1 introdução - URI Santo Ângelo - Universidade Regional Integrada

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CONHECIMENTO E COMPORTAMENTO DE GRADUANDAS EM
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS RELACIONADOS AO PAPILOMAVÍRUS
HUMANO E EXAME DE PAPANICOLAOU
Cristine Wagner Malmann1, Keli Jaqueline Staudt2, Vanessa Santos
Chollet3, Vera Regina Medeiros Andrade4 & Nilvane Ghellar Muller5
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões/Departamento de Ciências da
Saúde/Curso de Farmácia, [email protected]
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões/Departamento de Ciências da
Saúde/Curso de Farmácia, [email protected]
3Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões/Departamento de Ciências
Biológicas/Curso de Ciências Biológicas, [email protected]
4Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões/Departamento de Ciências
Biológicas/Curso de Ciências Biológicas, [email protected]
5Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões/Departamento de Ciências
Biológicas/Curso de Ciências Biológicas, [email protected]
RESUMO: O câncer cervical é o segundo mais incidente entre as mulheres no
mundo. O objetivo foi investigar o conhecimento e comportamento sobre o
Papilomavírus humano e exame de Papanicolaou entre acadêmicas do curso
de biologia. A pesquisa foi quanti-qualitativa de cunho descritivo. A amostra
constituída por 41 acadêmicas com idade de 20 a 29 anos e os dados
coletados com questionário e analisadas por processo analítico. Dessas, 88%
realizaram o exame preventivo, a maioria começou sua atividade sexual entre
12 e 19 anos de idade. Quanto a informação sobre o Papilomavírus humano,
32% não responderam, 15% achavam que o vírus era transmissível, 2,5%
disseram que era incurável. A pesquisa aponta que, embora a maioria tenha
realizado o exame de Papanicolaou ainda existe pouco conhecimento sobre o
Papilomavírus humano. O conhecimento é o mais forte aliado na prevenção do
câncer de colo do útero.
Palavras Chaves: Conhecimento; Exame preventivo; Atitude frente a Saúde.
1 INTRODUÇÃO
O câncer de colo do útero é um sério problema de saúde pública, no
mundo, e corresponde ao segundo tipo de câncer mais comum nas mulheres.
Segundo estimativas mundiais, no ano de 2012, ocorreram 527 mil casos
novos e 265 mil óbitos, sendo que 87% desses óbitos ocorreram em mulheres
de países em desenvolvimento. No Brasil, segundo o Instituto Nacional de
Câncer (INCA), foi estimado, para o ano de 2014, 15.590 casos novos de
câncer de colo do útero, com um risco estimado de 15,33 casos a cada 100 mil
mulheres. Como o Brasil é um país de extensão continental, essa incidência
varia de região para região, sendo o mais incidente na região norte, passando
a ser o segundo mais frequente nas regiões centro-oeste e nordeste, quarto na
região sudeste chegando a quinto mais frequente na região sul, com índices
variando de 23,57 a 10,15/100 mil mulheres (FERLY et al., 2013; BRASIL,
2014).
URI, 10-12 de junho de 2015
Santo Ângelo – RS – Brasil.
III CIECITEC
Santo Ângelo – RS – Brasil
A palavra câncer é usada, desde os povos antigos, para designar os
tumores malignos, que se infiltram através das barreiras do tecido normal até
as estruturas adjacentes e se disseminam, por meio de metástases, nos órgãos
distantes. É considerado um processo crônico-degenerativo, multifatorial,
provocado pelo acúmulo de alterações genéticas em células normais, que
resulta em um descontrole da proliferação e diferenciação celular. Essas
mutações ocorrem em células que tenham sido expostas a diferentes fatores
de risco tornando-se mais suscetíveis ao descontrole do ciclo celular. Os
diferentes tipos de câncer correspondem aos diferentes tipos de tecidos e
células do corpo que estão suscetíveis aos diferentes fatores de risco para seu
desenvolvimento, tais como: produtos químicos, bactérias e vírus (VARGAS e
SCHMITT, 2007; ROBBINS E CONTRAN, 2010; COSER et al., 2012).
O Papilomavírus humano (HPV) é o principal fator de risco, porém não
suficiente, para o desenvolvimento do câncer do colo do útero. É um vírus
sexualmente transmitido e está associado a outros fatores de risco, que
incluem: a idade precoce da primeira relação sexual, múltiplos parceiros
sexuais e parceiro que possui múltiplas parceiras sexuais, além de outros como
número de filhos, intervalo entre os filhos, imunidade, tempo de uso de
contraceptivos orais e até mesmo fatores socioeconômicos. O câncer cervical é
uma doença que evolui lentamente em fases bem conhecidas, passando de
fases pré-invasivas, que podem ser diagnosticadas precocemente, pelo exame
preventivo do câncer de colo do útero ou exame de Papanicolaou e 100%
curável, até a fase invasiva (RACHO & VARGAS, 2007; ROBBINS E
CONTRAN, 2010; BRASIL 2010).
O exame de Papanicolaou, conhecido internacionalmente, se constitui
na principal estratégia utilizada nos programas de rastreamento populacional
para o controle do câncer de colo do útero. Esse exame foi descoberto e
publicado, na década de 30 do século passado, pelo pesquisador George
Papanicolaou e é de grande aceitação, tanto pela população como pelos
profissionais de saúde no mundo. O seu principal objetivo é detectar lesões
intraepiteliais cervicais, que são pré-invasivas, mas também o câncer. Pode ser
realizado em consultórios médicos ou em unidades de saúde da rede pública,
que tenham profissionais capacitados. Deve ser realizado por toda mulher que
tem ou já teve vida sexual, sendo que as mulheres grávidas também podem se
submeter ao exame, sem prejuízo para sua saúde ou a do bebê. O exame
deve ser feito anualmente e, após dois exames seguidos (com um intervalo de
um ano) de resultados normais, o preventivo pode passar a ser realizado a
cada três anos (BORGES et al., 2012; BRASIL, 2012).
Com relação à educação das mulheres, essa deveria estar voltada para
a conscientização de que não é necessário esperar por sinais da doença para
procurar o serviço de saúde e realizar o exame de Papanicolaou, pois essa
doença tem um início silencioso e sem sintomas definidos. Embora muitas das
lesões precursoras do câncer de colo uterino desapareçam, mesmo sem
tratamento, uma significante parcela evolui para carcinoma invasor (BRENNA
et al., 2001; FRIGATO; HOGA,2003; HAAS et al., 2003).
Diante dessas constatações, é importante e necessário a realização
desse trabalho, para alertar as acadêmicas quanto ao exame preventivo do
câncer de colo do útero, e fazer com que essas continuem a divulgar o exame
de Papanicolaou. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi investigar o
URI, 10-12 de junho de 2015.
III CIECITEC
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conhecimento e a prática do exame de Papanicolaou entre acadêmicas, além
de colher sugestões para futuros esclarecimentos sobre o assunto da pesquisa.
2 METODOLOGIA
Foi realizada uma pesquisa quanti-qualitativa. A população foi
constituída por 41 mulheres acadêmicas do Curso de Ciências Biológicas da
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Campus de
Santo Ângelo, que aceitaram participar do estudo, após serem esclarecidas
sobre os objetivos e metodologia da pesquisa. Foi preservada a identidade das
participantes, pois os nomes citados nos resultados são fictícios. O cálculo do
tamanho da amostra, para um percentual mínino de participação, foi feito com
a fórmula
, que apontou um “n” de 37
acadêmicas para se ter uma amostra confiável.
Os dados foram coletados por meio de questionário, com perguntas
fechados e uma aberta, que foram respondidos pelas acadêmicas do Curso de
Ciências Biológicas. As perguntas foram desmembradas uma a uma, para ter
uma amostragem do perfil das acadêmicas e a realização do exame preventivo
de câncer do colo uterino. Foi realizada uma análise quantitativa e qualitativa
dos dados, de uma maneira criteriosa. Os dados objetivos foram analisados por
estatística descritiva, e a análise de conteúdos foi realizada com base na
bibliografia de Bardin (1979) e Minayo (2007). Todo processo analítico que se
submeta à coleta de dados requer um cuidadoso exercício de interpretação
com o objetivo de dar voz aos atores sociais envolvidos no processo. A análise
e a interpretação, dentro de uma perspectiva de pesquisa qualitativa ou
quantitativa, não têm como finalidade identificar opiniões individuais, porque
seu foco é a exploração do conjunto de opiniões e representações sociais
construídas por um determinado grupo sobre o tema que se pretende investigar
(MINAY0, 2007). Para essa análise, os dados coletados foram submetidos a
um exercício de categorização, inferência, descrição e interpretação, com a
finalidade de dar voz aos atores sociais que foram pesquisados. Esses
procedimentos, segundo Minayo (2007), não ocorrem de forma sequencial.
Após leitura exaustiva extraímos uma categoria denominada de conhecimento
das participantes.
3 RESULTADOS E ANÁLISE
As características das participantes, ilustradas na tabela 1, mostram que
entre as 41 participantes do estudo, a maioria (85,37%; 35/41) estava na faixa
etária de 20 a 29 anos de idade, o início da atividade sexual ocorreu, para a
maioria (87,80%; 36/41), na faixa etária entre 12 e 19 anos e a maioria
(90,24%; 37/41) não tinha filhos.
Tabela 1: Características sociais e antecedentes das mulheres participantes do
estudo, Santo Ângelo, Rio Grande do Sul, Brasil (n=41).
Variáveis
n
%
Faixa etária
18-19
4
9,76
20-29
35
85,37
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30-39
Faixa etária do início da atividade sexual
12-19
20-29
Filhos
Nenhum
1a3
2
4,88
36
5
87,80
12,20
37
4
90,24
9,76
Esses dados estão conformes a pesquisa realizada por Racho e Vargas
(2007), com acadêmicas da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e
das Missões, Campus de Santo Ângelo, que observaram um percentual de
58,52% de participantes na faixa etária entre 20-29 anos de idade. Também
estão conformes a dados nacionais, que mostram que os jovens que chegaram
ao curso superior estavam na faixa etária de 18-24 anos e cerca da metade
estava com idade acima de 25 anos ou mais (BRASIL, 2010b).
Com relação ao início da atividade sexual, nossos dados diferem da
pesquisa realizada por Conti, Borlolin e Külkamp (2006), realizada com
estudantes de uma escola particular da cidade de Tubarão (SC), em que
34,32% dos entrevistados começam a atividade sexual entre os 13-17 anos de
idade. Embora seja uma pequena variação, um início mais precoce da
atividade sexual pode trazer maior risco ao desenvolvimento do câncer, quando
esse risco está associado a infecção pelo HPV de alto risco. Quando analisado
a paridade das entrevistadas, verificamos que a maioria das participantes do
nosso estudo não tem filhos. Esse dado está conforme a pesquisa de Racho &
Vargas (2007), também realizado com acadêmicas da universidade e conforme
com o que é observado, atualmente, no mundo, onde os jovens estão adiando
a maternidade.
Após a leitura do termo de consentimento livre e esclarecimento, a
maioria das acadêmicas participantes da pesquisa respondeu associando o
Papilomavírus humano (HPV) a uma doença viral, sexualmente transmissível,
como evidencia as seguintes falas:
[...] É uma doença causada por um vírus que pode ser adquirido por
meio de relação sexual sem proteção e, pode ter como
conseqüência, se não tratado, um câncer do colo do útero (Rosa,
maio, 2011).
[...] É uma doença sexualmente transmissível. É um vírus, o qual
pode ser mais resistente, mais violentos que outros. Na maioria dos
casos aparecem verrugas na região genital e em casos mais graves
no útero. O HPV é um dos maiores causadores do câncer do colo
de útero, se o mesmo não for tratado corretamente (Violeta,
maio,2011).
Foi verificado nas análises que alguns depoimentos demonstraram um
conceito que ainda não está bem definido no que se refere a esse tipo de
doença. O HPV foi associado a tipo de câncer primário por alguns e muitos não
reconheciam esse tipo de vírus sexualmente transmissível. Foi observado que
15% delas têm informação precisa, outras 15% acham que é um vírus
transmissível, 2,5% dizem que é incurável. Na verdade as idéias são
incompletas, imprecisas não existindo clareza por parte de algumas
estudantes. Por isso, 32% não responderam quando perguntadas sobre a real
informação do HPV.
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[...] É um vírus incurável que pode se manifestar no ovário depois
de anos (Margarida, maio, 2011).
[...] Doença no colo do útero (Jasmin, maio, 2011).
Entre as participantes do estudo, a maioria (87,80%; 36/41) ja havia
realizado o exame de Papanicolaou e, em relação a periodicidade, a maioria
(56,10%; 23/41) realizava o exame periodicamente, todos os anos (Tabela 2).
Tabela 2: Distribuição das participantes do estudo conforme suas atitudes
frente ao exame de Papanicolaou (n=41).
Variável
n
%
Realização do exame
Sim
36
87,80%
Não
5
12,20%
Periodicidade do exame
1 vez por ano
23
56,10
De 2 em 2 anos
8
19,52
De 3 em 3 anos
3
7,32
De 4 em 4 anos
2
4,87
Não faz ou nunca fez
5
12,19
Quando foram analisadas as práticas das mulheres pesquisadas, com
relação a realização do exame de Papanicolaou, 87,80% das mulheres
entrevistadas realizaram o exame, índice bem parecido com a pesquisa de
Racho & Vargas (2007), onde 69,85% das participantes também realizaram o
exame. Assim ocorreu um percentual semelhante quando perguntados sobre a
frequência que realizam o exame preventivo de Papanicolaou. Quando
questionadas sobre a periocidade do exame, a maioria relataram que fazem o
exame anualmente. Esse dado é semelhante ao estudo de Racho & Vargas
(2007), fato relevante que se deve a informações recebidas por essas mulheres
que participaram das pesquisas.
Entre as participantes do estudo, a maioria (68,29%; 28/41) sugeriu
palestras para futuros esclarecimentos sobre o Exame de Papanicolaou
(Tabela 3).
Tabela 3: Distribuição das participantes conforme as sugestões dadas para
futuros esclarecimentos sobre o Exame de Papanicolaou (n=41).
Variável
n
%
Sugestões para esclarecimentos
Palestras
28
68,29
Folderes
3
7,32
Mural
6
14,63
Disciplina
2
4,88
Web da Uri
1
2,44
Não sugeriram
1
2,44
Jornal ou outra forma
0
0
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É interessante que, entre acadêmicas de um curso de licenciatura, a
sugestão, para futuros esclarecimentos sobre o exame de Papanicolaou, da
maioria delas foi por meio de palestras. Isto reflete exatamente a formação
pedagógica em ciências biológicas, uma vez que, num futuro próximo, terão
que transmitir essas informações para a comunidade onde estarão inseridas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nessa parte, explicitamos compreensões que foram construídas ao
longo do processo. O caminho percorrido, em um primeiro momento que
parecia fácil, mostrou que a caminhada é cheia de dúvidas, inquietações, mas,
que no final ajuda numa melhor compreensão acerca da pergunta-problema,
dando origem a todo esse processo: Análise do conhecimento e da prática
sobre o exame preventivo do câncer de colo do útero, por acadêmicas do
Curso de Ciências Biológicas da URI-Santo Ângelo.
Analisar compreensões sobre o que foi investigado exige do pesquisador
muito esforço, dedicação, atenção e capacidade de compreender o todo. Pois,
após a aplicação dos questionários, procuramos relatar o que entendemos a
partir de evidências coletadas e procuramos apontar o que compreendemos de
novo a partir desse processo.
A pesquisa aponta que são importantes projetos de conscientização dos
jovens sobre o câncer de colo do útero e sua prevenção. E, como as próprias
participantes sugeriram, deveriam ser realizadas palestras informativas a
respeito desse assunto, não só para a comunidade acadêmica, mas
principalmente a população em geral.
Sendo assim, neste estudo acadêmico podemos compreender um pouco
mais sobre o tema e principalmente saber um pouco da realidade que cerca
desse assunto que é o exame preventivo do colo uterino. Acreditamos que é
através de ações conjuntas conseguiremos diminuir os índices de doenças
relacionadas com o colo uterino.
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