REGÊNCIA NOMINAL Leia a frase abaixo, observando o que há de inadequado nela. Falho de, em Favorável a Feliz de, por, em, com Fértil de, em Hostil a, para com Vazio de Vizinho a, com, de Ele tem medo fantasmas. REGÊNCIA VERBAL É fácil notar que nela esta faltando a preposição de. Essa preposição, na frase acima, é regida, ou seja, exigida pela palavra medo (ter medo de) e estabelece a relação entre medo e fantasmas. A frase correta é: Ele tem medo de fantasmas. Como a palavra medo é um nome, dizemos que aí está ocorrendo um caso de regência nominal. A regência nominal estuda os casos em que nomes (substantivos, adjetivos e advérbios) exigem uma outra palavra para completar-lhes o sentido. Em geral, a relação entre um nome e o seu complemento é estabelecida por uma preposição. Você tem abaixo alguns nomes e as preposições que mais comumente eles exigem. Adepto de Imune a, de Afável com, para com Indiferente a Alheio a, de Inofensivo a, para Aliado a, com Junto a, de Ansioso para,por Lento em Antipatia a, contra, por Livre de Apto a, para Paralelo a Atencioso com, para com Peculiar a Aversão a, por, para Próximo a, de Avesso a Referente a Ciente de Relativo a Compaixão de, para com, por Composto por,de Respeito a, com, de, Conforme a, com para com, por Constituído com, de, por Contente com, por, de, em Cruel com, para, para com Curioso de, por Simpatia a, por, para com Desgostoso com, de Situado a, em, entre Desprezo a, de, por Suspeito a, de Devoção a, para com, por Digno de Tendência a, para Dúvida acerca de, de, em, sobre Empenho de, em , por Último a, de, quem Fácil a, de, para União com, entre, a A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre o verbo (termo regente) e seu complemento (termo regido). Exemplos: Todos criticaram o projeto. O verbo criticar exige (rege) objeto direto. Todos desconfiaram de você. O verbo desconfiar exige (rege) objeto indireto iniciado pela posição de. Para o estudo da regência verbal é conveniente lembrar o seguinte: Objeto direto → complemento verbal sem preposição. Exemplo: O cientista descobriu um novo remédio. Objeto indireto → complemento verbal com preposição. Exemplo: Ninguém concordou com a sua proposta. Os pronomes oblíquos o, a, os, as funcionam como objeto direto e são aceitos como objeto por todos os verbos transitivos diretos. Exemplo: Critiquei sua atitude – Critiquei-a. Na função de objeto, os pronomes oblíquos lhe, lhes são sempre objeto indireto, más há verbos transitivos indiretos que não admitem lhe e lhes como objeto. Exemplos: O filme agradou aos críticos – O filme agradoulhes. Todos aspiravam ao cargo. (não admite lhe) Todos aspiravam a ele. (o cargo) REGÊNCIA DE ALGUNS VERBOS AGRADAR a) No sentido de fazer carinho, é transitivo direto. Ex.: A mulher agradava o filhinho. b) No sentido de contentar/satisfazer, é transitivo indireto (exige objeto indireto com preposição a). Ex.: O desempenho do time agradou ao técnico. As condições do contrato não lhes agradam. Observações: 1) Lembre-se de que verbos transitivos diretos admitem voz passiva. Por isso, nos exemplos acima, tem-se: No caso a: A mulher agradava o filhinho. (voz ativa) O filhinho era agradado pela mulher. (voz passiva) A passagem para a voz passiva só foi possível porque o verbo agradar está sendo usado como transitivo direto. No caso b: O desempenho do time agradou ao técnico. (voz ativa) Essa frase não admite voz passiva, porque o verbo é transitivo indireto. Por isso, a frase: “O técnico foi agradado pelo desempenho do time” é considerada incorreta pela norma culta da língua portuguesa. 2) Quando o complemento de um verbo é representado por pronome relativo (que, qual, cujo etc), a preposição exigida pelo verbo deve ser colocada antes do pronome relativo. Ex.: Essa é a pessoa a quem nossas críticas não agradam. É claro que, quando o pronome relativo for objeto direto, antes dele não haverá preposição. Ex.: Esse é o cãozinho que a criança agradava. AJUDAR Transitivo direto: Ex.: Ajudei meu pai. Ela o ajudou muito. ANSIAR a) No sentido de angustiar, causar mal-estar, é transitivo direto. Ex.: O concurso ansiava-o. b) No sentido de desejar ardentemente é transitivo indireto (prep. por) Ex.: Ela ansiava pelo dia de encontrar o namorado. APOIAR No sentido de ajudar é transitivo direto. Ex.: Ela apoiou o marido. Observação: quando usado na forma pronominal é transitivo indireto e tem as preposições a, em ou sobre. Ex.: Apoiou-se ao muro para não cair. Ela apoiou-se na cadeira. Apoiar-se sobre mentira é perigoso. ASPIRAR a) No sentido de respirar/sorver (ar, perfume), é transitivo direto. Ex.: Ele aspirou um gás venenoso. Voz passiva: Um gás venenoso foi aspirado por ele. b) No sentido de pretender/desejar, é transitivo indireto (exige objeto indireto com preposição a). Ex.: Os jovens aspiram ao sucesso profissional. Por ser transitivo indireto, não admite passiva. Portanto, a frase: “O sucesso profissional é aspirado pelos jovens” é uma frase gramaticalmente incorreta, apesar de ser muito comum, inclusive na fala de pessoas que utilizam a norma culta. Exemplo com pronome relativo na função de objeto: Ele conquistou o diploma a que tanto aspirava. Observação: O verbo aspirar não aceita os pronomes lhe, lhes como objeto indireto, por isso você deve substituílos por a ele, a ela, a eles, a elas. Ex.: O cargo é bem remunerado, por isso aspiro a ele. ASSISTIR a) No sentido de ver, é transitivo indireto (exige objeto indireto com preposição a). Ex.: Todos assistiram ao jogo da seleção. O jogo ao qual assistimos foi muito bom. Observação: Usado nesse sentido, assistir não aceita lhe, lhes como objeto; por isso, quando necessário, você deve trocá-lo por a ele, a ela, a eles, a elas. Ex.: Você assistiu ao jogo? Sim, eu assisti a ele. b) No sentido de prestar assistência/ajudar, é transitivo direto. Ex: A enfermeira assistia os acidentados. c) No sentido de pertencer/caber, é transitivo indireto (exige objeto indireto com preposição a). Ex: O direito de criticar assiste aos cidadãos. Nesse sentido, assistir admite lhe, lhes como objeto indireto. Ex: Esse direito lhes assiste sempre. d) O verbo assistir também pode ser usado no sentido de morar/residir. Nesse sentido, pouco usado atualmente, esse verbo é intransitivo e apresenta adjunto adverbial de lugar. Ex: Há vinte anos ele assiste nessa cidade. e) No sentido de estar, pede preposição em. Ex.: A graça de Deus assista em seu coração. f) No sentido de trabalhar, prestar serviço, pede preposição em. Ex.: Paulo assiste na Secretaria de Educação. ATENDER a) No sentido de receber alguém é transitivo direto. Ex.: O diretor atendeu os alunos na sua sala. b) No sentido de conceder um pedido é transitivo direto. Ex.: Deus atenderá suas súplicas. c) No sentido de dar atenção a alguém, levar em consideração é transitivo indireto com preposição “a”. Ex.: Atendeu aos amigos, atendendo aos seus apelos. CHAMAR a) No sentido de pedir para vir, é transitivo direto. Ex: O vaqueiro chamou os companheiros. Nesse sentido, o verbo chamar também pode ser usado com objeto indireto.(preposição por) Ex: O vaqueiro chamou pelos companheiros. b) No sentido de denominar, o verbo chamar exige sempre um objeto (que pode ser direto ou indireto) e um predicativo (com ou sem preposição) para esse objeto. Por isso, são corretas as construções exemplificadas abaixo: Alguém chamou de ladrão o juiz. Alguém chamou ladrão o juiz. Alguém chamou de ladrão ao juiz. Alguém chamou ladrão ao juiz. CONTENTAR-SE É transitivo indireto e aceita igualmente as preposições “de”, “com”, “em”. Ex.: Contentam-se com pouco. Contento-me de responder tudo. Contenta-se em ir embora sem dinheiro. CUMPRIR a) Pode ser transitivo direto. Ex.: Cumpriremos nosso dever. b) Pode também ser transitivo indireto. Ex.: Cumpriremos com nosso dever. DEPARAR a) No sentido de encontrar com, pode ser transitivo direto. Ex.: Deparando um colega leal, ele se sentirá seguro. OU: b) Pode ser no mesmo sentido, transitivo indireto com a preposição “com”. Ex.: Deparando com o inimigo aprenderá a lutar. Observação: Pode ser também bitransitivo no sentido de apresentar algo a alguém, preposição a. Ex.: A vida nos depara muita coisas. O casamento lhes deparou problemas. ENSINAR Admite três regências: a) Ensinei a ele (lhe) o problema. b) Ensinei-o a (prep.) fazer isso. c) Ensinei-lhe a dançar. ENTRETER-SE Admite três preposições (VTInd.) Entretenho-me a esperar sua resposta. As pessoas entretiveram-se com festas de fim de ano. Entretínhamos-nos em jogar xadrez. ESQUECER e LEMBRAR Esses dois verbos não mudam de sentido, mas podem ser transitivos diretos e indiretos. a) São transitivos diretos quando não são pronominais, isto é, quando não estão acompanhados de pronome oblíquo (me, nos, te, se, etc.). Ex.: Eu lembrei seu aniversário. Jamais esqueceremos esse dia. Esses são fatos que ela já esqueceu. Ele esquece que nós o ajudamos. b) São transitivos indiretos (exigem preposição de) quando usados como verbos pronominais, isto é, acompanhados de pronome oblíquo. Ex.: Eu me lembrei de seu aniversário. Jamais nos esqueceremos desse dia. Esses são fatos de que ela já se esqueceu. Ele se esquece de que nós o ajudamos. Esses dois verbos podem também apresentar uma outra construção, em que a coisa esquecida/lembrada funciona como sujeito. Ex.: Jamais me esqueceram seus conselhos. Essa frase tem o sentido de: Seus conselhos jamais sumiram de minha memória. INDAGAR a) É transitivo direto, no sentido de querer saber. Ex.: Ela passou o dia indagando a residência do namorado. b) É bitransitivo no sentido de querer saber de alguém, alguma coisa. Ex.: Ele indagava da própria mãe os motivos de sua cor. INFORMAR, AVISAR, PREVENIR, NOTIFICAR, CIENTIFICAR, ACONSELHAR Esses verbos são transitivos diretos e indiretos e admitem duas construções diferentes, com o mesmo sentido. a) Informar alguma coisa a alguém. Ex.: O guia informou o local aos viajantes. Ninguém lhe informava os problemas. Informei aos alunos que a prova seria cancelada. b) Informar alguém de alguma coisa. Ex.: O banco informou o cliente da dificuldade ocorrida. Ninguém o informou do erro. Eu informei os alunos de que a prova seria cancelada. Nesse tipo de construção, a preposição de pode ser substituída pela preposição sobre. Ex.: Ninguém o informou sobre o erro. OBEDECER E DESOBEDECER São sempre transitivos indiretos (exigem objeto com a preposição a). Ex.: Você obedeceu ao regulamento Os operários desobedecerão às suas ordens Ele já esclareceu as ordens a que devemos obedecer. Esses dois verbos, embora sejam transitivos indiretos, podem, mesmo na língua culta, ser usados na voz passiva. Ex.: Todos obedeceram ao regulamento. (voz ativa) O regulamento foi obedecido por todos. (voz passiva) PAGAR E PERDOAR Não mudam de sentido, mas podem ser transitivos diretos ou indiretos, dependendo do tipo de objeto que apresentam. a)São verbos transitivos indiretos (exigem a preposição a) quando o objeto refere-se a gente, pessoa. Ex.: Nós pagamos ao vendedor. Deus perdoa aos pecadores. b) São verbos transitivos diretos quando o objeto é coisa. Ex.: Nós pagamos o material. Eu jamais perdoaria seu erro. Esses dois verbos podem apresentar, ao mesmo tempo, objeto direto e objeto indireto. Ex.: Nós pagamos o material ao vendedor. PERSUADIR Pode ser: a) Persuadir uma pessoa de alguma coisa. Ex.: Não será preciso persuadi-lo dessas verdades. b) Persuadir alguém a alguma coisa. Ex.: Quero persuadi-lo a fazer o próximo curso. c) Persuadir a alguém alguma coisa. Ex.: Quero persuadir-lhe fazer o próximo curso. PREFERIR Exige dois objetos: um direto e um indireto (iniciado pela preposição a). Esse verbo é, portanto, transitivo direto e indireto. Preferir alguma coisa a outra coisa. Ex.: Ele sempre preferiu o trabalho ao estudo. Nós preferimos ficar aqui a ir viajar. Para o verbo preferir, a norma culta não aceita expressões de reforço (mais que, muito mais, etc), muito usadas na linguagem coloquial. Ex.: Ele prefere mais a cidade do que o campo. (língua coloquial) Ele prefere a cidade ao campo. (língua culta) PROCEDER a) No sentido de provir/originar-se é intransitivo e exige a preposição de iniciando o adjunto adverbial de lugar. Ex.: A caravana procedia do sertão. b) No sentido de dar início, é transitivo indireto (exige objeto indireto com preposição a). Ex.: O juiz procedeu ao julgamento do rapaz. O professor procedeu à leitura do texto. c) No sentido de ter fundamento, é intransitivo. Ex.: As críticas do deputado não procedem. QUERER a) No sentido de desejar, é transitivo direto. Ex.: Todos queriam o documento. b) No sentido de ter afeto/amar/gostar, é transitivo indireto (exige objeto indireto com preposição a). Ex.: O pai queria ao filho pequeno. Seus amigos lhe querem bem, Renata. SIMPATIZAR E ANTIPATIZAR São verbos transitivos e indiretos (exigem objeto indireto iniciado pela preposição com). Ex.; Poucas pessoas antipatizam com esse candidato. O candidato com quem simpatizamos perdeu a eleição. Na língua culta, esses dois verbos não são pronominais, ou seja, não admitem pronome oblíquos (me, te, se, nos, vos).Ex.: Eu me simpatizei com ele. Eu simpatizei com (norma culta) SUBIR É transitivo indireto e pode ter como preposições “de” ou “em”. Ex.: Subam ao púlpito como oradores. Sobem no banco como crianças. Observação: Em expressões já consagradas o uso da preposição “a” é obrigatório: subir ao céu, subir à cabeça, subir ao trono, subir ao poder. SUCEDER É transitivo indireto com preposição “a”. Ex.: A menina sucedeu a seus pais. Suceder-lhe seria um desrespeito. VISAR a) No sentido de pretender, é transitivo indireto (exige objeto indireto com preposição a) Ex.: Ele visava ao cargo de diretor. Observações: 1) Esse tipo de frase não admite voz passiva, uma vez que o verbo é transitivo indireto. Portanto, não aceitas pela norma culta frases como : O cargo de diretor era visado por ele. 2) Antes de infinitivo, a preposição exigida pelo verbo visar é facultativa. Ex.:A medida visava (a) eliminar os desperdícios. b) No sentido de mirar/dirigir a pontaria, é transitivo direto. Ex.:O jagunço ajeitou a arma e visou o alvo. c) No sentido de pôr visto/ assinar, é transitivo direto. Ex.: O diretor visou o documento, depois de examiná-lo. GOSTAR a) No sentido de achar bom gosto, aprovar, ter afeição (exige objeto indireto) Ex.: Gosto de laranja ? Gosto de você. Não gostava da política do PT. b) No sentido de experimentar, provar, usufruir, gozar.(exige objeto direto) Gostei férias no período de 6 a 15 de janeiro. Ela gostou o vinho e o comprou. PENSAR a) No sentido de mentalizar (exige objeto indireto e preposição “Em”) Ex.: Pensou nisso que lhe falei? Pensávamos em ser pessoas de bem. b) Aplicar curativos (objeto direto) Ex.: Joaninha pensava os feridos. NAMORAR É verbo transitivo direto. Ex.: Namorei a moça. Namorá-la foi bom. CHEGAR/IR O verbo chegar/ir é intransitivo. Porém, se o fizer acompanhar de adjunto adverbial “ haverá necessidade da preposição (a). Ex.: Chegamos! Chegamos tarde a casa. Fomos ao ponto de partida. ABDICAR/ PRESIDIR Pode ser objeto direto ou indireto no mesmo sentido. Ex.: Abdicarei o mandato. Abdiquei do mandato. (de) Presidi os trabalhos. Presidi aos trabalhos. (a) CUSTAR a) Na acepção de ser difícil, custoso, constrói-se com objeto indireto, podendo ter como sujeito uma oração reduzida de infinitivo, que pode vir introduzida pela preposição a: Ex.: Custou-me a elaboração da prova do exame. Custou-me (a) elaborar a prova do exame. Atenção: Apesar de bastante usadas, são condenadas pelos gramáticos, construções como custei a elaborar, custamos a elaborar etc., em que o verbo custar se conjuga em todas as pessoas. b) No sentido de acarretar trabalho, causar incômodo é transitivo direto (trabalho) e indireto (pessoa). Ex.: A pressa custou a você todos esses prejuízos. IMPLICAR a) No sentido de envolver, tornar necessário.(trans. direto) Ex.: Contratar pessoas implica despesas. b) No sentido de antipatizar, mostrar má disposição.(trans. indireto “com”) Ex.: João implicou com seu chefe. c) No sentido de confundir Ex.: Muitas palavras difíceis implicam o espírito dos leitores. d) Dar a entender. (verbo. Trans. direto) Ex.: Seus atos implicam seu caráter. Observação: A norma culta considera incorretas construções em que um mesmo tempo funciona como complemento de verbos de regências diferentes. Ex.:Cláudio aspirava ao sucesso e sonhava com ele. (norma culta) Observe que: aspirar (= pretender) exige preposição a e sonhar exige preposição com. A frase também poderia ser construída desta forma: Cláudio sonhava com o sucesso e aspirava a ele. (norma culta) Mas não assim: Cláudio aspirava e sonhava com o sucesso. (um só objeto para verbos de regências diferentes) Outro exemplo: Todos experimentaram o doce e gostaram dele. (norma culta) Mas não assim: Todos experimentaram e gostaram do doce. (linguagem coloquial) Observe que: experimentar não exige preposição (experimentar alguma coisa) e gostar exige preposição de (gostar de alguma coisa).