóides (KOEHLER, 1997). Há estudos relatando que os uropodinas são carnívoros (GERSON; SMILEY, 1990). 2.4 Danos causados por ácaros relacionados à avicultura de postura comercial Dermanyssus gallinae representa um problema sanitário e econômico na avicultura de postura comercial, pois se alimenta do sangue das aves causando problemas significativos. Durante o dia esconde-se em frestas de madeira, fezes, sujidades diversas e teias de aranha. O estresse por altas infestações estimula o canibalismo entre as aves (ZENNER et al., 2009). Além do estresse, provoca espoliação, devido à hematofagia, anemia, queda na postura de ovos e pode ser vetor de microorganismos patogênicos, gerando perdas econômicas. Parasitismos extremos podem causar mortalidade das aves (BACK, 2004). Durante a noite, a infestação ocorre em todas as partes do corpo da ave, barbela, crista e membrana periocular (TUCCI et al., 1998). As lesões provocadas durante o seu repasto 21 sanguíneo podem ser facilmente identificadas no peito e pernas das aves (TUCCI; GUIMARÃES, 1998). Na ausência de hospedeiro definitivo, este ácaro pode ser encontrado BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) no corpo de coelhos e outros roedores (SOULSBY, 1982; BAKR et al., 1995) e também de cães, gatos, cavalos e homem, causando dermatite pruriginosa (MARANGI et al., 2009). Nas aves, a presença do ácaro já foi relacionada ao vírus de Newcastle, a encefalites e a diversas bactérias, como a Erysipelothrix rhusiopathiae, causadora de septicemia em aves. Essa bactéria já foi isolada de ácaros provenientes de aviários onde havia surto de erisipela (MARANGI et al., 2009). A doença de Newcastle pode provocar mortalidade de 100% em um lote (BACK, 2004). Ocorre queda na postura de ovos, deformações e piora na qualidade da casca (MAZZUCO et al., 1997) e, por determinação da Organização Mundial de Saúde Animal, esta enfermidade é tratada como uma doença de notificação obrigatória e imediata aos órgãos sanitários competentes. No Brasil, o controle está regulamentado pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) e através de instrução normativa n° 17, da Secretaria de Defesa Agropecuária que trata de normas técnicas de vigilância para doença de Newcastle e Influenza Aviária (MAPA, 2007). Newcastle é uma zoonose que provoca conjuntivite em humanos. Equipamentos, aves selvagens, veículos e o próprio homem podem ser responsáveis por carrear o vírus e disseminar a doença (BACK, 2004). A encefalite viral de Saint Louis pode ter como hospedeiros aves selvagens e mosquitos do gênero Culex e estes podem ser vetores do vírus. A doença pode levar a morte, sendo que os sobreviventes geralmente ficam com sequelas psicomotoras. As cepas mais virulentas foram isoladas no Canadá e Estados Unidos, embora estejam presentes também na América do Sul e Central. A doença é um problema de saúde pública e a infecção em humanos raramente apresenta manifestação clínica, exceto em epidemias. No Brasil, o vírus foi isolado de artrópodes hematófagos de aves e três casos de encefalite viral de Saint Louis foram isolados no Pará e em São Paulo, a partir de análise sanguínea de pacientes com sintomas nervosos (RODRIGUES et al., 2010). Rickettsia spp. pode sobreviver em Dermanyssus gallinae durante seis meses. As riquetsioses são transmitidas ao homem por meio da picada de insetos hematófagos. Há casos da doença em diversos países da América do Sul. No Brasil, é responsável pela febre maculosa brasileira, a mais severa das riquetsioses descritas (CARDOSO et al., 2005). Os microorganismos invadem vasos sanguíneos das meninges. Sintomas gastrointestinais, febre, 22 mialgias, cefaléia, confusão mental e comprometimento do sistema nervoso central são característicos a infecção (FIOL et al., 2010). Dermanyssus gallinae também pode ser um BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) carreador em potencial de Salmonella enteritidis, relacionada à toxi-infecção alimentar (MORO et al., 2009). Contudo, apesar dessa possível associação a diversos agentes patogênicos, o principal problema e o mais evidente relacionado a Dermanyssus gallinae se trata da hematofagia, resultando em anemia, prostração e queda na produção de ovos dos lotes. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 23 3 ÁCAROS ASSOCIADOS A NINHOS DE PÁSSAROS E AVES DE POSTURA DE OVOS COMERCIAIS, NO VALE DO TAQUARI, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL RESUMO O controle de ectoparasitas é fundamental para a manutenção da biossegurança de uma granja avícola. A ausência desse controle potencializa o risco de problemas sanitários e prejuízos econômicos à avicultura. O presente estudo buscou conhecer a acarofauna associada a ninhos abandonados por pássaros e aos diversos ambientes de aviários de postura de ovos comerciais. As coletas foram realizadas entre os meses de dezembro de 2010 e julho de 2011, no Vale do Taquari, Rio Grande do Sul. Junto à granja de postura, no município de Teutônia, foram amostrados quatro aviários, dois convencionais (aves em gaiolas) e dois onde as aves são livres e tem substrato de cama para postura de ovos a disposição. Foram dispostas cinco armadilhas de papelão/ galpão, substituídas quinzenalmente. Além disso, foram coletadas três penas de nove aves/ galpão/ mês. Nos galpões livres de gaiolas, foram coletadas cinco porções de substrato de cama/ mês. O substrato, assim como dos ninhos abandonados por pássaros, coletados aleatoriamente no Vale do Taquari, foi exposto em funil de Berlese, em laboratório. Um total de 11.757 ácaros pertencentes a 21 famílias e 31 espécies foram encontrados. A maioria, cerca de 99% dos espécimes, foram coletados na granja de aves de postura, em Teutônia. A família Cheyletidae mostrou maior riqueza de espécies, com quatro espécies, seguida da família Blattisocidae com três espécies. Acaridae, Glycyphagidae, Laelapidae e Phytoseiidae apresentaram duas espécies. Dermanyssidae apresentou maior abundância, com 5.689 espécimes, seguido por Analgidae, com 2.175 e Chortoglyphidae, com 1.488. Pyroglyphus sp. foi coletado exclusivamente em penas, enquanto que Megninia gynglimura foi encontrado em penas, em armadilhas e em substrato de cama dos galpões livres de gaiolas. Blattisocius tarsalis, Chortoglyphus arcuatus e Dermanyssus gallinae, além de estarem presentes nas armadilhas, também ocorreram nas penas, no substrato de cama dos galpões livres de gaiolas e também nos ninhos abandonados por pássaros. Blattisocius keegani, Blattisocius dentriticus, Cheyletus eruditus, Cheyletus malaccensis, Cheletomorpha lepidopterorum, Ctenoglyphus sp, Lepidoglyphus destructor e Typhlodromus transvaalensis estavam presentes nas armadilhas e em substrato de cama nos galpões livres de gaiolas. Tyrophagus putrescentiae e Uropodidae foram encontrados em ninhos abandonados por pássaros, em substrato de cama dos galpões livres de gaiolas e também nas penas. Oribatideos foram coletados em ninhos abandonados por pássaros, em armadilhas e em BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 24 substrato de cama dos galpões livres de gaiolas. Exclusivamente nesse material foram encontrados Rubroscirus nidorum, Eucheyletia reticulata, Kleemania plumigera, Lorrya sp., Parapronematus sp., Rhizoglyphus callae, Storchia pacificus, Tarsonemus confusus. Tanto em substrato de cama dos aviários, como nos ninhos abandonados por pássaros, foram coletados Amblyseius herbicolus, Androlaelaps casalis, uma espécie de Calligonelidae, Hypoaspis aculeifer, Macrocheles muascaedomesticae. Blomia tropicalis foi coletado exclusivamente em ninhos abandonados por pássaros. Palavras-chave: Avicultura. Dermanyssus gallinae. Manejo sanitário. Saúde pública. 3.1 Introdução As aves domésticas podem carrear microorganismos patogênicos e ectoparasitas até as granjas vinculadas a avicultura comercial. Embora o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) procure controlar a presença de pássaros e outros animais em granjas avícolas, é pouco provável que se consiga erradicar aves silvestres das proximidades das granjas. O controle de fluxo de pessoas, objetos e controle de ectoparasitas é fundamental para a manutenção da biossegurança de uma granja avícola. A ausência desse controle potencializa o risco de enfermidades (BORNE; COMTE, 2003). Dermanyssus gallinae (De Geer, 1778) (Dermanyssidae) é um ácaro hematófago que provoca perdas econômicas e estresse (ZENNER et al., 2009). Sua presença já foi relacionada ao vírus de Newcastle, a encefalites e a diversas bactérias (MARANGI et al., 2009). Megninia ginglymura (Mégnin, 1877) (Analgidae) é um ectoparasita encontrado em penas de aves (FLECHTMANN, 1985). Sua saliva provoca reação alérgica e estresse. O prurido leva ao aparecimento de petéquias hemorrágicas e vesículas. A formação de crostas no local facilita infecções bacterianas secundárias e piodermites (TUCCI et al., 2005). Na Eslováquia, realizou-se um estudo acerca de artrópodes presentes em ninhos de Remiz pendulinus (Linnaeus, 1758) (Paridae) (chapim de faces pretas – ave) que geralmente ficam sobre galhos de árvores próximas a rios (KRISTOFIK et al., 1993). Foram coletados ácaros das seguintes espécies: Androlaelaps casalis (Berlese, 1887) (Laelapidae), Androlaelaps fahrenholzi (Berlese, 1911) (Laelapidae), Dermanyssus gallinae, Dermanyssus hirundinis (Hermann, 1804) (Dermanyssidae) e Ornithonyssus sylviarum (Canestrini & Fanzango, 1877) (Macronyssidae). Dermanyssus hirundinis e Ornithonyssus sylviarum foram os mais abundantes, com 99,7 e 92,4%, respectivamente. Dermanyssus gallinae apresentou apenas um espécime. Dactylochelifer latreillei (Leach, 1817) foi a única espécie de pseudo 25 escorpião encontrada. Esta espécie ocorre no sul e centro da Europa e já foi encontrado em BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) ninhos de outros pássaros na Finlândia e Eslováquia (KRISTOFIK et al., 1993). Estudos com o intuito de encontrar um predador natural para Dermanyssus gallinae, em seu habitat natural, foram desenvolvidos por Lesna et al. (2009), amostrando ninhos abandonados por Sturnus vulgaris (Linnaeus) (Sturnidae) (estorninho comum – pássaro) na Holanda. Naquele estudo, as espécies mais abundantes foram Dermanyssus gallinae, Zerconopsis remiger (Kramer, 1876) (Ascidae) e Androlaelaps casalis. Também foram observados Cheyletus eruditus (Schrank, 1781) (Cheyletidae), Glycyphagus domesticus (De Geer, 1778) (Glycyphagidae), Lepidoglyphus destructor (Schrank, 1781) (Glycyphagidae) e Myianoetus sp. (Histiostomatidae), porém em baixas populações. Ornithonyssus sylviarum raramente foi encontrado. Ornithonyssus sylviarum, Ornithonyssus bursa (Berlese, 1888) (Macronyssidae) e Dermanyssus gallinae são as três espécies de ácaros hematófagos relacionadas a aves de postura no Brasil (SOARES et al., 2008). Atualmente, estudos sobre dinâmica populacional e técnicas eficientes para o controle de ácaros hematófagos são escassos no país. Guimarães e Tucci (1992) avaliaram óleo mineral e obtiveram bons resultados no controle de Dermanyssus gallinae sendo observado que esta espécie morreu por asfixia. Até o presente momento, nada é conhecido sobre a acarofauna associada a aves de postura comercial no Rio Grande do Sul. Devido a importância desta atividade para a economia do Vale do Taquari e do estado, é necessário conhecer os organismos associados, sua frequência e possíveis danos provocados pelos mesmos. Além disso, é essencial saber quais os organismos são carreadores destes ácaros praga para os aviários. Neste contexto também surge a necessidade de aprimorar determinados métodos de controle de ectoparasitas dentro do sistema produtivo de postura comercial de ovos, pois o mercado está exigindo novos processos e novas metodologias que priorizem a qualidade do produto, do ambiente, a saúde do trabalhador rural e o bem estar animal. O presente estudo buscou conhecer a acarofauna associada a ninhos abandonados por pássaros e aos diversos ambientes dentro de aviários de postura de ovos comerciais. 26 3.2 Materiais e métodos Este estudo foi realizado em ninhos abandonados por pássaros e em aviários de BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) postura de ovos comerciais entre os meses de dezembro de 2010 e julho de 2011, nos municípios de Estrela, Travesseiro, Lajeado e Teutônia, no Vale do Taquari, Rio Grande do Sul, Brasil. Ninhos abandonados. Os ninhos abandonados foram armazenados em sacos plásticos, mantidos sob refrigeração e encaminhados ao laboratório de Acarologia, do Centro Universitário UNIVATES para realizar a extração dos ácaros. O material foi exposto em funil de Berlese (FIGURA 2) por um período de cinco dias e os ácaros coletados em recipiente com álcool 70%. Os ácaros foram removidos dos frascos sob microscópio estereoscópico com o auxílio de um pincel de cerdas finas e montados em meio Hoyer. Figura 2 – Funil de Berlese Fonte: Da autora. No município de Estrela, foi coletado um ninho de Hylocharis sp (beija-flor); nas redondezas do Centro Universitário UNIVATES, em Lajeado, também se coletou ninho de beija-flor e de Troglodytes musculus (Naumann, 1823) (Troglodytidae) (corruira) e no município de Travesseiro foram coletados dois ninhos de Turdus sp (sabiá). As coletas nos aviários da granja no município de Teutônia foram realizadas entre dezembro de 2010 e julho de 2011, quando foram amostrados quatro aviários, sendo dois 27 deles mistos, de madeira e alvenaria, cujas aves da linhagem Hissex são criadas em baterias de gaiolas de metal. A esse sistema denominou-se Gaiola. Nos outros dois galpões de madeira BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) e livres de gaiolas, as aves Hissex são criadas soltas, sobre um estrado de madeira, com substrato de cama para postura de ovos e poleiros à disposição, com comedouro tipo tubular e bebedouro pendular. Além disso, as aves frequentemente tinham livre acesso ao pátio da granja, onde tomavam sol, voavam, batiam asas, corriam, ciscavam e se revolviam junto ao solo. Este último sistema de alojamento foi chamado Livre. Armadilhas. Para realizar as coletas, foram dispostas armadilhas de papelão de 100 mm de largura x 70 mm de comprimento x 3 mm de altura, conforme descrito por Cunha et al. (2009). Nos galpões com gaiolas, as armadilhas de papelão foram distribuídas próximo ao vértice superior, laterais e na frente de gaiolas selecionadas aleatoriamente (FIGURA 3). Sobre poleiros, sobre o compartimento do substrato de cama, esteios e paredes dos galpões livre de gaiolas também foram dispostas armadilhas (FIGURA 4), seguindo metodologia utilizada por Lesna et al. (2009). Figura 3 – Aviário convencional (Gaiola) com armadilha de papelão exposta Fonte: Da autora. 28 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Figura 4 – Aviário livre de gaiola (Livre) com armadilha de papelão exposta Fonte: Da autora. As armadilhas foram trocadas quinzenalmente e sempre foram fixadas no mesmo ponto. Essas armadilhas tentam imitar os esconderijos normalmente procurados por Dermanyssus gallinae, facilitando sua captura (CHIRICO; TAUSAN, 2002). Em cada galpão, foram expostas cinco armadilhas, totalizando 20 armadilhas/quinzena. Após o período de exposição, as armadilhas foram acondicionadas em sacos plásticos, identificadas e mantidas sob refrigeração em geladeira no laboratório, por algumas semanas, até a realização da triagem do material, realizada com o uso de um pincel de cerdas finas. Substrato de cama para postura de ovos. Cinco amostras de substrato de cama foram coletadas por galpão livre de gaiola, a cada 28-32 dias. Acondicionou-se a amostra em saco plástico identificado e transportou-se em recipiente de isopor refrigerado até o laboratório. O substrato foi exposto em funil de Berlese, durante cinco dias e os ácaros coletados foram armazenados em recipiente com álcool 70%. Penas. Para identificar os ácaros presentes nas penas das aves foram removidas três penas de nove aves de cada um dos quatro galpões, a cada 28- 32 dias, totalizando 108 penas/mês. As penas foram acondicionadas em recipientes plásticos, identificadas por galpão 29 e transportadas em recipiente isopor em baixa temperatura até o laboratório, onde foram BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) mantidas sob refrigeração até que fosse realizada a triagem. Todos os ácaros foram montados e fixados em lâmina em meio Hoyer, com o auxílio de microscópio estereoscópico. As lâminas foram mantidas por até 10 dias em estufa a 5060ºC para a secagem do meio, distensão das pernas e diafanização dos espécimes. Após este período, as lâminas foram acondicionadas em caixas de madeira e mantidas em ambiente com umidade relativa do ar próximo de 40%. A identificação foi realizada com auxílio de microscópio óptico com contraste de fases. Os espécimes de ácaros encontrados e identificados nesse estudo foram depositados na Coleção de Referência de Ácaros do Museu de Ciências Naturais do Centro Universitário UNIVATES. 3.3. Resultados e discussão Um total de 11.757 ácaros pertencentes a 21 famílias e 31 espécies foram encontrados. A maioria, cerca de 99% dos espécimes, foram coletados na granja de aves de postura, em Teutônia. A família Cheyletidae mostrou maior riqueza de espécies, com quatro espécies, seguida da família Blattisocidade com três espécies. Acaridae, Glycyphagidae, Laelapidae e Phytoseiidae apresentaram duas espécies. As demais famílias apresentaram menor número. Dermanyssidae apresentou maior abundância, com 5.689 espécimes, seguido por Analgidae, com 2.175 e Chortoglyphidae, com 1.488. Pyroglyphus sp. foi coletado exclusivamente em penas, enquanto que Megninia gynglimura foi encontrado em penas, armadilhas e em substrato de cama nos galpões livres de gaiolas. Blattisocius tarsalis (Berlese, 1918), Chortoglyphus arcuatus (Troupeau, 1879) e Dermanyssus gallinae, estavam presentes em todas as situações avaliadas, ou seja, nas armadilhas, nas penas, nos ninhos dos galpões livres de gaiolas e também nos ninhos abandonados por pássaros (FIGURA 5). Blattisocius keegani (Fox, 1947), Blattisocius dentriticus (Berlese, 1918), Cheyletus eruditus, Cheyletus malaccensis (Oudemans, 1903), Cheletomorpha lepidopterorum (Shaw, 1794), Ctenoglyphus sp, Lepidoglyphus destructor e Typhlodromus transvaalensis (Nesbitt, 1951) apareceram nas armadilhas e em substrato de cama nos galpões livres de gaiolas. 30 Tyrophagus putrescentiae (Schrank, 1781) e Uropodidae foram encontrados em ninhos abandonados por pássaros, em substrato de cama dos galpões livres de gaiolas e também nas BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) penas. Oribatideos foram coletados em ninhos abandonados por pássaros, em armadilhas e em substrato de cama nos galpões livres de gaiolas (FIGURA 5). Exclusivamente em substrato de cama dos galpões livres de gaiolas foram encontrados Rubroscirus nidorum, Eucheyletia reticulata (Cunliffe, 1962), Kleemania plumigera (Oudemans, 1930), Lorrya sp, Parapronematus sp., Rhizoglyphus callae (Oudemans, 1924), Storchia pacificus (Summers, 1964) e Tarsonemus confusus (Ewing, 1939). Somente em substrato de cama e em ninhos abandonados por pássaros, foram coletados Amblyseius herbicolus (Chant, 1959), Androlaelaps casalis, uma espécie de Calligonelidae, Hypoaspis aculeifer (Canestrini, 1884), Macrocheles muascaedomesticae (Scopoli, 1772). Blomia tropicalis (Van Bronswijck, Cock e Oshima, 1973) foi coletado exclusivamente em ninhos abandonados por pássaros (GRÁFICO 1) e um Ascidae imaturo foi encontrado somente em armadilha de papelão. 31 PENA Pyroglyphus sp. ARMADILHA BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Figura 5 – Ácaros encontrados em penas, armadilhas, substrato de cama para postura e ninhos abandonados por pássaros Ascidae imaturo SUBSTRATO DE CAMA PARA POSTURA Rubroscirus nidorum Eucheyletia reticulata Kleemania plumigera Lorryia sp. Parapronematus sp. Rhizoglyphus callae Storchia pacificus Tarsonemus confusus Uropodidae Tyrophagous putrescentiae Megninia ginglymura Blattisocius keegani Blattisocius dentriticus Cheyletus eruditus Cheyletus malaccensis Cheletomorpha lepidopterorum Ctenoglyphus sp Lepidoglyphus destructor Typhlodromus transvaalensis Blattisocius tarsalis Chortoglyphus arcuatus Dermanyssus gallinae Amblyseius herbicolus Androlaelaps casalis Calligonelidae Hypoaspis aculeifer Macrocheles muscaedomesticae Oribatida NINHO DE PÁSSARO Blomia tropicalis 32 Gráfico 1 – Ácaros encontrados em ninhos abandonados por pássaros Ninhos de pássaros Total ácaros BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 80 60 40 20 0 Fonte: Da autora. Abaixo estão descritas as espécies acarinas encontradas, o ambiente onde foram coletadas e o número de espécimes entre parênteses. SUBORDEM MESOSTIGMATA BLATTISOCIIDAE Garman, 1948 Blattisocius dentriticus (Berlese, 1918) Lasioseius (L.) dentriticus Berlese, 1918: 7-16. Localização das espécies examinadas: Brasil, Rio Grande do Sul, TEUTÔNIA: Armadilha: Gaiola: XII-2010 (10). Ninho de ave poedeira: III-2011(1), IV-2011(1), V2011(4), VI-2011(1). Observação: Blattisocius dentriticus alimenta-se de ovos de outros artrópodes e de Tyrophagus putrescentiae (FENILLI; FLECHTMANN, 1990). Espécie associada a alimento importado nos Estados Unidos (HUGHES, 1976). Blattisocius dentriticus é um ácaro predador que compete com Cheyletus eruditus (COLLINS, 2012). Blattisocius keegani (Fox, 1947) 33 Melichares (B.) keegani Fox, 1947: 598-603 Localização das espécies examinadas: Brasil, Rio Grande do Sul, TEUTÔNIA: BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Armadilha: Gaiola: I-2011(2). Ninho de ave poedeira: III-2011(1), IV-2011(1), V-2011(3). Observações: Blattisocius keegani controla coleópteros em produtos armazenados. Há evidências de que esta espécie alimenta-se de ovos de lepidópteros, além de apresentar potencial para controle biológico de larvas de moscas em laranja umbigo (THOMAS; ZALOM; NICOLA, 2011). Blattisocius tarsalis (Berlese, 1918) Typhlodromus tineivorus Oudemans, 1929: 67-74. Localização das espécies examinadas: Brasil, Rio Grande do Sul, TEUTÔNIA: Armadilha: Gaiola: I-2011(2). Ninho de ave poedeira: II-2011(3), III-2011(3), IV-2011(1), V-2011(4). Pena: Gaiola: VII-2011(1); Livre: V-2011(2). LAJEADO: Ninho de pássaro: (2). Observações: Blattisocius tarsalis já foi utilizado no controle biológico em moinhos de farinha, pois age de forma eficaz sobre a traça da farinha (Ephestia kuehniella) (Zeller, 1879) (Lepidoptera: Pyralidae) (NIELSEN, 1998). Esta espécie é conhecida como predadora de larvas de insetos em grãos armazenados (TREAT, 1969), além do que se mostra como um predador ativo de ovos de Acarus siro L. em produtos armazenados (THIND; FORD, 2006). AMEROSEIIDAE Evans, 1963 Kleemania plumigera (Oudemans, 1930) Zercoseius gracei Hughes, 1948:168. Localização das espécies examinadas: Brasil, Rio Grande do Sul, TEUTÔNIA: Ninho de ave poedeira: III-2011(2), V-2011(11), VI-2011(2). Observações: Kleemania plumigera pode ocorrer em armazéns de feno, em entulhos de paredes derrubadas e em construções novas, porém, nesse ambiente, costuma desaparecer assim que o espaço torna-se mais seco. Também já foi encontrado em cama de aviário reutilizada (HUGHES, 1976). Em estudos entre os anos de 2000 e 2006, na Grécia, 34 encontrou-se Kleemania plumigera em estabelecimentos agrícolas e em ambientes de BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) cooperativas agrícolas (PALYVOS; EMMANOUEL; SAITANIS, 2008). DERMANYSSIDAE Kolenati, 1859 Dermanyssus gallinae (De Geer, 1778) Acarus gallinae De Geer, 1778. Localização das espécies examinadas: Brasil, Rio Grande do Sul, TEUTÔNIA: Armadilha: Gaiola: XII-2010(1746), I-2011(60), II-2011(13), IV-2011(4), V-2011(7); Livre: I-2011(12), III-2011(30), IV-2011(8), V-2011(552), VI-2011(3011), VII-2011(208). Ninho de ave poedeira: I-2011(14), VI-2011(3). Pena: Gaiola: V-2011(1), VI-2011(2), VII2011(7); Livre: VI-2011(1). LAJEADO: Ninho de pássaro: (10). Observações: Dermanyssus gallinae representa um problema sanitário e econômico na avicultura de postura comercial. As lesões provocadas durante o seu repasto sanguíneo podem ser identificadas no peito e nas pernas das aves (TUCCI; GUIMARÃES, 1998). Provoca estresse, espoliação, devido à hematofagia, anemia, queda na produção de ovos e pode ainda ser vetor de microorganismos patogênicos (BACK, 2004). LAELAPIDAE Berlese, 1892 Androlaelaps casalis (Berlese, 1887) Iphis casalis Berlese, 1887:8 Localização das espécies examinadas: Brasil, Rio Grande do Sul, TEUTÔNIA: Ninho de ave poedeira: V-2011(8), VII-2011(1). LAJEADO: Ninho de pássaro: (68). Observações: Androlaelaps casalis é um ácaro generalista, é predador de Tyrophagus putrescentiae, Glyciphagus domesticus, Blattisocius keegani (HUGHES, 1976) e de formas jovens de Dermanyssus gallinae (HUGHES, 1976; LESNA et al., 2009). Hypoaspis aculeifer (Canestrini, 1884) Laelaps aculeifer Canestrini, 1884:705 Localização das espécies examinadas: Brasil, Rio Grande do Sul, TEUTÔNIA: Ninho de ave poedeira: II-2011(12), V-2011(2), VI-2011(1). LAJEADO: Ninho de pássaro: (1). 35 Observações: Hypoaspis aculeifer se alimenta de outros ácaros, de pequenos de insetos e de nematóides. Suas larvas não se alimentam e formas adultas podem comer seus BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) próprios ovos. Alimenta-se também de Tyrophagus putrescentiae (ZHANG, 1963) e formas jovens de Dermanyssus gallinae (LESNA et al., 2009). MACROCHELIDAE Vitzhum, 1930 Macrocheles muscaedomesticae (Scopoli, 1772) Acarus muscaedomesticae Scopoli, 1772:1-128. Localização das espécies examinadas: Brasil, Rio Grande do Sul, TEUTÔNIA: Ninho de ave poedeira: II-2011(49), IV-2011(2). LAJEADO: Ninho de pássaro: (2). Observações: Macrocheles muscaedomesticae é um predador (LESNA et al., 2009) de mosca doméstica e espécies afins. É encontrado em esterco, inclusive em estercos de aviários, habitat propício para o desenvolvimento de moscas. Larvas e adultos se alimentam de ovos de moscas. É comum encontrar fêmeas de Macrocheles muscaedomesticae em alimentos armazenados ou ainda em qualquer outro lugar onde se encontra moscas (ZHANG, 1963). PHYTOSEIIDAE Berlese, 1913 Amblyseiinae Amblyseius herbicolus (Chant, 1959) Typhlodromus (Amblyseius) herbicolus Chant, 1959:84. Localização das espécies examinadas: Brasil, Rio Grande do Sul, TEUTÔNIA: Ninho de ave poedeira: V-2011(1). LAJEADO: Ninho de pássaro: (2). Observações: Amblyseius herbicolus é predador de Tegolophus australis (Hely, 1968) (Eriophyidae) e de Panonychus citri (McGregor, 1916) em plantas de laranja (BEATTIE et al., 1991). Espécie comumente encontrada em agroecosssitemas cafeeiros e vegetação próxima (REIS; ZACARIAS, 2007; SPONGOSKI; REIS; ZACARIAS, 2005). No Rio Grande do Sul foi coletado na cultura da erva mate, videira e em vegetação nativa (FERLA; MORAES, 2002; FERLA; MARCHETTI; SIEBERT, 2005; FERLA et al., 2011). Typhlodrominae Typhlodromus transvaalensis (Nesbitt, 1951) 36 Kampimodromus transvaalensis Nesbitt, 1951:55. Localização das espécies examinadas: Brasil, Rio Grande do Sul, TEUTÔNIA: BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Armadilha: Gaiola: I-2011(1), V-2011(2); Livre: III-2011(1). Ninho de ave poedeira: II2011(1), III-2011(1). Observações: Esta espécie foi coletada em vegetação nativa e videira, no estado do Rio Grande do Sul (FERLA; MORAES, 2002; FERLA et al., 2011). UROPODIDAE Kramer, 1881 Localização das espécies examinadas: Brasil, Rio Grande do Sul, TEUTÔNIA: Ninho de ave poedeira: I-2011(2), II-2011(28), III-2011(1), IV-2011(2), V-2011(2), VI-2011(11), VII-2011(1). Pena: Gaiola: VI-2011(1). LAJEADO: Ninho de pássaro: (1). Observações: São ácaros que vivem em florestas, solos férteis e esterco. Alimentam-se de pão, leveduras e formas imaturas de moscas. Estes ácaros são foréticos, se fixam a superfície de sua presa. Há estudos relatando que alguns uropodinas são carnívoros (GERSON; SMILEY, 1990). SUBORDEM PROSTIGMATA CALIGONELLIDAE Grandjean, 1944 Localização das espécies examinadas: Brasil, Rio Grande do Sul, TEUTÔNIA: Ninho de ave poedeira: I-2011(1), V-2011(1). LAJEADO: Ninho de pássaro: (2). Observações: Algumas espécies foram citadas alimentando-se de ovos de tetraniquídeos (SUMMERS; SCHLINGER, 1955; DOSSE, 1967). CHEYLETIDAE Leach, 1815 Cheyletus eruditus (Schrank, 1781) Eutarsus cancriformis Hessling, 1852: 255-259. Localização das espécies examinadas: Brasil, Rio Grande do Sul, TEUTÔNIA: Armadilha: Livre: III-2011(1), V-2011(1). Ninho de ave poedeira: I-2011(12), II-2011(25), III-2011(23), IV-2011(85), V-2011(40), VI-2011(37), VII-2011(6). 37 Observações: Cheyletus eruditus já foi observado alimentando-se de formas jovens de Dermanyssus gallinae (MAURER; HERTZBERG, 2001). Cheyletus eruditus pratica BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) canibalismo na ausência de alimento, ou quando mantido com alimento de baixo valor nutricional. Há relatos de grãos armazenados contendo somente Cheyletus eruditus, sem presa alguma (CEBOLLA; PEKAR; HUBERT, 2009). Cheyletus malaccensis (Oudemans, 1903) Cheyletus munroi Hughes, 1948:168. Localização das espécies examinadas: Brasil, Rio Grande do Sul, TEUTÔNIA: Armadilha: Gaiola: VI-2011(1); Livre: III-2011(1). Ninho de ave poedeira: I-2011(40), II2011(50), III-2011(44), IV-2011(90), V-2011(164), VI-2011(368), VII-2011(40). Observações: Cheyletus malaccensis está relacionado ao controle biológico de presas e já se mostrou bastante eficiente no controle de Lepidoglyphus destructor e Tyrophagus putrescentiae. Esse ácaro também pratica canibalismo na ausência de alimento, ou quando mantido com alimento de baixo valor nutricional (CEBOLLA; PEKAR; HUBERT, 2009). Cheletomorpha lepidopterorum (Shaw, 1794) Acarus lepidopterorum Shaw, 1794:187. Localização das espécies examinadas: Brasil, Rio Grande do Sul, TEUTÔNIA: Armadilha: Livre: VII-2011(4). Ninho de ave poedeira: I-2011(1), IV-2011(1), V-2011(2), VI-2011(4). Observações: Cheletomorpha lepidopterorum é frequentemente encontrado associado a outros ácaros, sendo que já foi encontrado associado a Cheyletus eruditus em aveia a granel, contudo, Cheyletus eruditus se move mais rapidamente do que Cheletomorpha lepitopterorum e então dele pode se alimentar (HUGHES, 1976). Eucheyletia reticulata Cunliffe, 1962 Eucheyletia reticulata Cunliffe, 1962: 200-201. Localização das espécies examinadas: Brasil, Rio Grande do Sul, TEUTÔNIA: Ninho de ave poedeira: V-2011(1), VI-2011(26). 38 Observação: Esta é a primeira citação desta espécie no estado do Rio Grande do Sul. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) CUNAXIDAE Thor, 1902 Rubroscirus nidorum Localização das espécies examinadas: Brasil, Rio Grande do Sul, TEUTÔNIA: Ninho de ave poedeira: I-2011(1), III-2011(7), V-2011(3), VI-2011(5). Observações: Cunaxidae são rápidos corredores e aparecem alimentando-se de inúmeros pequenos artrópodes que ocorrem em culturas diversas (GERSON; SMILEY, 1990). Os cunaxídeos são citados por Gerson, Smiley e Ochoa (2003) como predadores de ácaros tenuipalpídeos, eriofídeos e principalmente de nematoides. IOLINIDAE Pritchard, 1956 Parapronematus sp. Localização das espécies examinadas: Brasil, Rio Grande do Sul, TEUTÔNIA: Ninho de ave poedeira: III-2011(1), IV-2011(5), VI-2011(1). Observações: É um ácaro predador encontrado em campos de seringueiras, no Estado do Mato Grosso, Brasil, em estudo realizado entre os anos de 1998 e 2000 (FERLA; MORAES, 2008). STIGMAEIDAE Oudemans, 1931 Storchia pacificus (Summers, 1964) Apostigmaeus pacificus Summers, 1964: 184-186. Localização das espécies examinadas: Brasil, Rio Grande do Sul, TEUTÔNIA: Ninho de ave poedeira: III-2011(1), V-2011(2), VI-2011(20), VII-2011(3). Observações: Espécie descrita de espécimes proveniente da Indonésia e Filipinas interceptada no Havaí sobre Manihot esculenta Crantz (mandioca, aipim ou macaxeira) e Oryza sativa L. (arroz) (SUMMERS, 1964). TARSONEMIDAE Kramer, 1877 Tarsonemus confusus Ewing, 1939 39 Tarsonemus confusus Ewing, 1939:1-63. Localização das espécies examinadas: Brasil, Rio Grande do Sul, TEUTÔNIA: Ninho BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) de ave poedeira: IV-2011(6). Observações: Tarsonemus confusus é uma espécie comumente encontrada em plantas, no solo, em poeira de casas e ninhos de pássaros. Fungívora e também conhecida como praga de algumas plantas ornamentais em estufas da Europa e em tomates no norte da África (ZHANG, 1963). TYDEIDAE Kramer, 1877 Lorryia sp. Localização das espécies examinadas: Brasil, Rio Grande do Sul, TEUTÔNIA: Ninho de ave poedeira: IV-2011(7), V-2011(4), VI-2011(3). SUBORDEM ASTIGMATA ACARIDAE Ewing & Nesbitt, 1954 Rhizoglyphus callae (Oudemans, 1924) Rhizoglyphus lucasii Hughes, 1948: 168. Localização das espécies examinadas: Brasil, Rio Grande do Sul, TEUTÔNIA: Ninho de ave poedeira: II-2011(7), V-2011(3). Observações: Rhizoglyphus callae é encontrado em bulbos de tulipas, onde ataca as folhas úmidas e já foi encontrado em depósitos de gordura de suínos (HUGHES, 1976). São pragas de diversas culturas e de plantas ornamentais (DIAZ et al., 2000). Tyrophagus putrescentiae (Schrank, 1781) Acarus putrescentiae Schrank, 1781: 552. Localização das espécies examinadas: Brasil, Rio Grande do Sul, TEUTÔNIA: Ninho de ave poedeira: I-2011(2), II-2011(12), III-2011(48), IV-2011(4), V-2011(73), VI2011(419), VII-2011(209). Pena: Gaiola: IV-2011(1), VII-2011(6); Livre: VI-2011(1). LAJEADO: Ninho de pássaro: (2). 40 Observações: Tyrophagus putrescentiae está comumente associado a alimentos armazenados, com alto teor de gordura e proteína como farinha, trigo, soja, queijo, pão BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) centeio, leite em pó e diversas sementes. Altas infestações provocam piora na qualidade e na higiene do produto, podendo acelerar a deterioração (DUEK et al., 2001). ANALGIDAE Trouessart, 1915 Megninia ginglymura (Mégnin, 1877) Megninia ginglymura Canestrini & Kramer, 1899:1-193. Localização das espécies examinadas: Brasil, Rio Grande do Sul, TEUTÔNIA: Armadilha: Gaiola: XII-2010(30), V-2011(1). Livre: V-2011(1). Ninho de ave poedeira: I2011(2), II-2011(2), III-2011(1), V-2011(4), VI-2011(3), VII-2011(1). Pena: Gaiola: I2011(108), II-2011(24), III-2011(97), IV-2011(402), V-2011(284), VI-2011(253), VII2011(91); Livre: I-2011(14), II-2011(295), III-2011(246), IV-2011(240), V-2011(40), VI2011(13), VII-2011(23). Observações: Megninia ginglymura se alimenta das penas das aves infestadas. A saliva do ácaro provoca reação alérgica, estresse e prurido intenso, que leva a formação de crostas, facilitando infecções bacterianas secundárias e piodermites. O prurido pode causar petéquias hemorrágicas e vesículas na pele da ave parasitada (TUCCI et al., 2005). CHORTOGLYPHIDAE Berlese, 1897 Chortoglyphus arcuatus (Troupeau, 1879) Tyroglyphus arcuatus Troupeau, 1879. Localização das espécies examinadas: Brasil, Rio Grande do Sul, TEUTÔNIA: Armadilha: Gaiola: V-2011(1), VI-2011(1). Ninho de ave poedeira: I-2011(45), II2011(49), III-2011(153), IV-2011(272), V-2011(271), VI-2011(600), VII-2011(85). Pena: Gaiola: VII-2011(1); Livre: VII-2011(8). LAJEADO: Ninho de pássaro: (2). Observações: Chortoglyphus arcuatus é um ácaro identificado em amostras de poeira de colchão, é comumente encontrado na zona rural da Europa Central, sendo responsável por alergias em agricultores (SCHULZ et al., 2004). GLYCYPHAGIDAE Cunliffe, 1958 41 Blomia tropicalis Van Bronswijck, Cock e Oshima, 1973 Blomia tropicalis Van Bronswijck, Cock e Oshima, 1973: 477-489. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Localização das espécies examinadas: Brasil, Rio Grande do Sul, LAJEADO: Ninho de pássaro: (1). Observações: Blomia tropicalis está associado a asma ocupacional em manipuladores de grãos e fazendeiros. Ocorre em regiões tropicais e subtropicais, em poeira. Nos Estados Unidos, é muito comum na poeira de colchões e tapetes de casas (ARRUDA; CHAPMAN, 1992). No Rio Grande do Sul foi encontrada em residências (FERLA; NEUMAN, 2004). Ctenoglyphus sp. Localização das espécies examinadas: Brasil, Rio Grande do Sul, TEUTÔNIA: Armadilha: Livre: V-2011(1). Ninho de ave poedeira: II-2011(1). Observações: Ctenoglyphus plumiger ocorre em palheiros, no trigo, em aveia e cevada, sementes de capim e, às vezes, aparece, em grandes populações, no feno. Já foi encontrado em farinha de peixe e favos de mel (HUGHES, 1976). Lepidoglyphus destructor (Schrank, 1781) Acarus destructor Schrank, 1781:552. Localização das espécies examinadas: Brasil, Rio Grande do Sul, TEUTÔNIA: Armadilha: Gaiola: VII-2011(1). Ninho de ave poedeira: I-2011(3), IV-2011(3), V2011(18), VI-2011(123), VII-2011(47). Observações: Lepidoglyphus destructor ocorre em todo mundo em grãos armazenados e também em ração animal. Em períodos de alta umidade, principalmente em feno estocado, pode haver infestação excessiva, chegando a 50.000 ácaros por kg de feno. Além de perdas econômicas, o ácaro representa um problema de saúde pública, uma vez que pode ser responsável por casos de doenças ocupacionais, como a asma entre trabalhadores rurais (KNÜLLE, 1991). PYROGLYPHIDAE Cunliffe, 1958 Pyroglyphus sp. 42 Localização das espécies examinadas: Brasil, Rio Grande do Sul, TEUTÔNIA: Pena: BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Livre: VI-2011(1). Observações: Pyroglyphus sp são encontrados em ninhos de roedores e de pássaros (HUGHES, 1976). SUBORDEM ORIBATIDA Localização das espécies examinadas: Brasil, Rio Grande do Sul, TEUTÔNIA: Armadilha: Gaiola: III-2011(1); Livre: V-2011(1). Ninho de ave poedeira: II-2011(11), III2011(1), VI-2011(1). LAJEADO: Ninho de pássaro: (2). Observações: Ácaros Oribatidas são comuns no solo. Eles se alimentam de fungos e de plantas caídas, são importantes na decomposição e formação do solo. São poucas as espécies que vivem em partes aéreas de plantas, mas ainda assim tem importância econômica, pois são conhecidos como pragas de plantas (ZHANG, 1963). O controle biológico de ácaros praga a partir de predadores naturais pode contribuir para minimizar altas infestações, evitando que esses ectoparasitas se tornem um problema sanitário e econômico. Lesna et al. (2009) comentam que, como os ovos são produzidos para consumo humano, é preciso cumprir rigorosas normas de segurança alimentar, ou seja, os ovos devem ser livres de resíduos e, durante o uso de produtos acaricidas, deve haver uma degradação rápida dos compostos utilizados em componentes não nocivos. Comentam ainda que os produtos não podem ser nocivos a saúde ou ao bem estar do plantel. Apesar de se usar sprays químicos diretamente sobre as aves, os acaricidas sintéticos atualmente empregados não são eficazes, até porque o ácaro vermelho passa a maior parte do tempo abrigado em seus esconderijos, lugares onde a pulverização dificilmente alcançará. Lesna et al. (2009) em seus estudos nas províncias holandesas, encontraram em ninhos de pássaros Dermanyssus gallinae, Androlaelaps casalis, Cheyletus eruditus e Lepidoglyphus destructor, espécimes encontrados na granja de Teutônia, ou ainda nos ninhos abandonados coletados no Vale do Taquari, Rio Grande do Sul, Brasil. 43 3.4 Conclusão Este estudo demonstrou que espécimes coletados em ninhos abandonados por pássaros BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) também podem ser observados em granja de aves de postura de ovos comerciais. Dessa maneira, supõe-se que as aves silvestres podem ser carreadoras da fauna acarina do ambiente natural para granjas de aves comerciais. A restrição ao acesso destes animais às granjas limitaria a entrada de ácaros praga disseminadores de enfermidades, causadores de perdas econômicas a produtores rurais e a avicultura industrial. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 44 4 BIOECOLOGIA DE ÁCAROS ASSOCIADOS A AVES DE POSTURA DE OVOS COMERCIAIS, NO VALE DO TAQUARI, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL RESUMO A intensificação da produção de ovos comerciais aumenta o risco de epidemias e de qualidade inferior do produto. Ácaros praga causam perdas econômicas e sanitárias à avicultura industrial. O ideal é manter as populações acarinas abaixo do nível de dano econômico e sanitário. O presente estudo teve o objetivo de avaliar a bioecologia da acarofauna associada a uma granja de postura de ovos comerciais, no município de Teutônia, Rio Grande do Sul. As coletas foram realizadas entre os meses de dezembro de 2010 e julho de 2011. Junto à granja de postura, foram amostrados dois aviários convencionais (Gaiola) e dois onde as aves ficam livres e tem substrato de cama para postura de ovos a disposição (Livre). Foram dispostas cinco armadilhas de papelão/ galpão, substituídas quinzenalmente, além disso, foram coletadas três penas de nove aves/ galpão/ mês. Em cada galpão Livre, foram coletadas cinco amostras de substrato de cama/ mês. Maiores índices ecológicos de diversidade foram observados em substrato de cama do sistema Livre, seguido das armadilhas de papelão e por último, penas. A diversidade total e Variância Jackknife de 1º ordem (S 2) foram significativos em armadilhas nos dois sistemas de alojamento. Nas armadilhas, a diversidade foi maior no sistema Gaiola, no sistema Livre foi observada maior abundância. A família Cheyletidae mostrou maior riqueza, com quatro espécies, seguida da família Blattisocidade com três. A maioria dos ácaros foi representada por Dermanyssus gallinae (De Geer, 1778), mais de 98% do total nas armadilhas. O mês de dezembro apresentou maior número de Dermanyssus gallinae nas armadilhas do sistema Gaiola, período em que se identificou a menor umidade relativa do ar. Nas armadilhas coletadas no sistema Livre, a maior incidência de Dermanyssus gallinae foi aos meses de maio, junho e julho. Entre os dias específicos dessas coletas, a média de temperatura manteve-se em 12,6°C e a média de precipitação pluviométrica entre junho e julho foi 263 mm, alta em relação ao período avaliado. Dermanyssus gallinae foi a única espécie constante e eudominante, sendo todas as demais acidentais e raras. A segunda espécie foi Megninia ginglymura (Mégnin, 1877), com 0,6% do total de ácaros. Dentre os predadores, Blattisocius dentriticus (Berlese, 1918) representou 0,5% dos espécimes no sistema Gaiola. Os Blattisocidade foram observados apenas em Gaiola. Cheyletidae, no sistema Livre, apresentou três espécies e em Gaiola, apenas uma. No substrato de cama do sistema Livre foram encontrados 3.783 ácaros, de 28 espécies e 19 famílias. Cheyletidae mostrou maior riqueza com quatro espécies, seguida de Blattisocidade, com três. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 45 Chortoglyphidae e Cheyletidae apresentaram maior abundância. Chortoglyphus arcuatus (Troupeau, 1879) e Tyrophagus putrescentiae (Schrank, 1781), foram constantes e eudominantes. Dentre os predadores Cheyletus malaccensis (Oudemans, 1903) foi constante e eudominante; Cheyletus eruditus (Schrank 1781), constante e dominante. Nas penas, Megninia ginglymura foi constante, eudominante e a mais abundante, com cerca de 98% dos espécimes. No sistema Gaiola, esta espécie apresentou população 44,5% superior aquela do sistema Livre. Dermanyssus gallinae foi acessória e rara e mais frequente no sistema Gaiola. Megninia ginglymura apresentou pico populacional em sistema Gaiola em abril, enquanto que em sistema Livre as populações foram altas de fevereiro a abril. Palavras-chave: Avicultura. Dermanyssus gallinae. Predador. Sanidade avícola. 4.1 Introdução Atualmente, além de produzir alimentos seguros e livres de resíduos, há de se tomar o devido cuidado com substâncias que possam agredir o meio ambiente (SOARES et al., 2008). A intensificação da produção de ovos comerciais aumenta o risco de epidemias e de qualidade inferior do produto. Medidas sanitárias preventivas podem limitar a propagação de vetores e a introdução de enfermidades em um plantel de aves (BORNE; COMTE, 2003). A erradicação dos ectoparasitas parece impossível. Desta forma, o ideal é manter as populações abaixo do nível de dano econômico e sanitário. Dermanyssus gallinae (De Geer, 1778) (Dermanyssidae) é um ácaro hematófago e cosmopolita (TUCCI; GUIMARÃES, 1998), muito importante para avicultura comercial. Altas infestações estimulam o canibalismo entre lotes (ZENNER et al., 2009), pode ser encontrado em coelhos e outros roedores (SOULSBY, 1982; BAKR et al., 1995) cães, gatos, cavalos e no homem, causando dermatite pruriginosa (MARANGI et al., 2009). A presença do ácaro já foi relacionada a vírus causadores de zoonoses e a diversas bactérias (MARANGI et al., 2009). Megninia ginglymura (Mégnin, 1877) (Analgidae) é um ectoparasita encontrado nas penas de aves. A saliva do ácaro provoca reação alérgica, estresse e prurido intenso, facilitando infecções bacterianas secundárias e piodermites. No Brasil, não há relatos de controle eficiente desta espécie, que geralmente parasita aves silvestres e de fundo de quintal. Em levantamento realizado em 43 granjas de postura comercial, em São Paulo, Tucci et al. (1998) não encontraram ácaros da espécie Megninia (TUCCI et al., 2005). 46 As famílias Blattisocidae e Laelapidae destacam-se dentre os ácaros predadores. Hypoaspis aculeifer (Canestrini, 1883) (Laelapidae) é um predador em potencial de BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Dermanyssus gallinae, mas não sobrevive a temperaturas acima de 34°C (LESNA et al., 2009). Os mesmos autores citam Androlaelaps casalis (Berlese, 1887) (Laelapidae) como uma espécie com potencial para controlar Dermanyssus gallinae. Dentre os Blattisocidae destacam-se Blattisocius keegani (Fox, 1947) (Blattisocidade), Blattisocius tarsalis (Berlese, 1918) e Blattisocius dentriticus (Berlese, 1918). Blattisocius keegani controla coleópteros em produtos armazenados. Há evidências de que esta espécie apresenta potencial para o controle biológico de larvas de moscas em laranja umbigo (THOMAS; ZALOM; NICOLA, 2011). Blattisocius tarsalis já foi utilizado no controle biológico em moinhos de farinha, age de forma eficaz sobre a traça da farinha (Ephestia kuehniella) (Zeller, 1879) (Lepidoptera: Pyralidae) (NIELSEN, 1998). Esta espécie é conhecida como predadora de larvas de insetos em grãos armazenados (TREAT, 1969). Blattisocius dentriticus alimenta-se de ovos de outros artrópodes e de Tyrophagus putrescentiae (Schrank, 1781) (Acaridae) (FENILLI; FLECHTMANN, 1990). A família Cheyletidae preda artrópodes (EZEQUIEL et al., 2008). Cheyletus sp ocorrem em grãos armazenados, em celeiros e armazéns onde estão associados a diversas presas, inclusive Dermanyssus gallinae (CEBOLLA; PEKAR; HUBERT, 2009). Cheyletus malaccensis (Oudemans, 1903) é eficiente no controle de Lepidoglyphus destructor (Schrank, 1781) (Glycyphagidae) e Tyrophagus putrescentiae. Sabe-se que Cheyletus malaccensis e Cheyletus eruditus (Schrank 1781) (Cheyletidae) são canibais na ausência de alimento ou quando mantidos com alimento de baixo valor nutricional. Há relatos de grãos armazenados contendo somente Cheyletus eruditus, sem presa alguma (CEBOLLA; PEKAR; HUBERT, 2009). Este estudo tem grande importância para avicultura de postura de ovos comerciais e para os consumidores de produtos de origem animal. Conhecendo a acarofauna associada a uma granja de postura comercial pode-se buscar a produção de alimentos livres de resíduos tóxicos e de agentes patogênicos. A qualidade de vida dos produtores rurais melhora quando se limita o uso de produtos tóxicos no combate a ácaros praga nas granjas avícolas, reduz o acúmulo de embalagens tóxicas no meio rural e as chances de contaminação de lençóis freáticos. O controle biológico de ácaros praga, a partir de um predador natural, tornaria o sistema de produção avícola menos impactante ambientalmente. Para tanto, o presente estudo 47 teve o objetivo de avaliar a bioecologia da acarofauna associada a uma granja de postura de BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) ovos comerciais, em Teutônia, Rio Grande do Sul, Brasil. 4.2 Materiais e métodos As coletas na granja de aves de postura comercial foram realizadas entre dezembro de 2010 e julho de 2011, quando foram amostrados quatro aviários, sendo dois convencionais, com baterias de gaiolas de metal, comedouro tipo calha de madeira e bebedouro tipo nipple1. A esse sistema convencional de confinamento chamou-se Gaiola. Os outros dois galpões não possuiam gaiolas, as aves eram criadas soltas sobre um estrado de madeira, havia substrato de cama para postura de ovos e poleiros a disposição, comedouro tipo tubular e bebedouro pendular. Nestes dois últimos aviários, as aves frequentemente tinham livre acesso ao pátio da granja, onde tomavam sol, voavam, batiam as asas, corriam, ciscavam e se revolviam junto ao solo. A esse sistema de alojamento, onde aves tinham maior liberdade para expressar seu comportamento natural, chamou-se Livre durante o presente estudo. Para realizar as coletas, armadilhas de papelão de 100 mm de largura x 70 mm de comprimento x 3 mm de altura, conforme sugerido por Cunha et al. (2009), foram expostas. Nos galpões convencionais, as armadilhas foram distribuídas próximo ao vértice superior, laterais e em frente a gaiolas selecionadas aleatoriamente. Sobre poleiros, sobre o compartimento do substrato de cama, esteios e paredes dos galpões livre de gaiolas também foram dispostas armadilhas, seguindo metodologia utilizada por Lesna et al. (2009). Em seus estudos, esses autores posicionaram as armadilhas de papelão corrugado sobre esteios, substrato de cama, postes e paredes de aviários de quatro granjas das províncias de Brabant e Limburg, na Holanda. As armadilhas do presente estudo foram coletadas quinzenalmente e substituídas por novas, que foram fixadas ao mesmo ponto. Essas armadilhas imitam os esconderijos normalmente procurados principalmente por Dermanyssus gallinae, facilitando sua captura (CHIRICO; TAUSAN, 2002). Em cada galpão, foram expostas cinco armadilhas, totalizando 20 armadilhas/quinzena. Após o período de exposição, as armadilhas foram acondicionadas 1 Bebedouro tipo nipple – É um sistema fechado de fornecimento de água. Através de uma tubulação, a água sai do reservatório e é distribuída por todo aviário sem contado algum com o ambiente externo. Por meio de pequenos bicos, sensíveis ao toque da ave, a água é liberada da tubulação a uma vazão controlada pelo criador. 48 em sacos plásticos, identificadas e mantidas sob refrigeração a 0° C, por algumas semanas, até BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) a realização da triagem, realizada com o uso de um pincel de cerdas finas. Cinco amostras de substrato de cama foram escolhidas aleatoriamente nos dois galpões do sistema Livre, a cada 28 - 32 dias. Coletou-se uma porção de substrato de cama que foi acondicionada em saco plástico identificada e transportada em ambiente refrigerado até o laboratório. O substrato foi exposto em funil de Berlese, durante cinco dias. Com a manutenção de estímulo luminoso, os ácaros migraram para a base do funil onde foram coletados em recipiente com álcool 70%. A cada 28 - 32 dias foram removidas três penas de nove aves de cada um dos quatro galpões, totalizando 108 penas/mês. As penas foram acondicionadas em recipientes plásticos, identificados por galpão e transportados em recipiente isopor com gelo até o laboratório. A seguir, foram mantidos sob refrigeração a 0°C, por algumas semanas, até se realizar a triagem, com o auxílio de um pincel. Os ácaros foram montados e fixados em lâmina em meio Hoyer, com o auxílio de microscópio estereoscópico. As lâminas foram mantidas por até 10 dias em estufa a 50–60°C para a secagem do meio, distenção das pernas e diafanização dos espécimes. Após este período, as lâminas foram acondicionadas em caixas de madeira e mantidas em ambiente com umidade relativa do ar próximo de 40%. A identificação foi realizada com auxílio de microscópio óptico com contraste de fases. 4.2.1 Índices ecológicos e análise de correlação O software Diversidade de Espécies – DivEs 2.0 foi utilizado durante o estudo. O índice de Shannon-Wiener (H´), que incorpora riqueza e equitabilidade, trata da abundância relativa, foi aplicado para análise de diversidade da acarofauna (ODUM, 1988). A diversidade máxima teórica (H´max) foi determinada conforme Krebs (1999) e diz respeito a diversidade máxima possível. A constância foi calculada e classificada conforme Silveira-Neto et al. (1976) como: constantes (C > 50%), acessórias (25 < C < 50%) e acidentais (C < 25%). E a dominância foi calculada conforme Friebe (1983) como: eudominante ≥ 10%, domintante 5≤ 10%, subdominante 2≤ 5%, eventual 1≤ 2% e rara D≤ 1%. O índice de correlação de Pearson (ZAR, 1999) foi utilizado para estabelecer uma possível relação entre a abundância mensal dos ácaros com a pluviosidade, umidade relativa do ar e temperatura média, além da comparação entre ácaros predadores e possíveis presas 49 presentes. Este índice foi aplicado para a acarofauna total e para as espécies predadoras e possíveis presas. As informações meteorológicas do período foram obtidas a partir dos dados BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) coletados pela unidade meteorológica da UNIVATES. A análise de correlação envolve a mensuração da estreiteza de relacionamento entre duas ou mais variáveis (CHURCHILL, 1999), ou seja, o grau em que a variação de uma variável X está relacionada com a variação de outra variável, Y (MALHOTRA, 2001). O coeficiente de correlação de Pearson varia entre –1,0 e +1,0, sendo que valores positivos e próximos de um indicam uma relação forte e direta, isto é, quando uma variável aumenta a outra também aumenta. Uma relação próxima a zero indica que não há relação linear entre as variáveis. Um valor negativo e próximo de um indica uma relação forte e inversa, ou seja, quando uma variável aumenta a outra diminui (CHURCHILL, 1999). 4.3 Resultados 4.3.1. Acarofauna associada De maneira geral, maiores índices ecológicos de diversidade foram observados em substrato de cama de poedeiras mantidas em ambiente livre, seguido das armadilhas de papelão e por último, em penas (TABELA 2). A diversidade total e Variância Jackknife de 1º ordem (S2) foram significativos em armadilhas nos dois sistemas de alojamento. Tabela 2 – Índices ecológicos em diferentes ambientes de aviário de poedeiras comerciais mantidas em gaiolas e em galpão livre delas, no período de dezembro de 2010 a julho de 2011, no município de Teutônia, estado do Rio Grande do Sul, Brasil Índices Substrato de cama Penas Gaiola Diversidade de Shannon (H') Armadilhas Livre Gaiola Livre 0.77 0.04 0.04 0.07 0.01 28 5.99 5.99 12.02 12.99 Equitabilidade (ED) 1.12 0.99 1.46 - 0.71 Riqueza de Jackknife de 1º ordem (Smax) 13.5 9.3 3.7 1.9 3.9 Variância Jackknife de 1º ordem (S2) 1.8 1.6 1.6 1.8 1.8 Diversidade total (TD) Fonte: Da autora. 50 Armadilhas. Um total de 5.716 ácaros pertencentes a 14 espécies de 9 famílias foram coletados nas armadilhas de papelão. A diversidade de ácaros foi maior no sistema BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) convencional de alojamento (Gaiola), porém, no sistema Livre foi observada maior abundância, aproximadamente o dobro de ácaros (TABELA 3). 51 Família Gênero e Espécie 2010 22/XII G Analgidae M. ginglymura L 30 B. tarsalis Blattisoscidae B. dentriticus 10 C. malaccensis C. lepidopterorum C. arcuatus Dermanyssidae D. gallinae Glycyphagidae Phytoseiidae 1746 L. destructor T. transvaalensis - Sub Oribatida - Abundância Riqueza Total G + L por coleta Percentual de G + L por coleta 05/I G L 17/I G L 03/II G 17/II L G L 03/III 17/III 31/III 15/IV 28/IV 13/V G G G G G G L L L L L L 30/V G L 1 1 1 13/VI G L G L 4 12 24 13 1 4 0 3 1786 31,2% 25 4 8 1 7 552 3011 208 1 1 1 1786 1 1 1 41 12 24 0 13 0 0 0 1 1 4 1 1 0 2 53 24 13 0 2 0,9% 0,4% 0,2% 0,0% 0,0% 0 7 0 25 0 0 4 8 0 0 11 C* D** G L G+L % G+L % 31 1 32 0,6 32 0,6 2 0 2 0,0 10 0 10 0,2 2 0 2 0,0 A, R 0 2 2 0,0 A, R 1 1 2 0,0 0 4 4 0,1 2 0 2 0,0 2 0,0 A, R 1830 3821 5651 98,9 5651 98,9 C, E 0 1 1 0,0 2 0,0 A, R A, R 14 8 0,2 0,1 A, R A, R A, R A, R A, R 0 1 0,0 3 1 4 0,1 4 0,1 A, R 1 0 1 1 0,0 1 0,0 A, R 1 1 1 2 0,0 2 0,0 A, R 1883 3833 5716 100 5716 100 - 557 2 3011 1 212 1 0 1 0 8 3 3 7 25 0 12 0 568 3013 213 0,1% 0,4% 0,0% 0,2% 0,0% 9,9% 52,7% 3,7% G = Gaiola; L = Livre *C = Constância; C = Constante; Ac = Acessoria; A = Acidental ** D = Dominância; E = Eudominante; D = Dominante; S = Subdominante; Ev = Eventual; R = Rara Total Família 1 2 1 Total Geral 01/VII 1 1 36 Ctenoglyphus sp Ascidae (imaturo) Total 2 C. eruditus Chortoglyphidae 2011 2 B. keegani Cheyletidae BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Tabela 3 – Acarofauna associada a armadilhas de papelão dispostas em aviários de postura comercial sob sistema Gaiola e sistema Livre, no período de dezembro de 2010 a julho de 2011, no município de Teutônia, Rio Grande do Sul, Brasil 52 Com três espécies cada, as famílias Blattisocidae e Cheyletidae apresentaram maior riqueza, seguida de Glycyphagidae, com duas espécies. A maioria dos ácaros foi representada BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) por Dermanyssus gallinae, sendo 98,9% do total encontrado nas armadilhas. Dermanyssus gallinae foi a única espécie constante e eudominante, sendo todas as demais consideradas acidentais e raras. A segunda espécie, porém com população significativamente menor, foi Megninia ginglymura, com 0,6% do total de ácaros. Dentre os predadores, Blattisocius dentriticus representou 0,5% dos espécimes no sistema Gaiola. Esta espécie foi coletada apenas em dezembro, quando altas populações de Dermanyssus gallinae e Megninia ginglymura estiveram presentes. Os Blattisocidade foram observados apenas no sistema Gaiola e os Cheyletidae, no sistema Livre, com três espécies, e em Gaiola, com apenas uma espécie. Substrato de cama. Um total de 3.783 ácaros pertencentes a 28 espécies de 19 famílias foram encontrados junto ao substrato coletado nos galpões Livre (TABELA 04). A maior abundância acarina foi notada em junho e em maio, com 43% do total de ácaros e 16,4%, respectivamente. Quanto à riqueza, maio (21) apresentou maior número de espécies, seguido de junho (18). Cheyletidae mostrou maior riqueza com quatro espécies, seguida de Blattisocidade, com três. Os demais apresentaram menor riqueza. Chortoglyphidae, com 1.475 espécimes (39%) e Cheyletidae, com 1.059 (28%) apresentaram maior abundância, seguido de Acaridae, com 777 ácaros (20,5%). Os ácaros generalistas, Chortoglyphus arcuatus (Troupeau, 1879) (Chortoglyphidae) e Tyrophagus putrescentiae, foram constantes e eudominantes; Lepidoglyphus destructor foi constante e dominante. A espécie ectoparasita Megninia ginglymura foi constante e rara. Dentre os predadores destacou-se Cheyletus malaccensis como constante e eudominante; Cheyletus eruditus, constante e dominante, Storchia pacificus (Summers, 1964) e Uropodidae como constantes e raros. 53 Tabela 4 – Acarofauna associada a substrato de cama coletado em aviários de postura de ovos comerciais livre de gaiolas (Livre), no período de janeiro a julho de 2011, no município de Teutônia, estado do Rio Grande do Sul, Brasil 2011 Analgidae Acaridae Ameroseiidae Blattisoscidae Calligonelidae Cheyletidae Chortoglyphidae Cunaxidae Dermanyssidae Glycyphagidae Iolinidae Laelapidae Macrochelidae Phytoseiidae Stigmaeidae Tarsonemidae Tydeidae Uropodidae Sub Oribatida Abundância Gênero e Espécie BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Família Megninia ginglymura Tyrophagus putrescentiae Rhizoglyphus callae Kleemania plumigera Blattisocius tarsalis Blattisocius dentriticus Blattisocius keegani Cheyletus eruditus Cheyletus malaccensis Cheyletomorpha lepidopterorum Eucheyletia reticulata Chortoglyphus arcuatus Rubroscirus nidorum Dermanyssus gallinae Ctenoglyphus sp Lepidoglyphus destructor Parapronematus sp. Androlaelaps casalis Hypoaspis aculeifer Macrocheles muscaedomesticae Amblyseius herbicolus Typhlodromus transvaalensis Storchia pacificus Tarsonemus confusus Lorryia sp. - I A II B III A B 2 1 1 2 8 4 A IV B A V B 1 43 5 1 3 7 VI VII A B A B A 2 2 1 2 1 26 47 100 319 122 B 7 4 2 2 2 87 3 2 3 1 2 1 1 1 3 1 1 1 2 1 1 Total Geral Total 1 1 B A+B % A+B % 7 6 13 0,3% 13 0,3% 302 465 767 20,3% 10 0 10 0,3% 777 20,5% 11 4 15 0,4% 15 0,4% 4 7 11 0,3% 4 3 7 0,2% 23 0,6% A, R 3 2 5 0,1% 2 0 2 0,1% 2 0,1% Ac, R 8 17 12 11 27 58 22 18 20 17 2 4 103 125 228 6,0% 40 33 17 19 25 42 48 112 52 201 167 22 18 469 327 796 21,0% 1 1 1 45 33 16 1 104 49 172 100 183 7 4 3 5 8 0,2% 2 25 27 0,7% 1 2 4 1 6 8 19 30 6 22 11 123 0 2 131 119 13 191 97 15 574 1475 39,0% 1475 39,0% C, E 7 16 0,4% 16 0,4% A, R 1 2 15 2 17 0,4% 17 0,4% A,c, R 0 1 1 0,0% 97 97 194 5,1% 195 5,2% 5 2 7 0,2% 7 0,2% 24 0,6% 51 1,3% 3 0,1% 19 68 55 19 28 1 1 1 10 10 1 2 4 3 2 11 1 1 255 225 14 383 A, R 9 1 Riqueza 123 250 288 480 Total de A + B por coleta 3,3% 6,6% 7,6% 12,7% Percentual de A + B por coleta A e B = Aviários livres de gaiolas *C = Constância; C = Constante; Ac = Acessoria; A = Acidental ** D = Dominância; E= Eudominante; D = Dominante; S = Subdominante; Ev = Eventual; R = Rara 11 C, E 901 66 1 1 1 28,0% 4 6 6 1059 302 1 2 C, D 1 1 1 A, R 298 1 1 A, R 3 2 1 A, R 88 12 1 Ac, R 24 8 4 C, E 2 1 1 C, R 1 14 3 C* D** A 12 1 Total Família 238 21 706 922 18 234 159 9 621 1628 393 16,4% 43,0% 10,4% Ac, R Ac, R C, D A, R 8 1 9 0,2% 5 10 15 0,4% Ac, R 19 32 51 1,3% 1 0 1 0,0% 1 1 2 0,1% 13 13 26 0,7% 26 0,7% C, R 0 6 6 0,2% 6 0,2% Ac, R 6 8 14 0,4% 14 0,4% A, R 11 36 47 1,2% 47 1,2% C, R 12 1 13 0,3% 13 0,3% Ac, R 2023 1760 3783 100% 3783 100% - A, R Ac, R Ac, R Ac, R 54 Penas. Um total de 2.163 ácaros pertencentes a sete espécies de sete famílias foram encontrados nas penas coletadas. Todas as famílias acarinas coletadas em penas apresentaram BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) singletons. Megninia ginglymura, a mais abundante, com cerca de 98% dos espécimes, foi considerada constante e eudominante. Entretanto, no sistema Gaiola esta espécie apresentou população 44,5% superior aquela do sistema Livre. Dermanyssus gallinae foi acessória e rara e mais frequente no sistema Gaiola (TABELA 5). Megninia ginglymura apresentou pico populacional em sistema Gaiola em abril, com 22,3 ácaros/ave, enquanto que em sistema Livre as populações foram altas de fevereiro a abril, variando de 13 a 16 ácaros/ave. 55 Família BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Tabela 5 – Acarofauna associada a penas coletadas de aves de postura de ovos comerciais alojadas em sistema convencional (Gaiola) e sob sistema livre de gaiolas (Livre), no período de janeiro a julho de 2011, no município de Teutônia, Rio Grande do Sul, Brasil 2011 Gênero e Espécie Analgidae Megninia ginglymura Acaridae Tyrophagus putrescentiae Chortoglyphidae Chortoglyphus arcuatus Dermanyssidae Dermanyssus gallinae Pyroglyphidae Pyroglyphus sp Blattisocidae Blattisocius tarsalis Uropodidae Abundância Riqueza Total de G + L por coleta Percentual de G + L por coleta I II III IV V VI Total VII Total Geral C* D** G L G L G L G L G L G L G L G L G+L % 108 14 24 295 97 246 402 240 284 40 253 13 91 23 1259 871 2130 98,5% C, E 1 6 7 1 8 0,4% A, R 1 8 9 0,4% A, R 10 1 11 0,5% Ac, R 0 1 1 0,0% A, R 1 2 3 0,1% A, R 1 0 1 0,0% A, R 1279 884 2163 100% - 1 1 1 2 1 8 7 1 2 - 1 1 108 14 24 295 97 246 403 240 285 42 256 16 106 31 1 1 1 2 3 5 5 122 319 343 643 327 272 137 5,6% 14,7% 15,9% 29,7% 15,1% 12,6% 6,3% G = Gaiola; L = Livre *C = Constância; C = Constante; Ac = Acessoria; A = Acidental ** D = Dominância; E = Eudominante; D = Dominante; S = Subdominante; Ev = Eventual; R= Rara 56 4.3.2 Dinâmica populacional As informações meteorológicas do período compreendido entre dezembro de 2010 e meteorológica da UNIVATES. Com elas foi possível estabelecer uma relação entre a flutuação da população acarina do estudo e as diversas variações climáticas ocorridas durante o estudo. Gráfico 2 – Dados meteorológicos da região de Lajeado, Vale do Taquari (RS) durante o período compreendido entre dezembro de 2010 e julho de 2011 Lajeado - RS 90 400 80 350 70 300 60 250 50 200 40 150 30 Precipitação UR e Temperatura BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) julho de 2011 (GRÁFICO 2) foram obtidas a partir de dados coletados pela unidade 100 20 50 10 0 0 dez/10 jan/11 fev/11 Precipitação Pluviométrica mar/11 abr/11 mai/11 Temperatura jun/11 jul/11 Umidade Relativa do Ar Fonte: Da autora. Armadilhas. Os picos populacionais de Dermanyssus gallinae nas armadilhas de papelão, dispostas nos quatro aviários, foram em dezembro, maio, junho e julho. Em dezembro o maior número de Dermanyssus gallinae foi nas armadilhas distribuídas no sistema Gaiola e no sistema Livre, a maior incidência de Dermanyssus gallinae foi em maio, junho e julho (GRÁFICO 3). 57 Gráfico 3 – Distribuição de Dermanyssus gallinae em armadilhas dispostas em aviários de postura de ovos comerciais com gaiolas e livre delas 3000 Total ácaros/mês BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Dermanyssus gallinae 2000 1000 0 Gaiola Livre Fonte: Da autora. Substrato de cama. A flutuação populacional mostrou que, nos meses de janeiro e fevereiro de 2011 a abundância acarina foi baixa no substrato coletado. De fevereiro em diante, Chortoglyphus arcuatus teve um acréscimo significativo em sua população, sendo que, de março a junho, foi o espécime mais abundante. Em junho, Chortoglyphus arcuatus, Tyrophagus putrescentiae, Cheyletus malaccensis e Lepidoglyphus destructor atingiram seus níveis populacionais máximos. No mesmo mês, se teve o pico populacional de Dermanyssus gallinae nas armadilhas dos galpões Livre. A população acarina de Chortoglyphus arcuatus, Tyrophagus putrescentiae, Cheyletus malaccensis e Lepidoglyphus destructor desses galpões Livre, caiu de junho para julho e o mesmo ocorreu com Dermanyssus gallinae nas armadilhas nesse período. De fevereiro a abril, a população de Cheyletus eruditus aumentou e, a partir daí, ela diminuiu até o final do estudo (GRÁFICO 4). 58 Gráfico 4 – População acarina coletada junto ao substrato de cama de aviários de postura de ovos comerciais livre de gaiolas 600 Total de ácaros/mês BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Ninhos 400 200 0 I II III IV V VI VII Meses de 2011 Tyrophagus putrescentiae Cheyletus malaccensis Chortoglyphus arcuatus Cheyletus eruditus Lepidoglyphus destructor Outros ácaros Fonte: Da autora. Penas. Megninia ginglymura em penas de aves criadas em gaiolas atingiu seu pico populacional no mês de abril, embora tenha reduzido sua abundância, ela continuou evidente até o final do estudo. O mês de fevereiro apresentou menor abundância de Megninia ginglymura em penas de aves do sistema Gaiola. Foi justamente neste mês, nos aviários do sistema Livre, que se teve o pico populacional de Megninia ginglymura. A população deste ácaro praga no sistema Livre manteve-se alta em março e abril, contudo, houve queda na população nos meses seguintes (GRÁFICO 5). 59 Megninia ginglymura 400 Total de ácaros/mês BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Gráfico 5 – Distribuição de Megninia ginglymura em penas de aves de postura de ovos comerciais em aviários com sistema de alojamento convencional (Gaiola) e sistema livre de gaiolas (Livre) 300 200 100 0 I II III IV V VI VII Meses de 2011 Gaiola Livre Fonte: Da autora. 4.3.3 Análise de correlação No sistema de alojamento livre de gaiola, Dermanyssus gallinae apresentou uma correlação forte e positiva com Tyrophagus putrescentiae (r= 0.906 e p= 0,005), com Cheyletus malaccensis (r= 0,921 e p= 0,003), com Chortoglyphus arcuatus (r= 0,866 e p= 0,012), com Lepidoglyphus destructor (r= 0,946 e p= 0,001) e também com Storchia sp (r= 0,993e p= 0,000), ou seja, quando a população de Dermanyssus gallinae aumenta, as populações desses ácaros também aumentam e vice-versa. Dermanyssus gallinae, no sistema de alojamento sobre gaiolas, apresentou uma correlação forte e negativa com a umidade relativa do ar (r= -0,788 e p= 0,035), ou seja, enquanto a umidade relativa do ar sobe, a população de Dermanyssus gallinae diminui. No caso de queda dos índices de umidade relativa do ar, as populações de Dermanyssus gallinae aumentam. Nos ninhos, Tyrophagus putrescentiae apresentou uma correlação forte e negativa com a temperatura observada durante o estudo (r= -0,783 e p= 0,037), ou seja, quando a temperatura aumenta, as populações de Tyrophagus putrescentiae diminuem e quando a temperatura diminui, Tyrophagus putrescentiae aumenta. Ainda nos ninhos dos galpões do 60 sistema livre de gaiolas, Tyrophagus putrescentiae apresentou uma correlação forte e positiva com Cheyletus malaccensis (r= 0,808 e p= 0,028), Chortoglyphus arcuatus também BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) apresentou correlação forte e positiva com Cheyletus malaccensis (r= 0,958 e p= 0,001), assim como Lepidoglyphus destructor (r= 0,866 e p= 0,012), ou seja, quando a população de Cheyletus malaccensis aumenta as populações acarinas dessas espécies também o faz e viceversa. 4.4. Discussão Este estudo demonstrou grande diversidade acarina nas duas formas de alojamento avaliadas. Dermanyssus gallinae foi o ácaro mais freqüente nas armadilhas, sendo que a diversidade de espécies nelas contidas foi baixa. Para Chirico e Tausan (2002), as armadilhas tentam imitar os esconderijos normalmente procurados por Dermanyssus gallinae, facilitando sua captura. Desta forma, as armadilhas foram um objeto para captura intencional do ácaro vermelho. Na granja avaliada, durante as substituições das armadilhas, notou-se que, àquelas expostas junto aos poleiros dos galpões do sistema Livre, tinham além de maiores populações de Dermanyssus gallinae, acentuadas manchas de sangue sobre sua superfície. O que poderia estar relacionado, aos hábitos noturnos do ácaro hematófago e ao fato das aves terem predileção ao poleiro durante as horas de descanso noturno. Para Tucci et al. (1998), o tipo de manejo pode contribuir para a seleção de espécies de ectoparasitas de aves. Alterando o abrigo que possui poleiros para aquele com gaiolas, ou vice-versa, alguns parasitas podem não encontrar as devidas condições para seu desenvolvimento. Dermanyssus gallinae apareceu de forma mais abundante nas armadilhas coletadas no sistema Livre, mais do que o dobro de ácaros, se comparado ao sistema Gaiola. Para Sparagano et al. (2009) em um sistema de produção menos intensivo, como àquele ao ar livre, pode-se aumentar a prevalência do ácaro vermelho, por haver mais esconderijos, fendas, rachaduras. Os meses de dezembro e janeiro apresentaram maior número de Dermanyssus gallinae nas armadilhas distribuídas no sistema Gaiola. Nesses dois meses, se teve a menor umidade 61 relativa do ar identificada durante o estudo, a média entre os dois meses foi inferior a 70% e observou-se as maiores temperaturas, cerca de 25°C. Harrison (1962) encontrou ácaro BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) vermelho sobrevivendo sem alimento durante nove meses a 25°C. Nas armadilhas coletadas no sistema Livre, a maior incidência de Dermanyssus gallinae foi aos meses de maio, junho e julho. Entre os três dias específicos dessas coletas, a média de temperatura manteve-se em 12,6°C, sendo um resultado abaixo da média geral de qualquer um dos meses avaliados. A média de precipitação pluviométrica entre junho e julho foi de 263 mm, e a média geral de precipitação pluviométrica, entre dezembro de 2010 e julho de 2011, manteve-se em apenas 131 mm. Embora em maio tenha chovido pouco, foi um mês frio, assim como junho e julho, que registraram as mais baixas temperaturas do período. Possivelmente, durante períodos de frio intenso, ou momentos de alto índice de precipitação pluviométrica, o criador mantém as aves confinadas, sem acesso ao pátio, para evitar a exposição das mesmas ao mau tempo e isso pode intensificar a presença de Dermanyssus gallinae, uma vez que houve maior concentração de aves em um mesmo local durante três meses consecutivos. Outro fator a ser ressaltado é a menor luminosidade nos meses frios e dias chuvosos, o que pode significar momentos favoráveis ao ácaro vermelho, uma vez que tem hábitos noturnos. No substrato de cama, o ácaro vermelho apareceu de forma pouco significativa, apenas 14 ácaros em janeiro e três em junho. Durante o dia, Dermanyssus gallinae esconde-se em frestas de madeira, fezes, sujidades diversas e teias de aranha, saindo à noite para se alimentar (ZENNER et al., 2009). É importante comentar que, desde jovens, as aves são ensinadas, ninho é local destinado a postura de ovos, portanto, elas não têm o hábito de liberar seus dejetos neste local, então, não há esse atrativo ao ácaro, além disso, o ninho é constantemente reposto, dessa forma, não se torna um bom esconderijo para Dermanyssus gallinae. A frequência do ácaro vermelho em penas foi baixa. Julho, com 07 exemplares no sistema Gaiola, foi o mês de maior abundância. Possivelmente, se houvessem coletas a noite, a frequência de Dermanyssus gallinae em penas seria consideravelmente maior. A maior diversidade, ou riqueza de espécies encontradas no estudo foi no substrato de cama, do sistema Livre. A freqüência de indivíduos nesse local ficou dividida entre Chortoglyphus arcuatus, Cheyletus malaccensis e Tyrophagus putrescentiae, embora muitas 62 outras espécies tenham sido identificadas. Megninia ginglymura foi o ácaro mais freqüente nas penas coletadas em ambos os sistemas de alojamento, contudo, no sistema Gaiola, BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) apareceu em maior abundância. A diversidade de ácaros em penas foi muito baixa, especialmente no sistema Livre, onde as aves têm maior autonomia sobre seu comportamento natural de bater as asas, ciscar, bicar suas penas e as de outras aves do lote. Megninia ginglymura apareceu com maior frequência nas armadilhas do sistema Gaiola, podendo denotar uma maior infestação sobre as aves criadas em gaiolas, se comparadas àquelas criadas sob estrado de madeira. Para Tucci et al. (1998), as aves criadas soltas têm a vantagem de se defender dos ectoparasitas usando o bico, as patas, ou se envolvendo na terra. No sistema de confinamento sob gaiolas, o espaço cedido a cada ave é limitado, e a proximidade com outras aves impede grandes movimentações, dificultando a defesa contra ectoparasitas. Nas penas coletadas no sistema Gaiola, a média de Megninia ginglymura foi de 10 ácaros por ave, sendo que no sistema livre, a média ficou em 6,9 ácaros por ave amostrada. No mês de abril, onde se obteve uma média de mais de 22 ácaros por ave nas gaiolas, foi um mês de temperatura média de 20°C e precipitação alta, próximo aos 300 mm. Em fevereiro, obteve-se mais de 16 ácaros por ave no sistema Livre, a temperatura ficou na média de 24,5°C e precipitação em 209 mm, um dos meses mais chuvosos do período, ou seja, as aves ficaram durante muito tempo presas, agrupadas, sem ciscar e revolver-se junto ao solo. Blattisocius dentriticus identificado em armadilhas dispostas no sistema Gaiola, é um ácaro predador que se alimenta de ovos de outros artrópodes e do ácaro Tyrophagus putrescentiae (FENILLI; FLECHTMANN, 1990). Esse ácaro também apareceu no substrato de cama dos galpões Livre, porém com baixa frequencia. Cheyletus malaccensis, apareceu em maiores números no substrato de cama dos galpões Livre justamente em maio e junho, meses em que Dermanyssus gallinae esteve em evidência nas armadilhas dos mesmos galpões. Cheyletus eruditus apareceu nos substrato de cama, em maiores números em abril e maio. A frequencia de Cheyletus malaccensis em armadilhas foi baixíssima e em penas não foi encontrado nenhum espécime da família Cheyletidae. Tyrophagus putrescentiae apareceu de forma frequente no substrato de cama do sistema Livre. Este ácaro está comumente associado a alimentos armazenados com alto teor 63 de gordura e proteína como farinha, trigo, soja, queijo, pão centeio, leite em pó e diversas sementes. Altas infestações provocam piora na qualidade de higiene do produto, podendo BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) acelerar a deterioração (DUEK et al., 2001). Sua presença em penas e substrato de cama pode estar relacionada à grande oferta de ração. Tyrophagus putrescentiae apareceu em maiores números, no substrato de cama, nos meses de maio, junho e julho e Lepidoglyphus destructor em junho, meses em que seus predadores Cheyletus malaccensis e Cheyletus eruditus também estiveram presentes no substrato de cama. Segundo Solarz, Szilman e Szilman (1997), Tyrophagus putrescentiae, Lepidoglyphus destructor e Chortoglyphus arcuatus são ácaros causadores de reações alérgicas entre trabalhadores rurais, são encontrados em feno, palha e diversos vegetais do ambiente agrícola em todo mundo. Lepidoglyphus destructor ocorre em todo mundo, em grãos armazenados e também em ração animal. Em períodos de alta umidade, principalmente em feno estocado, pode haver infestação excessiva, chegando a 50.000 ácaros por kg de feno. Além de perdas econômicas, o ácaro representa um problema de saúde pública, uma vez que pode ser responsável por casos de doenças ocupacionais, como a asma entre trabalhadores rurais (KNÜLLE, 1991). 4.5. Conclusão Dermanyssus gallinae foi o ácaro mais abundante nas armadilhas coletadas na granja de postura de ovos comerciais. Assim como nas armadilhas, nas penas coletadas durante o experimento, o ácaro mais abundante também foi um ácaro praga causador de problemas sanitários e econômicos para a avicultura - Megninia ginglymura. No substrato de cama coletado naqueles aviários livres de gaiola, os ácaros mais abundantes foram Chortoglyphus arcuatus, Cheyletus malaccensis e Tyrophagus putrescentiae. Cheyletus malaccensis é considerado um ácaro predador com potencial para controle biológico de ácaros praga, os outros dois espécimes são causadores de problemas respiratórios junto a trabalhadores rurais. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 64 5 BIOLOGIA DE Cheyletus malaccensis (CHEYLETIDAE) ALIMENTANDO-SE DE Dermanyssus gallinae (DERMANYSSIDAE) EM LABORATÓRIO, EM DIFERENTES TEMPERATURAS RESUMO Dermanyssus gallinae (De Geer, 1778) (Dermanyssidae) representa um grande problema sanitário e econômico a avicultura de postura comercial, provoca anemia, espoliação, devido a hematofagia e queda na postura de ovos, além de ser vetor de microorganismos patogênicos. É comumente encontrado em todo o mundo, associado a aves reprodutoras e poedeiras. A utilização de métodos de controle alternativo para controle de ácaros praga tornaria a produção avícola mais limpa, com a menor utilização de produtos tóxicos, e menos impactante ambientalmente. Cheyletus malaccensis (Oudemans, 1903) é um predador que comumente controla ácaros praga em grãos armazenados. O presente trabalho buscou avaliar as características biológicas de Cheyletus malaccensis alimentando-se de Dermanyssus gallinae em laboratório nas temperaturas de 20°C, 25°C e 30 °C. Iniciou-se o estudo com 30 ovos individualizados em arenas para cada temperatura. Cheyletus malaccensis alimentou-se de diferentes estádios de Dermanyssus gallinae e completou seu desenvolvimento. Ovos, formas imaturas e adultas de Dermanyssus gallinae foram predadas, além disso, Cheyletus malaccensis demonstrou canibalismo principalmente em suas fases imaturas. A temperatura influenciou de forma negativa no desenvolvimento de Cheyletus malaccensis. A maior viabilidade das fases imaturas foi a 25°C, com 70%, foi ainda nessa temperatura que ocorreu a maior fecundidade com 415,62 ±24,78 ovos/ fêmea. A duração média de cada geração em dias (T) foi maior a 20°C, com 78,41 dias. A capacidade inata em aumentar em número (rm) foi maior a 30°C com 0,12, seguido pelo tratamento a 25°C com 0,11 e a 20°C com 0,04. Dermanyssus gallinae demonstrou ser uma presa adequada à Cheyletus malaccensis. O presente estudo pode subsidiar estratégias que favoreçam a presença e a ação deste ácaro como predador natural. Palavras-chave: Acari. Ácaro vermelho. Aves poedeiras. Cheyletidae. 65 5.1 Introdução Em condições naturais, aves soltas desenvolvem estratégias de defesa a infestações de BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) ácaros utilizando as unhas, o bico e também se envolvendo na terra. Quando criadas no espaço restrito das gaiolas, as aves são debicadas e as unhas deformam-se, dificultando a remoção dos ácaros por parte da ave (TUCCI et al., 1998). Acaricidas a base de piretróide são os mais utilizados (MARANGI et al., 2009), porém os ectoparasitas apresentam resistência (WRIGHT et al., 2009). Os carbamatos e organofosforados são tóxicos ao homem, têm ação imunossupressora e cancerígena (NERO et al., 2007). Estes compostos são os maiores responsáveis por intoxicações no meio rural (NERO et al., 2007). Além disso, o uso de acaricidas sintéticos está cada vez mais restrito, pois a legislação limita o uso (GEORGE et al., 2009). Dentre os ácaros praga encontrados relacionados a aves de postura destacam-se Dermanyssus gallinae (De Geer, 1778) (Mesostigmata: Dermanyssidae) que representa um problema sanitário e econômico a avicultura de postura comercial (TUCCI; GUIMARÃES, 1998), provoca estresse, espoliação, devido à hematofagia, anemia, queda na produção de ovos e pode ainda ser vetor de microorganismos patogênicos (BACK, 2004). Megninia ginglymura (Mégnin, 1877) (Analgidae) é um ectoparasita encontrado em penas de aves (FLECHTMANN, 1985), cuja saliva provoca reação alérgica, estresse e prurido intenso, que leva a formação de crostas, facilitando infecções bacterianas secundárias e piodermites (TUCCI et al., 2005). O uso indevido de drogas acaricidas traz riscos à saúde pública, alguns produtos deixam resíduos em ovos, carne, fígado e tecido adiposo animal. Guimarães e Tucci (1992) avaliaram um óleo mineral e obtiveram bons resultados, o ácaro vermelho hematófago, Dermanyssus gallinae, morreu por asfixia. Em fazendas orgânicas, acaricidas sintéticos não devem ser empregados, a principal forma de controle é a prevenção, seguida de métodos que adotem estratégias naturais (MAURER et al., 2009). A utilização de métodos de controle alternativo, para Dermanyssus gallinae, através de um predador natural (LESNA et al., 2009), possibilita o emprego de práticas mais limpas e menos impactantes ambientalmente (GUIMARÃES, 2000), evita o uso de controle químico (CHIRICO; TAUSAN, 2002) e reduz a manipulação de produtos tóxicos por parte do 66 produtor rural (GUIMARÃES, 2000). Os métodos alternativos contribuem para reduzir os impactos ambientais, para reduzir a contaminação do solo e água, além do que, promovem o BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) desenvolvimento econômico (SPARAGANO et al., 2009) e social. O controle do ácaro melhora o bem estar animal (LESNA et al., 2009; SPARAGANO et al., 2009; CHIRICO; TAUSAN, 2002), favorecendo o desempenho produtivo, reduzindo os veiculadores de patógenos de zoonoses, possibilitando um melhor ambiente de trabalho ao produtor rural (SPARAGANO et al., 2009). Conforme Lesna et al. (2009), Hypoaspis miles (Berlese, 1892) (Hypoaspidae) e Hypoaspis aculeifer (Canestrini, 1883) (Laelapidae) são predadores naturais em potencial de Dermanyssus gallinae. Entretanto, Hypoaspis aculeifer não sobrevive a temperaturas acima de 34°C e Hypoaspis miles somente foi testado no controle de Dermanyssus gallinae em animais de estimação. Para os mesmos autores, Androlaelaps casalis (Berlese, 1887) (Laelapidae), embora já tenha sido visto alimentando-se de gotas de sangue humano, não apresenta evidência de hematofagia, é um verdadeiro predador natural do ácaro vermelho. Maurer e Hertzberg (2001) relataram a ocorrência espontânea de Cheyletus eruditus (Schrank, 1781) (Acari: Cheyletidae) em aviários na Suíça. Eles observaram o ácaro alimentando-se de formas jovens de Dermanyssus gallinae. No presente estudo, foi monitorada a biologia de Cheyletus malaccensis (Oudemans, 1903) (Cheyletidae), encontrado em abundância, em substrato de cama de dois, dos quatro galpões, de uma granja de postura de ovos comerciais, localizada em Teutônia, no Vale do Taquari, Rio Grande do Sul, estudada entre dezembro de 2010 e julho de 2011. Nesses dois galpões, Cheyletus malaccensis correspondeu a 21% dos ácaros identificados. Cheyletus malaccensis foi identificado como um possível inimigo natural para Dermanyssus gallinae. Segundo Cebolla, Pekar e Hubert (2009) Cheyletus malaccensis é um importante agente de controle biológico de Lepidoglyphus destructor (Schrank, 1781) (Glycyphagidae) e Tyrohagus putrescentiae (Schrank, 1781). Entretanto, não há estudos sobre a preferência alimentar de Cheyletus malaccensis, assim como sua sobrevivência, fecundidade e taxa de desenvolvimento. 67 O objetivo do trabalho foi verificar se Cheyletus malaccensis se desenvolve e se reproduz se alimentado de Dermanyssus gallinae e se existe influência da temperatura sobre a BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) biologia desse ácaro predador. 5.2 Materiais e métodos Os estudos foram realizados no laboratório de Acarologia do Centro Universitário UNIVATES, em Lajeado, Rio Grande do Sul, com espécimes de Cheyletus malaccensis obtidos de substrato de cama de aviários livres de gaiolas (sistema Livre) da granja estudada. Nesse sistema de alojamento, aves de postura de ovos comerciais são criadas soltas dentro de um galpão e tem poleiros e substrato de cama para postura de ovos a disposição. Durante o dia, essas aves têm acesso ao pátio da granja, onde expressam de melhor forma seu comportamento natural de bater as asas, ciscar e revolver-se junto ao solo. As criações acarinas estoque do predador, Cheyletus malaccensis, foram mantidas em laboratório, no interior de bandejas plásticas de 10cm de profundidade x 25cm de largura x 50cm de comprimento, cobertas por papelão. As criações foram mantidas à temperatura de 25±1°C, fotofase de 12 horas e umidade relativa de 80±10% e alimentadas com ovos e diferentes estádios de Dermanyssus gallinae por cerca de um mês, antes de iniciar os estudos. O alimento fornecido às criações foi obtido através da exposição de armadilhas de papelão de 100 mm de largura x 70 mm de comprimento x 3 mm de altura, conforme sugerido por Cunha et al. (2009). As armadilhas foram expostas nos aviários do sistema Livre e também em galpões dotados de gaiolas convencionais de alojamento de aves de postura de ovos comercias. Os estudos foram iniciados com 30 ovos a temperatura de 20°C, 30 ovos a temperatura de 25°C e 30 ovos a temperatura de 30°C. Os ovos foram obtidos através da transferência e isolamento de fêmeas em arenas de 2,5 cm de diâmetro e 1,5 cm de altura, fechadas com parafilme. As avaliações para a datação dos ovos foi realizada a cada seis horas, quando os ovos postos eram coletados e individualizados em arenas. Este processo cessou quando foram obtidos 30 ovos para cada temperatura. A umidade relativa do ar nas arenas foi mantida em 80±5%. Essas arenas foram cobertas por papelão, a fim de manter o ambiente em penumbra. Nas fases imaturas, as avaliações foram realizadas três vezes ao dia: 7h30min, 13h30min e 19h30min, quando foi avaliado o estádio de desenvolvimento do predador e renovado ao 68 alimento. Na fase adulta, as avaliações foram diárias às 13h30min e verificou-se o número de ovos postos, assim como a sobrevivência do predador. Nesta fase, as fêmeas não foram BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) acasaladas. Os dados coletados foram comparados através do teste de Tukey, de comparação entre médias, ao nível de significância de 5%, com o uso do programa BioEstat 5.0. Também foram realizados cálculos de tabela de vida (SILVEIRA et al., 1976). A razão sexual utilizada para os cálculos da tabela de vida foi da geração progenitora. Foi calculada a taxa líquida de reprodução (Ro = ∑mx.lx), onde, mx é o número de ovos postos/ fêmea/ semana e lx é o número de indivíduos vivos/ dia. A duração média de uma geração também foi calculada (T = ∑mx.lx.x / ∑ mx.lx), onde x é a idade em semanas, além da capacidade inata de aumentar em número ( rm = log Ro/ T.0,4343) e a taxa intrínseca de crescimento (λ = antilog rm), sendo os dois últimos cálculos indicadores de multiplicação, ou velocidade de crescimento. 5.3 Resultados Neste estudo, observou-se que Dermanyssus gallinae é uma presa adequada a Cheyletus malaccensis, pois este último demonstrou alimentar-se de ovos, formas imaturas e adultos de Dermanyssus gallinae, desenvolvendo-se de forma adequada até a fase adulta e inclusive se reproduzindo. Não foi possível identificar a preferência de Cheyletus malaccensis por um estádio específico de Dermanyssus gallinae, pois este predador alimentou-se de todos os estádios oferecidos. O predador demonstrou ainda ser canibal, alimentando-se principalmente de ovos. Desenvolveu-se por arrenotoquia e as fêmeas permaneciam a maior parte do tempo sobre a ninhada, agindo de forma agressiva quando da aproximação do pincel durante atividades de manutenção. A postura era feita de forma interrupta, isto é, concentravase em alguns dias, quando as fêmeas colocavam grande quantidade de ovos e posteriormente cessavam a postura por cerca de um dia (GRÁFICO 6). Gráfico 6 – Oviposição de uma fêmea de Cheyletus malaccensis em laboratório alimentada com diversos estádios de Dermanyssus gallinae a temperatura de 20±1°C e umidade relativa do ar de 80±5% 40 32 Ovos BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 69 24 16 8 0 Dias A temperatura influenciou de forma negativa no desenvolvimento de Cheyletus malaccensis. A 20ºC, a duração das fases foi mais longa e a 30ºC, foi mais curta (TABELA 6). O período de transição ovo-adulto foi de 38,59±1,14 dias a 20ºC; 18,38±0,45 dias a 25ºC e 12,13±0,45 dias a 30ºC. A maior viabilidade das fases imaturas foi a 25°C, com 70%, seguida do tratamento a 20ºC, com 60% e a temperatura de 30ºC, a viabilidade foi de 46,67%. A duração das fases imaturas diferiram entre si nas diferentes temperaturas, exceto protoninfa de 25ºC e 30ºC que tiveram durações semelhantes. A temperatura de 20ºC, a fase mais longa foi de deutoninfa, com 12,62±0,83 dias, a temperatura de 25ºC, a fase mais longa foi de larva, com 5,24±0,34 dias e a 30ºC foi de protoninfa, com 3,70±0,24 dias. 70 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Tabela 6 – Duração média, em dias (± EP) e viabilidade (%) dos estádios imaturos de Cheyletus malaccensis alimentando-se de Dermanyssus gallinae em laboratório, em diferentes temperaturas e umidade relativa do ar a 80±5% T N* Ovos V (%)* Larvas V(%) Protoninfa V(%) Deutoninfa V(%) Ovo-Adulto V(%) 20°C 30 5,26±0.24a** 86,67 12,1±0,6a 84,62 9,2±0,62a 95,45 12,62±0,83a 85,71 38,59±1,14a 60 25°C 30 4,74±0,06b 96,67 5,24±0,34b 79,31 4,38±0,21b 91,3 3,96±0,21b 100 18,38±0,45b 70 30°C 30 3±0,1c 93,33 2,41±0,24c 82,15 3,70±0,24b 60,87 3,14±0,28c 100 12,13±0,45c 46,67 T – Temperatura; N - Número de ácaros avaliados; V - Viabilidade. ** Média seguida de mesma letra na coluna não difere estatisticamente entre si pelo teste de Tukey, ao nível de significância de 5%. Na fase adulta, a variação da temperatura não foi um fator determinante para todos os aspectos avaliados. De maneira geral, a temperatura de 25ºC apresentou melhores condições ambientais para o desenvolvimento de Cheyletus malaccensis. Assim, a fecundidade foi maior a 25°C, com 415,62 ±24,78 ovos/ fêmea, seguido do tratamento a 30°C com 137±27,60 ovos/ fêmea e por último a 20°C com 103,38±13,71 ovos/ fêmea (TABELA 7). O período de oviposição foi semelhante nos tratamentos a 20°C e 25°C, com 52,62±4,48 dias e 48,37±7,86 dias, respectivamente e menor a 30°C, com 25,62±5,92 dias. A longevidade foi maior a 20°C, com 100,71±6,83 dias e menor a temperatura de 30°C, com 34,75±4,39 dias. O período de pós-oviposição foi maior a 20°C e menor a 30°C. Tabela 7 – Longevidade, duração dos períodos de pré-oviposição, oviposição e pósoviposição (em dias) e fecundidade (número total de ovos por fêmea) de Cheyletus malaccensis alimentando-se de Dermanyssus gallinae em laboratório, em diferentes temperaturas e umidade relativa do ar de 80±5% Temperatura (°C) Parâmetros N* 20 N 25 N 30 Fecundidade 8 103,38±13,71b** 8 415,62±24,78a 8 137±27,60b Longevidade 18 100,71±6,83a 21 74.37±4.83b 14 34,75±4,39c Pré-oviposição 8 7±0,5a 8 3.5±0.53b 8 1,57±0,34c Período de oviposição 8 48,37±7,86a 8 52.62±4.48a 8 25,62±5,92b Pós-oviposição 7 21±3,91a 7 13 ±4.12ab 8 5,37±1,05b * Número de ácaros avaliados Média seguida de mesma letra na linha não difere estatisticamente entre si pelo teste de Tukey, ao nível de significância de 5%. ** 71 A razão sexual na geração parental foi de 0,5. A duração média de cada geração em dias (T) foi maior a 20°C, com 78,41 dias, seguida do tratamento a 25°C, com 45,50 dias e BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) por último, 30°C, com 27,58 dias (TABELA 8). A taxa líquida de reprodução (Ro) foi maior a 25°C e menor a 30°C e a capacidade inata de aumentar em número (rm) foi maior a 30°C com 0,12 seguido pelo tratamento a 25°C com 0,11 e por 20°C com 0,04. A razão finita de aumento (λ) foi maior a 30°C, com 1,32. Tabela 8 – Duração média de cada geração (T), taxa líquida de reprodução (Ro), capacidade inata de aumentar em número (rm) e razão finita de aumento (λ) de Cheyletus malaccensis alimentando-se de Dermanyssus gallinae em laboratório, em diferentes temperaturas e umidade relativa do ar de 80±5% Parâmetros Temperaturas (°C) 20 25 30 T 78.41 45.50 27.58 R0 31.57 135.00 26.32 rm 0.04 0.11 0.12 λ 1.10 1.29 1.32 O maior crescimento populacional a temperatura de 20°C foi do 58° ao 67° dia, a 25°C foi entre 25° e o 51° dia e a 30°C foi entre 18° e o 24° dia após o início da biologia (GRÁFICO 7, GRÁFICO 8 e GRÁFICO 9). 72 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Gráfico 7 – Fertilidade específica (mx) e sobrevivência (lx) de Cheyletus malaccensis alimentando-se de Dermanyssus gallinae em laboratório, a temperatura de 20±1°C e umidade relativa do ar de 80±5% mx 4 lx 1 3 0,75 2 0,5 1 0,25 0 0 Dias mx lx Gráfico 8 – Fertilidade específica (mx) e sobrevivência (lx) de Cheyletus malaccensis alimentando-se de Dermanyssus gallinae em laboratório, a temperatura de 25±1°C e umidade relativa do ar de 80±5% 10 mx lx 8 1 0,75 6 0,5 4 0,25 2 0 0 Dias mx lx 73 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Gráfico 9 – Fertilidade específica (mx) e sobrevivência (lx) de Cheyletus malaccensis alimentando-se de Dermanyssus gallinae em laboratório, a temperatua de 30±1°C e umidade relativa do ar de 80±5% 8 mx lx 1 6 0,75 4 0,5 2 0,25 0 0 Dias mx lx 5.4 Discussão Este é um trabalho inédito, onde esse estudou os parâmetros de tabela de vida de Cheyletus malaccensis alimentando-se de Dermanyssus gallinae e se reproduzindo em laboratório. Até o momento, apenas era conhecida a biologia deste predador se alimentado de Tyrophagus putrescentiae (PALYVOS; EMMANOUEL, 2011). Este estudo demonstrou que Cheyletus malaccensis é um inimigo natural de Dermanyssus gallinae, pois se desenvolveu de forma adequada alimentado-se desta presa. Contudo, devido ao canibalismo observado neste trabalho, a criação massal em laboratório, com o objetivo de realizar a liberação massal para controle do ectoparasita a campo torna-se difícil. Os queiletídeos caçam por emboscada (GERSON; SMILEY; OCHOA, 2003) então, o uso de uma estratégia que favoreça a presença e a ação deste ácaro, pode fazer com que os mesmos permaneçam escondidos em refúgios e sejam atraídos pelas presas quando estas passam em área próxima. Assim, o ambiente a temperatura de 25ºC seria o mais adequado para a manutenção e a ação de predação desta espécie. A temperatura influenciou negativamente a duração das fases imaturas de Cheyletus malaccencis, pois a 20°C tiveram uma duração maior do que a 25°C e a 30°C. Esta influência 74 negativa também foi observada por Palyvos e Emmanouel (2009) quando Cheyletus malaccensis foi alimentado com Tyrophagus putrescentiae. Os mesmos autores apresentam BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) resultados de duração de ovo-adulto semelhantes aos encontrados neste estudo e nas mesmas temperaturas, exceto a 20°C, que foi um pouco maior (20°C - 31,0±0,5 dias; 25°C - 19,3±0,5 dias e 30°C - 13,3±0,4 dias). Cheyletus malaccensis demonstrou que a temperatura ideal para sua reprodução foi a 25°C, nesse caso, foi observada maior fecundidade, se comparada aos demais tratamentos. Contudo, no trabalho de Palyvos e Emmanouel (2011), quando alimentado com Tyrophagus putrescenctiae, Cheyletus malaccensis apresentou maior fecundidade a 25°C e 30°C para fêmeas virgens e maior fecundidade a 30°C, em se tratando de fêmeas fecundadas. Dermanyssus gallinae demonstrou ser uma presa mais adequada do que Tyrophagus putrescentiae para Cheyletus malaccensis. A fertilidade de fêmeas virgens encontradas nas temperaturas de 25°C e 30°C por Palyvos e Emmanouel (2011) foi 47.6±6.9 e 60.7±4.3 ovos/ fêmea, respectivamente. No presente estudo, a oviposição foi de 415,62±24,78 e 137±27,6 ovos/ fêmea às mesmas temperaturas. Cabe ressaltar que, para Palyvos e Emmanouel (2011) as fêmeas fecundadas produziram mais ovos. Assim, poderia se esperar neste estudo um número mais significativo de ovos para fêmeas fecundadas alimentando-se de Dermanyssus gallinae. Nas três temperaturas avaliadas, a duração média de cada geração (T) foi maior nesse estudo, se comparada com a duração encontrada por Palyvos e Emmanouel (2011). Tal resultado pode ser um indicativo de que Dermanyssus gallinae é uma presa mais adequada do que Tyrophagus putrescentieae. Os valores da taxa líquida de reprodução (R0) obtidos no presente trabalho, foram menores para 20°C e 30°C e maior a temperatura de 25°C. Esta diferença pode estar ocorrendo já que cepas podem estar se adaptando a diferentes climas regionais. A capacidade inata de aumentar em número (Rm) foi influenciada positivamente pela temperatura, como no trabalho de Palyvos e Emmanouel (2011). Essa influência positiva da temperatura na taxa de crescimento também foi encontrada no trabalho de Pekar e Hubert (2008). 75 A reprodução de fêmeas de Cheyletus malaccensis na ausência de machos apresentada neste trabalho foi reprodução arrenótoca, ou seja, fêmeas virgens produzem machos, enquanto BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) que as fêmeas fertilizadas produzem progênie de ambos os sexos. Estes resultados corroboram com aqueles obtidos por Palyvos e Emmanouel (2011) que também observaram reprodução arrenótoca na ausência de machos. 5.5 Conclusão Nas três temperaturas testadas durante o estudo, fêmeas adultas de Cheyletus malaccensis ovipositaram. A temperatura influenciou nas características biológicas de fases intermediárias. Sob tratamento a 20°C, as fases imaturas tiveram maior duração. Foi a 25°C que se obteve a maior fecundidade, esse tratamento parece ser o que ofereceu melhores condições ao predador. Conclui-se que o predador Cheyletus malaccensis é capaz de se desenvolver e reproduzir alimentando-se exclusivamente de Dermanyssus gallinae. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 76 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Aves silvestres possivelmente são vetores da fauna acarina do ambiente natural para granjas de aves comerciais, pois o presente estudo demonstrou que espécimes coletados junto a ninhos abandonados por pássaros também são observados em granja de aves de postura de ovos comerciais, mesmo não sendo espécimes característicos deste último local. A restrição ao acesso de aves silvestres às granjas limitaria a entrada de ácaros praga, disseminadores de enfermidades, causadores de perdas econômicas a produtores rurais e a avicultura industrial. Dois ácaros praga causadores de problemas sanitários e econômicos foram os espécimes mais abundantes coletados na granja de postura de ovos comerciais de Teutônia, no Vale do Taquari, Rio Grande do Sul, Dermanyssus gallinae e Megninia ginglymura. Chortoglyphus arcuatus e Tyrophagus putrescentiae, abundantes nos substrato de cama de postura de ovos da granja, são dois espécimes causadores de problemas respiratórios junto a trabalhadores rurais, contudo, Cheyletus malaccensis, abundante nesse mesmo local, é considerado um ácaro predador com potencial para controle biológico de ácaros praga. O controle biológico de ácaros praga a partir de predadores naturais pode contribuir para minimizar altas infestações, evitando que ectoparasitas se tornem um problema sanitário e econômico. Atualmente, na avicultura comercial, é preciso cumprir exigências rigorosas quanto a restrições a resíduos de produtos tóxicos, que possam comprometer a saúde das aves, do consumidor final e do meio ambiente. Muitos produtos acaricidas são testados a fim de que se possa controlar ácaros praga junto a granjas avícolas, no entanto, a maioria deles é ineficiente ou esbarra em restrições legais quanto ao seu uso em estabelecimentos que produzem alimentos para consumo humano. Desta forma, o presente estudo torna-se uma ferramenta importante, visto que demonstrou que Cheyletus malaccensis, um ácaro predador encontrado em abundância em substrato de cama de postura de ovos comerciais, durante este trabalho, é capaz de se desenvolver e reproduzir alimentando-se exclusivamente de 77 Dermanyssus gallinae. Cabe ressaltar ainda que, embora a maioria das granjas avícolas ainda não possua substrato de cama a disposição das aves, este é um requisito vinculado ao bem BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) estar aninal e aos poucos, está entrado em vigor e sendo legalmente exigido junto a estabelecimentos avícolas que tenham o interesse em sustentar suas atividades. 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