Conversor Elétrico para o Gerador Eólico de Baixo Custo

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Ministério da Educação
Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná
Departamento Acadêmico de Eletrotécnica
Projeto Final de Graduação
Conversor Elétrico para o Gerador Eólico
de Baixo Custo
Projeto Final de Graduação
FLÁVIO LUIZ MOSKO
HUGO REIS DE OLIVEIRA RIBAS
LÚCIO FABIANO RAMOS
CURITIBA
2004
FLÁVIO LUIZ MOSKO
HUGO REIS DE OLIVEIRA RIBAS
LÚCIO FABIANO RAMOS
Conversor Elétrico para o Gerador Eólico
de Baixo Custo
Projeto Final de Graduação
Projeto Final de Graduação do Curso de
Engenharia
Industrial
Elétrica
ênfase
Eletrotécnica do Centro Federal de
Educação
Tecnológica
do
Paraná,
apresentado como requisito parcial para
obtenção do título de Engenheiro Eletricista,
orientado pelo Prof. Dr. Antonio Carlos
Pinho
CURITIBA
2004
Dedicamos às nossas famílias, pelo apoio e compreensão
durante o projeto e todo o decorrer da Faculdade.
Márcia, Kaiana e Nicolas.
Joel e Cida.
Gizele, Gabriel e Guilherme.
Agradecemos
Aos senhores Hans e Alencar, pela estrutura dos testes.
A Evilásia e Leandro, pela grande ajuda e incentivo nos
testes.
A Funcefet, pelos recursos financeiros fornecidos.
Às empresas COPEL e KRAFT, pelo empréstimo dos
equipamentos de testes.
Aos
departamentos
de
Eletrotécnica,
Eletrônica
e
Mecânica, pelo apoio e infra-estrutura disponibilizados.
Ao
professor
orientador
Pinho,
pelo
apoio
e
acompanhamento do projeto.
Aos amigos Elton, Ronaldo, Bruno, Vanessa e todos os
outros, pela grande ajuda.
SUMÁRIO
ÍNDICE DE FIGURAS ................................................................................................ 7
ÍNDICE DE TABELAS E QUADROS ....................................................................... 10
RESUMO.................................................................................................................. 11
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12
1.1 JUSTIFICATIVA .......................................................................................................12
1.2 OBJETIVOS ..............................................................................................................13
1.2.1 Objetivo Geral .....................................................................................................13
1.2.2 Objetivos Específicos ........................................................................................... 13
1.3 METODOLOGIA.......................................................................................................14
2 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................... 16
2.1 POTENCIAL EÓLIO - ELÉTRICO ESTIMADO ...................................................... 16
2.2 GERADOR EÓLICO DE BAIXO CUSTO................................................................. 21
2.2.1. Detalhes Construtivos .........................................................................................21
2.2.2 Ensaios Realizados ..............................................................................................25
2.3 TÓPICOS DE ELETRÔNICA DE POTÊNCIA.......................................................... 31
2.3.1 Dispositivos Semicondutores de Potência ............................................................35
2.3.2 Retificador........................................................................................................... 43
2.3.3 Inversor ............................................................................................................... 46
2.4 BATERIAS ................................................................................................................50
2.4.1 Função Básica da Bateria ou Acumulador de Energia.........................................51
2.4.2 Breve Resumo Histórico.......................................................................................51
2.4.3 Estrutura de uma Célula Acumuladora ................................................................51
2.4.4 Princípio de Operação.........................................................................................53
2.4.5 Tecnologias .........................................................................................................54
2.4.6 Capacidade Nominal da Bateria ..........................................................................55
2.4.7 Carga da Bateria ................................................................................................. 55
2.4.8 Ciclo de Operação e Vida Útil ............................................................................. 56
2.4.9 Implicações Ambientais .......................................................................................57
2.5 CONTROLADOR DE CARGA ................................................................................. 57
2.5.1 Características Gerais .........................................................................................58
3 METODOLOGIA.................................................................................................... 60
4 PROJETO DOS CIRCUITOS ................................................................................ 61
4.1 RETIFICADOR..........................................................................................................61
4.2 CONTROLADOR DE CARGA ................................................................................. 63
4.3 INVERSOR................................................................................................................64
4.4 CONVERSOR EÓLICO ELÉTRICO .........................................................................69
5 TESTES E RESULTADOS.................................................................................... 73
5.1 TESTES DE LABORATÓRIO...................................................................................75
5.2 TESTES DE CAMPO.................................................................................................80
5.2.1 Montagem do gerador.......................................................................................... 80
5.2.2 Resultados do Teste de Campo............................................................................. 85
6 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 90
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 92
ANEXO 1.................................................................................................................. 94
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 01 – Atlas Eólico do Brasil (dados preliminares de 1998) .......................... 17
Figura 02 – Potencial eólico estimado para vento médio anual igual ou superior
a 7,0 m/s ............................................................................................. 20
Figura 03 – Vista explodida do Protótipo 2 ............................................................. 21
Figura 04 – Materiais utilizados .............................................................................. 22
Figura 05 – Disco metálico para acoplamento entres os discos de freios .............. 22
Figura 06 – Colagem dos imãs ............................................................................... 23
Figura 07 – Bobina ..................................................................................................24
Figura 08 – Posição dos imãs e das bobinas ......................................................... 24
Figura 09 – Ensaio no Protótipo 2 .......................................................................... 26
Figura 10 – Esquema de montagem ...................................................................... 26
Figura 11 – Gráfico da Potência x Corrente ........................................................... 28
Figura 12 – Gráfico da Potência x Tensão ............................................................. 28
Figura 13 – Gráfico da Potência x Rotação ........................................................... 29
Figura 14 – Valores de tensão, corrente e velocidade em plena carga ................. 30
Figura 15 – Controle da carga através de uma chave ........................................... 31
Figura 16 – Conversor eólico elétrico proposto ..................................................... 34
Figura 17 – Estrutura, símbolo e curva característica de tensão x corrente do
diodo................................................................................................... 35
Figura 18 – Estrutura, símbolo e curva característica tensão x corrente do
transistor............................................................................................. 36
Figura 19 – Conexão Darlington entre dois transistores ....................................... 37
Figura 20 – Símbolo e curva característica de um MOSFET ................................ 37
Figura 21 – Símbolo e curva característica do IGBT ............................................ 38
Figura 22 – Símbolo e curva característica do SCR ............................................. 39
Figura 23 – Símbolo e curva característica do triac .............................................. 40
Figura 24 – Símbolo e curva característica do GTO ............................................. 41
Figura 25 – Símbolo e curva característica do MCT ............................................. 42
Figura 26 – Gráfico comparativo entre as chaves semicondutoras ...................... 42
Figura 27 – Retificador de meia onda ................................................................... 43
Figura 28 – Retificador de onda completa ............................................................. 44
Figura 29 – Retificador de onda completa em ponte ............................................. 45
Figura 30 – Circuito básico de um inversor ........................................................... 46
Figura 31 – Tensão de saída do inversor .............................................................. 47
Figura 32 – Inversor monofásico de fonte de tensão em ponte completa.............. 48
Figura 33 – Exemplos de modulação PWM .......................................................... 49
Figura 34 – Padrão de modulação PWM senoidal ................................................ 50
Figura 35 – Estrutura Básica de uma Célula ......................................................... 52
Figura 36 – Fluxo de elétrons e íons para descarga e carregamento.................... 53
Figura 37 – Regime Tensão Constante ................................................................. 56
Figura 38 – Circuito em blocos .............................................................................. 58
Figura 39 – Circuito do retificador .......................................................................... 61
Figura 40 – Funcionamento do circuito retificador ................................................ 62
Figura 41 – Circuito do controlador de carga ........................................................ 63
Figura 42 – Circuito do inversor ............................................................................ 65
Figura 43 – Função dos transistores ..................................................................... 66
Figura 44 – Semiciclo positivo de saída ................................................................ 66
Figura 45 – Semiciclo negativo de saída ............................................................... 67
Figura 46 – Teste com o circuito do inversor ......................................................... 68
Figura 47 – Forma de onda na saída do inversor .................................................. 69
Figura 48 – Acoplamento dos estágios com chaves .............................................. 69
Figura 49 – Circuitos de sistemas ininterruptos de fornecimento de energia ........ 70
Figura 50 – Fotos do circuito do conversor eólico-elétrico sob testes.................... 71
Figura 51 – Circuito completo do conversor eólico-elétrico ................................... 72
Figura 52 – Acoplamento do gerador com o motor de indução para as
simulações........................................................................................... 73
Figura 53 – Montagem do circuito no laboratório ................................................... 73
Figura 54 – Gerador em campo ............................................................................. 74
Figura 55 – Equipamentos de medição, conversor elétrico e bateria sob carga.... 75
Figura 56 – Ligação original das bobinas – 3 ramos paralelos .............................. 76
Figura 57 – Ligação modificada das bobinas – 2 ramos paralelos......................... 76
Figura 58 – Gráfico de tensões Vrms e Vmáx em função da rotação no eixo do
Gerador .............................................................................................. 78
Figura 59 – Gráfico potência – carga bateria x rotação.......................................... 79
Figura 60 – Local de montagem ............................................................................ 80
Figura 61 – Estrutura de montagem do gerador .................................................... 81
Figura 62 – Gerador montado com pás de madeira .............................................. 82
Figura 63 – Gerador parado com corda para início de giro ................................... 83
Figura 64 – Detalhe do logger. .............................................................................. 84
Figura 65 – Protótipo 1 montado ........................................................................... 85
Figura 66 – Gráfico das Tensões Vrms e Vmáx com a variação da rotação........ 86
Figura 67 – Variação da rotação em função do vento ........................................... 87
Figura 68 – Potência entregue à bateria durante o carregamento em campo....... 88
Figura 69 – Gráfico de potências ........................................................................... 89
ÍNDICE DE TABELAS E QUADROS
Tabela 01 – Valores de corrente, tensão e potência ............................................. 27
Tabela 02 – Valores de rotação e potência ........................................................... 29
Tabela 03 – Algumas aplicações de eletrônica de potência................................... 33
Tabela 04 – Quatro estados de saída do inversor ................................................. 46
Tabela 05 – Variação da vida útil com acréscimo da temperatura......................... 57
Tabela 06 – Valores de simulação sem carga ...................................................... 77
Tabela 07 – Simulação carga bateria .................................................................... 79
Tabela 08 – Valores de tensão em função da rotação, sem carga ....................... 86
Tabela 09 – Carga da bateria com variação do vento ........................................... 87
Tabela 10 – Carga bateria e alimentação de carga pelo inversor.......................... 88
Quadro 01 – Potencial eólico-elétrico estimado do Brasil, calculado por
integração de áreas nos mapas temáticos a partir das premissas
apresentadas .................................................................................... 19
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo demonstrar as atividades desenvolvidas pela
equipe de projeto final de graduação de Engenharia Industrial Elétrica durante o
projeto e construção de um conversor elétrico para o gerador eólico de baixo custo.
O conversor desenvolvido tem a função de alimentar cargas em corrente
alternada (CA) e carregar baterias. Como a fonte é um gerador eólico, a energia
fornecida não pode ser diretamente utilizada, pois depende do regime dos ventos,
portanto a utilização do conversor é de vital importância.
Após montado, o conjunto conversor-gerador foi submetido a testes de
laboratório e campo, onde foi verificado seu funcionamento e coletados todos os
dados comportamentais necessários para o estudo.
A análise dos resultados obtidos durante os testes, mostra que este projeto
obteve sucesso em situação real e pode ser utilizado para alimentar cargas
domésticas.
12
1 INTRODUÇÃO
Atualmente no Brasil, existe a necessidade de sério planejamento para
aumentar a capacidade de oferta de energia elétrica, para que se possa buscar
crescimento econômico, sem deixar de lado as questões ambientais, no que se
refere a grandes impactos, como no caso de construção de hidrelétricas e
termoelétricas.
Algumas alternativas em estudo são a concepção de plantas de geração de
energia elétrica a partir de fontes renováveis com baixos impactos ambientais,
dentre elas a geração eólica, ou seja, a utilização da energia dos ventos, assunto a
ser tratado neste trabalho acadêmico.
Como forma de iniciar estudos neste segmento, no 2º semestre de 2002 uma
equipe de projeto final de graduação em engenharia elétrica apresentou estudos e
um protótipo montado de um gerador eólico de baixo custo, no qual foram bem
sucedidos.
Neste momento assume-se a seqüência dos estudos sobre o mesmo
protótipo, cientes de que o conjunto eletromagnético já está finalizado. Cabe ao
grupo, portanto, pesquisar outro assunto de grande relevância técnica à concepção
final de um gerador eólico utilizável.
Buscar solução para questões importantes, como tornar sua energia utilizável,
através de carregamento de baterias, deixar a tensão e a freqüência fixas para
alimentar cargas domésticas, pois como o protótipo se encontra, estes parâmetros
oscilam.
Solucionadas estas questões, o gerador se tornará de uso prático, o que não
ocorre hoje.
1.1 JUSTIFICATIVA
Conforme pesquisas eólicas já realizadas, o potencial de geração eólica no
Brasil pode ser explorado até um nível de 143,5 GW (AMARANTE, 2001). Dar-se-á
início a um estudo de novas tecnologias para que se possa começar a explorar cada
vez mais esse gigantesco potencial energético, pois hoje a capacidade instalada
nacional é de 83 GW, predominantemente hidráulica.
13
O fato de a geração eólica ser ainda nova, como fonte de energia elétrica, faz
com que em nosso país o conhecimento ou sistemas desenvolvidos sejam ainda
escassos. Isto se torna para nós um fator motivador para o desenvolvimento deste
trabalho acadêmico, que poderá contribuir para desenvolvimento de tecnologia
nacional.
Havendo a possibilidade de implantação de unidades ou parques de geração
de energia elétrica a partir dos ventos, em locais remotos de proteção ambiental e
comunidades carentes, é possível prever que o domínio e difusão desta tecnologia
podem oferecer contribuições sociais relevantes, ajudando no processo da
universalização da energia elétrica.
Observando acontecimentos e noticiários atuais, pode-se constatar que há
interesses políticos, econômicos e ambientais para que se abra espaço na atual
matriz energética nacional para outras formas de geração de energia elétrica, mais
limpas e renováveis, o que torna o desenvolvimento da geração eólica bastante
atraente do ponto de vista ambiental e potencial gerador de empregos e renda, pois
há possibilidade de vir a ser um ramo bastante explorado industrialmente no futuro,
conforme texto do Proinfa, Programa de Incentivo a Fontes Alternativas de Energia,
lei federal 10.438/2002 (ANEEL,2003).
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
Projetar e construir um protótipo de conversor elétrico para o gerador eólico
de baixo custo, que converte a energia eólica em elétrica, utilizável para consumo e
carregamento de bateria, e em seguida submeter o conjunto a ensaios de laboratório
e testes de campo.
1.2.2 Objetivos Específicos
Estudar o material sobre o gerador já construído, analisando como foi seu
desempenho em
aspectos
que sejam importantes para o estudo, como
comportamentos de tensão e freqüência relacionados com variação de rotação.
14
Buscar material bibliográfico para a pesquisa que deve ser feita, com as
fontes
mais
adequadas,
preferencialmente
as
indicadas
por
especialistas
consultados pela equipe.
Projetar as estruturas internas do conversor, de forma a discutir arranjos de
circuitos, características de componentes, e o que esperar de tal solução.
Consultar fabricantes e obter informações com pessoas ligadas à área.
Utilizar durante o desenvolvimento do projeto programas que simulem
circuitos elétricos em computadores, pois podem adiantar possíveis resultados.
O conversor é um sistema eletro-eletrônico ligado ao gerador e permite que
na sua saída sejam utilizadas cargas reais, que operam com parâmetros de tensão e
freqüência normalizados, 127 Vca - 60 Hz, respectivamente.
Desenvolver estruturas responsáveis pela retificação do sinal coletado do
gerador, controle de carga/descarga de baterias e inversão CC/CA.
Acoplar o conversor ao gerador, alimentar cargas elétricas a partir do conjunto
e carregar baterias.
Montar os circuitos escolhidos, previamente definidos como mais adequados
visando uma boa relação de custo-benefício e desempenho, prezando também pela
qualidade na confecção das placas de circuito impresso.
Ensaiar os circuitos em bancadas de laboratório do CEFET-PR, e fazer coleta
de dados para analisar seus resultados.
Montar o conjunto gerador eólico e conversor elétrico para possibilitar
simulações também em laboratório.
Escolher um local para testes de campo do conjunto e montar em torre para
os testes de campo.
Coletar dados e fazer nova análise de resultados.
1.3 METODOLOGIA
Compreendendo o projeto final da equipe que montou o protótipo do gerador,
sempre com foco nos dados mais relevantes para o conversor elétrico, como
comportamento de curvas de desempenho de tensão e freqüência variando a
rotação.
Estudando o material bibliográfico teórico que permitam idéias de arranjos de
circuitos, buscando informações de fabricantes de componentes elétrico-eletrônicos,
15
para o desenvolvimento de um projeto com boa confiabilidade, robustez e custos
reduzidos.
Projetando um circuito eletrônico de retificação, de controle de carga de
baterias e inversão, para isso utilizando como recurso programas de simulação. Com
isto evitando possíveis gastos com recursos desnecessários.
Decidindo o projeto a ser escolhido, com auxílio sempre constante do
orientador e possíveis co-orientadores.
Estampando placas de circuito impresso, e adquirindo componentes no
mercado varejista local de componentes eletrônicos, e assim montando as placas
em laboratórios do CEFET-PR.
Ensaiando os circuitos, utilizando aparelhos específicos e adequados para
coletar dados e analisando formas de onda resultantes.
Estudando locais para testes de campo, em função de ventos, altitude, custos
de montagem de transporte.
Montando uma estrutura com tubo metálico, para submeter o conjunto
gerador eólico mais conversor elétrico a testes de campo.
Fazendo a coleta de dados do comportamento do conversor e comparando os
resultados com os esperados da fase de projeto.
Realizando reuniões semanais entre componentes da equipe e orientador, e
outras pessoas que possam ser úteis e se disponham a contribuir com o projeto.
16
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 POTENCIAL EÓLIO - ELÉTRICO ESTIMADO
Embora ainda haja divergências entre especialistas e instituições na
estimativa
do
potencial
eólico
brasileiro,
vários
estudos
indicam
valores
consideráveis. Até poucos anos, as estimativas eram da ordem de 20.000MW. Hoje
a maioria dos estudos indica valores maiores que 60.000MW. A razão dessas
divergências decorre principalmente da falta de informação (dados de superfície) e
às diferentes metodologias empregadas. Segundo os dados do Atlas Eólico
Brasileiro, o potencial eólico brasileiro é da ordem de 140.000MW.
Os diversos levantamentos e estudos realizados e em andamento (locais,
regionais e nacionais) têm dado suporte e motivado a exploração comercial da
energia eólica no país. Os primeiros estudos foram feitos na Região Nordeste,
principalmente no Ceará e em Pernambuco. Com o apoio da ANEEL e do Ministério
de Ciência e Tecnologia – MCT, o Centro Brasileiro de Energia Eólica – CBEE, da
Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, publicou em 1998 a primeira versão
do Atlas Eólico da Região Nordeste. Com o auxílio de modelos atmosféricos e
simulações computacionais, foram feitas estimativas para todo o país, dando origem
a uma versão preliminar do Atlas Eólico Brasileiro como pode ser visto na figura 01
(AMARANTE, 2001).
17
Figura 01 – Atlas Eólico do Brasil (dados preliminares de 1998)
Fonte: AMARANTE, 2001.
O Atlas apresenta as condições médias anuais de vento para todo o território
brasileiro na resolução de 1km x 1km.
Por meio da integração dos mapas digitais, utilizando-se recursos de
geoprocessamento e cálculos de desempenho e produção de energia elétrica a
18
partir de curvas de potência de turbinas eólicas existentes no mercado, chegou-se
aos valores listados no quadro 01.
Esse processo indicativo foi realizado considerando-se as seguintes
premissas:
•
Foram integradas todas as áreas que apresentaram velocidades médias
anuais iguais ou superiores a 6 m/s.
•
Foram consideradas curvas médias de desempenho de turbinas eólicas no
estado-da-arte mundial, instaladas em torres de 50m de altura.
•
Para essa estimativa, foi utilizada uma densidade média de ocupação de
terreno de apenas 2 MW/km2 . Esse valor é considerado conservativo, uma
vez que representa cerca de 20% do realizável por usinas eólicas em
terrenos planos.
•
Foram adotados intervalos com incrementos de 0,5 m/s para as
velocidades médias anuais de vento. O desempenho de turbinas eólicas foi
calculado para os limites inferiores de cada intervalo.
•
Foi adotado um fator de disponibilidade de 0,98, considerado típico para
usinas eólicas comerciais.
•
Foram descartadas da integração as áreas cobertas por água (lagos e
lagoas, açudes, rios e mar).
Os resultados da integração, por faixas de velocidade, são apresentados no
quadro 01 e na figura 02, por regiões.
A partir desses resultados, estimou-se um potencial disponível (segundo as
premissas anteriores) da ordem de 143 GW, conforme se mostra na coluna
Integração Cumulativa do quadro 01.
19
Quadro 01 – Potencial eólico-elétrico estimado do Brasil, calculado por integração de
áreas nos mapas temáticos, a partir das premissas apresentadas ao lado.
Fonte: AMARANTE, 2001.
20
Figura 02 – Potencial eólico estimado para vento médio anual
igual ou superior a 7,0 m/s.
Fonte: AMARANTE, 2001.
21
2.2 GERADOR EÓLICO DE BAIXO CUSTO
Após tomar conhecimento do trabalho intitulado “Gerador Eólico de Baixo
Custo” desenvolvido como projeto final nesta instituição no período anterior, surgiu o
interesse pela continuação deste projeto.
Primeiramente, fez-se um estudo detalhado do trabalho citado, onde foram
analisadas duas opções de protótipos. O protótipo 1, de até 60 W de potência e
campo magnético radial e o protótipo 2, de até 100 W e campo magnético axial,
chegou-se a decisão de escolher o protótipo 2, já que este obteve valores mais
significativos para este trabalho.
Nesta introdução estará sendo mostrada a parte construtiva, bem como
alguns ensaios realizados pela equipe anterior, que foi o ponto de partida inicial
deste trabalho. De posse desses valores, começou-se a escolha de circuitos para
realizar a confecção do projeto.
A fim de dar um melhor embasamento, algumas informações e ilustrações
oriundas do trabalho citado são apresentados nos itens que seguem.
2.2.1. Detalhes Construtivos
De acordo com Projeto do Gerador Eólico de Baixo Custo, o protótipo 2
possui uma construção mecânica com campo magnético na direção axial, podendo
ser observada na figura 03 a posição dos ímãs e bobinas, a qual possibilita maior
versatilidade nos ajustes de entreferro e dimensões das bobinas.
Figura 03 - Vista explodida do Protótipo 2
Disco de freios
1
Suporte
Chapas
laminadas
Disco de freios 2
Eixo
Bobinas
Fonte: COSTA, 2003.
Ímãs
Disco de metal
Rolamento
s
22
A idéia principal da equipe anterior era fazer um gerador de baixo custo, por
isso foram escolhidos materiais encontrados em depósitos de sucata. Então se
optou por um disco de freios de um veículo modelo Opala (disco de freios 1)
associado a um disco de freios de um veículo modelo Brasília (disco de freios 2),
como é observado na figura 04.
Figura 04 – Materiais utilizados
Eixo
Disco de Freios 1
Disco de Freios 2
Fonte: COSTA, 2003.
Para fazer o acoplamento entre os dois discos de freios de veículos
diferentes, foi necessária a confecção de um disco metálico interno ao disco de
freios 2, onde foi fixado o eixo, possibilitando ajuste da distância entre eles, vide
figura 05.
Figura 05 - Disco metálico para acoplamento entres os discos de freios.
Fonte: COSTA, 2003.
23
Para a produção do campo magnético foram utilizados 12 ímãs de ferrite
anisotrópico de bário, com campo magnético de 1,4 T, de dimensões - 20 x 35 x 35
mm - (P x A x L).
Para a fixação dos ímãs foi necessária a limpeza da superfície inferior do
disco de freios 2 através de lixamento. A fixação foi realizada através de colagem,
utilizando adesivo à base de epóxi. Os imãs foram distribuídos de maneira uniforme
ao longo da superfície do disco de freios 2, conforme figura 06.
Figura 06 – Colagem dos ímãs.
Fonte: COSTA, 2003.
Em seguida foram confeccionadas as bobinas, e para o fechamento eficiente
do caminho magnético foram feitos núcleos de aço-silício para as bobinas.
As bobinas foram confeccionadas sobre um suporte de madeira de 20 x 18 x
18 mm (P x A x L), depois de retiradas do suporte foram amarradas por fio de
poliéster para modelagem. Cada bobina foi composta por 150 espiras de fio de
cobre esmaltado 19 AWG.
No interior da bobina foi colocado filme de poliéster para proteger o
enrolamento de eventual atrito com o núcleo e possível passagem de corrente
elétrica para o mesmo, como pode ser visto na figura 07.
24
Figura 07 – Bobina
Fonte: COSTA, 2003.
As bobinas foram fixadas utilizando adesivo à base de epóxi, distribuídas
uniformemente de maneira que cada ímã do disco de freios 2 correspondesse a uma
bobina, conforme observado na figura 08. Para proteção mecânica das bobinas e
aumento da condução do fluxo magnético foi colocado em torno de cada bobina uma
lâmina de aço-silício de 18 mm de largura.
Figura 08 – Posição dos ímãs e das bobinas
Fonte: COSTA, 2003.
25
As bobinas foram agrupadas quatro a quatro e conectadas em série entre si,
respeitando o sentido de enrolamento, utilizando solda com estanho. Obtendo-se
desta forma três grupos que foram associados em paralelo.
Em seguida foi ajustado o entreferro através dos parafusos do disco metálico
interno de maneira a deixá-lo o mais reduzido possível para maior aproveitamento
do campo magnético dos ímãs.
Construtivamente foi constatado que:
•
Não há necessidade da procura de um tambor de freio que se adapte ao
núcleo laminado do ventilador de teto;
•
Não possui ranhuras para fixação das bobinas.
No que tange à parte elétrica, pode-se destacar:
•
É possível regular o entreferro;
•
Existe a possibilidade de se utilizar ímãs de tamanhos maiores e maior
capacidade de fluxo como os de terras raras;
•
São reduzidas as possibilidades de existir fuga de corrente para a carcaça,
pois não existe núcleo laminado com ranhuras.
2.2.2 Ensaios Realizados
A seguir estão relacionados os ensaios realizados pela equipe anterior, que
por motivos construtivos, foram feitos utilizando um motor de indução, simulando a
ação do vento, conforme a figura 09. Como mostrado na proposta, serão realizados
estes ensaios em campo, para identificar os verdadeiros valores que poderão ser
obtidos, utilizando as pás em locais que possuem um potencial eólico satisfatório.
26
Figura 09 - Ensaio no Protótipo 2
Fonte: COSTA, 2003.
a) Ensaio
Os materiais utilizados foram:
•
01 amperímetro digital CA;
•
01 voltímetro digital CA;
•
01 reostato de 0-100Ω;
•
01 tacômetro óptico digital;
•
cabos com pino banana para conexões.
O objetivo do ensaio foi o levantamento da curva de potência x rotação no
eixo fornecida pelas bobinas do gerador. A metodologia utilizada para o
levantamento da curva de potência gerada no Protótipo 2, foi fixado o valor da
rotação em 450 rpm variando o valor da carga através do reostato.
O esquema de montagem pode ser visto na figura 10.
27
Figura 10 – Esquema de montagem
1
V
R
AC
AC
2
A
AC
Fonte: COSTA, 2003.
Os resultados apresentados na tabela 01 mostram os valores de corrente e
tensão obtidos, a partir desses calculou-se a potência gerada. A carga utilizada foi
resistiva pura, e as especificações da instrumentação não foram apresentadas no
trabalho original, não permitindo afirmar se tratar de valores eficazes verdadeiros.
Tabela 01 - Valores de corrente, tensão e potência.
Corrente (A) Tensão (V) Potência (W)
Fonte: COSTA, 2003.
0,01
16,26
0,16
0,25
16,00
4,00
0,50
15,87
7,93
0,75
15,67
11,75
0,98
15,54
15,22
1,25
15,35
19,18
1,47
15,20
22,34
1,75
15,03
26,30
1,95
14,92
29,09
2,20
14,73
32,40
2,50
14,50
36,25
3,38
13,93
47,08
4,13
13,40
55,34
5,26
12,58
66,17
7,12
11,12
79,17
28
Figura 11 - Gráfico da Potência x Corrente.
100
Potência (W)
80
60
40
20
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Corrente (A)
Fonte: COSTA, 2003.
Figura 12 - Gráfico da Potência x Tensão.
100
Potência (W)
80
60
40
20
0
10
12
14
16
18
20
Tensão (V)
Fonte: COSTA, 2003.
b) Levantamento da curva Potência x Rotação
Com o levantamento dos dados neste ensaio, foi obtido o ponto de melhor
aproveitamento em função da rotação, e assim foi fixado o valor da carga. Variando
o valor da rotação, conforme tabela 02, foi obtida a curva da potência x rotação,
como pode ser visto na figura 13.
29
Tabela 02 - Valores de rotação e potência.
Rotação (rpm) Corrente (A) Tensão (V) Potência (W)
500
8,25
12,20
100,65
475
7,91
11,52
91,12
450
7,43
11,00
81,73
425
6,95
10,50
72,97
400
6,62
9,45
62,55
375
6,33
8,80
55,70
350
6,00
8,20
49,20
325
5,67
7,50
42,52
300
5,30
6,85
36,30
275
4,92
6,20
30,50
250
4,53
5,60
25,36
225
4,10
4,91
20,13
200
3,63
4,28
15,53
175
3,14
3,65
11,46
150
2,61
3,00
7,83
125
2,05
2,40
4,92
Fonte: COSTA, 2003.
Figura 13 - Gráfico da Potência x Rotação.
120
Potência (W)
100
80
60
40
20
0
0
100
200
300
Rotação (rpm)
Fonte: COSTA, 2003.
400
500
600
30
Analisando os resultados da Curva de Potência x Rotação, foi detectado o
melhor ponto de operação do gerador na potência de 100,65 W, 12,2 V e 8,25 A, na
velocidade de 500 rpm.
A figura 14 apresenta os valores de tensão, corrente e velocidade em plena
carga. Nota-se que o gerador proposto é capaz de fornecer a uma rotação de 456,8
rpm a tensão necessária para o carregamento de um banco de baterias (12V) e uma
corrente de carga de 7,61 A, totalizando uma potência de 91,70 W.
Figura 14 - Valores de tensão, corrente e velocidade em plena carga.
Fonte: COSTA, 2003.
31
2.3 TÓPICOS DE ELETRÔNICA DE POTÊNCIA
O objetivo da eletrônica de potência é processar e controlar um fluxo de
energia elétrica fornecendo tensões e correntes na forma mais adequada à carga
(ROCHA, 2001). A eletrônica de potência trata da aplicação de dispositivos
semicondutores de potência, como tiristores e transistores para este fim. Esta
conversão pode ser CA para CC ou vice-versa, e os parâmetros controlados são
tensão, corrente e freqüência (AHMED, 2000).
Pode-se afirmar que o controle é feito através destes dispositivos
semicondutores. Para entender melhor o funcionamento dos circuitos, estes
dispositivos serão aproximados a uma chave, que será usada para o controle da
carga na figura 15.
Figura 15 – Controle da carga através de uma chave
Quando a chave está fechada, toda a potência é transferida para a carga;
quando ela está aberta, não existe corrente circulando na carga, então a potência
entregue é nula. Abrindo e fechando a chave periodicamente, controla-se a potência
média na carga. Os dispositivos semicondutores, transistores e SCRs, usados como
chaves podem abrir e fechar de maneira automática centenas de vezes por
segundo.
Para maior potência, a chave deve ficar fechada por períodos maiores e
aberta a menor parte do tempo; para diminuir a potência, basta manter a chave
desligada por mais tempo.
Segundo Ahmed (2000), as chaves semicondutoras de potência são os
elementos mais importantes em circuitos de eletrônica de potência. Os principais
tipos de dispositivos semicondutores usados como chaves são:
32
•
Diodo;
•
Transistor bipolar de junção (BJT);
•
Transistor de efeito de campo metal-óxido-semicondutor (MOSFET);
•
Transistor bipolar de porta isolada (IGBT);
•
Retificador controlado de silício (SCR);
•
Triac;
•
Tiristor de desligamento por porta (GTO);
•
Tiristor controlado MOS (MCT).
Esses dispositivos são operados no modo de chaveamento, e podem atingir
altas freqüências, a fim de converter e controlar a energia elétrica com alta eficiência
e alta resolução. A perda de potência na chave é muito pequena, já que a diferença
de potencial entre os terminais é quase igual a zero quando está fechada e a
corrente é quase nula quando está aberta.
Porém existem perdas na condução, provocadas pela corrente de fuga do
semicondutor quando aberta a chave e perdas por chaveamento, porque o
dispositivo não passa de um estado para outro, aberto para fechado (e vice-versa),
de modo instantâneo, leva um certo tempo que provoca perda de potência.
Em qualquer processo de conversão de potência é importante que haja uma
baixa perda de potência, ou um alto rendimento, devido ao custo da energia perdida
e a dificuldade de dissipar o calor gerado.
A eletrônica de potência encontra aplicações em qualquer campo que
requeira conversão e controle de potência elétrica. Os sistemas de eletrônica de
potência são encontrados em uma grande quantidade de equipamentos, motores
pequenos usados em eletrodomésticos, acionamentos industriais de grande
potência, fontes de alimentação reguladas, transmissão CC de alta tensão,
reguladores de iluminação, compensadores estáticos de potência reativa, são alguns
exemplos de aplicações em que se encontram circuitos de conversão de energia.
Os circuitos que fazem parte da eletrônica de potência podem ser divididos
em sete grupos, conforme suas aplicações específicas, descritas na tabela 03, que
dá uma boa idéia da sua amplitude e importância.
33
Tabela 03 - Algumas aplicações de eletrônica de potência
Conversor de potência
Retificador não controlado
Aplicações
Fonte CC para circuitos eletrônicos
CA para CC
Retificador controlado
Controle de velocidade de motor CC a partir
CA para CC
de uma fonte CA
Controle de velocidade para ferramentas
elétricas portáteis
Transmissão CC em alta tensão
Chopper CC
Controle de velocidade de motor CC a partir
CC para CC
de fonte CC
Fonte de alimentação chaveada
Controlador de tensão CA
Chave de regulagem para iluminação
CA para CA
Controle de aquecedores
Controle de velocidade de aparelhos
eletrodomésticos
Controle de potência reativa
Partida suave para motores de indução
Inversor
Fonte de alimentação de funcionamento
CC para CA
contínuo (UPS)
Controle de velocidade de motores CA
trifásicos
Aquecimento por indução
Conversor cíclico
Controle de velocidade de motores CA
CA para CA
Fonte de freqüência constante para aeronaves
Chave estática
Substituição de chaves mecânicas e
CA ou CC
eletromagnéticas
Fonte: AHMED, 2000.
Neste projeto será estudado e construído um protótipo de um conversor
capaz de transformar a energia produzida pelo gerador eólico em tensão e
freqüência compatíveis com os níveis oferecidos pelas concessionárias, portanto
serão utilizados alguns circuitos anteriormente mencionados conforme ilustra a figura
16.
34
Para chegar a esta disposição, foram pesquisados geradores eólicos de
pequeno porte tal como “Turbina Air Wind 403 - Modelo Rural 400 W a 12,5 m/s” da
marca Southwest (ENERGIA ALTERNATIVA, 2003), concluindo que esta topologia é
a adequada ao gerador utilizado, com correção elétrica, sendo que apenas
geradores eólicos de grande porte utilizam correção mecânica com caixa de
engrenagem para manter a velocidade constante (WIND POWER MONTHLY, 2003).
Figura 16 – Conversor eólico elétrico proposto
Retificador
CA/CC
Controlador
de Carga
Inversor
CC/CA
Carga
Entrada de Energia
Acumulador
(Bateria)
Entre a entrada de energia e a carga, há o diagrama em blocos do conversor
eólico elétrico, objetivo deste estudo.
O conversor é composto de quatro estágios. O primeiro estágio é um
retificador de tensão, utilizado porque a freqüência de saída do gerador não é fixa,
ou seja, é um gerador assíncrono, depende dos ventos. No segundo estágio, será
feito o controle da tensão retificada para armazenar em um acumulador e alimentar o
conversor CC/CA, ou inversor.
O acumulador, ou bateria, será utilizado em caso de falta da geração primária
para alimentar o conversor CC/CA. A função de um inversor de freqüência consiste
em converter uma tensão de entrada CC em uma saída CA simétrica de amplitude e
freqüência desejadas, para que a energia seja utilizável, ou seja, o consumidor
poderá ligar lâmpadas ou eletrodomésticos, com potência de até 100W, como
descrito no projeto anterior.
Uma outra aplicação para este conversor eólico elétrico é o carregamento de
baterias, muito utilizado em comunidades isoladas e em locais de preservação, tal
35
como em Superagüi no Paraná (COPEL, 2003). Nesta localidade a população utiliza
células solares para carregar suas baterias automotivas que são utilizadas como
única fonte de energia elétrica em suas residências. Neste caso, apenas os três
primeiros estágios do conversor são utilizados.
Cada um dos estágios que compõem o conversor completo será abordado a
seguir com mais detalhes nos tópicos seguintes.
2.3.1 Dispositivos Semicondutores de Potência
Como já foi dito, as chaves semicondutoras de potência são os elementos
mais importantes dos circuitos de eletrônica de potência. Neste tópico serão vistas
algumas características dos principais dispositivos.
a) Diodo
Os diodos de potência desempenham um papel importante nos circuitos de
eletrônica de potência. São utilizados principalmente como retificadores não
controlados, convertendo tensões CA em CC e como diodos de retorno, a fim de
fornecer passagem para o fluxo de corrente de cargas indutivas.
Na figura 17 são apresentados a estrutura de dopagem, o símbolo e uma
curva típica de tensão pela corrente de um diodo comum.
Figura 17 – Estrutura, símbolo e curva característica de tensão x corrente do diodo
Fonte: AHMED, 2000.
36
Os materiais utilizados na fabricação de diodos podem ser de silício ou
germânio. Os diodos de potência são normalmente feitos de silício, pois este
material pode operar com correntes maiores e temperaturas de junção mais altas,
além de ter uma resistência reversa maior.
b) Transistor bipolar de junção (BJT)
Um transistor tem três terminais: a base (B), o coletor (C) e o emissor (E).
Quando um transistor é usado como chave, para controle de potência fornecida pela
fonte para uma carga, os terminais C e E são ligados em série com o circuito
principal da fonte. Já os terminais B e E são interligados ao circuito acionador, que
controla a ação de ligar e desligar.
Uma baixa corrente circula através da junção base-emissor e induz o fluxo da
alta corrente entre coletor e emissor. Na figura 18 são apresentados a estrutura de
dopagem, o símbolo e uma curva típica de tensão pela corrente de um transistor
bipolar de junção.
Figura 18 – Estrutura, símbolo e curva característica tensão x corrente do transistor
Fonte: AHMED, 2000.
O ganho de corrente é de 5 a 10 vezes em transistores bipolares de potência
e, por isso, esses componentes algumas vezes são conectados em configuração
Darlington para alcançarem um maior ganho de corrente, como o esquema de
conexão visto a seguir na figura 19.
37
Figura 19 – Conexão Darlington entre dois transistores
Fonte: AHMED, 2000.
c) Transistor de efeito de campo metal-óxido-semicondutor (MOSFET)
Um MOSFET de potência é similar ao MOSFET utilizado para pequenos
sinais, porém com maior capacidade no que se refere aos valores nominais de
tensão e corrente. É um transistor de chaveamento rápido, com alta impedância de
entrada, apropriado para potências baixas e para aplicações de alta freqüência. Ele
tem três terminais: o gatilho ou porta G, a fonte S e o dreno D.
Na figura 20 são apresentados o símbolo e curva característica, onde
aparecem as tensões VGS – tensão entre gatilho e fonte, VDS – tensão entre dreno e
fonte e as correntes IG – corrente do gatilho, ID – corrente do dreno e IS – corrente da
fonte.
Figura 20 – Símbolo e curva característica de um MOSFET
Fonte: AHMED, 2000.
38
A resistência de condução do MOSFET aumenta rapidamente com a tensão
nominal do componente. Por causa disso, somente componentes com baixa tensão
nominal estão disponíveis.
Considerando as perdas totais nas chaves, pode-se fazer a seguinte
comparação entre MOSFETs e bipolares: em um nível de tensão de 300 a 400V os
MOSFETs competem com os bipolares somente se a freqüência de chaveamento
ultrapassar os 30kHz
d) Transistor bipolar de porta isolada (IGBT)
O IGBT tem algumas das vantagens do MOSFET, do BJT e do GTO (item g)
combinados. Similarmente ao MOSFET, o IGBT tem alta impedância de entrada, o
qual necessita de uma pequena quantidade de energia para chavear o componente.
Como o transistor bipolar, o IGBT tem uma pequena queda de tensão de condução
mesmo em componentes com elevada tensão de bloqueio nominal. Do GTO, o IGBT
pode ser projetado para bloquear tensões negativas.
Na figura 21 são apresentados o símbolo e uma curva típica de tensão pela
corrente de um IGBT, sendo semelhante a de um transistor comum.
Figura 21 – Símbolo e curva característica do IGBT
Fonte: AHMED, 2000.
39
e) Retificador controlado de silício (SCR)
O SCR é o controlador elétrico de potência com o uso mais difundido. Isso se
deve à sua ação de chaveamento rápido, ao pequeno porte e aos seus altos valores
nominais de corrente e de tensão. O SCR tem três terminais: o anodo (A), o catodo
(K) e o gatilho (G). Os terminais A e K são os de potência, enquanto G é o de
controle.
O SCR atua como uma chave, quando a tensão aplicada alcançar o ponto de
disparo, ou se um sinal positivo for aplicado em G, ele passará para o estado ligado
e permanecerá assim até que a tensão de alimentação for retirada ou a corrente de
anodo for reduzida a um nível abaixo da corrente de sustentação.
Na figura 22 são apresentados o símbolo e uma curva típica de tensão pela
corrente de um SCR descrevendo seu funcionamento.
Figura 22 – Símbolo e curva característica do SCR
Fonte: AHMED, 2000.
f) Triac
O triac opera como dois SCRs ligados em anti-paralelo. Ele é capaz de
conduzir corrente em ambas as direções, direta e inversa, e pode ser controlado por
um sinal de gatilho positivo ou negativo. Isso o torna útil para o controle de potência
CA. Um triac também é denominado SCR bidirecional.
40
Na figura 23 são apresentados o símbolo onde aparecem os terminais de
condução MT1, MT2 e o terminal de disparo G, e a curva característica do triac com
VBR – tensão mínima de condução e IH – corrente mínima de condução direta.
Figura 23 – Símbolo e curva característica do triac
Fonte: AHMED, 2000.
O triac é mais econômico e fácil de controlar. Caso a potência a ser regulada
seja maior do que os valores nominais do dispositivo, é possível um par de SCRs.
Uma das limitações é a baixa velocidade, que restringe a freqüência operacional a
algumas centenas de hertz.
Os triacs são utilizados apenas para regular a tensão CA de 60 Hz em
aplicações como iluminação, controles de velocidade de motores e de aquecimento
e em relés CA de estado sólido.
g) Tiristor de desligamento de porta (GTO)
Como o SCR, o GTO pode ser levado à condução por um pequeno pulso de
corrente no gatilho e, uma vez conduzindo, pode permanecer nesse estado sem
necessidade de corrente de gatilho. No entanto, ao contrário do SCR, o GTO pode
ser bloqueado pela aplicação de uma tensão negativa entre o gatilho e o catodo.
Essa fonte de tensão negativa deve ser tal que permita a circulação de um grande
41
fluxo de corrente negativa. Esta corrente negativa precisa circular por uns poucos
microssegundos, mas deve ter a magnitude da ordem de um terço da corrente de
anodo que está sendo bloqueado.
Na figura 24 são apresentados o símbolo e uma curva típica de tensão pela
corrente do GTO.
Figura 24 – Símbolo e curva característica do GTO
Fonte: AHMED, 2000.
h) Tiristor controlado MOS (MCT)
O MCT é um dispositivo novo que combina as características do MOSFET e
do SCR. A funcionalidade é similar ao GTO, mas exige uma corrente de gatilho
menor para o desligamento. Sua principal desvantagem é a baixa capacidade de
bloqueio de tensão inversa.
O MCT é um componente controlado por tensão como IGBT e o MOSFET.
Ele tem duas vantagens que superam o GTO: circuito de comando mais simples e
maior velocidade de chaveamento. Também tem menor queda de tensão na
condução comparado com o IGBT de valor nominal semelhante.
Na figura 25 são apresentados o símbolo com A - anodo, C – catodo e G porta e uma curva típica de tensão pela corrente do MCT.
42
Figura 25 – Símbolo e curva característica do MCT
Fonte: AHMED, 2000.
A
figura
26
apresenta
um
gráfico
comparativo
entre
as
chaves
semicondutoras apresentadas até agora. Mostra a melhor escolha levando-se em
consideração os fatores tensão, corrente e freqüência de chaveamento.
Figura 26 – Gráfico comparativo entre as chaves semicondutoras
Fonte: MOHAN, 1995
43
Todos os dispositivos mostrados, exceto o MCT, tem uma relativa maturidade
tecnológica. Entretanto a tecnologia do MCT está em rápida expansão, o que
significa melhorias na capacidade deste dispositivo são possíveis, como está
indicado na figura 26.
2.3.2 Retificador
Retificador é um circuito que faz a conexão entre uma fonte CA e uma carga
CC, isto é, converte tensão e corrente alternadas em tensão e corrente contínuas. A
amplitude da tensão de saída CC é determinada pela amplitude da tensão de
alimentação CA, porém a saída CC não é pura como a de uma bateria. Ela contém
uma
componente
CA
chamada
“ripple”
superposta
ao
nível
médio
CC
(LANDER,1988). Para eliminá-la é necessário inserir um filtro após o retificador.
Os retificadores são divididos em meia-onda, onda completa e onda completa
em ponte. Podem ser controlados ou não controlados, conforme apresentado na
tabela 03. As diferenças entre os diversos tipos de retificador variam do “ripple” de
saída a aplicação à qual se destinam.
Os retificadores de meia-onda são aqueles que possuem um diodo por fase
da tensão CA de alimentação de entrada, mostrado na figura 27.
Figura 27 – Retificador de meia-onda
44
A tensão de saída pode ser calculada pela seguinte equação:
π
Vo ( méd )
V
 1 
=
 ∫ Vm sen θdθ = m
π
 2π  0
Onde: Vo (méd ) é o valor da tensão média na carga
Vm é o valor máximo da tensão de alimentação
Um retificador de meia onda não é muito prático por causa da baixa tensão
média de saída, da pouca eficiência e do alto “ripple”. Essas limitações podem ser
eliminadas pela retificação em onda completa.
Os retificadores de onda completa correspondem à associação de dois
retificadores de meia-onda ligados em série. Um deles leva a corrente até a carga e
o outro faz o retorno para a entrada CA. Para este tipo de retificador é necessário
um transformador com terminação central, como pode ser observado na figura 28
que também mostra a curva de saída.
Figura 28 – Retificador de onda completa
45
O valor da tensão de saída é o dobro do valor fornecido pelo retificador de
meia onda, como mostra a expressão abaixo:
Vo ( méd )
π
2V
 1 
=
 ∫ Vm sen θdθ = m
π
 2π  0
A retificação de onda completa pode ser também obtida com um retificador
em ponte. Esse retificador utiliza quatro diodos. Durante o semiciclo positivo da fonte
de tensão, D2 e D3 estarão diretamente polarizados então o fluxo de corrente na
carga dá-se através de D2 e retorna à fonte por D3, o que resulta em uma queda de
tensão positiva na carga. No semiciclo negativo, D1 e D4 estarão diretamente
polarizados, agora a corrente passa por D4 e retorna por D1, gerando novamente
uma tensão positiva na carga, conforme figura 29.
Figura 29 – Retificador de onda completa em ponte
Os valores médios da tensão e da corrente na carga são similares aos do
retificador onda completa com terminação central, porém cada diodo deve suportar
apenas a metade da corrente média na carga. Outra vantagem deste tipo de
retificador é a não necessidade de terminação central na fonte de alimentação.
Todos os circuitos apresentados até aqui são chamados de retificadores não
controlados. Um retificador pode tornar-se controlado substituindo-se o diodo por um
46
tiristor, cujo acionamento é feito por um circuito de disparo. Este tipo de retificador
não será abordado neste trabalho porque não faz parte do escopo do projeto a ser
desenvolvido.
2.3.3 Inversor
Os inversores são circuitos estáticos que convertem potência CC em potência
CA com a freqüência e tensão ou corrente de saída desejada. A tensão de saída
tem uma forma de onda periódica que, embora não senoidal, pode chegar a ser
considerada como tal (AHMED, 2000).
O circuito básico para gerar uma tensão alternada monofásica, a partir de
uma alimentação de tensão CC. Esse circuito também é conhecido como inversor
em meia ponte, porque utiliza duas chaves semicondutoras, que são simuladas
pelas chaves S1 e S2 conforme figura 30.
Figura 30 – Circuito básico de um inversor
As chaves S1 e S2 ligam e desligam a fonte à carga de modo alternado, o
que produz uma forma de onda retangular de tensão CA. A combinação das chaves
fornece quatro estados mostrados na tabela 04.
Tabela 04 – Quatro estados de saída do inversor
Estado
S1
S2
Tensão de Saída
1
+
-
+V
2
-
-
0
3
-
+
-V
4
+
+
0
Fonte: AHMED, 2000.
47
Quando os estados 1 e 3 são repetidos de maneira alternada, uma tensão de
onda quadrada é gerada na carga, se os estados 2 e 4 são utilizados, obtém-se uma
onda em degrau como mostra a figura 31.
Figura 31 –Tensão de saída do inversor
Fonte: AHMED, 2000.
Um outro tipo de inversor é mais empregado, é chamado de inversor de fonte
de tensão (VSI). Nele, a tensão da fonte de entrada CC é constante e independe da
corrente drenada pela carga. Existe o VSI em meia ponte e ponte completa. O mais
utilizado na prática é o circuito básico para um inversor monofásico de fonte de
tensão em ponte completa que será apresentado.
São necessárias quatro chaves e quatro diodos de retorno. As chaves
assumem os estados ligado e desligado aos pares em diagonal, ou seja, as chaves
S1 e S4 operam alternadamente com as chaves S2 e S3. A fonte CC fica ligada de
maneira alternada à carga, em direções opostas. A freqüência de saída é controlada
pela taxa de velocidade com que as chaves abrem e fecham, conforme ilustra a
figura 32.
48
Figura 32 – Inversor monofásico de fonte de tensão em ponte completa
Fonte: AHMED, 2000.
A tensão de saída deste inversor pode ser calculada através das fórmulas:
 2δ 
Vo ( méd ) = E 1 −

T  , valor médio da tensão.

Vo ( ef ) = E 1 −
2δ
T
, valor eficaz da tensão.
Onde: E é o valor da tensão CC da fonte.
δ
é o tempo que a tensão de saída é igual a zero.
T é o período da forma de onda.
A freqüência da tensão que se alterna é determinada pela taxa de variação do
chaveamento. A tensão de saída CA retangular do inversor serve para algumas
aplicações. Entretanto, a tensão de saída senoidal é a forma de onda ideal para
muitas aplicações. Para conseguir isso, pode ser empregado um filtro no lado da
saída do inversor ou utilizar a modulação por largura de pulso (PWM), que usa um
esquema de chaveamento no inversor para modificar a forma de onda da tensão de
saída.
49
O sistema de controle do inversor pode ser constituído de circuitos integrados
lineares ou de processadores de sinais digitais. Os avanços da tecnologia de
fabricação das chaves semicondutores aumentam os níveis de tensão e corrente
suportáveis, a velocidade de chaveamento, melhorando o desempenho dos
conversores.
Para controlar a freqüência e/ou a tensão de saída do inversor, é necessário
um circuito de controle. De acordo com o caso, poderá apenas gerar pulsos
quadrados para comutação da etapa de potência, somente dando liberdade de
controlar a freqüência do inversor. Ou gerar um sinal PWM que comutará a etapa de
freqüência de acordo com uma referência, controlando tanto a freqüência do
inversor como a tensão aplicada na carga.
Pela modulação PWM pode-se comutar a etapa de potência de tal forma que
os harmônicos gerados sejam minimizados já que o somatório das tensões médias
de cada porção da forma de onda PWM gerada na saída se assemelha muito a uma
senóide. Nos casos em que é necessário controlar o torque de um motor é utilizado
este tipo de modulação, visto que a armadura do motor atua como filtro e elimina as
harmônicas restantes na tensão, fazendo com que a corrente seja quase senoidal.
Na figura 33 podem ser observadas duas modulações PWM com larguras de
pulso diferentes, já na figura 34 a modulação é do tipo senoidal.
Figura 33 – Exemplos de modulação PWM
Fonte: AHMED, 2000.
50
Figura 34 – Padrão de modulação PWM senoidal
Fonte: AHMED, 2000.
Como foi dito o circuito deste projeto se destina e ser a última etapa do
conversor elétrico eólico, um inversor de freqüência com parâmetros de amplitude de
tensão e freqüência fixos. Portanto não será utilizado um circuito de controle mais
complexo, com microprocessadores ou modulação PWM. O objetivo na saída é
fornecer uma tensão alternada, pronta para ser utilizada como gerador isolado.
Será utilizado um circuito de controle simples, capaz de gerar uma onda
quadrada de amplitude constante que será conectada a um transformador que fará o
papel do filtro e de elevador de tensão para 127 V.
2.4 BATERIAS
Para o projeto do conversor elétrico do gerador eólico de baixo custo, um
equipamento, ou melhor, um componente de muita importância será o acumulador
elétrico, ou mais usualmente chamado de bateria.
Utilizando-se a energia eólica, fica-se suscetível ao regime de ventos do local
em que for instalado o gerador eólico. Para compensar os momentos em que não
houver vento, ou seja, corte de fornecimento de eletricidade, buscar-se-á suprir a
energia elétrica a partir de um acumulador que é carregado previamente quando
existe vento suficiente para fornecer movimento ao sistema de pás do gerador.
Outra aplicação da bateria pode ocorrer, por exemplo, em comunidades
carentes e isoladas, onde um centro de geração de energia elétrica faz a carga de
acumuladores e os moradores das imediações trocam sua bateria já sem carga por
uma carregada, podendo ter pontos de luz, rádio, ou um pequeno televisor ligado.
Essa poderia ser uma forma de disseminar o uso de eletricidade em locais ainda não
atendidos por uma rede convencional.
51
Para melhor adequar os projetos dos circuitos do conversor, é necessário
estudar
alguns
detalhes
técnicos
referentes
à
tecnologia
das
baterias,
principalmente no que diz respeito a ciclo de operação, influências sobre a vida útil,
curvas de carga e outros que serão abordados logo abaixo.
2.4.1 Função Básica da Bateria ou Acumulador de Energia
Os acumuladores são dispositivos destinados à conversão de energia química
em energia elétrica e vice-versa, que são utilizados em sistemas que não possuem
nenhuma outra fonte de energia ou para sistemas de emergência (ROCHA, 2002).
A impossibilidade do armazenamento de energia em corrente alternada faz
dos acumuladores a grande solução para este caso, utilizando-se de um sistema em
corrente contínua.
2.4.2 Breve Resumo Histórico
Segundo ROCHA (2002), o primeiro registro de desenvolvimento de uma
célula acumuladora de energia data de 1800 quando Alessandro Conte di Volta
obteve uma diferença de potencial entre dois eletrodos de zinco-prata tendo como
eletrólito uma solução de sal.
Em 1854, Josef Sinsteden utilizou lâminas de chumbo como eletrodos e ácido
sulfúrico diluído como eletrólito. Acabara de ser inventada uma rudimentar célula
chumbo-ácida recarregável.
Desde então, melhoramentos técnicos têm sido aplicados e, como
conseqüência, houve incrementos enormes quanto à capacidade em armazenar
energia, aumento da vida útil dos acumuladores e melhor relação volume / energia
armazenada nas baterias.
2.4.3 Estrutura de uma Célula Acumuladora
Em
termos
técnicos,
bateria
ou
mais
adequadamente,
bateria
de
acumuladores, é usada para definir uma associação em série de vários
acumuladores elétricos, também chamados de células (ROCHA,2002).
Uma célula chumbo-ácida que será o foco deste estudo possui componentes
responsáveis pela conversão da energia elétrica em química, como pode ser visto na
figura 35:
52
•
Material ativo da placa negativa (eletrodo de chumbo);
•
Material ativo da placa positiva (eletrodo de óxido de chumbo);
•
Eletrólito (ácido sulfúrico).
Figura 35 - Estrutura Básica de uma Célula
Nível do
Eletrólito
Eletrodo Pb
Vaso
Recipiente
-
Eletrodo PbO
+
Solução – H2SO4
Para aumentar a capacidade de corrente, os eletrodos são constituídos de
várias placas. Um grupo de placas positivo e negativo é entrelaçado e forma um
pacote de placas. As placas positivas são interligadas e conectadas ao pólo positivo,
o mesmo ocorre com o sistema de placas negativas.
Entre as placas positivas e negativas são usados separadores com o objetivo
de evitar a ocorrência de curtos-curcuitos. Esses separadores devem ter porosidade
suficiente para permitir a passagem do eletrólito. Se não for assim, o movimento das
cargas elétricas (íons) não poderia ocorrer e, portanto, o fluxo de corrente entre as
placas negativas e positivas não seria possível.
53
2.4.4 Princípio de Operação
A função da bateria é:
•
Na descarga converter a energia química em energia elétrica;
•
Na carga, por meio de uma fonte, converter energia elétrica em energia
química.
Durante a descarga da bateria, analisando o circuito externo, é possível ver o
fluxo de corrente (sentido convencional) fluindo do terminal positivo para o negativo.
Durante a carga, o fluxo de corrente é do negativo para o positivo. Estas duas
descrições correspondem ao sentido oposto ao fluxo de elétrons.
A figura 36 mostra os deslocamentos dos íons e dos elétrons na bateria para
os processos de carga e descarga.
Figura 36 – Fluxo de elétrons e íons para descarga e carregamento
Fonte
CC
Carga
elétrons
-
I (A)
I (A)
elétrons
+
-
+
Ânions
Ânions
Eletrólito
Eletrólito
A seguinte equação química descreve as reações de descarga e carga.
Pb + PbO2 + 2H2SO4
2PbSO4 + 2H2O
Durante a descarga, chumbo do eletrodo negativo, bem como o dióxido de
chumbo do eletrodo positivo, são convertidos em sulfato de chumbo. O ácido
sulfúrico envolve-se no processo na forma de íons sulfato. A água que resulta do
54
processo indica que o ácido é diluído e, portanto durante a descarga a densidade do
ácido diminui.
Durante a carga, o processo ocorre de maneira inversa. No processo químico
descrito anteriormente não existe a formação dos gases O2 e H2. Então, resta a
equação da formação desses gases quando a bateria é mantida em situação de
recarga quando já está plenamente carregada.
O fluxo de corrente deve entregar uma certa quantidade de energia em sua
passagem do eletrodo sólido para o eletrólito. Para que isso ocorra normalmente é
necessário que haja suficiente sulfato de chumbo disponível durante a carga. Porém,
se o conteúdo de sulfato de chumbo nos eletrodos é muito baixo (isto ocorre quando
a bateria está descarregada), alguns elétrons não encontrarão o sulfato de chumbo
necessário à conversão. Estes elétrons então devem realizar algum outro trabalho
(entregar energia ao sistema) que consistirá na quebra de moléculas de água (H2O)
que existem no eletrólito. Assim, são produzidos os gases hidrogênio (H2) e oxigênio
(O2) durante o carregamento excessivo da bateria.
O hidrogênio e o oxigênio são gases combustíveis ou mesmo explosivos
dependendo do seu grau de concentração.
2.4.5 Tecnologias
As baterias podem ser ventiladas ou seladas. As seladas, que são o foco
deste projeto, são algumas vezes chamadas de “maintenance-free” (livre de
manutenção). Estas baterias chumbo-ácidas são do tipo VRLA, ou seja, reguladas
por válvula, (ROCHA, 2002).
Nas baterias ventiladas atuais existe um sistema que minimiza a quantidade
de gases que escapam da célula. Grande parte dos vapores do eletrólito são
condensados ainda dentro da célula e retornam ao sistema. Por essa razão, mesmo
as ventiladas necessitam de pouca reposição de eletrólito, ou seja, pouca
manutenção.
As baterias seladas são livres de manutenção porque utilizam eletrólito na
forma de gel e, assim a formação de gases é reduzida a um mínimo. Somente na
eventualidade de um aumento de pressão interna, a válvula de segurança se abre e,
imediatamente após restituir o equilíbrio de pressão, fecha-se. Portanto, as baterias
55
seladas permitem que eventuais gases sejam liberados para o exterior, mas não
permitem que o ambiente externo contamine a célula.
2.4.6 Capacidade Nominal da Bateria
A capacidade nominal das baterias chumbo-ácidas reguladas por válvula
refere-se a um regime de 10 horas, com corrente constante nominal, respeitando-se
uma tensão de descarga final e uma temperatura de 25°C.
Para compreender melhor pode-se usar o seguinte exemplo: se houver uma
bateria de especificação 50 Ah significa que fornece 5 ampères num período de 10
horas.
Se for exigido um fluxo de corrente maior que o nominal ou se a bateria for
submetida a trabalho em temperatura maior que 25°C esta relação será prejudicada,
diminuindo sua capacidade. Para saber qual seria o novo regime de descarga devese consultar o manual do fabricante.
2.4.7 Carga da Bateria
A carga da bateria é considerada completa quando a tensão da célula e o
valor da densidade do ácido não se alteram após um período de 2 horas.
O processo de recarga consiste em limitar a corrente de carga a um valor
definido pelo fabricante da bateria no início do processo de carga. Durante esse
período a tensão é inferior à tensão de flutuação e vai aumentando gradativamente
para manter a corrente constante nesse período. Chegará o momento em que a
tensão atingirá a tensão de flutuação e a fonte de corrente contínua a manterá
constante. A partir desse momento a corrente de carga começa a cair de forma
exponencial até atingir o valor da corrente normal de flutuação.
Na figura 37 é mostrada a curva de carga em regime de tensão constante,
que apresenta uma tensão mínima (Vmín), que deve ser a mínima tensão da bateria e
a linha pontilhada representa E, ou seja, tensão de flutuação de carga que não deve
exceder a tensão máxima (Vmáx) da bateria. Pode-se observar também o
comportamento da corrente de carga.
56
Figura 37 - Regime Tensão Constante
Corrente
Vmáx
E (V) - flutuação
Vmín
I (mA) - flutuação
T (h)
Fonte: ROCHA, 2002.
A recarga das baterias normalmente é realizada em regime de tensão
constante com limitação inicial da corrente. Quando a tensão de flutuação é atingida,
o sistema de carga mantém constante a tensão e a corrente se ajusta conforme a
necessidade da bateria, ou seja, ao seu estado de carga, daí a importância de um
adequado carregador que respeite suas curvas de tensão e corrente.
2.4.8 Ciclo de Operação e Vida Útil
O ciclo de operação é a seqüência repetida de cargas e descargas de uma
bateria. As baterias utilizadas em sistemas de energias renováveis, como solar e
eólica, trabalham no regime de carga e descarga planejada “cyclic operation”
(operação cíclica).
Se uma bateria chumbo-ácida á usada em operação cíclica, sua vida útil deve
ser expressa preferencialmente em número de ciclos e não de anos de uso. Isso
porque durante a carga e a descarga o processo de corrosão é bastante acelerado
devido ao maior aquecimento e, também, há maior produção de oxigênio nas placas
positivas.
Para melhor entender a respeito da capacidade em função do ciclo adotado,
utiliza-se o exemplo: Um número possível de ciclos considerando descargas de 80%
57
da capacidade é de 700 vezes (ROCHA, 2002). Com descargas de apenas 40% da
capacidade, o número de ciclos pode atingir o dobro, ou seja, 1400 vezes. A
justificativa para o aumento do número de ciclos é a de que os fatores que
degradam a bateria são reduzidos pela menor descarga por ciclo.
A cada 10°C de aumento na temperatura média anual em relação à de
referência, dobra a taxa de corrosão e, conseqüentemente, a vida útil diminui pela
metade. Na tabela 05 é mostrado o exemplo de uma determinada bateria para uma
temperatura de referência de 25°C e sua variação de vida útil.
Tabela 05 – Variação da vida útil com acréscimo da temperatura
Temperatura
Vida útil
média anual
aproximada
20°C
16 anos
25°C
12 anos
30°C
8 anos
35°C
6 anos
40°C
4 anos
Fonte: ROCHA, 2002.
2.4.9 Implicações Ambientais
Como forma de criar consciência ambiental no descarte de baterias, foi
adicionado ao trabalho no Anexo 1 o texto da resolução 257 de 30 de junho de 1999
expedido pelo Conama – Conselho Nacional do Meio Ambiente.
Esta resolução considera os impactos negativos causados ao meio ambiente
pelo descarte inadequado de pilhas e baterias. Dita regras quanto a uma adequada
reutilização, reciclagem ou disposição final e as responsabilidades que seus
distribuidores importadores e fabricantes têm sobre estes dispositivos.
2.5 CONTROLADOR DE CARGA
Um controlador de carga de baterias deve ser concebido de tal modo que a
bateria receba uma certa carga compatível com seu sistema eletrolítico sob regime
58
de tensão constante e estabilizada. Importante, também, é o controle de limite de
corrente, a qual, quando em valores elevados, causa excessivo aquecimento da
solução de eletrólitos, com conseqüente intemperismo das placas e sensível
redução de sua vida útil.
Uma bateria de chumbo-ácido com tensão nominal de 12 V é formada
normalmente por seis conjuntos de placas, ou seis células voltaicas.
Cada célula voltaica apresenta uma tensão de 2,1 V e uma resistência interna
muito baixa, da ordem de 0,01 ohms, já que se trata de uma solução condutora onde
os íons se movem com grande facilidade.
2.5.1 Características Gerais
O carregador desenvolvido apresenta uma série de vantagens do ponto de
vista técnico e operacional, que visam aumentar a vida útil da bateria que necessita
constantemente de recarga.
Figura 38 - Circuito em blocos
SENSOR
DE
CORENTE
RETIFICAÇÃO
BUFFER
MONITOR
DE CARGA
FILTROS
ZENER
OPERACIONAL
REG. DE
TENSÃO
SIMÉTRICA
CONTROLE
DE LIMITE
DE
CORENTE
DRIVER
PORTA
OU
MONITOR
DE
TENSÃO
BATERIA
FONTE DC
REGULADOR DE
TENSÃO
CONTROLE
DE LIMITE
DE TENSÃO
Fonte: MARTINI FILHO, 1989.
Dentre algumas vantagens, como se pode observar no esquema anterior,
destaca-se a possibilidade do controle de corrente, o qual além de fixar um valor
59
limite tal que não ocorra aquecimento durante o processo de carga, ainda possibilita
controlar a velocidade do mesmo, assim como protege o aparelho contra curtocircuito.
O controle do limite de tensão evita que o processo eletrolítico seja forçado
quando os valores de cada célula forem atingidos.
Do ponto de vista técnico observam-se ainda algumas configurações
interessantes como fonte fixa estabilizada para a bateria, por configuração
Darlington, o “booster” de corrente, o zener operacional, o amplificador operacional
como “buffer” em configuração de seguidor de tensão, a porta lógica OU com
componentes discretos, os comparadores de tensão e os circuitos de monitoração
de carga e tensão, construídos de idéias simples que utilizarão apenas alguns
parâmetros de transistores de uso geral.
60
3 METODOLOGIA
O tipo da pesquisa desenvolvida neste trabalho foi empírica, utilizando
ferramentas de análise de resultados de ensaios realizados em laboratório e em
campo, e pesquisa teórica de tecnologias de circuitos e componentes eletrônicos,
para o projeto do conversor.
A seguir é apresentada uma seqüência de atividades desenvolvidas no
decorrer deste projeto, às quais se pode relacionar como os procedimentos
metodológicos utilizados.
Compreensão do projeto final da equipe que montou o protótipo 2 do gerador
de baixo custo e estudo de material bibliográfico teórico, buscando informações de
fabricantes de componentes eletroeletrônicos, para desenvolvimento de um projeto
com alta confiabilidade, robustez e custos reduzidos.
Projeto do circuito eletrônico do conversor, estágios de retificação, controle de
carga de bateria e inversão. Confecção da placa de circuito impresso, e aquisição de
componentes no mercado varejista local de componentes eletrônicos, bem como a
montagem.
Ensaios dos circuitos, utilizando aparelhos específicos e adequados para
coletar dados e análise de formas de onda resultantes.
Estudo do local para realização dos testes de campo, em função de ventos,
altitude, custos de montagem e transporte.
Coleta de dados do comportamento do conversor e comparação dos
resultados com os esperados da fase de projeto.
61
4 PROJETO DOS CIRCUITOS
Conforme a figura 16 do item 2.3 do capítulo 2, nota-se que existem três
blocos principais do circuito a ser projetado, o retificador (CA/CC), o controlador de
carga e o inversor (CC/CA). Além disso, a forma como estes blocos interagem é algo
que deve ser analisado durante o projeto. A seguir cada bloco com suas funções
será detalhado.
4.1 RETIFICADOR
Como o gerador é monofásico e não possui terminador central no
enrolamento de suas bobinas, foi escolhido o retificador de onda completa em ponte,
o mais adequado ao projeto por ser mais eficiente que o retificador de meia onda.
Este tipo de retificador possui quatro diodos em ponte como visto no item
2.3.2 e pode ser encontrado encapsulado em um único componente, com quatro
terminais. Como o gerador tem capacidade de 100 W, a corrente pode chegar a 8 A,
então este componente foi projetado para 10 A.
É necessário adicionar um filtro na saída do retificador para eliminar o “ripple”.
Como o gerador possui freqüência variável, então foi utilizado como filtro dois
capacitores de 4700µF.
O circuito do retificador está representado na figura 39.
Figura 39 – Circuito do retificador
62
O circuito do retificador foi testado e o resultado pode ser visto nas fotos da
figura 40:
Figura 40 – Funcionamento do circuito retificador:
(a) saída do gerador sem retificação - Vg
(b) retificador onda completa sem filtro capacitivo
(c) saída do retificador - Vsaída
(a)
(b)
(c)
63
4.2 CONTROLADOR DE CARGA
O controlador de carga apresentado no item 2.5.1 é o mais adequado do
ponto de vista da bateria, porém, encontrou-se uma série de dificuldades técnicas
que impossibilitaram a sua implementação.
A principal limitação que impediu de prosseguir com o projeto foi a falta de
uma fonte simétrica utilizada no controle e limite de corrente e tensão. Na saída do
retificador tem-se apenas o nível de tensão positivo, variável de acordo com o vento,
não sendo apropriado para controles microprocessados.
Como será utilizada uma bateria automotiva, pesquisou-se circuitos
carregadores mais simples. No alternador de um carro, o regulador permite a
passagem de tensões de 14 a 28 volts (BOSCH, 2004), com a bateria sofrendo todo
tipo de intempéries e ciclos de carga e descarga não regulares. Então, não é
necessário se preocupar muito com o controle de tensão, apenas com a corrente
máxima para a bateria.
O circuito carregador utilizado está especificado conforme a figura 41:
Figura 41 – Circuito do controlador de carga
Fonte: BERTINI, 2003.
64
Este circuito utiliza o regulador de tensão variável LM317, que tem a função
de polarizar os transistores de potência 2N3055 na sua região ativa. A tensão de
saída do componente para esta configuração é dada através da seguinte equação:
R2 

Vout = 1,25.1 +
 + R1.I adj
1
R


Sendo R2 a associação dos resistores 1,5 kΩ e 2 kΩ, R1 o resistor de 270 Ω,
Iadj a corrente que circula do pino 1 para a massa, passando por R2 e Vout a tensão
de saída do componente, ligado na base dos transistores.
Através do potenciômetro de 2 kΩ é regulada a tensão de saída que se
converte em corrente de base dos transistores, permitindo a passagem de uma
corrente controlada entre coletor e emissor para a carga da bateria.
São utilizados dois transistores em paralelo para diminuir as perdas por
impedâncias internas e aumentar a capacidade de dissipação de calor dos
componentes. Cada transistor tem a capacidade de conduzir até 15 A com
dissipador de calor.
O diodo, na saída do circuito, tem a função de bloquear a corrente da bateria
no sentido do gerador, caso este reduza a tensão pela redução da velocidade do
vento. O amperímetro serve para monitorar a corrente de carga da bateria, sendo
possível o ajuste pelo potenciômetro caso necessário.
4.3 INVERSOR
O inversor é a última etapa do conversor eólico elétrico. Nele a tensão
contínua gerada pelos circuitos anteriores se transformará em tensão alternada, de
nível constante em 127 V e freqüência fixa em 60 Hz.
Este circuito é composto de um oscilador, regulado para 60 Hz, que será
utilizado para controlar chaves semicondutoras de potência em nível de tensão baixo
que será aplicado a um transformador para elevar a tensão.
O circuito do inversor está representado na figura 42.
65
Figura 42 – Circuito do inversor
Fonte: MINAMIZAWA, 2002
O oscilador foi montado com o CI 4069 de portas lógicas inversoras. Os
resistores de 100 kΩ, 2,2 kΩ, o potenciômento de 2 kΩ e o capacitor de 2,2 µF foram
calculados para que seja possível ajustar através do potenciômetro a freqüência em
60Hz.
Freqüência Mínima:
Freqüência Máxima:
f =
1
1
=
= 49,2 Hz
2,2.C.R 2,2.2,2.10 −6.4,2.10 3
f =
1
1
=
= 93,9 Hz
2,2.C.R 2,2.2,2.10 −6.2,2.10 3
O oscilador de portas lógicas irá gerar um sinal variável com 5V em nível alto
e 0V em nível baixo que é aplicado diretamente na base de TR1 e invertido em TR2,
como pode ser visualizado na figura 43.
66
Figura 43 – Função dos transistores
Quando o sinal está em alto, TR1 fecha aplicado-se 0V nos gatilhos dos
MOSFETS TR3 e TR4, ao mesmo tempo em que TR2 recebe 0V em sua base e fica
aberto, aplicando 12V nos gatilhos de TR5 e TR6.
Nessa condição TR3 conduzirá, pois é um PMOSFET, conduz com 0V no
gatilho e TR6 conduzirá, pois é um NMOSFET, conduz com +V no gatilho.
A corrente irá sair da fonte de tensão contínua +12V, passará por TR3,
percorrerá a bobina do transformador e finalmente passará por TR6 para chegar à
terra, assim o semiciclo positivo da tensão de saída é gerado, conforme mostrado na
figura 44.
Figura 44 – Semiciclo positivo de saída
Quando o sinal do oscilador está em baixo, TR1 fica aberto e são aplicados
+12V nos gatilhos dos MOSFETS TR3 e TR4, ao mesmo tempo em que TR2 recebe
67
+5V em sua base e fecha, aplicando 0V nos gatilhos de TR5 e TR6. Nessa condição
TR4 conduzirá, pois é um NMOSFET, conduz com +V no gatilho e TR5 conduzirá,
pois é um PMOSFET, conduz com 0V no gatilho.
A corrente, então, irá sair da fonte de tensão contínua de +12V, passará por
TR5, percorrerá a bobina do transformador e finalmente passará por TR4 para
chegar à terra, assim o semiciclo negativo da tensão de saída será gerado, como
mostrado na figura 45.
Figura 45 – Semiciclo negativo de saída
Esta tensão quadrada e alternada, passando por um transformador eliminará
alguns harmônicos, visto que o mesmo é uma carga indutiva e opera como filtro, e
finalmente elevará a tensão para 127V, porém a forma de onda permanecerá
quadrada.
O regulador de tensão 7805 serve para alimentar o CI 4069 com 5Vcc
contínuos.
Como a tensão do secundário do transformador é dez vezes maior que no
primário, é de se prever que a corrente no primário será praticamente dez vezes
maior que no secundário, por isso deve-se ter especial atenção à bitola dos fios
utilizados no primário para ligá-lo aos MOSFETS e estes à fonte de 12Vcc.
O inversor foi montado e testado utilizando apenas a bateria como fonte de
energia, gerando uma tensão com valor eficaz de 119,5 V, sendo medida por um
68
multiteste comum, alimentando com sucesso uma lâmpada fluorescente compacta
com reator embutido, conforme a fotografia mostrada na figura 46.
Figura 46 – Teste com o circuito do inversor.
A forma de onda na saída do transformador pode ser vista na figura 47, como
previsto uma onda não senoidal, praticamente quadrada. Como foi utilizada uma
ponta de prova 10x, a indicação de tensão eficaz deve ser multiplicada por 10,
gerando uma indicação de 130,1 V em 60,61 Hz no osciloscópio, considerado
satisfatório pelo grupo.
69
Figura 47 – Forma de onda na saída do inversor
4.4 CONVERSOR EÓLICO ELÉTRICO
Finalmente é necessário montar todos estes circuitos em um único conversor,
ou seja, acoplar os estágios. Foram estudadas várias configurações levando em
conta o funcionamento dos circuitos. Uma das alternativas estudadas está
apresentada na figura 48 com chaves de acoplamento.
Figura 48 – Acoplamento dos estágios com chaves:
R – retificador C – controlador de carga I – inversor B - bateria
70
As chaves seriam acionadas ora para carregar a bateria, ora para alimentar
uma carga ligada na saída do inversor, ou diretamente da bateria para o inversor, no
caso de falta de vento.
Para acionar estas chaves seria necessária a implementação de um
microprocessador ou CLP, sensores de corrente, tensão e fluxo de potência do
gerador, o que tornaria o circuito mais caro e complexo, além das dificuldades
técnicas já mencionadas.
Analisando circuitos de sistemas ininterruptos de fornecimento de energia
(WEBER), verificou-se que existem vários tipos de configurações, e que a bateria
deve estar sempre conectada ao circuito, e são eles:
1 – Sistema contínuo;
2 – Comutação para inversor energizado permanentemente;
3 – Comutação para inversor normalmente inativo;
4 – Sistema contínuo com chaveamento estático para fonte C.A.
Figura 49 – Circuitos de sistemas ininterruptos de fornecimento de energia
Fonte: WEBER, 1993.
71
Como a energia do gerador não pode ser aproveitada diretamente, o circuito
mais adequado é o sistema contínuo, no qual toda a energia que entra passa pelo
circuito de conversão, tornando-a útil à carga.
Não é possível utilizar a sincronização, pois se trata de um gerador
assíncrono, ou seja, a freqüência é variável.
A figura 50 mostra os circuitos já montados sob testes em bancada e no local
do teste em campo. Na primeira foto o ventilador está sendo alimentado pelo
circuito, na segunda o circuito está sem carga, sendo medido pelo osciloscópio.
Figura 50 – Fotos do circuito do conversor eólico-elétrico sob testes
O circuito completo está representado na figura 51.
72
Figura 51 – Circuito completo do conversor eólico-elétrico
73
5 TESTES E RESULTADOS
Ao submeter o conjunto completo, gerador, retificador, carregador de baterias
e inversor a testes, optou-se por fazê-lo em duas etapas, sendo a primeira em
laboratório, ou seja, simulando, com auxílio de um motor de indução alimentado por
um inversor de freqüência que possibilitou variar a rotação no eixo do gerador, como
pode ser visto na figura 52.
Figura 52 - Acoplamento do gerador com o motor de indução para as simulações.
Na figura 53 observa-se a ligação do gerador ao circuito de carregamento da
bateria e alimentação do inversor.
Figura 53 – Montagem do circuito no laboratório.
74
A segunda etapa de testes foi realizada na cidade de Florianópolis, em Santa
Catarina, para verificar o comportamento do conjunto gerador-conversor elétrico,
onde se analisou a relação potência fornecida e rotação no eixo, em função da
velocidade do vento.
Antes de fazer esta montagem, de forma a obter os melhores resultados
possíveis, foram feitas melhorias na parte mecânica do gerador. Os rolamentos
foram lavados com querosene e lubrificados com graxa. As chapas de aço silício,
que fazem o fechamento do circuito magnético do estator foram furadas e fixadas
com parafusos, pois alguns conjuntos destes pacotes de chapas estavam se
descolando. E na última fase o conjunto do eixo foi desmontado para novas
regulagens do entreferro e limpeza dentro do gerador.
O conjunto foi montado com pás de madeira sobre um disco de madeira, em
uma altura de 6,50m em um suporte metálico com 4 estais de cabo de aço. Foram
também utilizados um anemômetro e biruta a 4,40m do solo, conforme figura 54.
Figura 54 - Gerador em campo
75
Na figura 55 observam-se os equipamentos utilizados durante os testes,
multitestes, osciloscópio, amperímetros, logger de leitura do anemômetro, os
circuitos e a bateria.
Figura 55 - Equipamentos de medição, conversor elétrico e bateria sob carga
5.1 TESTES DE LABORATÓRIO
Nesta etapa de testes, foram feitas diversas leituras individuais por bobinas e
em conjunto, para conhecer melhor o gerador, quanto a tensões, freqüência, forma
de onda e potência de saída.
Observando o ensaio realizado com o gerador pela equipe do trabalho
Gerador Eólico de Baixo Custo, constata-se que utilizaram um arranjo de 3 ramos
paralelos com 4 bobinas em série, no qual obtiveram no máximo 12,2 V, conforme
figura 56. Como o objetivo é de carregar uma bateria de 12 V automotiva e haverá
queda de tensão sobre a ponte retificadora e outros dispositivos do carregador, foi
76
mudada a ligação das bobinas para elevar a tensão de saída, de forma a adequar o
sistema ao circuito, observado na figura 57.
Figura 56 - Ligação original das bobinas – 3 ramos paralelos.
Figura 57 - Ligação modificada das bobinas – 2 ramos paralelos.
O gerador foi fixado numa bancada, com seu acoplamento mecânico sendo
feito por meio de uma correia a um motor elétrico trifásico de 3 HP, alimentado por
um inversor de freqüência, para variar a velocidade, simulando o vento.
Variando a velocidade desde 200 rpm até 400 rpm, foram feitas leituras de
tensão com as 12 bobinas individualmente. Em seguida foram interligadas em série,
como mostrado na tabela 06, por exemplo, 1-2 bobinas 1 e 2 em série, 1-3 bobinas
1, 2 e 3 em série, até 1-6 bobinas, ou seja, um circuito série de 6 bobinas.
Para as últimas leituras foram interligados os dois circuitos em paralelo, como
1-6 // 7-12.
Cada freqüência escolhida no inversor corresponde a uma rotação do motor
elétrico, que transmitia, através da correia, movimento ao eixo do gerador. Tais
velocidades foram lidas pelo tacômetro óptico no eixo do gerador.
77
Com o aumento da rotação as tensões máxima e eficaz, Vmáx e Vef,
respectivamente, e a freqüência de saída das bobinas medidas pelo osciloscópio
também aumentaram.
Observou-se que a freqüência de saída do gerador era sempre dez vezes
menor que a velocidade no seu eixo, devido a sua forma construtiva, com doze
pólos. Estes valores de tensão e freqüência podem ser analisados na tabela 06. O
gráfico da figura 58 representa a resposta de tensões Vef e Vmáx obtidos variando a
rotação no eixo.
Tabela 06 – Valores de simulação sem carga
Medições
Bobinas do
Gerador
Freqüência de
Saída do
Inversor
(Hz)
Rotação no
Eixo
do Gerador
(rpm)
Tensão
Máxima
(Vmáx)
Tensão
Eficaz
(Vef)
Freqüência da
Tensão de
Saída (Hz)
1
2
3
4
5
6
1
1-2
1-3
1-4
1-5
1-6
13,8
13,8
13,8
13,8
13,8
13,8
200
200
200
200
200
200
2,80
5,80
8,20
10,80
14,20
17,60
1,81
3,65
5,44
7,20
9,12
11,22
20
20
20
20
20
20
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
1
1-2
1-3
1-4
1-5
1-6
7
7-8
7-9
7-10
7-11
7-12
17,2
17,2
17,2
17,2
17,2
17,2
17,2
17,2
17,2
17,2
17,2
17,2
250
250
250
250
250
250
250
250
250
250
250
250
3,40
6,80
9,80
13,80
17,40
21,60
3,80
7,00
10,20
14,00
17,60
21,20
2,25
4,54
6,73
8,98
11,35
13,90
2,38
4,70
7,03
9,38
11,60
14,02
25
25
25
25
25
25
25
25
25
25
25
25
19
20
21
22
23
24
25
1-6
1
1-2
1-3
1-4
1-5
1-6
20,5
20,5
20,5
20,5
20,5
20,5
20,5
300
300
300
300
300
300
300
25,00
4,00
7,80
11,80
15,80
20,00
25,20
16,70
2,67
5,40
8,07
10,77
13,55
16,70
30
30
30
30
30
30
30
26
27
28
29
30
31
1
1-2
1-3
1-4
1-5
1-6
24,0
24,0
24,0
24,0
24,0
24,0
350
350
350
350
350
350
4,60
9,00
13,80
18,40
23,60
29,00
3,12
6,38
9,47
12,55
15,88
19,50
35
35
35
35
35
35
32
1
27,4
400,6
5,80
3,55
40
78
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52
53
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
1-2
1-3
1-4
1-5
1-6
7-8
7-9
7-10
7-11
7-12
27,4
27,4
27,4
27,4
27,4
27,4
27,4
27,4
27,4
27,4
27,4
27,4
27,4
27,4
27,4
27,4
27,4
27,4
27,4
27,4
27,4
400,6
400,6
400,6
400,6
400,6
400,6
400,6
400,6
400,6
400,6
400,6
400,6
400,6
400,6
400,6
400,6
400,6
400,6
400,6
400,6
400,6
6,00
5,20
5,80
6,00
6,50
6,10
5,80
5,80
5,60
6,80
6,20
11,00
16,60
22,00
27,00
32,00
10,24
15,60
21,20
25,60
32,40
3,70
3,50
3,54
3,81
4,14
3,79
3,71
3,68
3,68
3,73
3,73
7,21
10,70
14,10
17,80
21,90
7,15
10,50
13,20
16,80
22,00
40
40
40
40
40
40
40
40
40
40
40
40
40
40
40
40
40
40
40
40
40
54
55
56
57
58
1-6 // 7-12
1-6 // 7-12
1-6 // 7-12
1-6 // 7-12
1-6 // 7-12
13,8
17,2
20,5
24,0
27,6
200
250
300
350
400
18,00
20,80
24,40
28,40
32,60
11,20
13,95
16,62
19,50
22,30
20
25
30
35
40
Figura 58 - Gráfico de tensões Vef e Vmáx em função da
rotação no eixo do Gerador.
Testes de Laboratório / Tensão de saída sem carga x Rotação no eixo
Vef
Vmáx
35
30
Vef e Vmáx (V)
25
20
15
10
5
0
0
50
100
150
200
250
Rotação (rpm)
300
350
400
450
79
Os testes seguintes foram de carga da bateria, com o uso dos circuitos de
retificação e carregador de bateria. Os valores de rotação no eixo, nível de tensão
contínua aplicada e corrente de carga fornecida à bateria podem ser vistos na tabela
07. Para o aumento da rotação pode-se ver que a potência entregue à bateria sob
carga também aumentou.
Tabela 07 – Simulação carga bateria.
Rotação no
Eixo do
Gerador (rpm)
Tensão
Aplicada na
Bateria (Vcc)
Corrente de
Carga da
Bateria (A)
Potência de
Carga da
Bateria (W)
200
250
300
350
400
12,0
12,7
12,9
13,1
13,3
0,00
0,28
1,00
1,90
2,92
0,00
3,56
12,90
24,89
38,92
Para melhor visualizar o desempenho de carga da bateria pode ser visto o
gráfico da figura 59, que mostra a potência que o gerador fornecia à bateria em
regime de carga variando a rotação no eixo.
Figura 59 – Gráfico potência – carga bateria x rotação.
Simulação Lab. / Carregamento de Bateria x Rotação (rpm)
45,00
Potência entregue à Bateria (W)
40,00
35,00
30,00
25,00
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
0
50
100
150
200
250
Rotação (rpm)
300
350
400
450
80
Concluída a fase de simulação em laboratório do conjunto gerador e
conversor, o sistema foi preparado para testes de campo visto que seu desempenho
correspondeu ao previsto pelo grupo.
5.2 TESTES DE CAMPO.
5.2.1 Montagem do gerador
O grupo decidiu realizar os testes numa região que possuísse uma boa
incidência de ventos e fácil acesso. O local foi a cidade de Florianópolis, em
Ingleses, aproximadamente a 50m do nível do mar e 1 km de distância da praia, pois
lá o vento tem pouca variação, que é ideal para este tipo de gerador, bem como uma
velocidade de vento apropriada para os testes, conforme orientação do Engº Dario
Schultz, do Departamento de Energia Alternativa da COPEL, que forneceu o
conjunto de equipamentos para a medição do vento.
Em contato com Engenheiro Hans Jörg Hüeblin, foi marcado para o feriado de
Carnaval a realização da montagem do conjunto e testes. Os testes foram realizados
no Morro dos Ingleses, numa residência de propriedade do senhor Alencar Furtado,
que atendeu o grupo com todo auxílio necessário, mostrada na figura 60.
Figura 60 – Local de montagem
81
Boa parte do sucesso do teste em campo foi devido ao empenho do Engº
Hans, que possuía a estrutura de fixação do gerador de tubos e estais, que já
estavam previamente montados na posição ideal, conforme pode ser visto na foto da
figura 61.
Figura 61 – Estrutura de montagem do gerador
Como o protótipo 2 não possui pás, três foram emprestadas do Engº Hans,
confeccionadas em madeira, em formato próprio para geração eólica, com 1,0 metro
de comprimento, fixadas mecanicamente a 120° mecanicamente uma da outra, para
facilitar o balanceamento.
A fixação das pás do gerador foi feita marcando os pontos de furação e, em
seguida, o aperto dos parafusos e porcas, utilizando um disco de madeira para
adequar o diâmetro do rotor com a furação das pás.
O conjunto montado pode ser visto na figura 62.
82
Figura 62 – Gerador montado com pás de madeira
Enquanto isso foram presos os equipamentos de medições de velocidade e
direção do vento, bem como toda a fiação de controle do anemômetro e potência do
gerador.
Após a fixação de todos os equipamentos, ocorreu a primeira elevação do
conjunto, sabendo que o gerador deve ser levantado e descido sem movimento
giratório das pás, para evitar esforços mecânicos que poderiam danificar alguma
estrutura. A partir do momento que estava em movimento, para travá-lo
completamente, foi necessário curto-circuitar os terminais do gerador, simulando
uma carga infinita que o gerador não conseguiria alimentar, conseqüentemente
bloqueando a rotação, funcionando como freio.
Apesar de o gerador possuir uma baixa inércia, somente o vento não
conseguiu girá-lo sozinho, devido à força de atração magnética entre os ímãs do
rotor e partes metálicas do estator, então foi utilizada uma corda para começar o giro
das pás, como pode ser visto na figura 63.
83
Figura 63 – Gerador parado com corda para início de giro
Após vencida a inércia de partida, o rotor começou a girar com uma
velocidade surpreendente, pois superou as expectativas do grupo, girando a
velocidades superiores às simuladas em laboratório.
Com as altas velocidades obtidas a estrutura vibrou, pois não havia uma
fixação adequada, então, o conjunto foi abaixado para melhorar a fixação dos estais,
não esquecendo de curto-circuitar as bobinas, pois o gerador não parou mesmo com
baixa incidência de vento, 3 m/s, a menor verificada pelo logger do anemômetro,
mostrado na figura 64.
84
Figura 64 – Detalhe do Logger 9200.
O equipamento de leitura do vento, Logger 9200 da NRG Systems, forneceu
as leituras de velocidade do vento instantânea, média e picos, bem como a direção
do vento, que para o dia do teste, 23 de fevereiro de 2004 era sentido sul, sem
variações.
O próximo passo foi a conexão das bobinas do gerador com o circuito de
conversão. Então as medições e levantamentos de dados foram executados na
tarde do dia 23 de fevereiro de 2004 das 12:00h às 17:00h.
Esta montagem foi aproveitada para realizar os testes com outro gerador, no
dia 24, o Protótipo 1 do Engº Hans, conforme mostrado na figura 65, que pode ser
melhor conhecido no trabalho Gerador Eólico de Baixo Custo, porém não girou. O
Protótipo 1 apresentou alguns problemas mecânicos, ou seja, grande inércia de
partida, que o vento não superou para girá-lo. Este gerador também estava com
alguns dos seus circuitos de bobinas desligados, como não se possuía o esquema
de ligação, não foi possível testá-lo.
85
Figura 65 – Protótipo 1 montado
Para aprofundar os estudos, decidiu-se trazer para o CEFET-PR este gerador
para melhorar seu desempenho, ou seja, para melhorias mecânicas, que não faz
parte do escopo deste trabalho acadêmico. Este protótipo possibilitará a
familiarização com outra tecnologia, fluxo radial, mais comum às máquinas girantes,
visto que o outro gerador trabalha com fluxo de campo axial, melhor detalhado no
item 2.2.1.
5.2.2 Resultados do Teste de Campo
Tal como nos ensaios de laboratório, foram feitas as mesmas leituras em
campo, mas deste momento em diante tudo ficou em função da velocidade que o
vento apresentava. Na tabela 08 podem ser vistos os valores obtidos, sabendo que
todas as leituras dependem da resolução do equipamentos, como multitestes,
Logger, sendo apenas fiel ao que o osciloscópio mostrava. Na figura 66 pode ser
visto um gráfico com os valores da tabela 08.
86
Os valores de rotação são tirados da relação que o gerador apresentou, de 10
vezes a freqüência da tensão de saída lida no osciloscópio.
Tabela 08 – Valores de tensão em função da rotação, sem carga
Rotação no Eixo Tensão Eficaz de Tensão Máxima de
do Gerador
Saída do Gerador Saída do Gerador
(rpm)
(Vef)
(Vmáx)
230
320
350
400
550
14,0
18,0
18,9
23,6
31,0
18,0
22,0
24,8
30,1
44,0
Figura 66 - Gráfico das Tensões Vef e Vmáx com a variação da rotação.
Teste de Campo / Tensão de saída sem carga x Rotação no eixo
Vef
Vmáx
50
45
Vef e Vmáx (V)
40
35
30
25
20
15
10
5
0
0
100
200
300
400
500
600
Rotação (rpm)
Da mesma maneira que no laboratório, a próxima fase foi a ligação dos
circuitos de retificação, carga de bateria e inversor para mais testes, e os valores
lidos podem ser vistos na tabela 09.
87
Tabela 09 – Carga da bateria com variação do vento
Velocidade
do Vento
(m/s)
Rotação no
Eixo do
Gerador
(rpm)
3
4
6
7
8
9
10
11
17
160
236
280
286
330
385
400
425
660
Freqüência da
Tensão
Corrente
Potência de
Tensão de Aplicada na de Carga
Carga da
Saída do
Bateria
da Bateria
Bateria (W)
Gerador (Hz)
(Vcc)
(A)
16,0
23,6
28,0
28,6
33,0
38,5
40,0
42,5
66,0
12,52
12,60
12,60
12,80
13,00
13,26
13,10
13,30
13,30
0,00
0,00
1,00
1,66
2,00
2,26
3,30
4,00
4,50
0,00
0,00
12,60
21,25
26,00
29,97
43,23
53,20
59,85
A resposta da rotação do eixo com a variação da velocidade do vento, é
mostrado no gráfico da figura 67. A velocidade média apontada pelo Logger 9200 foi
de 6,9 m/s durante o período de testes.
Figura 67 – Variação da rotação em função do vento
Teste de Campo / Rotação no eixo com variação da velocidade do vento
Rotação no eixo (rpm)
700
600
500
400
300
200
100
0
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Velocidade do vento (m/s)
Com a carga da bateria, o teste de carga pode ser melhor visualizado nos
valores do gráfico da figura 68.
88
Figura 68 – Potência entregue à bateria durante o carregamento em campo
Teste de Campo / Pôtência - carga da bateria x Velocidade do vento
Potência - Carga da Bateria (W)
70,00
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Velocidade do vento (m/s)
O terceiro teste com o gerador e conversor, foi feito com a bateria em carga e
mais uma carga (lâmpada dicróica de 50 W) de 127 Vca ligada à saída do inversor.
Os valores estão na tabela 10 e o gráfico de potência fornecida pode ser visto na
figura 69.
Tabela 10 – Carga bateria e alimentação de carga pelo inversor
Velocidade
do Vento
(m/s)
4
6
8
10
12
14
15
Rotação no Tensão
Eixo do
Aplicada
Gerador na Bateria
(rpm)
(Vcc)
236
280
300
425
432
470
489
12,22
12,16
12,15
12,36
12,40
12,28
12,28
Potência Corrente
Corrente
Potência de
de Carga de Entrada
da Bateria
Entrada no
da Bateria no Inversor
(A)
Inversor (W)
(A)
(W)
0,94
1,31
1,77
3,25
3,79
4,50
4,95
11,49
15,93
21,51
40,17
47,00
55,26
60,79
3,90
3,90
3,90
3,90
3,90
3,90
3,90
47,66
47,42
47,39
48,20
48,36
47,89
47,89
89
Figura 69 – Gráfico de potências
Teste de Campo / Carga Bateria + carga 50 W - Potência x Velocidade do vento
Potência entrada Inversor
Potência total entregue
70,00
Potência (W)
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Velocidade do vento (m/s)
Analisando o gráfico acima, verifica-se que a partir de 12 m/s de velocidade
do vento, aproximadamente, o sistema fornece toda a corrente para a carga
alimentada pelo inversor e ainda há excedente de energia para carga da bateria,
mostrando que este projeto obteve sucesso em situação real e pode ser utilizado
para alimentar cargas domésticas, cumprindo o proposto no objetivo geral deste
trabalho acadêmico.
90
6 CONCLUSÕES
Como resultado final do projeto do conversor elétrico para o gerador eólico de
baixo custo, podemos afirmar que houve sucesso em todas as fases, desde a parte
inicial de desenvolvimento dos circuitos até os resultados dos testes em campo.
Na verdade o conjunto superou as expectativas da equipe, pois observando a
tabela 06 de simulações, foram feitos testes com rotação no eixo de até 400 rpm e
nos testes em campo houve momentos de até 660 rotações por minuto, embora a
média tenha sido de aproximadamente 290 rotações por minuto.
Este bom desempenho é devido às melhorias mecânicas promovidas ao
gerador pela equipe, como fixação das placas de aço-silício com parafusos, lavagem
e lubrificação dos rolamentos e novo ajuste de entreferro pela regulagem dos
parafusos do eixo.
Analisando o gráfico da figura 69, verifica-se que a partir de 12 m/s de
velocidade do vento, aproximadamente, o sistema forneceu energia suficiente para
uma carga de 50 W, alimentada pelo conversor, e ainda carregou a bateria, que
armazena energia para momentos em que o vento não está presente.
Isto mostra que este projeto obteve sucesso em situação real e pode ser
utilizado para alimentar cargas domésticas, cumprindo o proposto no objetivo geral
deste trabalho acadêmico.
Após concluído este projeto, detectaram-se alguns pontos interessantes para
exploração em projetos futuros, tais como, desenvolvimento de um novo conversor
com micro controlador, podendo utilizar tecnologia PWM para melhorar a forma de
onda da saída e aperfeiçoar o sistema de carga de bateria, possibilitando ao
conjunto maior eficiência e melhor qualidade, como eliminação de harmônicos.
Quanto ao gerador, pode ser implementado um ganho de potência com a
troca dos ímãs atuais por outros de maior campo magnético, como os de terras
raras. Outra sugestão, que abrange a parte mecânica, é desenvolver uma
carenagem que diminua o ruído e a resistência ao vento, e projetar pás que tenham
maior aproveitamento.
Também pode ser desenvolvido outro protótipo de campo magnético radial,
mais usual para máquinas girantes, possibilitando projetos de maior potência.
91
Em caráter de aplicação de conhecimentos usados, pode-se afirmar que foi
muito proveitosa toda a fase deste projeto final de graduação, pois foi colocado em
prática muito do que é ensinado durante as disciplinas do curso, e a capacidade de
pesquisa e trabalho em grupo foram aperfeiçoados sensivelmente.
92
REFERÊNCIAS
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AMARANTE, O. A. C et al. Atlas do Potencial Eólico Brasileiro. Brasília, 2001.
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<http://www.luizbertini.net/circuitos>. Acesso em set. 2003.
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Companhia
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Orientador: Profº Ms. ALVES, Gilberto Manoel. Orientados: MILLEO, Edifrancis.
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produtos. Disponível em: < http://www.energia-alternativa.com.br >. Acesso em fev.
2003.
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Sítio
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Disponível
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<http://www.gmelectronica.com.ar/catalogo>. Acesso em fev. 2004.
LANDER, Cyril W. Eletrônica Industrial: Teoria e Aplicações. São Paulo: McGrawHill, 1988.
93
MARTINI FILHO, Duílio. Carregador Automático de Baterias. Revista Saber
Eletrônica, nº 195/89, São Paulo: Ed. Saber, 1989.
MINAMIZAWA, Ronaldo. Inversor Monofásico. Trabalho Acadêmico para a
disciplina de Eletrônica de Potência, Curitiba: CEFET-PR, 2002.
MOHAN, Ned; Underland, T. M.; Robbins, W. P. Power Electronics: Converters,
Applications and Design. Minnesota, 1995.
Eletrônica de Potência Curitiba: CEFET-PR, 2001.
ROCHA, Joaquim Eloir.
Apostila.
ROCHA, Joaquim Eloir.
Sistema de Energia em Corrente Contínua, Curitiba:
CEFET-PR, 2002. Apostila.
WEBER,Leo. Sistemas Ininterruptos de Fornecimento de Energia. Revista Saber
Eletrônica, nº 240/93, São Paulo: Ed. Saber, 1993.
Wind Power Monthly, nº 12, News Magazine, vol 19, Dezembro 2003
94
ANEXO 1
Resolução Nº 257, de 30 de junho de 1999.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente - Conama, no uso das atribuições e
competências que lhe são conferidas pela Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981 e
pelo Decreto no 99.274, de 6 de junho de 1990, e conforme o disposto em seu
Regimento Interno, e
Considerando os impactos negativos causados ao meio ambiente pelo descarte
inadequado de pilhas e baterias usadas;
Considerando a necessidade de se disciplinar o descarte e o gerenciamento
ambientalmente adequado de pilhas e baterias usadas, no que tange à coleta,
reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final;
Considerando que tais resíduos além de continuarem sem destinação adequada e
contaminando o ambiente necessitam, por suas especificidades, de procedimentos
especiais ou diferenciados, resolve:
Art. 1o As pilhas e baterias que contenham em suas composições chumbo, cádmio,
mercúrio e seus compostos, necessárias ao funcionamento de quaisquer tipos de
aparelhos, veículos ou sistemas, móveis ou fixos, bem como os produtos eletroeletrônicos que as contenham integradas em sua estrutura de forma não substituível,
após
seu
esgotamento
energético,
serão
entregues
pelos
usuários
aos
estabelecimentos que as comercializam ou à rede de assistência técnica autorizada
pelas respectivas indústrias, para repasse aos fabricantes ou importadores, para que
estes adotem, diretamente ou por meio de terceiros, os procedimentos de
reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final ambientalmente adequada.
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Parágrafo Único. As baterias industriais constituídas de chumbo, cádmio e seus
compostos, destinadas a telecomunicações, usinas elétricas, sistemas ininterruptos
de fornecimento de energia, alarme, segurança, movimentação de cargas ou
pessoas, partida de motores diesel e uso geral industrial, após seu esgotamento
energético, deverão ser entregues pelo usuário ao fabricante ou ao importador ou ao
distribuidor da bateria, observado o mesmo sistema químico, para os procedimentos
referidos no caput deste artigo.
Art. 2o Para os fins do disposto nesta Resolução, considera-se:
I - bateria: conjunto de pilhas ou acumuladores recarregáveis interligados
convenientemente.(NBR 7039/87);
II - pilha: gerador eletroquímico de energia elétrica, mediante conversão geralmente
irreversível de energia química.(NBR 7039/87);
III - acumulador chumbo–ácido: acumulador no qual o material ativo das placas
positivas é constituído por compostos de chumbo, e os das placas negativas
essencialmente por chumbo, sendo o eletrólito uma solução de ácido sulfúrico. (NBR
7039/87);
IV - acumulador (elétrico): dispositivo eletroquímico constituído de um elemento,
eletrólito e caixa, que armazena, sob forma de energia química a energia elétrica
que lhe seja fornecida e que a restitui quando ligado a um circuito consumidor.(NBR
7039/87);
V - baterias industriais: são consideradas baterias de aplicação industrial, aquelas
que se destinam a aplicações estacionárias, tais como telecomunicações, usinas
elétricas, sistemas ininterruptos de fornecimento de energia, alarme e segurança,
uso geral industrial e para partidas de motores diesel, ou ainda tracionárias, tais
como as utilizadas para movimentação de cargas ou pessoas e carros elétricos;
VI - baterias veiculares: são consideradas baterias de aplicação veicular aquelas
utilizadas para partidas de sistemas propulsores e/ou como principal fonte de
energia em veículos automotores de locomoção em meio terrestre, aquático e aéreo,
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inclusive
de
tratores,
equipamentos
de
construção,
cadeiras
de
roda
e
assemelhados;
VII - pilhas e baterias portáteis: são consideradas pilhas e baterias portáteis aquelas
utilizadas em telefonia, e equipamentos eletro-eletrônicos, tais como jogos,
brinquedos, ferramentas elétricas portáteis, informática, lanternas, equipamentos
fotográficos, rádios, aparelhos de som, relógios, agendas eletrônicas, barbeadores,
instrumentos de medição, de aferição, equipamentos médicos e outros;
VIII - pilhas e baterias de aplicação especial: são consideradas pilhas e baterias de
aplicação especial aquelas utilizadas em aplicações específicas de caráter científico,
médico ou militar e aquelas que sejam parte integrante de circuitos eletro-eletrônicos
para exercer funções que requeiram energia elétrica ininterrupta em caso de fonte
de energia primária sofrer alguma falha ou flutuação momentânea.
Art. 3o Os estabelecimentos que comercializam os produtos descritos no art.1o, bem
como a rede de assistência técnica autorizada pelos fabricantes e importadores
desses produtos, ficam obrigados a aceitar dos usuários a devolução das unidades
usadas, cujas características sejam similares àquelas comercializadas, com vistas
aos procedimentos referidos no art. 1o.
Art. 4o As pilhas e baterias recebidas na forma do artigo anterior serão
acondicionadas adequadamente e armazenadas de forma segregada, obedecidas
as normas ambientais e de saúde pública pertinentes, bem como as recomendações
definidas pelos fabricantes ou importadores, até o seu repasse a estes últimos.
Art. 5o A partir de 1o de janeiro de 2000, a fabricação, importação e comercialização
de pilhas e baterias deverão atender aos limites estabelecidos a seguir:
I - com até 0,025% em peso de mercúrio, quando forem do tipo zinco-manganês e
alcalina-manganês;
II - com até 0,025% em peso de cádmio, quando forem do tipo zinco-manganês e
alcalina-manganês;
III - com até 0,400% em peso de chumbo, quando forem do tipo zinco-manganês e
alcalina-manganês;
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IV - com até 25 mg de mercúrio por elemento, quando forem do tipo pilhas
miniaturas e botão.
Art. 6o A partir de 1o de janeiro de 2001, a fabricação, importação e comercialização
de pilhas e baterias deverão atender aos limites estabelecidos a seguir:
I - com até 0,010% em peso de mercúrio, quando forem do tipo zinco-manganês e
alcalina-manganês;
II - com até 0,015% em peso de cádmio, quando forem dos tipos alcalina-manganês
e zinco-manganês;
III - com até 0,200% em peso de chumbo, quando forem dos tipos alcalinamanganês e zinco-manganês.
Art. 7o Os fabricantes dos produtos abrangidos por esta Resolução deverão conduzir
estudos para substituir as substâncias tóxicas potencialmente perigosas neles
contidas ou reduzir o teor das mesmas, até os valores mais baixos viáveis
tecnologicamente.
Art. 8o Ficam proibidas as seguintes formas de destinação final de pilhas e baterias
usadas de quaisquer tipos ou características:
I - lançamento "in natura" a céu aberto, tanto em áreas urbanas como rurais;
II - queima a céu aberto ou em recipientes, instalações ou equipamentos não
adequados, conforme legislação vigente;
III - lançamento em corpos d'água, praias, manguezais, terrenos baldios, poços ou
cacimbas, cavidades subterrâneas, em redes de drenagem de águas pluviais,
esgotos, eletricidade ou telefone, mesmo que abandonadas, ou em áreas sujeitas à
inundação.
Art. 9o No prazo de um ano a partir da data de vigência desta resolução, nas
matérias publicitárias, e nas embalagens ou produtos descritos no art. 1o deverão
constar, de forma visível, as advertências sobre os riscos à saúde humana e ao meio
ambiente, bem como a necessidade de, após seu uso, serem devolvidos aos
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revendedores ou à rede de assistência técnica autorizada para repasse aos
fabricantes ou importadores.
Art. 10 Os fabricantes devem proceder gestões no sentido de que a incorporação de
pilhas e baterias, em determinados aparelhos, somente seja efetivada na condição
de poderem ser facilmente substituídas pelos consumidores após sua utilização,
possibilitando o seu descarte independentemente dos aparelhos.
Art. 11. Os fabricantes, os importadores, a rede autorizada de assistência técnica e
os comerciantes de pilhas e baterias descritas no art. 1o ficam obrigados a, no prazo
de doze meses contados a partir da vigência desta resolução, implantar os
mecanismos operacionais para a coleta, transporte e armazenamento.
Art. 12. Os fabricantes e os importadores de pilhas e baterias descritas no art. 1o
ficam obrigados a, no prazo de vinte e quatro meses, contados a partir da vigência
desta Resolução, implantar os sistemas de reutilização, reciclagem, tratamento ou
disposição final, obedecida a legislação em vigor.
Art. 13. As pilhas e baterias que atenderem aos limites previstos no artigo 6o
poderão ser dispostas, juntamente com os resíduos domiciliares, em aterros
sanitários licenciados.
Parágrafo Único. Os fabricantes e importadores deverão identificar os produtos
descritos no caput deste artigo, mediante a aposição nas embalagens e, quando
couber, nos produtos, de símbolo que permita ao usuário distinguí-los dos demais
tipos de pilhas e baterias comercializados.
Art. 14. A reutilização, reciclagem, tratamento ou a disposição final das pilhas e
baterias abrangidas por esta resolução, realizadas diretamente pelo fabricante ou
por terceiros, deverão ser processadas de forma tecnicamente segura e adequada,
com vistas a evitar riscos à saúde humana e ao meio ambiente, principalmente no
que tange ao manuseio dos resíduos pelos seres humanos, filtragem do ar,
tratamento de efluentes e cuidados com o solo, observadas as normas ambientais,
especialmente no que se refere ao licenciamento da atividade.
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Parágrafo Único. Na impossibilidade de reutilização ou reciclagem das pilhas e
baterias descritas no art. 1o, a destinação final por destruição térmica deverá
obedecer as condições técnicas previstas na NBR - 11175 - Incineração de
Resíduos Sólidos Perigosos - e os padrões de qualidade do ar estabelecidos pela
Resolução Conama no 03, de 28 de junho de l990.
Art. 15. Compete aos órgãos integrantes do SISNAMA, dentro do limite de suas
competências, a fiscalização relativa ao cumprimento das disposições desta
resolução.
Art. 16. O não cumprimento das obrigações previstas nesta Resolução sujeitará os
infratores às penalidades previstas nas Leis no 6.938, de 31 de agosto de 1981, e no
9.605, de 12 de fevereiro de 1998.
Art. 17. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
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