Décio Sena LÍNGUA PORTUGUESA 5° SIMULADO PADRÃO ESAF COM GABARITO COMENTADO DÉCIO SENA Leia o texto abaixo, para responder às questões 01 e 02. 04 08 12 16 20 Se o livro, como já disseram, é um pássaro com mais de 100 asas para voar, a maioria dos brasileiros continua aprisionada ao solo. O prazer da leitura não faz parte do cotidiano da imensa maioria. Não se vêem pessoas sistematicamente lendo livros nos ônibus, no metrô, nas filas de bancos. Raríssimas vezes um personagem de novela é surpreendido com um livro na mão. Não existem dados concretos do Ministério da Educação sobre o hábito da leitura no país, mas a opinião de especialistas é de que nada avançou muito nas últimas décadas. Aqui, as políticas de incentivo à leitura – como a criação de bibliotecas e campanhas na mídia – podem cair no vazio ou surtir pouco efeito, por falta de uma política de educação abrangente e consistente. Não se sabe se hoje o brasileiro lê mais e melhor do que há 10, 20 anos. Sabe-se, porém, que o índice de analfabetismo é de 20%, que 45% das vendas de livros no país são de livros didáticos, cuja leitura nas escolas é obrigatória e não voluntária, e que um quarto da produção de livros é comprado pelo governo. Os livros são caros, é verdade. Mas seriam mais baratos se houvesse mais leitores. E mais leitores haveria se o país se empenhasse com seriedade em educar seu povo e em criar uma cultura do livro, tão acalentada em outras sociedades. A criança deve trazer do berço o prazer da leitura, que a escola precisa sedimentar. Mas como incentivar essa cultura, se os professores, eles próprios, não lêem e se a família não tem relação de intimidade e de prazer com a leitura? Na abertura da 9ª Bienal Internacional do Livro, semana passada, o Riocentro recebeu uma multidão ávida por comprar livros a custos bem inferiores. Na quarta-feira, a Bienal bateu recorde de público em um dia, superando as bienais de outros anos. Foram 45 mil pessoas. É um bom sinal, mas não garante uma mudança de quadro no país onde a grande motivação para a maior parte das crianças ir à escola continua a ser a merenda. REGINA ZAPPA, Jornal do Brasil, com cortes. Questão 01) Assinale o item em que se lê afirmativa que não corrobora as idéias contidas no texto. a) Fontes governamentais asseguram que o brasileiro continua preso ao solo natal, ainda que nele não encontre meios para sua subsistência, devido a não ter desenvolvido hábito de leitura. b) Políticas que procuram incrementar o prazer da leitura esbarram sempre na ineficiência das campanhas que as promovem, em geral de péssima qualidade. c) Três fatores estão em íntima associação relativamente ao custo do livro: o número de leitores que, sendo aumentado, faria diminuir o preço do livro , o empenho governamental em proporcionar educação ao povo e a sedimentação do hábito da leitura, levada a efeito pela escola, nas crianças ainda de berço. d) Demonstração clara de interesse por leitura, observada na inauguração de Bienal do Livro, é fator tranqüilizador com respeito à questão da leitura, no Brasil: estamos caminhando para nova etapa, na qual, seguramente, o povo lerá muito mais e sistematicamente. e) O índice percentual de vendas de livros, no país, só não é menor do que o índice de analfabetos porque o governo, no afã de diminuir o analfabetismo, compra quase a metade dos livros produzidos para os setores didático e ficcional. Questão 02) Indique o item em que se faz afirmativa correta quanto a elementos do texto. 1 Décio Sena a) Em “Se o livro, como já disseram, é um pássaro com mais de 100 asas para voar, a maioria dos brasileiros continua aprisionada ao solo.” (ls. 01-02) o vocábulo destacado introduz nexo semântico condicional. b) A passagem “Se o livro, como já disseram, é um pássaro com mais de 100 asas para voar, a maioria dos brasileiro continua aprisionada ao solo.” Reproduzida em: Se o livro, como já disseram, é um pássaro com mais de 100 asas para voar, a maioria dos brasileiros continuam aprisionados ao solo. Exemplificaria visível deslize de estruturação. c) Alterando-se, no terceiro período do primeiro parágrafo, a voz verbal para a voz passiva analítica, encontrar-se-ia: Não são vistas pessoas, sistematicamente, lendo livros nos ônibus, no metrô, nas filas de banco. d) O texto: “Não existem dados concretos do Ministério da Educação sobre o hábito da leitura no país, mas a opinião de especialistas é de que nada avançou muito nas últimas décadas.” (ls. 04-06) reescrito em Não há dados concretos do Ministério de Educação acerca do hábito da leitura no país, conquanto a opinião de especialistas seja de que nada avançou muito nas últimas décadas. manteria o rigor gramatical, bem como preservaria o sentido original. e) Em: “Aqui, as políticas de incentivo à leitura – como a criação de bibliotecas e campanhas na mídia – podem cair no vazio ou surtir pouco efeito, por falta de uma política de educação abrangente e consistente.” (ls. 06-08) os sintagmas sublinhados desenvolvem, relativamente aos vocábulos aos quais se ligam, distintos valores semânticos e gramaticais. Leia o texto abaixo para responder às questões de 03 a 06. COMO ESMAGAR CONSUMIDORES E EMPRESÁRIOS 04 08 12 16 20 24 28 Duas redes de supermercados de grande porte decidiram partir para a fusão, nos EUA, há uns três meses. Uma decisão capitalista, que o governo não poderia impedir. Mas isso não significa que os órgãos governamentais simplesmente cruzaram os braços. Eles tomaram providências imediatas para que não houvesse prejuízos ao consumidor, diante do risco da formação de monopólios, que sempre acabam impondo preços abusivos aos mercados ou regiões que dominam. O que foi feito? A nova empresa, resultante da fusão, obviamente passaria a contar com duas lojas — uma de cada empresa “antiga” em cada bairro. Pois o governo norte-americano exigiu que uma dessas lojas fosse vendida a concorrentes — isto é, agiu para manter a competição, capaz de controlar preços. O episódio não é isolado: ainda há poucos dias, duas “gigantes” que se fundiram, distribuidoras de derivados de petróleo nos EUA, foram igualmente intimadas a vender 7.000 postos de gasolina, para garantir a concorrência. Conclusão: apesar da “globalização” e da “onda de fusões” dos últimos anos, os governos mantêm políticas para assegurar a concorrência — em defesa não apenas do consumidor, mas também da sobrevivência de empresas de menor porte. Na maioria dos países ricos têm surgido leis e ações dos governos até mesmo para impedir a instalação indiscriminada de shopping centers ou lojas de grande porte, tipo hipermercados, em regiões nas quais predomine o comércio de pequeno porte, representado por pequenos varejistas. À primeira vista, parece até tratar-se de um “protecionismo” artificial, capaz de prejudicar, como dizem os teóricos, o funcionamento da economia. Eis aí um grande equívoco. Essa política se preocupa em manter os “pequenos negócios”, com o objetivo de garantir que a renda estará mais bem distribuída, o que significa que a população como um todo terá maior poder de consumo, isto é, que continuará a haver crescimento de mercado e de economia. No Brasil, continua ocorrendo exatamente o oposto. O governo não apenas cruza os braços diante da formação de monopólios, concentração da renda e da propriedade. O governo está financiando essa monopolização, que esmaga milhares de pequenos empresários, reduz a concorrência e acaba por esmagar o consumidor. Indústria, agricultura e comércio (e até o setor de serviços) estão sendo vítimas dessa política caolha. Mais uma vez, o principal agente dessas aberrações é o banco que deveria apoiar o desenvolvimento nacional, o BNDES, cuja atuação precisa ser urgentemente revista pelo Congresso Nacional. ALOYSIO BIONDI, Folha de São Paulo, 27-02-99, com cortes. 2 Décio Sena Questão 03) Não é inferência viabilizada pela leitura atenta do texto. a) A intervenção estatal no que diz respeito ao dia-a-dia econômico torna-se imprescindível, mesmo em países de estrutura econômica sabidamente capitalista, como elemento mediatário entre as forças que compõem o mercado. b) Pode-se afirmar que, em um primeiro momento, para o novo grupo formado, a fusão ocorrida entre duas redes de supermercados americanos não implicou, paradoxalmente, aumento de número de lojas que cada uma das redes, em separado, detinha no país. c) Políticas governamentais interferentes na economia não são sugestivas de que esteja havendo recuo no processo de globalização por que passam os diversos países do orbe. d) Ao se preocuparem com os pequenos negócios, protegendo-os dos de grande porte, os governos garantem aos consumidores a possibilidade de, estando a salvo das especulações advindas dos monopólios, terem seu rendimento preservado. e) No Brasil, a política econômica posta em prática, pelo menos até agora, mais do que se omitir em relação ao problema da formação de monopólios, chega, na verdade, por distorções no gerenciamento de empresa estatal, a incentivá-lo. Questão 04) “À primeira vista, parece até tratar-se de um “protecionismo” artificial, capaz de prejudicar, como dizem os teóricos, o funcionamento da economia. Essa política se preocupa em manter os “pequenos negócios”, com o objetivo de garantir que a renda estará mais bem distribuída, o que significa que a população como um todo terá maior poder de consumo, isto é, que continuará a haver crescimento de mercado e de economia.” O fragmento de texto acima, transcrito das linhas 18 a 22, possibilita deduzir-se que: a) O crescimento de mercado e de economia está em relação direta com a disseminação de negócios de pequeno porte. b) Concentração de renda traz inevitável aumento de poder de compra para o consumidor. c) Aumento de poder de consumo é algo diretamente proporcional ao incremento de mercado e de economia d) Renda mais bem distribuída acarreta inabalável preocupação na manutenção dos pequenos negócios. e) Política econômica preocupada em fragmentar o comércio, fazendo-o menor do ponto de vista do poderio econômico e, por outro lado, pulverizando-o em pequenos negócios, não representa processo intervencionista e, portanto, nociva à economia. Questão 05) Comentaram-se aspectos da estrutura morfossintática do texto, bem como passagens de natureza semântica. Indique o item em que se estabelece afirmativa incorreta. a) O segundo período do primeiro parágrafo permite que se perceba supressão vocabular. b) O vocábulo “simplesmente” (l. 03) traduz idéia adverbializante de modo. c) Com respeito ao período contido nas linhas 02 e 03, encontra-se exemplo de utilização de linguagem conotativa, de base metonímica. d) Em “que acabam impondo” (l. 05), “obviamente passaria a contar com” (l. 06) e “uma dessas lojas fosse vendida” (l. 08) as formas verbais assinaladas exemplificam locuções verbais. e) Em “Indústria, agricultura e comércio (e até o setor de serviços) estão sendo vítimas dessa política caolha.” (ls. 27-28) observa-se linguagem conotativa, de base metafórica. Questão 06) 3 Décio Sena Indique a alternativa que contém paráfrase para o fragmento de texto abaixo transcrito, extraído das linhas 23 a 26. “O governo não apenas cruza os braços diante da formação de monopólios, concentração da renda e da propriedade. O governo está financiando essa monopolização que esmaga milhares de pequenos empresários, reduz a concorrência e acaba por esmagar o consumidor.” a) O governo, ao financiar a monopolização, a concentração da renda e da propriedade, cruza os braços e faz com que empresários sejam esmagados, pela redução da concorrência e do número de consumidores. b) O governo, uma vez que se alheia do processo de concentração de renda e da propriedade, fruto da formação de monopólios, acaba por financiar a monopolização que causa a ruína dos pequenos empresários, além da diminuição da concorrência, decorrente da escassez do mercado consumidor. c) Milhares de pequenos empresários sofrem a ausência da intervenção governamental diante da formação de monopólios e seus naturais consectários: a concentração da renda e da propriedade, provocadores da redução da concorrência e do baixo nível de consumo. d) O distanciamento do governo da questão do surgimento dos monopólios, da concentração de renda e da propriedade, agravado pelo seu apoio à monopolização, traduzido por financiamentos, arruína um sem-número de pequenos empresários, inibe a concorrência e arrasa o consumidor. e) Embora financie a monopolização, causa do processo de quebra de milhares de pequenos empresários, a que se soma a redução da concorrência e a inevitável penúria do consumidor, o governo continua cruzando os braços diante da formação de monopólios. Considere o texto abaixo para responder às questões de 07 a 09. 04 08 12 16 A Segunda Guerra Mundial mal terminara quando a humanidade mergulhou no que se pode encarar, razoavelmente, como uma Terceira Guerra Mundial, embora uma guerra muito peculiar. Pois, como observou o grande filósofo Thomas Hobbes, “a guerra consiste não só na batalha, ou no ato de lutar: mas num período de tempo em que a vontade de disputar pela batalha é suficientemente conhecida.” A Guerra Fria entre EUA e URSS, que dominou o cenário internacional na segunda metade do Breve Século XX, foi sem dúvida um desses períodos. Gerações inteiras se criaram à sombra de batalhas nucleares globais, que, acreditava-se firmemente, podiam estourar a qualquer momento, e devastar a humanidade. Na verdade, mesmo os que não acreditavam que qualquer um dos lados pretendia atacar o outro achavam difícil não ser pessimistas, pois a Lei de Murphy é uma das mais poderosas generalizações sobre as questões humanas (“Se algo pode dar errado, mais cedo ou mais tarde vai dar.”). À medida que o tempo passava, mais e mais coisas podiam dar errado, política e tecnologicamente, num confronto nuclear permanente baseado na suposição de que só o medo da “destruição mútua inevitável” (adequadamente expresso na sigla MAD, das iniciais da expressão em inglês – mutually assured destruction) impediria um lado ou outro de dar o sempre pronto sinal para o planejado suicídio da civilização. Não aconteceu, mas por cerca de quarenta anos pareceu uma possibilidade diária. ERIC HOBSBAWN, Era dos Extremos, Trad. MARCOS SANTARRITA, Companhia das Letras. Questão 07) As idéias contidas no trecho podem ser apresentadas como argumentos em favor de determinadas teses. Indique a letra que apresenta uma tese sustentável com tais argumentos. a) Conflitos regionalizados – Coréia, Vietnam, por exemplo – resultaram do que o autor estabelece como uma Terceira Guerra Mundial, ressalvando como “uma guerra muito peculiar” (ls. 03-04). b) A Guerra Fria entre EUA e URSS exemplifica o estado de beligerância latente em que o mundo, após a Segunda Guerra Mundial, viu-se mergulhado, sendo, por isto mesmo, caracterizadora do que se pode chamar Terceira Guerra Mundial. c) Pessimistas eram aqueles que, no período entre a Segunda e a Terceira Guerra Mundiais, achavam possível, por questões políticas ou tecnológicas, que houvesse a deflagração do horror atômico. 4 Décio Sena d) Apenas o medo da “destruição mútua inevitável” (l. 13) foi o responsável pela inexistência de um conflito nuclear. e) Apenas os pacifistas, aqueles que achavam que nenhum dos dois lados pretendia atacar o outro, estiveram imunes à Guerra Fria, que por cerca de quarenta anos afligiu a humanidade. Questão 08) Com respeito ao texto, fizeram-se as afirmativas abaixo. Indique o item em que se estabelece afirmativa incorreta. a) Em “A Segunda Guerra Mundial mal terminara quando a humanidade mergulhou no que se pode encarar” (ls. 01-02) os vocábulos assinalados, ambos advérbios, introduzem valor semântico temporal. b) Em “a guerra consiste não só na batalha, ou no ato de lutar: mas num período de tempo em que a vontade de disputar pela batalha é suficientemente conhecida.” (ls. 03-05) o pronome assinalado pode ser entendido como referente à expressão “período de tempo” (ls. 03-04). c) Em “Gerações inteiras se criaram à sombra de batalhas nucleares globais” (l. 07) observa-se emprego de conotação. d) Na passagem “num confronto nuclear permanente baseado na suposição de que só o medo da “destruição mútua inevitável” (ls. 12-13) ocorre oração que complementa o sentido de um nome. e) O fragmento “impediria um lado ou outro de dar o sempre pronto sinal” (l. 15) reescrito em impediria um e outro lados de dar o sempre o sempre pronto sinal implicaria erro de estruturação. Questão 09) Indique o item em que o elemento da coluna da esquerda faz remissão incorreta à palavra da coluna da direita. a) “A Guerra Fria entre EUA e URSS, que dominou” (l. 05) → Guerra Fria b) “na segunda metade do Breve Século XX, foi sem dúvida um desses períodos” (l. 06) → Guerra Fria c) “Gerações inteiras se criaram à sombra de batalhas nucleares globais, que” (l. 07) → batalhas nucleares globais d) “que qualquer um dos lados pretendia atacar” (l. 09) → EUA e URSS e) “ mal terminara quando a humanidade mergulhou no que se pode encarar” (ls. 01-02) → o Questão 10) Leia o texto abaixo: De volta _____ “águas de março”, é preciso repetir aquela velha lição _____ os governos meramente obreiros e imediatistas tanto tardam em assimilar: as trágicas conseqüências de pavimentar e impermeabilizar sistematicamente enormes superfícies, deixando-_____ sem áreas de contato com o solo; a herança das intervenções imprevidentes _____ regiões que no passado foram alagadiças, _____ pântanos, mangues, brejos ou várzeas; a sina de rios e córregos comprimidos, _____ , desviados abusivamente ou canalizados, com suas margens ocupadas, suas matas ciliares e áreas de acumulação suprimidas pelo concreto; o destino de todo esse lixo que vemos nas ruas, _____ correrá para entupir os ralos, as galerias pluviais e os canais. ALFREDO SIRKIS, O Globo, 18-03-99, com adaptações. Completam devidamente as lacunas existentes, os vocábulos do item: a) às – a qual – as – nas – tais quais – obstruídos – para às quais b) para as – que – lhes – em – tanto como – interditados – donde c) às – que – as –sobre – como – assoreados – de onde 5 Décio Sena d) as – à qual – lhes – nas – assim como – fechados – por onde e) às – de que – as – tais quais – como – obstruídos – de onde GABARITO COMENTADO QUESTÃO 01 GABARITO: D Comentários: O que se lê no item “d” está visivelmente em desacordo com o que a autora do texto estabelece ao longo do texto e, principalmente, em seu último parágrafo. As demais afirmativas por serem inteiramente despropositadas com respeito ao que se lê no texto, não podem ser ditas como contrárias ou mesmo convergentes às idéias veiculadas. QUESTÃO 02 GABARITO: C A conversão foi feita de maneira adequada. Nas demais alternativas ocorrem os erros: a) O vocábulo “Se” não está introduzindo nexo semântico condicional. Não se verifica este valor significativo na oração “Se o livro é um pássaro com mais de 100 asas” relativa a qualquer outra oração do período. b) A concordância estaria igualmente certa e justificada pela atração do vocábulo “brasileiros”. d) Há incorreção de concordância verbal na expressão “têm havido”. Saliente-se, igualmente, que a troca do mas por conquanto implicaria alteração de natureza semântica: de uma idéia adversativa passar-se-ia para um valor concessivo. e) As duas expressões assinaladas funcionam como complementos nominais. Têm, portanto, mesmo valor semântico, traduzido em passividade com respeito à ação que está sendo indiciada pelas formas substantivas “incentivo” e “criação. QUESTÃO 03 GABARITO: D Comentários: A alternativa peca por confundir “rendimento” com “poder de compra”. As medidas governamentais citadas no texto preservariam a capacidade de compra do consumidor e não o seu rendimento, vale dizer, o total da remuneração a que o consumidor faz jus, fruto de seu trabalho. QUESTÃO 04 GABARITO: C Comentários: 6 Décio Sena Para justificar-se o item “c”, leia-se a passagem: “Essa política se preocupa em manter os “pequenos negócios”, com o objetivo de garantir que a renda estará mais bem distribuída, o que significa que a população como um todo terá maior poder de consumo, isto é, que continuará a haver crescimento de mercado e de economia.” QUESTÃO 05 GABARITO: B Comentários: O vocábulo “simplesmente”, em “Mas isso não significa que os órgão governamentais simplesmente cruzaram os braços.”. introduz valor semântico que o aproxima de somente, apenas, unicamente, estando muito mais aproximado de um significado excludente. Nas demais alternativas: “a” – No início do segundo período do primeiro parágrafo pode-se perceber supressão de verbo: “(Foi) uma decisão capitalista, que o governo não poderia impedir.” “c” – Conotação representa o uso de palavra com sentido que não é o que normalmente apresenta, o que surge, por exemplo, em dicionário. O vocábulo é usado com um valor semântico figurado, não objetivo. É o que acontece com a expressão “cruzar os braços” utilizada na passagem “Mas isso não significa que os órgãos governamentais simplesmente cruzaram os braços.”, na qual tal expressão representa algo que o gesto de cruzar os braços sugere: não trabalhar, alhear-se a um fato. Metonímia é uma figura literária que consiste, basicamente, no emprego de uma palavra – ou de uma expressão – fora do seu sentido básico – denotativo, portanto – por efeito de contigüidade, de associação de idéias. O fragmento de texto “cruzaram os braços” está utilizado em substituição a outra enunciação que, objetivamente, poderia ser nada fizeram. Esta substituição ocorreu pela contigüidade, pela aproximação das idéias de nada fazer com algo que a substitui “cruzaram os braços”. Rigorosamente, em face de a expressão “cruzaram os braço” passar por um processo de ampliação de seu significado, a figura literária poderia ser denominada sinédoque. A tendência contemporânea, entretanto, é a de se considerarem com o mesmo nome – metonímia, no caso – incidências de natureza um pouco distintas. “d” – As expressões assinaladas são, efetivamente, locuções verbais. Saliente-se apenas o fato de a última delas ser uma locução verbal contida em voz passiva analítica, ou com auxiliar. “e” – Ocorre, de novo, emprego conotativo de vocábulo, na medida em que não se pode pretender que a expressão “política caolha” seja lida com seu sentido real, denotativo, aquele que os vocábulos “política” e “caolha” fazem entender objetivamente. Há, no fragmento, uma comparação estabelecida entre uma política governamental ineficiente, equivocada, de visão limitada, com o que o vocábulo “caolha”, denotativamente deixa entender. A comparação implícita caracteriza a metáfora. QUESTÃO 06 GABARITO: D Comentários: Pode-se ler em Dicionário Eletrônico Houaiss 1.0 acerca de paráfrase: 1. interpretação ou tradução em que o autor procura seguir mais o sentido do texto que a sua letra; metáfrase O estudante encontrará, também, na questão 01 do terceiro simulado de língua portuguesa padrão ESAF, com gabarito comentado, disponível neste “site” alusão ao termo paráfrase. 7 Décio Sena QUESTÃO 07 GABARITO: B Comentários: Uma leitura atenta do texto justifica a resposta. Para uma referência para clara, leia-se o que está contido entre as linhas 01 a 05. QUESTÃO 08 GABARITO: A Comentários: Ocorreu má análise lexical dos vocábulos citados. A palavra “mal” é realmente advérbio de tempo, entretanto “quando” é uma conjunção subordinativa temporal. Quanto às demais alternativas: “b” – o pronome relativo “que” sem dúvida é alusivo à expressão “período de tempo”. Notese que a preposição “em” que o antecede pertence à estrutura sintática da oração do pronome, tal como se estivesse sendo dito: a vontade de disputar pela batalha é suficientemente conhecida em período de tempo. “c” – A conotação faz-se presente em “ ... à sombra de batalhas nucleares globais”. “d” – Há uma oração subordinada substantiva completiva nominal: “de que só o medo da destruição mútua inevitável ... ” “e” – Caso particular de concordância nominal bastante explorado em provas recomenda que substantivos ao se relacionarem com as expressões um e outro, nem um nem outro devem estar flexionados em singular. QUESTÃO 09 GABARITO: B Comentários: O pronome assinalado faz menção à palavra “período”, constante na passagem que reflete as palavras do filósofo Thomas Hobbes, contida nas linhas 03 a 05 do texto. QUESTÃO 10 GABARITO: C Comentários: Invalidam as demais opções: 8 Décio Sena “a”: a última opção é gramaticalmente indevida: não é possível empregar-se acento grave indicativo de crase após preposições, exceto com até, que faculta o emprego de outra preposição a e provoca um caso de crase facultativa. “b”: o emprego do lhes estaria gramaticalmente inviabilizado face à regência do verbo deixar. “d”: o emprego da forma à qual é descabido, tendo em vista que o pronome relativo a ser inserido na segunda lacuna desempenhará papel de objeto direto do verbo assimilar. “e”: o emprego de de que na segunda lacuna é incorreto, pela mesma razão já citada no item “d”. 9