Revolução Russa de 1917

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Revolução Russa de 1917
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A Revolução Russa de 1917 foi uma série de eventos
políticos na Rússia, que, após a eliminação da autocracia
russa, e depois do Governo Provisório (Duma), resultou no
estabelecimento do poder soviético sob o controle do
partido bolchevique. O resultado desse processo foi a
criação da União Soviética, que durou até 1991.
História da Rússia
A Revolução compreendeu duas fases distintas:


A Revolução de Fevereiro de 1917(março de
1917, pelo calendário ocidental), que derrubou a
autocracia do Czar Nicolau II da Rússia, o último
Czar a governar, e procurou estabelecer em seu
lugar uma república de cunho liberal.
A Revolução de Outubro (novembro de 1917,
pelo calendário ocidental), na qual o Partido
Bolchevique, liderado por Vladimir Lênin,
derrubou o governo provisório e impôs o governo
socialista soviético.
Eslavos do Leste
Império Khazar
Principado de Kiev
Principado de Vladimir-Súzdal
Bulgária do Volga
Invasão Mongol
Canato da Horda Dourada
Principado de Moscovo
Canato de Cazã
Império Russo
Revolução de 1905
Revolução de 1917
Revolução de Fevereiro
Revolução de Outubro
Guerra Civil
União Soviética
Era Khrushchov-Brejnev
Corrida espacial
Perestroika e Glasnost
Federação da Rússia
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Índice
[esconder]
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1 Antecedentes
o 1.1 A decadência da monarquia czarista
 1.1.1 Alexandre II (1858 - 1881)
 1.1.2 Alexandre III (1881 - 1894)
 1.1.3 Nicolau II (1894 - 1918)
2 O Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR)
o 2.1 A divisão do Partido: Mencheviques e Bolcheviques
3 A Revolta de 1905: o ensaio para a revolução
4 Revolução de 1917
o 4.1 A queda do Czar e o processo revolucionário
o 4.2 Revolução de Fevereiro ou Revolução Branca
o 4.3 Revolução de Outubro ou Revolução Vermelha
o 4.4 Guerra civil
5 Criação da União Soviética
o 5.1 O Governo Operário na União Soviética
o 5.2 A ascensão de Stalin
 5.2.1 O governo de Stalin
6 Relações diplomáticas com Portugal
7 Referências
o 7.1 Referências bibliográficas
8 Ver também
9 Ligações externas
Antecedentes
"Não queremos lutar, mas defenderemos os sovietes!"
Até 1917, o Império Russo foi uma monarquia absolutista.[1] A monarquia era sustentada
principalmente pela nobreza rural, dona da maioria das terras cultiváveis. Das famílias
dessa nobreza saíam os oficiais do exército e os principais dirigentes da Igreja Ortodoxa
Russa.
Pouco antes da Primeira Guerra Mundial, a Rússia tinha a maior população da Europa, com
cerca de 171 milhões de habitantes em 1914. Defrontava-se também com o maior problema
social do continente: a extrema pobreza da população em geral[2]. Enquanto isso, as
ideologias liberais e socialistas penetravam no país, desenvolvendo uma consciência de
revolta contra os nobres. Entre 1860 e 1914, o número anual de estudantes universitários
cresceu de 5000 para 69000, e o número de jornais diários cresceu de 13 para 856.
A população do Império Russo era formada por povos de diversas etnias, línguas e
tradições culturais. Cerca de 80% desta população era rural[3] e 90% não sabia ler e
escrever, sendo duramente explorada pelos senhores feudais[4]. Com a industrialização foise estabelecendo progressivamente uma classe operária, igualmente explorada, mas com
maior capacidade reivindicativa e aspirações de ascensão social. A situação de extrema
pobreza e exploração em que vivia a população tornou-se assim um campo fértil para o
florescimento de idéias socialistas[3].
[editar] A decadência da monarquia czarista
Para compreender as causas da Revolução Russa, é fundamental conhecer o
desenvolvimento básico das estruturas socioeconômicas na Rússia, durante o governo dos
três últimos czares.
[editar] Alexandre II (1858 - 1881)
Ver artigo principal: Alexandre II da Rússia
Alexandre II
Alexandre II tinha consciência da necessidade de se promover reformas modernizadoras
no país, para aliviar as tensões sociais internas e transformar a Rússia num Estado mais
respeitado internacionalmente. Com sua política reformista, Alexandre II promoveu, por
exemplo:
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a abolição da servidão agrária[5], beneficiando cerca de 40 milhões de camponeses
que ainda permaneciam submetidos ao mais cruel sistema de exploração de seu
trabalho;
a suspensão da censura aos livros e à imprensa;
o incentivo ao ensino elementar e a concessão de autonomia acadêmica às
universidades;
a concessão de maior autonomia administrativa aos diferentes governos das
províncias.
Mesmo sem provocar alterações significativas na estrutura social existente na Rússia, a
política reformista do czar encontrou forte oposição das classes conservadoras da
aristocracia, extremamente sensíveis a quaisquer perdas de privilégios sociais em favor de
concessões ao povo.
Apesar das medidas reformistas, o clima de tensão social continuava aumentando entre os
setores populares. A terra distribuída aos camponeses era insuficiente, estando fortemente
concentrada nas mãos de uma aristocracia latifundiária[3]. A esta faltavam no entanto
recursos técnicos e financeiros para uma modernização da agricultura. Esses problemas se
traduziam na baixa produtividade agrícola, que provocava freqüentes crises de
abastecimentos alimentares, afetando tanto os camponeses como a população urbana.
Em 1881, o czar Alexandre II foi assassinado[3] por um dos grupos de oposição política (os
Pervomartovtsky) que lutavam pelo fim da monarquia vigente, responsabilizada pela
situação de injustiça social existente.
[editar] Alexandre III (1881 - 1894)
Ver artigo principal: Alexandre III da Rússia
Após o assassinato de Alexandre II, as forças conservadoras russas uniram-se em torno do
novo czar, Alexandre III, que retomou o antigo vigor do regime monárquico absolutista.
Alexandre III concedeu grandes poderes à polícia política do governo (Okhrana)[6], que
exercia severo controle sobre os setores educacionais, imprensa e tribunais, além dos dois
importantes partidos políticos (Narodnik e o Partido Operário Social-Democrata Russo),
que queriam acabar com a autocracia passaram a actuar na clandestinidade.
Impedidos de protestar contra a exploração de que eram vítimas, camponeses e
trabalhadores urbanos continuaram sob a opressão da aristocracia agrária e dos empresários
industriais. Estes, associando-se a capitais franceses[6], impulsionavam o processo de
industrialização do país. Apesar da repressão política comandada pela Okhrana, as idéias
socialistas eram introduzidas no país por intelectuais preocupados em organizar a classe
trabalhadora[6].
Alexandre III faleceu em 1894.
[editar] Nicolau II (1894 - 1918)
Ver artigo principal: Nicolau II da Rússia
Nicolau II, o sucessor de Alexandre III, procurou facilitar a entrada de capitais estrangeiros
para promover a industrialização do país, principalmente da França, da Alemanha, da
Inglaterra e da Bélgica, esse processo de industrialização ocorreu posteriormente à da
maioria dos países da Europa Ocidental[5]. O desenvolvimento capitalista russo foi ativado
por medidas como o início da exportação do petróleo, a implantação de estradas de ferro e
da indústria siderúrgica.
Os investimentos industriais foram concentrados em centros urbanos populosos, como
Moscovo, São Petersburgo, Odessa e Kiev. Nessas cidades, formou-se um operariado de
aproximadamente 3 milhões de pessoas, que recebiam salários miseráveis e eram
submetidas a jornadas de 12 a 16 horas diárias de trabalho, não recebiam alimentação e
trabalhavam em locais imundos, sujeitos a doenças. Nessa dramática situação de
exploração do operariado, as idéias socialistas encontraram um campo fértil para o seu
florescimento[2].
[editar] O Partido Operário Social-Democrata Russo
(POSDR)
Stalin, Lenin e Kalinin em 1919.
Com o desenvolvimento da industrialização e o maior relacionamento com a Europa
Ocidental, a Rússia recebeu do exterior novas correntes políticas que chocavam com o
antiquado absolutismo do governo russo. Entre elas destacou-se a corrente inspirada no
marxismo, que deu origem ao Partido Operário Social-Democrata Russo.
O POSDR foi violentamente combatido pela Ochrana. Embora tenha sido desarticulado
dentro da Rússia em 1898, voltou a organizar-se no exterior, tendo como líderes principais
Gueorgui Plekhanov, Vladimir Ilyich Ulyanov (conhecido como Lênin)[5] e Lev Bronstein
(conhecido como Trotski).
[editar] A divisão do Partido: Mencheviques e Bolcheviques
Em 1903, divergências quanto à forma de ação levaram os membros do partido POSDR a
se dividir em dois grupos básicos[7]:

os mencheviques: liderados por Martov[3], defendiam que os trabalhadores podiam
conquistar o poder participando normalmente das atividades políticas. Acreditavam,
ainda, que era preciso esperar o pleno desenvolvimento capitalista da Rússia e o
desabrochar das suas contradições, para se dar início efetivo à ação revolucionária.
Como esses membros tiveram menos votos em relação ao outro grupo, ficaram
conhecidos como mencheviques, que significa minoria.

os bolcheviques: liderados por Lenin, defendiam que os trabalhadores somente
chegariam ao poder pela luta revolucionária. Pregavam a formação de uma ditadura
do proletariado[5], na qual também estivesse representada a classe camponesa.
Como esse grupo obteve mais adeptos, ficou conhecido como bolchevique, que
significa maioria. Trotsky, que inicialmente não se filiou a nenhuma das facções,
aderiu aos bolcheviques mais tarde.
[editar] A Revolta de 1905: o ensaio para a revolução
Ver artigo principal: Revolta de 1905
Em 1904, a Rússia, que desejava expandir-se para o oriente, entrou em guerra contra o
Japão devido à posse da Manchúria, mas foi derrotada[8]. A situação socioeconômica do
país agravou-se[2] e o regime político do czar Nicolau II foi abalado por uma série de
revoltas, em 1905, envolvendo operários, camponeses, marinheiros (como a revolta no
navio couraçado Potemkin[9]) e soldados do exército. Greves e protestos contra o regime
absolutista do czar explodiram em diversas regiões da Rússia. Em São Petersburgo, foi
criado um soviete (conselho operário) para auxiliar na coordenação das várias greves e
servir de palco de debate político.
Diante do crescente clima de revolta, o czar Nicolau II prometeu realizar, pelo Manifesto de
Outubro, grandes reformas no país[8]: estabeleceria um governo constitucional, dando fim
ao absolutismo, e convocaria eleições gerais para o parlamento (a Duma), que elaboraria
uma constituição para a Rússia[8]. Os partidos de orientação liberal burguesa (como o
Partido Constitucional Democrata ou Partido dos Cadetes) deram-se por satisfeitos com as
promessas do czar, deixando os operários isolados.
Terminada a guerra contra o Japão, o governo russo mobilizou as suas tropas especiais
(cossacos) para reprimir os principais focos de revolta dos trabalhadores. Diversos líderes
revolucionários foram presos, desmantelando-se o Soviete de São Petersburgo. Assumindo
o comando da situação, Nicolau II deixou de lado as promessas liberais que tinha feito no
Manifesto de Outubro. Apenas a Duma continuou funcionando, mas com poderes limitados
e sob intimidação policial das forças do governo.
A Revolução Russa de 1905, mais conhecida como "Domingo Sangrento"[1], tinha sido
derrotada por Nicolau II, mas serviu de lição para que os líderes revolucionários avaliassem
seus erros e suas fraquezas e aprendessem a superá-los. Foi, segundo Lenin, um ensaio
geral para a Revolução Russa de 1917[7].
[editar] Revolução de 1917
[editar] A queda do Czar e o processo revolucionário
Mesmo abatida pelos reflexos da derrota militar frente ao Japão, a Rússia envolveu-se
noutro grande conflito, a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), em que também sofreu
pesadas derrotas nos combates contra os alemães[7]. A longa duração da guerra provocou
crise de abastecimento alimentar nas cidades, desencadeando uma série de greves e revoltas
populares[5]. Incapaz de conter a onda de insatisfações, o regime czarista mostrava-se
intensamente debilitado.
Palácio Tauride, sede da Duma e posteriormente do Governo Provisório e do Soviete de
Petrogrado
Numa das greves em Petrogrado (actualmente São Petersburgo, então capital do país),
Nicolau II toma a última das suas muitas decisões desastrosas: ordena aos militares que
disparem sobre a multidão e contenham a revolta. Partes do exército, sobretudo os
soldados, apóiam a revolta. A violência e a confusão nas ruas tornam-se incontroláveis.[10]
Segundo o jornalista francês Claude Anet, morreram em São Petersburgo cerca de 1500
pessoas e cerca de 6000 ficaram feridas.
Em 15 de março de 1917, o conjunto de forças políticas de oposição (liberais burguesas e
socialistas) depuseram o czar Nicolau II, dando início à Revolução Russa. O czar foi
posteriormente assassinado junto com sua família.
[editar] Revolução de Fevereiro ou Revolução Branca
Ver artigo principal: Revolução de Fevereiro
A primeira fase, conhecida como Revolução de Fevereiro, ocorreu de março a novembro de
1917.
Em 23 de Fevereiro (C.J.) (8 de Março, C.G.), uma série de reuniões e passeatas
aconteceram em Petrogrado, por ocasião do Dia Internacional das Mulheres. Nos dias que
se seguiram, a agitação continuou a aumentar, recebendo a adesão das tropas encarregadas
de manter a ordem pública, que se recusavam a atacar os manifestantes[10].
No dia 27 de Fevereiro (C.J.), um mar de soldados e trabalhadores com trapos vermelhos
em suas roupas invadiu o Palácio Tauride, onde a Duma se reunia. Durante a tarde,
formaram-se dois comités provisórios em salões diferentes do palácio. Um, formado por
deputados moderados da Duma, se tornaria o Governo Provisório. O outro era o Soviete
de Petrogrado, formado por trabalhadores, soldados e militantes socialistas de várias
correntes.[5]
Temendo uma repetição do Domingo Sangrento, o Grão-Duque Mikhail ordenou que as
tropas leais baseadas no Palácio de Inverno não se opusessem à insurreição e se retirassem.
Em 2 de Março, cercado por amotinados, Nicolau II assinou sua abdicação.
Após a derrubada do czar, instalou-se o Governo Provisório, comandado pelo príncipe
Georgy Lvov[7], um latifundiário, e tendo Aleksandr Kerenski como ministro da guerra.
Era um governo de caráter liberal burguês, intensamente interessado em manter a
participação russa na Primeira Guerra Mundial. Enquanto isso, o Soviete de Petrogrado
reivindicava para si a legitimidade para governar. Já em 1 de Março, o Soviete ordenava ao
exército que lhe obedecesse, em vez de obedecer ao Governo Provisório. O Soviete queria
dar terra aos camponeses, um exército com disciplina voluntária e oficiais eleitos
democraticamente, e o fim da guerra, objectivos muito mais populares do que os almejados
pelo Governo Provisório.
Com ajuda alemã, Lenin regressa à Rússia em Abril[10] (C.J.), pregando a formação de
uma república dos sovietes, bem como a nacionalização dos bancos e da propriedade
privada. O seu principal lema era: Todo o poder aos sovietes[11].
Entretanto, o processo de desintegração do Estado russo continuava. A comida era escassa,
a inflação bateu a casa dos 1.000 %, as tropas desertavam da fronte matando seus oficiais,
propriedades da nobreza latifundiária eram saqueadas e queimadas. Nas cidades, conselhos
operários foram criados na maioria das empresas e fábricas.A Rússia ainda continuava na
guerra.
[editar] Revolução de Outubro ou Revolução Vermelha
O cruzador Aurora, navio que ajudou os bolcheviques a conquistar São Petersburgo, na
época...
...e atualmente, como museu em São Petersburgo.
Ver artigo principal: Revolução de Outubro
A segunda fase, conhecida como revolução de Outubro, teve início em novembro de 1917.
Na madrugada do dia 25 de outubro[12] os bolcheviques, liderados por Lênin, Zinoviev e
Radek, com a ajuda de elementos anarquistas e Socialistas Revolucionários, cercaram a
capital, onde estavam sediados o Governo Provisório e o Soviete de Petrogrado. Muitos
foram presos, mas Kerenski conseguiu fugir[7]. À tarde, numa sessão extraordinária, o
Soviete de Petrogrado delegou o poder governamental ao Conselho dos Comissários do
Povo[7], dominado pelos bolcheviques. O Comitê Executivo do mesmo Soviete de
Petrogrado rejeitou a decisão dessa assembléia e convocou os sovietes e o exército a
defender a Revolução contra o golpe bolchevique. Entretanto, os bolcheviques
predominaram na maior parte das províncias de etnia russa. O mesmo não se deu em outras
regiões, tais como a Finlândia[12], a Polônia e a Ucrânia[12].
Em 3 de Novembro, um esboço do Decreto sobre o Controle Operário foi publicado. Esse
documento instituía a autogestão em todas as empresas com 5 ou mais empregados. Isto
acelerou a tomada do controle de todas as esferas da economia por parte dos conselhos
operários, e provocou um caos generalizado, ao mesmo tempo que acelerou ainda mais a
fuga dos proprietários para o exterior. Mesmo Emma Goldman viria a reconhecer que as
empresas que se encontravam em melhor situação eram justamente aquelas em que os
antigos proprietários continuavam a exercer funções gerenciais. Entretanto, este decreto
levou a classe trabalhadora a apoiar o recém-criado e ainda fraco regime bolchevique, o que
possivelmente teria sido o seu principal objetivo. Durante os meses que se seguiram, o
governo bolchevique procurou então submeter os vários conselhos operários ao controle
estatal, por meio da criação de um Conselho Pan-Russo de Gestão Operária. Os
anarquistas se opuseram a isto, mas foram voto vencido.
Era consenso entre todos os partidos políticos russos de que seria necessária a criação de
uma assembléia constituinte, e que apenas esta teria autoridade para decidir sobre a forma
de governo que surgiria após o fim do absolutismo. As eleições para essa assembléia
ocorreram em 12 de Novembro de 1917, como planejado pelo Governo Provisório, e à
exceção do Partido Constitucional Democrata, que foi perseguido pelos bolcheviques, todos
os outros puderam participar livremente. Os Socialistas Revolucionários receberam duas
vezes mais votos do que os bolcheviques, e os partidos restantes receberam muito poucos
votos. Em 26 de Dezembro, Lênin publicou suas Teses sobre a assembléia constituinte,
onde ele defendia os sovietes como uma forma de democracia superior à assembléia
constituinte. Até mesmo os membros do partido bolchevique compreenderam que
preparava-se o fechamento da assembléia constituinte, e a maioria deles foram contra isto,
mas o Comitê Central do partido ordenou-lhes que acatassem a decisão de Lênin.
Na manhã de 5 de Janeiro de 1918, uma imensa manifestação pacífica a favor da
assembléia constituinte foi dissolvida à bala por tropas leais ao governo bolchevique. A
assembléia constituinte, que se reuniu pela primeira vez naquela tarde, foi dissolvida na
madrugada do dia seguinte. Pouco a pouco, se tornou claro que os bolcheviques pretendiam
criar uma ditadura para si, inclusive contra os partidos socialistas revolucionários. Isto
levou os outros partidos a atuarem na ilegalidade, sendo que alguns deles passariam à
resistência armada ao governo.
Durante este período, o governo bolchevique tomou uma série de medidas de impacto,
como:
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

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Pedido de paz imediata: em março de 1918, foi assinado, com a Alemanha, o
Tratado de Brest-Litovski,[5] onde a Rússia abriu mão do controle sobre a
Finlândia, Países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia), Polônia, Bielorússia e
Ucrânia, bem como de alguns distritos turcos e georgianos antes sob seu domínio.
Confisco de propriedades privadas: grandes propriedades foram tomadas dos
aristocratas e da Igreja Ortodoxa, para serem distribuídas entre o povo.
Declaração do direito nacional dos povos: o novo governo comprometeu-se a acabar
com a dominação exercida pelo governo russo sobre regiões tais como a Finlândia,
a Geórgia ou a Armênia.
Estatização da economia: o novo governo passou a intervir diretamente na vida
econômica, nacionalizando diversas empresas.[5]
[editar] Guerra civil
Ver artigo principal: Guerra Civil Russa
Durante o curto período em que os territórios cedidos no Tratado de Brest-Litovski
estiveram em poder do exército alemão, as várias forças antibolcheviques puderam
organizar-se e armar-se. Estas forças dividiam-se em três grupos que também lutavam entre
si: 1) czaristas , 2) liberais, eseritas e metade dos socialistas e 3) anarquistas. Com a derrota
da Alemanha em 1919, esses territórios tornaram-se novamente alvo de disputa, bem como
bases das quais partiriam forças que pretendiam derrubar o governo bolchevique.
Ao mesmo tempo, Trotsky se ocupou em organizar o novo Exército Vermelho[13]. Com a
ajuda deste, os bolcheviques mostraram-se preparados para resistir aos ataques do também
recém formado Exército polonês, dos Exércitos Brancos de Denikin, Kolchak, Yudenich e
Wrangel(que se dividiam entre as duas primeiras facções citadas no parágrafo anterior), e
também para suprimir o Exército Insurgente de Makhno e a Revolta de Kronstadt, ambos
de forte inspiração anarquista. No início de 1921, encerrava-se a guerra civil, com a vitória
do Exército Vermelho. O Partido Bolchevique, que desde 1918 havia alterado sua
denominação para Partido Comunista, consolidava a sua posição no governo.
[editar] Criação da União Soviética
Ver artigo principal: História da União Soviética
Erro! Argumento de opção desconhecido.
Brasão de armas da URSS
Terminada a guerra civil, a Rússia estava completamente arrasada, com graves problemas
para recuperar sua produção agrícola e industrial. Visando promover a reconstrução do
país, Lenin criou, em fevereiro de 1921, a Comissão Estatal de Planificação Econômica ou
GOSPLAN, encarregada da coordenação geral da economia do país. Pouco tempo depois,
em março de 1921, adaptou-se um conjunto de medidas conhecidas como Nova Política
Econômica ou NEP[5]. Entre as medidas tomadas pela NEP destacam-se: liberdade de
comércio interno, liberdade de salário aos trabalhadores, autorização para o funcionamento
de empresas particulares e permissão de entrada de capital estrangeiro para a reconstrução
do país. O Estado russo continuou, no entanto, exercendo controle sobre setores
considerados vitais para a economia: o comércio exterior, o sistema bancário e as grandes
indústrias de base.
[editar] O Governo Operário na União Soviética
Desde 1918, após uma tentativa de assassinato de Lenin no mês de agosto com a
participação de membros do partido Socialista Revolucionário, os comunistas tinham
proibido os outros partidos políticos. Em abril de 1922, Stalin foi nomeado secretário-geral
do Partido[13], encarregando-se de combater as facções de oposição no interior do Partido
e de garantir os postos importantes da administração estatal para pessoas da inteira
confiança do regime o que foi por ele utilizado para impor à administração interna a
hegemonia do seu grupo pessoal.
Em dezembro de 1922, foi organizado um congresso geral de todos os sovietes, ocorrendo a
fundação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). O governo da União,
cujo órgão máximo era o Soviete Supremo (Legislativo), passou a ser integrado por
representantes das diversas repúblicas.
Competia ao Soviete Supremo eleger um comitê executivo (Presidium), dirigido por um
presidente a quem se reservava a função de chefe de estado. Competiam ao governo da
União as grandes tarefas relativas ao comércio exterior, política internacional, planificação
da economia, defesa nacional, entre outros.
Paralelamente a essa estrutura formal, estava o Partido Comunista, que controlava,
efetivamente, o poder da URSS. Sua função era controlar os órgãos estatais, estimulando
sua atividade e verificando sua lealdade e manter os dirigentes em contato permanente com
as massas. Também assegurava à população a difusão das ideologias vindas da alta cúpula.
[editar] A ascensão de Stalin
Lênin, o fundador do primeiro Estado socialista, morreu em janeiro de 1924[5]. Teve
início, então, uma grande luta interna pela disputa do poder soviético[14]. Num primeiro
momento, entre os principais envolvidos nesta disputa pelo poder figuravam Trotski e
Stalin[7].
Trotski defendia a tese da revolução permanente, segundo a qual o socialismo somente
seria possível se fosse construído à escala internacional[14]. Ou seja, a revolução socialista
deveria ser levada à Europa e ao mundo.
Opondo-se a tese trotskista, Stalin defendia a construção do socialismo num só país[14].
Pregava que os esforços por uma revolução permanente comprometeriam a consolidação
interna do socialismo na União Soviética.
A tese de Stalin tornou-se vitoriosa[14]. Foi aceita e aclamada no XIV Congresso do
Partido Comunista.
Trotski foi destituído das suas funções como comissário de guerra, expulso do Partido e,
em 1929, deportado da União Soviética[5]. Tempos depois, em 1940, foi assassinado no
México, a mando de Stalin[5], por um agente de segurança soviético, que desferiu no
antigo líder do Exército Vermelho golpes de picareta na cabeça.
[editar] O governo de Stalin
A partir de dezembro de 1929, Stalin converteu-se no ditador absoluto da União
Soviética[15]. O método que utilizou para a total conquista do poder político teve como
base a sua habilidade no controle da máquina burocrática do Partido e do Estado, bem
como a montagem de um implacável sistema de repressão política de todos os
opositores[14]. Desse modo, Stalin conseguiu eliminar do Partido, do Exército e dos
principais órgãos do Estado todos os antigos dirigentes revolucionários, muitos dos quais
tinham sido grandes companheiros de Lénin, como Zinoviev, Bukharin, Kamenev, Rikov,
Muralov entre outros.
Depois de presos e torturados, os opositores de Stalin eram forçados a confessar crimes de
espionagem que não haviam praticado. E, assim, conhecidos patriotas eram executados
como traidores da pátria. Era a farsa jurídica que caracterizou as chamadas Josef
Stalin#depurações.
Durante o período stalinista (1924 - 1953) calcula-se que o terror político soviético foi
responsável pela prisão de mais de cinco milhões de cidadãos e pela morte de mais de 500
mil pessoas.
Houve êxito na reconstrução do país e na elevação do nível econômico e cultural da
população soviética tornando a URSS, juntamente com os Estados Unidos da América,
após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) uma das superpotências mundiais.[16]
Com a vitória dos aliados sobre o eixo nazi-fascista formado por Alemanha, Japão e Itália,
a União Soviética, o principal oponente da Alemanha na Europa passou a dispor de enorme
prestígio internacional, mas teve enormes perdas humanas e materiais. O governo de Stalin
terminou com sua morte no ano de 1953.
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