Paradigmas em estudos organizacionais – parte 2

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Paradigmas
• Todas as teorias de organização são fundadas
sobre uma filosofia da ciência e uma teoria da
sociedade, independentemente se os teóricos
tenham ou não consciência disto( BURREL e
MORGAN, 1979, p. 119)
• Importância: dar consistência teóricometodológica ao trabalho de pesquisa desde
sua concepção até sua conclusão
Funcionalismo
• Fundamentos: sociologia da regulação e abordagem
objetivista
• Aborda os conceitos sociológicos gerais do ponto de vista:
realismo, positivista, determinista, nomotético(coletivo)
• Busca criar teorias gerais sobre as organizações e seus
membros, baseando-se em leis universais poderosas das
ciências naturais
• Tende a assumir que o mundo social é composto por
artefatos empíricos relativamente concretos e relações que
podem ser identificadas, estudadas, e medidas através de
abordagens derivadas das ciências naturais
• Objetiva revelar regularidades que estão subjacentes à
realidade superficial
• A explicação principal é em termos de causas que
determinam os efeitos
• A lógica formal é que uma variável independente x, causa y,
a variável dependente
Funcionalismo
• Cada teorização é acompanhada por estudos empíricos
que servem para testar e refinar as teorias. O trabalho
empírico faz uso de métodos científicos tais como variáveis
quantitativas, análise estatística, e controle para analisar as
causas, e avaliar a validade se o modelo teórico causal está
de acordo com a evidência empírica
• Ela é livre de valores e pode ser muito resistente em alguns
aspectos
• Positivismo sociológico sustenta que o fenômeno, ou fatos
sociais, deveriam ser explicados por outros fatos sociais,
isto é, por condições objetivas, mais do que pela
consciência dos atores sociais.
• Teorias sociais positivas explicam o comportamento
humano por causas que ligam a situação e constrangem o
indivíduo a agir em certas maneiras, com isso
conformando-se às pressões do ambiente
Funcionalismo
• Em teoria das organizações, o positivismo explica aspectos
da organização e de seus membros pela situação do
ambiente( exemplo da teoria da contingência e seus
pressupostos-causa – efeitos-resultados – Donaldson, p.43:
a ordem é dinâmica no sentido de manutenção do
equilíbrio e não estática)
• O funcionalismo positivista não é apenas no sentido da
“estatística”, mas reúne outros aspectos como se explica a
realidade ou os fatos sociais. Donaldson lembra Durkheima determinação das causas de um fato social deve ser
através da análise de outros fatos sociais, e não entre nas
consciências individuais
• As escolhas dos tomadores de decisão baseiam-se na
relação de funcionalidade, isto é, quais escolhas dentre as
que estão disponível geram melhores resultados em termos
de eficiência/eficácia-funcionalismo
Funcionalismo
• Ao usar os exemplos que se passam com a
escolha no processo de adaptação organizacional,
Donaldson sustenta que o tomador de decisão
faz sua escolha sem levar em conta seus valores,
o que pode gerar conflito entre a opção
escolhida e os valores do gestor, mas que
normalmente o gestor escolhe a opção que mais
gerará resultados ótimos para a organização. Isso
reforça a perspectiva positivista dentro do
funcionalismo- uma ciência livre de valores
• O que busca explicar o paradigma: o status quo,
ordem social, consenso, integração social,
solidariedade, satisfação de necessidade
Funcionalismo: em defesa do positivismo em EO
• Difere do positivismo lógico ao considerar que apesar de
valorizar apenas o que é observável, aceita aspectos das
relações que resultam de aspectos subjetivos, desde que
possíveis de medição(50)
• Busca objetividade
• Contra o reducionismo que busca compreender aspectos do
comportamento dos indivíduos; estes não servem para
explicar a realidade organizacional(50)
• Busca estudar fatos sociais tais como estrutura ou outras
características organizacionais públicas;
• Explicar fatos sociais por meio de elementos estruturantes,
como tamanho e competição ambiental( sistemas,
contingência, ecologia, etc)
Funcionalismo: em defesa do positivismo em EO
• Busca compreender a realidade por meio de
características mensuráveis;
• Estas características estão no nível macroorganizacional(estruturas) e no
ambiente(determinismo)
• Evita buscar insights na mente dos indivíduos,
buscando o que determina seu
comportamento, que resulta de pressões
externas(ambiente)(52)
Funcionalismo válido(52)
• Visto como teleológico-meios para fins e sem
conhecimento subjetivo;
• Estruturas mudam em respostas a pressões do
ambiente e em busca de performance
organizacional
Sem problema de suposições ontológicas
• O positivismo está associado ao realismo, em
que a realidade é dada como certa, acabada,
pronta para ser utilizada como objeto de
estudo;
• Não há necessidade de explicações sobre
como aquela realidade é formada ou
constituída
Fragilidade Hermenêutica
• Hermenêutica
enquanto
processo
de
interpretação dos sentidos das palavras,
ações, fatos;
• Fracamente hermenêutica porque não está
preocupada com os sentidos obtidos pelos
sujeitos, mas pelas relações estabelecidas
entre os objetos de estudo(55)
• Interpretações diferentes dadas por analistas
externos e membros organizacionais: isso não
é um problema para o positivismo, e nem para
o funcionalismo
Funcionalismo
Funcionalismo em estudos organizacionais(
abordagens)
• Teoria
dos
sistemas
sociais
e
objetivismo(organismo, ecologia, cibernético,
institucionalismo, )
• Os sistemas de ação de referência( cultura,
teatro)
• Behaviorismo,
determinismo,
empiricismo(
máquina)
• Teoria pluralista( sistemas políticos)
Interpretacionismo: o que move este paradigma ?
• Fazer ciência envolve fazer certas questões ao
objeto de estudos( Hatch e Yanow, 2003)
• Como você sabe o que está declarando sobre
esta organização?
• Qual o fundamento para sua declaração?
• Como sua característica, como uma entidade
no mundo social afeta nossa capacidade para
conhecer isto?(subjetividade)
Interpretacionismo: reflexões
• Mudanças na compreensão do indivíduo- ele tem capacidade
de raciocinar e aplicar esta capacidade para conhecer o
mundo em sua volta, sem necessidade de um
tradutor(autoridade para isto)(64)
Interpretacionismo
• Fundamentos: sociologia da regulação e natureza
subjetiva da ciência
• Para os interpretacionistas, as organizações são
processos que surgem das ações intencionais das
pessoas, individualmente ou em harmonia com outras.
Elas interagem entre si na tentativa de dar sentido ao
seu mundo. A realidade é então, uma rede de
representações complexas e subjetivas( Caldas e
Bertero, 2007, p.224)
• O interpretacionaismo questiona o objetivismo
arraigado na doutrina funcionalista( Caldas e Bertero,
2007, p.224)- Se o foco for competir, parece
inadequado. A ideia precisa ser que caminhos são mais
adequados para explicar o fenômeno que pretendo
entender. E não combater o outro paradigma.
Interpretacionismo
• Não é possível compreender o mundo social da mesma
forma que se compreende o mundo natural/físico
• É preciso compreender como grupos e indivíduos
dentro dos grupos desenvolvem, expressam e
comunicam significados, algo que a observação
imediata
objetivista
não
consegue
captar(hermenêutica)
• Buscam compreender a história de vida dos atores
sociais e como esta experiência fazem sentido para
eles(fenomenologia)
• Atos humanos e artefatos culturais, por exemplo, são
as projeções ou realizações dos significados humanos e
não seriam externos(dados) ao indivíduo
Interpretacionismo
• Considera que o ator social tem experiências
passadas, educação, treinamento, pano de fundo
familiar, comunitário, regional e nacional e
personalidade que constituem as experiências de
vida do sujeito, e que vão formar sua visão de
mundo e como se compreender o mundo no qual
ele atua.
• Leis universais e objetivas não são possíveis, pois
a realidade social pode ser construída
diferentemente por diferentes pessoas em
diferentes contextos. Logo, o mundo social é de
múltiplas realidades e múltiplas interpretações
Interpretacionismo
• O significado não pode ser conhecido
diretamente, já que ele está incorporado em
artefatos por seus criadores. Logo o significado só
pode ser conhecido a partir da interpretação dos
artefatos.
• A análise de discurso por exemplo, é um
poderosos instrumento para realização de
pesquisas dentro desta perspectiva, pois
contempla as perspectivas de cultura, simbolismo
e narrativas. Há boas coleções de textos sobre
discurso em organizações
Interpretacionismo
Interpretativismo em Estudos Organizacionais
• Etnometodologia
• Interacionismo simbólico e fenomenológico
•
Perspectivas de Estudos Interpretativistas(Hatc e Yanow,
2003)
• Estudos de cultura, simbolismo e estética
organizacional
• Processos baseados em teorização sobre interpretação
• Análise de textos e narrativas em realidades
organizacionais
Humanismo Radical
Humanismo Radical: definições
• Conjunto de abordagens teóricas que focam na tentativa de
emancipação do sujeito, valorizando os aspectos subjetivos,
em contraponto da visão determinista, positivista e do caráter
de dominação presente em outros paradigmas
• Tem origem no idealismo alemão, em que a realidade do
universo é espiritual e menos material, destacando que o
indivíduo cria o mundo no qual vive;
• Busca criticar e revelar as formas de alienação dos processos
sociais
Humanismo Radical: Estrutura do paradigma
Humanisno
Radical
Solipsismo
Subjetivismo em
extremo: O que
existe, existe
apenas na mente
do indivíduo
nada mais é real
Existencialismo
Francês
• Fichte
• Husserl
• Sartre
Individualismo
Anarquista
Max Stirner
Teoria Crítica
• Sociologia de
Lukács
• Sociologia de
Gramsci
• Escola de
Frankfurt(Mar
cuse, Adorno,
Horkheimer,
Habermas)
Humanismo Radical: características principais
• Origem no idealismo alemão e noções kantianas sobre o
universo: a realidade do universo é mais espiritual do que
material em sua natureza;
• Orientação subjetivista da ciência
• O indivíduo cria o mundo no qual vive: a realidade não é
dada, concreta;
• Utilizam a realidade para criticar o estado alienado no qual
vive submetido o indivíduo
• A consciência do indivíduo é uma entidade continuamente
criativa gerando um fluxo perpétuo de ideias, conceitos e
perspectivas através do qual um mundo externo à mente é
criado
• O mundo externo se compreende a partir da projeção da
consciência do indivíduo.
Humanismo Radical: características principais
• Ontologicamente, o mundo é produto da consciência do
indivíduo; atos de intencionalidade criam o mundo exterior;
• Metodologicamente, é ideográfico, não preocupado com
generalizações
• Sobre a natureza do indivíduo, é voluntarista, defendendo
formas de libertar o homem das formas de dominação nas
quais o próprio homem e os sistemas criados por ele acabam
se transformando nos meios através dos quais ele mesmo se
aprisiona.
• Epistemologicamente, é subjetivista
Humanismo Radical: Teoria Crítica - Lukács
• Foco no papel da proletariado e sua consciência de classe na mudança
da sociedade capitalista;
• Focou no papel de fatores superestruturais dentro da sociedade e sua
importância na transformação da sociedade, colocando ênfase na
consciência, ideologia, literatura e arte que são vista não como
epifenômenos para as relações e meios de produção, mas como
centrais na compreensão do capitalismo;
• A consciência de classe como a possibilidade de vencer a alienação, já
que a classe operária possui uma compreensão da totalidade do
capitalismo;
• Reificação que funciona como alienação que impede uma
compreensão da totalidade do sistema capitalista. Para Lukacs, a
alienação em forma de reificação é algo a ser derrubado, pois isto
libertaria as energias do proletariado, o que permitiria a
transformação e reconstrução da sociedade(287)
• É neste conceito que deve centrar a luta da classe trabalhadora para
reagir e transformar a sociedade, vencendo a alienação.
Humanismo Radical: Teoria Crítica - Gramsci
• Discute uma metodologia política crítica ao capitalismo como
forma de promover a sua derrubada;
• Idealizou a filosofia da práxis, uma tentativa de superar as
dicotomias presentes na ciência;
• Acreditava que a dominação no capitalismo estava não somente
localizado nos meios materiais de coerção e opressão, mas
dentro da consciência dos indivíduos, através da HEGEMONIA
IDEOLÓGICA;
• A classe dominante exerce seu domínio através de um sistema
de crenças que foca a necessidade da ordem, autoridade e
disciplina, e tenta eliminar tentativas de protestos e potenciais
de revolução;
• A hegemonia política se fazia de forma despercebida através da
escola, família e o trabalho, buscando “conscientizar” o indivíduo
da “não consciência”
Humanismo Radical: Teoria Crítica - Gramsci
• Para Gramsci, era a partir da resistência
ideológica do homem que seria possível lutar
contra a hegemonia do capitalismo;
• Essa resistência poderia vir a partir do
envolvimento do trabalhador com a política
Humanismo Radical: Teoria Crítica – Escola de Frankfurt
• Principais autores: Korkhimer; Adorno, Benjamin, Fromm,
Kirschheimer, Lowenthal, Marcuse, Habermas
• Distinção entre ciência tradicional que defende a separação entre
observador e sujeito e a suposição de livre de valores, a teoria crítica
enfatiza a importância do comprometimento do teórico com a
mudança;
• Desenvolveu uma perspectiva que busca revelar a natureza da
sociedade capitalista e desvendar sua natureza subjacente e agrupar
as bases para a mudança social através da revolução da consciência;
• A teoria crítica Frankfurtiana incorpora uma visão emancipatória do
indivíduo
• Diferente do envolvimento revolucionário de Lukács e Gramsci, a
escola de Frankfurt reúne mais teóricos do que atores , seguindo mais
para o criticismo intelectual e filosófico;
• A Escola de Frankfurt forneceu a contrapartida intelectual ideal para a
revolução através da consciência
Humanismo Radical: Teoria Crítica – Escola de Frankfurt - Marcuse
• Defende uma filosofia emancipatória;
• É contra a fenomenologia por esta ignorar as potencialidades
humanas, e é contra o positivismo por sua tentativa de
neutralidade e seu papel como instrumento de controle na
manutenção do “status quo”.
• Sua principal contribuição para a teoria crítica foi a tentativa
de incorporar as ideias de Freud e Weber dentro da
perspectiva de Hegel e Marx
• A subjugação do prazer individual pelo princípio da realidade:
• A tecnologia passa de possível agente de emancipação por
resolver o problema da escassez à agente de dominação:
passa a ser capaz de criar formas de vida que eliminam as
forças de oposição que buscariam a libertação do indivíduo
Humanismo Radical: Teoria Crítica – Escola de Frankfurt - Marcuse
• O foco da sociedade moderna na abundância e criação de
falsas necessidades impede o desenvolvimento de protestos
contra a ordem estabelecida e que esta consciência é
moldada pela mídia;
• A lógica intencional articulada pelas falsas necessidades,
controle tecnológico, busca de “felicidade da força de
trabalho” sustenta o processo de dominação
• Logo a função da teoria crítica é “investigar as raízes deste
universo totalizante da racionalidade tecnológica e examinar
as alternativas históricas, como meios de revelar capacidades
não utilizadas para fornecer vidas aos seres humanos”(294)
Humanismo Radical: Teoria Crítica – Escola de Frankfurt - Habermas
• A discussão proposta por Habermas coloca-se como
contraponto às abordagens da sociologia interpretativista e
positivismo;
• O interpretativismo por apenas tentar compreender o mundo
sem influenciá-lo e o positivismo por tentar controlar os
indivíduo;
• A escola de Frankfurt propõe compreender o mundo e
modifica-lo
• A teoria crítica deve ser emancipatória, dialética e
hermenêutica em seu esforço para compreender o mundo
sócio-cultural no qual significados subjetivos estão
localizados, deixando de lado os antagonismos sujeito –
objeto, observador-observado, fato-valor
Humanismo Radical: Teoria Crítica – Escola de Frankfurt - Habermas
• O foco de Habermas é a estrutura de dominação incorporada
na linguagem e no discurso diário; O sistema dominante
desenvolve técnicas que guiam ações e modos de pensar e
coloca foco sobre a aprendizagem de habilidades e
qualificações: as demais coisas perdem sentido;
• Os teóricos da escola de Frankfurt concentram sobre a
demolição da estrutura, indicando a natureza repressiva e
essencialmente política da empresa como um todo. Eles
buscam demonstrar a maneira na qual ciência, tecnologia,
ideologia, linguagem e outros aspectos da superestrutura da
formação social do capitalismo moderno são para serem
compreendidos em relação ao papel que eles desempenham
em sustentar e desenvolver o sistema de poder e dominação
que permeia a totalidade do sistema social
Humanismo Radical: Teoria Crítica – Escola de Frankfurt - Habermas
• Portanto, a superestrutura da sociedade capitalista é de
interesse chave para os teóricos críticos, particularmente
porque ela é o meio através do qual a consciência dos seres
humanos é controlada e moldada para ajustar-se aos
requerimentos da formação social como um todo
• Logo a função da teoria crítica é influenciar a consciência das
pessoas que vivem dentro deste sistema com uma visão para
eventual emancipação e a busca de alternativas de formas de
vida;
• Lembrando que a linguagem é o principal elemento de
alienação do indivíduo
Humanismo Radical: Individualismo Anárquico
• Defendem a liberdade individual total, libertando o homem
de qualquer espécie de regulação interna ou externa;
• Enfatizava a primazia da existência individual e rejeitava
totalmente qualquer busca por leis universais governando a
vida social;
• Supervalorização do individual, em detrimento das ações
coletivas
• Emancipação através da remoção total do estado ;
• Foco sobre as disposições subjetivas dento da qual o indivíduo
é o ponto de partida para qualquer transformação radical;
• Rejeita a existência de qualquer tipo de instituição social
Humanismo Radical: Existencialismo Francês
• Suportado pela tradição idealista
• Está preocupado em compreender como as construções
sociais são realizadas com a finalidade de modifica-las;
• Engajamento político com desejo de mudar a ordem social
existente
• O indivíduo está ativamente envolvido na criação de seu
mundo e não é mero expectador
Humanismo Radical
• Observação: apesar da matriz subjetivista semelhante, elas
servem a propósitos diferentes quando comparadas as visões
interpretativista e humanista radical.
• O humanista radical considera da mesma forma que o
interpretacionista, que o indivíduo cria o mundo no qual vive.
Entretanto, neste caso, ele foca sobre como os indivíduos se
aprisionam tornando-se alienados neste mundo que ele
mesmo criou, e deve modifica-lo
Humanismo Radical
• Ontologicamente, os autores deste paradigma
veem o mundo como produto da consciência
do indivíduo: a consciência é vista como
projetada em direção ao externo através dos
atos de intencionalidade, assim criando o
próprio mundo;
Humanismo Radical
• Além de criar o seu mundo, o indivíduo faz-se prisioneiro dele
através do que Burrel e Morgan(1979), chamam de patologia da
intencionalidade e Caldas e Bertero(2007) chamaram de patologia
da consciência. Em ambas o indivíduo cria o mundo no qual vive e
consegue aprisionar-se a ele. Vide a caverna de Platão( Morgan e a
prisão psíquica).
• Teorias neste paradigma visam a emancipação do sujeito, a
libertação da prisão na qual ele se aprisionou, a interpretação das
estratégias organizacionais que contribuem para aprisionar os
indivíduos
• Objetivo das teorias: revelar o oculto nos processos de alienação do
indivíduo
• Ontologicamente, os autores deste paradigma veem o mundo como
produto da consciência do indivíduo: a consciência é vista como
projetada em direção ao externo através dos atos de
intencionalidade, assim criando o próprio mundo
Paradigma Estruturalismo Radical
Estruturalismo Radical: definições
Constitui um corpo de teria social tão complexo,
conceitualmente rico e amplamente diferenciado
quanto qualquer um dos outros paradigmas( Burrel e
Morgan, 1979, p. 327)
A complexidade pode ser constatada pela diversidade
de conceitos, abordagens teóricas, reinterpretações e
autores de tempos e localidades diversas: Marx, Weber,
Althusser, etc
Fundamentação intelectual nos trabalhos de Marx
Estruturalismo Radical: estrutura e composição
Estruturalismo
Radical
Teoria Social Russa
• Materialismo
histórico de
Bukharin
• Comunismo
Anarquista:
Kropotkin
Marxismos
mediterrâneo
contemporâneo
Teoria do Conflito
• Sociologia de
Althusser
• Sociologia de
Colletti
• Weberianismo
Radical
• Teoria do Conflito
de Rex
• Teoria do Conflito
de Dahrendorf
Estruturalismo Radical: principais características
• Visão materialista do mundo natural e social,
ontologicamente suportado pela visão da natureza concreta e
dura da realidade que existe fora da mente dos
indivíduos(326)
• Epistemologia positivista orientada para descobrir e
compreender os padrões e regularidades característicos do
mundo social;
• Preocupa-se em fornecer críticas ao status quo do mundo
social, compreendendo-o na tentativa de modifica-lo;
• Seu foco de preocupação é a estrutura dentro da sociedade
• A sociedade é composta por elementos em contradição, e os
autores neste paradigma estão interessados em compreender
como estas contradições geram crises políticas e econômicas;
Estruturalismo Radical: estrutura e composição
• Os conflitos em uma compreensão mais profunda são vistos como meios
pelos quais os indivíduos realizam sua emancipação das estruturas do
mundo social;
• Busca a libertação do homem das várias formas de dominação que
caracteriza a sociedade industrial contemporânea;
• Baseando-se nos conceitos marxistas de subestrutura, superestrutura e
contradição, apoia-se na ideia de que “a sociedade contém dentro de si
elementos que permanecem em relações antagônicas um com o outro e
que geram conflitos que eventualmente levam à derrocada do modo de
produção e suas configurações sociais relacionadas”(328)
• É a noção de contradição que sustenta a ideia de mudança social radical
que fundamenta a existência do paradigma estruturalista radical.
• No caso de Weber, sua análise da burocracia como instrumento de
dominação, autoridade e poder como ponto de discussão no paradigma
estruturalista radical
Origens do Estruturalismo radical: teoria social russa
Bukharin
Comunismo Anarquista
Semelhanças
A sociedade como um
equilíbrio instável; equilíbrio
com o ambiente é
constantemente buscado; A
mudança social vem através
de alterações no equilíbrio;
Crença na perspectiva de
ajuda mútua entre os
indivíduos, e não na ideia da
seleção natural ou do
homem do “todos contra
todos”;
A hierarquia é uma patologia
do desenvolvimento da
sociedade moderna
Ontologicamente: realistas
Epistemologia: positivista
Metodologia:
nomotética(generalização,
coletivo)
Natureza Humana:
determinista
Compromisso com a
derrocada com capitalismo
através do conflito violento
Defende mudanças ainda
que violentas no sistema
capitalismo, como forma de
superá-lo, já que foi
considerado uma
monstruosidade genética
Após o conflito, novo padrão Comprometido com a
de harmonia se estabelece, mudança radical da
até que novos conflitos
sociedade
perturbem este equilíbrio(
contradição frequente)
Origens do Estruturalismo radical: Marxismo mediterrâneo contemporâneo
Althusser
Colletti
Os homens são configurados pela estrutura em determinados Discute os termos alienação e
momentos;
contradição como importantes no
contexto do capitalismo
Utiliza o conceito de totalidade da estrutura que governa o Enfatiza a importância do potencial do
comportamento dos indivíduos;
desenvolvimento do homem e a
maneira como este desenvolvimento
é restringido pelo capitalismo
Ao descrever que há 4 práticas que que compõem a totalidade,
ele abre caminho para defender que apesar da “economia” ser
ou poder ser preponderante, não é necessariamente a mais
importante(econômica, política, ideológica, teórica)
Defende que a revolução da classe de
trabalhadores é a forma de
transformação social frente ao
capitalismo
Por isso, a superestrutura pode ser mais importante do que a Entretanto, diferente de outros
subestrutura no processo de dominação; como cada sociedade autores, não defende a voiência como
pode ter uma história diferente, pode ter formas sociais meio para a transformação social
diferentes( Aparelhos ideológicos do estado)
A mudança social depende das contradições na formação de
cada sociedade
Semelhanças:
Ontologicamente: realista
Epistemologicamente: positivista
Metodologicamente: método de estudo de caso(conhecer realidades específicas)
Natureza humana: determinista
Origens do Estruturalismo radical: Teoria do Conflito
Produto dos teóricos weberianos radicais, na tentativa de aproximar os
trabalhos de Weber aos trabalhos de Marx;
Apesar das diferenças, consideram igualmente que o capitalismo
representou um novo modo de organização social, diferente do
feudalismo, mas com suas formas de repressão, opressão e escravidão
do indivíduo
Consideram que ambos estão inseridos na sociologia da mudança
radical
As escolas da teoria do conflito: Ralf Dahrendorf e John Rex
Origens do Estruturalismo radical: Teoria do Conflito
Dahrendorf
Rex
Teoria do conflito destaca a ausência relativa
de ordem dentro da sociedade industrial e
isto reflete a tese central; “distribuição
diferenciada de autoridade dentro da
sociedade torna-se um fator determinante
de conflitos sociais;
O poder como a forma de impelir outros a
agirem de acordo com o seu interesse;
Assim o poder passa a ser uma variável
crucial no estudo dos sistemas sociais
Os interesses de grupos tornam-se a força
motriz para a mudança social
Os sistemas sociais devem ser pensados
como envolvendo situações de conflito
como ponto central
O conflito não é um produto do capitalismo,
apenas, pois ele é inerente em qualquer
sociedade organizada hierarquicamente
Ambos defendem que se deve dar atenção às estruturas de poder e autoridade na
análise da sociedade contemporânea;
Reconhecem o conflito entre grupos de interesse como força motor da mudança social
Estruturalismo Radical: Conclusão
• O paradigma baseia-se em uma visão
objetivista;
• Propõe uma visão crítica da sociedade
• Procuram descobrir pressões mais profundas
que levem à mudança social
• Mudança social envolve mudanças de
estruturas
• Noções principais: totalidade, estrutura,
contradição e crise
Estruturalismo Radical e Funcionalismo
• Compartilham a mesma epistemologia e a ontologia:
• Divergem sobre os fins dos estudos: o funcionalismo busca
manter
as
regularidades(regulação),
enquanto
o
estruturalismo a mudança social, com base nas contradições e
crises;
• As mudanças no funcionalismo são evolutivas(mantém as
coisas em sua devida ordem); no estruturalismo radical, as
mudanças são radicais
Utilidade do paradigma Estruturalista Radical para os estudos organizacionais
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