1 FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL (comportamento alimentar). Prof. Amauri B. Bartoszeck, Laboratório de Neurociência & Educação, UFPR [Out. 2006]. Introdução. O tracto gastrointestinal é a estrutura matriz da digestão. È um tubo longo que se estende da boca, estômago & intestino até o reto. Complementa-se com estruturas acessórias como: fígado (vesícula biliar), pâncreas. A digestão desdobra o alimento em partículas menores que serão absorvidas ao longo do tracto. Fome é o desejo ardente por alimento e a saciedade a gratificação do apetite. Saliva é secretada pelas glândulas salivares e sob controle do S.N. simpático como parassimpático. O pensar ou presença de alimento [visual/na boca] produz salivação reflexamente, a qual é inibida por desidratação ou medo. O estômago é um reservatório elástico onde o alimento é misturado ás secreções gástricas (ac. clorídrico/pepsina/gastrina) sob descargas de fibras do nervo vago. Visão/odor de alimento elicia secreção gástrica. O intestino delgado (duodeno/jejuno/íleo), sendo que o suco pancreático entr4a no duodeno pelo duto comum a bile (sais biliares- reduzem gordura à gotas pela ação da lípase pancreática) produzida no fígado e armazenada na vesícula biliar. Pâncreas secreta insulina/glucagon direto na corrente sangüínea. O intestino grosso faz a absorção de água/sódio/cloreto e participa na formação das fezes. A digestão dos carboidratos desdobra-os em glicose/frutose/galactose; proteínas reduzidas à aminoácidos; lipídios à gotas e ácidos graxos (glicerol) absorvidos pelos linfáticos. Gordura abundante no duodeno libera CCK (colecistocinina). Músculo converte glicose e armazena como glicogênio. O estado de pós-absorção desenhado pela evolução para conservação de energia no sistema. Ácidos graxos livres liberados do tecido adiposo, “queimados” no fígado (energia) e convertidos em cetona para uso em outros órgãos. No cérebro glia converte glicogênio em glicose para metabolismo dos neurônios (papel da barreira hematocefálica). Na fome extrema proteína muscular reduz-se à aminoácidos, que se convertem em glicose. Insulina facilita armazenamento de glicose/gordura e aumenta captação de aminoácidos pelo músculo. Aumenta também absorção de gorduras circulantes pelo tecido adiposo. Alternativamente, o glucagon facilita metabolismo das gorduras e no jejum transforma glicogênio do fígado em glicose. TEORIAS DA FOME. a) hipótese glicostática: a fome é disparada por flutuações no nível de glicose (GL). Objeções: - insulina injetada reduz glicose sang6uínea & sensação de fome; - diabéticos sem tratamento c/altos níveis de GL circulante; - diabéticos sem tratamento são cronicamente famintos. 2 b) hipótese da utilização de glicose: - diferença na concentração de GL entre sangue venoso/arterial; - grandes diferenças indicam GL/insulina presentes; pessoas dizem estar saciadas. -neurônios com glicoceptores sensíveis à insulina. c) hipótese lipostática: sugere fome é função do depósito de gorduras. Objeções: -animais forçados a comer em excesso, comem menos até peso voltar ao normal; - gordura no alimento afeta o alimentar, animal diabético ajusta ingesta de gordura. d) hipótese aminostática: sugere fome é função disponibilidade de aminoácidos na ingesta. -dieta rica em proteínas é muito saciável. e)hipótese termostática: sugere organismos comem para manterem-se aquecidos/param para refrescarem-se. Objeções: - obesos mostram pouca produção de calor após refeição; - temperatura corporal é index integrado do nível metabólico global. RECEPTORES, FOME & SACIEDADE. O cérebro usa gama de sinais hormonais/neurais para se informar do “status” digestivo/nutricional do corpo. - glicoceptores nos neurônios do hipotálamo; - hormônio CCK induz secreção pancreática; - somatostatina/VIP (polipeptídio intestinal vasoativo), GIP (polipeptídio gástrico inibitório) poderiam agir no comportamento alimentar. Centros de controle comportamental alimentar: - lesões no hipotálamo lateral [LH], animal chega a inanição; com estimulação elétrica torna-o obeso; -lesões no hipotálamo ventromedial (VMH) resulta em obesidade. Hipótese do centro-dual: - ingesta de alimento “liga” VMH (saciedade), animal para de comer; - carência de nutrientes “liga” LH (fome), animal começa a comer. Concepções atuais: - pessoa fica com fome pela antecipação da refeição (mesmo horário); - pessoa aprende o que gosta de comer (preferência do sabor); - prazer antecipado pelo alimento (sobremesa); - olfato & gustação são incentivos para a fome & saciedade. DISTÚRBIOS ALIMENTARES & APETITOMITOS. obesidade: humanos normais mantém 15% do seu peso como reserva calórica no tecido adiposo [média 10-20%]; 3 crença que indivíduo saudável requer 3 grandes refeições por dia; após 30 anos organismo reduz gasto energético; redução da eficiência do metabolismo com a idade; solução: reduzir ingesta alimentar; leptina [hor.] informa hipotálamo sobre depósito de gordura no corpo; neuropeptídeo Y [NT] produzido no hipotálamo, envolvido com regulação do apetite. ANOREXIA NERVOSA anorexia (perda de apetite) é onde afetados com o distúrbio ficam obcecados com esbeltez/manter peso baixo, ignoram tipo físico e fome e comem o mínimo; podem vomitar o que ingeriram, usar laxativos e beber muita água para suprimir apetite, excedem-se em exercícios físicos, classificam alimentos bons/ruins; não reconhecem distúrbio, pensamento anormal devido perda volume do córtex pré-frontal! perda de habilidade do pensamento lógico, avaliação da realidade, irracionalidade; quer ser muito “especial” compulsivo, humor irascível, “pavio curto”, “fica de mal fácil”; ventrículos cerebrais aumentam, diminui massa cerebral; interrupção de período menstrual (queda de testosterona no homem), tendência a evitar relação sexual; mais comum em modelos, atores, dançarinas, homossexuais; medo atrós de engordar, imagem corporal distorcida; emoções: depressão, ansiedade, irritabilidade, afastamento. BULIMIA orgias alimentares compulsivas, se “entopem” de comida, doces, que requerem pouca mastigação; perdem controle, vômitos, laxativos, excesso de exercícios; sempre bebendo diet/light, roubos em shopings, álcool/drogas, descontrole no cartão de crédito; comem secretamente (lanchinhos o dia todo) por razões emocionais, automedicação; frequentemente perfeccionistas, altas expectativas irreais, baixa auto-estima, forte necessidade de aprovação pelos outros; anoréxicos & bulímicos precisam aprender seus pontos fortes/fraquezas/sucessos/fracassos como parte do equilíbrio para uma existência normal e feliz; psicoterapia (individual, grupo, família), grupos de auto-ajuda, medicina tradicional/alternativa; tratamento tende a ser prolongado e paciente tem que aceitar que é um processo de mudança para melhor, em vez de auto-depreciação e punição continuada. Objetivos cognitivos: Após as atividades de leitura deste capítulo, você deveria ser capaz de: 1- Definir fome e saciedade. 2- Descrever os componentes do tracto gastrointestinal em termos de estrutura. 4 3- Compreender a regulação da motilidade do músculo liso (regulação miogênica). 4- Explicar a ação dos plexos nervosos, e do SNA na regulação da motilidade (reg. neurogênica). 5- Descrever a função do fígado, vesícula biliar e pâncreas. 6- Diferenciar as fases de absorção e pós-absorção. 7- Descrever o papel exercido pela insulina/glucagon na regulação dos estados acima. 8- Diferenciar entre as hipóteses sobre fome. 9- Descrever o papel representado pelos glicoceptores na sinalização de fome & saciedade. 10- Explicar a ação da colecistocinina na produção da saciedade. 11- Descrever que estruturas do SNC afetam fome & saciedade. 12- Distinguir as principais características da obesidade, anorexia nervosa e bulimia. Questões: a) Faça um desenho esquemático indicando as camadas que compõem as paredes do tubo digestivo, do início ao final; b) Faça desenho esquemático descrevendo a ação dos plexos nervoso e SNA na regulação neurogênica. c) Explique como se dá a produção da insulina e sua ação sobre os tecidos do corpo. Referência: Costanzo, L. S. pp.311-357.