O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PFL-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras e Srs. Deputados: Abro espaço, aqui, nesta tribuna, para comentar a realização, em Pernambuco, do “Fórum de Desenvolvimento Econômico” promovido pela Associação Comercial daquele Estado sob o título “Pensamento e Ação por Pernambuco”, reunindo professores, economistas, funcionários das agências estaduais, federais, com atuação local, para debater temas da maior importância ligados à economia e à promoção social. A ACP, que existe há 164 anos, tem um antigo comprometimento com os valores de Pernambuco nos planos econômico, político e cultural e forte poder de influência nas decisões dos Poderes Legislativo e Executivo do Estado. A idéia do “Fórum” partiu da constatação de que Pernambuco vem perdendo “status” dentro do Nordeste e sua economia sofre uma série de constrangimentos internos e externos, como bem destacou na palestra realizada no dia 12 último, o economista Roberto Cavalcanti de Albuquerque que é, sem favor, uma das autoridades nacionais em questões ligadas ao estudo do desenvolvimento econômico, tendo sido professor visitante em Colúmbia, nos Estados Unidos, durante 2 anos. Ocupou inúmeros cargos de destaque nas administrações federal e estadual de Pernambuco. Sua tese é de que não há necessariamente, no caso brasileiro, um crescimento econômico sustentável contínuo”, embora o Brasil tenha Fórum de Desenvolvimento Econômico crescido entre 1947 e 1952, entre 1956 e 1962 e entre 1967 e 1980 a níveis elevados do PIB, mas isto não foi – nem é – uma tendência natural seja no Brasil, seja em outros países. A crise de crescimento nos anos 80 está a demonstrar que os ciclos de crescimento são esporádicos. No caso de Pernambuco, o professor Roberto Cavalcanti demonstrou que o Estado cresceu a níveis altos de 1940 até 2002, embora esse crescimento do PIB não se tenha traduzido em crescimento do IDH – Índice de Desenvolvimento Humano que, como sabemos, é medido pelas taxas de crescimento da renda per capita, de nível educacional e da longevidade. Talvez no Brasil, somente os Estados do Rio grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro tenham podido apresentar índices altos de crescimento do IDH compatíveis com o PIB. Para projetar o futuro do Estado, propôs o analista, no “Fórum” organizado pela Associação Comercial, que as elites políticas procurassem pensar em uma nova “geografia econômica” para a região, voltada ao estímulo à competitividade empresarial e à economia do conhecimento, que está sendo o grande motor do desenvolvimento da China, da Índia e da Coréia do Sul. Hoje, há uma tendência entre os economistas de demonstrar que não são apenas os recursos naturais e os capitais os fatores de desenvolvimento de um determinado país ou Fórum de Desenvolvimento Econômico região, mas os recursos humanos qualificados, o conhecimento disponível como um estoque de capital não-financeiro, mas mobilizável para alavancar o PIB. Os mercados também não são fatores tão importantes, porque podem ser estimulados e até criados, dependendo das políticas postas em prática nesses países ou regiões pelos seus Governos. É toda uma nova teoria a confirmar as predições de Norberto Bobbio, de que o século XXI será o século do conhecimento, de quem sabe em oposição a quem não sabe. O grande drama para os que governam Pernambuco – governaram e vão governar – é que há um contingente de população pobre, abaixo da linha de pobreza, portanto, miserável, que absorve os investimentos do Estado em programas assistenciais sem retorno. Calcula-se,, disse o economista em sua conferência, compulsando dados estatísticos mais recentes, que há 23% da população do Estado – calculada em pouco mais de 8 milhões – na linha de pobreza, dos quais cerca de 600.000 sobrevivendo na Região Metropolitana do Recife (RMR). As sugestões do “Fórum” da Associação Comercial apontam para a implantação de fábricas no cordão metropolitano do Recife que absorvam essa mão-de-obra que, antes, na quantidade possível, venha a ser treinada profissionalmente. Mas não esquece o interior, pregando a “competitividade” entre as cidades de porte médio – Caruaru, Fórum de Desenvolvimento Econômico Petrolina, Bezerros, Serra Talhada, Arcoverde, Salgueiro, Timbaúba, Palmares, entre outras – e o eqüacionamento definitivo da questão da água no semi-árido de Pernambuco. O valor do “Fórum Pensamento e Ação” é reavivar o debate sobre as questões que interessam ao futuro do Estado e também manter abertos os canais de diálogo e entendimento com os integrantes do Executivo, do Legislativo e do Judiciário do Estado, da Universidade, do sistema financeiro e do setor terciário – empresas de consultoria, escritórios de assessoria econômica e jurídica. Só assim poderemos abordar os desafios presentes dentro da atual estrutura econômica, social e política de Pernambuco. Muito obrigado! Sala das Sessões, em de agosto de 2004. Deputado INOCÊNCIO OLIVEIRA Fórum de Desenvolvimento Econômico