REI DO BAIÃO E PATRIMÔNIO CULTURAL: A HERANÇA CULTURAL DE LUIZ GONZAGA E SUA PRESERVAÇÃO Edson Bezerra da Silva1 Maria Marly de Oliveira 2 Renan Vilas Boas de Melo Magalhães3 Wellington Estevam Rodrigues de Lima4 RESUMO Este artigo tem por objetivo analisar as representações musicais e simbólicas do cantor e compositor pernambucano Luiz Gonzaga, no cenário da cultura nordestina, e seu registro enquanto patrimônio cultural imaterial brasileiro. O trabalho insere-se na senda aberta pelos festejos referentes ao centenário de nascimento do artista ocorrido em 2012. Responsável pela introdução do Nordeste no espaço da Musica Popular Brasileira, Gonzaga contribuiu para o fortalecimento de suas matrizes, por meio de um processo de renovação e popularização do baião. Da importância de Gonzaga para a cultura nordestina derivou o processo de registro e preservação de seus bens e memórias enquanto Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. Do ponto de vista metodológico, trata-se de um estudo de caso, sendo uma pesquisa de cunho bibliográfico, privilegiando a abordagem qualitativa e descritiva. Os resultados desse estudo apontam a importância do acervo musical de Gonzaga no cenário nacional, e mais especificamente para o Nordeste do Brasil. Palavras-Chave: Música Popular Brasileira. Rádio. Forró. Bens e Memória. ABSTRACT The objective of this article is to analise the song's representations, as well as the simbolic representations of the song writer and singer, from Pernambuco, Luiz Gonzaga, in a northeast culture scenary, and it’s registry of the Brazilian heritage. The work is part of the gap opened for celebrations for the centenary of the artist’s birth in 2012. Responsible for introducing the Northeast within the Musica Popular Brasileira, Gonzaga contributed to the strengthening of 1 Mestrado (em andamento) pelo Mestrado Profissional em Gestão Pública para o Desenvolvimento do Nordeste – MGP-UFPE. Especialização em História Contemporânea pela Universidade Federal de Pernambuco; Graduação em Comunicação Social pela Universidade Salgado de Oliveira; Graduação em Relações Públicas pela Escola Superior de Relações Públicas. Atualmente trabalha como Analista em C & T da Fundação Joaquim Nabuco - FUNDAJ. E-mail: [email protected] 2 PhD em Educação pela Universidade de Sherbrooke-Quebec-Canadá; Mestrado em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco; Graduação em Curso de Filosofia pela Universidade Federal do Ceará; Graduação em Pedagogia pela Universidade Federal de Pernambuco. Atualmente é professora do quadro permanente do Mestrado e Doutorado do Ensino de Ciências e Matemática da Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE. Líder do Grupo de Pesquisa Formação de professores - CNPq-UFRPE; Autora de vários livros e artigos científicos. E-mail: [email protected] 3 Graduação em História pela Universidade Federal de Pernambuco-UFPE. Graduação (em andamento) em Direito pela Faculdade de Olinda. Atualmente é estagiário no escritório de direito Asfora e Advogados Associados; Autor de artigos científicos e capítulo de livro. E-mail: [email protected] 4 Mestrado (em andamento) pelo Mestrado Profissional em Gestão Pública para o Desenvolvimento do Nordeste – MGP-UFPE. Graduação em Administração pela Universidade Federal de Pernambuco; Aluno do Mestrado Profissional em Gestão Pública para o Desenvolvimento do Nordeste – MGP-UFPE. Atualmente trabalha como Analista em C & T da Fundação Joaquim Nabuco - FUNDAJ. E-mail: [email protected] its matrix, through a process of renewal and popularizing of the baião. The importance of Gonzaga to Northeastern culture derived the registration process and the preservation of its goods and memories as immaterial cultural heritage of Brazil. From the methodological point of view, it is a case study, being a bibliographical research, enphasizing on qualitative and descriptive approach. The results of this study indicate the importance of the music collection of Gonzaga on the national scene, and more specifically for the Northeast of Brazil. Keywords: Brazilian Popular Music. Radio. Forro. Goods and Memory. 1. INTRODUÇÃO O estudo em tela possui como centro analítico as representações musicais e simbólicas de Luiz Gonzaga, além de seu registro enquanto patrimônio cultural imaterial. Gonzagão é um dos artistas mais regravado, estudado e biografado da história da música popular brasileira. Do ponto de vista metodológico, a pesquisa é de natureza qualitativa, onde fazemos reflexões e análises acerca do objeto de estudo, a partir das fontes pertinentes ao tema de nosso estudo, num constante diálogo com os teóricos selecionados. A pesquisa também se configura como sendo descritiva e explicativa, dai porque optamos pela pesquisa bibliográfica, baseada em um estudo de caso. Os dados de análise foram pesquisados com base em material já elaborado, constituído por livros, artigos científicos, reportagens de jornais, revistas e informações disponibilizadas na internet. O legado deixado por Luiz Gonzaga vai muito além da inovação do baião, ritmo que o consagrou e o popularizou. Ele compôs e criou arranjos nos mais variados ritmos, entre valsas, tangos, choros e foxtrotes. Mesmo depois de perceber que alcançaria o sucesso divulgando a cultura e a música da Região Nordeste, ele não deixou de ousar. Por não ter receio de experimentar novos ritmos musicais, é que ele deixou uma obra extensa. A confirmação do registro nacional dos bens e memória de Gonzaga se enquadra num contexto de redefinição de patrimônio, não mais se limitando ao material e a monumentos de “pedra e cal”, mas ao cultural e imaterial. Tal reconhecimento da valoração das demais produções no âmbito da cultura e da relevância dos diferentes grupos sociais na formação da sociedade brasileira deve-se, em especial, a nova conceituação dada com a Constituição Federal de 1988. Em duas décadas de sucesso, a comparação entre os compositores que acompanharam Gonzaga foi inevitável. Para Austregésilo (2009) é difícil uma comparação, mas revela detalhes sobre Zé Dantas. “Não dá para fazer um balanço ou comparar, mas Gonzaga teve parceiros fantásticos. O parceiro-mor foi Zé Dantas. Luiz Gonzaga disse que quando o encontrou sentiu o cheiro de bode. Com Zé Dantas, ele encontrou o que buscava” (AUSTREGÉSILO, 2009, p. 18). Para compreensão da importância da contribuição de Gonzaga na cultura do povo brasileiro, observa-se que no ano do centenário do seu nascimento, em 2012, aconteceram incontáveis lançamentos de discos em sua homenagem, exposições iconográficas que percorreram o País, além da realização de seminários, simpósios, palestras e a inauguração de vários museus pelo Brasil afora. Vale ressaltar que essas homenagens não aconteceram somente na música, mas também em outras linguagens artísticas. Na Bahia, por exemplo, entre tantas iniciativas, uma delas foi à exposição “O Imaginário e o Rei – Visões sobre o Universo de Luiz Gonzaga”, que ficou em cartaz, no Palacete das Artes Rodin Bahia, em Salvador. O curador dessa exposição foi o artista plástico, escritor e compositor Bené Fonteles, que convidou diversos artistas plásticos e escultores para exporem seus trabalhos inspirados em Luiz Gonzaga. Além do trabalho na amostra, Fonteles também assina como organizador do livro “O Rei e o Baião”, obra financiada pelo Ministério da Cultura, através da Lei Ruanet. Lançado no ano de 2010, com apenas três anos no mercado, este livro se constituiu como uma das maiores contribuições do centenário de Luiz Gonzaga (TV UFBA, 2012). Um novo museu está nascendo no bairro do Recife Antigo. Trata-se do Cais do Sertão Luiz Gonzaga. Isa Grinspum Ferraz é a responsável pelo projeto da curadoria e pela direção de criação do novo museu da cidade, inaugurado parcialmente no mês de dezembro de 2012 e com expectativa completa do seu término no final de 2013 (WANDERLEY, 2012). Na forma de um grande prédio de arquitetura moderna, vazado por recortes e vãos que interagem com as luzes e sombras do dia e da noite, o novo museu desponta na paisagem física e cultural do Recife como um farol a iluminar o Sertão Nordestino e seu maior intérprete, Luiz Gonzaga. 2. BREVE HISTÓRIA DA VIDA E OBRA DO ARTISTA Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu na fazenda Caiçara, no município de Exu, em 13 de dezembro de 1912. Aprendeu a ter gosto pela música ouvindo a execução da sanfona de oito baixos do seu pai Januário José dos Santos e as apresentações de músicos populares em feiras e em festas religiosas. Aos sete anos, muda-se com a família para o centro urbano de Exu, passando a acompanhar o genitor como sanfoneiro auxiliar. Além de lavrador, Januário era músico respeitado na redondeza. Assim, ao lado do pai, com apenas 12 anos, Gonzaga já animava sambas, em vários locais do Sertão do Araripe. Com 12 anos de idade, com o auxílio do coronel Manoel Alves de Alencar, compra a sua primeira sanfona de oito baixos. A partir desse momento, com vocação para a música, passa a ganhar semelhante ao que o pai ganhava para animar os bailes em Granito, Baxio dos Doidos, Rancharia e Cajazeira de Faria. Aos 17 anos de idade, um namoro frustrado com a filha do coronel Raimundo Delgado, que não permitia o namoro de sua filha com o jovem sanfoneiro, daria início a uma mudança radical na vida de Luiz Gonzaga. Revoltado, após levar uma pisa da mãe, por ter ameaçado o coronel de morte, ele foge de casa, caminhando a pé até o Crato, onde vende a sanfona e viaja para fortaleza, alistando-se no Exército Brasileiro como recruta do 23º Batalhão de Caçadores, em plena Revolução de 1930. Nessa condição, viaja por todo o País através do 23º Batalhão de Caçadores do Exército, onde recebe a alcunha de “bico de aço”, por tornar-se exímio corneteiro. De passagem por Juiz de Fora, conhece Domingos Ambrósio, que lhe ensina a tocar sanfona de 120 baixos. Licenciado do exército, em 1939, migra para o Rio de Janeiro, onde fez de tudo um pouco, inclusive tocar em bares de beira de cais. Por um grupo de estudantes cearenses foi aconselhado a tocar as músicas do Nordeste, o que lhe rendeu os primeiros prêmios nos concorridos concursos de calouros das emissoras de rádio, no final da década de 1930. Para o escritor e pesquisador Sá (2002), a vida de Luiz Gonzaga é a existência de um artista que, desde pequeno, ao ver o pai consertar velhas sanfonas conforme suas próprias palavras, ansiava ser músico popular um dia e capaz de empolgar: Sonhava, num quase delírio, com uma noite de glória, com um terno novo de brim, alpercatas pelas ruas, para que me vissem bem trajado, com a sanfona nova dependurada no pescoço, todo mundo admirado [...] E ganharia fama. Seria chamado para outros lugares, até para a cidade do Crato (SÁ, 2002, p. 15). O primeiro trabalho fonográfico de Luiz Gonzaga foi gravado pela RCA, em 78RPM, contendo as músicas Véspera de São João (mazurca); Numa serenata e Saudades de São João Del Rei (valsas); Vira e Mexe (chamego). Em 1943 conhece Pedro Raimundo, sanfoneiro catarinense, que estreia na Rádio Nacional, com roupas de gaucho. Inspirando-se nas vestimentas gauchas, passa a apresentar-se vestido de nordestino e a cantar com a sua própria voz. Dança mariquinha (em parceria com Miguel Lima) foi o seu disco de estreia. Com o sucesso desse primeiro trabalho, procura trabalhar mais a cultura do nordeste nas suas composições. É nesse momento que realiza parceria com o advogado e compositor Humberto Teixeira, com quem compõe dezenove músicas, que viriam a se tornar, em sua maioria, verdadeiros clássicos nordestinos, a exemplo da Asa Branca, nascida das lembranças de uma das músicas cantaroladas pelo pai. Luiz Gonzaga tornou-se um símbolo do País, quando o baião passou a ser um dos estilos musicais mais tocados no Brasil, entre os meados das décadas de 1940 e 1950. “É ainda hoje um estilo musical que em qualquer lugar do mundo é reconhecido como brasileiro, tanto quanto o samba” (FERREIRA, 2010, p. 15). Ferreira (2010) entende que Luiz Gonzaga foi um verdadeiro moinho, uma usina de processamento onde a memória coletiva de sua terra e de sua gente era continuamente recuperada e recriada em forma de canções. “A música nordestina teve grandes nomes antes dele, mas Gonzaga surgiu num momento privilegiado em que a indústria do disco e a rede radiofônica estavam no ponto ideal para receber um talento como o seu” (FERREIRA, 2010, p. 16). Como todo grande artista, Luiz Gonzaga foi capaz de tomar uma criação coletiva e torná-la universal: de absorver toda a vivência cultural de centenas de milhares de pessoas e torná-la objeto de admiração e de afeto para dezenas de milhões (FERREIRA, 2010, p. 16). Ferreira (2010) ressalta que Gonzaga apresentou ao Brasil um Nordeste que o Brasil desconhecia. “Poucos terão cantado tão bem quanto ele e seus parceiros os dramas do povo nordestino, mas, acima de tudo, foi à alegria de viver do Nordestino que ele revelou” (FERREIRA, 2010, p. 17). Para Risério (2010), Gonzaga surgiu destinado a plantar no coração da metrópole as sonoridades, os versos e a memória coletiva de um povo que nunca sonhava em ir para a cidade e só fazia quando o seu mundo começava a se acabar. “Era um verdadeiro representante típico da massa cabocla do Sertão” (RISÉRIO, 2010, p. 16). O pesquisador Gilmar de Carvalho (2010) mostra como a música de Gonzaga absorve a cultura rural que inclui o romanceiro, a cantoria de viola, folguedos e manifestações de religiosidade popular e que transcende o próprio Nordeste, trazendo para seu universo de ressonância tradições oral de muitos pontos do Brasil. Para o antropólogo Viana (2010), a iconografia e a transformação do visual de Gonzaga, criando a imagem que ficou famosa, com chapéu de couro e gibão, tratam-se da mais completa reconstituição do processo de composição da imagem do artista, acompanhando sua presença em peças publicitárias, nos palcos, nas rádios, ao lado de outros cantores e de personalidades do Brasil do seu tempo. Afirmação cheia de auto-estima de um migrante em terra alheia, determinado a orgulhar-se daquilo que lhe diziam ser motivo de constrangimento. Afirmação positiva de uma cultura que era vista sempre com um viés pejorativo. Afirmação do artista visto e ouvido por multidões e capaz de dizer a essas multidões que não têm motivo para se envergonhar do que são (VIANA, 2010, p. 17). No entender do folclorista Cascudo (2010), a obra musical de Gonzaga, como intérprete ou autor, definida, inicialmente nas parcerias com Humberto Teixeira e Zé Dantas, estabelece uma ponte entre a força lúdica do sertão e o desafio do migrante em assimilar as novidades adversas das grandes cidades para onde são compelidos a migrar. Desde as décadas de 40 e 50 – quando o baião toma corpo e é sucesso nacional, explica Cascudo (2010), este ritmo continua sendo uma ponte que liga natureza e cultura de forma autêntica e vibrante. Um bom exemplo dessa simbiose é a canção Estrada de Canindé, que diz que o sertão pro mode vê / o cristão tem que andar a pé. Ou seja, pôr o pé no chão e a alma no céu, contemplar a paisagem árida e viver com retidão e prontidão nas estradas da vida sertaneja (CASCUDO, 2010, p. 28). Para Cascudo (2010), Luiz Gonzaga era o porta-voz mais credenciado para falar dos anseios de sua gente, ao inserir os sonhos nordestinos na alma da nação, e ajudá-la a erguer-se nova com muito penar, suor, sangue e som. Com origem na marcação rítmica advinda do maracatu africano, nas danças populares do Nordeste, a exemplo da naucatarineta, congos, bumba-meu-boi, para Cascudo (2010), o baião tem ainda raízes no fado, fandango português e na batida modal da viola de cantadores e repentistas. Então, tudo o que ainda se ouve de música no Brasil deve-se ao que Gonzaga assimilou, por sua atuação musical e seu poder arquétipo. [...]. O país teve que se render à cultura dos paus-de-arara, dos baianos, dos paraíbas e nortistas, que traziam no saco, cujo cadeado era um nó, a doce vingança rítmica e comportamental que contagiou e celebrou um Brasil de dentro, interiorano, recriado do meio da seca, da solidão e da poeira”, assegura (CASCUDO, 2010, p. 29). A música produzida pelo povo do Nordeste, segundo Ferretti (2012, p. 16) passou a constituir um gênero de música popular brasileira na segunda metade da década de 40, quando o sanfoneiro pernambucano Luiz Gonzaga e o advogado cearense, Humberto Teixeira, lançaram na comunicação de massa do Rio de Janeiro, o baião, ritmo tradicional no Nordeste, mas até então desconhecido no Centro-Sul. Recebendo o apoio dos migrantes nordestinos ali integrados e despertando o interesse dos “meios musicais”, o baião conseguiu se transformar em ritmo da moda, dominando as execuções musicais do Rio de Janeiro e de São Paulo e conquistando compositores e intérpretes do “Sul”, permanecendo nesta posição até meados dos anos 50, quando foi substituído pelo “Iê, Iê, Iê”, e pela “Bossa Nova” (FERRETTI, 2012, p. 17). Vale ressaltar que grande parte do repertório de Luiz Gonzaga na denominada “fase áurea do baião” (1946-1954), constituída não só de baiões, mas também de toadas, xotes, xaxados, cocos, maracatus e outros ritmos, foi produzida com o advogado cearense Humberto Teixeira e o médico pernambucano Zé Dantas. “Explorando o linguajar regional e a arte do povo nordestino, aquela música tornou o Nordeste conhecido em todo o Brasil, chamando atenção para seus problemas e despertando o interesse por suas tradições” (FERRETTI, 2012, p. 17). Produzida a partir da cultura do povo do Nordeste, a música de Gonzaga e seus parceiros trouxe para a comunicação de massa não só a música folclórica nordestina e o linguajar dos sertanejos, mas também sua poesia, seus ditados e provérbios e muitos outros aspectos da sua cultura. “Foi recebida principalmente pelo público nordestino de baixa renda, espalhado pelo território nacional. Possui, portanto, um caráter duplamente popular do povo, para o povo” (FERRETTI, 2012, p. 19). Neste sentido, observa-se que por essa música ser vista por alguns pesquisadores como folclórica e por outros, como música de massa, dirigida ao “povão”, tem deixado de figurar entre a denominada Música Popular Brasileira (MPB), uma vez que esta tem se orientado pelos padrões da classe média e pela moda internacional. Para a antropóloga Ferretti (2012), Luiz Gonzaga não foi apenas um intérprete e compositor da música, identificada como baião ou classificada como forró. “É um símbolo dessa música. Ninguém mais do que ele expressava o ethos e o estilo nordestino e animava tanto as festas dos mais identificados com a cultura de sua região” (FERRETTI, 2012, p. 7). Que essa música continue por muitos e muitos anos a congraçar os nordestinos, a reforçar sua identidade regional e também a chamar a atenção para as potencialidades e contribuições do Nordeste e a despertar a consciência dos brasileiros para os graves problemas da região apontados com grande sensibilidade por Zé Dantas e Luiz Gonzaga. FERRETTI (2012, p. 8). Neste sentido, de acordo com Ferretti (2012), a música de Gonzaga contribuiu não só para o fortalecimento do gênero nordestino na música popular de massa, como também para a afirmação da cultura nacional, numa área onde esta tem sido pouco valorizada, uma vez que nem sempre maximiza os lucros das empresas que controlam o mercado do disco, em geral multinacionais. Criador não só de um ritmo, mas da representação simbólica de uma vasta região, para Austregésilo (2008), Luiz Gonzaga, ao inserir a cultura popular do Nordeste na modernidade, inverteu o recorrente fluxo de reconhecimento pelo olhar hegemônico do Centro-Sul brasileiro da música do Sertão, levando para todo o país, através do rádio, as narrativas da nação que falavam da terra, do povo e da luta da região que o produziu. Austregésilo (2008) explica que Gonzaga utilizando-se do rádio construiria uma imagem até então desconhecida do homem e da cultura nordestina, inclusive se refletindo na região Nordeste, até então confundida com a Região Norte. De acordo com Austregésilo (2008), o compositor e cantor sertanejo procurava superar os conflitos sociais de sua terra, com uma música alegre, bem humorada e, quando necessário, triste, de protesto e engajada ao seu tempo e ao espaço. “Quando Gonzaga criou essas representações, o compositor transportou o local para o nacional e, com isso, traduziu a universalidade da cultura do Sertão nordestino” (AUSTREGÉSILO, 2008, p. 52). Para Ângelo (2002), com a sua voz tonitruante, Luiz Gonzaga continua imperando pelos rincões do Nordeste brasileiro e o interesse por sua obra e pessoa prosseguem chamando a atenção de todos. “Até o momento, já foram publicados mais de vinte livros sobre ele, além de muitas dissertações de mestrado e teses de doutorado no Brasil, Europa e nos Estados Unidos” (ÂNGELO, 2002, p. 13). Graças as suas convicções próprias do homem do mato, fortíssimo no campo das artes musicais, criador nato, chamado na intimidade de Lua pelo jornalista, radialista, ator e escritor Paulo Gracindo, Luiz Gonzaga encabeça a lista dos artistas mais biografados de toda a história da Música Popular Brasileira (ÂNGELO, 2002, p. 13). Segundo Oliveira (2000), Elba Braga Ramalho, PhD em Musicologia pela Universidade de Liverpool, Inglaterra, estudou quatro anos naquele país para escrever a tese “Luiz Gonzaga: sua carreira e sua música”, trabalho de 500 páginas que será publicado brevemente pela Universidade Federal do Ceará. A obra musical de Luiz Gonzaga tem motivado o estudo de diversos especialistas, a exemplo da lingüística francesa Dominique Dreyfus, sociólogos antropólogos Maria Sulamita de Almeida Vieira, Délio Mendes e a antropóloga Mundicarmo Ferreti; jornalistas Sinval Sá, Gildson Oliveira, Bené Fonteles e José Mário Austregésilo; padre Francisco de Assis Magalhães Rocha; professores Jonas Rodrigues de Moraes e Núbia de Andrade Vieira. Em entrevista recente para a “Revista Leia Já”, a pesquisadora francesa Dreyfus ressaltou que Luiz Gonzaga é um personagem chave, porque ele é a pessoa que pega o folclore nordestino e transforma em musica popular em nível nacional. “Ao fazer isso, ao dar um outro formato a esse folclore nordestino, ele expande essa música pelo Brasil inteiro, ele nacionaliza uma música que era unicamente de uma região” (DREYFUS, 2012). Segundo Dreyfus (2012), Luiz Gonzaga preparou o terreno e o espaço para a chegada da geração de Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Elba Ramalho e de outras gerações. “Agora, eu não sei dizer se a música nordestina teve impacto sobre outras músicas. Ela não mudou o rumo das outras músicas brasileiras, como o samba, o choro, eles não foram influenciados pelo Nordeste, pelo baião” (DREYFUS, 2012). Segundo Fonteles (2010), a maioria dos brasileiros pensa que o trio de forró com sanfona, zabumba e triângulo, é algo muito antigo, primitivo. “Me espantei quando descobri que essa formação instrumental só existe na história de nossa música desde os anos 50. E que teve um inventor bem determinado: Luiz Gonzaga” (FONTELES, 2010, p. 303). Luiz Gonzaga narra, assim, sua invenção em depoimento a Dominique Dreyfus (1996), publicada no livro “Vida de viajante: a saga de Luiz Gonzaga”: Eu, no início da minha carreira, tocava sozinho... porque não sabia tocar, só sabia imitar os tocadores de valsas, de tangos. Só depois é que eu precisei de uma banda. Foi quando me lembrei das bandas de pife que tocam nas igrejas, na novena lá do Araripe e que tinham zabumba e às vezes também um triângulo. Quando não havia triângulo pra fazer o agudo, o pessoal podia bater um ferrinho qualquer (GONZAGA apud DREYFUS, 1996, 151). No início, era apenas a zabumba que fazia o acompanhamento. Mais tarde, numa feira no Recife, Gonzaga viu um menino que vendia cavaquinho tocando triângulo. Ele gostou e achou que daria um contraste bom com a zabumba, que era grave. “Depois eu verifiquei que esse conjunto era de origem portuguesa, porque a chula do velho Portugal tem essas coisas, o ferrinho (o triângulo), o bombo (a zabumba) e a rabeca (a sanfona) [...] é folclore que chegou de lá e deu certo” (DREYFUS, 1996, p. 152). Para Fonteles (2010), houve um momento em que Luiz Gonzaga precisou de uma banda diferente para tocar um repertório recém-criado, identificado com o Nordeste. A formação com flautas, instrumentos de cordas, pandeiros etc. – comuns na época para vários estilos musicais, não combinava mais com a imagem e o som que Gonzaga procurava criar [...] É quando ele se volta para as recordações da sua infância no Sertão do Araripe, não para as bandas dos bailes onde seu pai tocava, pois, apesar de diferentes, elas pareciam com o que existia no Rio de Janeiro ou em qualquer outra cidade do Brasil. O que procurava, a diferença que podia chamar atenção para sua música, estava nas bandas de pífanos, que tocam para louvar santos católicos e acompanhar novenas (FONTELES, 2010, p. 304). Parecia que o Brasil estava esperando e preparado para aquela nova música, explica Fonteles - (2010) e, quando escutou o trio com sanfona, zabumba e triângulo pela primeira vez, saiu dançando aliviado e alegre, como se aquela formação instrumental fosse a coisa mais natural do mundo. Quase no mesmo tempo, surgiria outra novidade. Luiz Gonzaga não trocou apenas de banda, trocou também de vestimenta. Seguindo o exemplo do acordeonista gaúcho Pedro Raimundo, que se apresentava com bombacha, Luiz Gonzaga adotou primeiro o chapéu de couro e depois à vestimenta completa dos cangaceiros, que, por sua vez, era uma recriação bem estilizada do uniforme de trabalho dos vaqueiros nordestinos, que precisavam de indumentária forte para enfrentar os espinhos da caatinga. Essa mudança de visual não foi inicialmente bem recebida quanto à revolução instrumental. A reação contrária também é lembrada por Gonzaga em depoimento a pesquisadora do livro “Vida de viajante: a saga de Luiz Gonzaga”: Eu pensava que ia fazer uma surpresa lá na Rádio Nacional: Pedro Raimundo tocava vestido de gaúcho e eu ia me confrontar com ele vestido de nordestino. Quando cheguei no domingo, na hora de entrar no auditório, botei o chapéu, pequei a sanfona...Floriano Faissal, o diretor artístico, me olhou, perguntou: “Para onde você vai? Cangaceiro na Nacional, não! Pode guardar seu chapéu e me proibiu de cantar de chapéu de couro” (DREYFUS, 1996, p. 136). Mesmo disciplinado pelas Forças Armadas, instituição militar a qual Gonzaga permaneceu por nove anos, a idéia de se vestir semelhante ao vaqueiro nordestino permaneceu na sua mente. E depois deixou de ser apenas um chapéu: “Todo o seu trio apareceu vestido de roupa de couro e, apesar da má vontade da diretoria da Rádio Nacional, caiu na graça popular. O estilo cangaceiro virou o estilo nordestino, o estilo do forró, o estilo de Luiz Gonzaga” (FONTELES, 2010, p. 306). 3. LUIZ GONZAGA E O PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL DO BRASIL O termo patrimônio tem origem latina, derivada de patrimonium, numa referência a tudo que pertencia ao pater famílias, tudo que podia ser legado por testamento. Ou seja, inicialmente referia-se a esfera privada, não havia em Roma a noção de patrimônio público, o que só desponta com o surgimento dos Estados Nacionais, e especialmente com a Revolução Francesa (FUNARI; PELEGRINI , 2009). Ao se falar em patrimônio, a imagem que a palavra reflete inicialmente nas pessoas é a de um conjunto de monumentos antigos ou obras de arte excepcionais que devem ser preservados. Isto se deve a política conduzida pelo Estado no século passado, onde se visava a proteção aos monumentos nacionais com ênfase em seus valores históricos ou estéticos, preterindo os bens culturais de etnia não-européia. Tal visão identificava-se com a noção de patrimônio histórico e artístico. Essa imagem, contudo, não representa a diversidade, as tensões e os conflitos contidos no espaço cultural do qual fazem parte os monumentos, não inclui aspectos da vida cultural e social que não necessariamente enquadram-se em aspectos materiais (FONSECA, 2003; TOMAZ, 2010). Para tanto, a noção de patrimônio deixa de se limitar a sua materialidade para ser mais abrangente, compreendendo o conjunto de bens culturais do país, sendo caracterizado pelo termo patrimônio cultural, ou seja, não se limita apenas aos monumentos de “pedra e cal” como nas décadas anteriores. Tal expressão engloba sob sua égide o material e o imaterial, as formas de expressão, os modos de criar, fazer e viver, as criações científicas, artísticas e tecnológicas, as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais, sítios de valor histórico, urbanístico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico (TOMAZ, 2010; GONZAGA, 2003). Inegavelmente, nos últimos anos no Brasil há um avanço nas políticas públicas de preservação do patrimônio, em especial com a nova acepção de patrimônio. Essa concepção foi outrora estabelecida na Constituição Federal de 1988, assegurada no Decreto 3.551/2000 e referendada na Convenção da UNESCO para Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial de 2003. No Brasil, com a promulgação da Constituição de 1988 direciona-se uma proteção ao bem cultural, em especial em seus artigos 215 e 216. O artigo 215 trata de modo mais amplo o Patrimônio Cultural. É no artigo 216 que foca-se estritamente na proteção ao Patrimônio Cultural brasileiro, quer seja material ou imaterial. Neste artigo delimita-se a definição de Patrimônio Cultural e seus meios de proteção. A preservação do patrimônio cultural revela sua importância por ser um instrumento poderoso para a conservação das raízes plurais dos povos e suas tradições, vez que parte dessas a manutenção de suas identidades. Esta visão da herança imaterial é fundamental para a integração da população com suas próprias condições de existência e continuidade (PELEGRINI, 2006). O processo acima descrito abriu a senda para o registro dos bens e memórias de Luiz Gonzaga enquanto Patrimônio Cultural Imaterial. O processo teve início pelo Estado de Pernambuco, com o reconhecimento do Parque Aza Branca, em 2009, que passou a receber intervenções da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (FUNDARPE) (PE360GRAUS, 04 ago. 2009). O Parque Aza Branca localiza-se em Exu, com aproximadamente 15.000 m². Congrega o parque o Museu do Gonzagão, a casa de Luiz Gonzaga e a antiga casa onde viveu seu pai, além de outras instalações, como o Ponto de Cultura Alegria Pé de Serra, o mausoléu de Gonzagão, onde se encontram restos mortais dele, dois palcos para eventos e ainda duas pousadas. Para familiarização do visitante, o parque conta ainda com um viveiro de pássaros da espécie asa branca e com juazeiros e cactáceos (PE360GRAUS, 04 ago. 2009). Criado pelo próprio Gonzaga, o Parque Aza Branca é um importante espaço de preservação da memória do cantor e compositor sertanejo, que dedicou os últimos anos de sua vida na implantação daquele espaço. A expectativa é de que até o final deste ano aconteça o registro do Parque Aza Branca como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan, que já está em andamento. No país há outro espaço já reconhecido nacionalmente, não especificamente por Gonzaga, mas revela a importância que ele representa para a difusão da cultura. Trata-se do Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, antiga feira de São Cristóvão, um pedaço do Nordeste no Rio de Janeiro. Por iniciativa do Ministério da Cultura, através da Lei Nº 12.301, de 28 de julho de 2010, o Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas foi elevado à categoria de Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. Neste sentido, a preservação dos bens e memórias de Luiz Gonzaga enquanto Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, não deve se limitar ao registro como único instrumento legal para esta finalidade, mas que também no entorno do mesmo sejam realizadas políticas públicas que possibilitem além do registro, a promoção e difusão desta cultura musical do povo nordestino. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pode-se observar na esteira das fontes pesquisadas e analisadas, que a performance da música produzida por Luiz Gonzaga e seus parceiros serviu como tática discursiva para a construção da difusão da cultura do Nordeste. Desta feita, evidencia-se que a questão imagética do Nordeste empreendida por Gonzaga foi engendrada a partir de imagens e símbolos de uma indumentária retirada das tradições regionais (cangaceiros e vaqueiros) ressignificados pelo artista dentro de um contexto social urbano. Neste ínterim, a música de Luiz Gonzaga teve força para ultrapassar o aspecto puramente estético e musical, transbordando de seus discos para impregnar a identidade brasileira. Fica claro no trabalho apresentado que ao trazer o discurso, a musicalidade, os hábitos e a vestimenta do homem do sertão, o artista influenciou decisivamente na construção da identidade do povo nordestino. De acordo com os textos analisados na elaboração deste artigo, observa-se que antes do surgimento de Luiz Gonzaga no cenário da música brasileira, não havia distinção para as regiões Norte e Nordeste do país. Os habitantes dessas regiões sempre foram tratados genericamente como “nortistas”, identidade assumida até pelos próprios sertanejos, especialmente quando emigravam para o Sudeste. A falta de conhecimento sobre a região e a ausência de uma identidade nordestina reconhecível foram alvos da ação de Luiz Gonzaga ao transportar para o rádio e para os discos características típicas do Sertão, transformando o baião na música do momento e escrevendo um capítulo definitivo na cultura brasileira. É observado ainda nos textos dos especialistas em Luiz Gonzaga citados neste estudo, que a construção da identidade nordestina contou com a participação determinante do rádio, meio de comunicação que o baião primeiro ressoa, e onde Gonzaga começou a sua trajetória artística meteórica. O trabalho dele ditou moda com um novo conteúdo, porque dentro de sua música ia a tradução oral de uma região. Ele levou esse imaginário e cantou as aves, as árvores, o ser humano, as profissões, os rios, os tipos populares, o padre, o cangaceiro, o cego de feira, a rezadeira. Ele levou esse discurso, o qual se transfigurou e já não possui dono nem fronteira e transportado para todo país. Ele transportou o imaginário, a identidade, o jeito de falar, o ethos deste povo. O aboiador, o vaqueiro, o matuto que volta para casa, o grande problema que, vergonhosamente, ainda afeta o povo, que é a seca. Os nordestinos se identificam com esse imaginário. Sua música penetra em círculos importantes da política, atinge também as classes mais altas, que queriam saber o que era aquela novidade do baião. Fica claro também que música de Gonzaga não era tradicional e sim moderna. Ele construiu uma forma de cantar que não era a do pai, não era a dos cantadores que conhecia. Ele já criou uma forma muito forte e procurou parceiros competentes para transmitir a sua mensagem. A persistência era a marca registrada do sanfoneiro, compositor e cantador do Sertão pernambucano. Falecido há 24 anos, ele continua vendendo muitos discos, inspirando novos artistas e despertando a atenção de pesquisadores e estudiosos com a publicação de livros e a realização de trabalhos acadêmicos no Brasil e no Exterior. Fora uma preocupação constante de Gonzaga a formação dos novos continuadores de sua obra, transmitindo a sua técnica, incentivando novos talentos e ajudando os jovens a desenvolver a sua arte. Neste sentido, examinada do ponto de vista de criação e produção, a música de Luiz Gonzaga apresenta-se como uma forma de integração da cultura popular nordestina com a comunicação de massa, notadamente o rádio. Portanto, ela contribuiu não só para o fortalecimento do gênero nordestino da música popular, como também para a afirmação da cultura nacional. Diante deste quadro é que se legitima o processo de registro e preservação dos bens e memória de Gonzaga como Patrimônio Cultural Imaterial, como forma de protegêlos e resguardá-los para pesquisas e estudos. De grande importância será o registro dos seus bens e memórias como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, por possibilitar a aproximação da produção cultural do passado e do presente, e por seguir o preceito constitucional do direito à memória e acesso a cultura, instituídos nos direitos culturais de toda a sociedade brasileira. Esse reconhecimento implica na ampliação da cidadania ao englobar os diferentes grupos na formação da sociedade brasileira. REFERÊNCIAS AGUINAGA, Karyn Ferreira Souza. A proteção do patrimônio cultural imaterial e os conhecimentos tradicionais. CONGRESSO NACIONAL DO CONPEDI, 15, 2006, Manaus. Anais... Manaus: CONPEDI, 2006. ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval de. A invenção do Nordeste e outras artes. São Paulo: Cortez, 1999. ÂNGELO, Assis. 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