Simpósio vai debater tecnologias para tratamento da dor Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) cerca de 30% da população do planeta sofrem com dores crônicas O tormento provocado pela dor atinge milhões de pessoas no mundo inteiro. A queixa mais freqüente dos pacientes que procuram a emergência médica é justamente a dor. Ela pode ser um sofrimento intenso, com dificuldades para sua avaliação e controle, tem diversas causas e se relaciona com fatores que vão de orgânicos a culturais e psicológicos. Para debater tecnologias e tratamentos contra a dor, o Serviço de Anestesiologia do Hospital do Câncer I, do Instituto Nacional de Câncer (Inca), promove no dia 2 de julho o 1º Simpósio de Dor. O evento terá a participação de diversos especialistas. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que a dor crônica, aquela que não depende necessariamente de uma lesão, atinge cerca de 30% da população mundial. Para os brasileiros, o tormento também é grande. Cerca de 50 milhões de pessoas enfrentam este sofrimento no país. A falta de informação ainda pode contribuir para que o tratamento da dor não seja tão eficaz quanto deveria. As dores podem ser de dois tipos: aguda e crônica. A dor aguda é provocada por uma lesão. Já a crônica independe de uma lesão. Dentro do Inca, o Hospital do Câncer I possui em seu Serviço de Anestesiologia uma clínica que atua na chamada dor perioperatória, aquela relacionada a uma cirurgia. A área trata e acompanha o período pós-operatório de pacientes submetidos a cirurgias de grande porte, em que a dor pode ser intensa. O setor utiliza técnicas analgésicas de ponta, como a bomba de infusão e o cateter epidural e drogas potentes. Conhecimento – O evento promovido pelo Inca vai valorizar a questão da informação para tratamento da dor. A anestesia como prevenção da dor, inflamação, técnicas analgésicas, efeitos adversos, uso clínico da metadona e dor crônica no paciente oncológico (com câncer) são alguns dos assuntos na pauta do simpósio. O evento contará com a presença de profissionais como Roberto Bastos da Serra Freire, presidente da Sociedade Brasileira de Anestesiologia; Henri Braunstein, presidente da Sociedade de Anestesiologia do Estado do Rio de Janeiro; Rita Byington, diretora do Inca; e Paulo Sérgio Gomes Lavinas, supervisor do Serviço de Anestesiologia do Hospital do Câncer I, também do Inca. De acordo com a doutora Beatriz do Céu Nunes, anestesiologista e coordenadora da clinica de analgesia perioperatória do Hospital do Câncer I e uma das organizadoras do evento, nos últimos 20 anos, o tratamento da dor vem ganhando cada vez mais atenção da comunidade cientifica e dos serviços de saúde. A dor pode não estar associada a uma causa orgânica detectável. Segundo ela, é preciso uma avaliação criteriosa para fazer o diagnóstico. E muitas vezes a dor relatada pelo paciente não parece compatível com o estado clínico dele. “A dor pode não estar associada necessariamente a um fator orgânico. Pode ter relação, por exemplo, com uma piora na qualidade de vida do paciente”, diz Beatriz do Céu Nunes. Dados da Associação Brasileira para Estudos da Dor (SBED) mostram que a dor afeta pelo menos 30% dos indivíduos em alguma parte da sua vida. Em 10% a 40% deles, a sensação tem duração superior a 24 horas. “Pesquisas nos Estados Unidos mostram que naquele país cerca de 31% da população, ou 86 milhões de norte-americanos, sofrem com dor crônica. Desse total, 65 milhões apresentam incapacidade total ou parcial para trabalhar e exercer atividades mais simples do dia-a-dia”, exemplifica o presidente da SBED, o médico Newton Barros. Para os pacientes com câncer, a dor está inevitavelmente associada a uma das mais violentas manifestações da doença. A OMS estima que todos os anos surgem até 17 milhões de novos casos de câncer no mundo. Metade desses pacientes não sobrevive. Dos que escapam da morte, 70% sofrem dores crônicas, de níveis que vão do moderado ao insuportável. A OMS afirma que é possível controlar mais de 90% dessas dores se o paciente receber o tratamento devido. “A dor crônica ainda é difícil de diagnosticar, principalmente pelo desconhecimento dos sintomas e causas por parte dos profissionais de saúde”, enfatiza Newton Barros. Alerta – Em 1986, a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) definiu a dor como uma “experiência sensorial e emocional desagradável, associada a lesões reais ou potenciais”. Segundo essa tese, “a dor é sempre subjetiva e cada indivíduo aprende a utilizar este termo através de suas experiências”. Para a doutora Beatriz do Céu Nunes a dor não pode ser encarada apenas como um problema físico. “Há vários componentes relacionados à sensação de dor. Aspectos orgânicos não são dissociados do caráter psicológico e das vivências do paciente”, explica. Para os especialistas a dor aguda funciona como uma espécie de alerta que é ligado quando algo não vai bem no organismo. Logo após um traumatismo ou uma infecção, por exemplo, as terminações nervosas existentes no local afetado conduzem o estímulo doloroso por nervos (como se fossem fios telefônicos) até a medula espinhal. Deste local, o estímulo (a mensagem) é levado até diferentes regiões do cérebro, onde é percebido como dor e transformado em respostas a este estímulo inicial. Esse mecanismo tem sua atividade regulada por um conjunto de substâncias produzidas no sistema nervoso, que se constitui no chamado sistema modulador de dor. Algumas dessas substâncias agem sobre o sistema de transmissão da dor, aumentando ou diminuindo a sensação dolorosa. Serviço 1º Simpósio de Dor, no dia 2 de julho. Local Instituto Nacional de Câncer Auditório Moacyr Santos Silva (8º andar) e Auditórios 1 e 2 (4º andar) Praça Cruz Vermelha, 23 Centro - Rio de Janeiro Público alvo Médicos, enfermeiros e fisioterapeutas Informações Centro de Estudos do HC I - INCA Praça Cruz Vermelha, 23/8º andar Centro, RJ Tel: (0xx21) 2506-6152 E-mail: [email protected] Serviço de Anestesia Tel: (0xx21) 2506-6114 Inscrições De 10 de maio a 24 de junho de 2005 através de formulário on line. Para preencher o formulário de inscrição on line, clique no ícone no canto superior direito da página Cuidados paliativos melhoram qualidade de vida Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), cuidados paliativos são uma abordagem para melhorar a qualidade de vida dos pacientes que enfrentam doenças com risco de morte e de seus familiares. A Medicina Paliativa trabalha com a prevenção e o alívio do sofrimento a partir do diagnóstico. O Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Rio de Janeiro, já dispõe de uma unidade especializada em cuidados paliativos: o Hospital do Câncer IV. A meta das autoridades de saúde do país é difundir e implementar a experiência no Sistema Único de Saúde (SUS). O Hospital do Câncer IV foi inaugurado no bairro carioca de Vila Isabel em novembro de 1998, como o Centro de Suporte Terapêutico Oncológico (CSTO). Essa unidade dispõe de 56 leitos. A cada ano realiza cerca de 4,8 mil atendimentos ambulatoriais e de emergência e em torno de nove mil consultas domiciliares. O Hospital do Câncer IV é o único no estado do Rio a atuar nessa especialidade. Além dele, alguns centros de alta complexidade no resto do País realizam esse tipo de atendimento. As equipes do Hospital do Câncer IV são formadas por médicos, fisioterapeutas, psicólogos e assistentes sociais. Eles identificam problemas de ordem física, psíquica, social e espiritual no paciente. Não são apenas conseqüências das doenças, mas também dos efeitos colaterais de tratamentos como a quimioterapia. Entre os efeitos estão a falta de ar, as náuseas, a dor, a febre, o desânimo e a depressão. Cerca de 70% das pessoas que têm câncer sentem dor. Os cuidados paliativos são ministrados a todos os pacientes do Inca e não apenas àqueles em estado terminal. A Medicina Paliativa é considerada, na atualidade, um apoio essencial para a Oncologia (especialidade médica que trata o câncer). O uso da Medicina Paliativa no tratamento de doenças graves está diretamente ligado à Política Nacional de Humanização do SUS (HumanizaSUS) e ao princípio da integralidade do Sistema Único de Saúde. A atenção integral inclui, além dos cuidados médicos e da assistência psicológica à vítima da doença e a seus familiares, um serviço de caráter social. O assistente social informa o paciente sobre os direitos que lhe são assegurados pela lei. Poucos pacientes sabem de benefícios aos quais têm direito, como a aposentadoria por invalidez, o auxílio-doença, a isenção de alguns impostos e o saque do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).