Idade Contemporânea Os séculos XX e XXI Idade Contemporânea “Se eu tivesse de resumir o século XX, diria que despertou as maiores esperanças já concebidas na história humana e destruiu todas as ilusões e ideais”, Yehudi Menuhin. O historiador Eric Hobsbawn chama o Século XX de breve, uma vez que suas questões fundamentais situam-se entre 1914 (Primeira Guerra Mundial) e 1991 (fim da URSS), o que permite dividi-lo em três momentos: Era das Catástrofes (1914-1945) – Guerras Mundiais, crise econômica e o Nazifacismo; Idade Contemporânea (...) três momentos: Era de Ouro (1945-1973) – Competição científico-militar das duas grandes potências, a Guerra Fria. Grande crescimento econômico: socialismo e Estado de Bem-estar Social. Descolonização da África. Era da Decomposição (1973-1991) – Crise e fim da União Soviética e decomposição do Estado de Bem-estar Social. Implantação do Neoliberalismo. Crise Econômica Mundial de 1973. Idade Contemporânea Se o século XX foi o século das utopias, o século XXI iniciou-se sob o signo da distopia. Capitalismo hegemônico, sem nenhuma contestação consistente; Mundialização dos meios de comunicação e dos costumes; Neoliberalismo também falha: crise de 2008; EUA e China como hegemonias; Crises ambientais; Terceira Revolução Industrial; Idade Contemporânea Se o século XX foi o século das utopias, o século XXI iniciou-se sob o signo da distopia. Proliferação de doenças psicológicas e da obesidade; Individualismo exacerbado; Busca desenfreada pelo prazer; Consumismo como projeto de vida; Desvalorização das experiências do passado; Crise das ideologias; Idade Contemporânea Se o século XX foi o século das utopias, o século XXI iniciou-se sob o signo da distopia. Falta de projetos coletivos; Desencantamento com o futuro. Todos esses elementos fazem parto do clima cultural conhecido como Pósmodernismo. Vocês se sentem assim? Primeira Guerra Mundial Transformações fundamentais no mundo: Europa perde sua primazia mundial; Liberalismo entra em crise; Inicio da contestação anticolonial; Primeira ruptura do capitalismo com a Rússia socialista; Foi responsável por outros conflitos: A Segunda Guerra Mundial (1939-1945); A Guerra Fria (1945-1989); O Confronto Árabe-Israelense; A Guerra da Bósnia (1992-1995). Primeira Guerra Mundial Trouxe o fim da euforia da Belle Époque e o sonho de que a Europa conhecia progresso e estabilidade intermináveis. Segunda Revolução Industrial: de civilização e racionalidade à potencial destrutivo e selvagem. Racionalidade científica poderia ser utilizada para a aniquilação da humanidade. As causas do conflito Questões anteriores: Consolidação da Inglaterra como potência hegemônica mundial após as Guerras Napoleônicas – Pax Britannica. Desgaste da hegemonia britânica após 1870: Segunda Revolução Industrial; Ascenção de novas potências (Alemanha, Japão e EUA); Fortalecimento do movimento operário; Emergência dos nacionalismos; Imperialismo. As causas do conflito Questões anteriores: Entre 1871 e 1914, a Europa viveu um estado de tensão permanente: cada potência visava preservar e ampliar seu poder, promovendo investimentos na área bélica e alianças militares e diplomáticas – esse período foi chamado de Paz Armada. As causas do conflito - Alemanha 1871: unificação da Alemanha e proclamação do 2º Reich (2º Império); Rico, industrial e centralizado, o país arma-se com o objetivo de ocupar o lugar da Inglaterra; Intenção: expansão da influência no Leste europeu e nos Balcãs e entrar na disputa imperialista por colônias; Consequente choque com ingleses e franceses; Quando a Alemanha assume essa política, a divisão do mundo colonial já estava no fim. Nesse sentido, a conquista de sua ambição teria que vir pela agressão. As causas do conflito - Alemanha Weltpolitik (“política mundial”, em alemão): construção da estrada de ferro Berlim-Bagdá, entrada no mercado asiático, garantia de petróleo; Ideologia pangermanista: A Grande Alemanha, com sua kultur superior às outras; Alianças: o século XIX, as grandes potências europeias tinham percorrido um longo caminho para manter o equilíbrio de poder em toda a Europa, resultando na existência de uma complexa rede de alianças políticas e militares em todo o continente por volta de 1900. Estes começaram em 1815, com a Santa Aliança entre Reino da Prússia, Império Russo e Império Austríaco. As causas do conflito - Alemanha Alianças: Então, em outubro de 1873, o chanceler alemão Otto von Bismarck negociou a Liga dos Três Imperadores entre os monarcas da Áustria-Hungria, Rússia e Alemanha. Este acordo falhou porque a Áustria-Hungria e a Rússia tinham interesses conflitantes nos Bálcãs, o que fez com que a Alemanha e Áustria-Hungria formassem uma aliança em 1879, chamada de Aliança Dua. Isto foi visto como uma forma de combater a influência russa nos Bálcãs, enquanto o Império Otomano continuava a se enfraquecer. Em 1882, esta aliança foi ampliada para incluir a Itália no que se tornou a Tríplice Aliança. As causas do conflito – Alemanha Alianças: Depois de 1870, um conflito europeu foi evitado em grande parte através de uma rede de tratados cuidadosamente planejada entre o Império Alemão e o resto da Europa, orquestrada por Bismarck. Ele trabalhou especialmente para manter a Rússia ao lado da Alemanha, para evitar uma guerra de duas frentes com a França e a Rússia. Quando Guilherme II subiu ao trono como imperador alemão, Bismarck foi obrigado a se aposentar e seu sistema de alianças foi gradualmente enfatizado. Por exemplo, o kaiser se recusou a renovar o Tratado de Resseguro com a Rússia em 1890. As causas do conflito – França e Inglaterra Alianças: Dois anos mais tarde, a Aliança Franco-Russa foi assinada para contrabalançar a força da Tríplice Aliança. Em 1904, o Reino Unido assinou uma série de acordos com a França, a Entente Cordiale, e em 1907, o Reino Unido e a Rússia assinaram a Convenção AngloRussa. Embora estes acordos não tenham aliado o Reino Unido com a França ou a Rússia formalmente, eles forçariam a entrada britânica em qualquer conflito futuro envolvendo a França ou a Rússia e o sistema de inter travamento dos acordos bilaterais se tornou conhecido como a Tríplice Entente. As causas do conflito – Império AustroHúngaro Potência decadente, destroçada por guerra; Múltiplas nacionalidades: instabilidades pelos nacionalismos; Sofriam com a incitação do Império Russo e a Servia por movimentos independentistas: pan-eslavismo. As causas do conflito – Rússia Agrário, mas com relativo crescimento econômico; Pan-eslavismo: ideia de papel de protetor dos povos eslavos nos Balcãs, contra os Austríacos e Turco-Otomanos; Disso, uma crescente rivalidade; Tentativa de controle dos Estreitos de Bósforo e Dardanelos, esse último para acessar o Mar Mediterrâneo, gerando tensão com os alemães. As causas do conflito – Império TurcoOtomano Sultanato decadente, o Império era conhecido como “o homem doente da Europa”; Governo de povos não turcos que reivindicavam independência; Sofria pressão da Rússia e da Sérvia sobre seus territórios nos Balcãs; Ingleses e franceses queriam transformar o Oriente Médio em colônias; Vários países queriam partilhar o decadente Império. As causas do conflito – Sérvia Recém-independente, queria libertar os povos eslavos submetidos por otomanos e austríacos para formar a Grande Sérvia (Iugoslávia); Grupos secretos nacionalistas passaram a fazer propaganda de ações terroristas contra os dominadores; União ou morte -> Mão Negra. Contra Áustria e Turquia, a Rússia alia-se à Sérvia, apoiando a unificação dos povos eslavos. As causas do conflito – conclusão Choque de interesses imperialistas das potencias europeias; Produto da combinação de competição: Econômica; Nacionalismo; Rivalidades coloniais; Sonhos expansionistas. As disputas em torno dos impérios coloniais foram fundamentais para a Guerra. As causas do conflito – conclusão Lênin: “A guerra europeia, preparada durante dezenas de anos pelos governos e partidos burgueses de todos os países, começou. O crescimento dos armamentos; a exacerbação da luta pelos mercados no atual estado imperialista de desenvolvimento dos países capitalistas avançados; os interesses dinásticos das monarquias mais atrasadas – as da Europa ocidental – tinham de, inevitavelmente, conduzir à guerra, e conduziram.” As causas do conflito – conclusão Principais fatores: Disputa industrial, comercial e colonial entre Inglaterra, Alemanha e França; O revanchismo francês desejoso de recuperar as províncias de AlsáciaLorena; A politica de poder mundial adota pela Alemanha; A luta pela autonomia das múltiplas nacionalidades submetidas aos turcos e aos austríacos; As ambições da Sérvia de unificar os povos eslavos sob a Grande Sérvia; As causas do conflito – conclusão Principais fatores: As ambições russas de tornar o mundo eslavo sua área de influência e controlar os estreitos de Bósforo e Dardanelos; Os interesses das grandes potências de partilhar os despojos do Império Turco-Otomano. Exercício A partir das questões trabalhadas em aula, em duplas ou trios, começar um narrativa ficcional não fantasiosa que transmita os elementos que compunham o cenário pré-Primeira Guerra Mundial. Prenúncios da guerra O conflito armado A virada de 1917 e o fim da Guerra As consequências da Guerra e os Tratados de Paz Consequências: Morte de 8 milhões de soldados e 9 milhões de civis; 20 milhões de inválidos; 10 milhões de dólares por hora já em 1918; Na Europa: Produção industrial caiu 40%; Produção agrícola caiu 30%; Novo papel da mulher: trabalhadora fabril, adquiri maior consciência de seus interesses; Gripe espanhola; 20 milhões de mortos em 28 países. As consequências da Guerra e os Tratados de Paz Consequências: Fim do predomínio europeu sobre o mundo; EUA como grandes beneficiados – a maior potência do globo: Território poupado; Triplicou suas exportações; Credor mundial; Rússia Socialista surge como uma alternativa concreta ao capitalismo; Japão também se fortalece e ocupa o lugar da Inglaterra nos mercados do Pacífico; As consequências da Guerra e os Tratados de Paz Consequências: Na América: Alguns países desenvolvem sua própria indústria para substituir as importações europeias; Passaram definitivamente para a influência geopolítica estado-unidense. As consequências da Guerra e os Tratados de Paz Em meados de 1918, iniciaram-se as conversações de paz, em que predominaram as decisões dos Três Grandes: Woodrow Wilson (Estados Unidos); Georges Clemenceau (França); Llyod George (Grã-Bretanha). Em janeiro de 1918, Woodrow Wilson propôs 14 pontos para a paz: Manutenção da liberdade econômica e comercial de todos os países; Abolição da diplomacia secreta; As consequências da Guerra e os Tratados de Paz Em janeiro de 1918, Woodrow Wilson propôs 14 pontos para a paz: Diminuição dos armamentos nacionais; Autonomia dos povos submetidos aos turcos e aos austríacos; Regulação imparcial das questões coloniais; Manutenção do direito de todas as nações de constituírem seu próprio Estado livre de tutela estrangeira; Criação da Sociedade Geral das Nações, que garantiria a independência política e territorial de todos os Estados. As consequências da Guerra e os Tratados de Paz Wilson era defensor de uma paz sem vingança, que evitasse o surgimento de novos conflitos, mas a maioria de suas propostas foram recusadas. No entanto, formou-se a Liga ou Sociedade das Nações (embrião da atual ONU), com o objetivo de arbitrar as relações internacionais para evitar guerras, mas, em funcionamento, a Liga provou ter pouco poder de ação. No tratado de paz, a Alemanha foi considerada a grande culpada pela Guerra, e assim, deveria ser punida, obrigada a assinar o Tratado de Versalhes: As consequências da Guerra e os Tratados de Paz (...) assinar o Tratado de Versalhes: Cláusulas Territoriais: Perda de todas as colônias para a França e a Inglaterra; Região da Alsácia-Lorena retorna para a França, ocupa a Renana e recebe o monopólio das minas de carvão de Sarre por 15 anos; Eupen e Malmedy ficam para a Bélgica; Schleswig fica para a Dinamarca; Polônia torna-se independente e ganha trechos da Prússia Oriental e um “corredor” no solo alemão para acessar o mar; Alemanha perde no total 1/7 do território e 10% da população (6,5 milhões de habitantes. As consequências da Guerra e os Tratados de Paz (...) assinar o Tratado de Versalhes: Cláusulas Militares: Exército alemão: Máximo de 100 mil soldados; Sem armamento estratégico, como artilharia pesada, blindados; submarinos e força áerea; Marinha alemã entregue à Inglaterra e afundada na costa britânica. Cláusulas Morais e Financeiras: Alemanha teve que reconhecer sua responsabilidade pela eclosão do conflito e assumir integralmente a culpa pelos prejuízos causados aos governos aliados e a seus cidadãos; Indenização de 132 bilhões de marcos, o triplo de seu PIB. As consequências da Guerra e os Tratados de Paz Obrigada a aceitar o Tratado, a Alemanha foi ameaçada de invasão caso não o assinasse. Em vez de acabarem com sentimentos revanchistas, essas medidas representaram a ruína e a humilhação da Alemanha. O sentimento de humilhação, a crise econômica e o fato de o Estado alemão ter se rendido antes de ser invadido foram fatores explorados pelo nacionalismo de Adolf Hitler. As consequências da Guerra e os Tratados de Paz Do mesmo modo, as condições foram injustas para a Itália, que, apesar de ter sofrido muitas baixas nas batalhas, não foi atendida em suas pretensões imperialistas. As frustrações italianas foram posteriormente exploradas pelo Fascismo de Mussolini. Apesar disso, os italianos anexaram os territórios austríacos na Península Itálica e completaram seu processo de unificação. A Bulgária cedeu a Trácia para a Grécia, a Macedônia para a Iugoslávia e a Dobrdjia para a Romênia. As consequências da Guerra e os Tratados de Paz Pelo Tratado de Saint-Germain e pelo Tratado de Trianon, o Império Austrohúngaro desapareceu e fragmentou-se em: Hungria; Tchecoslováquia; Iugoslávia. Nesses Estados, a aglutinação de várias nacionalidades gerou vários confrontos em momentos posteriores. A Áustria, que entregou as regiões da Península Itálica para os italianos e outros territórios para a Polônia, antes um império, tornou-se um pequeno páís. As consequências da Guerra e os Tratados de Paz Pelo Tratado de Sèvres e Lausanne, o Império Turco-Otomano reconheceu a perda de todos os povos não turcos e deus territórios no Oriente-Médio, que se tornaram colônias europeias. Os franceses assumiram o controle da Síria e do Líbano. Os ingleses da Palestina, da Jordânia e do Iraque. O que restou do antigo Império tornou-se a República da Turquia, primeiro Estado muçulmano laico. As trincheiras Mapa geopolítico da Primeira Guerra A arte em tempos de guerra Em 1916, o Dadaísmo tomou forma em Zurique como um angustiado e irônico protesto contra a Primeira Guerra Mundial e a sociedade que a incubara. Teve origem no Cabaret Voltaire com um grupo de escritores e artistas plásticos liderados por Tristan Tzara, Hugo Ball E Hans Arp. O Dadaísmo rejeitava toda lógica formal e arte burguesa, em valorização do absurdo e da indignação pública. A exposição de Marcel Duchamp (1887-1968) de um mictório encaixava-se no espírito da arte dadaísta. A arte em tempos de guerra A fonte, de Marcel Duchamp. A arte em tempos de guerra Em 1924, o Surrealismo apareceu com a publicação do Manifesto Surrealista, do poeta e crítico parisiense André Breton. O Surrealismo rejeitava a arte convencional e os escândalos públicos e clamava pela imaginação e pela formação de uma arte baseada no inconsciente, revelado pela psicanálise de Freud. Trata-se de uma arte que reconhecia a capacidade de imaginação espontânea, buscando extrair uma coesão do incoerente e removendo da mente do artista qualquer feio do espírito crítico da razão humana. Alguns trabalhos de Salvador Dali consistiam, mais ou menos, em uma transição direta e fotográfica de um sonho. A arte em tempos de guerra A persistência da memória, do surrealista Salvador Dali. A arte em tempos de guerra Cisnes refletindo elefantes, do surrealista Salvador Dali. Revisão