UNISUZ CURSO DE DIREITO ANTROPOLOGIA JURÍDICA PROFA. DRA. RENATA PLAZA TEIXEIRA TEMA DA AULA: “TEORIAS DA CULTURA” Principais TEORIAS DA CULTURA: 1) 2) 3) 4) 5) EVOLUCIONISMO CULTURAL DIFUSIONISMO (ou HISTORICISMO) FUNCIONALISMO CONFIGURACIONISMO CULTURAL (Escola Psicológica ou Tipológica do Comportamento Cultural) ESTRUTURALISMO TEORIAS DA CULTURA 1) EVOLUCIONISMO CULTURAL Trata-se da aplicação da teoria geral da evolução ao fenômeno cultural, princípio que orientou a interpretação dos fatos sociais. Os pensadores buscavam compreender o ritmo de crescimento sociocultural do homem por meio dos dados coletados, objetivando formular generalizações que pudessem explicar o desenvolvimento da história humana. Elementos básicos da teoria evolucionista da cultura: Sucessão Unilinear – existência de um fio singular ou evolução unilinear por toda a história cultural. Método comparativo – o método básico usado pela antropologia do séc. XIX era ordenar os fenômenos observados de acordo com os princípios estabelecidos e interpretados como uma ordem cronológica. Os fatos ou objetos de estudo eram devidamente detalhados e depois classificados e organizados em categorias sucessivas. Sobrevivência – o princípio da seleção natural de Darwin ou o princípio da sobrevivência do mais apto de Spencer (as espécies animais e os grupos humanos mais aptos terão melhores condições de sobrevivência). Principais representantes: Spencer (1820-1903, inglês) Maine (1822-1888, inglês) Tylor (1832-1917, inglês) Frazer (1854-1941, inglês) McLennan (1827-1881, escocês) Bastian (1826-1905, alemão) Wundt (1832-1920, alemão) Bachofen (1815-1887, suíço) Morgan (1818-1881, estadunidense) Wundt (1832-1920, alemão): médico, fisiologista, filósofo e psicólogo. Conhecido como fundador da psicologia experimental, com os estudos sobre os conteúdos mentais tanto pela experimentação quanto pela auto-observação. Deu o primeiro curso de psicologia científica (1862), disciplina que até então era considerada um ramo da filosofia e, por isso, guiada pela análise racional. Escreveu nesse período o trabalho Beiträge zur Theorie der Sinneswahrnehmung (Contribuições para a teoria da percepção sensorial , 1858-1862), no qual procurou definir para a psicologia um lugar como disciplina independente e capaz de estabelecer ligação entre as ciências naturais e as sociais. Dedicou-se a demonstrar a especificidade da psicologia e escreveu a obra em dois volumes Grundzüge der Physiologischen Psychologie (Princípios de psicologia fisiológica, 1873-1874). Passou a se dedicar ao ensino de filosofia na Universidade de Leipzig (1875), onde criou o primeiro instituto de psicologia experimental dotado de laboratórios (1879). 1 Também fundou a influente revista Phylosophische Studien (Estudos de psicologia, 1881). Entre seus trabalhos posteriores destacou-se Völkerpsychologie (Psicologia dos povos, 1900-1920), obra em dez volumes. O neoevolucionismo surge no início do séc. XX e tem como seus principais representantes: Leslie Alvin White (1900-1975, estadunidense) Julian Steward (1902-1972, estadunidense) Vera Gordon Childe (1892-1957, australiano) Para os neoevolucionistas, o estudo da evolução cultural está intimamente relacionado com a evolução tecnológica. Também descrevem o processo da cultura tendo por base etapas do desenvolvimento. 2) DIFUSIONISMO (ou HISTORICISMO) O DIFUSIONISMO (ou HISTORICISMO) procura explicar o desenvolvimento cultural pelo processo de difusão de elementos culturais de uma cultura para outra, enfatizando a relativa raridade de novas invenções e a importância dos constantes empréstimos culturais na história da humanidade. Para os DIFUSIONISTAS, as semelhanças e diferenças culturais resultaram mais da presença ou ausência dos processos de difusão do que das invenções isoladas de diferentes culturas. Os pensadores difusionistas tentaram explicar as semelhanças e diferenças entre culturas enfatizando o fenômeno de DIFUSÃO e dos CONTATOS ENTRE OS POVOS. O difusionismo é uma reação ao evolucionismo cultural do séc. XIX, predominando de 1900 a 1930 (maior popularidade na década de 20 do séc. XX). Alguns representantes importantes do Difusionismo: ESCOLA HIPERDIFUSIONISTA INGLESA (ou Escola Heliocêntrica ou Escola de Manchester) Elliot Smith (1871-1937, australiano) William J. Perry (1887-1949, inglês) William H. R. Rivers (1864-1922, inglês) ESCOLA HISTÓRICO-CULTURAL ALEMÃ-AUSTRÍACA (Escola Histórico-Cultural, Escola Histórico-Geográfica, Escola Alemã-Austríaca de Viena) Friedrich Ratzel (1844-1904, alemão) Robert Fritz Graebner (1877-1934, alemão) Wilhelm Schmidt (1868-1954, alemão) ESCOLA DO DIFUSIONISMO NORTE-AMERICANO (Escola Histórico-Cultural Norte-Americana) Franz Boas (1858-1942, alemão-estadunidense) Clark Wissler (1870-1947, estadunidense) Alfred Louis Kroeber (1876-1960, estadunidense) FRANZ BOAS (1858-1942, alemão-estadunidense) Contribuição teórica Apontava que cada cultura é uma unidade integrada, fruto de um desenvolvimento histórico peculiar. Enfatizou a independência dos fenômenos culturais com relação às condições geográficas e aos determinantes biológicos, afirmando que a dinâmica da cultura está na interação entre os indivíduos e a sociedade. Dentre suas obras principais, destacam-se: The Mind of Primitive Man, 1938 (A Mente do Homem Primitivo), Race, Language and Culture, 1940 (Raça, Linguagem e Cultura), e General Anthropology (Antropologia Geral), 1942. Importante influência em função de sua preocupação com a precisão na descrição dos fatos observados e com a conservação metódica do patrimônio recolhido. Para Franz Boas, a história cultural era a única que permitia a compreensão da situação e das características atuais de qualquer sociedade. Era partidário de uma visão histórica especial da cultura, que não deveria significar mero estudo do passado, mas ser aplicado, igualmente, à observação do presente. 2 Defendia o estudo de objetos e acontecimentos singulares ou específicos no tempo e no espaço. Correlacionou a perspectiva histórica com a invenção e a difusão, do que resultaria a distribuição dos elementos culturais em determinado momento e em determinada área cultural. Foi conservador do Museu de Nova Iorque, professor universitário e formou a primeira geração de antropólogos norte-americanos (Kroeber, Lowie, Sapir, Herskovitz, Linton e, em seguida, Ruth Benedict, Margaret Mead). Boas faleceu na cidade de Nova Iorque, deixando como principal lição que não existem culturas superiores ou inferiores e que todas constituem fenômenos específicos e originais. 3) FUNCIONALISMO A ESCOLA FUNCIONALISTA surge em 1930. Seus pensadores compreendiam a cultura não mais com suas origens ou sua história, mas de acordo com uma VISÃO SINCRÔNICA, procurando conhecer a realidade cultural em dado momento, e SISTÊMICA, comparando a sociedade a um organismo, uma unidade complexa, um TODO ORGANIZADO. O difusionismo não representava o desprezo nem mesmo a negação das orientações que o antecederam, mas sim uma nova abordagem que teve o mérito de inovar no campo da interpretação antropológica. Esta corrente de pensamento caracteriza-se por tendências organicistas. O estudo da sociedade deve ser feito como o do fisiólogo. Ao estudar um organismo, observa suas numerosas partes componentes, as relações que desenvolve, as funções que desempenha e como mantém sua continuidade de existência. Para os seguidores da ESCOLA FUNCIONALISTA, cada costume é socialmente significativo, uma vez que INTEGRA UMA ESTRUTURA, participando de um sistema organizado de atividades. Uma CULTURA NÃO É SIMPLESMENTE UM ORGANISMO, MAS UM SISTEMA. Suas partes não podem ser plenamente compreendidas separadamente do todo, e o todo deve ser compreendido em termos de suas partes, suas relações umas com as outras e com o sistema sociocultural em conjunto. Qualquer traço cultural ou costume, qualquer objeto material ou qualquer ideia, como o fogo, uma peça de cerâmica, a noção de deus ou deuses etc., que existem no interior das sociedades, tem funções específicas e mantêm relações com cada um dos outros aspectos da cultura para a manutenção do seu modo de vida total. Cada costume é socialmente significativo, já que integra uma estrutura, participando de um sistema organizado de atividades. Principais representantes: Bronislaw Malinowski (1884-1942, polonês) Alfred Reginald Radcliffe-Brown (1881-1955, inglês) Bronislaw Malinowski (1884-1942, polonês, estudou e viveu na Inglaterra, onde publicou seus trabalhos): influenciou a Antropologia desde 1922, ninguém antes dele havia se esforçado tanto em penetrar nas culturas pré-industriais, tendo vivido na ilha Trobriand, procurando compreender a mentalidade dessa cultura a partir de dentro. Considerava que uma sociedade deve ser estudada enquanto uma totalidade, tal como funciona no momento em que a observamos. Com Malinowski, a Antropologia se torna uma ciência da alteridade (respeito ao ser de cultura diferente da nossa), pois deixa de lado o evolucionismo, dedicando-se ao estudo da lógica particular de cada cultura. Cada cultura tem um sistema lógico perfeitamente elaborado pela sua cultura. ATUALMENTE, OS ANTROPÓLOGOS ESTÃO CONVENCIDOS DE QUE AS SOCIEDADES DIFERENTES DA NOSSA SÃO SOCIEDADES HUMANAS TANTO QUANTO A NOSSA, QUE OS HOMENS E MULHERES QUE NELAS VIVEM SÃO ADULTOS QUE SE COMPORTAM DIFERENTEMENTE DE NÓS, E NÃO PRIMITIVOS, AUTÔMATOS ATRASADOS QUE PARARAM EM UMA ÉPOCA DIFERENTE. NA ÉPOCA EM QUE MALINOWSKI PUBLICOU O LIVRO OS ARGONAUTAS, SOBRE OS COSTUMES DOS TROBRIANDESES, ESTA FORMA DE PENSAR AS CULTURAS ALÉM DO ETNOCENTRISMO DO EIXO EUROPEU FOI REVOLUCIONÁRIA. 3 ETNOCENTRISMO: visão de mundo característica de quem considera o seu grupo étnico, nação ou nacionalidade socialmente mais importante do que os demais. Alfred Reginald Radcliffe-Brown (1881-1955, inglês): considerava a cultura como um sistema adaptativo, enfatizando a importância da função e da estrutura social como contribuintes para a manutenção do equilíbrio da sociedade. O conceito de sociedade ocupava papel central em seu pensamento, sendo que a função de um elemento é o papel que ele representa em toda vida social. Dedicou-se mais à Antropologia Social do que à Antropologia Cultural. Preocupou-se com o conceito de sistema, entendido como um todo organizado. De certa forma, não enfatizou os aspectos da cultura material, canalizando seus interesses para os aspectos da vida social. A teoria antropológica de Radcliffe-Brown se baseia na expressão ritual dos sentimentos. Para ele, os costumes cerimoniais são os meios pelos quais a sociedade atua sobre os seus membros e mantém em sua cabeça determinado sistema de sentimentos. Sem o cerimonial, não existiriam esses sentimentos e sem esses sentimentos, não existiria a sociedade. Para Radcliffe-Brown, portanto, a sociedade se expressa, obrigatoriamente, por esses rituais. É importante também destacar a contribuição de: Edward Evans-Pritchard (1902-1973, inglês): estudou sociedades africanas Marcel Mauss (1872-1950, francês): considerado o pai da antropologia francesa, fundou o Instituto de Etnologia da Universidade de Paris (1925) e lecionou no College de France (1931-1939) 4) CONFIGURACIONISMO CULTURAL (Escola Psicológica ou Tipológica do Comportamento Cultural) O CONFIGURACIONISMO CULTURAL é a quarta escola de orientação antropológica em sequência histórica. Esta escola recebe INFLUÊNCIA do difusionismo de BOAS, pois seus principais representantes (EDWARD SAPIR e RUTH BENEDICT) foram seus alunos. Esta Escola busca a integração e a singularidade do todo, tendo como tema básico a INTEGRAÇÃO DA CULTURA. A CULTURA seria, segundo os seguidores dessa Escola, um CONJUNTO INTEGRADO DE ELEMENTOS CULTURAIS ENCONTRADOS EM DETERMINADO TEMPO E ESPAÇO, CUJAS PARTES DEVEM ESTAR DE TAL MODO ENTRELAÇADAS QUE FORMEM UM TODO COESO E UNIFORME, POIS SE UMA DAS PARTES FOR AFETADA, AUTOMATICAMENTE AFETARÁ AS DEMAIS. O CONFIGURACIONISMO destaca a integração e a singularidade do todo. Tem por tema básico a integração da cultura. Principais representantes: Edward Sapir (1884-1939): primeiro representante desta Escola a defender a ideia de que todo comportamento cultural tem um configuração inconsciente, que nem sempre é comunicada à mente, mas que dá à cultura um feitio próprio. Acrescentou, também, que todo comportamento é simbólico, ou seja, tem como base os sentidos, que são compreendidos e comunicados entre os diferentes elementos de uma sociedade. Para Sapir, as culturas não são entidades verdadeiramente objetivas, mas configurações abstratas de ideias e padrões de ação, que têm significados infinitamente diferentes para os vários indivíduos do grupo em questão. Os comportamentos culturais são simbólicos; a cultura, como a linguagem, baseia-se em significações partilhadas por todos os membros de uma determinada sociedade. Sapir leva em consideração a linguagem dos povos, propondo, em 1921, uma nova perspectiva para a linguagem ao sugerir que ela influencia a forma como os indivíduos pensam. 4 Essa ideia foi adotada e desenvolvida durante a década de 1940 por seu ex-aluno Benjamin Lee Whorf (1897-1941), dando origem à hipótese de Sapir-Whorf. Para Sapir, a percepção de um observador sobre o mundo ao seu redor é controlada de alguma forma fundamental pela linguagem que ele usa. Por exemplo, o conceito de tempo nos tempos verbais (presente, passado, futuro). Na língua hopi não há tempos verbais, mas marcas de diferenciação sobre relato de fatos, expectativas e verdades gerais. Também para Benjamin Lee Whorf, a linguagem pode restringir o pensamento, ou seja, a linguagem funda a realidade. Nomes de cores, por exemplo, podem variar enormemente. Em navajo, cinza e azul têm uma só palavra; em hebraico, há uma palavra para azul do céu e outra para azul do mar. Ruth Benedict (1887-1948): para Benedict, o todo não é apenas a soma das partes. Cada cultura possui propósitos próprios ou molas mestras emocionais e intelectuais que entranham o comportamento e as instituições de uma sociedade. Uma região, por exemplo, deve ser observada como uma configuração cultural de instituições, costumes, tradições, meios de transporte etc., dentro de certa área geográfica, com caráter próprio. Benedict consagrou a expressão padrão cultural (cultural pattern), empregando-a num sentido muito mais global do que Sapir. Para este autor, a unidade significativa que a Antropologia deve estudar é a configuração cultural. Cada cultura é caracterizada por configurações particulares, que se infiltram em todas as instituições, toda a vida social, todos os comportamentos individuais. Mas um indivíduo numa cultura domina somente o que lhe é necessário para desempenhar papéis definidos, ocupar posições determinadas. Margaret Mead (1901-1978, estatunidense): Graduou-se (1923-1929) na Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque, onde estudou com o antropólogo Franz Boas (1858-1942) e trabalhou no Museu Americano de História Natural (1926-1969). Além de uma pesquisa de campo (1925) sobre a adolescência em Samoa, estudou os povos ágrafos da Oceania e complexas sociedades contemporâneas e foi pioneira na utilização da fotografia para documentação de pesquisa etnográfica. Seu interesse concentrou-se em vários aspectos da psicologia e da cultura, inclusive a infância e a adolescência, o condicionamento cultural do comportamento sexual, o caráter nacional e a mudança cultural. Publicou importantes obras, tais como O caráter balinês (Balinese Character, 1940), um marco na história da antropologia, da antropologia visual em especial, Adolescência, sexo e cultura em Samoa (Coming of Age in Samoa, 1928), Crescendo na Nova Guiné (Growing Up in New Guinea, 1930), Sexo e temperamento em três sociedades primitivas (Sex and Temperament in Three Primitive Societies, 1935), Uma análise fotográfica (Photographic Analysis, 1942) e Masculino e feminino (Male and Female, 1949). Publicou também, uma autobiografia (1972) e foi eleita presidenta da Associação Americana para o Progresso da Ciência (1973). Margaret Mead 5) ESTRUTURALISMO O ESTRUTURALISMO é uma orientação em Antropologia mais recente. A escola estruturalista desenvolveu-se paralelamente ao funcionalismo e teve seu apogeu nas décadas de 1940 e 1950, na França, por CLAUDE LÉVI-STRAUSS (1908). Adotou posições próprias, sempre de natureza subjetiva. Mello (1982) considera o estruturalismo um “refinamento” do funcionalismo (estruturalismo e funcionalismo, portanto, não se opõem). Para Mercier (1974), as restrições ao estruturalismo residem na dificuldade de demarcação e acompanhamento das transformações culturais sofridas nas estruturas mentais básicas das sociedades heterogêneas. Assim, a definição de uma base comum, de um substrato universal, conforme a fórmula de Lévi-Strauss, é indispensável, mas não pode ser indiscutível, quer se encontre no inconsciente coletivo ou na identidade das estruturas mentais. O método estruturalista mostra-se no máximo de sua eficiência quando se aplica a um conjunto cultural relativamente homogêneo, no qual culturas diversas foram construídas sobre base em grande parte comum. Pode-se, então, por meio delas acompanhar as transformações sofridas por um sistema cultural. 5 O estruturalismo interessa-se pelo estudo das estruturas profundas, subjacentes, que se ocultam por detrás dos fenômenos. Uma das principais contribuições do estruturalismo antropológico francês de CLAUDE LÉVI-STRAUSS está relacionada ao conceito de ESTRUTURA SOCIAL. Principal representante: CLAUDE LÉVI-STRAUSS (1908, belga): principal representante do funcionalismo e criador do MÉTODO ESTRUTURALISTA antropológico francês. Foi o fundador da Antropologia Estruturalista. Nasceu na Bélgica, mas fez seus estudos em Direito e em Filosofia na Sorbonne, em Paris. Não completou os estudos em Direito, obteve a licenciatura em Filosofia em 1931. Lévi-Strauss integrou uma missão cultural ao Brasil na década de 1930, a pedido do governo de Getúlio Vargas. A influência dessa comitiva é até hoje marcante na cultura intelectual da Universidade de São Paulo (USP). Lecionou no Brasil de 1934 a 1939. Realizou pesquisas no sul de Mato Grosso e na Floresta Amazônica. Lévi-Strauss voltou à França em 1939 para tomar parte no esforço de guerra contra a Alemanha nazista. Após a capitulação francesa perante o nazismo, Lévi-Strauss viajou para Nova Iorque. Lecionou na New School for Social Research. Fundou, ao lado de Jacques Maritain, Henri Focillon e Roman Jakobson, a École Libre des Hautes Études, uma espécie de universidade-no-exílio de acadêmicos franceses. Suas relações com Jakobson ajudaram-no a formalizar sua perspectiva teórica (ambos são considerados pensadores centrais do estruturalismo). Ao retornar à França, em 1948, recebeu seu grau de Doutor pela Sorbonne, ao apresentar duas teses. Elas foram Família e vida social entre os Nambikwara e As estruturas elementares do parentesco. Esta última foi publicada no ano seguinte, consagrando-se como um dos mais importantes estudos de famílias já publicados. Examinou a organização familiar a partir da estrutura lógica das relações de parentesco. Enquanto antropólogos ingleses como Radcliffe-Brown argumentavam que o parentesco era baseado em um ancestral comum, Lévi-Strauss argumentava que o parentesco era baseado em na aliança entre duas famílias que se formava quando a mulher de um grupo se casava com o homem de outro. Em seu trabalho, LéviStrauss também levanta a questão de o incesto ser um marco de passagem do estado pré-cultural (ou da natureza) ao estado cultural no homem. Lévi-Strauss tornou-se um dos intelectuais franceses mais famosos ao publicar Tristes trópicos (Tristes tropiques), um livro autobriográfico sobre seu exílio na década de 1930 nos Estados Unidos da América. Foi nomeado para a cadeira de Antropologia Cultural no College de France em 1959. Por volta desse período, publicou Antropologia cultural (Anthropologie culturelle). Em 1962, Lévi-Strauss publicou aquele que para muitos é seu trabalho mais importante: O pensamento selvagem (La pensée sauvage). Na primeira parte do livro, descreve sua teoria da cultura e do pensamento. Na segunda parte, expande suas considerações numa teoria da história e da mudança social. Esta parte do livro rendeu a Lévi-Strauss um acalorado debate com Jean Paul Sartre sobre a natureza da liberdade humana. Lévi-Strauss passou a segunda metade da década de 1960 trabalhando em um projeto maior, um estudo apresentado em quatro volumes intitulado Mitológicas (Mythologiques). A obra O pensamento selvagem (La pensée sauvage) é um manifesto de sua teoria geral, enquanto a obra Mitológicas (Mythologiques) é uma extensa análise de exemplos. Lévi-Strauss é doutor honoris causa de diversas universidades pelo mundo. Atualmente, apesar de aposentado, continua a publicar, ocasionalmente, volumes de meditações sobre artes, música e poesia, bem como dados sobre sua extensa biografia. Atualmente, apesar de aposentado, continua a publicar, ocasionalmente, volumes de meditações sobre artes, música e poesia, bem como dados sobre sua extensa biografia. Referência bibliográfica: 6 ALVES, Elizete Lanzoni; SANTOS, Sidney Francisco Reis dos. Iniciação ao Conhecimento da Antropologia Jurídica. Florianópolis: Conceito, 2007. MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTTO, Zélia Maria Neves. Antropologia: Uma introdução. 6.ed. São Paulo: Atlas, 2005. 7