Workshop de Commedia dell´Arte Regressar hoje à Commedia dell´Arte significa sobretudo compreender na formação do actor o próprio fenómeno do Teatro. Voltar a entrar em contacto com o sentido do Teatral, numa arte cada vez mais liberta para se (re)encontrar, desenvolvendo o humano e, por conseguinte, a sua evolução enquanto ser social. O trabalho com máscara, que implica novas regras e comportamentos, recentrando a teatralidade no corpo do actor, promovendo a despersonalização, a síntese, a fé e uma relação mais interdependente com o público; o trabalho de improvisação e criação colectiva a partir de guiões, assim como a possibilidade de tornar a corporalidade e a verbalidade mais íntimos e integrados, são algumas das vertentes a explorar neste estágio. Sobre a Commedia dell´Arte A Commedia dell´Arte foi a última manifestação de teatro mascarado no Ocidente e inscreve na História do Teatro um dos seus mais relevantes apogeus. Dos finais do Renascimento ao século XVIII, as companhias profissionalizam-se, os actores desenvolvem técnicas, fórmulas, algumas personagens como Arlechinno, Pantalone ou Pulcinella imortalizam-se e o público, o grande público, vê-lhe devolvido o teatro como uma verdadeira forma de encontro, divertimento e conhecimento. A fama de alguns actores e companhias foi tão grande que saem de Itália para praticamente todos os países da Europa e instalam-se a ponto de revolucionar toda uma forma de fazer teatral. Dramaturgos tão fundamentais como Shakespeare, Molière, Marivaux ou Lope de Vega conheciam a arte destas representações e a sua obra foi incontornavelmente influenciada por um espectáculo onde a relação directa com o público, a improvisação e a recorrência a personagens tipificadas (através de máscaras) se constituíam como os seus mais importantes pilares. Nunca antes o virtuosismo da interpretação, onde o actor procura uma representação total, chegara a um nível tão sumptuoso, com a dança, a música, o canto, a acrobacia, a prestidigitação a desenvolverem uma representação verdadeiramente pluridisciplinar. E é por isso que a Commedia dell´Arte se regista como o primeiro grande laboratório do actor moderno. No início do século XX, esta forma de representação voltou a suscitar interesse, merecendo inúmeros estudos e investigações. O seu grande valor consistia em voltar às origens e recuperar uma “ideia de teatro” que se perdia, sobretudo, com o drama burguês, moribundo, viciado, onde os actores se perdiam na estafada representação “do pescoço para cima”, sem alma, sem sensualidade, contaminada de psicologismos e sem a menor estima por aquilo que o Teatro reivindica como verdadeiramente seu: a arte da encenação. Teóricos tão importantes quanto Meyerhold, Jacques Copeau, Adolph Appia, Gordon Craig, Jacques Lecoq, Giorgio Strehler ou Ariane Mnouchkine procuraram regressar a esta fonte para colher ensinamentos perdidos e novos caminhos para uma arte cada vez mais necessária numa sociedade cada vez mais centrada no ego e na identificação com a forma exterior das coisas, dos pensamentos e das ideias. Conteúdo programático do workshop • Regras básicas do uso de uma máscara; • Contextualização da Commedia dell´Arte na história da formação do actor; • A estilização-base das personagens (segundo a escola do Piccolo Teatro di Milano); • Apresentação das 8 principais personagens (Zanni, Arlequim, Capitão, Doutor, Polichinello, Brighella e Pantalone e Apaixonados); • Estrutura de uma improvisação; • A arte da pantomima (aprender a comunicar a partir da linguagem das acções); • Improvisações com as personagens “escolhidas” pelos alunos. Nuno Pino Custódio tem desenvolvido toda a sua actividade em torno de uma metodologia de representação com máscara. Paralelamente, também as constrói. A sua necessidade de reencontrar uma poética do espaço e a urgência de estabelecer encontros entre “quem faz” e “quem vê”, devolvendo ao corpo as emoções e transpondo-as para o domínio da partilha, encontram nos ensinamentos do uso de uma máscara todo um campo de inúmeras possibilidades. Dirige estágios em Máscara desde 1991, tendo já colaborado com algumas das mais importantes escolas, universidades e companhias portuguesas. A sua actividade como encenador também é profícua: Teatro O Bando, ESTE – Estação Teatral, Teatro do Montemuro, Teatro Meridional, FC – Produções Teatrais, Teatro das Beiras, Teatro Oficina são algumas das companhias que já dirigiu. Datas: 2 / 3 e 9 Abril (fins-de-semana) Horário: 1º Fim-de-semana, Sábado: 10h - 13h; 15h - 19h; Domingo: 10h - 13h; 15h - 18h 2º Fim-de-semana: Sábado: 10h - 13h; 15h - 19h. (um total de 20h) Local: Teatro de Bolso do TEUC Público alvo: Actores, Profissionais do Espectáculo, Professores Número de inscrições: 12 Preço: 80€ 70€ professores 60€ estudantes / sócios do TEUC