outubro missionário 2009.indd - Missionários do Verbo Divino

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O UTUBRO M ISSIONÁRIO
2009
Missão:
testemunho
e serviço
Pedidos a:
OBRAS MISSIONÁRIAS PONTIFÍCIAS
Pe. Manuel Durães Barbosa
Rua Ilha do Príncipe, 19
1170-182 Lisboa
Telef. 218 148 428 - Fax 218 139 611
E.mail: [email protected] Homepage:www.opf.pt
1
Índice
Apresentação .....................................................................
3
Finalidade deste Guião ...................................................
4
Mensagem de D. António Couto...................................
5
Mensagem do Presidente dos IMAG ...........................
7
Missionária do Amor.......................................................
9
Oração.................................................................................
13
Sacrifício ............................................................................
17
A Partilha ...........................................................................
20
Vocação Missionária........................................................
23
Meditações sobre as leituras dos domingos ...............
26
O Sacerdote e a Missão ..................................................
33
Vamos criar um clima para a justiça .............................
35
Síno dos Bispos Africanos..............................................
38
Proposta para o futuro .....................................................
40
Vigília Missionária ..........................................................
43
Rosário Missionário.........................................................
49
Via Sacra Missionária......................................................
62
Preces Diárias....................................................................
74
Missa pela Evangelização dos Povos............................
79
Executado em Escola Tipográfica das Missões - Cucujães
Depósito Legal: 198176/03
2
Apresentação
2008 foi ano grande para a Missão em Portugal. Primeiro,
porque o Ano Paulino foi tomado muito a sério; segundo,
porque celebrámos o I Congresso Missionário Nacional com
mais de mil participantes. Duas excelentes razões para não
cruzarmos os braços e acreditarmos que, com a força do
Espírito, mais e melhor Missão é sempre possível.
O Guião ‘Outubro Missionário’ decidiu não tocar na
estrutura de base, mantendo as cinco semanas com Reflexões, a Vigília Missionária, as Meditações das Leituras
Dominicais, o Rosário, a Via-Sacra e as Preces Diárias.
Mas introduzimos alguns elementos novos: algumas
propostas para a aplicação das Conclusões do Congresso
Missionário, uma interpelação do Instrumento de Trabalho
do II Sínodo Africano, um texto sobre as Alterações Climáticas e a Pobreza, uma reflexão sobre o Ano Sacerdotal que
a Igreja está a celebrar.
Tudo excelentes razões para que este ‘Outubro’ seja
cada vez mais ‘Missionário’.
COLABORARAM NESTE GUIÃO:
Alberto de Oliveira Silva; Ana Isabel Almeida; Ana Sofia Martins; D. António Couto; Diana Salgado; Inês Santos; Ismael
Teixeira; Jerónimo Nunes; João Cláudio Fernandes; Joaquim
Domingos Luis; José Antunes da Silva; Luciano Vieira; Maria
Inês Lourenço; Mónica Gomes Pacheco; Noémia Bastos;
Pedro Ferreira; Pedro Neto; Rui Sousa; Samuel Mendonça;
Sónia Silva; Tiago Esteves; Tony Neves; Vítor Mira.
3
FINALIDADE
DESTE
GUIÃO
1. Dinamizar o mês de Outubro através de reflexões, momentos de
oração e celebrações de modo a torná-lo um mês especialmente
dedicado à Missão.
2. Oferecer material de reflexão, oração e acção para o encontro
semanal do grupo, movimento ou comunidade – escolher o dia e
hora mais conveniente. É de toda a vantagem que a reflexão realizada e o compromisso assumido pelo grupo sejam partilhados
com a comunidade paroquial no âmbito da Eucaristia dominical.
3. Orientar as comunidades para a participação activa na Vigília
Missionária e na celebração do Dia Missionário Mundial.
4. Aprofundar o espírito e a prática da oração paroquial, comunitária, familiar e pessoal – com preocupações universais – nomeadamente através das «preces diárias».
5. Sensibilizar as comunidades eclesiais, no sentido de despertarem vocações consagradas e laicais para o serviço missionário
universal.
6. Criar uma consciência viva de solidariedade, comunhão e cooperação entre as Igrejas, através de propostas de estilos de
vida simples, seguindo critérios de sobriedade alegre e fraterna
partilha de bens.
7. Motivar o conhecimento da realidade missionária de modo a
descobrir o entusiasmo e vitalidade das jovens Igrejas assim
como os valores das outras culturas.
8. Propor atitudes e gestos que levem a um maior espírito de
abertura, diálogo, colaboração e compreensão entre as pessoas,
grupos e comunidades.
9. Favorecer um maior conhecimento, colaboração, entreajuda
e partilha entre os cristãos, comunidades, associações missionárias laicais, instituições missionárias diocesanas e institutos
missionários.
10. Promover, na Igreja e na sociedade em geral, a participação
activa em acções e campanhas que visem a dignidade de todas
as pessoas, a solidariedade para com os mais pobres, excluídos
e injustiçados, e a proposta de causas a favor da justiça e da paz
entre pessoas, grupos e nações.
4
MISSÃO: TESTEMUNHO E SERVIÇO
1. No que diz respeito ao serviço do Evangelho, é absolutamente necessário ir além das palavras e das «muitas coisas» (Mc
10,21; Lc 10,42) e das posses acumuladas, móveis e imóveis,
tiques e rotinas. «O testemunho da vida cristã é caminho privilegiado de evangelização»1. O testemunho conta sempre mais, porque
é a vida exposta, sem outros argumentos. E a experiência da
testemunha é sempre mais forte e mais radical do que as provas
que eventualmente queira dar. É por isso que Filipe fala de Jesus
a Natanael, mas face às objecções deste, não lhe dissipa as dúvidas (Jo 1,45-46). Diz-lhe simplesmente: «Vem e vê!» (Jo 1,46), no
seguimento do paradigmático «vinde e vede» (Jo 1,39) de Jesus
aos dois discípulos de João Baptista que o seguiam. O testemunho
não é eficaz senão quando incita o destinatário, não a inclinarse perante as provas, mas a fazer, por sua vez, a experiência.
2. O Decreto Ad Gentes deixou admiravelmente expresso,
no n.º 21, que «sem a presença activa dos leigos, o Evangelho
não pode gravar-se profundamente nos espíritos, na vida e no
trabalho de um povo», acrescentando logo que «o principal dever
deles, homens e mulheres, é o testemunho de Cristo, que todos
têm obrigação de dar, pela sua vida e palavras, na família, no
grupo social, no meio profissional». No seu discurso aos Membros
do Consilium de Laicis, proferido em 02 de Outubro de 19742,
Paulo VI fez uma importante afirmação, que depois retomou na
Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi, n.º 41: «O homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do
que os mestres, ou então, se escuta os mestres, é porque eles
são testemunhas». Na mesma linha de ideias, são marcantes
as palavras que Mons. Luigi Giussani, fundador do movimento
«Comunhão e Libertação», proferiu na sua intervenção no Sínodo
dos Bispos sobre os leigos, em Roma, em 09 de Outubro de 1987:
«O que faz falta mesmo não é a repetição verbal ou cultural do
anúncio, mas a experiência do encontro com pessoas em cuja
vida Cristo se tornou uma realidade de tal modo presente, que a
sua vida mudou»3.
3. É aqui que se pode regressar sempre ao «maior missionário de todos os tempos»4: Paulo. Diz ele: «Ai de mim se não
evangelizar!» (1 Cor 9,16). Paulo anuncia convictamente a notícia
da Ressurreição de Jesus, e oferece como garante o relato da
5
transformação operada na sua própria vida, confessando que
deixou muitas coisas para trás, e que se atira agora para as coisas que estão à sua frente (Fl 3,13). Aí está o retrato e o relato
da testemunha credível.
4. É o Senhor Jesus Cristo que, por amor, se debruça sobre
nós, abaixando-se até ao ponto de nos lavar os pés e a alma5,
que está na origem da reviravolta operada em S. Paulo, levando-o
a tomar consciência de ser um pecador perdoado, e fazendo-o
compreender bem que o modo novo como se deve dirigir às
pessoas, para ser fiel à graça recebida, é falar-lhes de joelhos:
«Suplicamo-vos em nome de Cristo: reconciliai-vos com Deus!»
(2 Cor 5,20). É ainda esta inesquecível lição de amor que leva
Paulo a recomendar a Tito que ensine os fiéis a «serem mansos,
mostrando toda a doçura para com todas as pessoas» (Tt 3,2).
E João Paulo II precisa, com singular afecto, que a paróquia é «a
própria Igreja que vive no meio das casas dos seus filhos e das
suas filhas»6, e que a sua vocação «é a de ser a casa de família,
fraterna e acolhedora»7, e grava esta afirmação emocionada e
mobilizadora: «O homem é amado por Deus. Este é o mais simples e o mais comovente anúncio de que a Igreja é devedora ao
Homem»8. E a Conferência Episcopal Italiana continua a fazer
ressoar esta bela melodia: «No coração de quem aderiu ao Senhor
Jesus Cristo, não pode deixar de nascer o desejo de condividir o
dom recebido, de “amar como fomos amados”»9.
† António Couto
_____________________________________
CONFERÊNCIA EPISCOPAL ITALIANA, Questa è la Nostra Fede. Nota pastorale
sul primo annuncio del Vangelo (15 de Maio de 2005), 9.
2
AAS, 66, 1974, p. 568.
3
Publicada em L. GIUSSANI, L’avvenimento cristiano, Milão, Bur, 2003, p. 23-24.
4
O Papa Bento XVI consagra esta expressão na sua Mensagem para o 45.º Dia
Mundial de Oração pelas Vocações (13 de Abril de 2008), n.º 3, publicada em 3
de Dezembro de 2007.
5
H. URS VON BALTHASAR, L’amour seul est digne de foi, Aubier, Montaigne,
1966, p. 130-131.
6
JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica pós-sinodal Christfideles Laici (30 de
Dezembro de 1988), 26; CONFERÊNCIA EPISCOPAL ITALIANA, Nota Pastoral Il
volto missionario delle parrocchie in un mondo che cambia (30 de Maio de 2004),
3 e 13.
7
JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Catechesi tradendae (16 de Outubro de
1979), 67.
8
JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica pós-sinodal Christfideles Laici, 34.
9
CONFERÊNCIA EPISCOPAL ITALIANA, Comunicare il Vangelo in un mondo
che cambia, 3.
1
6
MISSÃO: ANUNCIAR CRISTO
encontrado, amado e vivido
Dá-me grande alegria constatar que todo o mês de Outubro
está a ser sempre mais considerado pelas nossas comunidades
como o mês missionário, que tem como ponto alto a celebração do Dia Mundial das Missões – que neste ano ocorre no dia
18 de Outubro. A importância progressiva que é dada ao mês
missionário, revela a crescente consciência missionária da Igreja. Para ela, “evangelizar é a graça, a sua vocação própria, a
sua identidade mais profunda” (Exortação Apostólica Evangelii
Nuntiandi, n° 14). Ao dedicar todo o mês de Outubro à oração,
reflexão e partilha, a Igreja quer reavivar em cada comunidade
cristã e em cada discípulo de Cristo o dom da fé que o Mestre lhe
confiou para ser partilhado com todos os povos da terra. Esta é
a sua razão de existir. Assim, pode-se afirmar que ou a Igreja é
missionária ou ela não é nada, porque, desde o seu nascimento,
ela entende-se a si-mesma em missão. Deste modo, o mandado
missionário continua a ser prioridade absoluta para todos os
baptizados. Cada um, segundo a sua vocação, está chamado
a empenhar-se no anúncio da vida que recebeu de Jesus, onde
quer que se encontre.
Os missionários de hoje – leigos, consagrados, sacerdotes –
partem das nossas comunidades ou de comunidades semelhantes
às nossas e são enviados a toda a gente, para dar continuidade
à missão de Jesus, missão de compaixão e de amor para a vida
de todos. Mas só terá a coragem de partir…da sua terra…do seu
mundo…e de se dedicar à missão quem se encontrou verdadeiramente com Deus e se apaixonou por Ele. A missão - sabemo-lo
- é iniciativa de Deus. É o próprio Deus que dá origem à missão:
é Ele que chama, é Ele que suscita as testemunhas. A missão é,
então, consequência de uma descoberta e de uma surpresa de
Deus na própria vida. A história de cada missionário é, de algum
modo, a história de um testemunho, de um encontro vivido. A
missão é, então, anunciar o Cristo encontrado, amado e vivido.
7
Daí a importância da oração neste mês, para nos apaixonarmos
por Aquele que nos amou primeiro e podermos entender mais
pessoalmente o seu chamamento.
A nível de Igreja, o mês de Outubro deste ano é marcado por
dois eventos significativos: o primeiro é o Ano Sacerdotal, que
foi oficialmente aberto por Bento XVI, pela ocasião dos 150 do
nascimento do Santo de Ars. Convida-nos a olhar para as nossas
paróquias como uma comunhão de forças apostólicas, unidas ao
seu pastor e a relançar a dimensão missionária da paróquia, ao
estilo de missão de Jesus, que usava de compaixão para com
os que estavam nas fronteiras, com os últimos e os excluídos,
transformando os seus discípulos em testemunhas de partilha e
solidariedade ao serviço da vida. O segundo, é o II Sínodo para
a África, marcado para Roma de 4-25 de Outubro deste ano sob
o tema: “A Igreja em África ao serviço da Reconciliação”. Será
certamente um Sínodo que marcará o rumo que a Igreja católica
quer seguir neste continente africano. Os cristãos, como construtores de comunhão, podem ajudar a sarar o coração ferido destas
sociedades, sendo testemunhas ao serviço da vida.
A todos um feliz mês missionário na comunhão da oração,
no testemunho e no serviço do Reino de Deus que é justiça,
fraternidade e paz.
P. Alberto de Oliveira Silva, MCCJ
Presidente dos IMAG
8
SEMANA ZERO
27 de Setembro a 4 de Outubro
MISSIONÁRIA DO AMOR
INTRODUÇÃO
Santa Teresinha do Menino Jesus é uma santa sempre actual,
uma carmelita de alegria profunda na prática de uma caridade
viva e vivida.
Pela sua entrega total ao amor Misericordioso de Deus, pela
sua constante ânsia em que ardia por “salvar almas”, pelos laços
de fraternidade espiritual que cultivou com alguns missionários no
campo de missão, ela foi escolhida como Padroeira das Missões.
É com Ela, invocando a sua memória e a beleza da sua vida, que
abrimos este “mês missionário”.
No Carmelo de Lisieux, Prisioneira por amor e do Amor, desejou ardentemente percorrer o mundo inteiro para implementar
a Cruz de Cristo em todo o lado. A experiência do Deus Misericórdia é o Centro de toda a sua vida e obra. Num Tempo em
que se anunciava o Deus da Justiça, vindicativa, ela descobre e
inflama-se do Amor Misericordioso e, no seio da Igreja Sua Mãe,
ela quer ser o Amor.
ESCUTAR A PALAVRA
Lucas 15, 11-32 e 1 Cor 12 - 13
REFLEXÃO
Foi um dia na reflexão da Parábola do Filho Pródigo, ou antes a Parábola de Deus Pai Sempre Misericordioso, que Teresa
descobriu o Deus-Amor-Sempre-Misericordioso. Enquanto outras
religiosas se ofereciam como vítimas à Justiça de Deus, Teresa
num caminho bem diferente, fazia o oferecimento de si mesma
ao Amor Misericordioso de Deus. Dizia ela “o Deus infinitamente
9
Misericordioso que se dignou a perdoar com tanta bondade, os
pecados do filho pródigo, não será também justo comigo, que
estou sempre a seu lado?”
Deus, para Teresa, manifesta-se justo, manifestando a sua
misericórdia e o seu perdão a quem necessita, realizando assim
as suas promessas. Teresa, contra a corrente do seu tempo, intuiu,
que a Justiça de Deus é Amor e Misericórdia.
Foi mergulhando na misericórdia de Deus que ela trilhou o seu
caminho de Santidade: aceitando-se pequena e pobre como era,
abrindo-se todos os dias à Misericórdia Infinita de Deus.
Foi na meditação da primeira carta aos Coríntios, onde Paulo
descreve as várias funções sociais na Comunidade, e conclui com
Hino ao Amor, que Teresa descobre e confirma, que o dom mais
perfeito, não é nada sem o Amor. Ela que antes vivia inquieta por
não se reconhecer em nenhum membro do Corpo de Cristo ou em
nenhuma função da Igreja Particular (porque desejava ser tudo),
sentiu como que encherem-se-lhe todas as medidas e anseios,
percebendo que podia ser no Coração da Igreja, Sua Mãe, o
Amor. Descobriu que era este Amor que fazia agir e dava vida e
vigor a todos os seus membros e encerrava todas as vocações
e animava também os missionários: “Compreendi que o Amor
encerra todas as Vocações e que o Amor é tudo!... então, num
transporte de alegria delirante, exclamei: encontrei finalmente a
minha vocação, a minha vocação é o Amor! No Coração da Igreja
Minha Mãe, eu serei o Amor, assim serei tudo, assim o meu sonho
será realizado.”
Para ela, como para Paulo, o Amor é o fundamental em tudo.
Por isso ela se identifica com o Coração da Igreja, dizendo que é
lá que o Amor está, no Órgão Central do Corpo de Cristo que é a
Igreja e, por isso, escolheu para si, o símbolo do Coração.
A descoberta do Deus Misericordioso foi o ponto mais importante do seu Caminho Espiritual. Foi também a percepção do
alcance da sua missão na Terra, vendo que tinha entre os Homens,
esta grande missão de anunciar que Deus não é Castigador, mas
Misericordioso. Esta confiança na Misericórdia de Deus, tomou,
10
transformou e entreteceu toda a sua vida e tornou-se o grande
motor do que fez e disse até ao fim dos seus dias.
A PALAVRA GERA ORAÇÃO
REZEMOS em Igreja pelas Missões e pelos Missionários que
trabalham nos 5 continentes, dizendo com confiança:
R: Fazei, Senhor, que eu viva a missão da Igreja com zelo
e amor
1.
Que, tal como os missionários partiram e partem pelo
mundo inteiro, sejamos pessoas prontas a viver os riscos
que comporta o anúncio do Evangelho nas mais diversas
situações da nossa vida. Oremos.
2. Porque sabemos que a nossa Europa é agora lugar privilegiado de Missão, ajudai-nos Pai, com o Vosso Espírito,
a ser testemunhas coerentes do Jesus vosso Filho no
meio em que vivemos. Oremos
3. Por todos os homens que possuem na sua cultura traços
de verdade e santidade evangélica, dai, Senhor, a graça
de alcançarem a plenitude em Cristo. Oremos.
4. Para que a memória de Santa Teresinha, nos desperte
para sermos missionários pela oração. Oremos
5. Pai Misericordioso, para Quem toda a expressão religiosa
tem algo de bom e verdadeiro, uni os esforços de todas
as Religiões para que juntem forças na criação de um
mundo mais pacífico e solidário. Oremos.
TODOS: Deus, Nosso Pai; como Santa Teresinha do Menino
Jesus, Padroeira Universal das missões, ajudai-nos a acompanhar de coração, a Obra Missionária da Igreja, e que todos os
homens possam descobrir em Cristo a plenitude de vida por que
aspiram. Por N.S.J.C, vosso filho, que vive convosco na unidade
do Espírito Santo – Amen.
11
A PALAVRA TORNA-SE ACÇÃO
Santa Teresinha, Padroeira das missões, ensina-nos que há
dois modos de ser missionário na Igreja, e que podem colaborar
juntos ou separados: missionário por presença física nas terras de
missão, os homens ou mulheres cristãos a quem Deus concedeu
tal carisma, e missionário da oração e da partilha, que pela oração e pela partilha se sacrificam de modo que a graça de Deus
actue na vida e na acção dos Missionários e na vida do povo que
evangelizam. Estas duas formas de ser missionário na Igreja são
muito necessárias e completam-se.
É na segunda forma de ser missionário, com o coração, pela
oração, que Santa Teresinha será sempre exemplar para nós.
“Quando rezo pelos meus irmãos missionários, não ofereço os
meus sofrimentos, digo simplesmente: Meu Deus, dai-lhe tudo
o que desejo para mim”. Assim Teresa intercedia pelos seus
irmãos missionários e estabelecia com eles pela oração e por
cartas, como que uma fraternidade e missionariedade espiritual
e universal.
Vamos todos empenhar-nos para que haja uma entusiasta
celebração do Mês das Missões. Que este Outubro de 2009 seja
o momento do grande envio de Cristo a todos os Cristãos: “Ide
pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a todos os povos...”.
Bênção e cântico final
12
PRIMEIRA SEMANA
5 a 11 de Outubro
ORAÇÃO
Este encontro tem dois objectivos: 1. Tomar consciência de que a graça da
Missão brota do contacto íntimo com Cristo na oração; 2. Dar à nossa oração
uma dimensão mais universal como a de Jesus: interceder pela salvação do
mundo, sobretudo dos que mais precisam. Para criar o ambiente podemos
colocar na frente um globo com uma cruz ou uma imagem do Salvador.
Saudação do Presidente
“Muita gente, nas nossas paróquias, escolas e movimentos,
permanece firmemente agarrada aos valores evangélicos, sobretudo aqueles que temos em comum com todos os homens
de boa vontade, tais como a liberdade, a justiça, a paz, a solidariedade, o respeito pela criação. Mas este culto dos valores
está separado do culto da pessoa viva de Cristo, e manifestase no deficit da oração, da adoração, da prática sacramental.
Cristo é então relegado para um discurso no passado e na 3.ª
pessoa, do género: «ele disse isto», «ele fez aquilo». Neste
discurso, há uma ausência significativa do vocativo da oração
e do encontro sacramental. Um tal cristianismo, reduzido a
uma ética, não pode resistir muito tempo. Somos todos contemporâneos do Ressuscitado. Não simples continuadores.
Ele está connosco todos os dias (Mt 28,20), presidindo-nos,
precedendo-nos, chamando-nos e enviando-nos, implicandonos na sua missão. A igreja é a esposa de Cristo. Não a sua
viúva nem a sua filha.”
D. António Couto
Oração: Senhor Jesus, que nos escolheste para Tuas testemunhas até aos confins da terra, renova-nos e fortalece-nos com o
teu Espírito, para proclamarmos com todo ardor que ressuscitaste
e estás vivo para sempre. Que a Virgem Maria, Mulher orante,
nos acompanhe no caminho para a civilização da Justiça, da
Verdade e do Amor. Ámen
13
2. ESCUTAR A PALAVRA:
“Para o cristão, desejar a felicidade é desejar estar com Cristo
para sempre, mergulhar na sua plenitude de vida, até que Ele venha definitivamente na sua glória… O mito da felicidade imediata
pode matar a esperança” – diz D. José Policarpo. Os primeiros
cristãos sabiam estar com Cristo, mesmo no meio da tribulação.
Leitura dos Actos dos Apóstolos Act. 4, 24-30
Cântico de Meditação:
Pai, eu Te adoro / Te ofereço a minha vida / Como eu Te amo.
Jesus Cristo…
Espírito Santo eu Te adoro...
Evangelho de S. Lucas Lc. 11, 9-13
Pequena homilia e um ou dois testemunhos
3. A PALAVRA GERA ORAÇÃO
•
Pai eterno que, antes da criação do universo, nos abençoastes e nos escolhestes em Cristo, para sermos santos
e imaculados diante de vós;
R: Mandai, Senhor, o vosso Espírito e renovai a terra
14
•
Pai misericordioso, que nos manifestastes a vontade de
salvar toda a humanidade, enviando-nos o Vosso Filho
para anunciar o Reino da Vida;
•
Jesus, Filho de Deus e nosso irmão que na cruz doastes a
vida para reunir todos os povos na única família de Deus
e ressuscitastes para que todos tenham a vida imortal;
•
Espírito de toda a consolação, que no Pentecostes derrubastes as torres de Babel para instaurar a linguagem
do Amor e unir todas as línguas na catolicidade da fé;
•
Pai, Filho e Espírito Santo, olhai sorridente para a imensa
humanidade que ainda vive alheia ao apelo do Evangelho
e da fé;
•
Fazei brotar as sementes do Verbo espalhadas em todos os povos e abri os corações à força renovadora da
Palavra;
•
Abri a Igreja, a nossa diocese e a nossa paróquia ao
dinamismo do Espírito, para serem Sacramento de Salvação universal, anunciarem a Boa Nova com ousadia,
e formarem nova geração de apóstolos;
•
Sustentai os pés abençoados dos missionários que correm novos caminhos a gerar novas comunidades, sinais
transparentes do vosso Reino;
•
Não permitais que a nossa apatia atrase o advento do
Vosso Reino de Paz, Liberdade e Justiça;
•
Despertai em toda a Igreja novo impulso missionário,
humilde, pobre e confiante, capaz de dialogar com a
humanidade de hoje e formar pessoas novas para uma
sociedade mais fraterna;
•
Por intercessão de Maria, nossa mãe, fazei-nos dignos
da vocação que nos provoca a sair de nós para irmos
ao Outro como testemunhas da Boa Nova da Salvação
universal.
Presidente: Pai Nosso...
4. A PALAVRA TORNA-SE ACÇÃO
(colocar um caderno em branco onde se poderão escrever alguns compromissos)
A palavra final do Congresso Missionário foi um apelo
à encarnação da Missão na nossa vida:
Abres a página dobrada sobre o vinco:
as palavras saltarão para o teu colo,
para o teu rosto, para o teu regaço,
para o teu sorriso, para a tua mão
15
Estão vivas as palavras, meu irmão,
estão vivas.
acordam quando tu as lês,
todos os dias,
quando desdobras a página, o coração,
onde dormem suavemente enternecidas.
Um vinco na página,
aí está o congresso, não de gesso,
mas um gesto aberto e de terna comunhão.
Senhora da Anunciação, que corres ligeira pelos montes,
vela por nós, fica à nossa beira.
É bom ter a esperança como companheira.
Vai, meu irmão!
Vai, minha irmã!
Não deixes para amanhã
a beleza dos teus passos sobre os montes:
Vive a missão, rasga horizontes.
D. António Couto
Presidente da Comissão Episcopal das Missões
Bênção e Canto final
16
SEGUNDA SEMANA
12 a 18 de Outubro
SACRIFÍCIO
Saudação do Presidente
Sacrifício... é uma palavra dura, incómoda. Vivemos na
sociedade do imediato, do prazer, do consumo de bens, de
relações, de coisas.
Cai em desuso o sacrifício, a persistência, cai em desuso
tudo aquilo que não produz resultado e efeito imediato.
Para nós cristãos, temos um modelo fantástico da importância do sacrifício, não um sacrifício beato ou pseudo-religioso
que pretenda valer por si. A nossa fé, conduz-nos à Liberdade e
nunca ao sofrimento e ao sacrifício per se. O sacrifício é sempre
parte do caminho do esforço, mas nunca o objectivo.
Jesus Cristo, o modelo ideal, passou por ele como ninguém.
Viveu o sacrifício, o esforço e a persistência até ao limite dos
limites.
Recordamos as horas do Jardim das Oliveiras, as horas de
silêncio e julgamento, as horas da cruz, minuto a minuto... A
paciente persistência, o sacrifício das horas que se avizinham.
O sacrifício por Amor.
INTRODUÇÃO
A nossa vida é um conjunto de escolhas, que fazemos dia-adia. Escolhemos levantar-nos, escolhemos um pão, uma torrada
ou cereais. Escolhemos o café, escolhemos o trabalho, a oração,
escolhemos a cor de uma camisola nova, escolhemos o bem, o
mal, escolhemos ir na corrente, escolhemos não ir, escolhemos
o nosso caminho... ou não o escolhemos.
Ser cristão exige decisão e sacrifício. Estes são os ingredientes de uma vida livre em caminho para a felicidade libertadora
de Deus.
É sempre mais fácil ir na onda, é sempre mais fácil viver no
17
conforto, viver sem confronto. É sempre mais fácil deixar as responsabilidades, os trabalhos invisíveis para os outros; é sempre
mais fácil não nos sacrificarmos, mesmo que esse sacrifício fosse
escolha de Amor.
Bem aventurados aqueles que se sacrificam até ao fim por
quem e por aquilo em que acreditam!
ESCUTAR A PALAVRA
Leitura do Evangelho segundo São Mateus (Mateus 5, 1-16)
REFLEXÃO
Bem aventurados os que vivem a paixão de Cristo, bem aventurados os pobres, os oprimidos, os que trabalham no silêncio da
solidão, bem aventurados os misericordiosos, os que trabalham,
dia após dia na vinha do Pai por um mundo melhor...
Quem quero ser eu?
Um dos que vive a vida, fazendo o que dá prazer e é agradável? Um que valoriza mais a sociabilização, o convívio por si
ou dos que convive e se une aos outros com um sonho comum
de Deus?
Que quero fazer eu?
Seguir o Senhor, mas desistir nos obstáculos que exijam
sacrifício para serem ultrapassados?
Como quero viver a minha vida? Como quero viver a minha
Paixão?
A PALAVRA GERA ORAÇÃO
Presidente: Supliquemos a Cristo, exemplo de doação total,
para que nos encha de coragem a fim de abraçarmos os sacrifícios
da vida como Ele abraçou a cruz e digamos:
Todos: Ensina-nos Pai, a seguir-Te para lá do sacrifício.
1. Por todas as pessoas a quem o sacrifício da vida, tantas
vezes, desampara e desesperança;
2. Para que os abandonados à vida e a si mesmos nunca
percam o conforto no coração de Deus;
18
3. Que as crianças entregues ao sacrifício da luta diária
pelo combate à fome consigam um futuro e uma vida
condigna;
4. Por todas as pessoas que no mundo choram a fome, a
sede, a solidão e a guerra da sua pátria e por todos quantos estão prontos ao sacrifício do serviço e da entrega
sem reservas;
5. Por todos os Missionários e Voluntários que se dão sem
cessar e sem temer o sacrifício da própria vida a uma
Causa de Amor, que Deus sempre os proteja e ampare;
6. Que o Espírito Santo ilumine os cristãos, a fim de que,
se entreguem à Missão que é de todos.
Presidente: Pai Nosso...
A PALAVRA TORNA-SE ACÇÃO
Quais são as minhas motivações na vida, nos estudos, no
trabalho, na Missão, no voluntariado?
Entrego-me àquilo que dá prazer?
Procuro o trabalho invisível, aquele que exige esforço e sacrifício mas que não se vê excepto quando há falhas? Sou forte perante o sacrifício, nunca esquecendo o Amor ao próximo e o Amor
do Pai? Sou forte, enfrentando as tarefas difíceis da vida?
Que propósito de Missão para a minha vida neste ano pastoral?
[Numa folha, as pessoas escrevem alguns propósitos de acção (e
o bem que esses propósitos edificarão) para cumprirem no ano pastoral
que recentemente começou, valorizando aquelas ideias e acções que
exigem sacrifícios pessoais para serem concretizadas]
Benção e cântico final
19
TERCEIRA SEMANA
19 a 25 de Outubro
PARTILHA
Saudação do Presidente
Com a morte da esposa, em 1387, Nuno recusa contrair
novas núpcias, tornando-se um modelo de vida. Quando finalmente se alcança a paz, distribui grande parte dos seus bens
entre os seus companheiros, antigos combatentes, e acaba
por se desfazer totalmente daqueles bens em 1423, momento
em que decide entrar no convento carmelita por ele fundado,
tomando então o nome de frei Nuno de Santa Maria. Impelido
pelo Amor, abandona as armas e o poder para revestir-se da
armadura do Espírito recomendada pela Regra do Carmo: era
a opção por uma mudança radical de vida em que selava o
percurso da fé autêntica que sempre o tinha norteado. Embora
tivesse preferido retirar-se para uma longínqua comunidade de
Portugal, o filho do rei, D. Duarte, de tal o impediu. Mas ninguém
pôde proibir-lhe que se dedicasse a pedir esmola em favor
do convento e, sobretudo, dos pobres, aos quais continuou
sempre a assistir e a servir. Em favor dos pobres organiza a
distribuição quotidiana de alimentos, nunca voltando as costas
a um pedido. O Condestável do rei de Portugal, o Comandante
supremo do exército e seu guia vitorioso, o fundador e benfeitor
da comunidade carmelita, ao entrar no convento recusa todos
os privilégios e assume como própria a condição mais humilde,
a de frade Donato, dedicando-se totalmente ao serviço do Senhor, de Maria — a sua terna Padroeira que sempre venerou
— e dos pobres, nos quais reconhece o rosto de Jesus.
Biografia de S. Nuno de Santa Maria (1360-1431)
INTRODUÇÃO
“Sabei que o Senhor faz maravilhas pelo seu amigo e há-de escutar-me quando o invocar” (Sl 4, 4).
S. Nuno de S.ta Maria é exemplo do sentido cristão de partilha.
Após a consolidação da independência de Portugal, abriram-se
20
novas rotas que haviam de propiciar a chegada do Evangelho
de Cristo até aos confins da terra. S. Nuno sente-se instrumento
deste desígnio superior e coloca-se ao serviço do testemunho que
cada cristão é chamado a dar no mundo, sem nunca esquecer
uma intensa vida de oração e absoluta confiança no auxílio divino.
Assim, concilia, na sua vida, a missão como testemunho de Cristo
e do Evangelho, abrindo portas para a missão além fronteiras, com
o testemunho diário do que é viver segundo o Evangelho.
ESCUTAR A PALAVRA
Carta de S. Paulo aos Efésios (Ef 4, 1-16)
REFLEXÃO
O texto da Carta aos Efésios mostra-nos diferentes vertentes
da partilha: partilha dos dons do Espírito Santo, partilha de bens
materiais, partilha de conhecimento, de modo que todos sejamos
um em Jesus Cristo, porque sendo Ele a Cabeça, cada um de nós
é chamado a ser membro, e um membro activo na verdade do
Amor. O texto interpela-nos também com a partilha sob a forma
de caridade: Trabalhar não para “consumo próprio” mas para
repartir com os que mais necessitam.
A PALAVRA GERA ORAÇÃO
A palavra de Deus é ela própria oração.
Deixemos que ela entre e toque o nosso coração.
De que modo vivemos estes dois sentido de partilha na nossa
vida?
Como é que a palavra de Deus orienta os nossos gestos de
caridade e de anúncio do Evangelho?
De que modo tudo isto poderá fazer sentido numa altura em
que somos constantemente “bombardeados” com notícias negativas de uma crise económica e social profunda?
(deixemo-nos envolver por um momento de silêncio)
Rezemos juntos com Sto. Inácio, para que ele nos ajude a
entrar na escola da partilha da fé, dos bens materiais... da própria
vida:
21
Tomai, Senhor, e recebei
toda a minha liberdade,
a minha memória,
o meu entendimento
e toda a minha vontade,
tudo o que tenho e possuo;
Vós mo destes;
a Vós, Senhor, o restituo.
Tudo é vosso,
disponde de tudo,
à vossa inteira vontade.
Dai-me o vosso amor e graça,
que esta me basta.
(Sto. Inácio)
A PALAVRA TORNA-SE ACÇÃO
Tendo como base diferentes exemplos de vida abraçada
verdadeiramente pela santidade, sou convidado a descobrir
de que modo partilho a minha vida.
Faço já o suficiente? Como cristão, de que modo sou
chamado a intervir activamente na sociedade? Posso ser um
cidadão mais consciente e activo? Como vivo a caridade e o
anúncio do Evangelho? Que posso eu partilhar esta semana?
Vou então comprometer-me a …
(tempo para que a pessoa possa realmente formular o seu próprio compromisso a partir do contexto em que vive).
Bênção e Cântico final
22
QUARTA SEMANA
26 a 31 de Outubro
VOCAÇÃO MISSIONÁRIA
Música de fundo; mapa do mundo ou o desenho de todos os continentes.
Enquanto uma pessoa aclama: “São necessários missionários que iluminem o
mundo”, há uma outra pessoa que acende uma vela e a coloca em cada um dos
cinco continentes, cada um por sua vez e pausadamente.
Saudação do Presidente
Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio
E suportar é o tempo mais comprido.
Peço-Te que venhas e me dês a liberdade,
Que um só de Teus olhares me purifique e acabe.
Há muitas coisas que não quero ver.
Peço-Te que sejas o presente.
Peço-Te que inundes tudo.
E que o Teu reino antes do tempo venha
E se derrame sobre a Terra
Em Primavera feroz precipitado.
Sophia de Mello Breyner Andresen
INTRODUÇÃO
A vocação missionária será cada vez mais realidade se os
chamamentos do Pai começarem por ser escutados por cada
um de nós, nossas famílias, na vida e no quotidiano. Se assim
for, certamente acenderemos outras vocações que se sentirão
interpeladas pela presença do Pai que existe em cada um de nós.
Para que tal aconteça é necessário, como o poema diz, chamá-Lo
e pedir-Lhe que inunde tudo.
23
ESCUTAR A PALAVRA
Mc 1, 16-18
REFLEXÃO
Jesus fala-nos hoje… não no Mar da Galileia, mas no Mundo
actual e em cada um dos nossos pequenos mundos. Tal como
aos apóstolos, desafia-nos a desinstalarmo-nos das rotinas e dos
comodismos e partir com Ele. Tal como aos apóstolos, é a nós
que Ele convida a encher as redes de Homens. Muitas são as
redes a encher…o mundo necessita de apóstolos, necessita de
pessoas comprometidas com a Humanidade, necessita de missionários que se lancem pelos cantos do Mundo, na construção
do Reino de Deus.
Os elos que nos ligam ao quotidiano são muitos, repletos de
uma rotina que nos aprisiona. Por isso, é necessário contemplar
a ousadia dos apóstolos que deixaram revolucionar as suas vidas
pelo convite de Jesus e imitá-los.
A PALAVRA GERA ORAÇÃO
(constituem-se dois coros e cada um lê uma estrofe, alternadamente)
Incendeia-nos o coração, Senhor!
Queima-nos com o fogo do Teu Espírito
E faz nascer em nós o desejo de Te seguir
De uma forma cada vez mais comprometida e verdadeira,
De um modo sempre renovado e encantado,
Total e incondicionalmente.
Toca-nos com a Tua misericórdia, Senhor!
Faz-nos espantar com o Teu Amor absoluto
Para que, assim, sejamos capazes de Te seguir,
Despojados de medos e de dúvidas,
De condições e de restrições,
De correntes que não nos deixam caminhar ao Teu lado.
24
Entoa em nós o Teu desafio, Senhor!
Faz que a toda a hora o nosso ser se sintonize conTigo
Nesse desafio que nos fazes para seguir-Te.
Ensina-nos a deixar as nossas vidas para Te escutar,
A desprendermo-nos do nosso quotidiano
Para fazer do mundo o Teu Mundo.
Caminha a nosso lado, Senhor!
Ensina-nos a ritmar os nossos passos com o Teu ritmo,
A dirigir-nos para os teus horizontes e desejos,
A estar onde queres que estejamos,
A fazer o que queres de nós,
Pois só assim a Felicidade será mais plena
E o mundo será mais justo.
Abre os ouvidos da humanidade, Senhor!
Alarga os corações de cada um para que todos te escutem,
Para que todos sejamos capazes de ouvir os Teus convites,
Para que as vocações missionárias não sejam silenciadas
E no mundo os ouvidos de todos se abram à Tua Palavra.
(No final, cada um relê para si a oração, em silêncio, e repete em voz alta a frase
ou palavras que mais a tocaram na oração)
A PALAVRA TORNA-SE ACÇÃO
Jesus convidou os apóstolos a serem pescadores de Homens
e alarga esse convite a cada um de nós. Todos nós conhecemos
alguém que necessita de “ser pescado”, ou porque anda triste,
ou porque se encontra numa fase negativa da sua vida ou porque
anda desencontrado consigo e com os outros. Que cada um se
comprometa a ser pescador dessa pessoa no próximo mês e se
aproxime dela, levando-lhe a mensagem de Amor de Deus através
de gestos concretos.
Bênção e Cântico final
25
LEITURAS DOMINICAIS
27º Domingo Comum – Ano B (04 de Outubro)
Gen 2,18-24; Sal 127,1-2.3.4-6; Heb 2,9-11; Mc 10,2-16
As leituras do 27º Domingo Comum apresentam, como tema
principal, o projecto ideal de Deus para o homem e para a mulher:
formar uma comunidade de amor, estável e indissolúvel, que os
ajude mutuamente a realizarem-se e a serem felizes. Esse amor,
feito doação e entrega, será para o mundo um reflexo do amor
de Deus.
A primeira leitura situa-nos nos alvores da humanidade. Não
estamos, naturalmente, diante de uma reportagem jornalística de
acontecimentos concretos, mas de uma catequese belíssima,
redigida provavelmente no séc X a. C., na qual o “catequista”
bíblico sugere que a realização plena dos seres humanos acontece na relação e não na solidão. De acordo com a catequese
tradicional de Israel, Deus criou o homem e a mulher para se
completarem, para se ajudarem, para se amarem. O amor foi
inventado por Deus e esteve, desde sempre, inscrito no plano de
Deus para a humanidade. Criados de uma só carne, o homem
e a mulher buscam essa unidade e só se realizam plenamente
quando cumprem a sua vocação de viver um para o outro, em
comunhão um com o outro, dando-se um ao outro, partilhando
a vida um com o outro, unidos por um amor que é mais forte do
que qualquer outro vínculo.
No Evangelho Jesus, confrontado com a Lei judaica do divórcio, reafirma o projecto ideal de Deus para o homem e para a
mulher: eles foram chamados a formar uma comunidade estável e
indissolúvel de amor, de partilha, de doação e de entrega mútua.
A separação – que será sempre o fracasso do amor – não está
prevista no projecto ideal de Deus, pois Deus não considera um
amor que não seja total e duradouro. Só o amor eterno, expresso
num compromisso indissolúvel, respeita o projecto primordial de
Deus para o homem e para a mulher. Na perspectiva de Jesus e
26
do seu projecto (o projecto do Reino de Deus, o projecto de um
mundo novo, de vida plena), chegou o momento de abandonar a
facilidade, a mesquinhez, as meias-tintas, e de apontar para um
patamar mais alto. Quem quiser, com Jesus, integrar a comunidade do Reino, não pode contentar-se com projectos descartáveis
e com prazo marcado. Ora, no que diz respeito ao matrimónio, o
patamar mais alto é o projecto inicial de Deus para o homem e
para a mulher, que previa um compromisso para sempre. Marido
e esposa, em igualdade de circunstâncias, são responsáveis
pela edificação da comunidade familiar e por evitar o fracasso
do amor.
A segunda leitura lembra-nos a “qualidade” do amor de Deus
pela humanidade... Deus amou de tal forma os seres humanos,
que enviou ao mundo o seu Filho único “em proveito de todos”.
Jesus, o Filho, solidarizou-se com os homens, partilhou a debilidade dos homens e, cumprindo o projecto do Pai, aceitou morrer
na cruz para dizer aos homens que a vida verdadeira está no
amor que se dá sem medida, “a fundo perdido”, até às últimas
consequências. Ligando este texto da Carta aos Hebreus com o
tema principal que a Palavra de Deus nos propõe neste Domingo,
podemos dizer que o casal cristão deve testemunhar e sinalizar,
com a sua doação sem limites e com a sua entrega total, o amor
de Deus pela humanidade.
28º Domingo Comum – Ano B (11 de Outubro)
Sab 7,7-11; Sal 89,12-13. 14-15. 16-17; Heb 4,12-13; Mc 10,17-30
A liturgia do 28º Domingo Comum convida-nos a reflectir sobre
as escolhas que fazemos; recorda-nos que nem sempre o que
reluz é ouro e que é preciso, por vezes, renunciar a certos valores
perecíveis, a fim de adquirir os valores da vida verdadeira e eterna.
Na primeira leitura, um “sábio” de Israel apresenta-nos um
“hino à sabedoria”. Numa altura (séc. I a.C.) em que a fé tradicional e os valores da cultura e da religião judaicas estavam a ser
fortemente postos em causa por uma cultura helénica arrogante
27
e triunfante, esse “sábio” tenta dizer aos seus concidadãos que
a verdadeira “sabedoria” – a capacidade de fazer as escolhas
correctas, de tomar as decisões certas, de escolher os valores
verdadeiros que conduzem o homem ao êxito, à realização, à
felicidade – não resulta do brilho humano dos sistemas de pensamento ou da elegância das palavras, mas é um dom que Deus
oferece a todos os homens que tiverem o coração disponível para
o acolher. Ela não chega a quem se situa diante de Deus numa
atitude de orgulho e de auto-suficiência; ela não atinge quem se
fecha em si próprio e constrói uma vida à margem de Deus; ela
não encontra lugar no coração e na vida de quem ignora Deus.
É puro dom de Deus, que deve ser pedido e acolhido com simplicidade e amor.
Essa “sabedoria” que é dom de Deus deve tornar-se, para
o homem inteligente, o valor mais apreciado, superior ao poder,
à riqueza, à saúde, à beleza, a todos os bens terrenos. Ela é
a “luz” que indica caminhos e que permite discernir as opções
correctas a tomar. Ao contrário dos bens terrenos, ela não se
extingue nem perde o brilho: é um valor duradouro, que vem de
Deus e que conduz o homem ao encontro da vida verdadeira, da
felicidade perene.
O Evangelho põe-nos frente a um homem que está interessado em encontrar o caminho para alcançar a vida eterna – isto
é, a sua realização plena, aquilo a que chamamos habitualmente
“salvação”. Jesus aponta-lhe três requisitos fundamentais, que
devem ser assumidos por quem quiser trilhar esse caminho: não
centrar a própria vida nos bens passageiros deste mundo, assumir a partilha e a solidariedade para com os irmãos mais pobres,
seguir o próprio Jesus no seu caminho de amor e de entrega.
Apesar de toda a sua boa vontade, o homem não está preparado para a exigência deste caminho e afasta-se triste. Marcos
explica que ele estava demasiado preso às suas riquezas e não
estava disposto a renunciar a elas. O brilho dos bens efémeros
ainda o encandeia e não o deixa perceber a importância dos bens
eternos. Aos seus discípulos, que escolheram deixar tudo para o
seguir no caminho da partilha, da entrega, da doação, do amor
sem limites, Jesus confirma a validade desta opção e assegura
28
que a escolha feita não os levará por um caminho de perda, de
solidão, de morte, mas sim por um caminho de ganho, de comunhão, de vida em plenitude. É nesse caminho – garante Jesus
– que o homem se realiza plenamente, que encontra os valores
que valem a pena; é percorrendo esse caminho que o homem
descobre a vida eterna.
A segunda leitura convida-nos a escutar e a acolher a Palavra
de Deus proposta por Jesus. Ela é viva, eficaz, actuante. Uma vez
acolhida no coração do homem, transforma-o, renova-o, ajuda-o a
discernir o bem e o mal e a fazer as opções correctas, indica-lhe
o caminho certo para chegar à vida plena e definitiva. A Palavra
de Deus, mesmo que pareça frágil e débil, é uma força decisiva
que enche a história e que traz ao homem a vida e a salvação.
29º Domingo Comum – Ano B (18 de Outubro)
Is 53,10-11; Sal 32,4-5. 18-19. 20 e 22; Heb 4,14-16; Mc 10,35-45
A liturgia do 29º Domingo Comum lembra-nos, mais uma vez,
que a lógica de Deus é diferente da lógica do mundo. Convidanos a prescindir dos nossos projectos pessoais de poder e de
grandeza e a fazer da nossa vida um serviço aos irmãos. É dessa
forma que a nossa vida será fecunda.
A primeira leitura deste Domingo é parte de um cântico que
nos apresenta a figura de um “Servo de Deus”, obscuro, desprezado e ignorado pelos homens… Contudo, à luz da lógica de
Deus, a existência do “Servo” não é uma existência insignificante,
perdida, sem sentido... O sofrimento que o atingiu ao longo de
toda a existência, não é um castigo de Deus por causa dos seus
pecados pessoais, mas um sacrifício de reparação que justificará
os pecados de muitos. Esse sofrimento servirá para eliminar o
pecado e para gerar vida nova para todo o Povo. Ao abençoar o
seu “Servo”, ao dar-lhe “uma posteridade duradoura”, uma “vida
longa” e a possibilidade de “ver a luz”, Deus garante a verdade e
a autenticidade da vida do “Servo”.
Dito por outras palavras: o autor deste texto está convencido
de que uma vida vivida na simplicidade, na humildade, no sacrifí-
29
cio, na entrega e no dom de si mesmo não é, aos olhos de Deus,
uma vida maldita, perdida, fracassada; mas é uma vida fecunda
e plenamente realizada, que trará libertação, verdade, esperança
e amor ao mundo e aos homens.
No Evangelho, Jesus é confrontado com a pretensão de
Tiago e de João, no sentido de se sentarem, no Reino que vai ser
instaurado, “um à direita e outro à esquerda” de Jesus. O facto
mostra que Tiago e João ainda não entenderam nada da lógica
do Reino e ainda continuam a reflectir e a sentir de acordo com a
lógica do mundo. Para eles, o que é importante é a realização dos
seus sonhos pessoais de autoridade, de poder e de grandeza.
Jesus vê-se obrigado a esclarecer as coisas. Avisa os discípulos de que, para se sentarem à mesa do Reino, devem estar
dispostos a percorrer, com Jesus, o caminho do sofrimento, da
entrega, do dom da vida até à morte.
Frente aos outros discípulos, indignados com as pretensões
de Tiago e de João (o que parece sugerir que todos eles tinham
as mesmas pretensões), Jesus aproveita para reiterar o seu
ensinamento e para reafirmar a lógica do Reino. Os modelos de
poder humanos não podem servir de modelo para a comunidade
do Reino. A comunidade dos discípulos de Jesus assenta sobre
a lei do amor e do serviço. Os seus membros devem sentirse “servos” dos irmãos, apostados em servir com humildade e
simplicidade, sem qualquer pretensão de mandar ou de dominar.
Mesmo aqueles que são designados para presidir à comunidade,
devem exercer a sua autoridade num verdadeiro espírito de
serviço, sentindo-se servos de todos. Excluindo do seu universo
qualquer ambição de poder e de domínio, os membros da
comunidade do Reino darão testemunho de um mundo novo,
regido por novos valores; e ensinarão os homens que com eles
se cruzarem nos caminhos da vida, a serem verdadeiramente
livres e felizes. Como modelo desta nova atitude, Jesus propõese a si próprio: ele apresenta-se como “o Filho do Homem que
não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em
resgate por todos”.
Na segunda leitura, o autor da Carta aos Hebreus fala-nos de
um Deus que ama o homem com um amor sem limites e que, por
30
isso, está disposto a assumir a fragilidade dos homens, a descer
ao seu nível, a partilhar a sua condição. Ele não se esconde atrás
do seu poder e da sua omnipotência, mas aceita descer ao nosso
encontro para nos oferecer o seu amor.
30º Domingo Comum – Ano B (25 de Outubro)
Jer 31,7-9; Sal 125,1-2ab. 2cd-3. 4-5.6; Heb 5,1-6; Mc 10,46-52
A liturgia do 30º Domingo Comum fala-nos da preocupação
de Deus em que o homem alcance a vida verdadeira e aponta o
caminho que é preciso seguir para atingir essa meta.
Na primeira leitura, o profeta Jeremias convida o seu Povo à
alegria e ao louvor. Porquê? Porque Jahwéh vai reunir o seu Povo
(disperso na Assíria? Na Babilónia?), vai conduzi-lo através do
deserto e vai fazê-lo retornar à sua pátria. Reunir, conduzir e fazer
retornar à pátria, são os três verbos que, tradicionalmente, definem
a acção de Deus em favor do seu Povo, durante o Êxodo.
Depois da afirmação geral, o profeta apresenta alguns pormenores deste Novo Êxodo. Da comitiva farão parte “o cego e
o coxo, a mulher grávida e a que deu à luz”. O cego e o coxo
relembram a situação de necessidade e de carência em que os
exilados jazem e, ao mesmo tempo, evocam a acção extraordinária de Deus no sentido de libertar o seu Povo dessa carência
e dessa necessidade. Na imagem da mulher grávida e na da
mulher que deu à luz, o profeta representa a dor e o sofrimento,
mas também a fecundidade, a alegria, a esperança num futuro
novo e cheio de vida.
O texto termina apresentando Jahwéh como um pai cheio de
amor pelo seu filho/Povo. Esse amor irá traduzir-se no regresso
dos exilados à sua terra por “caminhos direitos” e fáceis. No final
desse Êxodo triunfal, o Povo irá encontrar vida abundante e fecunda (“conduzi-los-ei às torrentes de água”).
A segunda leitura apresenta Jesus como o sumo-sacerdote
que o Pai chamou e enviou ao mundo a fim de conduzir os homens
à comunhão com Deus. Com esta apresentação, o autor deste
31
texto sugere, antes de mais, o amor de Deus pelo seu Povo; e,
em segundo lugar, pede aos crentes que “acreditem” em Jesus
- isto é, que escutem atentamente as propostas que ele veio fazer,
que as acolham no coração e que as transformem em gestos
concretos de vida.
No Evangelho, o catequista Marcos propõe-nos o caminho
de Deus para libertar o homem das trevas e para o fazer nascer
para a luz. Bartimeu, o cego, representa o homem escravo,
acomodado, instalado na sua triste situação de miséria e
dependência, incapaz por si só de encontrar a luz e a liberdade.
Contudo, o encontro com Jesus de Nazaré faz este homem
perceber o sem sentido da sua situação e leva-o a sentir vontade
de apostar numa outra existência. Bartimeu vê em Jesus esse
Messias libertador que é capaz de trazer ao homem vida eterna
e definitiva.
Jesus, ao cruzar-se com este homem, parou e mandou-o
chamar. A cena recorda-nos os relatos do chamamento dos
discípulos (cfr. Mc 1,16-20; 2,14). O chamamento é sempre,
nestes casos, a tornar-se discípulo, a seguir Jesus no caminho
do amor e do dom da vida.
Em resposta, o cego atirou fora a capa, deu um salto e foi
ter com Jesus. A capa é tudo o que um mendigo possui, a única
coisa de que ele pode separar-se (outros deixaram o barco,
as redes ou a banca onde recolhiam impostos). O deitar fora a
capa significa, portanto, o deixar tudo o que se possui para ir ao
encontro de Jesus. É um corte radical com o passado, com a
vida velha, com a anterior situação, com tudo aquilo em que se
apostou anteriormente, a fim de começar uma vida nova ao lado
de Jesus. Bartimeu deixou tudo para trás e escolheu percorrer o
caminho que Jesus lhe indicou.
Ao aderir a Jesus e à sua proposta de salvação, ao aceitar
seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida, Bartimeu
encontrou a salvação: deixou a vida da escuridão, da escravidão,
da dependência em que estava e nasceu para essa vida
verdadeira e eterna que, através de Jesus, Deus oferece aos
homens.
32
O SACERDOTE E A MISSÃO
Coincidindo com os 150 anos da morte de S. João Maria
Vianney, o santo Cura de Ars, decorre, de 19 de Junho de 2009
até 19 de Junho de 2010, o Ano Sacerdotal. Um dos objectivos
apontados pelo papa Bento XVI para este Ano é perceber cada
vez mais a importância do papel e da missão do sacerdote na
Igreja e na sociedade contemporânea.
Nos vários documentos conciliares e pós-conciliares aparece
claramente descrito o carácter missionário de toda a Igreja que
radica no próprio Deus. Eles realçam o dever missionário de
todo o povo de Deus, das comunidades cristãs, dos bispos, dos
sacerdotes e dos leigos.
É no interior do mistério da Igreja como comunhão trinitária em
tensão missionária, que se revela a identidade cristã de cada um e,
33
portanto, a específica identidade do sacerdote e do seu ministério.
O presbítero, de facto, em virtude da consagração que recebe
pelo sacramento da Ordem, é enviado pelo Pai, através de Jesus
Cristo, ao qual como Cabeça e Pastor do seu povo é configurado
de modo especial para viver e actuar, na força do Espírito Santo,
ao serviço da Igreja e para a salvação do mundo.
É dever dos sacerdotes trabalhar para a formação da genuína comunidade cristã, imbuída de zelo missionário, preparando
a todos o caminho para Cristo. Devem estar disponíveis para
exercer o seu ministério em regiões, missões ou obras que lutam
com falta de clero pois o dom da Ordem não os prepara para uma
missão limitada e determinada, mas sim para a missão imensa e
universal da salvação até aos confins da terra.
Os sacerdotes são os primeiros animadores missionários das
suas comunidades alimentando entre os fiéis o zelo pela evangelização do mundo, pela promoção das vocações missionárias, pela
oração pelas missões e o apoio económico tão necessário à obra
missionária. Nas palavras de João Paulo II “…todos os sacerdotes
devem ter um coração e uma mentalidade missionária, devem
estar abertos às necessidades da Igreja e do mundo, atentos aos
mais afastados e, sobretudo, aos grupos não cristãos do próprio
ambiente. Na oração e, em particular, no sacrifício eucarístico, sintam a solicitude de toda a Igreja por toda a humanidade” (RM 67).
Joaquim Domingos Luis, SVD
34
VAMOS CRIAR UM CLIMA
PARA A JUSTIÇA
A temperatura média global do Planeta aumentou em cerca de
0,7ºC desde o advento da era industrial1. Este aumento deve-se,
em grande parte, ao consumo não controlado de recursos naturais
e à produção de grandes quantidades de elementos poluidores,
por parte das nações economicamente desenvolvidas, nomeadamente a queima de combustíveis fósseis e a desflorestação.
Estas actividades têm aumentado a concentração dos gases
com efeito de estufa na atmosfera, provocando o aquecimento
global do Planeta e as consequentes alterações climáticas. Estas
afectam-nos a todos, mas não de forma igual. Os custos sociais
e económicos das alterações climáticas são muito mais pesados
para os países em desenvolvimento e o seu impacto é crescente.
Segundo o último Relatório das Nações Unidas para o Desenvolvimento, “nos países ricos, lidar com as alterações climáticas tem
sido, até hoje, largamente uma questão de se ajustar termóstatos,
lidar com verões mais quentes e longos e com mudanças sazonais. (…). Em contraste, quando o aquecimento global afecta o
Corno de África, isso significa que as colheitas serão destruídas
e as pessoas passarão fome, ou que as mulheres e raparigas
precisarão de mais tempo para ir buscar água.”2 Os países em
desenvolvimento são os que menos contribuíram para o aumento
da temperatura do Planeta, no entanto são os que mais sofrem
com os seus efeitos. Efectivamente, o impacto das alterações
climáticas junto das populações mais pobres é devastador e tem
consequências sérias nas vidas das comunidades, ao nível da
segurança hídrica e alimentar, dos meios de subsistência, da
saúde humana, da perda de terras, da perda da biodiversidade,
de conflitos sociais e migrações.
A Terra é dom gratuito de Deus, entregue ao Homem para dela
cuidar com respeito e justiça. O legado de Deus ao Homem exige
de nós um cuidado responsável e equitativo por toda a Criação.
“O Senhor levou o homem e colocou-o no jardim do Éden para
35
o cultivar e, também, para o guardar.” (Gn. 2, 15-16). A nossa
fé convida-nos a viver de forma sustentável e em solidariedade
com as comunidades mais pobres. Em 2008, o Papa Bento XVI
apelou aos católicos para que “cuidem do meio ambiente, que
foi confiado ao homem e à mulher para ser protegido e cultivado,
com liberdade responsável e tendo o bem comum como critério
orientador constante.”
A interdependência ecológica exige da comunidade internacional um compromisso sério e uma resposta mundial, que, num
plano macro, introduza “reformas energéticas radicais” e, num
plano micro, altere os comportamentos diários e reduza os níveis
de consumo, garantindo a sustentabilidade ambiental. Em 2007,
no seu discurso em Loreto, Itália, o Papa Bento XVI referiu que
“antes que seja demasiado tarde, é necessário adoptar medidas
corajosas que possam recriar uma forte aliança entre a Terra e
o Homem.”
36
Porque é nos países mais pobres do mundo que existe uma
maior vulnerabilidade e uma maior dificuldade de adaptação às
alterações climáticas, a CIDSE3, em conjunto com a Caritas Internationalis, lança, para 2008 e 2009, a Campanha política “Pobreza
e Justiça Climática”, sob o slogan Vamos criar um clima para a
justiça. Esta Campanha está focada nas duas conferências das
Nações Unidas sobre as alterações climáticas agendadas para
este período e que configuram uma oportunidade para pressionar
os governos a assumir um compromisso justo e efectivo para um
acordo global pós-2012.
Em Portugal, a Fundação Evangelização e Culturas (FEC)
é responsável pela Campanha “Vamos criar um clima para a
justiça”. Todas as informações podem ser consultadas em www.
fecongd.org
Ana Patrícia Fonseca, adaptação de documentos da CIDSE
____________________________________
1
Cf. Relatório de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento 2007/2008
2
Idem
3
Confederação Internacional para o Desenvolvimento e Solidariedade
37
SÍNODO DOS BISPOS AFRICANOS
Um dos acontecimentos eclesiais mais marcantes deste ano
2009 é o Sínodo dos Bispos Africanos, que decorrerá no Vaticano
de 4 a 25 de Outubro, tendo como tema “A Igreja em África ao
serviço da reconciliação, da justiça e da paz”, e como passagem
evangélica inspiradora “Vós sois o sal da terra… vós sois a luz
do mundo” (Mt. 5, 13. 14).
Pelo “Instrumentum Laboris” podemos perceber a caminhada
de reflexão e preparação já feitas e as grandes directrizes pelas
quais se guiará este sínodo.
Partindo do referido documento, percebemos que o ponto de
partida é o primeiro Sínodo dos Bispos Africanos que teve lugar
também no Vaticano entre 10 de Abril e 8 de Maio de 1994 e a
subsequente Exortação Apostólica “Ecclesia in Africa” de João
Paulo II, que ainda mantém grande actualidade. Constata-se que
há um caminho percorrido e cujos frutos estão à vista a vários
níveis, mas que também há uma série de objectivos por concretizar. Por isso, esta Assembleia Sinodal situa-se numa linha de
continuidade em relação à primeira.
São considerados como lugares chave da vida das sociedades
africanas as áreas sociopolítica, socioeconómica e sociocultural.
Em todas elas se notam sinais de maturação, desejo de progresso
e manifestação de identidade própria; mas, simultaneamente verifica-se a existência de inúmeros obstáculos internos e externos.
A Reconciliação, a Justiça e a Paz surgem como uma necessidade urgente. As experiências dramáticas e por vezes até
trágicas que se têm verificado a vários níveis, e por vezes até
em âmbitos eclesiais, mostram como há um longo caminho a
percorrer. Algumas experiências positivas já vividas contribuem
para acreditar que tal via é possível.
A fé em Jesus Cristo é proposta à sociedade africana como
uma força que ajudará a superar os inúmeros obstáculos com
que depara esta mesma sociedade. É dessa fé, alimentada pela
Eucaristia e permanentemente renovada no sacramento da Re-
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conciliação, que nasce a Igreja como família de Deus ao serviço
da reconciliação das pessoas com Deus e umas com as outras.
A formação de Comunidades Eclesiais Vivas, alimentadas pela
Palavra de Deus, serão a resposta para muitos dos problemas que
África vive e um grande contributo para o seu desenvolvimento
humano integrado: saúde, educação e economia. Estas mesmas
comunidades devem estar ao serviço do diálogo ecuménico, com
o Islão e ainda estabelecer a ponte com a Religião Tradicional
Africana.
A Igreja como família de Deus alimenta-se do testemunho dos
seus membros que passa “pela escuta da Palavra, a via sacramental e os exercícios espirituais; pelo acolhimento da interpelação
que nos vem do próximo, da sociedade e dos acontecimentos;
pelo esforço de conversão moral; pela coerência entre a vida que
levamos e a Palavra que anunciamos; pelo exercício fiel das responsabilidades confiadas a cada um; pelas obras de penitência,
de misericórdia e de caridade; pelos nossos compromissos sociais
contra a corrente dos critérios do mundo e por um estilo de vida
simples, inspirado pelo Evangelho. Pois, a verdadeira natureza
da evangelização é o encontro pessoal de Jesus Cristo na oração
diária, nos sacramentos e na vida espiritual, convencidos que
«se não for o Senhor a edificar a sua casa, em vão trabalham os
construtores» (Sl 127,1).
Por isso, todos os seus membros são convidados a consciencializarem-se da sua missão vivendo-a em espírito de família
como caminho de santidade. Também as estruturas eclesiais
locais, nacionais, regionais bem como as de âmbito mais social
são chamadas a avivar as tarefas que lhes são específicas para
que a Igreja em África cumpra o seu papel.
Uma palavra especial é dirigida aos fiéis cristãos para que
dêem um bom testemunho nas várias áreas sociais em que estão
envolvidos.
Finalmente, é feito um convite à Igreja em África para que
esteja disponível para a missão ad intra, no seu próprio continente
e para a missão ad extra junto das igrejas particulares dos outros
continentes.
39
40
41
A relação verdadeira com Deus só pode ser vivida na fidelidade ao
dinamismo universalizante e na recusa de qualquer tribalização
(Dr. João Duque).
A formação dos leigos deve ser assumida como opção urgente duma
pastoral integrada… A situação actual reclama deles um empenho
ainda mais vasto e amplo que no passado recente (D. Manuel Quintas, Bispo do Algarve).
42
VIGÍLIA MISSIONÁRIA
De acordo com o espaço onde se realiza a vigília, pode estar no centro ou
no altar um globo e junto deste um círio aceso. A partir do qual saem cinco faixas
ou fitas das cores dos continentes e junto de cada fita pode colocar-se uma vela
que se acende em momento oportuno (assinalado abaixo).
América
Vermelho
África
Verde
Ásia
Amarelo
Europa
Branco
Oceânia
Azul
Cântico inicial: “Já se ouvem nossos passos”
Saudação:
Presidente: - Em nome do Pai que nos cria, do Filho que
nos salva e do Espírito Santo que nos congrega e nos reúne
para orar.
Introdução
A Igreja é por sua natureza Universal, por isso é uma “casa”
aberta a todos os povos, uma Casa onde há lugar para todos:
crianças, jovens, adultos...; pobres e ricos; sãos e doentes; sábios e ignorantes; gente santa e gente pecadora; pessoas de
todas as culturas e idiomas... porque Deus não faz acepção de
pessoas, porque Deus enviou o Seu Filho ao mundo para salvar
a Humanidade inteira.
Ao celebrarmos mais um Dia Missionário Mundial queremos
ter presente nesta vigília os povos dos cinco Continentes, a sua
realidade tão rica e diversa de culturas, línguas e costumes e todos
os missionários que trabalham com cada um destes povos.
Um leitor enuncia os continentes: América, África, Ásia, Europa, Oceânia e cinco
pessoas acendem cada uma das velas referentes aos continentes no círio que
representa Cristo, Luz de todos os povos. Canta-se o refrão:
“A luz de Cristo ilumina a terra inteira, Aleluia, Aleluia!” (bis)
Pode ler-se aqui algum extracto da Mensagem do Papa para o Dia Missionário
Mundial.
43
Leitura Bíblica: Act 10, 34-48
Faz-se uns momentos de silêncio, depois, de forma pausada e espaçada,
outra voz pode ler frases soltas do texto, dando ênfase às mais significativas.
A oração seguinte pode rezar-se toda ou escolher apenas algumas. Intercalase com o refrão cantado. Se for possível enquanto se reza a oração, projectam-se
imagens de acordo com cada realidade que é lembrada, reza-se de forma pausada
de modo que se possam contemplar as imagens.
Refrão: Vinde Benditos de Meu Pai
recebei em herança o Reino
preparado para vós desde o princípio do mundo.
Aleluia!
Leitor: porque Me reconhecestes naquele que tinha fome e sentistes compaixão pelo Meu estômago vazio, o Meu corpo
esquelético e a Minha mesa desprovida e partilhastes
comigo do que tínheis.
Todos: Vinde Benditos de Meu Pai
Leitor: porque Me reconhecestes no pobre sem roupa, mal vestido, esfarrapado e de aspecto pouco asseado e não tivestes repugnância de Mim, aproximastes-vos e Me vestistes.
Leitor: porque Me reconhecestes naquele doente, naquele corpo dorido, chagado, disforme e soubestes cuidar-Me e
consolar-Me.
Leitor: porque Me reconhecestes naquele deficiente físico ou
mental, naqueles seres mutilados ou inadaptados e soubestes acolher-Me como sou, dignificar-Me e renovar-Me
o gosto pela vida.
Leitor: porque Me reconhecestes naquela mãe solteira desprezada, explorada e lançada à prostituição e soubestes
respeitar-Me e amar-Me gratuitamente, sem pedir nada
em troca.
Leitor: porque Me reconhecestes no desempregado, no pobre,
no que vive abaixo do limiar da pobreza e não Me cha-
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mastes preguiçoso, nem Me excluístes do vosso grupo
de amigos e soubestes descobrir meios concretos de
inserção na sociedade e no trabalho honesto.
Leitor: porque Me reconhecestes em pessoas de culturas e hábitos de vida diferentes dos vossos e soubestes respeitar
sem criticar e soubestes descobrir os nossos valores.
Leitor: porque Me reconhecestes naquele rosto triste e cabisbaixo, naquele ar sombrio e angustiado, naquele coração
sofredor e despedaçado e soubestes ouvir os Meus
desabafos, consolar-Me e semear em Mim esperança e
alegria.
Leitor: porque Me reconhecestes naquele rico opulento e vaidoso, naquele burguês instalado e comodista e testemunhastes-Me com a vida que a pobreza e a humildade, o
amor e o serviço são o caminho da verdadeira alegria.
Leitor: porque Me reconhecestes naquele ignorante, naquele
ateu e naquele agnóstico e não vos afastastes de Mim,
não Me criticastes, mas, na caridade, fostes luz e sabedoria que Me ajudaram a encontrar a Verdade.
Leitor: porque Me reconhecestes no imigrante, no refugiado, no
peregrino, no estrangeiro e recebestes-Me como um do
vosso povo, respeitando os Meus direitos e sem exigirdes
mais que os Meus deveres.
Leitor: porque Me reconhecestes naqueles que sofriam injustiças
e eram explorados e Me ajudastes a descobrir os Meus
direitos e lutastes comigo, expondo a vossa vida, até
encontrar soluções de verdade e de justiça.
Leitor: porque Me reconhecestes naquele preso, criminoso,
ladrão e no homicida e visitastes-Me na cadeia, para Me
dardes alento e esperança, para Me ajudardes a viver e
falardes da Misericórdia do Pai.
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Leitor: porque Me reconhecestes naquela esposa traída, abandonada, maltratada e soubestes amparar-Me, consolarMe e curar as Minhas feridas interiores.
Leitor: porque Me reconhecestes caído na valeta, arrumado à
esquina da rua, solitário no banco do jardim, sedento
de paz e de carinho e viestes ao Meu encontro, para
Me libertar interiormente e criar condições de vida mais
humana e mais digna.
Leitor: Recebei, em herança, o Reino que vos está preparado
desde a criação do mundo!
Salmo da Testemunha
(pode ser rezado por duas pessoas)
É hora de ser Tua testemunha, Senhor Ressuscitado,
de construir todos juntos a civilização do amor,
de fazer do mundo um arco-íris de unidade e de cor.
É hora de anunciar a vida a partir da Tua Vida, que é Vida em
abundância,
de gritar aos homens a Tua Salvação, de anunciar que,
o Crucificado Ressuscitou e o mundo tem sabor a Redenção.
É hora de viver na luz e abrir caminhos sem fronteiras,
de darmos as mãos e de fazer uma grande roda ao sol,
de avançar sem medos, que o mundo vive em Ressurreição.
É hora de caminharmos unidos semeando a paz e o amor,
de chamar ao homem irmão, de viver em harmonia,
em laços de fraternidade, de comunhão.
É hora de dizer ao mundo que foi vencida a lei,
e não existe outra lei que a do coração;
de gritar que o pecado foi vencido
e que o homem é livre, do seu temor.
É hora de anunciar que a morte foi vencida,
que a vida é a nova civilização do amor.
É hora de tocar o coração do homem para que
acredite em Teu Evangelho, em Tua Palavra de Amor;
de convidar as gentes para a mesa do pão vivo.
É hora de caminhar olhando para diante, sem vacilar.
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É tempo de ser Tua testemunha:
onde o Teu amor está ausente,
onde a liberdade está atada,
onde é necessário o perdão,
onde os olhos estão vendados,
onde existiu a traição,
onde se mata o homem e a criança,
onde a mentira mata a razão,
onde as injustiças doem,
onde o homem que sofre não tem voz,
onde impera a lei do mais forte,
onde o homem se converte em opressor,
onde a vida se fez morte,
onde o dinheiro é a lei do que manda.
É tempo de sermos Tuas Testemunhas
unidos como um só Povo, em Igreja;
de sermos Tuas Testemunhas servindo o humilde e não o dominador,
de testemunharmos Tua Cruz salvadora do mundo,
Tua luz de aurora, Tua Ressurreição.
Cristo, Senhor da História, Senhor de todo o homem.
Cristo, Testemunha do amor do Pai, coração de seu coração.
Cristo, amigo e irmão do homem oprimido.
Cristo, dá-nos a força do Teu Espírito Santo,
do Teu Espírito de Amor,
para que Ele anime nosso compromisso de mudar o mundo,
de uma civilização de morte,
para uma civilização de Amor.
Pai-Nosso (pode ser cantado)
Oração e Bênção final:
Irmãos, o Espírito que nos convocou e reuniu, é o mesmo Espírito que nos envia a levar a Boa Nova a todos os povos e a ser
testemunhas de Cristo Ressuscitado. Animados pela sua força
e na certeza de que Ele está sempre connosco, vamos em paz.
Abençoe-vos Deus todo-poderoso, Pai, Filho e Espírito Santo.
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Evangelizar as pessoas até as transformarmos em evangelizadoras,
isto é, até que elas sintam a necessidade e a alegria de se transformarem em evangelizadoras (D. António Couto).
O grande desafio da vida eclesial, entre localização e universalização, é o da vivência da localização, sem perder a dimensão da
universalização , é o da vivência da universalização, sem fugir da
concreta localização quotidiana (Dr. João Duque).
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ROSÁRIO MISSIONÁRIO
1. MISTÉRIOS GOZOSOS:
1.º Mistério:
A ANUNCIAÇÃO DO ANJO A MARIA
Disse-lhe o anjo: Maria, näo temas, pois achaste graça diante
de Deus. Hás-de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao
qual porás o nome de Jesus. Será grande e vai chamar-se Filho
do Altíssimo (Lc. 1, 30-32).
Imaginamos quanto Maria se assustou com aquela presença
imprevisivel. Maria aceitou com generosidade o desígnio de
Deus e toda a sua vida se pautou por disponibilidade, amor,
presença e silêncio.
Desta experiência, aprendemos a aceitar a presença de
Deus na nossa vida, aprendemos que não devemos ter receio
de aceitar tudo o que Ele nos pede. Aprendemos a viver com
maior generosidade, disponibilidade e silêncio... Como Maria.
Recordemos neste mistério todos aqueles que, por medo,
continuam a fechar as portas ao anúncio de Deus que vem fazer
morada nos seus corações.
2.º Mistério:
A VISITA DE NOSSA SENHORA À SUA PRIMA SANTA ISABEL
A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra
em Deus, meu Salvador (Lc. 1, 46).
Ir ao encontro. Depois de recebermos a graça da presença
de Deus nas nossas vidas, ir ao encontro dos outros é apenas
semear aquilo que em nós transborda, a fé e o amor que não nos
cabem no coração e precisam de ser distribuidas. Não podemos
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continuar indiferentes ao facto de ainda existirem pessoas no
mundo que conhecem a Coca-cola e não conhecem Jesus.
A presença missionária no mundo procura colmatar esta
dura realidade, mas ainda somos poucos!
Neste mistério, peçamos por todos os povos que ainda não
ouviram falar de Jesus e para que nunca se sintam desamparados
de amor, pois Deus, mesmo não se dando a conhecer, está com
eles.
3.º Mistério:
O NASCIMENTO DE JESUS EM BELÉM
E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre
as principais cidades da Judeia; porque de ti sairá o Príncipe que
há-de apascentar o meu povo de Israel. (Mt. 2, 6).
Jesus nasce todos os dias nos corações dos Homens! Muitas
vezes nem nos apercebemos desta feliz realidade, pois estamos
demasiado distraidos com os ruidos do Mundo e não sentimos
esta presença constante. No olhar de um mendigo do qual nós
desviamos o olhar, num idoso que nos fita procurando carinho!
Não obstante a nossa resistência, Jesus insiste e não desiste!
Nós somos a sua cabeça, os seus braços e os seus pés e sempre
que ele nasce, é para nos dar a perceber esta mesma mensagem
de chamamento, de amor, de compromisso que nos leve sempre
a abrir as portas do nosso coração.
Neste mistério lembremos todos aqueles a quem não é dada
a oportunidade de nascer, de viver, de ser uma pessoa humana e
que Deus preencha os corações daqueles que tomando a decisão
de terminar uma vida, vivem num vazio de arrependimento.
4.º Mistério:
APRESENTAÇÃO DE JESUS NO TEMPLO
Porque os meus olhos viram a Salvação, que ofereceste a
todos os povos; Luz para se revelar às nações e glória de Israel,
teu povo (Lc. 2, 30-32).
50
Este testemunho de Simeão traduz muito bem o estado de
alma de quem sente a presença de Jesus em si. Ele que é o nosso
guia quando estamos perdidos, a nossa luz quando vivemos na
escuridão, a nossa companhia quando nos sentimos sozinhos,
o nosso irmão que nos pega ao colo e nos abraça quando nos
sentimos tristes... A alegria do encontro com Jesus, deixa-nos
diferentes. Seremos diferentes se, quando Ele nos fala, nós o
exaltamos, o reconhecemos e, sobretudo, o anunciamos. A luz
de Jesus não cega, por isso não tenhamos medo de fixar o nosso
olhar nele e deixar-nos conduzir. Quem me quiser seguir, tome
a sua cruz, renuncie a si mesmo e siga-me! E nós estamos à
espera de quê?
Tenhamos presentes neste mistério, todos os oprimidos, as
vítimas de violência, os doentes e todos os que sofrem os horrores
da guerra, para que o Senhor lhes conceda paz de espírito para
enfrentar os dramas do dia a dia.
5.º Mistério:
PERDA E ENCONTRO DE JESUS NO TEMPLO
A Mãe disse-lhe: Filho, porque nos fizeste isto? Olha que teu
pai e eu estávamos aflitos à tua procura! Jesus respondeu-lhes:
não sabíeis que devia estar na casa de meu Pai? (Lc. 2, 48-49).
Quando perdemos alguém que amamos, o nosso coração
angustia-se de tal forma que nada mais importa. Maria e José
experimentaram na primeira pessoa a tristeza de perder o seu
filho e a alegria de encontrá-lo!
Porém, a resposta de Jesus intriga, espanta e não os deixa
indiferentes.
Quantas vezes nós dizemos que procuramos Jesus mas
não o encontramos? A verdade é que não o procuramos no local
certo, ou seja, na casa de Deus. A casa de Deus não é somente
o templo ou a igreja, mas sobretudo o coração de cada Homem,
o jardim preferido de Deus para semear amor e bondade! É aí
51
mesmo que encontraremos Jesus, é aí mesmo que temos que
ir e é através do nosso coração que temos que mostrar Jesus a
quem o procura e não o encontra.
Neste mistério, pedimos por todos os que procuram e não
encontram, por todos os que continuam cegos sem ver a verdadeira Luz e que vivamos na certeza que Deus está intimamente,
no silêncio, a reinar no nosso coração.
2. MISTÉRIOS LUMINOSOS
1.º Mistério:
O BAPTISMO DE JESUS NO RIO JORDÃO
E uma voz vinda do Céu dizia: Este é o meu Filho muito
amado, no qual pus todo o meu agrado (Mt.3, 17).
Gandhi foi, sem dúvida, um homem que se destacou pela sua
simplicidade, amor pelos irmãos e pela justiça social. Entre muitos outros, este pensamento ajuda-nos a crescer como pessoas
capazes de semear a esperança nos outros e a renascer para a
vida nova recebida no momento do nosso Baptismo:
Se eu te pudesse deixar algum presente,
deixaria aceso em ti o sentimento de amar a vida dos
seres humanos.
A consciência de aprender tudo o que foi ensinado ao
longo do tempo...
Lembraria os erros que foram cometidos para que não
mais se repetissem.
A capacidade de escolher novos rumos.
Deixaria para ti, se pudesse,
o respeito àquilo que é indispensável:
Além do pão, o trabalho.
Além do trabalho, a acção.
E, quando tudo mais faltasse, um segredo:
O de buscar no interior de ti mesmo
a resposta e a força para encontrar a saída.
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2.º Mistério:
A REVELAÇÃO DE JESUS NAS BODAS DE CANÁ
Assim, em Caná da Galileia, Jesus realizou o primeiro dos
seus sinais miraculosos, com o qual manifestou a sua glória e os
seus discípulos acreditaram nele. (Jo. 2, 11).
Tony Melendez é um músico de Nicarágua que toca a guitarra com os pés, pois nasceu sem braços. A sua vida pauta-se
pela motivação de conseguir ser igual a todos e cada um de
nós. O seu testemunho ensina-nos que vale a pena vivermos
com esperança, que os milagres de Deus acontecem, se nós
assim quisermos:
Deus está sempre na minha vida, neste momento é como se
Ele me dissesse: Tony, tens que cantar, tens que tocar, tens que
trabalhar, tens que ser os meus pés e também as minhas mãos.
Eu vejo as pessoas como vocês que têm os braços, têm as pernas, têm tudo, têm tudo e dizem: não posso, não posso… Sim,
podes! Perguntaram-me aonde estão os milagres e eu sempre
respondo: eu vejo as mãos, uma mão, e quando levantam a mão
para mim isso é um milagre!
Por favor não me digam que não podem, porque vocês podem fazer muito mais! Levantem-se e digam: eu posso, eu quero
avançar. Têm um mundo inteiro que só está à espera que vocês
digam sim!.
3.º Mistério:
A PROCLAMAÇÃO DO REINO DE DEUS
COM O CONVITE À CONVERSÃO
O Reino do Céu é semelhante a um grão de mostarda que
um homem tomou e semeou no seu campo. É a mais pequena
de todas as sementes; mas, depois de crescer, torna-se a maior
planta do horto e transforma-se numa árvore, a ponto de virem as
aves do céu abrigar-se nos seus ramos (Mt. 12, 31-32).
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Madre Teresa de Calcutá possuía um corpo franzino, mas o
seu amor era tão grande que realizou uma obra que iluminou o
mundo inteiro. Ela mostra-nos que o Reino de Deus é possível
através de pequenos gestos, pequenos sacrifícios em prol daqueles que mais necessitam e sempre em nome do amor:
Tem sempre presente, que a pele se enruga, que o cabelo
se torna branco, que os dias se convertem em anos, mas o mais
importante não muda! A tua força interior e as tuas convicções não
têm idade. Atrás de cada linha de chegada, há uma de partida.
Atrás de cada triunfo, há outro desafio. Enquanto estiveres vivo,
sente-te vivo. Mas nunca te detenhas!
4.º Mistério:
A TRANSFIGURAÇÃO DE JESUS NO MONTE TABOR
Este é o meu filho amado, no qual pus todo o meu agrado.
Escutai-o! (Mt. 17, 5).
Martin Luther King, Jr. era um pastor evangélico e activista
político norte-americano. A sua luta em defesa dos direitos sociais
dos negros, combatendo o preconceito e o racismo foi um grande
marco no mundo. Defendia a luta pacífica, baseada no amor ao
próximo, como forma de construir um mundo melhor. Com o seu
testemunho, mostrou ser um grande anunciador da Palavra de
Deus e do sonho de Deus para que todos sejam irmãos.
Eu tenho um sonho que um dia, uma terra que transpira com
o calor da injustiça e da opressão, se transformará num oásis de
liberdade e de justiça. Nesse dia, com esta fé, nós poderemos
transformar as discórdias estridentes da nossa nação numa bela
sinfonia de fraternidade. Com esta fé, nós poderemos trabalhar
juntos, rezar juntos, lutar juntos, defender a liberdade juntos e,
quem sabe, um dia nós seremos livres. Com esta fé, nós poderemos apressar aquele dia quando todos os filhos Deus, negros e
brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão unir
as mãos e cantar as palavras do velho espiritual negro: «Livre
afinal, livre afinal».
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5.º Mistério:
A INSTITUIÇÃO DA EUCARISTIA
Tomai, comei: isto é o meu corpo (...). Bebei dele todos. Porque este é o meu sangue, sangue da Aliança, que vai ser derramado por muitos, para perdão dos pecados (Mt., 26, 26-28).
João Paulo II foi uma das personalidades mais carismáticas do
nosso tempo, um homem de fé, de forte humanismo, um comunicador e um jovem até ao último suspiro. Lutou contra o comunismo
na Polónia e ajudou a derrotá-lo no mundo, mas também criticou
o Ocidente opulento e egoísta, dando voz ao Terceiro Mundo e
aos pobres. Um homem que se doou ao mundo, como Cristo se
doou na Eucaristia, levando-nos a acreditar cada vez mais que
nós somos Igreja, o povo de Deus.
É bom demorar-se com Ele e, inclinado sobre o seu peito
como o discípulo predilecto, deixar-se tocar pelo amor infinito do
seu coração. Se actualmente o cristianismo se deve caracterizar
sobretudo pela «arte da oração», como não sentir de novo a
necessidade de permanecer longamente, em diálogo espiritual,
adoração silenciosa, atitude de amor, diante de Cristo presente no
Santíssimo Sacramento? Quantas vezes, meus queridos irmãos
e irmãs, fiz esta experiência, recebendo dela força, consolação,
apoio!
A Eucaristia é um tesouro inestimável: não só a sua celebração, mas também o permanecer diante dela fora da Missa
permite-nos beber na própria fonte da graça. Uma comunidade
cristã que queira contemplar melhor o rosto de Cristo, não pode
deixar de desenvolver também este aspecto do culto eucarístico,
no qual perduram e se multiplicam os frutos da comunhão do
corpo e sangue do Senhor.
55
3. MISTÉRIOS DOLOROSOS
1.º Mistério:
A AGONIA DE JESUS NO JARDIM DAS OLIVEIRAS
Meu Pai, se é possível, afaste-se de mim este cálice. No entanto, não seja como Eu quero, mas como Tu queres (Mt. 26, 39).
A África, berço da humanidade, continua a ser espoliada das
suas riquezas. Os seus panos, outrora brancos, estão agora pretos
com sujidade do luto e da dor; os seus olhos, vermelhos de tanto
chorar, mostram o sangue derramado pela crueldade da guerra; a
sua boca está seca de tanto sofrimento, opressão e injustiça.
Explorada e massacrada, em que grande encruzilhada te
sujeitaram! Em vez de chuva para irrigar os teus campos, caem
bombas e mísseis para te conquistar. Mas o teu corpo sofrido
é forte e no coração levas a esperança, sonhos de liberdade,
felicidade, fé, amor e paz.
Hoje, a nossa oração é para ti, África!
2.º Mistério:
A FLAGELAÇÃO DE JESUS
Todo o povo respondeu: que o Seu sangue caia sobre nós e
sobre os nossos filhos. (Mt. 27, 25).
Na América, povoada de cidades grandes, ricas e cosmopolitas, tudo se compra e tudo se vende, até os homens. E, na
escuridão, ao virar de uma esquina, jazem os sem-abrigo que
procuram o pão nos caixotes do lixo. Na América há pessoas
que saltam fronteiras e morrem entre barcaças de destroços, na
fúria das águas do oceano, com a esperança de que iriam conseguir uma vida melhor. Grandes fortunas devoram e esquecem
a pobreza de quem já não tem muito para viver. Povos indígenas
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vêm alienados os seus direitos à terra dos antepassados e à
sua cultura, porque não têm poder económico para comprar as
pessoas certas.
Há, também, vozes que se organizam, com esperança para
se fazerem ouvir e atravessar o espaço da indiferença até aos
corredores do poder imposto. Há vozes amordaçadas mas que
acreditam que a luz que nasce todos os dias, consiga um dia
quebrar os corações de pedra.
Hoje, a nossa oração é para ti, América!
3.º Mistério:
JESUS É COROADO DE ESPINHOS
Tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça e
uma cana na mão direita. Dobrando o joelho diante dele, escarneciam-no dizendo: ‘Salvé, Rei dos Judeus! (Mt. 27, 29).
Na Europa há muitas pessoas que, em desespero, atravessam fronteiras. Vêm de muitos sítios, embrulhados por
gente sem escrúpulos e por um sonho de uma vida melhor
do que aquela que tinham na terra que os viu nascer. Alguns
tombam entre paredes de aço que lhes corta o ar, outros
são engolidos pelas águas traiçoeiras dos mares. Outros
são condenados antes de julgados, e deportados.
Os que chegam à “terra prometida” não trazem nada
na algibeira. E vêm-se excluídos, clandestinos, no meio
em que trabalham em condições muitas vezes extremas,
para sobreviver. Dizem por gestos o que vão aprendendo
por palavras, numa forma que lhes é estranha. Seres entregues à sua sorte, longe da pátria que não esquecem e
onde deixaram pessoas, ansiosamente à sua espera, com
esperança de os ver de volta, sãos e salvos. Vozes que,
esforçadamente, fazemos por não escutar.
Hoje, a nossa oração é por ti, Europa!
57
4.º Mistério:
JESUS LEVA A CRUZ PARA O CALVÁRIO
Jesus, levando a cruz às costas, saiu para o chamado lugar
da Caveira que em hebraico se diz Golgota. (Jo.19, 17).
Na Ásia, os diferentes níveis de desenvolvimento social, a
diversidade de línguas, culturas e religiões fazem dos seus povos
um epicentro de carências. É abissal a diferença entre aqueles
que vivem numa mansão privada com segurança e os milhões
de pessoas que vivem ali logo ao lado, olhando e sonhando por
um tecto onde não caia chuva.
A riqueza dos casinos contrasta com um corpo que apodrece
na rua, sem que ninguém pare para o reconhecer. Pessoas traficadas como mercadoria, onde nem sequer o peso importa, são
vendidas como objectos. Os “senhores do dinheiro” comandam
a vida dos que nada têm, comandam o trabalho forçado para
enriquecer ainda mais. Milhões de crianças a quem roubam a
infância são lançadas para o mundo do trabalho adulto.
Hoje, a nossa oração é para ti, Ásia!
5.º Mistério:
A CRUCIFIXÃO E MORTE DE JESUS
Tudo está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o
espírito. (Jo 20, 30).
Quando pensamos na Austrália, vêm-nos à mente a imagem
de vastas planícies, os cangurus e uma civilização muito desenvolvida. Mas a exclusão social é uma das realidades multifacetadas
de uma região desenvolvida. O povo aborígene continua a ser
esquecido, deixado de lado, sem oportunidades. O desemprego
é uma realidade que mata os sonhos, sonhos de ter uma casa,
sonho de viver, um sonho que não passa à realidade…
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Uns vivem o sonho de tudo ter e nada dar, enquanto os outros
têm tudo para dar, mas ninguém os valoriza. Ser aborígene não
é ser apenas diferente é, também, ser alguém a quem não se
dá oportunidade de ser membro da nossa sociedade, da nossa
família onde somos todos iguais.
Hoje, a nossa oração é para ti, Oceânia!
4. MISTÉRIOS GLORIOSOS
1.º Mistério:
A RESSURREIÇÃO DE JESUS
Porque buscais o Vivente entre os mortos? Não está aqui:
ressuscitou! (Lc 24, 5-6).
Tendo morrido numa sexta-feira, à tarde, nesse mesmo dia
Cristo foi sepultado. No Domingo seguinte, alguns Discípulos,
logo ao amanhecer, foram ao sepulcro e encontraram o vazio!
Pensaram que tinham roubado o corpo. Mais tarde, Jesus cumpriu
a sua promessa: apareceu no meio deles.
A vida venceu a morte! A nossa fé está fundamentada neste
grandioso acontecimento, e nele deve estar toda a nossa esperança e promessa de Ressurreição. Sejamos gratos a Deus pela
nossa fé que, por vezes, parece pequenina e quase inexistente.
Cristo ressuscitou para que nós ressuscitemos para uma vida
nova, para que acreditemos e anunciemos a sua promessa: Eu
estarei convosco até ao fim dos tempos!
Peçamos ao Senhor, por intercessão da Virgem Maria, que
a chama da nossa fé nunca se apague, que ilumine, acenda e
aqueça os corações que dela precisam.
2.º Mistério:
A ASCENSÃO DE JESUS AO CÉU
Ali, ergueu as mãos e abençoou-os. Enquanto os
abençoava, separou-se deles e elevava-se ao Céu (Lc.
24, 50-51).
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Terminada a sua missão no mundo, Cristo já ressuscitado,
reuniu os Apóstolos e falou-lhes pela última vez. Depois estendeu
as mãos sobre eles para os abençoar e foi-se elevando, cada vez
mais alto, até desaparecer atrás de uma nuvem, voltando assim
para junto do Pai, conforme tinha anunciado.
Nós temos a esperança de que um dia iremos viver para junto daquele que é o Senhor da nossa vida, Aquele que nos criou
pois viemos de Deus e para Deus temos que voltar. Jesus tem
preparado um lugar para nós na eternidade e, por isso, vivemos
na alegria de nos reencontrarmos com o nosso Pai do Céu.
Peçamos ao Senhor, por intercessão da Virgem Maria, que
sejamos dignos dessa recompensa, vivendo uma vida recta, com
amor pelos outros e cheios do Espírito Santo.
3.º Mistério:
A DESCIDA DO ESPÍRITO SANTO
Viram então aparecer umas línguas à maneira de fogo,
que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles.
Todos ficaram cheios do Espírito Santo (Act 2, 3-4).
Com a descida do Espírito Santo sobre os discípulos, eles
compreenderam claramente qual seria a sua missão, aquilo que
deveriam realizar no Mundo. Cheios de coragem, saíram por todas
as terras para aí anunciar o Reino de Deus.
Nós recebemos o Espírito Santo no dia do nosso baptismo,
Espírito esse que nos impele a procurar o Deus vivo, que nos
desafia a lançarmo-nos ao mundo para sermos anunciadores e
testemunhas da Boa Nova.
Peçamos a Deus, por intercessão da Virgem Maria, que
sejamos instrumentos do Espírito Santo para sermos no mundo
anunciadores do Evangelho.
4.º Mistério:
A ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA
Os cristãos, desde os primeiros séculos, acreditavam que a
Mãe de Deus não sofreu a corrupção do túmulo. A crença geral
60
era que o corpo imaculado da Virgem fora levado aos céus.
Essa é agora para nós uma verdade de fé, definida pela Igreja.
A Assunção de Nossa Senhora aos céus, leva-nos a pensar na
eternidade que nos espera. Temos que viver neste mundo que
passa, com os olhos fixos na vida eterna.
Peçamos a Deus, por intercessão da Virgem Maria, que
vivamos livres de todo e qualquer pecado, para assim sermos
parte da vida eterna.
5.º Mistério:
A COROAÇÃO DE NOSSA SENHORA
COMO RAINHA DOS CÉUS E DA TERRA
Maria, Mãe de Jesus permaneceu com os Apóstolos, animando-os até que recebessem o Espírito Santo. Ela foi coroada por
Deus, como Rainha do Céu e da Terra. É, para nós, protecção,
auxílio, modelo, companhia, consolo e alegria.
Procuremos nunca a esquecer, tendo-a sempre presente
nas nossas orações pois, junto de Deus, ela é a nossa melhor
intercessora.
61
Assim como Deus envia a si mesmo ao mundo, assim a Igreja é
enviada ao diferente de si mesmo, ao que não é ainda Igreja, ao
exterior da comunidade eclesial (Dr. João Duque).
VIA SACRA
Primeira estação
Jesus é condenado à morte
Do Evangelho segundo Mateus 27, 22-23
Cronista: Pilatos disse-lhes:
Voz: Que hei-de fazer, então, de Jesus chamado Cristo?
Cronista: Todos responderam:
Voz: Seja crucificado!
Cronista: Pilatos insistiu: «Que mal fez Ele?»
Cronista: Mas eles cada vez gritavam mais:
Voz: Seja crucificado!
Meditação: somos convidados a olhar para as nossas atitudes
para com os outros, não só por aquilo que fazemos, mas também
por aquilo que pensamos e dizemos. As palavras que proferimos
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são a nossa maior arma, que nem sempre usamos correctamente.
Quantas vezes levantamos falsos testemunhos? Quantas vezes
apelamos para a verdade e não vivemos dela?
Oração: Senhor, dai-nos o discernimento para utilizarmos
as palavras correctamente, preocupando-nos mais em escutar
do que julgar. Ensinai-nos a, tal como Vós, utilizar as palavras
sabiamente de forma a podermos espalhar a Vossa palavra e
ajudar os outros em vez de os atacarmos. Ajudai-nos a reconhecer a existência de variadas opiniões como fonte de riqueza no
Mundo.
“Se queres amar a Cristo, dizia St.º Agostinho, espalha caridade sobre toda a terra, porque os membros de Cristo estão em
todo o Mundo”
Pai Nosso
Segunda estação
Jesus é carregado com a cruz
Do Evangelho segundo Mateus 27, 27-31
Cronista: Os soldados do governador conduziram Jesus para
o pretório e reuniram toda a corte à volta dele. Despiram-no e
envolveram-no com um manto escarlate. Tecendo uma coroa de
espinhos, puseram-lha na cabeça, e uma cana na mão direita.
Dobrando o joelho diante dele, escarneciam-no, dizendo:
Voz: Salve! Rei dos Judeus!
Cronista: E, cuspindo-lhe no rosto, agarravam na cana e
batiam-lhe na cabeça. Depois de o terem escarnecido, tiraramlhe o manto, vestiram-lhe as suas roupas e levaram-no para ser
crucificado.
Meditação: Somos impelidos a reflectir sobre a nossa Cruz
que temos medo de carregar. Ao negá-la estamos a negar que
somos Cristãos. Quantas vezes ao sair da Eucaristia esquecemos
imediatamente o que vivemos na hora anterior? Quantas vezes
nos recusamos a carregar a nossa Cruz?
Oração: “Se noutros tempos a vida da Igreja desenvolvia a
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sua força nos países da velha Europa, de onde se expandia, hoje
ela se apresenta ao contrário como uma troca de vida e energia
entre todos os membros da Tua Igreja”. (PIO XII). Queremos
hoje, Senhor, pedir-te força para carregarmos a nossa Cruz, para
podermos, dessa forma, ser testemunhos de Ti, da Tua palavra.
Pai Nosso
Terceira estação
Jesus cai pela primeira vez
Do livro do profeta Isaías 53, 4-6
Cronista: Na verdade, ele tomou sobre si as nossas doenças,
carregou as nossas dores. Nós o reputávamos como um leproso, ferido por Deus e humilhado. Mas foi ferido por causa dos
nossos crimes, esmagado por causa das nossas iniquidades. O
castigo que nos salva caiu sobre ele, fomos curados pelas suas
chagas.
Voz: Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas perdidas, cada um seguindo o seu caminho. Mas o SENHOR carregou
sobre ele todos os nossos crimes.
Meditação: Jesus cai pela primeira vez. Temos receio de
cair. Tememos o desconhecido. Mas Jesus assumiu a queda
como parte integrante da sua caminhada. Quantas vezes nos
recusamos a aceitar que o caminho não é fácil, mas necessário
para ficarmos mais perto de Cristo?
Oração: “O Bom Pastor convida a dedicar-se generosamente
à missio ad gentes também as Igrejas de recente evangelização.
Mesmo encontrando não poucas dificuldades e obstáculos no
seu desenvolvimento, estas comunidades estão em crescimento
constante.” (Bento XVI).
Senhor, ajuda-nos a enfrentar esta caminhada incerta que é
a nossa vida, sempre com força para nos levantarmos e prosseguirmos com maior dedicação e generosidade.
Pai Nosso
64
Quarta estação
Jesus encontra sua Mãe
Do Evangelho segundo Lucas 2, 34-35.51
Cronista: Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua Mãe:
Voz: Este menino está aqui para queda e ressurgimento de
muitos em Israel e para sinal de contradição; uma espada trespassará a tua alma. Assim hão-de revelar-se os pensamentos de
muitos corações.
Cronista: Depois desceu com eles, voltou para Nazaré e
era-lhes submisso. Sua mãe guardava todas estas coisas em
seu coração.
Meditação: Somos convidados a ponderar o exemplo de
Maria. Na hora de maior dor do seu filho, continuou a seu lado,
como durante toda a sua vida. Por isso, Maria convida-nos a rezar
pelas nossas mães, sucessoras de Maria, para que elas sejam
sempre protegidas e nos acompanhem na nossa caminhada.
Quantas vezes nos esquecemos da nossa mãe? Quantas vezes
lhe fomos ingratos?
Oração: Senhor, “Que a mulher seja um céu de ternura de
aconchego e calor. Que nenhuma mulher continue a mesma
após ter dado à luz uma criança. Que seja meio pata-choca, meio
coruja, e meio águia. Pata-choca para viver pelos filhos, coruja
para incentivá-los, águia para lhes ensinar o valor das alturas.”
(Pe. Zézinho).
Avé Maria
Quinta estação
Jesus é ajudado por Simão de Cirene a levar a Cruz
Do Evangelho Segundo São Mateus 27, 32;16.24
Cronista: À saída, encontraram um homem de Cirene, chamado Simão, e obrigaram-no a levar a cruz de Jesus.
Cronista: Jesus disse, então, aos discípulos:
Voz: Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome
a sua cruz e siga-me.
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Meditação: Tal como Simão de Cirene foi chamado a ajudar
Jesus, hoje também nós somos chamados. Na missão ad gentes,
muitos são os chamados, porém poucos são aqueles que ouvem
e aceitam esse chamamento. Quantas vezes ignoramos o chamamento do Senhor? Quantas vezes fechamos os olhos àqueles
que estão ao nosso lado?
Oração: Senhor, fazemos nossas as palavras de sua santidade, o Papa Bento XVI: O mandato missionário confiado por
Cristo aos Apóstolos diz respeito verdadeiramente a todos nós.
O Dia Missionário Mundial seja portanto ocasião propícia para
tomar mais profunda consciência e para elaborar juntos itinerários
espirituais e formativos apropriados que favoreçam a cooperação
entre as Igrejas e a preparação de novos missionários para a
difusão do Evangelho neste nosso tempo». Que o medo não se
apodere de nós para podermos voar mais alto.
Pai Nosso
Sexta estação
A Verónica limpa o rosto de Jesus
Do livro profeta Isaías 53, 2-3
Cronista: Vimo-lo sem aspecto atraente, sem figura nem
beleza, desprezado e abandonado pelos homens, como alguém
cheio de dores, habituado ao sofrimento, diante da qual se tapa
o rosto, menosprezado e desconsiderado.
Do livros dos Salmos 42, 2-3
Voz: como suspira o veado pelas correntes das águas, assim
minha alma suspira por Vós, Senhor. Minha alma tem sede de
Deus, do Deus vivo: quando irei contemplar o rosto de Deus?.
Meditação: Somos convidados a reflectir sobre a importância dada à aparência de uma pessoa, à sua identidade, ao seu rosto. Jesus, mesmo sem figura atraente,
levou a sua missão até ao fim. Quantas vezes mudamos
física ou psicologicamente por causa do que nos disseram?
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Quantas vezes desprezamos alguém pela sua aparência?
Oração: «O Cura d’Ars era humilíssimo, mas consciente de
ser, enquanto padre, um dom imenso para o seu povo: «Um bom
pastor, um pastor segundo o coração de Deus, é o maior tesouro
que o bom Deus pode conceder a uma paróquia e um dos dons
mais preciosos da misericórdia divina». (Bento XVI).
Senhor, ajuda-nos a viver na humildade, com um coração
segundo o coração de Deus.
Avé Maria
Sétima estação
Jesus cai pela segunda vez
Do livro de Jeremias 12,1
Cronista: Senhor, Tu és demasiado justo, para eu me queixar de Ti. Mas desejaria debater contigo sobre a justiça: Por
que alcançam os maus tanto sucesso e vivem tranquilos na sua
malvadez?
Do livro dos Salmos 37, 1-2. 10-11
Voz: Não te irrites contra os que fazem o mal, nem invejes os
que praticam a iniquidade. Pois bem cedo secarão como o feno,
e como a erva viçosa murcharão. Ainda um pouco, e o ímpio
desaparecerá; se procurares o seu lugar, não o encontrarás. Os
mansos, porém, possuirão a terra, e gozarão de imensa paz.
Meditação: Jesus impele-nos a retomar a caminhada, depois
de cada queda. Somos convidados a não baixar os braços, a não
nos deixar levar pelo desânimo ou pela luxúria e a inveja. Quantas
vezes abandonamos o Teu caminho?
Oração: «Pelo seu exemplo, [do Cura d’Ars] os fiéis aprendiam a rezar, detendo-se de bom grado diante do sacrário para
uma visita a Jesus Eucaristia. «Para rezar bem – explicava-lhes
o Cura –, não há necessidade de falar muito. Sabe-se que Jesus
está ali, no tabernáculo sagrado: abramos-Lhe o nosso coração,
alegremo-nos pela sua presença sagrada. Esta é a melhor oração». (Bento XVI).
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Senhor, abre-nos o coração para receber o Teu alimento,
permitindo-nos caminhar contigo, no teu amor.
Pai Nosso
Oitava estação
Jesus encontra as mulheres de Jerusalém
Do Evangelho segundo Lucas 23, 27-29.31
Cronista: Seguiam Jesus uma grande multidão de povo e
umas mulheres batiam no peito e se lamentavam por Ele. Jesus
voltou-se para as mulheres e disse-lhes:
Voz: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim, chorai por vós
mesmas e pelos vossos filhos; pois virão dias em que se dirá:
Felizes as estéreis, os ventres que não geraram e os peitos que
não amamentaram… Porque, se tratam assim a árvore verde, o
que acontecerá à seca?.
Meditação: Jesus interpela-nos a olhar para as nossas fragilidades, as nossas diferenças. Exorta-nos a que não vivamos
segundo os programas dos outros, de acordo com opiniões de
terceiros, mas a olhar para a nossa vida, a nossa família, a nossa
comunidade. Quantas vezes enfatizamos os nossos problemas,
quando há outros que têm problemas bem maiores?
Quantas vezes nos tornamos indiferentes ao próximo, a quem
pede a nossa ajuda?
Oração: Senhor, que a nossa fé genuína faça desabrochar
em nós a capacidade de estarmos conscientes da indiferença,
do abandono em que se encontram tantas comunidades que não
conhecem a Tua herança, o Teu rosto.
Avé Maria
Nona estação
Jesus cai pela terceira vez
Do livro do profeta Habacuc 1, 12-13; 2,2-3
Cronista: Não és Tu, Senhor, desde o princípio, o meu Deus
e o meu Santo? Os teus olhos são demasiado puros para ver o
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mal, não podes contemplar a opressão. Por que contemplas, em
silêncio, os traidores, quando devoram os que são mais justos
do que eles?
Voz: Escreve a visão, grava-a em tabuinhas, para que possa
ser lida facilmente. Porque uma visão para um tempo fixado, ela
aspira o seu termo e não falhará. Se tardar, espera por ela igualmente que ela cumprir-se-á, com toda a certeza não falhará.
Meditação: Jesus convida-nos a reflectir sobre a nossa
vida… Não apenas por aqueles que caem à nossa volta mas
também por nós próprios, que não pensamos sobre os nossos
actos e que por isso muitas vezes caímos duas, três, dez vezes.
Quantas vezes não guardámos cinco minutos do nosso dia para
reflectir sobre ele, sobre as formas em que vimos o Senhor, para
nos aproximarmos d’Ele?
Oração: Senhor, dai-nos força para acreditarmos em Vós.
Dai-nos clarividência para conseguirmos guardar o Teu tempo no
nosso dia. “Não há duas maneiras boas de servir a Deus. Há apenas uma: Servi-Lo como Ele quer ser servido.” (St.º Cura d’Ars)
Pai Nosso
Décima estação
Os soldados repartem entre si as vestes de Jesus
Do Evangelho segundo João 19, 23-24
Cronista: Os soldados, depois de crucificarem Jesus, pegaram
a roupa dele e fizeram quatro partes, uma para cada soldado, excepto a túnica. A túnica, toda tecida de uma só peça de alto a baixo,
não tinha costuras. Então os soldados disseram uns aos outros:
Voz: Não a rasguemos; tiremo-la à sorte, para ver a quem
tocará.
Cronista: Assim se cumpriu a Escritura, que diz: Repartiram
entre eles as minhas vestes e sobre a minha túnica lançaram
sortes.
Meditação: Ao despojarem Cristo das Suas vestes, os soldados pretenderam mostrá-lo como alguém mais frágil. Contudo o
69
resultado real foi a demonstração da nossa pobreza, da pobreza
da nossa humanidade, que, ao termos noção dela, descobrimos
a imensa compaixão que Deus nos demonstra. Seremos capazes
de prescindir dos nossos confortos e bens terrestres?
Oração: Senhor, Tu não tiveste medo de assumir a nossa
nudez; não despiste outros para Te revestires; pelo contrário, Tu
Te despojaste para nos revestires. Ensina-nos, Senhor, o desprezo
pelo “ter”, ensina-nos a “ser”, reveste-nos com a Tua veste de filho,
para podermos entrar na glória do Teu banquete celeste.
Pai Nosso
Décima primeira estação
Jesus é pregado na Cruz
Do Evangelho segundo Mateus 27, 35-42
Cronista: Ficaram ali sentados a guardá-lo. Por cima da
sua cabeça, colocaram um escrito, indicando a causa da sua
condenação: «Este é Jesus, o Rei dos Judeus.» Com Ele, foram
crucificados dois salteadores, um à direita e outro à esquerda. Os
que passavam injuriavam-no, meneando a cabeça e dizendo:
Voz: Tu, que destruías o templo e o reedificavas em três dias,
salva-te a ti mesmo! Se és o Filho de Deus, desce da cruz!
Cronista: Os sumos-sacerdotes com os doutores da Lei e os
anciãos também zombavam dele, dizendo:
Voz: Salvou os outros e não pode salvar-se a si mesmo! Se
é o rei de Israel, desça da cruz, e acreditaremos nele!
Meditação: Jesus é escarnecido pelo facto de não fugir
da Cruz. Jesus, na hora da sua Paixão, assume os pecados da
Humanidade, as nossas infidelidades, perdoando-nos de uma
vez para sempre.
Oração: «O bom Deus sabe tudo. Ainda antes de vos confessardes, já sabe que voltareis a pecar e todavia perdoa-vos.
Como é grande o amor do nosso Deus, que vai até ao ponto de
esquecer voluntariamente o futuro, só para poder perdoar-nos!».
(St.º Cura d’Ars).
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Senhor, dá-nos a sabedoria e a força para sabermos perdoar
e aceitar sermos perdoados.
Pai Nosso
Décima segunda estação
Jesus morre na cruz
Do Evangelho segundo João 19, 25-27
Cronista: Junto à cruz de Jesus, estavam, de pé, a sua mãe e
a irmã de sua mãe, Maria, a mulher de Clopas, e Maria Madalena.
Então, Jesus, ao ver ali ao pé a sua mãe e o discípulo que Ele
amava, disse à sua mãe:
Voz: Mulher, eis o teu filho.
Cronista: Depois, disse ao discípulo:
Voz: Eis a tua Mãe.
Cronista: E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua.
Meditação: Jesus oferece-se totalmente. Dá-Se! Deixa-se
imolar na cruz, brotando do Seu Coração sangue e água. Quantas
vezes nos confiámos às mãos de Deus?
Oração: “…ele «era rico para dar aos outros e era muito
pobre para si mesmo». Explicava: «O meu segredo é simples: dar
tudo e não guardar nada». Quando se encontrava com as mãos
vazias, dizia contente aos pobres que se lhe dirigiam: «Hoje sou
pobre como vós, sou um dos vossos». Deste modo pôde, ao fim
da vida, afirmar com absoluta serenidade: «Não tenho mais nada.
Agora o bom Deus pode chamar-me quando quiser!»” (Bento XVI).
Senhor, ajuda-nos a despojarmo-nos de tudo e a entregarmo-nos
seguindo o exemplo do Santo Cura d’ Ars.
Pai Nosso
Décima terceira estação
Jesus é descido da Cruz e entregue a sua Mãe
Do Evangelho segundo Mateus 27, 55.57-58 e 17, 22-23
Cronista: Estavam ali, a observar de longe, muitas mulheres
que tinham seguido Jesus desde a Galileia e o serviram. Ao cair
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da tarde, veio um homem rico de Arimateia, que também se tornara discípulo de Jesus. Foi ter com Pilatos e pediu-lhe o corpo
de Jesus. Pilatos ordenou que lho entregassem.
Cronista: Estando reunidos na Galileia, Jesus disse-lhes:
Voz: O Filho do Homem tem de ser entregue nas mãos dos
homens, que o matarão; mas, ao terceiro dia ressuscitará.
Cronista: E eles ficaram profundamente consternados.
Meditação: Da mesma maneira que Jesus aceitou que a
sua missão culminaria às mãos dos Homens, na cruz, também
nós somos desafiados a reconhecer e aceitar a missão que nos
é confiada pelo próprio Deus.
Oração: “Queremos ainda render especial homenagem
àqueles que nas Obras Missionárias Pontifícias, se consagram
ao dever por vezes ingrato, mas tão nobre! de estender a mão em
nome da Igreja em favor das jovens cristandades, seu orgulho e
esperança.” (Pio XII) Senhor, dá-nos um coração novo para que,
tal como José, possamos viver a tua solidariedade para com os
Homens, estendendo a mão à necessidade do próximo.
Avé Maria
Décima quarta estação
Jesus é sepultado
Do Evangelho segundo Mateus 27, 59 - 61
Cronista: José tomou o corpo, envolveu-o num lençol limpo
e depositou-o num túmulo novo, que tinha mandado talhar na
rocha. Depois, rolou uma grande pedra contra a porta do túmulo
e retirou-se. Maria de Magdala e a outra Maria estavam ali sentadas, em frente do sepulcro.
Do livro dos Salmos 16, 9-11
Voz: O meu coração se alegra e a minha alma exulta, e até o
meu coração descansa tranquilo. Vós não abandonareis a minha
alma na mansão dos mortos, nem deixareis o vosso fiel sofrer a
corrupção. Dar-me-eis a conhecer os caminhos da vida; alegria
plena em vossa presença, delícias eternas à vossa direita.
72
Meditação: Não temos como fugir, a morte chegou! O sepulcro é a habitação por excelência. Uma enorme pedra tapa
a luz, tudo é sombra, tudo é vazio. Atormenta-nos a ideia de
vazio… a perspectiva de poder não existir mais nada para além.
Tudo é desolador! Quantas vezes me refugiei no sepulcro de
Jesus? Quantas vezes prostrei os braços e me deixei vencer
pelas sombras?
Oração: “Senhor Jesus, a Sexta feira Santa é o dia da escuridão, o dia do ódio sem razão, o dia da morte do Justo! Mas a
Sexta-feira Santa não é a última palavra: a última palavra é a Páscoa, o triunfo da Vida, a vitória do Bem sobre o mal.” (Bento XVI).
Pai Nosso
Bênção final
Como e quando teremos comunidades estruturalmente missionárias
para um encontro com Cristo? (D. Jorge Ortiga)
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PRECES DIÁRIAS
1 Santa Teresa do Menino Jesus
Senhor, dá-nos a graça de viver este mês missionário seguindo o
exemplo de Santa Teresinha do Menino Jesus, anunciando o Evangelho e crescendo no amor à missão, através da oração e da partilha.
2 Santos Anjos da Guarda
Senhor, nosso Deus, que na Tua admirável providência envias os
santos Anjos para nos guardarem, escuta as nossas súplicas e
dirige os nossos passos no caminho da salvação e da paz.
3
Senhor, envia sobre nós o Teu Espírito para que, no seguimento
do Congresso Missionário Nacional realizado o ano passado,
sejamos capazes de rasgar horizontes novos de missão na Igreja
portuguesa.
4 XXVII Domingo do Tempo Comum
Senhor nosso Deus, abençoa os bispos que hoje dão início ao
Sínodo Africano para que, escutando voz do Espírito Santo e
discernindo os sinais dos tempos, a Igreja seja uma voz profética
promovendo a reconciliação, a justiça e a paz, criando unidade entre os povos do continente africano e anunciando o Evangelho.
5
Senhor, louvado sejas pela beleza do céu e da terra, obra das
Tuas mãos! Dá-nos, Senhor, a sabedoria para sabermos viver
em harmonia com todos os seres da natureza e defender a integridade da Criação.
6 São Bruno
Senhor, nosso Deus e nosso Pai, derrama a Tua bênção sobre
o continente europeu para que saiba acolher no seu seio os
imigrantes e os refugiados e, abrindo-se aos outros continentes,
possa crescer no respeito pelos outros povos e culturas.
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7 Nossa Senhora do Rosário
Senhor, dá-nos a Tua graça para que, à semelhança de Maria
de Nazaré, cada um de nós procure escutar a Palavra de Deus
e anunciá-la aos outros com paixão e alegria.
8
Senhor Jesus, abençoa os jovens do mundo inteiro e derrama
o Teu amor nos seus corações para que eles coloquem a sua
força, generosidade e entusiasmo ao serviço da paz, da justiça
e da fraternidade entre os povos.
9 São Dionísio e seus companheiros, mártires
Senhor Jesus Cristo, dá-nos coragem para imitar os santos mártires, seguindo o seu exemplo na renúncia à glória deste mundo
e na entrega generosa da vida ao serviço do Evangelho.
10 São Daniel Comboni
Pai, que manifestaste em S. Daniel Comboni um exemplo admirável de amor a Ti e aos povos da África, faz que imitando a sua
santidade e o seu zelo missionário, nos consagremos à evangelização dos irmãos mais pobres e abandonados.
11 XXVIII Domingo do Tempo Comum
Deus, nosso Pai e nosso amigo, abençoa as crianças das nossas
paróquias e desperta nelas o amor pelas crianças dos outros
continentes, sobretudo as que sofrem por causa da doença, da
guerra e da fome.
12
Senhor Jesus, amigo dos pobres e dos pequenos, olha para o
vasto continente americano e faz da Igreja uma Igreja missionária
comprometida com as lutas do povo e sinal de esperança sobretudo para os mais pobres.
13 Beata Alexandrina de Balazar
Senhor, fonte de toda a vida, derrama a Tua bênção sobre os doentes para que, na fé e na esperança, sintam a presença de Deus
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e possam valorizar o seu sofrimento e oferecê-lo pelo anúncio do
Evangelho a todos os povos.
14
Neste Ano Sacerdotal, por intercessão de S. João Maria Vianey,
ilumina, Senhor, todos os sacerdotes para que possam compreender cada vez melhor a importância do seu papel e da sua missão
na Igreja e serem fiéis a Cristo, o bom pastor.
15 Santa Teresa de Ávila
Senhor, nosso Deus, pedimos por todos os membros da vida
consagrada para que o testemunho de uma vida pobre, casta e
obediente, e a entrega generosa à missão sejam sinal profético
da presença do Reino neste momento da história que atravessamos.
16 Santa Hedviges e Santa Margarida Maria Alacoque
Iluminai, Senhor, os nossos corações para que sejamos construtores da paz, respeitando e acolhendo os outros como irmãos,
e colaborando com eles na construção de uma sociedade mais
fraterna.
17 Santo Inácio de Antioquia
Senhor, nosso Deus, ensina-nos a crescer na renúncia e no desprendimento dos bens materiais, a fim de sermos cada vez mais
solidários com os que nada têm e, deste modo, testemunhar que
a verdadeira alegria está mais em dar do que em receber.
18 Dia Missionário Mundial
Senhor, nosso Deus, desça sobre nós a Tua bênção para que a
oração pela missão, a dedicação ao anúncio do Evangelho e o
apoio à Igreja missionária continuem presentes, hoje e sempre,
na vida de cada baptizado e de cada comunidade cristã.
19
Senhor da Missão, fazei que seguindo o exemplo do Apóstolo
S. Paulo, cada baptizado assuma a sua vocação missionária,
anunciando Jesus Cristo com paixão e alegria.
76
20
Senhor, envia sobre nós o Teu Espírito para darmos testemunho
da nossa fé em Cristo, vivermos com alegria a esperança do Reino
e amarmos a todos com genuína caridade.
21
Senhor, nosso Deus e nosso Pai, envia o Teu Espírito sobre as
Igrejas da Ásia para estarem sempre ao lado dos pobres, crescerem no diálogo com as diversas tradições religiosas e serem
fermento de vida nova.
22
Senhor, nosso Deus e nosso Pai, fonte de toda a santidade,
derrama sobre a Igreja a abundância da Tua bênção, para que,
segundo o Teu desígnio de amor, surjam muitas vocações missionárias para o serviço do povo de Deus e o anúncio da Boa
Nova do Reino.
23 São João de Capistrano
Senhor, Deus de bondade, protege e conforta os doentes, os
idosos e os que vivem sós, sobretudo os que mais sofrem. Que
eles sintam a Tua presença consoladora através do apoio e solidariedade dos irmãos.
24 Santo António Maria Claret
Pedimos-Te, Senhor, pelas nossas Igreja locais. Que elas descubram que também foram enviadas em missão e vivam sempre
em dinamismo missionário, através da oração pelas missões, da
cooperação e da partilha com as igrejas mais necessitadas.
25 XXX Domingo do Tempo Comum
Abençoa, Senhor, a Igreja da África. Que as orientações do Sínodo Africano mobilizem os cristãos para serem testemunhas da
verdade e da justiça, defensores da paz e da liberdade, profetas
e construtores de uma África mais justa e fraterna.
26
Senhor, nosso Deus e nosso Pai, pedimos-Te por todos os leigos
missionários. Abençoa o seu trabalho e faz com que sejam fiéis
77
à sua vocação, servindo a missão e dando testemunho de Jesus
Cristo na vida familiar, profissional, social e eclesial.
27 Beato Gonçalo de Lagos
Senhor, nosso Pai, olha com bondade para os povos da Oceânia e
faz da Tua Igreja uma Igreja missionária, acolhedora e dialogante,
para construir pontes entre pessoas, grupos e nações, e dar a
conhecer a todos a Boa Nova do Reino de Deus.
28 São Simão e São Judas
Deus de infinita misericórdia, que nos fizeste chegar ao conhecimento do Teu nome por meio dos bem-aventurados Apóstolos,
concede-nos, por intercessão de São Simão e São Judas, que
a Tua Igreja cresça continuamente com a conversão dos povos
ao Evangelho.
29
Abençoa, Senhor, as famílias cristãs para que sejam verdadeiras
comunidades domésticas onde a fé possa ser vivida com entusiasmo, o amor cresça entre todos os seus membros e a abertura
aos outros se concretize no acolhimento e na partilha.
30
Senhor, nosso Deus e nosso Pai, fonte do amor e da missão, dános a coragem de partir ao encontro dos outros, saindo do nosso
egoísmo e do nosso conforto. Dá-nos a graça de viver sempre
em espírito de missão.
31
Senhor, nosso Deus, concede-nos, a nós que celebrámos este
mês das missões, a graça de permanecer fiéis à nossa vocação
cristã, abertos à dimensão missionária da Igreja e prontos para
dar testemunho de Jesus a todos aqueles que ainda o não conhecem.
78
MISSA PELA
EVANGELIZAÇÃO DOS POVOS
Antífona de entrada
Salmo 66,2-3
Deus se compadeça de nós e nos dê a sua bênção, resplandeça sobre nós a luz do seu rosto. Na terra se conhecerão
os seus caminhos e entre os povos a sua salvação.
Oração Colecta
Deus de misericórdia, que enviastes o vosso Filho como
verdadeira luz do mundo, derramai o vosso Espírito Santo
prometido para que lance as sementes da verdade nos corações dos homens e neles faça nascer a resposta ao Dom
da fé, de modo que renascendo pelo baptismo para uma vida
nova, mereçam fazer parte do vosso povo. Por Nosso Senhor
Jesus Cristo, Vosso Filho, que é Deus convosco na unidade
do Espírito Santo.
Leitura da carta de S. Paulo aos Romanos
(Rom 10, 9-15)
Salmo Responsorial
Salmo 95(96)
Refrão:
Ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho
Cantai ao Senhor um cântico novo,
Cantai ao Senhor, terra inteira,
Cantai ao Senhor, bendizei o Seu nome.
Anunciai dia a dia a Sua Salvação,
Publicai entre as nações a Sua Glória,
Em todos os povos as Suas Maravilhas.
79
Aleluia
Ide e ensinai todos os povos, diz o Senhor.
Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos.
Evangelho de Nosso Jesus Cristo segundo São Mateus. (Mt. 28,16-20)
Naquele tempo, os onze discípulos partiram para a Galileia, em direcção ao monte que Jesus lhes indicara.
Quando O viram, adoraram-n’O; mas alguns ainda duvidaram. Jesus aproximou-se e disse-lhes: “Todo o poder me
foi dado no Céu e na Terra. Ide e ensinai todas as nações,
baptizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo,
ensinando-as a cumprir tudo o que vos mandei. Eu estou
sempre convosco até ao fim dos tempos”.
Palavra da Salvação
Oração sobre as oblatas
Olhai, Senhor, para o rosto de Cristo Vosso Filho, que Se
entregou à morte para salvar toda a humanidade e fazei que,
pelo mistério da Sua redenção, o Vosso Nome seja glorificado
do Oriente ao Ocidente e em toda a terra Vos seja oferecido o
único sacrifício perfeito. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso
Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Oração depois da comunhão
Fortalecidos pelo sacramento da nossa redenção, nós
Vos pedimos, Senhor, que, por este auxílio de salvação eterna,
cresça sempre no mundo a verdadeira fé. Por Nosso Senhor
Jesus Cristo, Vosso Filho, que é Deus convosco na unidade
do Espírito Santo.
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