ATENÇÃO Caso o seu veículo publique – parcialmente ou na íntegra – esta matéria de serviço, envie-nos uma cópia da edição. O endereço é o SCN Quadra 5 Bloco “A” Torre Norte, sala 417, Edifício Brasília Shopping, Brasília (DF). CEP: 70715-900. Obrigado. Brasil atento à raiva humana Provocada por mamíferos, como cães e gatos, doença leva à morte. Vacinar animais domésticos ajuda na prevenção A raiva é uma doença infecciosa causada por um vírus que atinge somente os mamíferos, inclusive o homem. Apresenta letalidade de 100%, ou seja, todos os casos registrados levam à morte. A transmissão acontece pelo contato da vítima com a saliva do animal infectado pelo vírus da raiva (lyssavirus). O vírus entra no organismo humano através da pele ferida por mordidas ou arranhões ou pelo simples contato com as mucosas. O Brasil desenvolve medidas para combate à doença. No ano passado, a raiva matou 44 pessoas no país, mas, em 2006, dados parciais indicam tendência de queda. “De janeiro a outubro, foram notificados seis casos de raiva humana”, informa o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Fabiano Pimenta. “Mesmo com essa tendência de queda, precisamos estar atentos para evitar que o número de casos volte a subir”, observa. Embora haja ocorrência de casos de raiva em diversas áreas, a maioria se concentra nos ambientes rurais, onde em 2004 e 2005 o principal animal transmissor foi o morcego hematófago (que se alimenta de sangue). A doença também pode ser disseminada em áreas rurais por animais como o macaco, a raposa e o guaxinim. Controle – Nas cidades, os transmissores mais freqüentes da raiva são o cão e o gato, por viverem em contato com o homem. A raiva humana transmitida por cão, chamada de “variante 2”, está próxima de ser controlada no Brasil. Entre 1990 e 2006 houve redução de 92% dos casos de raiva humana e de 91% na incidência da raiva canina. Segundo Fabiano Pimenta, a primeira medida capaz de salvar vidas se a pessoa for atacada por um cão suspeito de raiva ou raivoso é a busca imediata de socorro em centros de saúde próximos, mesmo que não haja indícios da doença no animal. “Ao ser examinada, a vítima da agressão poderá receber o tratamento mais adequado, de acordo com a gravidade”, diz Fabiano Pimenta. Antes de ir ao médico, a vítima pode lavar a ferida com grande quantidade de água e sabão, o que ajuda a matar o vírus no local e reduz a chance de infecção. Em caso de ataque, o paciente pode tomar a vacina ou o soro anti-rábicos. A indicação do número de doses da vacina e a aplicação do soro variam de acordo com a gravidade da agressão e devem ser feitos por profissionais de saúde. Daí a importância em procurar assistência médica, em caso de mordida ou contato com animal possivelmente raivoso. A vacina contém o antígeno, partícula ou molécula que estimula a produção de anticorpos para defesa da vítima. Já o soro é o próprio anticorpo. A raiva nos animais domésticos se manifesta por vários sintomas, como mudança de comportamento, salivação em grande quantidade, paralisia dos membros traseiros e fotofobia (aversão à luz). Nos humanos, também podem ocorrer esses sintomas, além de febre e alterações neurológicas que levam, posteriormente, a uma confusão mental e, finalmente, ao estado de coma seguido de morte. Prevenção – Em 2005, o Ministério da Saúde gastou com as ações de vigilância epidemiológica para raiva cerca de R$ 66,4 milhões. Esses recursos serviram para medidas como a realização de campanhas de vacinação e a aquisição de imunobiológicos. O Ministério da Saúde trabalha em parceria com as secretarias municipais e estaduais de saúde para combater a raiva, promovendo a divulgação de informações sobre a doença na mídia, campanhas anuais de vacinação dos animais domésticos e a captura de animais de rua, por serem considerados perigosos para a saúde pública. “Queremos eliminar a raiva transmitida por animais domésticos até o ano de 2010”, afirma Fabiano Pimenta. Junto a essas ações, o Ministério da Saúde também aposta na capacitação de profissionais para que eles alertem a população sobre os cuidados e riscos com a doença e para garantir o atendimento mais adequado aos pacientes agredidos por animais raivosos. A capacitação acontece por meio de palestras educativas, dirigidas a auxiliares de enfermagem e agentes comunitários de saúde. O secretário de Vigilância em Saúde explica que, mesmo após a raiva ser controlada por meio da vacinação dos animais domésticos, é preciso buscar uma eficiente vigilância epidemiológica dos casos transmitidos por animais silvestres. Assim, será possível evitar novos surtos, como os ocorridos no ano passado nos estados do Pará e Maranhão, onde foram registrados 41 casos da doença. Para tratar dos avanços científicos na luta contra a raiva e dividir experiências em relação ao controle da doença, o Ministério da Saúde do Brasil, com apoio de um comitê científico internacional, promoveu de 15 a 20 de outubro de 2006, em Brasília, a XVII Reunião Internacional de Raiva nas Américas (RITA). Doença lesa sistema nervoso O período de incubação do vírus da raiva – que ocorre entre o ataque e o início dos sintomas – varia, em média, de dez dias a dois meses. Após surgirem os sintomas da doença, o quadro é irreversível. A raiva lesa o sistema nervoso central e leva à morte após o curto período de sua evolução. No homem, o primeiro sintoma é uma febre de pouca intensidade (38º) acompanhada de dor de cabeça e depressão nervosa. Em seguida, a temperatura fica mais elevada, indo de 40º a 42º. “Mal-estar, formigamento, perda de sensibilidade no local agredido e náuseas são outros indícios da contaminação”, exemplifica Fabiano Pimenta. Durante três dias, em média, a vítima permanece inquieta e agitada. No período de extrema excitação, ela pode apresentar ataques de terror e depressão, tendência a provocar atos de agressividade, com acessos de fúria, acompanhados de alucinações visuais e auditivas, além de baba e delírio. No próximo estágio da evolução da doença, o infectado torna-se hidrófobo (tem dificuldades para beber água), sofre espasmos (contração involuntária e não ritmada do músculo) dolorosos na laringe e faringe e passa a respirar e engolir com dificuldade. Os espasmos estendem-se a outros músculos depois. Acontece ainda a paralisia flácida da face, tronco, extremidades dos membros, língua, músculos da deglutição e oculares. A raiva segue com tremores generalizados, taquicardia e parada de respiração. O cachorro apresenta alterações sutis de comportamento e anorexia (perda do apetite). Começa a se esconder, parece desatento e, às vezes, não atende ao próprio dono. Ocorrem, então, ligeiros aumentos na temperatura corpórea do animal, dilatação das pupilas e os reflexos oculares ficam lentos. No caso dos felinos, a raiva se apresenta, na maioria das vezes, de forma furiosa e com demais sintomas similares aos do cão. Animais agressores devem ser postos em isolamento Ao identificar cães e gatos com suspeita de raiva, os donos devem evitar ao máximo o contato físico e isolar os animais. Em seguida, precisam chamar ajuda especializada, que pode ser de técnicos do centro de controle de zoonoses local ou de um veterinário da secretária municipal de saúde para que as providências adequadas sejam adotadas. Cães e gatos sadios, de donos conhecidos, devem ser confinados por dez dias após a mordida, para observação de sintomas da raiva. Caso o animal apresente mudança de comportamento ou morra nesse período, deve-se informar a Secretaria de Saúde para encaminhar esse animal para exame laboratorial. Se o resultado do exame no animal for positivo para raiva, a vítima tem de procurar a assistência médica para, se necessário, receber o tratamento anti-rábico humano. O cachorro ou gato já vacinado, se mordido comprovadamente por um animal raivoso ou silvestre, em uma área onde há casos de raiva, deve ser revacinado e observado por no mínimo 90 dias. No caso de animais não vacinados, recomenda-se a eutanásia (morte sem sofrimento).