A raiva humana é uma grande preocupação para as autoridades de

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Brasil atento à raiva humana
Provocada por mamíferos, como cães e gatos, doença leva à morte.
Vacinar animais domésticos ajuda na prevenção
A raiva é uma doença infecciosa causada por um vírus que atinge somente
os mamíferos, inclusive o homem. Apresenta letalidade de 100%, ou seja, todos
os casos registrados levam à morte. A transmissão acontece pelo contato da
vítima com a saliva do animal infectado pelo vírus da raiva (lyssavirus). O vírus
entra no organismo humano através da pele ferida por mordidas ou arranhões ou
pelo simples contato com as mucosas. O Brasil desenvolve medidas para combate
à doença.
No ano passado, a raiva matou 44 pessoas no país, mas, em 2006, dados
parciais indicam tendência de queda. “De janeiro a outubro, foram notificados seis
casos de raiva humana”, informa o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério
da Saúde, Fabiano Pimenta. “Mesmo com essa tendência de queda, precisamos
estar atentos para evitar que o número de casos volte a subir”, observa.
Embora haja ocorrência de casos de raiva em diversas áreas, a maioria se
concentra nos ambientes rurais, onde em 2004 e 2005 o principal animal
transmissor foi o morcego hematófago (que se alimenta de sangue). A doença
também pode ser disseminada em áreas rurais por animais como o macaco, a
raposa e o guaxinim.
Controle – Nas cidades, os transmissores mais freqüentes da raiva são o cão e o
gato, por viverem em contato com o homem. A raiva humana transmitida por cão,
chamada de “variante 2”, está próxima de ser controlada no Brasil. Entre 1990 e
2006 houve redução de 92% dos casos de raiva humana e de 91% na incidência
da raiva canina.
Segundo Fabiano Pimenta, a primeira medida capaz de salvar vidas se a
pessoa for atacada por um cão suspeito de raiva ou raivoso é a busca imediata de
socorro em centros de saúde próximos, mesmo que não haja indícios da doença
no animal. “Ao ser examinada, a vítima da agressão poderá receber o tratamento
mais adequado, de acordo com a gravidade”, diz Fabiano Pimenta. Antes de ir ao
médico, a vítima pode lavar a ferida com grande quantidade de água e sabão, o
que ajuda a matar o vírus no local e reduz a chance de infecção.
Em caso de ataque, o paciente pode tomar a vacina ou o soro anti-rábicos.
A indicação do número de doses da vacina e a aplicação do soro variam de
acordo com a gravidade da agressão e devem ser feitos por profissionais de
saúde. Daí a importância em procurar assistência médica, em caso de mordida ou
contato com animal possivelmente raivoso. A vacina contém o antígeno, partícula
ou molécula que estimula a produção de anticorpos para defesa da vítima. Já o
soro é o próprio anticorpo.
A raiva nos animais domésticos se manifesta por vários sintomas, como
mudança de comportamento, salivação em grande quantidade, paralisia dos
membros traseiros e fotofobia (aversão à luz). Nos humanos, também podem
ocorrer esses sintomas, além de febre e alterações neurológicas que levam,
posteriormente, a uma confusão mental e, finalmente, ao estado de coma seguido
de morte.
Prevenção – Em 2005, o Ministério da Saúde gastou com as ações de vigilância
epidemiológica para raiva cerca de R$ 66,4 milhões. Esses recursos serviram para
medidas como a realização de campanhas de vacinação e a aquisição de
imunobiológicos.
O Ministério da Saúde trabalha em parceria com as secretarias municipais e
estaduais de saúde para combater a raiva, promovendo a divulgação de
informações sobre a doença na mídia, campanhas anuais de vacinação dos
animais domésticos e a captura de animais de rua, por serem considerados
perigosos para a saúde pública. “Queremos eliminar a raiva transmitida por
animais domésticos até o ano de 2010”, afirma Fabiano Pimenta.
Junto a essas ações, o Ministério da Saúde também aposta na capacitação
de profissionais para que eles alertem a população sobre os cuidados e riscos
com a doença e para garantir o atendimento mais adequado aos pacientes
agredidos por animais raivosos. A capacitação acontece por meio de palestras
educativas, dirigidas a auxiliares de enfermagem e agentes comunitários de
saúde.
O secretário de Vigilância em Saúde explica que, mesmo após a raiva ser
controlada por meio da vacinação dos animais domésticos, é preciso buscar uma
eficiente vigilância epidemiológica dos casos transmitidos por animais silvestres.
Assim, será possível evitar novos surtos, como os ocorridos no ano passado nos
estados do Pará e Maranhão, onde foram registrados 41 casos da doença.
Para tratar dos avanços científicos na luta contra a raiva e dividir
experiências em relação ao controle da doença, o Ministério da Saúde do Brasil,
com apoio de um comitê científico internacional, promoveu de 15 a 20 de outubro
de 2006, em Brasília, a XVII Reunião Internacional de Raiva nas Américas (RITA).
Doença lesa sistema nervoso
O período de incubação do vírus da raiva – que ocorre entre o ataque e o
início dos sintomas – varia, em média, de dez dias a dois meses. Após surgirem
os sintomas da doença, o quadro é irreversível.
A raiva lesa o sistema nervoso central e leva à morte após o curto período
de sua evolução. No homem, o primeiro sintoma é uma febre de pouca
intensidade (38º) acompanhada de dor de cabeça e depressão nervosa. Em
seguida, a temperatura fica mais elevada, indo de 40º a 42º. “Mal-estar,
formigamento, perda de sensibilidade no local agredido e náuseas são outros
indícios da contaminação”, exemplifica Fabiano Pimenta.
Durante três dias, em média, a vítima permanece inquieta e agitada. No
período de extrema excitação, ela pode apresentar ataques de terror e depressão,
tendência a provocar atos de agressividade, com acessos de fúria, acompanhados
de alucinações visuais e auditivas, além de baba e delírio.
No próximo estágio da evolução da doença, o infectado torna-se hidrófobo
(tem dificuldades para beber água), sofre espasmos (contração involuntária e não
ritmada do músculo) dolorosos na laringe e faringe e passa a respirar e engolir
com dificuldade. Os espasmos estendem-se a outros músculos depois. Acontece
ainda a paralisia flácida da face, tronco, extremidades dos membros, língua,
músculos da deglutição e oculares. A raiva segue com tremores generalizados,
taquicardia e parada de respiração.
O cachorro apresenta alterações sutis de comportamento e anorexia (perda
do apetite). Começa a se esconder, parece desatento e, às vezes, não atende ao
próprio dono. Ocorrem, então, ligeiros aumentos na temperatura corpórea do
animal, dilatação das pupilas e os reflexos oculares ficam lentos. No caso dos
felinos, a raiva se apresenta, na maioria das vezes, de forma furiosa e com demais
sintomas similares aos do cão.
Animais agressores devem ser postos em isolamento
Ao identificar cães e gatos com suspeita de raiva, os donos devem evitar ao
máximo o contato físico e isolar os animais. Em seguida, precisam chamar ajuda
especializada, que pode ser de técnicos do centro de controle de zoonoses local
ou de um veterinário da secretária municipal de saúde para que as providências
adequadas sejam adotadas.
Cães e gatos sadios, de donos conhecidos, devem ser confinados por dez
dias após a mordida, para observação de sintomas da raiva. Caso o animal
apresente mudança de comportamento ou morra nesse período, deve-se informar
a Secretaria de Saúde para encaminhar esse animal para exame laboratorial. Se o
resultado do exame no animal for positivo para raiva, a vítima tem de procurar a
assistência médica para, se necessário, receber o tratamento anti-rábico humano.
O cachorro ou gato já vacinado, se mordido comprovadamente por um
animal raivoso ou silvestre, em uma área onde há casos de raiva, deve ser
revacinado e observado por no mínimo 90 dias. No caso de animais não
vacinados, recomenda-se a eutanásia (morte sem sofrimento).
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