vai a sua Escola A - Genoma

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A
vai a sua
Escola
II
1
ÍNDICE
A USP VAI A SUA ESCOLA II
LUZ E VIDA...........................................................................................................................4
Exposições e ensino-aprendizagem...............................................................................................................4
A exposição Luz e Vida..............................................................................................................................5
SEÇÃO I
O QUE É LUZ, QUAIS SÃO AS FONTES DE LUZ EXISTENTES, O LASER COMO EXEMPLO
DE UMA FORMA ESPECIAL DE LUZ E SUA APLICAÇÃO NA SAÚDE E ESTÉTICA.........................6
O que é a luz?.........................................................................................................................................6
Fontes de luz..........................................................................................................................................6
O que é laser e como funciona?..................................................................................................................6
Fototerapia na saúde e estética...................................................................................................................6
Painel - O que é luz?.................................................................................................................................7
Painel - Fontes de luz..............................................................................................................................8
Trajetória da luz: do pôr do sol ao arco-íris....................................................................................................9
Absorção............................................................................................................................................9
Reflexão.............................................................................................................................................10
Transmissão........................................................................................................................................10
Refração.............................................................................................................................................10
O espectro eletromagnético.....................................................................................................................12
Experimento: Simulando o azul do céu e o avermelhado do pôr do sol..........................................................13
Referências.........................................................................................................................................14
Painel - O que é laser?..............................................................................................................................15
Painel - Propriedades da luz laser................................................................................................................16
Painel - Fototerapia na saúde e na estética....................................................................................................17
O que é laser?.........................................................................................................................................18
Exemplos de lasers usados em procedimentos relacionados à saúde..............................................................18
Para saber mais........................................................................................................................................19
SEÇÃO 2
COMO SÃO ESTES OLHOS E O QUE ELES VEEM?..........................................................................20
Como são estes olhos e o que eles veem? ..................................................................................................20
Defeitos da visão......................................................................................................................................20
Ilusão de óptica........................................................................................................................................20
Painel - Como são estes olhos e o que eles veem?.......................................................................................21
Tipos de olhos e o que eles veem...............................................................................................................22
A focalização dos raios luminosos .............................................................................................................22
Painel - Defeitos da visão..........................................................................................................................23
Disturbios da visão..................................................................................................................................24
Painel - Ilusão de óptica............................................................................................................................25
Ilusões de óptica (Wikipedia)......................................................................................................................26
Uma ilusão de distância.............................................................................................................................27
SEÇÃO 3
COMO ENXERGAMOS AS CORES? COMO SE FORMAM AS CORES EM PLANTAS E ANIMAIS?..............28
Como enxergamos as cores?......................................................................................................................28
Como se formam as cores em plantas e animais?..........................................................................................28
Painel - Como enxergamos as cores?.....................................................................................................29
As células cone.......................................................................................................................................30
As opsinas.............................................................................................................................................30
Painel - Como as cores são formadas? ...................................................................................................31
Cores....................................................................................................................................................32
Teoria da cor (Wikipédia)........................................................................................................................32
Painel - Como se formam as cores em plantas e animais?.........................................................................34
Cores na natureza....................................................................................................................................35
SEÇÃO 4
VOCÊ ENXERGA TODAS AS CORES? DESCUBRA COMO!................................................................36
Teste de daltonismo..................................................................................................................................36
As células da visão...................................................................................................................................36
Como se faz um pigmento? A informação para isso está no DNA.....................................................................37
Como ler o livro da vida?..........................................................................................................................37
Leia o livro da vida...................................................................................................................................37
Painel - Você enxerga todas as cores? Descubra como!............................................................................38
Daltonismo.............................................................................................................................................39
Painel - As células da visão...................................................................................................................40
Um mergulho nas células da retina do olho humano........................................................................................41
Painel - Como se faz um pigmento? A informação para isso está no DNA ....................................................42
Painel - Como ler o livro da vida?..........................................................................................................44
O livro da vida........................................................................................................................................45
Painel - Leia o livro da vida...................................................................................................................46
Ler o livro da vida significa sintetizar proteínas...............................................................................................47
SEÇÃO 5
DE ONDE VEM A ENERGIA EM VOCÊ?.........................................................................................48
A planta no meio ambiente.........................................................................................................................48
Onde ocorre a fotossíntese?......................................................................................................................48
Para que serve a Fotossíntese?..................................................................................................................49
Você depende da energia química armazenada na fotossíntese?
Essa energia está em todos os nossos alimentos!..........................................................................................49
Painel - De onde vem a energia em você? A planta no meio ambiente..........................................................50
As plantas e o meio ambiente......................................................................................................................51
Painel - Onde acontece a fotossíntese?...................................................................................................52
A fotossíntese ocorre dentro dos cloroplastos das células das folhas................................................................53
Painel - Engenhoca da fotossíntese (energia luminosa e química)...............................................................54
Painel - Para que serve a fotossíntese.....................................................................................................55
Os cloroplastos e a fotossíntese.................................................................................................................56
A engenhoca da fotossíntese......................................................................................................................58
Oxidação e redução (Bayardo Torres, IQUSP)...........................................................................................58
Painel - Você depende da energia química armazenada na fotossíntese........................................................59
A energia dos alimentos.........................................................................................................................60
O processamento do alimento ocorre em quatro estágios...........................................................................60
A energia química alimenta nosso corpo...................................................................................................61
A respiração celular acumula a energia em moléculas de ATP........................................................................61
Calorias (Bayardo B. Torres – IQUSP).......................................................................................................61
Degradação e Síntese............................................................................................................................62
Respiração e Fotossíntese......................................................................................................................62
SEÇÃO 6
A VISUALIZAÇÃO DO MUNDO MICROSCÓPICO..............................................................................63
Microscopia e escala.................................................................................................................................63
Organismos gigantes? Não. Modelos aumentados 100 vezes.......................................................................64
Observações ao microscópio..................................................................................................................64
Visualizando as células..........................................................................................................................64
Algumas informações sobre os organismos observados...................................................................................67
Rotíferos............................................................................................................................................67
Paramécio..........................................................................................................................................68
Bibliografia.............................................................................................................................................69
SEÇÃO 7
ANEXOS..................................................................................................................................70
Texto - Fotônica e o laser na odontologia moderna. (Vanderlei S. Bagnato)........................................................70
Texto - Imagens por holografia: construindo um holograma feito à mão. (Santarelli, M.C.I.A., Muramatsu, M.)........74
A USP vai a sua Escola II
LUZ E VIDA
Exposições e ensino-aprendizagem
A contribuição de exposições de ciência é conhecida de longa data. Elas agregam à
sociedade cultura, arte e conhecimento dentro do que é conhecido como ensino não formal. Além
disso, elas estimulam a aquisição de conhecimento fazendo uso de recursos não convencionais
ou pouco utilizados no ensino formal. Tais recursos não se limitam a apresentação de texto
escrito e exploram de maneira interativa ou não o recurso espacial e com isso transmitem
uma mensagem pré-concebida valendo-se para isso de dispositivos intermediários como
objetos manipuláveis, modelos reduzidos, imagens, vídeos, entre outros, expostos de maneira
agradável e estimulante.
Sobre as exposições científicas comenta Marandino (2004):
“[...] a exposição mostra. Entretanto, não se limita a mostrar. Ela indica
também como olhar. Nessa perspectiva, pode ser abordada como uma mídia,
por se caracterizar pela apresentação simultânea de um conteúdo e de uma
técnica de produção, propondo uma forma de expressão do que é exposto.”
Está implícito no texto acima que houve uma mudança entre o saber científico que serviu
de base para o recorte conceitual da exposição e a maneira como ele é exposto, resultando
na “forma de expressão” que caracterizaria a exposição como uma mídia. Essa transformação
do saber científico para um saber que será exposto decorre de uma série de transformações
adaptativas que selecionam, simplificam e reconstroem o saber para torná-lo significativo e
mais facilmente compreendido, num processo denominado transposição didática. Entretanto
as consequências dessa transposição, especialmente no âmbito escolar, que transforma o
conhecimento, torna-o fragmentado, descontemporalizado, naturalizado, despersonificado e
descontextualizado.
A fragmentação do conhecimento como método de ensino, ou seja, a separação em blocos
dos tópicos estudados para fins didáticos, está presente no ensino bem como em boa parte dos
livros didáticos. Como resultado, a separação excessiva gera um saber descontextualizado, “já
que não se identifica com o texto do saber, com a rede de problemáticas e de problemas no
qual o elemento descontextualizado encontrava-se originalmente, modificando dessa forma seu
emprego, ou seja, seu sentido original” (MARANDINO, 2004). O aluno, dessa forma, tem uma
formação durante os anos escolares que não privilegia a atribuição de significado dentro de
um contexto, o que acarreta na produção de saberes “sem sentido” e que desmotivam o aluno
para o aprendizado. Segundo Giassi (2007) a contextualização durante o processo de ensinoaprendizagem é uma ferramenta que aproxima o aluno do conteúdo a ser aprendido, extrapola
os limites da sala de aula e integra o conhecimento ao seu cotidiano. Consequentemente, o
4
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aluno poderá “desenvolver a capacidade de pensar e agir de forma crítica e consciente”. Além da
contextualização a interdisciplinaridade também apresenta um papel fundamental (GIASSI, 2007)
ao oferecer para o aluno um leque maior de referências. A própria separação do conhecimento em
disciplinas como física e biologia, e depois em genética, botânica e ecologia é uma forma de fragmentar
o conhecimento. A interdisciplinaridade age no sentido contrário, integrando o conhecimento ao mesmo
tempo em que o contextualiza. Seria necessário “desconstruir e reconstruir nossos modelos mentais
para assimilar e integrar nossas experiências em novas formas de entender, pensar e agir” (RENNIE e
JOHNSTON, 2004).
A atenuação dos referidos reflexos negativos da transposição didática e/ou museográfica contribui para
que o estudante se torne motivado a buscar, ele próprio, o conhecimento de forma mais ativa e eficiente. A
motivação é um importante fator facilitador de ensino-aprendizagem que surge através da curiosidade acerca
das questões científicas, o que possibilitaria um elo entre o “mundo escolar” e o “mundo real” (TAGLIATI
e col, 2010). Essa motivação pode ser despertada tanto pela recontextualização do saber didático como
também por meio de outros recursos utilizados em exposições científicas. Dessa forma, tomam importância
a atratividade visual dos elementos expositivos e principalmente os dispositivos interativos. Os recursos
expositivos complementam ou reforçam um conceito contido em um texto, e propiciam uma participação
ativa do interlocutor que interpretará a obra e, com base nos seus conhecimentos prévios, “fará uma leitura
inevitavelmente pessoal e verá a obra num de seus aspectos possíveis” (LOUREIRO e SILVA, 2007).
A exposição “Luz e Vida”
A exposição “Luz e Vida” foi concebida pelo Centro de Estudos do Genoma Humano (Instituto de
Biociências USP) e Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (Instituto de Física – USP São Carlos), com
financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), tem por objetivo
ser usada como um instrumento de ensino não formal motivador para o ensino formal.
A exposição tem como eixo temático a luz solar e aborda múltiplos aspectos de conteúdos e
física, biologia e química relacionados ao tema. Além de garantir a interdisciplinaridade a exposição
foi concebida de modo a explicitar, na medida do possível, as relações entre os diversos conteúdos
expostos e a contextualizar os temas com a vida cotidiana.
O recorte conceitual foi realizado levando em consideração, além da relevância e significância dos
conceitos selecionados, critérios que garantissem a:
1. interdisciplinaridade entre biologia, física e química (em menor escala), articulando contribuições
dessas disciplinas;
2. correlação entre os conceitos abordados, facilitando a compreensão dos mesmos;
3. contextualização dos conteúdos, aproximando-os à realidade do aluno e agregando sentido ou
entendimento aos conceitos;
4. concretização de processos invisíveis.
Os conteúdos e as relações entre os conceitos abordados na exposição estão apresentados em 6
seções descritas a seguir.
5
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Seção 1
O que é LUZ,
quais são as fontes de luz existentes,
o laser como exemplo de uma
forma especial de luz e
sua aplicação na saúde e estética.
O que é a luz?
A luz é o ponto de partida para tudo o que a exposição apresenta. Todas as demais seções se
desenvolvem a partir dela ou de processos e/ou fenômenos que ocorrem com a sua participação. Um
painel discorre sobre a natureza oscilatória da luz, suas características de frequência e comprimento
de onda, as cores associadas a essas frequências e a sua capacidade de interagir com a matéria. Um
aparato interativo simula a propagação das ondas eletromagnéticas.
Fontes de luz
Um painel apresenta os seis tipos de fontes de luz e as energias a eles associadas.
O que é laser e como funciona?
Um painel e um aparato, ambos interativos, mostram o que é o laser, um tipo especial de luz, e quais
são suas propriedades.
Fototerapia na saúde e estética
A energia do laser e de outras fontes de luz, quando adequadamente transferidas ao tecido biológico
permite o diagnóstico e tratamento de muitas doenças. Um painel interativo mostra os possíveis usos
deste tipo de luz.
6
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uma eletricidade que varia noO QUE É A LUZ?
campo
campo magnético
elétrico
ema
no eletricidade
espaço: são
as
oscilações
que
varia
no
A luz é uma eletricidade
que
varia
no
campo
A luz é uma onda eletromagnética
campo
campo magnético
agnéticas
(campo
e são
elétrico
tempo
e noe no
espaço:
as oscilações elétrico
no espaço:
são
oscilações
que
variaas
noelétrico
tempo
espaço:
sãoeletromagnéticas
as oscilações eletromagnéticas
ico) que se(campo
propagam
no e (campo elétrico e
agnéticas
elétrico
(campo elétrico e magnético) que
magnético)
que se propagam no
se A
propagam
no espaço.
co) que se propagam
no
luz é uma
eletricidade que varia no
campo magnético
direção
campo magnético
espaço.e no espaço: são as oscilações elétrico
tempo
eletromagnéticas (campo elétrico e
magnético)
que se propagam
no
comprimento
de onda
direção
Sendo
oscilação,
ela
é
Sendo
oscilação, ela é
comprimento de onda
comprimento
de onda
Sendo
oscilação, ela é
espaço.
caracterizada por uma
campo
o de onda
frequência
de onda
tempo
frequência
dire
direção
comprimento defrequência
onda
distância
tempo
comprimento de onda
distância
frequência
tempo
o
uma
oscilação
uma
oscilação
tempo
uma oscilação
uma oscilação
caracterizada
porcaracterizada
uma
Sendo oscilação,
ela
éfrequência
frequência
(númeropor
de uma frequê
ciclos
por
tempo)
e
um
(número
de
ciclos
por
tempo)
e por tempo
distância
(número
de
ciclos
caracterizada
por
uma
frequência
comprimento de onda
comprimento de onda
Sendo
oscilação,
ela é de onda (e
um
comprimento
de
onda
(espaço
um
comprimento
(espaço
percorrido
(número de ciclos
por
tempo)
e
caracterizada
por
uma frequência
durante
cada
oscilação).
percorrido
durante
cada
percorrido
durante
cada
uma oscilação
distância (número
um
comprimento
de
(espaço
deonda
ciclos por
tempo) e
oscilação). de onda (espaço
oscilação). um comprimento
percorrido durante cada
percorrido durante cada
uma oscilação
raio
oscilação).
ultravioleta raio
infravermelhoradar fm tv onda am
oscilação).
raio
raio x
raio
gama
gama
Para
cada
cada cor
existecor
uma existe uma
da cor existePara
uma
frequência.
A frequência
frequência.
A frequência
aumenta
do
vermelho
ncia. A frequência
Para
cada cor
uma para o Luz visível
aumenta
doexiste
vermelho
para
o violeta.
da
cor
existe
uma
frequência.
ta do vermelho
para o A frequência
violeta.
cia. A frequência
aumenta do vermelho para o
Luz visível
violeta.
a do vermelho para o
raio x
raio
ultravioleta raio
infravermelhoradar
fm
tv
curta
ond
cur
Å (1Å =0,00000001 cm)
μm (1 μm = 0,0001 cm)
m (1m
raio
raio
ultravioleta raio m (1m = 100 cm)
Å (1Å =0,00000001 cm)
(1 μm = 0,0001 cm)
ultravioletaμmraio
comprimento
de
onda
infravermelho
raio infravermelho
raio x
radar fm tv
am
raio
raio x
radar fm tvdeonda
gama
comprimento
onda am curta
curta
gama
Luz visível
Å (1Å =0,00000001 cm)
Å (1Å =0,00000001 cm)
μm (1 μm = 0,0001 cm)
μm (1 μm = 0,0001 cm)
m (1m = 100 cm)
comprimento
de onda
m (1m
= 100 cm)
comprimento
de onda
Luz visível
espectro de luz
espectro de luz
açúcar
água
água
ên
io
luz
io
ioo
ên
ox
ig
luz
ox
ig
ên
io
luz
Sendo de natureza elétrica
r Sendo
interage
com
cargas
Sendo
de
natureza
elétrica,
de
natureza
elétrica,
aprese
luz
Sendo açúcar
deaçúca
natureza
elétrica,
a
luz
a luzmatéria
interage com(elétrons
cargas
açúcar convertido
e próton
interage
com
cargas presentes
na
em amido
presentes napresentes
matéria
interage
com
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na
açúcar convertido
matéria
prótons)
transferindo
ela energia.
captura em amido
(elétrons
e(elétrons
prótons) e a
energia
espectro de luz
xig
luz
FOTOSSÍNTESE
ên
FOTOSSÍNTESE
espectro de luz
Sendo de
natureza
elétrica,
a luz
matéria
(elétrons
e prótons)
transferindo
a ela
a energia.
ela energia.
CO2 transferindo
CO2 com
transferindo
a ela
energia.
interage
cargas
presentes na
matéria (elétrons e prótons)
transferindo a ela energia.
captura
energia
luminosa
captura
energia
luminosa
ox
ig
açúcar
água convertido
captura
luminosa
em amido
água
açúcar
açúcarCO2
convertido
em amido
CO2
energia
luminosa
7
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FONTES DE LUZ
SOL
(energia nuclear)
CHAMA
(energia química)
LÂMPADAS
(energia elétrica)
FAÍSCA
(energia mecânica)
BIOLUMINESCÊNCIA
(energia bioquímica)
QUIMIOLUMINESCÊNCIA
(energia química)
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Trajetória da luz: do pôr do sol ao arco-íris
(Talita Gishitomi Fujimoto; Mikiya Muramatsu)
Podemos dizer que a única coisa que enxergarmos é a luz. É somente através dela que podemos
construir imagens do mundo. A primeira pergunta que poderia surgir para nós é a seguinte: como a luz
faz tudo isso? Como ela interage com a matéria?
Para começar a responder a essa pergunta iremos falar um pouco sobre a natureza da luz. Discutir
esse assunto sempre foi algo complicado para os cientistas. Durante a história ela foi adquirindo
diversas propriedades e características muitas vezes controversas.
A luz pode ser tratada como onda eletromagnética, essa onda é gerada através de oscilações de
natureza elétrica e magnética, como seu nome indica.
Quando um raio de luz é emitido, ele pode caminhar para qualquer região do espaço carregando
consigo informações que são levadas através de suas características ondulatórias. Com isso, para
entendermos as diferentes informações que a luz carrega e consequentemente as diferentes imagens
que podemos formar é necessário discutir algumas propriedades das ondas como velocidade de
propagação, amplitude, frequência e comprimento de onda.
Nas ondas, a cada ciclo o elemento responsável pela onda, neste caso os campos elétricos e
magnéticos, ao se propagarem, variam de um valor máximo do campo até um valor mínimo. A
amplitude da onda pode ser determinada pela diferença entre esses valores. O comprimento de onda
é o comprimento do espaço percorrido por ela durante uma oscilação completa, por exemplo, de um
ponto de máximo até outro. A frequência é o número de oscilações que uma onda realiza por segundo.
Estes elementos estão relacionados matematicamente da seguinte forma:
c = λf
Onde c é a velocidade da luz, comprimento de onda e f a frequência. Além desses elementos
podemos definir o período de uma onda, que é o tempo que ela demora em completar cada ciclo. O
período da onda é relacionado com a frequência da seguinte forma:
T=
1
f
Esses elementos são importantes, pois são as principais formas de se caracterizar as ondas
eletromagnéticas. A luz visível, nosso objeto de estudo PE composta pelas ondas eletromagnéticas de
comprimentos de ondas que variam de 400 a 700 nanômetros, em termos de cores seria do violeta ao
vermelho.
O que essas propriedades têm a ver com as imagens dos objetos que enxergamos? Para vermos
qualquer objeto é necessário que a luz chegue aos nossos olhos. Suas propriedades indicam o
que vemos. A frequência da onda de luz que chega aos nossos olhos nos indica qual é sua cor. As
características visuais dos objetos dependerão da forma como ela interage com eles, por exemplo,
você apenas consegue ver e ler esse texto porque a luz interage com esta folha de papel. Quando a
luz chega até a folha, parte dela é absorvida e parte dela é refletida para os nossos olhos, fazendo com
que você possa distinguir o que está escrito.
Quando a luz incide sobre qualquer material, três processos essenciais podem ocorrer:
Absorção
Muitos materiais conseguem absorver a luz, isto é, toma-la para si. Quando isso ocorre o material tem
um ganho de energia, pois ele adquire a energia da luz incidente absorvida. A capacidade de absorver a
luz varia para diferentes materiais. Em geral, eles absorvem as ondas de algumas determinadas cores
e refletem outras.
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Reflexão
A luz ao incidir sobre um material pode ser reemitida, ou seja, refletida e chegar aos nossos olhos.
A reflexão permite que um material que não emite luz naturalmente possa ser visto. Alguns objetos
somente refletem determinadas cores, por exemplo, uma camisa azul reflete apenas o azul e absorve
o restante do espectro que nela chega.
Transmissão
Um exemplo é o uso de óculos com lentes coloridas como amarelas, vermelhas ou azuis. Ao olhar
por uma lente amarela tudo ao redor fica amarelado. Isto é possível por que a luz ao incidir sobre um
material pode ser transmitida totalmente ou parcialmente. No caso das lentes amarelas, será permitido
passar apenas o espectro na faixa do amarelo.
Refração
Esse fenômeno consiste basicamente na mudança de velocidade da luz ao passar de um meio de
propagação para outro. A luz se propaga com velocidades diferentes em diferentes meios. No vácuo ela
se propaga a 300.000 km/s (representada geralmente com a letra c), que é considerada a velocidade
limite da natureza, a velocidade da luz na água é ¾ c, no vidro a ⅔ c, no ar é ligeiramente menor
que c.
Uma grandeza óptica importante para caracterizar a facilidade ou dificuldade da luz propagar em
determinado meio é o índice de refração, representado pela letra n, que é a relação entre a velocidade
da luz no vácuo c e a velocidade da luz nesse meio: n=c/v. Observe que esse número é sempre maior
que a unidade e é adimensional.
n água = 4/3
n vidro = 1,5
n ar = 1,0.
Quando a luz incide obliquamente na superfície de separação de dois meios, ela sofre um desvio
percorrendo um caminho mais longo. Apesar de o caminho ser mais longo, o tempo gasto para percorrêlo é o mínimo possível, como requer o Principio de Fermat. Utilizando esse princípio podemos obter a
lei que governa o percurso do raio de luz ao passar de um meio para outro, conforme figura1.
θ1
n1
n2
θ2
n1 < n2
θ1 > θ2
Figura 1: n1 sen θ1 = n2 sen θ2
Onde n1 e n2 são os índices de refração
do 1º e do 2º meio, respectivamente, e θ 1 e
θ 2 são os ângulos de incidência e refração,
medidos em relação a perpendicular à
superfície, ao passar de um meio para
outro. Essa expressão é conhecida como
Lei de Snell-Descartes. Outra maneira de
entender essa lei é que a luz ao passar de
um meio para outro deve manter o produto
n.sen θ sempre constante, isto é, se o
índice de refração aumenta em relação ao
meio anterior, então o seno do ângulo deve
diminuir logo o ângulo deve diminuir e a luz
aproxima da normal.
10
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θ1
θ2
Devido ao fenômeno da refração é que o fundo de uma
piscina aparenta ser mais rasa. Da mesma forma se um
índio quiser fisgar o peixe deve atirar sua lança abaixo
da imagem que ele vê, pois o objeto (peixe) se encontra
abaixo de sua imagem, que foi formada devido ao desvio
da luz ao passar da água para o ar.
Figura 2
Tabela 1
Outro exemplo interessante de
refração é quando a luz atravessa um
prisma como mostra a figura 3. Se
incidirmos um feixe estreito da luz do
sol, que pode ser considerada de raios
paralelos, pois o Sol se encontra a
150 milhões de quilômetros da Terra,
haverá a separação das cores, pois
para um meio transparente qualquer a
velocidade da luz depende da frequência,
e consequentemente o índice de refração
é ligeiramente diferente para cada cor.
Observe que a luz vermelha desvia menos
que a violeta. Essa separação das cores é
denominada dispersão da luz.
Índice de refração vidro "Crown" para diversas cores
Cor
N
Vermelho
1,513
Amarelo
1,517
Verde
1,519
Azul
1,528
Violeta
1,532
A dispersão da luz explica também o fenômeno
do arco-íris, que você observa logo após a chuva
ou você utiliza uma mangueira num dia ensolarado,
aparecendo as faixas coloridas, indo do vermelho
ao violeta. Como está indicado na figura 4 abaixo
ocorrem essencialmente 3 fenômenos: 2 refrações
(na entrada e saída da gota de água), uma reflexão
e a dispersão das cores. Há vários aspectos
interessantes desse fenômeno que sempre
desperta a curiosidade das pessoas.
Figura 3
Figura 4
11
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O espectro eletromagnético
É o intervalo de todas as radiações eletromagnéticas, que contém desde as ondas de rádio, as
micro-ondas, o infravermelho, a luz visível, os raios ultravioleta, os raios X, até a radiação gama.
A cor é relacionada com os diferentes comprimentos de onda do espectro eletro magnético. Existe
apenas uma faixa específica desse espectro que percebemos e por alguns animais através de órgãos
de visão, como uma sensação que nos permite diferenciar os objetos do espaço com maior precisão.
Esse intervalo é o que chamamos de luz visível.
A cor de um material é determinada pelas médias de frequência dos pacotes de onda que as suas
moléculas constituintes refletem. Um objeto terá determinada cor se não absorver justamente os raios
correspondentes à frequência daquela cor ,sendo reemitida pelo objeto e chega ao nosso sensor(olho).
Assim, um objeto é azul se absorve preferencialmente as frequências fora do azul.
Tabela 2
Cores do espeCtro VisíVel
Cor
Comprimento de onda
Frequência
vermelho
~ 625-740 nm
~ 480-405 tHz
laranja
~ 590-625 nm
~ 510-480 tHz
amarelo
~ 565-590 nm
~ 530-510 tHz
verde
~ 500-565 nm
~ 600-530 tHz
ciano
~ 485-500 nm
~ 620-600 tHz
azul
~ 440-485 nm
~ 680-620 tHz
violeta
~ 380-440 nm
~ 790-680 tHz
4000 Angstroms
5000 Angstroms
6000 Angstroms
7000 Angstroms
Figura 5
12
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Experimento:
Simulando o azul do céu e o avermelhado do pôr do sol
A seguir será descrita uma experiência de fácil execução que pode ser aplicada a alunos do Ensino
Médio e Fundamental.
Materiais
•
•
•
•
•
Leite desnatado
Uma cuba de vidro ou plástico retangular transparente
Água
Uma lanterna com feixe estreito
Uma colher
Procedimento
Preencha
a
cuba
retangular
com
aproximadamente ¾ volume de água. Posicione
a lanterna à meia altura da cuba. A cuba com
água representa a atmosfera terrestre e a
lanterna, o Sol. A água destilada se mostra
transparente à luz,havendo pouca absorção e
espalhamento. Veja o esquema de montagem
na figura abaixo:
Acrescente uma pequena quantidade de
leite na cuba retangular e mexa com a colher.
As partículas presentes no leite representam
as partículas da atmosfera. Tente observar a
coloração da água perpendicularmente à direção
de incidência da luz, verificando que conforme
o leite é acrescentado, a água adquire um tom
azulado como a do céu, indicado na figura 7.
Figura 6. Montagem do experimento.
Figura 7. Simulando o azul do céu.
Se observarmos o lado oposto de incidência da luz (na direção de incidência) veremos a lâmpada
tornando-se cada vez mais avermelhada, pois a luz depois de percorrer toda a cuba (uma camada
grande de água), já teve a luz azul toda espalhada, sobrando apenas a luz com o comprimento de onda
na faixa do vermelho, representado na figura 8.
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Figura 8a
Figura 8b
Figura 8c
Figura 8. Simulando o avermelhado do pôr do sol. Na figura 8.a verifica-se um tom amarelado, na 8.b, mais
alaranjado e finalmente na 8.c, mais avermelhado como o do pôr do sol.
Observações: Caso esses tons não sejam conseguidos no primeiro momento, acrescente aos
poucos mais quantidades de leite até que o fenômeno seja visualizado. No local a ser realizada a
experiência, deve haver o mínimo de luz para que seja possível observar melhor o experimento.
Outro fator a ser observado é a utilização de leite desnatado em vez de integral. O leite integral
contém grande quantidade de moléculas de gordura, que possuem tamanho relativamente grande em
relação ao comprimento de onda da luz, dificultando seu espalhamento.
Com tudo que aprendemos nessa oficina, sabemos agora como utilizar materiais de baixo custo
para simular o azul do céu e o vermelho do pôr do sol e um contra exemplo da trajetória da luz num
meio não homogêneo, sendo uma boa oportunidade para demonstrar esse fenômeno do cotidiano no
Ensino Médio e Fundamental.
Referências:
Mikiya Muramatsu(Coord.). Apostila de ótica: Instituto de Física, Universidade de São Paulo, 2009.
rocha, M. N., Fujimoto, t. G.,Azevedo r. s. e Muramatsu, M. O céu azul e o vermelho do por do sol, Rev.Bras.
Ens.Fis., 32(3), 2010.
Fujimoto, t. G. Trajetória da luz: do por do sol ao arco Iris. XIX Simpósio Nacional de Ensino de Física
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O que é o LASER?
É um instrumento que produz luz de uma forma especial (diferente das
lâmpadas) e, por isto, com propriedades especiais.
Como funciona ?
energia externa
Espelho
semi-transparente
Espelho
meio ativo
A energia é acumulada nos átomos de um material chamado
meio ativo do laser.
Esta energia vai se converter em luz por meio de um processo de
emissão estimulada: uma pequena porção inicial de luz provoca a
conversão de toda a energia do meio ativo em luz.
A luz produzida é acumulada entre espelhos e uma pequena
quantidade sai em uma única direção.
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• MONOCROMÁTICA: contém uma única frequência (cor).
• COERENTE: todas as oscilações da luz ocorrem em harmonia.
• POUCO DIVERGENTE: propaga-se numa única direção sem dispersar.
Propriedades da luz LASER
APERTE O BOTÃO
APERTE O BOTÃO
Aparato interativo
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FOTOTERAPIA na saúde e estética
A energia do laser e de outras fontes de luz, quando adequadamente transferida
ao tecido biológico, permite o diagnóstico e tratamento de muitas doenças.
Gire a bolacha para ver o ANTES e o DEPOIS
VARIZES
CIRURGIA
CALVÍCIE
ACNE
TATUAGEM
RUGAS
Tratamento
de câncer
CLAREAMENTO
DENTAL
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O que é laser?
(tradução e adaptação http://www.ccohs.ca/oshanswers/phys_agents/lasers.html)
O termo "laser" é um acrônimo que significa "Amplificação da Luz por Emissão Estimulada de
Radiação". A luz do laser é uma forma de radiação não-ionizante. Este tipo de luz é produzida por um
equipamento que produz e amplifica a luz que tem propriedades únicas. A luz do laser é monocromática,
ou seja, é composta por uma única frequencia (cor). A radiação laser pode ser gerada em partes
diferentes do espectro - ultravioleta (UV), luz visível e infravermelha (IR).
A cor da luz laser é geralmente descrita em termos de comprimento de onda da radiação. A unidade
mais comum para se referir ao comprimento de onda do laser é o nanômetro (nm = um bilionésimo de
metro).
Outra propriedade do laser é ser coerente. Isto significa que os lasers produzem luz monocromática
(ie, com um único comprimento de onda), no qual as “particulas” da luz ou fotons se movem todas na
mesma direção. Isso permite que os feixes de laser sejam muito concentrados (colimados), isto é, eles
não se espalham como o feixe de luz de uma lanterna. Uma vez que o feixe de luz pode ser muito
estreito, ele tem uma elevada potência radiante por unidade de área. Essas propriedades possibilitam
que dispositivos a laser produzam feixes de laser poderosos que podem cortar até metal. Lasers são
também utilizados em medicina para o corte, e para procedimentos cirúrgicos e de vedação.
Exemplos de lasers usados em procedimentos relacionados à saúde
Uma grande variedade de lasers são utilizados nos procedimentos relativos à saude. O tipo de
laser depende da finalidade de utilização. Os lasers podem ser utilizados como facas ou sondas e para
técnicas de imagiologia. Por exemplo, facas laser pode fazer cortes que não sangram. Eles podem ser
usados para suavizar as rugas da pele ou remover verrugas da pele, quistos, tatuagens, pequenas
veias , e assim por diante. Alguns lasers comumente utilizados estão apresentados na tabela abaixo.
LASERS COMUMENTE USADOS NA ÁREA DA SAÚDE
Tipo
Tipo de radiação/
comprimento de onda
em nanometres (nm)
dióxido de carbono
(gás laser)
Infravermelho/10.600
Argônio (gás laser)
Visível, azul/488
Argônio (gás laser)
Visível, verde/514
Kripitônio Kpt 532
Visível, verde/532
Incisão e retirada de tecidos por
vaporização
vedação de vasos sanguíneos na retina,
cirurgia plástica
vedação de vasos sanguíneos na retina,
cirurgia plástica
Cirurgia: corte, coagulação e vaporização
de tecidos
Infravermelho/1,064
Cirurgia geral
Visível, vermelho/632
Oftalmologia, corte de tecidos
Hélio-Neos (gás laser)
Visível, vermelho/632
Pontaria de feixes invisíveis
rubi (laser de estado sólido)
Visível, vermelho/694
rhodamina 6G dye
Visível/570-650
Cirurgia plástica, dermatologia, destruição
de tecidos
Tratamento de tumores malignos;
comumente utilizado o vermelho (630 nm)
(gás laser)
Nd:YAG onda contínua
(laser de estado sólido)
Nd:YAG
(laser de estado sólido)
(Tunable - dye laser)
Exemplos de Aplicação
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Para saber mais:
santarelli, M.C.i.A., Muramatsu, M. Imagens por holografia: construindo um holograma feito à mão. Programa
Novos Talentos, Projeto Vivendo a USP, 2011.
Vanderlei s. Bagnato. Fotônica e o laser na odontologia moderna. Implant News 9: Suplemento especial, 8-10,
2012.
Nos sites abaixo estão descritos os usos mais comuns em medicina e estética e os princípios
de ação de tratamento com o uso de luz (laser e fotodinâmica). Todos os acessos foram feitos em
07/06/2012.
http://www.laseresaude.com.br/laserterapia_1.html (Os benefícios da laserterapia para a saúde)
http://www.youtube.com/watch?v=_VHiBIC8QA4 (uso de laser no tratamento cardíaco)
http://issuu.com/elsevier_saude/docs/convissar (uso de laser em odontologia)
http://saudenainternet.com.br/portal_saude/o-raio-laser-e-suas-aplicacoes-em-estetica.php (uso do laser em
estética)
http://transamerica.tv.br/Saude/terapia-fotodinamica.html.
http://www.dermatoscopiadf.com.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id=24&Itemid=49
http://www.einstein.br/espaco-saude/proteja-se/Paginas/terapia-foto-dinamica-trata-cancer-de-pele-sem-cicatriz.
aspx
http://www.dermatologia.net/neo/base/artigos/terapia_fotodinamica.htm
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