Os Benefícios Espirituais dos Salmos (Pr. Valdeci Santos) : Igreja

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Os Benefícios Espirituais dos Salmos (Pr. Valdeci Santos)
A coletânea que forma o Livro dos
Salmos talvez seja a mais lida de toda a
Bíblia. O povo de Deus ama o
conteúdo dessa porção das Escrituras e
o seu estudo pode resultar em vários
benefícios espirituais para o crente.
Antes, porém, de mencionar alguns
desses proveitos, são necessárias
algumas orientações técnicas para o
leitor dos salmos.
Em primeiro lugar, a palavra salmos
provém de um termo grego que
significa “hinos” ou “cânticos”. A
palavra hebraica para o título dessa coletânea significa “louvores”. Ou seja, o livro de Salmos é um livro de
orações e cânticos do povo de Deus no Antigo Testamento e que foi grandemente usado na igreja cristã do
Novo Testamento (cf. 1Co 14.26, Ef 5.19 e 3.16) e através dos séculos. Na verdade, os salmos têm contribuído
com versículos, frases e palavras para inúmeros hinos e cânticos cristãos contemporâneos.
Em segundo lugar, é preciso observar que o Livro dos Salmos está organizado em cinco divisões básicas (cf. 141, 42-72, 73-89, 90-106 e 107-150). Os últimos versículos de cada sessão contêm uma expressão de louvor a
Deus e o salmo 150 parece concluir todo o “hinário bíblico” com uma doxologia final. Muitos salmos possuem
títulos com referências históricas de quando foram compostos, mas outros não possuem nenhuma informação
panorâmica.
Em terceiro lugar, é necessário notar que alguns Salmos possuem identificações de seus autores, mas outros
permanecem anônimos. Por exemplo, é possível saber que Moisés compôs o Salmo 90, que Davi escreveu
inúmeros salmos, que Salomão é o autor do Salmo 127, que Asafe compôs outros tantos (Sl 73, 77, 80-83 etc.)
e que os levitas “filhos de Coré” também deixaram sua contribuição (cf. Sl 42, 44, 45, 46 etc.). No entanto, o
fato de existirem vários salmos anônimos indica que o conteúdo dessas orações e cânticos é mais importante
do que o conhecimento dos seus autores.
Finalmente, é mister atentar ao fato de que os salmos são proeminentes nos escritos do Novo Testamento. Na
verdade, o Livro dos Salmos é um dos dois livros do Antigo Testamento mais citado no Novo Testamento,
sendo que o outro é o livro do profeta Isaías. Por exemplo, Jesus citou o Salmo 110 em sua discussão com os
fariseus acerca de sua divindade (cf. Mt 22.43-44) e na cruz ele orou as palavras do Salmo 22 (cf. Mt 27.46). É
possível afirmar que o Salvador olhava para si como o cumprimento dos salmos messiânicos. Mas tanto nas
pregações dos apóstolos como em seus escritos, o Livro dos Salmos foi continuamente citado (cf. At 2.24-36 e
13.29-39). A carta aos Hebreus é o livro no Novo Testamento que mais cita os salmos.
A realidade é que os Salmos continuam sendo um tesouro de auxílio espiritual para o povo de Deus ao longo
dos séculos. Logo, quais seriam os benefícios espirituais do estudo do Livro dos Salmos? Abaixo seguem
algumas sugestões que espero poder motivá-lo a meditar diariamente nessa porção das Escrituras.
1. Os salmos nos ensinam a falar com Deus. Muitos crentes não sabem ao certo como orar, como se
dirigir a Deus, como “derramar o coração e alma” diante do Senhor. Será que poderíamos dizer a Deus
quais são os nossos temores mais íntimos? Poderíamos falar para ele que não entendemos os Seus
planos para conosco? Poderíamos revelar os nossos desejos pessoais? Ou, quem sabe, será que
poderíamos contar a ele sobre nossa frustração com sua demora em agir e intervir nesse mundo? Pois
bem, os salmos revelam como os servos de Deus oraram e se comunicaram com o Senhor que recebeu
a expressão devota dos seus filhos, mesmo quando essa expressão não parecia ser muito “reverente”.
O que dizer das seguintes orações: “Por que, Senhor, te conservas longe? E te escondes nas horas da
tribulação?” (Sl 10.1) ou, “Até quando, Senhor? Esquecer-te-ás de mim para sempre? Até quando
ocultarás de mim o rosto?” (Sl 13.1). Mas há também expressões de amor e dependência: “Eu te amo,
ó Senhor, força minha” (Sl 18.1) e “Guarda-me, ó Deus, porque em ti me refugio” (Sl 16.1). Os
exemplos são muitos, mas é preciso saber que essas palavras fazem parte do relacionamento do crente
com o seu Deus e que elas nos ensinam a expressar nossas emoções diante daquele que já conhece a
palavra antes que ela saia dos nossos lábios (Sl 139.4). De fato, os salmos falam por nós, pois eles nos
ensinam como falar com Deus.
2. Os salmos nos ensinam quão gracioso e bondoso é nosso Pai celeste. O próprio fato de podermos ser
sinceros com Deus e não sermos rejeitados por ele já é suficiente para demonstrar sua bondade com os
seus filhos. Todavia, os Salmos geralmente revelam a experiência do salmista quanto à intervenção de
Deus acudindo nos momentos críticos da vida. Davi, por exemplo, exalta a graça de Deus ao registrar
palavras como: “Na minha angústia, invoquei o Senhor, gritei por socorro ao meu Deu Ele do seu
templo ouviu a minha voz e o seu clamor lhe penetrou os ouvidos” (Sl 18.6). Por isso, outro salmo
diz: “Bendito seja Deus, que não me rejeita oração, nem aparta de mim a sua graça” (Sl 66.20), e
alguém mais cantou: “Amo o SENHOR, porque ele ouve a minha voz e as minhas súplicas. Porque
inclinou para mim os seus ouvidos, invocá-lo-ei enquanto eu viver” (Sl 116.1-2). Dessa e de outras
maneiras os salmos evidenciam a graciosa bondade do Pai celeste com os seus filhos, pois ele sempre
age em benefício dos que confiam nele. Na verdade, os salmos falam a nós, pois eles revelam os
atributos do Altíssimo.
3. Os salmos nos ensinam a enfrentar as angústias terrenas. Todos nós sabemos e o próprio Jesus
afirmou que “há aflições no mundo” (Jo 16.33). Lidar com essas aflições e angústias é algo que exige
contínua sabedoria do crente. Pois os salmos revelam como os servos de Deus, no passado, lidaram
com situações semelhantes àquelas que nos acometem na vida diária. De fato, ao lermos alguns desses
textos temos a impressão de que o salmista está descrevendo nossa própria condição. Esses escritores
viveram em contextos onde a injustiça prevalecia, a imoralidade crescia e a violência assolava. Em
outras palavras, os tempos mudaram, mas o mundo permanece o mesmo. A solução que os salmistas
encontraram pode ser resumida nas palavras: orar, confiar e esperar no Senhor e em sua Palavra.
Senão, vejamos: “Socorro, Senhor! Porque já não há homens piedosos; desaparecem os fiéis” (Sl
12.1), “Guia-me na tua verdade e ensina-me, pois tu és o Deus da minha salvação, em quem eu espero
todo o dia” (Sl 25.5), “Espero, Senhor, na tua salvação e cumpro os teus mandamentos” (Sl 119.166),
“Aguardo o Senhor, a minha alma o aguarda; eu espero na sua palavra” (Sl 130.5), “Dá-te pressa,
Senhor, em responder-me; o espírito me desfalece (Sl 143.7). Exemplos como esses deveriam nos
motivar a seguir o mesmo caminho dos crentes fiéis do passado na maneira como enfrentaram suas
aflições. Assim, os salmos falam sobre nós, nossa situação, pois eles descrevem o mundo que
vivemos, nossas fraquezas e carências e ensinam como lidar com tudo isso.
4. Os salmos nos ensinam a lidar com nossa complexidade interior. O reformador Calvino denominava
o Livro dos Salmos de “a anatomia da alma humana”. Essa é uma descrição excelente, pois esses
escritos expressam como a mente e o coração do servo de Deus funciona nesse universo marcado pela
queda, mas aguardando a consumação da redenção divina. De fato, os salmos ensinam que a vida do
crente não é monocromática e nem estática, mas complexa e variada de cores. Há dias em que o servo
de Deus acorda cantando “exaltar-te-ei, ó deus meu e Rei; bendirei o teu nome para todo o sempre”
(Sl 145.1). Porém, há momentos nos quais ele se sente tão abatido que ora: “Das profundezas clamo a
ti, Senhor” (Sl 130.1) ou então: “Vivifica-me, Senhor, por amor do teu nome; por amor da tua justiça,
tira da tribulação a minha alma” (Sl 143.11). Há, ainda, ocasiões nas quais o crente nem compreende o
seu abatimento e introspectivamente questiona: “Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te
perturbas dentro de mim?” (Sl 42.5 e 43.5). Dessa maneira, as palavras dos salmos falam de nós, de
nossa complexidade, de nossas emoções instáveis, de nossa fragilidade e nossa dependência de Deus.
5. Os salmos nos direcionam a Jesus. O reformador Martinho Lutero costumava dizer que os Salmos
são “a Bíblia em miniatura”, pois eles não contêm apenas aspectos dos mandamentos, mas também
profecias sobre o Redentor. Além do mais, o próprio Jesus afirmou que sua vida foi o cumprimento de
tudo o que a seu respeito estava “escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (Lc 24.44). Por
isso, o estudo dos salmos direciona a pessoa a Jesus e a torna sábia para a salvação (2Tm 3.15). Neles,
o leitor poderá aprender sobre o reinado do Ungido de Deus (Sl 2), sobre as angústias do Salvador na
cruz (Sl 22), sobre o caráter do Bom Pastor (Sl 23), sobre o relacionamento de Cristo com a igreja (Sl
45), sobre a divindade de Cristo (Sl 110) e tantas outras coisas sobre o Redentor. Na realidade, a
leitura e o estudo dos salmos só serão completos se os olhos do estudante foram abertos e seu coração
aquecido para ele buscar Cristo mais resolutamente. Somente contemplando a beleza de Cristo
exposta nesses poemas poderemos experimentar que por eles Deus fala conosco!
Concluindo, tome a sua Bíblia, dedique um tempo apropriado e deleite-se com a leitura e o estudo do Livro
dos Salmos. Os maiores beneficiados nesse projeto serão você, sua família e sua igreja.
Pr. Valdeci Santos
Post date: 2017-01-13 11:01:59
Post date GMT: 2017-01-13 11:01:59
Post modified date: 2017-01-16 20:52:04
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