Era Medieval

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Era Medieval
O período é dividido em dois grandes períodos: Alta Idade Média (séculos V a X), Baixa Idade Média
(séculos XI a XV). A Alta Idade Média é caracterizada pela consolidação do poder da igreja, a ampliação da
servidão e a formação dos reinos cristãos-bárbaros, dos quais o mais importante é o império franco. Na baixa
idade média ocorre o renascimento comercial, emergindo uma nova camada social, a dos burgueses. A partir
deste período começam a consolidar-se muitas das instituições do período moderno.
Primórdios da Época medieval
A decadência romana em razão da ineficiência administrativa (Crise do século III), impulsionada pelas
invasões bárbaras deu margem ao aparecimento do mundo medieval. Com a desagregação do império romano
ocorre uma fusão entre as instituições romanas e as dos povos bárbaros, acrescidas do processo de
cristianização.
Império Franco
A primeira dinastia do império foi a dinastia Merovíngia (481-751). O unificador da dinastia em uma
monarquia foi Clóvis, conquistador das terras que forma a atual França. Um de seus sucessores, Carlos Martel
derrotou os muçulmanos na Batalha de Poitiers (732), contendo o avanço islâmico. Pepino, o breve, seu filho
conquistou posições dos lombardos na Itália e as deu ao papa.
A segunda dinastia e principal foi a carolíngia de Carlos Magno (768-814), filho de Pepino, o breve. Criou
os missi dominici, inspetores que fiscalizavam as unidades administrativas do império. Criou marcas nas
fronteiras de seu império. Incentivou as artes e a criação de escolas. Buscou promover feiras, com o intuito de
integrar o comércio europeu. O renascimento carolíngio foi outro importante aspecto, um movimento de
renovação no campo das artes, da arquitetura e do ensino. Carlos Magno ordenou que cada mosteiro e cada
igreja tivessem uma escola dirigida pelo clero, aberta a todos. No conjunto ocorreu uma ênfase na latinidade e
na herança romana.
Em 843 é assinado o Tratado de Verdun que desmembra o império Franco. A divisão do império fortaleceu o
poder da nobreza local e enfraqueceu o rei. O tratado fez com que os carolíngios entrassem em decadência.
Império Bizantino
O império Bizantino mantinha características significativas da civilização helenística, a língua falada por
exemplo não era o latim mas sim o grego e muitos títulos administrativos e militares levavam nomes gregos,
como o título Basileus. Era um ponto de conexão entre as linhas de comércio do Oriente e Ocidente. O mais
importante monarca do império foi o Imperador Justiniano (527-565). Remodelando a capital Constantinopla
e construiu a igreja de Santa Sofia e ordenando o direito romano. No governo de Justiniano o império atingiu
sua máxima expansão.
Outro importante acontecimento do império foi o cisma do Oriente: O império bizantino era frágil
internamente. Querelas religiosas contribuíam para esta fragilidade como muitas seitas que discutiam a
natureza de Cristo como os arianos que achavam que Cristo não era igual a Deus, os nestorianos que
sustentavam que Jesus era um homem convertido em Deus e finalmente os monosofistas que sustentavam que
Jesus era somente Deus. Estas doutrinas foram consideradas heréticas e seus partidários preferiram separar-se
da igreja. Neste clima instável ocorreu a cisão da igreja católica. Em 1054 é criada a igreja católica ortodoxa.
O império foi finalmente destruído em 1453, quando a cidade de Constantinopla é tomada pelos turcos
otomanos. Muitos eruditos bizantinos fugiram para a Itália e de certa forma auxiliaram ao Renascimento. A
cultura clássica foi muito bem preservada no império bizantino.
Árabes
A península arábica é constituída de cinco sextos de desertos inabitáveis. Sua população foi obrigada a
ocupar a população costeira, ali se encontram as importantes cidades de Meca e Medina. Originalmente os
árabes não formavam estados mas dividiam-se em tribos independentes, algumas sedentárias outras nômades
cultuando uma série de ídolos. O papel estratégico da península, colocava-os como intermediários comerciais,
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conectando África, Europa e Ásia. O grande ponto de convergência das tribos era a Kaaba, um templo aonde
se encontrava uma grande pedra negra além de muitos ídolos particulares de cada tribo.
Maomé (570-632) fazia parte da família que guardava a Kaaba. Órfão desde cedo, dedicava-se a atividades
de pastoreio. Ao casar-se com Kadija pode transformar sua vida, já que sua mulher era muito rica. Segundo a
tradição, quando tinha por volta de 40 anos teve uma visão do anjo Gabriel e começou a predicar. Pregou a
existência de um único Deus, instilando o fim dos ídolos pagãos. Em razão disto foi obrigado a fugir de Meca,
em 15 de julho de 622, chegando a Medina. Esta fuga assinala o começo da era muçulmana. Em Medina
converte muitas tribos a nova religião e consegue voltar vitorioso a Meca, derrubando os ídolos da Kaaba.
A doutrina básica da religião islâmica baseia-se no Corão. Foi escrito a partir das pregações de Maomé
recolhidas por seus adeptos. O corão reúne mais do que simplesmente preceitos religiosos. Apresenta
disposições sobre a organização da sociedade, governo e justiça. A doutrina é uma síntese de elementos de
outras religiões, sobretudo a judaica e a cristã. Como não há uma organização formal e há uma certa liberdade
de interpretação do texto sagrado, a religião deu origem a inúmeras seitas, muitas vezes, opostas em si,
provocando muitos conflitos abertos.
Os árabes inicialmente unificaram a península Arábica e em seguida empreenderam a conquista de um vasto
império. Os califas, sucessores de Maomé, chefes militares e religiosos, formaram um império que se
estendeu da Índia à Espanha. Com o tempo o Império Muçulmano acaba por fragmentar-se em três califados:
Bagdá, Córdoba e Cairo. Ambos conquistados pelos turcos mais tarde.
O contato dos árabes com outros povos permitiu a fusão de conhecimentos e o florescimento de uma
brilhante civilização. Com os egípcios aprenderam a agricultura e a irrigação. Introduziram na Europa um
grande número de árvores e plantas, tais como o arroz, a cana de açúcar, o café, o damasco, a amora, feijão.
Desenvolveram e aperfeiçoaram as antigas indústrias do Oriente. Destacaram-se no aço de Toledo para o uso
de armas. Desenvolveram um comércio muito ativo. Suas caravanas introduziam mercadorias árabes no
interior da África e na Ásia. As relações com a China tiveram especial importância pois através dos árabes o
mundo ocidental tomou contato com três inventos fundamentais: a bússola, o papel e a pólvora. A
matemática, a geografia e a astronomia devem muito aos árabes. Os alquimistas árabes foram os precursores
dos químicos modernos. A arte árabe é famosa por seus arabescos, figuras geométricos que não
representavam figuras humanas ou animais, talvez a principal expressão artística dos antigos árabes.
Civilização Medieval
Após a desagregação do Império Romano formam-se os reinos cristãos-bárbaros. Como os reis não
cuidavam da defesa dos territórios os proprietários locais tratavam de defender com seus próprios recursos
uma região. A população era obrigada a solicitar proteção destes senhores, em troca realizavam serviços ao
seu senhor ou entregavam-lhe parte de sua colheita. A partir do século IX, os senhores feudais ganham força
cada vez maior, enfraquecendo os poderes centrais do rei.
A relação de suserania e vassalagem surge entre os reis e estes senhores locais. Embora o poder do rei fosse
relativo, os duques e condes em teoria não possuíam a propriedade da terra, apenas o usufruto. Cada senhor
devia prestar homenagem ao rei, ou seja, tornava-se seu vassalo. Os serviços que um vassalo prestava ao
suserano eram obrigatórios somente em circunstâncias previamente estabelecidas como uma guerra. O senhor
de cada reino por sua vez, era a figura central de cada feudo.
Durante a idade média a agricultura e a pecuária eram muito importantes, por esta razão a posse de terra
constituía uma das principais riquezas. O feudo compreendia as terras cultiváveis, os bosques, os rios, os
pastos. Normalmente um feudo era transmitido ao filho mais velho de um senhor feudal. Muitas vezes um
grande número de aldeias ficava sob o domínio de um só senhor feudal. As terras do feudo eram divididas
basicamente entre as terras do senhor e os campos abertos destinados ao resto da população. Normalmente no
centro do feudo ficava a casa senhorial, mas também havia uma região destinada ao pároco, além das muitas
vilas.
Se no mundo contemporâneo o princípio da igualdade rege a sociedade, no mundo medieval o fundamento
da ordenação social é a desigualdade. A sociedade era baseada em três estamentos, o clero, a nobreza e o resto
da população, que compreendia a burguesia e o resto dos trabalhadores. Havia pouca mobilidade social neste
modelo.
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As principais atividades da nobreza era a guerra, a caça. Desde jovem o nobre era treinado para atuar em
atividades guerreiras. Entre 18 e 20 anos era armado cavaleiro. A caça mais do que simplesmente uma
atividade esportiva era uma verdadeira necessidade, dada a inconstância da agricultura.
A servidão era uma forma de trabalho compulsório, como a escravidão, com algumas diferenças. Esta forma
de trabalho era predominante na Idade Média. Um servo, diferente de um escravo, paga com seu trabalho o
direito de viver nos domínios do senhor, mas dispunha de direitos que o escravo não possuía. Um servo
necessitava de autorização do senhor para poder casar-se e podia ser vendido ou cedido junto com a terra que
cultivava. Os herdeiros de uma propriedade podiam dividir entre os filhos de um servo. Havia em menor
quantidade, os camponeses livres, com o direito de deslocar-se. Constituíam obrigações servis: a capitação,
tributo pago por pessoa; talha, pagamento de uma parte da produção; corvéia, trabalho do servo alguns dias da
semana nas terras do senhor; banalidades, pagamento pelo uso do moinho, das estradas, dos fornos e dos
abrigos; dizímo, dez por cento da produção dada a Igreja.
A economia feudal era pouco produtiva e fundava-se na agricultura. No auge do regime feudal, nos séculos
IX a XI, os feudos eram quase auto-suficientes. O comércio desempenhava um papel secundário no conjunto
das atividades econômicas e o trabalho artesanal era regulamentado. Os artesões de um mesmo ofício
reuniam-se formando um mesmo grêmio ou corporação. Geralmente cada uma destas corporações escolhia
um santo protetor, como São Crispim para os sapateiros, São José para os carpinteiros. Para ingressar em um
determinado ofício era preciso tornar-se um aprendiz, morando junto com seu mestre. Depois de um certo
tempo, podia tornar-se um companheiro e finalmente tornar-se mestre. Além das corporações de ofício
haviam corporações de comércio, que estavam ligadas as circulações de mercadorias, como a Hansa
Teutônica.
Monarquias do ocidente europeu medieval
Embora os particularismos fossem fortes, algumas monarquias conseguiram estabelecer-se. Destacam-se o
Sacro Império Romano-Germânico, a Monarquia Inglesa e a Francesa.
O Sacro Império Romano-Germânico foi fundado em 962, o chamado primeiro Reich alemão, que durou até
1806 quando foi extinto por Napoleão Bonaparte. O título imperial não era hereditário. À morte de um
imperador sucedia-se uma eleição entre os titulares dos territórios que formavam o Sacro Império, o que
gerava uma série de negociatas que acabava enfraquecendo o poder do Imperador. Apesar dos títulos e dos
territórios teoricamente sob sua jurisdição, o imperador tinha poderes muito limitados. No decorrer da
história, Itália e Alemanha, desmembradas foram peões no tabuleiro da política internacional já que sempre
mantiveram uma tênue centralização. O sacro império apenas atinge uma relativa estabilidade quando a
família dos Habsburgos assume a coroa Imperial, no século XV.
Voltando-se novamente ao reino francês (já trabalhado anteriormente), quando o último rei da dinastia
carolíngia, Luís V, morre sem deixar descendentes, assume o trono Hugo Capeto, dando origem a terceira
dinastia, que governou a França entre 987 e 1328, a dinastia capetíngia. Ao assumir o trono, o reino era
composto de principados hereditários, ducados e condados. Em cada uma das unidades o titular dos feudos
possuía poderes soberanos. No período de decadência da dinastia carolíngia, o rei passara a ser eleito pelos
senhores feudais, e desde então o monarca não possuía poder efetivo. Com Hugo Capeto, a Coroa volta a ser
hereditária e inicia-se um processo longo de lutas contra os poderosos senhores feudais. Gradativamente
através de guerras e alianças por casamentos, o pequeno feudo ocupado inicialmente por Hugo Capeto (um
território que ocupava Orleans e Paris, em um pequeno trecho da França) foi tornando-se maior através de
guerras e alianças dinásticas. Durante o reinado de Filipe, o Belo (12851-314), último rei da dinastia dos
capetos, o poder real já adquira imensa autoridade. Foi ele quem organizou o sistema de impostos e criou os
Estados Gerais, em que eram reunidos representantes dos três estamentos para tomarem conhecimento de suas
decisões. No fim da dinastia capetíngia em 1328 o território da França já estará melhor esboçado e começava
a apresentar traços do futuro estado moderno. A partir de então se seguirá a dinastia de Valois (1328-1589).
Igreja Medieval
A partir do momento em que os monarcas convertem-se ao cristianismo, a Igreja Católica torna-se uma
organização formal. O papado organizou-se durante a Idade Média. Os papas conseguiram que o governo das
Igrejas fosse independente dos monarcas. A igreja buscou inclusive reinar sobre as monarquias, da mesma
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forma que estes reinavam sobre seus súditos. Tais pretensões foram combatidas e ficaram conhecidas como
Querela das Investiduras. O poder do Papa em Roma cresceu em razão de dois fatos: o declínio do Império
Bizantino, que não mais exercia soberania sobre Roma e o apoio dos francos.
As reformas empreendidas no pontificado de Gregório VII (1075) colocaram a Igreja católica em conflito
aberto com o Imperador do Sacro Império Romano-Germânico. Tais episódios ficaram conhecidos como
“Querelas das Investiduras”. Quando assumiu o pontificado este Papa fez uma reforma no clero. Proibiu o
clero de casar-se e também os proibiu que fossem investidos por qualquer imperador, ou senhor feudal. Antes,
um bispo ou outra figura clero, como um bispo, possuía seu cargo eclesiástico ao mesmo tempo que possuía
um cargo de nobre, ou seja também administrava, tinha papel judiciário e militar, além de prestar vassalagem.
Gregório VII não permitiu mais tal prática. Muitos monarcas não se submeteram facilmente a esta decisão.
Outro Papa importante foi Inocêncio III (1198-1216). A partir de mais de quatro mil cartas de sua autoria é
possível entender a enorme gama de problemas que teve de enfrentar. Desde intrincadas questões da política
européia até problemas cotidianos muito variados.
Existiram durante todo o período medieval muitas heresias, das quais a principal foram os Albigienses ou
Cátaros, que se estabeleceu no início do século XIII, por todo o sul da França, influenciados por idéias
orientais. Como os persas, acreditavam que existiam dois deuses, um bem e outro mal. Cristo seria um
representante do Deus Bom. Não comiam carne, pois acreditavam que a alma humana pode passar para o
corpo de um animal. Seus sacerdotes eram chamados “perfeitos”, e os seguidores mundanos desta heresia
poderiam livrar-se de todos seus pecados se fossem tocados por um perfeito. A igreja combateu os albigienses
com tanto afinco quanto os turcos na Palestina. A cruzada dos albigienses durou dezessete anos (1209-1226).
Extremamente violenta, implicou o extermínio físico de populações inteiras. Ao final do conflito todo o sul da
França estava formalmente anexado aos domínios reais.
Para combater as heresias foram criadas ordens religiosas e também a Inquisição (1229). Os franciscanos e
os dominicanos eram ordens deste tipo. Ambas faziam votos de pobreza absoluta, não podiam possuir nada e
deviam da caridade pública, por isso foram chamadas de ordens mendicantes. Além destas ordens também
existiam as ordens militares. Destas ordens distinguiram-se a ordem dos cavaleiros teutônicos, a Ordem dos
Templários e dos cavaleiros de São João de Jerusalém, ou Hospitalários. Estavam submetidos a todas as
obrigações religiosas dos monges do ocidente, faziam votos de obediência e pobreza e consagravam-se ao
ofício das armas. Estas ordens acumularam uma enorme riqueza. No processo de formação das monarquias
nacionais, perderam seus bens para o poder real.
Cruzadas
Chamam-se cruzadas as expedições militares empreendidas pelos cristãos da Europa Ocidental nos séculos
XII e XIII, com a finalidade de resgatar Jerusalém e o sepulcro de Cristo, em poder dos turcos. No século XI,
a Europa Ocidental toma conhecimento de um novo povo islâmico, os turcos que destruíram o império árabe
de Bagdá, atacaram o Império Bizantino e tomaram a Ásia Menor. Tornaram-se uma ameaça a própria
Europa. Os turcos ao tomarem Jerusalém não permitem mais aos cristãos cultuarem os locais sagrados desta
região, diferente dos muçulmanos. Com isso a Igreja conseguiu mobilizar muitos indivíduos para a retomada
dos territórios sagrados.
Havia também outros motivos. Um certo gosto por aventura e combate moviam muitos cavaleiros. Motivos
econômicos também eram relevantes, muitos buscavam as riquezas do oriente. Existia também uma certa
pressão demográfica, já que a população européia começa a crescer após o século XI.
A primeira cruzada (1069-1099) conseguiu tomar Jerusalém e foi criado um reino francês na Palestina.
Fundaram-se muitas ordens militares neste momento. A segunda cruzada (1147-1149) buscou auxiliar os
franceses da Palestina, mas acabou resultando na destruição dos reinos cristãos. A terceira cruzada (11891192) foi provocada pela tomada de Jerusalém por Saladino, sultão do Egito. Teve por líderes o Imperador
Frederico Barbarroxa (morto neste momento), o rei da França, Filipe Augusto e o rei da Inglaterra, Ricardo
Coração de Leão. Jerusalém permaneceu na mão de Saladino. A quarta cruzada (1202-1204) foi organizada
por senhores venezianos e franceses, com patrocínio do Papa Inocêncio III. Desviou-se de seu verdadeiro
objetivo, ou seja, o Egito e a Palestina. Terminou destruindo o Império Grego, tomando Constantinopla e
criando um império Latino no Império, que durou de 1204 a 1221. Sua principal motivação foi econômica.
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As cruzadas criaram reinos cristãos de curta duração: o Reino Cristão no Oriente e o Império Latino de
Constantinopla. Graças às cruzadas as relações comerciais entre Oriente e Ocidente multiplicaram-se. Os
produtos do Oriente revelaram a existência de uma atividade manufatureira muito bem desenvolvida, criando
necessidades de consumo cada vez maiores na Europa. Ocorreu uma dinamização das rotas comerciais, as
cidades do norte da Itália passaram a ter um papel econômico cada vez maior. As cruzadas contribuíram para
debilitar o poder da nobreza feudal, já que muitos nobres voltaram completamente arruinados das cruzadas,
beneficiando os reis e a futura centralização política do absolutismo.
Cultura Medieval
A cultura medieval é marcada por uma forte religiosidade, diferente da cultura clássica predominante na
antiguidade. A língua predominante ainda é o latim. A igreja tornou-se uma guardiã da cultura que restou do
Período Clássico, através do paciente trabalho dos monges copistas, enclausurados em seus mosteiros. Os
árabes também contribuíram para a preservação da cultura em vários ramos.
Na baixa Idade Média surgem duas importantes vertentes da arquitetura: O estilo românico e o estilo gótico.
A filosofia desenvolveu-se com a escolástica, cujo principal expoente foi Tomás de Aquino, inspirado em
Aristóteles. O principal pensador que levantou sua voz contra a escolástica para o estudo das ciências foi
Roger Bacon (1214-1294) que propunha o uso do método experimental e não da autoridade, como queriam os
escolásticos, para o desenvolvimento das ciências.
Em virtude do crescimento urbano que se dá na Europa tem-se a criação das universidades. Em torno das
universidades observa-se um desenvolvimento intelectual expresso na filosofia escolástica e na arquitetura
gótica. A maior expressão literária do século XIII é Dante Alighieri (1265-1321), poeta florentino que
escreveu “A Divina Comedia”. Obra que pode ser entendida como uma verdadeira expressão de toda a
cosmologia religiosa da Idade Média.
Renascimento Comercial
A partir do século XI ocorre uma maior valorização das atividades econômicas. As cruzadas foram
importantes impulsores, já que aumentaram o interesso por produtos estrangeiros. As feiras passaram a ter
maior importância. No norte da Itália, cidades como Florença, Veneza, Gênova e Milão tornam-se elos
fundamentais entre ocidente e oriente. A desagregação do feudalismo foi impulsionada por este crescimento
comercial. O crescimento das atividades comerciais está ligada, no nível político, ao interesse dos monarcas
em centralizar o poder e recobrar suaa autoridade, para isso era importante destruir os particularismos feudais.
Guerra dos cem anos (1337-1453)
Foi a última das grandes guerras feudais, opondo franceses e ingleses. A guerra foi gerada por uma série de
motivos, das quais a fundamental foi à pretensão do rei da Inglaterra, Eduardo III, ao trono francês. No
decorrer da guerra houve diversos momentos de paz, seguidos por momentos de guerra intensa. Durante boa
parte do período de guerras, as terras francesas ficaram na mão dos ingleses, mas ao final do conflito os
franceses finalmente conseguiram expulsá-los quase que completamente. O principal resultado da guerra dos
cem anos foi o declínio da nobreza feudal e o fortalecimento da autoridade do rei. Esse foi um passo
importante no processo de constituição das monarquias nacionais centralizadas de poder absoluto. Um dos
traços característicos da Época Moderna, que começa a desenhar-se a partir da Baixa Idade Média.
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