Hospital Universitário Evangélico de Curitiba Policondrite Recidivante em paciente com Artrite Reumatoide e Lupus Eritematoso Sistêmico. Autores: Adrian Frozi Filho1, Damaris Ott², Thaíssa A. Mattar Valente³, Thelma L. Skare4 1 Hospital Tereza Ramos – Lages, SC 2 Hospital Universitário Evangélico de Curitiba 3 Universidade do Planalto Catarinense – UNIPLAC 4 Hospital Universitário Evangélico de Curitiba INTRODUÇÃO A Policondrite recidivante é um distúrbio incomum de causa desconhecida, caracterizado por inflamação da cartilagem que afeta predominantemente a cartilagem das orelhas, do nariz e da árvore laringotraqueobrônquica (FAUCI et al., 2013). A doença foi inicialmente descrita em 1923 por Jaksch-Wartenhorst, usando o nome policondropatia. Pearson et al. introduziram o termo policondrite em 1960. A condição afeta homens e mulheres igualmente, podendo ser vista em todas as raças. O pico de incidência é entre 40 e 60 anos. (AZEVEDO; ALBULQUERQUE; GONÇALVES, 2015). OBJETIVO Descrever o caso de uma paciente com overlap de lupus eritematoso sistêmico (LES) e artrite reumatoide (AR), que veio a desenvolver policondrite recidivante em momento de alta atividade de doença articular. RELATO DO CASO Paciente feminina, 29 anos, com diagnóstico há 4 anos de overlap de AR e LES já tendo tido úlceras orais, fotossensibilidade, eritema malar, FAN, artrite erosiva e transtorno psiquiátrico. Em uso de hidroxicloroquina, prednisona 20mg/dia, leflunomida, cálcio + vitamina D, omeprazol, escitalopram, duloxetina, pregabalina e quetiapina. Vem em consulta queixando-se de 2 meses de dor, eritema e edema em nariz e orelha direita, artralgias de grandes e pequenas articulações e dor torácica retroesternal responsiva a antiinflamatórios não hormonais. Ao exame físico apresentava eritema e edema de partes moles em nariz e orelha direita. Também tinha alodínia e poliartrite simétrica de grandes e pequenas articulações. Os exames complementares evidenciaram aumento de provas de atividade inflamatória, FAN 1/640 nuclear pontilhado grosso com anti-RNP reagente. O restante do perfil ENA, antifosfolípides e fator reumatoide eram negativos. Sorologias para hepatites B e C e HIV não reagentes. Hemograma, função hepática e renal e complementos normais. Raio-x de mãos evidenciava erosão na base do 5º metacarpiano a esquerda. Recebeu então, o diagnóstico de policondrite recidivante associada, sendo aumentada a dose de prednisona. DISCUSSÃO A policondrite recidivante (PR) é caracterizada por inflamação do tecido cartilaginoso principalmente nas orelhas, nariz e árvore laringotraqueobrônquica. Tende a ter início abrupto com o aparecimento de um ou dois locais de inflamação cartilaginosa. A condrite auricular configura o quadro clínico clássico, sendo na maioria dos pacientes, associada a acometimento nasal. A ponte do nariz se torna eritematosa, tumefacta e hipersensível, podendo sofrer colapso e causar deformidade em sela. Ocorre acometimento articular em cerca de 85% dos pacientes, com poliartrite assimétrica, não erosiva, soronegativa, de grandes articulações, e articulações esterno clavicular, costocondral e esterno-manubrial (MECHET; MCKENNA; O´FALLON, 1986). A PR pode complicar com destruição das cartilagens acometidas e colapso da via aérea por dissolução dos anéis cartilaginosos, sendo potencialmente letal. Na maioria dos casos, esses distúrbios antecedem o aparecimento da PR em meses ou anos (FAUCI et al., 2013). CONCLUSÃO: A policondrite recidivante é caracterizada por inflamação do tecido cartilaginoso principalmente nas orelhas, nariz e árvore laringotraqueobrônquica. Pode complicar com destruição das cartilagens acometidas e colapso da via aérea, sendo potencialmente letal. Cerca de 30% dos pacientes com policondrite recidivante terão outros distúrbios reumatológicos, sendo o mais frequente deles a vasculite sistêmica, seguida pela artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, síndrome de sjogren ou espondiloartrites (FAUCI et al., 2013). Ressalta-se a importância de um diagnóstico precoce para evitar complicações graves da doença. Referências: Azevedo FVA, Albuquerque JD, Gonçalves DP. Policondrite recidivante com perda auditiva severa. Rev. Bras. Reumatol., São Paulo , v. 55,n. 2, p. 174-176, Apr. 2015. Barros APS, et al. Uso de infliximabe na policondrite recidivante. Rev.Bras. Reumatol., São Paulo, v. 50, n. 2, p. 211-214, Apr 2010. Carvalho GM, et al. Policondrite recidivante e dispneia: relato de caso. RevBras Clin Med. São Paulo, 2011 nov-dez;9(6):451-4. Fauci AS, Braunwald E, Fauci AS, Kasper DL, Hauser SL, Longo I. Harrison: medicina interna. 18. ed. Rio de Janeiro: McGraw Hill, 2013. 1524 p. Gergely PJ, Poor G. Relapsing polychondritis. 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